Actions

Work Header

Uma Nova Chance - Uchiha Madara (Reescrito)

Summary:

Madara sabia que quando voltasse para Konoha seria punido e escorraçado. Vendo que ninguém serviria aos desejos de Hagoromo, ele começou a tramar e bolar um plano para viver em condições melhores as que tinha no subterrâneo.

Destinado a dividir um espaço com vários prisioneiros, Madara conquistava seu lugar na penitenciaria de Konoha. Não esperava que um desafortunado metido a besta estragaria seus planos e sua paz.

Independentemente do que Hagoromo escrevia nas estrelas, Madara seguiria seu próprio caminho sem se importar com as regras do novo mundo.

Novas amizades, novos laços e boas companhias, esse Uchiha sabia que era cedo demais para se aposentar e perder toda sua vida trancado em uma cela.

Notes:

Postado no Spirit Fanfic e Historias: Iniciado em: 11/02/2021 15:05

✓ Todos os direitos reservados à obra original de Masashi Kishimoto.
✓ Disponível no Spirit (@Mei-ling) e Wattpad (mina-li)

⚠ Não aceito inspirações, spin off ou qualquer coisa, caso vejam ideias muito semelhantes a essa fic, por favor ME AVISE!

⚠ ️ Por favor não roube o conteúdo dessa estória, ela é feita de fã para fã. Plágio é crime!

Copyright © 2021, por Mina Li. Todos os direitos reservados.

Chapter 1: Caminho Exterior

Chapter Text

Técnica da Vida Celestial de Samsara

— Hashirama? É você? — Madara perguntou enquanto estava deitado no chão após sua queda, ele tinha seus olhos abertos e olhava para o céu, a lua ainda estava vermelha como se estivesse manchada com sangue, no entanto, naquele momento ele apenas sentia o chakra daqueles que se aproximavam do seu corpo.

O Senju que se aproximava, se ajoelhou e confirmou, passou alguns instantes observando a situação de seu amigo com um olhar de lamento.

— Você estava com tanta pressa, estaria tudo bem se mesmo que os nossos sonhos não se realizassem — disse o Shodaime — O mais importante seria nos certificarmos que a próxima geração nos ajudasse a cuidar do futuro — ele mantinha um semblante sereno.

— Então, talvez tenha sido impossível para mim desde o princípio… — respondeu Madara com um pouco de esforço — Eu odiava ter alguém nas minhas costas, nunca quis que alguém fizesse as coisas por mim… — ele suspirava pesadamente.

Ele estava realmente cansado, naquele instante o velho guerreiro sentia fortes dores por todo o seu corpo, mas o que eram essas dores se comparados à dor que estava em seu coração ou na sua alma.

— O melhor cenário para nós agora seria deixarmos esses corpos como companheiros de guerra.

— Companheiros... Isso parece bom, mas eu não quero ir agora — sussurrou o Uchiha com dificuldade — Eu gostaria de pedir algo para o sábio.

A respiração dele começou a acelerar e novamente nasceu o desespero, surgiu dentro de si sentimentos de medo e perda, Madara ainda acreditava ter o dever de fazer tudo sozinho.

— O que gostaria? Essas seriam suas últimas palavras, não? — pronunciou Hagoromo.

— Outra... chance — respondeu já perdendo o fôlego.

Sua angústia de partir aumentou, a expressão de todos que estavam em volta era a mesma, todos ficaram surpresos e se perguntavam "porque ele não desiste?"

Nesse instante, aquele homem que um dia foi considerado "Fantasma dos Uchihas" e um pesadelo para o mundo, apenas pedia por perdão, Madara sabia o que estava em seu coração e naquele momento, ele sabia que não estava pronto para desistir.

Hagoromo viu nos olhos de Madara o que ninguém mais viu, ele viu aflição e a desesperança, mas tinha medo de tomar a decisão errada. 

— Eu não posso fazer isso — lamentou o sábio — Eu sinto muito por você, lamento por Sasuke e todas as outras reencarnações terem de carregar o fardo de Indra, a dor e a indiferença que ele sentia, mas a sua hora chegou, e você precisa confiar em seus sucessores. — O sábio falava com firmeza, mas seus olhos entristecidos diziam outra coisa.

Os olhos de Madara estavam vazios e sem vida, aquelas palavras doeram muito mais do que qualquer golpe que levou em toda sua existência, seus olhos encheram-se de lágrimas, isso era algo incomum e que ninguém imaginaria que Uchiha Madara fosse capaz de fazer. 

Aquelas lágrimas eram de temor, agonia e desamparo e mesmo depois de tudo o que fez, no final das contas suas intenções eram boas, no fim ele queria o mundo ideal e perfeito, para viver e rever seus entes queridos, aqueles que um dia foram levados de sua vida. 

A lua ficava cada vez mais distante e o brilho do astro noturno se apagava. Não, o brilho de sua vida se esvaía novamente.

— Redenção... — disse, sua voz saiu falha.

Com o semblante preocupado ele fechou os olhos e as lágrimas enfim começaram a escorrer, as batidas de seu coração ficaram mais lentas, até que por fim pararam.

Rikudou continuou olhando para Madara, nele ele viu o espelho de seu filho mais velho, o homem começou a refletir se deveria ter dado outra chance.

Alguém que ninguém imaginava ter compaixão pelo Uchiha antecessor a Sasuke se pronunciou, com um olhar de pena e melancolia.

— Talvez ele estivesse realmente arrependido e agora, almeja por um plano de redenção, e está disposto a fazer tudo pelo bem da humanidade — disse Tobirama — Acho que Madara não quer mais ver crianças morrerem em meio às guerras, famílias sendo destruídas, pessoas se sentindo culpadas por não terem feito algo para salvar aqueles que um dia amaram — ele suspirou e concluiu — Eu entendo perfeitamente.

— Eu só quero que entenda que o campo de batalha não é o melhor lugar para lutar pela paz — Hashirama relaxou sua face — Você sempre foi um homem inteligente, use isso a favor da humanidade, sem precisar lutar. Esse é o meu desejo para você, amigo.

