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As Crônicas de Eldarya: A garota do cabelo verde-água

Chapter 14: Capítulo 14

Chapter Text

Quando acordei, percebi que tinha dormido tanto que nem sofri com a ressaca, embora estivesse com dor de cabeça. Não era por causa do álcool e sim pela imagem da Yvoni sendo queimada por minha causa. Esfreguei as têmporas tentando afastá-la.

 

- Este mundo conseguiu te dar mais cicatrizes em dois meses do que a Terra durante sua vida inteira.

- Xuanwu!

 

Estava feliz em vê-lo. A Tartaruga Negra do Norte estava sentada na cadeira perto da cama enquanto o Tigre Branco do Oeste estava esparramado no sofá debaixo da janela brincando com uma adaga. Nunca esperei ver essa combinação, os dois são tão diferentes.

 

- Talvez seja melhor lavar o rosto antes de começarmos.

- Você está com uma cara horrível.

 

Xuanwu pôs uma bacia com água no meu colo e me entregou uma toalha. Lavei o rosto e depois ele recolheu os itens.

 

- Nada de jogos de tabuleiro dessa vez?

- Não hoje, ao invés disso trocarei por isto aqui.

- Um ursinho de pelúcia?!

- Quem é o profissional?

 

Suspirei cansada e aceitei o ursinho. Fiquei algum tempo parada só olhando para ele. Agora que percebi que ele estava usando umas roupas bem profissionais, óculos e segurava um bloquinho. A vontade de rir era grande.

 

- Você oficialmente se tornou meu terapeuta.

- Nesse caso, vou começar a cobrar pelas consultas.

- Estou fodida de dinheiro e maanas. Aceita um rato? Tomate? Alface? Ou seja lá o que uma tartaruga com cauda de serpente come.

- Acho que ficarei com um beijo. – Engasguei com a minha própria saliva e ele começou a rir da minha cara. – É bom ver que ainda podemos te distrair, principalmente depois do que aconteceu ontem. – Engoli em seco.

- Eu....

- Garota, ninguém aqui está te julgando. – Fiquei surpresa, mas vindo do Tigre Branco do Oeste é verdade. – Você fez o que tinha que fazer.

- Então por que eu me sinto tão mal com isso?!

- Seria um problema se você se sentisse bem. – Disse a tartaruga. – Diga, o que você sentiu naquela hora?

- Por que você faz perguntas que já sabe as respostas?

- Porque não sou eu quem precisa de respostas.

 

É foda conversar com Xuanwu. Desabafei tudo o que sentia. Conforme ia falando sobre os eventos, as imagens deles iam passando pela minha cabeça e tudo o que eu sentia naquele momento veio à tona, tanto que sem perceber, eu apertava o ursinho. Achei que vomitaria de novo, felizmente não aconteceu.

 

- A imagem dela queimando não sai da minha cabeça.

- E nunca vai sair. – Disse Baihu cruzando os braços e olhando fixamente para mim. – Ninguém esquece a primeira vez, ainda mais de forma tão hedionda.

- Obrigado por destruir o meu trabalho, Baihu.

- Disponha. O negócio é que você não pode deixar isso te consumir.

- Falar é fácil.

- Por que a matou?

- Eu....

- Não tenha pressa. – Disse Xuanwu. – Pense em tudo o que passou desde o início da missão.

- Eu.... Queria salvar os meus amigos, mas isso realmente justifica?

- O que você acha?

- Porra, Xuanwu, você adora enrolar! Garota, no mundo dos fortes a única justificativa é a sobrevivência. Você fez o que tinha que fazer porque tinha que sobreviver.

- O que Baihu está tentando dizer é que se culpar não vai ajudar. O que você fez foi horrível, mas se não o fizesse....

- Estaria morta. – Ele se sentou do meu lado. – Garota, você não é fraca. Não há fraqueza em chorar, vomitar ou se afastar para tomar um tempo. Fraqueza é ignorar traumas e nós vamos te ajudar com eles. – Sua mão tocou meu ombro.

