Chapter Text
A casa de Izuna e Tobirama estava uma algazarra, como aqueles quatro podiam falar como se tivesse uma multidão? Por Kami, valia mesmo a pena os ajudar ficar com seus respectivos amores? Ao ver os olhos dos irmãos quase brilhando por estarem lado a lado, concluíram que sim.
— Calem a boca! Falem um de cada vez ou vão arrumar outro lugar para resolverem essa situação na qual vocês mesmo arrumaram. — Bradou Izuna irritado, mas feliz.
— Como planejam comunicar que não irão mais casar? — Perguntou Tobirama.
— Por mim, eu mandava essas duas para Takigakure pelo Kamui, mas Hashi não deixou. — Respondeu Madara, visivelmente emburrado com aquilo.
— No dia do casamento mesmo, para ninguém tentar nos impedir. — Informou Mito, abraçada a Tōka.
— Como se alguém tivesse forças para isso. Mas isso é amanhã? Como conseguiu estar aqui? — Tōka perguntou curiosa, não havia se atentado ao fato.
— Tobirama me ensinou a fazer Clones das Sombras e tem um com minha mãe e ninguém questionou Hashirama por ele estar com o irmão dele.
— Duas Mito… isso é interessante… — Tōka expôs seus pensamentos em voz alta.
— Ninguém quer saber o que vocês vão aprontar com isso, suas depravadas. — Brigou Madara.
— E o que vão falar? — Izuna trouxe o assunto principal de volta antes que virasse uma nova discussão.
— A verdade, que não terá mais casamento. Simples. — Hashirama informou como se aquilo fosse o óbvio.
— Se começar uma nova guerra, eu não vou ajudar ninguém! — Tobirama e Izuna falaram juntos, mas era uma mentira, defenderiam os irmãos e as duas mulheres, que eram praticamente como irmãs para eles também.
No dia seguinte, todos estavam no templo onde aconteceria a união entre Mito e Hashirama e os dois clãs estavam tensos pois ambos os noivos estavam atrasados e o cerimonialista estava impaciente.
Quando estavam prestes a mandar alguns ninjas atrás de Mito e Hashirama, os dois entraram no templo, cada um acompanhado por seu companheiro, por seu verdadeiro amor. Só aquele ato foi o suficiente para um burburinho começar.
— O que significa isso, Hashirama? Quer envergonhar seu clã e minha filha? — Perguntou Takeshi, pai de Mito.
— Nunca foi minha intenção envergonhar meu clã, muito menos Mito. Iria envergonhar a ambos se continuasse com essa farsa. Sei que muitos se casam por acordos, sem amor, mas eu não concordo com isso, nem minha noiva, ou melhor, minha amiga.
— Isso é tolice! Amor nunca traz coisas boas e num mundo como o nosso, só atrapalha. — Takeshi afirmou. — E acha que a união entre você e esse Uchiha fará bem para uma vila nova como Konoha? Não seja ingênuo, Senju.
— Com quem me relaciono não interfere na nossa Vila.
— É um tolo se acredita nisso! Por que não se casa com minha filha e mantém esse seu… relacionamento nas sombras? Ninguém precisa saber.
— Porque sou um homem honesto em todos os aspectos da minha vida. Não manterei um casamento de fachada, enquanto a pessoa que amo vive às escondidas, como se fosse uma vergonha. Não tenho vergonha de amar quem eu amo.
— Nem eu, papai. Não amo Hashirama e nem manterei uma farsa apenas para manter as aparências. O que teria que fazer depois? Deitar-me com ele para lhe dar herdeiros? — Era óbvio pela feição de Mito que aquela ideia não lhe agradava nenhum pouco.
— Eu não permitirei essa afronta contra nosso clã, contra nossa Aldeia!
— E o que fará? Temos o apoio da maioria dos Senju, dos Uchihas e de muitos outros clãs que se uniram a Konoha, além de uma Jinchuuriki e um ninja que tem a alcunha de “deus shinobi”. O que poderão fazer? Eles podem tentar nos atacar, mas garanto que sairemos vitoriosos. — Garantiu Madara com um sorriso presunçoso.
— Takeshi, por favor… não condene nossa filha à infelicidade. Você mais que ninguém sabe o que é ser obrigado a viver com quem não ama apenas para agradar os pais e ao clã. — Pediu Yumi ao marido, afinal ambos foram obrigados a se casar, abandonando seus verdadeiros amores.