O tempo do Edo Tensei estava se esgotando junto com a vitalidade e chakra de Hagoromo, o ancião desfez aquele kinjutsu e todas as encarnações se despediram desejando um mundo melhor para aquelas crianças.

Quando as almas começaram a sair dos corpos, Tobirama disse algo para o corpo de Madara, mesmo naquele momento o Uchiha não respirava mais, mas ele queria ter certeza de que alguém um dia diria para ele.

— Madara, nós estamos confiando em todo mundo. Eu confio em você, não nos decepcione dessa vez — Ele tinha um sorriso no rosto, seu semblante era calmo e despreocupado. 

Por fim, as almas desapareceram e Hagoromo decidiu usar sua última fagulha de chakra para fazer algo inesperado.

— Por favor, Madara, não faça com que eu me arrependa disso — o ancião disse fazendo selos com as mãos — Caminho Exterior, Técnica da Vida Celestial de Samsara. 

 

(Gedō Rinne Tensei no Jutsu)

 

Após pronunciar o nome daquele jutsu, o rei do inferno apareceu dando a Madara uma nova vida.

Ao canalizar o seu poder através do Rei infernal, Hagoromo pôde reinfundir energia de força da vida para o corpo de Madara, em troca do seu espírito. 

O sábio deixou gravadas algumas palavras na mente daquele Uchiha e então repreendeu os presentes, que naquele instante eram apenas Naruto, Sasuke, Sakura e Kakashi.

— Eu estou trocando meu espírito pela vida dele, isso significa que minha alma se perderá para sempre, e a partir de hoje não poderei fazer mais nada por vocês — disse o sábio com a voz cansada — Eu gostaria que dissessem isso para ele quando acordar e quero que saiba que a minha alma agora pertence a ele. Vocês quatro, são minhas testemunhas, não permitam que Madara morra ou desista de sua nova vida, até chegar a hora.

— Por que diz isso? — Sakura perguntou receosa.

— O mundo está mudando, e ele não está preparado para isso, os problemas são outros. E ele pode acabar se desviando, eu confio em vocês para ajudarem Madara a ir pelo caminho certo.

— E se não fizermos nada? — disse Sasuke, não dando importância.

— Vocês são testemunhas, se ele morrer antes do tempo que lhe dei, vocês serão punidos e perseguidos pelo desespero, suas almas nunca irão descansar — o sábio disse em tom de alerta, ele era severo.

— Isso parece ruim — comentou Kakashi. 

A verdade é que ninguém ali era capaz de compreender os verdadeiros sentimentos de Hagoromo. Ele via as reencarnações como se fossem seus filhos e que desta vez ele acreditava que Indra tomaria outro rumo.

O Otsutsuki não queria que Madara brincasse de herói com essa vida, ele apenas queria ver o velho guerreiro se redimir de seus pecados e viver em paz, o mundo já tinha um salvador e esse alguém não era o Uchiha. 

O espírito do sábio se desfez em migalhas e um suspiro pesado foi ouvido pelo homem que estava no chão. 

Já estava acontecendo.

Naruto ouve os novos objetivos do amigo e rival, inconformado com a ideia de Sasuke, eles partem para um confronto direto no vale do fim. O jovem Uchiha age antes de partir, deixando Sakura em um genjutsu.

Kakashi ficou ali cuidando do corpo da jovem e Madara que estavam adormecidos, e esperou até o sol nascer para ir atrás dos seus alunos.

A horas passaram e o tempo também, o sensei seguiu até onde os meninos estavam, acompanhado da Haruno e o velho Uchiha, que ainda estava desmaiado. Aquele dia amanheceu lindo e depois de tantos anos, o time sete estava novamente reunido, Sakura repreendia Naruto e Sasuke pela irresponsabilidade de ambos, e em cima do monte estava Kakashi com Madara em suas costas. 

Naquele momento, os três jovens não deram importância, apenas queriam aproveitar aquele momento de tranquilidade e alegria, em seguida Naruto e Sasuke fizeram o selo de rato para libertar aqueles que estavam presos no Mugen Tsukuyomi.

Madara abriu um pouco seus olhos e conseguiu reconhecer aquele lugar e se entristeceu ao lembrar que naquele vale foi onde tudo começou, mas que um dia poderia olhar para os monumentos e se lembrar da amizade que um dia tivera com Hashirama.

— Estamos juntos novamente — disse o prateado — Finalmente, acabou — mesmo estando de máscara era visível o sorriso terno que estampava seu rosto, seus olhos estavam brilhando e dessa vez ele tinha certeza que agora, aquela era sua família.

Chapter 2: Despertar

Chapter Text

"Eu sinto… Raios de sol batendo em meu rosto, está claro e quente, me sinto cansado e parece que meu corpo está dormente, mas não sinto tantas dores no corpo como antes, a minha cabeça dói e meus olhos estão pesados. 

Consigo ouvir algumas vozes, mas elas estão distantes, acho que tem alguém se aproximando, os passos são lentos e suaves, eu não faço ideia de quem seja ou onde estou, não sei o que essa pessoa vai fazer... 

O sol está muito quente… Pássaros cantam, eu consigo ouvir os pássaros… A minha cabeça está doendo e os meus olhos…"

...

Quem se aproximava do Uchiha, era a própria Hokage. Tsunade havia decidido sozinha que ela ficaria responsável por aquele homem.

Madara ficou poucos dias adormecido no hospital devido a medicação que recebeu, e durante esse período, os cinco grandes líderes mundiais se reuniram para saber o que Konoha faria.

Uma decisão que deveria ser tomada com muito cuidado, já que se tratava de Uchiha Madara.

Todos os Kages se enfureceram quando descobriram que Tsunade já estava agindo e havia tomado tudo para ela, sem consultar um amigo, conselheiro, estranho, absolutamente ninguém.

Muitos ainda se recuperavam da guerra, Naruto e Sasuke também estavam alojados no mesmo hospital que o outro Uchiha.

Isso tudo inicialmente era para ser um segredo, e manter os civis despreocupados, até aquele momento ninguém sabia onde Madara ficaria depois de acordar.