- Ele está certo. Você é uma lutadora. Sempre foi.

- E cá entre nós, esse povo não sobreviveria metade do que você sobreviveu se acabasse na Terra. Mesmo se fosse na cidade mais tranquila da Europa.

- Valeu, gente.

- Não estamos falando isso para você se sentir melhor. Bem, Xuanwu pode estar, mas eu não mentiria.

- A propósito, você não comeu ainda.

- Eu vou ao refeitório.

- Tem certeza? Não precisa encará-los agora.

- Eu preciso.

- Certo, conversaremos depois.

 

Eles sumiram. Me troquei e fui ao refeitório. Era surpreendentemente cedo, considerando que eu dormi ontem à tarde. Não me dei conta que estava com fome, provavelmente não conseguiria comer quando acordei. Valkyon se sentou na mesma mesa que eu.

 

- Como você está?

- Sobrevivendo.

- A primeira vez é a mais difícil.

- Não quero falar sobre isso.

- Encontramos um pedaço do cristal no local. Achamos que ela tenha ingerido.

- Isso é loucura.

- Eu sei. Fiquei preocupado. Eu queria ficar na enfermaria e te levar ao seu quarto....

- Está tudo bem. Eu só preciso de um tempo. – E de muita terapia.

- Vocês estão aí. – Disse Nevra chegando com Ezarel. – Como você está?

- Sobrevivendo. Então, vocês vão ficar parados que nem dois postes ou vão se juntar a nós?

 

O clima ficou mais descontraído. Em dado momento pedimos bebidas sem álcool, pois Valkyon não queria repetir o incidente, já Ezarel e Nevra me garantiram que quando ele não estivesse olhando, me dariam todas as bebidas que eu quisesse se fosse para deixar o Karuto irritado de novo. Sem querer acabei derrubando a bebida no cachecol do Nevra. Foi só tirar que a mulherada acendeu o fogo no cu e veio para cima dele.

 

- É sempre assim?

- Depois você se acostuma. – Disse o elfo. – E você está me devendo uma túnica nova.

- Pague a dívida com Purral que eu penso no seu caso.

- Você virou assistente dele nas horas vagas?

- Eu tenho algum crédito. Vocês dois também devem fazer sucesso entre as garotas daqui.

- Como assim? – Perguntou Valkyon.

- Fala sério. Vocês são chefes da guarda, gostosos.... O Ezarel nem tanto. – Eles se entreolharam confusos.

- Eu não entendi. – Admitiu o faeliano.

- No meu mundo, gostoso é gíria para bonito para um caralho ou sexy.

- Além de ser brilhante, engraçado e bonito, eu sou abençoado pelo oráculo. – Ezarel estava se mostrando.

- Esqueceu de dizer irritante, dramático e ruim de mira.

- Hei, minha mira é boa!

- Tão boa que quem jogou o Molotov fui eu.

- Você desperdiçou duas boas poções demoradas e complicadas de fazer!

- Mas soube fazer algo de fabricação caseira mais efetivo que sua poção.

- Ora sua...!

- Você me acha bonito? – Perguntou Valkyon extremamente corado.

- Você não tem espelho?! Você é um puta de um gostoso!

- Eu não estou acostumado a ser elogiado dessa forma, mas obrigado.

 

Nevra voltou algum tempo depois nos contando o que conseguiu. Pelos diálogos, parece que eles sairiam em missão por alguns dias. Escutei a voz de Xuanwu me pedindo para voltar ao meu quarto. Quando cheguei lá, ele estava sozinho com um baralho na mão.

 

- Sabe jogar truco?

- Isso soa mais com você.

- E pelo visto está mais animada também. Gosto de vê-la assim.

- Uma vez Zhuniao me disse que meu estado psicológico e emocional interfere na minha conexão com o mundo espiritual. Ele queria que eu voltasse a ser eu.

- Todos nós queremos.

- Obrigada por cuidar do meu psicológico.

- Obrigado por conversar comigo.

- Por que está me agradecendo?