— Se essa união não acontecer, retiraremos nosso apoio a Konoha e levaremos Mito embora.
— Eu não vou a lugar algum! Aqui é minha vida, Konoha agora é minha aldeia e é aqui que está minha felicidade. Nem o senhor, nem ninguém, tem forças para me obrigar a partir. Se insistir, eu fujo e nunca mais terá notícias minhas. O senhor pode ir embora, mas Uzushio nunca será inimiga de Konoha.
— Mito Uzumaki, você está passando dos limites! Não ouse me afrontar dessa forma, eu ainda sou seu pai e o líder desde clã, ninguém ficará ao seu lado para apoiá-la nessa decisão absurda! — Takeshi completou aos gritos.
— Quem será o maluco que irá me desafiar? O senhor? O pai do Madara? Ou pai do Hashirama? Ou todas as nações? — Falou ela, todos que estava presente rapidamente se afastaram aquele chakra era verdadeiramente assustador, ela era assustadora. Todos olhavam para o líder do clã Senju, que também emanava uma aura sinistra, seu modo sábio presente.
Tanto aqueles cabelos ruivos quanto a cascata castanha dançavam contra o vento que os próprios criavam.
— Takeshi Uzumaki! — Chamou Mito
— Butsuma Senju! — Dessa vez Hashirama falou segundos depois, estavam tão sincronizados que não perceberam. O pai dos Senju havia sido liberado para comparecer ao casamento, com a promessa de não se meter nem tentar nada. Havia entendido que não tinha mais a palavra, nem autoridade diante do seu clã.
— Ninguém, absolutamente ninguém, vai nos obrigar a fazer nada que não queremos, entenderam? — Falaram a Uzumaki e Senju em uma sincronia incrivelmente perfeita, não foi planejado, apenas deixaram as emoções mostrar quem mandava tanto em suas vidas quanto na vila de Konoha. — Entendeu, papai? Se tiver alguém contra fale agora….
— Ou permaneça caladinhos. — Completou Uchiha com deboche escorrendo em sua boca.
Butsuma literalmente bufou e sentou em um canto qualquer, ele era louco sim, mas não a ponto de arrumar briga com uma Jinchuuriki, e muito menos com seu filho, lembrava-se da última vez que o mais velho mostrou o seu lugar no clã. Ao seu lado estava Tajima, que só notou o homem quando este o ofereceu uma garrafa de saquê que tinha roubado durante aquela enorme confusão.
— O que acha de provocar os pirralhos um pouquinho? — Sugeriu Uchiha.
— Vai procurar sua cova sozinho, Uchiha. — Respondeu Butsuma.
— Qual é Butsuma, vamos só um pouquinho.
— Quão bêbado você está? — Perguntou o outro.
— Suficiente para achar isso uma perda de tempo! — Falou Uchiha se levantando. — Já chega dessa algazarra dos infernos. Acabou! Não terá mais casamento. Mas a comida ainda será servida. — Assim como Butsuma, o Uchiha não tinha autoridade alguma em seu clã e estava ali apenas como membro, como um convidado qualquer.
— Deves estar louco, Uchiha! — Takeshi afirmou. — Como fica o acordo? Vocês estão zombando de nós?
— Takeshita… digo Take… Oh , Senju dos meus demônios, qual é o nome desse velho mesmo?
— Takeshi Uzumaki… Uchiha, dos infernos.
— Então idiota Takeshi Uzumaki. Você prefere ver sua única filha sofrendo pelos seus caprichos? Eu demorei muito tempo para perceber o quanto eu fiz meus filhos sofrerem para fazer minhas vontades, pelos meus desejos. Ainda não gosto dessa corja Senju, mas antes com eles do que contra eles, eu acho. Obrigá-los a fazer o que não querem só irá trazer mais desgraça, mais dor, provavelmente mais mortes desnecessárias. Eu sei disso, não posso voltar no passado e mudar tudo que fiz, e fazer o que é certo. Eles amam outra pessoa, eu não vou permitir que aquele imbecil do Madara fique chorando feito bezerro por perder o homem que ama outra vez e nem é por culpa desse idiota e sim pelas escolhas erradas dos outros… Não quer fazer aliança aí é unicamente problema seu… Mas se quer uma guerra, você terá. Será interessante estarmos juntos a antigos inimigos contra um inimigo em comum.