No entanto, o tiro saiu pela culatra e deu tudo errado, e rapidamente a Hokage loira precisou agir. Mesmo que os outros líderes tivessem votado a favor da execução de Madara, Tsunade sabia das testemunhas e ignorou todos os avisos e ofensas.

O plano de Tsunade começou a dar errado, quando sua discípula favorita resolveu agir por conta própria.

 

Na mesma semana, alguns dias atrás...

Tsunade tinha alguns ressentimentos, sabia que ninguém apoiaria sua decisão, ela também não podia confiar em alguém. Precisava ter o controle da situação. Naquele dia em questão, após saber que Naruto e Sasuke já estavam bem, ela precisou correr até o hospital.

— Droga. Sakura — Enquanto corria o mais rápido que podia, Tsunade praguejava consigo por ter sido descuidada.

Ela entrou na recepção do hospital sem cumprimentar as pessoas e subiu as escadas até o terceiro andar, chegando lá, ela notou que a porta do quarto 24-12 estava aberta.

— Parada! — a loira gritou na porta do quarto — Sakura para com isso — ordenou.

Ela estava ofegante, a loira encostou-se na porta e colocou a mão no peito tentando recuperar a respiração.

— Qualquer um aqui gostaria de fazer isso. Até mesmo a senhora — a menina respondeu enfurecida. 

Sua voz estava trêmula e era evidente que estava muito nervosa, a mão dela tremia muito e a seringa que segurava estava cheia com algum líquido.

— Sakura, o que quer fazer? — ela sabia a resposta — Ele está anestesiado, não precisa de mais nada — histérica com o que via, ela gritou — Saia daí.

— A senhora não sente raiva? — sua ira aumentava a cada segundo.

— Quer vingar a morte das pessoas que morreram na guerra? A morte do Neji? — encarou a menina com os olhos arregalados — Está furiosa porque ele voltou à vida enquanto pessoas boas morreram?

Sakura não era inocente, era normal sentir aquilo, pois quando todos descobrissem, gostariam de fazer o mesmo, o nome de Madara causava calafrios e medo nas pessoas, ela realmente acreditava que estava fazendo o certo.

— Eu também estou com raiva, fazer justiça com as próprias mãos não te faz uma heroína e não trará ninguém de volta — bravejou Tsunade — Sakura, matar um criminoso também te faz uma, mesmo que seja esse homem — ela tentou sorrir para amenizar a situação — Infelizmente o mundo é assim. Uma guerra não nos faz vencedores ou perdedores, somo sobreviventes.

— Ninguém precisa saber que ele sobreviveu, ainda é um segredo — Os olhos de Haruno estavam vermelhos, e não era de choro, ela não era como Naruto, não perdoava qualquer um.

— Kakashi disse que você é uma testemunha, se fizer isso e matar ele, quem vai sofrer no final das contas é você. Ele disse que o sábio vai cobrar um preço alto para as testemunhas que permitirem a morte de Madara — a loira disse se aproximando — Quando examinarem o corpo dele, vão descobrir que ele nunca esteve em coma e quem o mantinha assim era eu. Sakura, eu tomei uma decisão sozinha, não depende de você.

Tsunade se irritava com o egoísmo da menina, ela continuava pensando em si mesma, às vezes usava o nome de outras pessoas para parecer que tinha empatia, mas ela continuava agindo por medo.

— Por Deus Sakura, se fizer isso, eu vou para cadeia, solta essa porcaria! — gritou indo em direção a garota e a derrubando no chão.

Tsunade arrancou a seringa da mão da menina e Sakura não aguentava mais a dor em seu coração e começou a derramar lágrimas, suas lágrimas dessa vez eram de raiva e angústia, ela não queria acreditar que aquele homem estava vivo e seus companheiros não, pessoas boas morreram no campo de batalha e esse homem os matou, era ele quem deveria estar morto. 

A mais velha entendia perfeitamente o que sua aluna estava sentindo, ela também sentia raiva, pois este mesmo homem quase matou os atuais Kages, ela também pensava em tirar a vida de Madara, mas isso não era o certo a se fazer, ele será punido e castigado.

— Se quer matar ele pelos crimes que cometeu, mate o Sasuke também. Eu sei o que ele tentou fazer enquanto todos estavam presos no Tsukuyomi — ela disse e a menina arregalou os olhos — Eu não vejo diferença nesses dois porcos, se quer matar um, faça o serviço direito e mate os dois se quer ser a salvadora da pátria. 

— É diferente — gritou a menina, tentando acreditar em suas próprias mentiras.

— Droga, eu confiei em você — a expressão da Hokage demonstrava decepção.

Sakura estava deitada no chão e Tsunade em cima dela com a seringa nas mãos, ambas incrédulas.

— Vai para casa, e esquece que este homem existe — Tsunade ordenou, e a outra não teve outra escolha senão obedecer.

Agora...

— Dizem que o mundo foi criado em sete dias, e que o criador teria descansado no sétimo — disse Tsunade — Já é domingo, que coincidência você acordar justamente hoje — ela estava sentada, com as pernas cruzadas, sua cadeira estava encostada na porta, bloqueando a entrada de qualquer pessoa.

As cortinas estavam quase fechadas, exceto por uma fresta que passava a luz solar e iluminava bem o rosto do paciente daquele quarto.

— Em breve eu vou me aposentar e terei todo o tempo do mundo, mas este momento não é agora, então estou com um pouco de pressa...

Ela resmungava algumas coisas e ouviu grunhidos vindo do homem deitado na cama.

— Ora, ora — ela sorriu minimamente — Parece que você realmente acordou.

Lentamente o homem abriu os olhos, piscou algumas vezes e tinha a sensação de areia em toda sua região ocular, seus braços estavam dormentes e suas mãos “formigavam”. Ele ergueu o braço e cobriu o rosto com a mão, aquele fio de luz o incomodava.

Madara pensou em dizer algo como “Você fala demais”, ou “Você é muito barulhenta” já que ele reconhecia aquela voz, no entanto, decidiu ficar quieto.