- Às vezes ser um deus é bem estressante e um pouco solitário. Não que eu não goste dos outros, mas eles me dão dor de cabeça.

- Irmãos são assim. Não que eu tenha tido irmãos, mas só de pensar em cada coisa que passei com os meus amigos, eu não sei como a gente ainda não se matou.

- Dizem que amigos são os irmãos que escolhemos.

- Depende. Tem uns que não valem a bosta que cagam.

- Realmente. Vamos intensificar seu treinamento.

- O que?

- Os problemas só estão se acumulando e ainda não terminamos com seu medo de água. Com as portas do QG fechadas, isso pode ser um problema.

- Vocês não disseram que não podiam se arriscar?

- Isso foi antes de sua conexão com o mundo espiritual ser novamente comprometida.

- Xuanwu, tem algo que você não está me dizendo?

 

Escutei batidas na porta. Era Chrome me pedindo para ver a Miiko. Como sempre, o deus tinha sumido. Fui ver o que ela queria.

 

- Nevra me disse que você pode entrar no limiar, é verdade?

- É.

- Desde quando?

- Não sei, faço a minha vida inteira.

- Entendo. Você também foi responsável por quebrar o feitiço da hamadríade.

- Eu não faço ideia de como fiz isso.

- Talvez isso tenha a ver com sua ancestralidade faerie. Estou começando a achar que talvez tenha uma possibilidade de que você talvez seja uma kitsune.

- Eu não sou uma kitsune.

- Bem, é só uma possibilidade.

- Segure minha mão.

 

Ela segurou e eu nos levei para o limiar. As caudas da Miiko brilhavam como nunca tinha visto. O cristal também. Sua luz era tão forte e eu conseguia ver a silhueta do oráculo ali dentro.

 

- Viu? Nenhuma cauda.

- Impressionante. Infelizmente não há pistas sobre sua ancestralidade também.

 

Voltamos ao mundo material. Miiko me pediu para falar com Kero para investigar mais a fundo minha ancestralidade. Conversei com ele por algum tempo e descobrir que o Bugbear se chamava Crylllis e ele estava pelo QG. Ele iria queimar Yvoni antes da gente. Ainda estava tendo o controle de saída, então fui treinar chute em árvore.

 

- Venha para a floresta. – Era a voz de Baihu.

- Como?

- Você já escalou o muro uma vez, o que te impede de fazer de novo?

 

Foi o que eu fiz. Pulei o muro do QG e fui para a floresta. Lá todos eles me esperavam. Zhuniao segurava a minha caixa estranha e Qinglong me entregou o meu celular.

 

- Seus treinos com Zhuniao mostraram que você aprende melhor com música. – Disse o dragão. – Então tomamos a liberdade de preparar uma playlist de treino para você.

 

Dei uma olhada na playlist. Tinha músicas como The Eye of The Tiger, I'll Make a Man Out of You e Son of Man da Disney, as duas músicas dos filmes antigos do Mortal Kombat 1 e 2 e Awaken e Legends Never Die do LOL.

 

- Vocês querem comer o meu cu?!

- Exatamente. – Disse o tigre.

- Sabia que sua caixa também pode reproduzir música? – Perguntou o pássaro. – Assim não precisamos forçar seu celular.

- E você me diz isso só agora?! E qual é a dessa caixa afinal?!

- Não damos spoilers. – Qinglong disse travesso.

 

Passei os próximos dias tendo terapia com Xuanwu, treino com os demais, treino de nado com Qinglong, além de frequentar as aulas de forja e alquimia e de treinar os mascotes. Eles estavam comendo o meu cu naqueles treinos, mas pelo menos me julgaram apta a aprender armas, então me deram um bastão de madeira.

 

Além dos golpes e diversos estilos, Baihu me fez saltar pelos troncos, coisa que eu melhorei e muito por sinal. Qinglong me ajudou a superar meu medo de água e me colocou para nadar no oceano. Quando Zhuniao viu que eu tinha avançado no pole dance, ele me fez treinar com tecidos com promessas de usar trapézios em breve. Quando questionei, ele disse que o circo era uma arte e também me ensinou tango, salsa e flamenco, sendo ele o meu par. Já Xuanwu além da terapia continuava querendo jogar.