— Saúde! — Gritou o Butsuma. — O Uchiha maldito sabe ser sábio quando quer! Quero mais saquê… Izuna meu genro, me arruma mais uma garrafa!
— Não terá guerra alguma, pai e já chega de saquê, para os dois! Por Rikudou, virei pai dos meus pais. — Reclamou Tobirama enquanto junto a Izuna, levava aquelas beberrões para longe.
Takeshi estava incrédulo com tudo aquilo, parecia ter virado um grande circo, onde ele era o palhaço. Só não continuou a sua discussão, pois se viu sozinho, com apenas Yumi ao seu lado.
Mesmo sem a cerimônia da união entre os Senju e Uzumaki ter acontecido, todos ainda comemoravam, a paz permanecia intacta. Só lhe restava a opção de encarar os outros se divertindo, enquanto bufava como um touro bravo, para divertimento da esposa. Ninguém enfrentaria aquele Senju, junto ao Uchiha e com sua filha, uma Jinchuuriki, eles eram um trio tenebroso e que ninguém ousaria desafiar.
Talvez o velho Senju e Uchiha estivessem certos.
Ao olhar para o lado, Takeshi viu a filha abraçada a Tōka e a beijando em seguida, parecia realmente feliz. Já Hashirama rodopiou o Uchiha com cara de psicopata, que revidou com alguns cascudos, mas não deixavam de sorrir nem por um momento.
No final do dia, o líder do clã Uzumaki não teve outra escolha a não ser assinar o acordo de paz, mesmo sentindo-se enganado, mas teve seu ego massageado pela filha e o Senju ao dizer que ele era inteligente por fazer a escolha certa, mesmo não concordando totalmente com ela.
Se Tajima e Butsuma caíram da gargalhada por o outro se deixar ser levado por palavras bonitas, Takeshi negaria.
Os egos poderiam estar feridos, mas os corações apaixonados de Madara e Hashirama poderiam ficar calmos, pois nada mais poderia os separá-los.
⊱✿⊰
A paz havia voltado a vida dos Senju, Uchiha e agora, Uzumaki e os seis se tornaram amigos quase inseparáveis. Eles tinham uma relação que por alguns momentos parecia beirar o ódio.
E a comprovação era o fato de Madara, Tobirama e Tōka discutindo por algum motivo idiota o qual Hashirama, Mito e Izuna nem se deram ao trabalho de entender, aqueles três discutiam até sobre a cor do céu, as vezes pareciam piores do que crianças. Algumas coisas nunca mudariam e preferiam daquela forma.
Os casais estavam no topo do Monumento dos Hokages, onde a face de Hashirama e logo a de Tobirama estaria esculpida naquelas pedras e como a discussão dos três parecia que levaria tempo para acabar, Mito, Hashirama e Izuna começaram a sair, mas logo foram alcançados por seus companheiros, cada um indo para o lado, ficando apenas o Senju e o Uchiha.
— Se um dia imaginei que seria feliz, não pensei que seria tanto. — Começou Hashirama.
— Está emotivo hoje, Senju? — Provocou Madara, sendo abraçado pelo maior.
— Me deixe, Mada…
— Idiota…
— Sabe… nem todos conseguem manter o ritmo em uma dança cheia de riscos.
— Tenho que concordar. Muitos recuam por medo de como tudo vai acabar. Eu quase recuei, mas percebi que precisava encarar os riscos e seguir até o fim. Nessa dança perigosa, podemos encontrar aquilo que procuramos a vida inteira.
— Eu te amo, Madara Uchiha.
— Também te amo, Kawarama Sato. — Declarou apenas para ver a face incrédula do Senju. Madara não aguentou e começou a rir. — E te amo, Hashirama Senju. Não importa que nome tenha, sei que aqui dentro, é somente uma pessoa e é essa que amo.
— Depois eu que sou emotivo.
Hashirama arriscou tudo naquela dança criada pelo seu pai, o qual não sabiam os passos, tinha apenas a certeza que não podia errar. Ele tropeçou em algum momento, mas foi amparado por Madara, que o deixou cair, mas o levantou depois e agora, podem continuar dançando. Desta vez, a sua própria música, seguindo os próprios passos.