— Quer ajuda para se levantar? — ela sugeriu. Sua expressão se mantinha neutra. Tsunade sabia que não apenas sua jornada, mas a de Madara seriam longas. Todos os seus planos de viagens foram adiados, sua aposentadoria estava próxima, e ao invés de descansar em uma praia vendo homens sarados ou bebendo até amanhecer com a companhia de um jovem maravilhoso, ela ficaria em Konoha de olho naquele Uchiha.

Ele apenas negou com a cabeça, se sentou na cama, ainda com a mão sob o rosto. O homem parecia coçar os olhos e em seguida a testa, como se estivesse perdido. Por fim olhou em direção a porta e encontrou a representante do país do fogo.

— E no sétimo dia, ele descansou — novamente ela mencionou — Mas você não vai.

— ... — ele não sabia certamente o que dizer.

— O hospital oferece refeições, você pode tomar o seu enquanto esperamos — ela o encarou desconfiada, ele estava agindo estranho, mesmo que estivesse considerando que ele dormiu por uma semana inteira, ele agia de forma curiosa — Está a sua direita.

Sem saber o que fazer ou dizer, Madara apenas assentiu e levou seu olhar a bandeja ao lado com uma tigela de arroz. Apenas uma e um copo com água.

— Itadakimasu — sussurrou e bebeu o líquido do copo. Em seguida começou a comer o arroz.

A água era da torneira do banheiro, nem gelada estava, o arroz eram as raspas da panela que havia sobrado.

Ele era observado pelos olhos da mulher, que agora se levantava e retirava a cadeira na frente da porta e a colocava em outro canto, andou até a janela e abriu as cortinas, deixando o sol inundar aquele espaço. Tsunade também abriu a janela e Madara sentiu a brisa do vento entrar, ele sentiu um arrepio na espinha, pois acabara de perceber que novamente estava vivo.

 Ele suspirou e sorriu minimamente enquanto continuava sua refeição.

— Eu preciso ajustar umas coisas para você, antes de sair do hospital então talvez leve um tempo — comentou.

— Até quando vai ficar parada me olhando dessa forma? — ele perguntou com a voz rouca e cansada, sentindo os olhos dela queimarem ele.

— A comida está boa? — perguntou com deboche.

— O que colocou aqui? — ele parou de comer e olhou bem o arroz.

— Quer mesmo saber? — sorriu com malícia.

Madara fez um gesto para que Tsunade se aproximasse, e quando ela o fez, ele jogou a tigela com as sobras nela. Ele sabia que nada seria fácil e jamais seria tratado com honra. No entanto, ele jamais permitiria que qualquer pessoa tentasse o humilhar daquela forma.

Chapter 3: Juntos

Chapter Text

"Imaginem um mundo de paz, sem guerras ou conflitos, onde as pessoas se entendessem e prezassem pelo bem-estar de cada indivíduo. As pessoas estariam ligadas umas nas outras e respeitariam a todos, tudo isso sem o uso da comunicação, somente pelo chakra."

— Esses sonhos… Quem são essas pessoas? Porque eu estou pensando nessas coisas…

A espera que Tsunade havia mencionado, era referente a algumas pessoas que ela mesma tinha selecionado. Um pequeno grupo de vigia, essa gente ajudaria a inspecionar o Uchiha dia e noite enquanto a Godaime estivesse ausente. Até porque desta vez ela precisaria fazer uma viagem importante.

Ele foi levado diretamente e secretamente para uma prisão escondida dentro de Konoha. Um lugar subterrâneo que foi encontrado nos escombros do que tinha sobrado da aldeia após a invasão de Pain.

Tsunade estava acompanhada de Ibiki e Kakashi quando achou aquele lugar, os três investigaram todo aquele terreno e mantiveram em segredo. Talvez um dia aquilo se tornaria útil.

E este dia havia chegado.

A construção metálica e caindo aos pedaços recebeu algumas reformas e estava em condições razoáveis para abrigar um único detento. Os supostos vigias passariam muito tempo ali e deveria ser seguro para eles, caso o teto desabasse sobre eles, seguro para os civis impedindo que o prisioneiro saísse algum dia.

Madara teve seu chakra selado enquanto estava adormecido, depois de consciente ele notou o fluxo mínimo de suas fontes, aquilo não lhe causou surpresa alguma, pois já era esperado. Aquele homem não tinha interesse algum de fugir, reagir, lutar, discutir ou qualquer outra atitude que indicasse uma revolta.

Se um dia ele quisesse negociar sua liberdade, honra e dignidade, hoje e agora ele deveria ser obediente e paciente, mesmo que custasse ver o sol nascer todas as manhãs.

Ele foi apresentado para o lugar que passaria o resto de sua vida, um cubículo de metal, sujo e escuro.

Madara recebeu uma peça de roupa para cada parte do corpo apenas para poder sair do hospital, afinal ele não poderia vestir aquelas coisas. As roupas que estava usando eram velhas, provavelmente recuperadas de algum lixão, tão velhas que facilmente poderiam ser usadas como pano de chão, verdadeiros trapos. Não era digno nem de um uniforme penitenciário.

— Você vai ficar de castigo aqui por um tempo ou o tempo que eu achar necessário — A Hokage disse enquanto observava o homem adentrar a cela silenciosamente — Não vai dizer nada? Vai apenas aceitar isso?

— Eu tenho escolha? — Pela primeira vez desde que acordou, ele falou algo, a respondeu indiferente, nem ao menos olhava para ela.

— Pensei que tinha perdido a fala — respondeu no mesmo tom — Obviamente você não tem — ela o encarou melhor e completou — Olha só para você, mal consegue olhar para mim, onde está sua confiança? — suspirou e completou conformada — Você nunca dá o braço a torcer, claro que não vai implorar por nada. — Afirmou, Tsunade estava calma, mais do que o normal, na verdade naquela situação ela deveria estar histérica, parecia ter o controle de tudo. Ainda era inacreditável aquele homem estar ali, vivo e quieto. Parecendo um cachorro abandonado.

Ela e as pessoas que a acompanhavam se retiraram sem se despedir, a porta velha de ferro foi fechada e selada com o chakra de Tsunade, em breve ela voltaria para o subterrâneo, ninguém melhor que o próprio Hokage para ficar vigiando um detento como Uchiha Madara.