 

- Por que você quer ficar o dia inteiro jogando enquanto os outros me treinam?

- Mas eu estou te treinando. Ainda não percebeu?

- Bem você me fez jogar majong, shôgi, damas, truco, buraco, pôquer, jogo do mico e agora gabão!

- Qual é a semelhança entre eles?

- Não tem semelhança.

- Mesmo? Pense um pouco. O que você teve que fazer em cada um deles? – Minha mente deu um estalo.

- Está me ensinando estratégia?!

- Finalmente percebeu. Na próxima vamos jogar xadrez antes de irmos para War ou talvez Detetive.

- Você tem métodos bem doidos.

- Porém eficazes.

 

Durante à noite, eu vestia uma roupa toda preta, colocava uma máscara de gás, óculos de solda e capuz e ia grafitar os muros do QG. Às vezes alguém me via e rolava perseguição, mas nada que um parkour básico não resolva, resultado de tanto pular tronco.

 

Purriry lembrou de entregar minhas encomendas e eu consegui mais mascotes. Dessa vez um Chead que batizei de Spider, uma Pinigin que chamei de Joy e um Xylvra que chamei de Frostbite. Lembrei que tinha missões para fazer, afinal, mascotes para alimentar. Fui pedir uma missão à Ykhar e ao Kero. Eles ainda estavam quebrando a cabeça com minha ancestralidade, mas me deram uma missão. Infelizmente eu tinha que limpar as cinzas da Yvone. Acabei indo pedir ajuda do Leiftan.

 

- Você vai mesmo fazer essa missão?!

- Ninguém mais quer e também, é uma forma de enfrentar os meus demônios. – Ele pareceu incomodado. – O que foi?

- Nada, não estou familiarizado com essa expressão.

- Enfrentar seus demônios quer dizer enfrentar seus problemas. Eu acho que aqui seria algo como enfrentar seus daemons.

- Entendi. No caso demônios são como vocês chamam os daemons no seu mundo.

- Isso. Tem alguma palavra para anjos?

- Anjos?

- É. Pela mitologia cristã existem os demônios que ficam no inferno e os anjos que ficam no céu. Se demônio é daemon aqui, teria uma palavra para anjo?

- Como eles são no seu mundo?

- As pessoas acham que são diferentes, anjos são bons e demônios são maus, mas se for analisar a mitologia cristã, os primeiros demônios são anjos caídos, corrompidos. Eu acho que eles são a mesma coisa.

- Como assim?

- Bem, as pessoas acham que demônios são ruins, mas se for parar para pensar, eles estão mais para guardas de prisão enquanto os anjos estão mais segurança particular. E os primeiros demônios eram anjos que não concordavam com o seu criador. Por isso acho que no fundo não são muito diferentes. Vocês chamam os dois de daemon, não?

- Sim, mas não acho que os dois sejam. Acho que a palavra que você estava procurando é aengel. Ouvi dizer que era assim como eram chamados, mas é só um palpite.

- Aengel? Faz sentido.

- Você acredita nisso? Digo que esses “demônios” que fala sejam ruins?

- “Acredito que até mesmo os demônios possam ser perdoados”. – Ele me olhou boquiaberto. – Tirei isso de um livro do meu mundo. Heresia, é um livro muito bom, o problema é que como é um suspense histórico você pode não entender muita coisa.

- Como assim?

- É que teve uma época a igreja católica estava fazendo tanta merda que algumas pessoas se desvincularam e acabaram surgindo igrejas protestantes, várias delas. É complicado, mas nesse momento tinha duas igrejas cristãs com ideias similares e diferentes ao mesmo tempo. Uma não gostava da outra, acusava uma a outra de heresia, aí uma mandava pessoas para a fogueira e a outra para a forca.