A equipe escolhida estavam se “ajeitando” em uma sala próxima da cela, era uma espécie de sala de controle. Tudo que era necessário para sobreviver embaixo da terra.

Tsunade ter selado a porta com seu chakra não foi por acaso. Aquele lugar foi construído pelo seu tio avô, Senju Tobirama. Nem mesmo Hashirama, o primeiro Hokage soube da existência daquela prisão.

Enquanto ela vasculhava a prisão, descobriu salas secretas e nelas continham muitos documentos e arquivos sobre ali e a aldeia da folha, ótimo lugar para usar como esconderijo.

Segundo as informações registradas por Tobirama, a prisão foi construída para alojar uma única pessoa, toda sua construção foi designada para aquilo, manter o patriarca dos Uchihas.

Certamente o Nidaime nunca conseguiu capturar Madara, tanto vivo, quanto morto e o lugar ficou abandonado.

Ela descobriu os segredos daquilo e somente o chakra dos Senjus poderia abrir e fechar as portas. Talvez Madara pudesse sair dali usando seu chakra, mas infelizmente estava selado. No entanto, ele sentia a fluidez do chakra Senju passar por todos os cantos da prisão.

Alguns dias isolado na solitária, Madara ouviu vários passos e algumas vozes, uma movimentação diferente. Ele se levantou rapidamente de sua cama e colou o ouvido na porta.

O pequeno compartimento que servia para passar comida e qualquer outra coisa podia ser aberto dos lados, menos a porta, está que só tinha um puxador e fechadura do lado de fora. Madara abriu e observou a tal movimentação. Estavam trazendo Sasuke para aquele lugar.

— Madara, você tem visitas, ou melhor, um vizinho — Ibiki disse.

— Por que ele está assim? — o homem enjaulado perguntou, vendo que o jovem Uchiha estava vendado e com uma camisa de forças.

 — É por...

— Kakashi, não responda ele — Sasuke o interrompeu — Ele não precisa saber de tudo.

O sensei se aproximou e ouviu o menino sussurrar.

— Por que não sinto o chakra dele?

— Esta selado.

— Entendi.

— Por que ele está aqui? — a vez de Madara perguntar.

— A cela onde ele estava precisou ser ocupada por um outro detento, não tinha outro lugar para ele, então lembramos deste lugar — Ibiki respondeu — Algum problema? — ele não obteve respostas, apenas viu que o Uchiha observava tudo, Morino levou um pequeno susto ao ver os olhos de Madara naquela fresta na porta, e imediatamente correu fechar — Não pense que aqui é a sua casa.

Mesmo algumas semanas ali embaixo com Madara, Sasuke nunca sequer disse uma palavra, ele apenas esperava pela visita de Kakashi, diferente de Madara, Sasuke tinha direito a visitas e recebia um tratamento melhor.

Kakashi decidiu ir até onde os Uchihas estavam, seu objetivo era contar a verdade sobre “aquele dia” para o velho enjaulado. E tinha uma condição para isso, levar Naruto na visita. Isso porque Hatake era a favor da criação e unificação de “novos laços”.

Inicialmente Tsunade não concordou, além de quatro Jounins lá embaixo, o único que podia entrar era o atual líder da Anbu, Sai.

Já era noite e a Godaime ainda estava lá, era o único horário de fazer aquilo, Chie estava atenta e observando tudo das câmeras. Ela era alguém da Anbu de outra aldeia, por alguma razão ela soube da vinda de Madara e solicitou uma transferência, já que Konoha queria alguém capacitado em ser carcereiro, Tsunade soube da existência de Chie pelo presidente do Castelo Hozuki.

Obviamente ela passou por um processo, um tipo de entrevista. Chie não mostrava sua aparência, seu uniforme e máscara eram diferentes do que estavam acostumados, ela escondia seu rosto e seu cabelo com um véu escuro, sem a máscara apenas seus olhos ficavam a mostra.

A máscara tinha um formato diferente, parecia ser feita a mão, e imitava um falcão, tinha penas e lã trançada formando uma espécie de cabelo. Nas lãs tinham anéis e argolas. Ela estava sempre de luvas e seus calçados eram fechados. Todo seu corpo era coberto.

— Ei, Madara, você tem visitas — Tsunade disse — Está ouvindo? — ela bateu algumas vezes na porta e não obteve respostas.

— Madara? Eu trouxe uma pessoa para falar com você — Hatake disse próximo ao compartimento — Eu vou abrir a porta e espero que essa conversa seja pacífica — declarou ele.

— Terapia? Eu me sinto bem, se é o que você precisa saber — respondeu ríspido. Os ninjas do lado de fora se entreolharam e o loiro fez um sinal de negação.

— Não é terapia, é outra coisa. Estou abrindo a porta — Kakashi abriu espaço para Tsunade romper o selo de papel e em seguida puxou a porta de metal pesada.

— Ele respondeu rápido, a tempos não ouço a voz dele — a Godaime resmungou.

Quando os dois entraram na cela Naruto ficou perplexo com as condições daquele lugar, ele observava os detalhes atentamente e encontrou Madara sentado com as pernas cruzadas em cima da cama perfeitamente arrumada, o Uchiha pegou um casaco velho e o vestiu, se encostou na parede esperando que eles começassem a falar. 

— Por que estão aqui? — ele estava calmo, mas seu tom de voz assustava — Eu sinto muito, não tenho chá para oferecer para você — disse encarando o Jinchuuriki.

— Ah, não precisa — o Uzumaki respondeu, não entendendo a ironia.

Madara sorriu com aquela maneira ingênua do mais novo.

Naruto não conseguiu sentir o chakra do Uchiha, ele olhou bem e perguntou.

— Então é verdade, selaram seu poder? — sua expressão parecia abatida.

— Você fala como se eu estivesse incapacitado de algo — respondeu o homem suspirando pesadamente — Por que estão aqui?

— “Laços são apenas criados quando dificuldades são superadas em conjunto”Naruto recitou uma frase que Madara já havia ouvido, só não lembrava de onde — Foi isso o que ele disse — disse o loiro, notando a inquietude de Madara.

— Quem disse isso para você? — falou surpreso — Parabéns garoto, você conseguiu a minha atenção. 

— O super vo… O Sábio dos Seis Caminhos — dizia calmo — Tudo o que aconteceu com você, suas escolhas, suas dores, estavam predestinadas a acontecer, da mesma forma que aconteceu comigo e com Sasuke — disse entristecido.

Naruto contou toda história dos ninjas, até as partes que não interessavam a ninguém, Madara por sua vez ouviu tudo atentamente. Ele se sentia frustrado porque não importava a circunstância, de qualquer forma tudo iria acontecer.

— Sasuke e eu, terminamos o ciclo de ódio no vale do fim, acho que você entende o que isso significa — ele não queria continuar, não gostava daquilo. 

— Significa que não era para você estar vivo agora — Kakashi completou o que Naruto não conseguiu dizer — Tem outra coisa. Naquele dia, após a sua morte. O Sábio dos Seis Caminhos não queria lhe dar a vida — ele continuou a explicação — Ele disse sobre tomar decisões erradas em relação a seus filhos. No fim ele usou o Rinne Tensei e trocou a alma dele pela sua. Agora sua vida não é mais sua.

Diferente de Naruto, Hatake não media palavras.

— Não pense que só porque ele fez isso, que você será perdoado, ninguém aqui concordou com isso, ele deve ter visto algo em você — o grisalho suspirou e prosseguiu — Não existia outra forma de trazer você de volta. Você conhece as regras do Rinne Tensei.

O Uchiha estava incrédulo, era possível ouvir o som de seus dentes rangerem, o cenho franzido, a respiração pesada em irritação. 

— Tem mais alguma coisa que eu precise saber, garoto? — Disse tentando se manter calmo, ele tentava olhar para os pés, seus olhos pareciam cansados e pesados.

— Antes do Edo Tensei acabar, o segundo Hokage disse que estava confiando em você e que agora ele espera o seu melhor — o jovem é surpreendido pela risada de Madara.

— Tobirama maldito — falava entre risos.

— “Eu só quero que entenda que o campo de batalha não é o melhor lugar para lutar pela paz. Você sempre foi um homem inteligente, use isso a favor da humanidade, sem precisar lutar. Esse é o meu desejo para você, amigo” — Naruto repetiu as palavras do Shodaime.

— Foi isso o que ele disse? — perguntou e o menino concordou.

A frase de Hashirama tocou no fundo de sua alma, mesmo depois de tudo, aquele Senju maldito ainda o chamava de amigo.

O Uchiha ficou em silêncio por um longo tempo.

— Obrigado, Uzumaki Naruto. — disse olhando para o loiro.

Naquela madrugada enquanto os dois detentos dormiam, Madara acreditava estar sonhado.

— Madara — dizia uma voz velha e rouca — Madara, cuide das coisas para mim.

Ele abriu os olhos e em um canto escuro da cela viu a silhueta de uma pessoa, as características daquele ser eram semelhantes ao de Rikudou Sennin.

— O quer de mim?

— Eu fiz o que você pediu, não seja ingrato, sei que essa não é vida que planejava, mas não posso interferir nisso.

— Então.

— Você é um homem adulto, não precisa que ninguém diga aonde deve ir, faça seu próprio caminho, rume a sua própria redenção.

— A minha vida e a minha redenção será ficar aqui embaixo — afirmou, sua voz cansada indicava aceitação.

— Está com raiva, Madara?

— O pirralho Uzumaki contou sobre você e os seus filhos.

— Eu lamento por isso, não faça que eu me arrepende desta decisão.

Madara estava sentado na cama, abaixou a cabeça e não sabia o que dizer.

— Você ainda é uma criança, as crianças são ingênuas e curiosas, você não acha? — Hagoromo disse docemente.

— Não.

— Então, terá que ver com seus próprios olhos.

O sábio se aproximou, levantou seu cajado e as argolas bateram umas nas outras causando o som de um sino, as ondas sonoras entraram no canal auditivo de Madara e ele ouviu aquilo por muito tempo, até perder a consciência.

Chapter 4: Laços

Chapter Text

Não que tivessem se tornado amigos, mas em algum momento daquela manhã os Uchihas ficaram sozinhos, e Madara tentava conversar com Sasuke.

— É hoje, não é? — disse Madara, após um tempo de silêncio, ele ouviu.

— O que tem hoje? — respondeu Sasuke.

— Seu sensei. Ele está se tornando o sexto Hokage hoje — ele fez uma pausa e prosseguiu — Para ser mais exato, está acontecendo nesse exato momento. — Afirmou indiferente.

— Como sabe disso? — o mais novo perguntou curioso — E quem te falou isso? — desconfiado, ele estreitou os olhos.

Sasuke não sabia de onde Madara havia tirado essa informação. Como as duas celas ficavam de frente uma para a outra, os dois se sentavam na porta e conversavam às vezes, isso facilitava para ouvir o que o outro dizia.

— O próprio Kakashi, no dia que me trouxeram para esse buraco, ele falou que a coroação de sucessão seria feita no início do ano. Os shinobis que estavam aqui subiram para ver, por hora ficaremos sozinhos — o velho suspirou alto devido ao tédio daquele lugar — Sasuke. 

— O que foi? — o jovem respondeu atento.

— Conta uma história engraçada, igual àquela com o Naruto, isso está chato — ele riu debochando.

— Madara — suspirou — Cala a droga da boca — Sasuke não pôde evitar rir da situação.

Mesmo passando alguns meses juntos, a relação dos Uchihas não era tão ruim quanto imaginavam que fosse, ou, era porque entre eles havia duas portas com selamento. 

Durante esse período, eles conversaram sobre seus passados, relações com amigos e Sasuke sabia que eles não eram apenas parentes distantes, ele já sabia que ambos foram a mesma pessoa em uma vida passada, e justamente por isso, havia muita coincidência entre eles.

Nesse tempo eles foram construindo um laço, não um laço de amizade ou algo do tipo, mas um mais forte, um que eles pudessem compreender os sentimentos e as dores do outro.

 

Algum tempo atrás...