- Mas por que vocês fariam algo assim? Digo, vocês são todos humanos, não?

- A gente briga uns com os outros por qualquer merda. Seja por ouro, por terra, religião, cor de pele, sexualidade, time de futebol, até por biscoito!

- Parece complicado.

- Nem me fala. Cada hora é uma merda diferente. Puts, eu estou aqui te enchendo e quase esqueci da missão.

- Eu não acho que você me perturbe. Eu gosto de conversar com você.

- Eu também gosto. Quer me ajudar, se não estiver muito ocupado?

- Eu posso tratar dos meus assuntos depois. Uma pausa me faria bem.

- Obrigada!

 

Conforme passávamos, víamos meus grafites nos muros. Quando passamos pelo portão, os guardas sussurraram seu nome, mas só conversamos quando estávamos longe.

 

- Já falei que adoro a sua arte?

- Acho que sim.

- Você não teve problemas para fazê-la por causa do protocolo?

- Um pouco, mas não é como se eu não estivesse acostumada.

- Entendo.

- E fala a verdade, o QG está bem mais bonito assim.

- Há quem discorde.

- Poxa, Leif. – Fingi indignação.

- Leif?

- Saiu sem querer.

- Está tudo bem, eu acho. É que tirando Alajéa, ninguém me chama assim há muito tempo. – Ele abriu um sorriso fraco.

- Te incomoda?

- Não, você pode me chamar assim se quiser.

- Tudo bem. Meus amigos me chamavam de Ting quando eu estava na Terra.

- Ting. – Ele falou como se estivesse apreciando o apelido. – Parece o som de algum tipo de sino.

- O Jaden me chamava de Ting Ling por causa disso. Só de sacanagem. Ri não, caralho!

- É engraçado.

- É horrível!

- Eu não acho.

 

A gente riu e foi para o lugar da árvore queimada. As cinzas estavam espalhadas por todo lado em contraste com a grama verde. Não era mais aquela imagem hedionda de quando descobrimos sua natureza, agora era só uma paisagem melancólica. Leiftan e eu arrancamos o tronco e varremos as cinzas. Ele também derramou uma poção que fez a grama crescer instantaneamente. Eu ouvi sons e uma voz o tempo todo, então vez ou outra eu verificava.

 

- Quem estiver fora de sua jurisdição apareça imediatamente. Você não foi muito discreto nos espionando. Caso se negue, vou garantir que seja expulso do quartel general.

- Está bem, eu me rendo.

 

Uma menina de cabelo metade preto e metade rosa além de olhos verdes e brilhantes saiu dos arbustos. Suas roupas nas cores preto e rosa me lembraram as de um bobo da corte.

 

- Eu devia ter imaginado que era você, Karenn. Quando vai parar de abusar de seu cargo?

- Quem é ela?

- A irmã do Nevra.

- Aquele puto tem família?!

- Hei, eu estou aqui!

- Sabemos disso. – Disse o lorialet.

- Você não vai me punir, vai?

- Dessa vez vou deixar passar.

- Obrigada e sinto muito. É que precisava de ar fresco. Eu não aguento mais ficar trancada dentro do QG.

- Eu entendo, todos estamos sofrendo com essa situação, mas temos que ser pacientes.

 

Falem por vocês, pois eu saio. Consegui reestabelecer minha conexão com o mundo espiritual esses dias, mas tem vezes que eu preciso pular o muro para treinar também, principalmente para cuidar do medo de água. Qinglong fez um bom trabalho.

 

- E você é a humana, não é?

- Tingsi.

- Eu sou Karenn. Já ouvi falar muito de você, mas nunca te encontrei pessoalmente. Nem mesmo depois do que você fez ao Nevra.

- Ele também não é santo, ficou para ver o Ezarel catar cocô de Corko.

- Acho melhor voltarmos. – Disse Leiftan. – Vocês poderão conversar no caminho.

 

E com isso voltamos ao QG. Karenn me perguntava tudo que tinha acontecido desde minha chegada. Fiz o relatório e o entreguei. Agora estava livre.