Quando Madara contou sobre Izuna, Sasuke percebeu que o tom de voz que o mais velho usava para falar de seu falecido irmão, era sempre com carinho e cuidado, ele falava sobre proteger seu irmão mais que sua própria vida, e quando o perdeu ele sentia que o mundo havia acabado e que não importava a era, as pessoas sempre perderiam alguém importante.

Quando os Uchihas fizeram um acordo com os Senjus, Madara sentiu que estaria traindo a vontade de seu irmão e que o mundo perfeito para ele, era um mundo sem dor e sem sofrimento, mas Sasuke sabia que Madara só queria ver sua família novamente. 

Sasuke já tinha ouvido aquela história antes, quando Hashirama contou sobre eles, mas agora era diferente, ele estava ouvindo do próprio Madara.

Ele começou a pensar nas atitudes e decisões que o Uchiha azedo havia tomado durante sua vida em relação ao seu irmão mais novo, Sasuke chegou à conclusão de que Itachi teria feito o mesmo, e que ele teria feito algo pouco semelhante para lhe proteger. 

Quando Sasuke ouviu a triste história de Madara, ele resolveu contar a sua, sobre o golpe de estado, a exclusão do clã da vila, as chantagens de um dos líderes da aldeia e a missão de seu irmão, Sasuke também falava dos sentimentos e da doença que seu irmão mais velho tinha.

O que mais doía em seu coração, era o fato de Itachi ter sido um herói para Konoha e ter passado sua vida toda como um criminoso, tudo que ele fizera em sua existência era para o bem do irmão mais novo. 

Depois de compartilhar sua história e dividir suas dores, Madara o respondeu.

— Eu entendo o seu irmão. Eu teria feito qualquer coisa para salvar o meu. — O Uchiha velho estava refletindo em cima das palavras ditas por Sasuke. 

As palavras faladas por Madara tocaram fundo o coração do jovem, ele sentiu o peso de cada sílaba, mais fundo que o oceano possa ser, mais profundo que qualquer coisa, e como o velho amava seu irmão da mesma forma que Itachi o amou, esse era o amor intenso sentido pelos Uchihas.

Novamente o menino sentiu a dor de ter perdido seu irmão, ele relembrava suas decisões errôneas do passado, ele também compreendia o plano absurdo de Madara, a dor profunda de se sentir só naquele mundo cruel era tão intensa que um tiro seria menos doloroso, foi em silêncio e deitado sobre os cobertores sujos, que o jovem Uchiha derramou lágrimas de saudades, ele lembrava das últimas palavras proferidas por Itachi.

"Sasuke… Você não tem que me perdoar… não importa o que você decida fazer a partir de agora, eu sempre vou amar você...."

—  Sabe fedelho, você lembra o meu irmão às vezes, a sua aparência e a sua teimosia me lembram dele… — Madara disse com ternura.

Ele também se entristecia ao se lembrar de seu irmão. Agora ele estava tendo a chance de mudar sua visão, ele não poderia trazer Izuna de volta, mas poderia garantir a segurança da futura geração.

E foi naquele momento, que eles iniciavam um laço de família, Sasuke sentia que devia confiar mais naquele homem, poderia parecer ingenuidade de sua parte, mas era disso que Madara precisava.

Alguns dias se passaram desde a sucessão de Kakashi, nenhum dos Uchihas esperavam por visitas ou algo do tipo, seria um dia entediante como qualquer outro.

— Sasuke. Está na hora — disse o prateado pelo corredor.

Ele abriu a porta da cela e entrou junto de Genma e Ibiki, juntos eles colocaram a venda no menino e o prenderam em uma camisa de forças.

Quando Kakashi fechou a porta, eles anunciaram que estavam transferindo Sasuke para outro lugar, nesse momento o menino sentiu que estava sendo afastado novamente de sua família, sem entender, ele atrasou seu passo esperando que Madara falasse algo antes da partida, ele se surpreendeu quando ouviu batidas fortes vindo da outra cela.

— Sasuke — bravejou Madara dando chutes na porta — Você não pode ir assim. Não desse jeito — continuou a gritar — Antes de você ir, eu quero dizer algo — ele batia na porta esperando que o garoto voltasse.

— O que você quer falar com ele? — Kakashi perguntou desconfiado, o que significava aquele escândalo?

— Cadê ele? Traz ele aqui — Dizia entredentes, ele parecia desesperado para falar com Sasuke.

— O que você quer? — disse o mais novo se aproximando da porta.

Ele estava muito surpreso, ele queria que o Uchiha mais velho dissesse algo, mas ele também não sabia direito o que gostaria de ouvir da boca do ranzinza.

— "Quando um homem aprende a amar, ele deve suportar o risco de ser odiado" — disse Madara — Foi isso que aconteceu com o seu irmão, isso aconteceu comigo e com você também — dizia com os olhos fechados e pressionados — Nem você e nem seu irmão estavam errados, as pessoas são egoístas, elas não se importavam com a sua dor. Eu sei disso. — ele sentia desespero.

Madara estava com as mãos e cabeça apoiadas na porta, ele suspirava alto enquanto falava, ele também sentia que estavam tirando sua família, ele não podia permitir que Sasuke partisse sem saber o que estava em seu coração.

— Você é um verme igual ao Naruto — Sasuke disse em voz alta. O Uchiha que ainda estava trancado riu alto.

— Você é um idiota — Madara se sentou no chão e cruzou as pernas, eles entendiam o que o outro queria dizer com aquelas palavras, para eles isso significava agradecimento e gratidão.

Depois dessa breve conversa, Ibiki sorriu para Kakashi, na mesma hora o grisalho entendeu o que estava acontecendo, naquele momento Kakashi sentia seu coração aquecido, ele não imaginava essa proximidade entre os dois Uchihas. 

Não demorou para que eles levassem o menino dali, mais tarde eles chegaram na delegacia de Konoha e lá eles levaram Sasuke para uma solitária e dessa vez ele ficaria completamente preso.

Ele havia esquecido que sua passagem pela prisão subterrânea era passageira.

Chapter 5: Dores

Chapter Text

Há cinco meses Shikamaru era responsável por uma equipe que ficou encarregada de Madara, ele nunca havia descido até lá, pois não sabia onde era a passagem, mas seus homens sim. 

Tsunade estava ausente e ficaria por um tempo, pois estava estudando o caso de Naruto e Guy-sensei.

Genma e Ibiki cuidavam de Sasuke em outro lugar e a única pessoa capacitada que sobrou, era apenas Chie.

Um dos maiores erros do Hokage foi ter dado esse tipo de liberdade ao Nara, não importava quanto tempo passasse, o seu ódio aumentava a cada dia, ele não se conformava pelo fato de Madara estar vivo, então ele faria com que o Uchiha se arrependesse de ter escolhido a vida.

Após a decisão de Kakashi, as coisas na prisão subterrânea haviam mudado drasticamente, Nara era obrigado a mandar relatórios para seu superior, nesses relatórios ele escrevia como as coisas estavam funcionando lá embaixo e que estava tudo bem com o Uchiha, mas era tudo uma farsa.

Shikamaru sempre foi um jovem extremamente inteligente e calculista e como Kakashi não desceria até lá tão cedo, ele não tinha noção das coisas que aconteciam e ele não corria o risco de Madara ou seus subordinados contarem.

Aos poucos os Jounins levavam algumas armas brancas para o subsolo, e como eles precisavam de armas de choque para autodefesa caso o Uchiha tentasse algo, eles não precisavam ser revistados. 

Era mês de julho e Shikamaru nunca tinha sentido tanto ódio em sua vida. No dia 14 ele planejou algo horrível com a equipe da noite.

— Vocês conseguiram levar aquelas coisas? — disse Nara e os homens confirmaram — Ótimo. Por volta das dez e meia da noite vocês vão entrar lá — ordenou ele — É isso, podem ir.

As dez horas Madara já dormia com a mão no estômago, ele sentia fortes dores no corpo e desde que Sasuke havia sido transferido, nenhum ninja médico voltou a descer em sua cela. As dores era devido a comida velha e estragada que era servida para ele. Isso, ou comer o próprio braço.

Esse também não seria o primeiro ataque daqueles homens, acontecia constantemente e o Uchiha simplesmente deixava, não pela sensação de se sentir vivo devido as dores, mas porque cedo ou tarde, ele se vingaria.

Madara era conhecido por ter uma boa resistência em combate, isso significava que ele podia passar alguns dias lutando sem cansar, mas era diferente de ser atacado constantemente sem poder fazer nada. 

Em silêncio alguém abriu a porta da cela, e quatro pessoas mascaradas entraram, uma delas estava com uma arma de choque, essa pessoa usaria isso para imobilizar o Uchiha, as outras três usavam tacos e barras de ferro para bater em Madara. 

O Uchiha não ficava inconsciente após levar o choque, aquilo era só para imobilizá-lo, ele desmaiava devido às dores. Quando terminavam os quatro homens se retiravam e selavam novamente a porta.

No dia seguinte, Shikamaru teria outros planos para o Uchiha.

— Shikamaru, eu serei direto. Os Jounins que eu escolhi para vigiar Madara durante o dia me disseram que não viram o relatório médico das últimas semanas — Hatake dizia sério — Dessa vez eu não quero o seu relatório, ou que me diga quando foi a última vez que um médico o visitou. 

— Então? O que precisa? — Nara respondeu indiferente — Sinceramente não entendo por que aquele cara precisa de um médico.

Kakashi sabia que dia era, e conhecia a raiva de Shikamaru, então ele imaginava que naquele dia seu assistente poderia fazer algo inapropriado.

— É direito dele, e ele vai receber — Hatake parecia estar de mal humor — Fui claro?

— Claro como o dia. — Ele se curvou e se retirou da sala.

— Esse garoto ainda vai me dar problemas — Kakashi sussurrou e viu sua assistente entrar — Shizune, preciso que selecione seu melhor médico, acho que Madara precisa de uma visita — ele falava calmo.

— Entendi, mas Kakashi, por que precisa de alguém escolhido por mim? — indagou confusa.

— Os ninjas médicos que ficaram responsáveis por Madara foram escolhidos por Shikamaru, eu recebo os relatórios por ele e não pelos médicos — disse com os olhos estreitos — Então eu quero alguém de sua confiança e que essa pessoa o examine — explicou apreensivo.

— Kakashi, eu posso fazer isso. O verdadeiro ninja médico responsável por ele é a senhora Tsunade, mas ela não está aqui agora, então posso fazer isso no lugar dela.

— Tem certeza?

— Absoluta — Shizune disse convicta.

Graças a desconfiança do Rokudaime, Shikamaru mudou seus planos para aquela noite, ele apenas exigiu que seus subordinados dessem um banho generoso em Madara. Até porque, dentro da cela não tinha chuveiro e suspeitas que aquele homem não tomou um sequer banho desde que chegou.

O banho seria para apagar as digitais dos agressores no corpo do Uchiha.

Naquela noite, Madara foi algemado e levado para outra cela.

— Eu sinto muito por isso, mas ele pediu para limpar você — disse Kai — Por favor, tire a roupa — o homem falava com tristeza.

Enquanto Madara fingia estar vulnerável e com medo, ele pensava em uma maneira de provar tudo o que acontecia. E se sua redenção dependesse de perdão para aquelas pessoas, ele estava ciente que queimaria a eternidade toda no inferno.

Os outros homens entraram na cela com a mangueira de incêndio, assim que Madara percebeu o que vinha, ele virou de costas para os homens e praguejou consigo por não poder “fazer nada”, no entanto ele sabia que essas pessoas estavam recebendo ordens de alguém e esse alguém não era o Hokage.

Ele sabia que todo mundo no mundo sentia desprezo por ele, mas a única pessoa que expressou seu ódio em palavras tinha sido Shikamaru.

E como ele possuía essa informação?

Chie, era o ouvido daquelas paredes, antes de ir embora ela passava um tempo tentando se comunicar com Madara, quando descobriu que não passaria mais as noites ali o vigiando e sim durante o dia, ela contou tudo o que ouviu em todos esses meses.

Ela sabia se esconder e ser invisível, não de forma literal, mas sua presença para os cidadãos de Konoha era insignificante.

Ele saiu de seus pensamentos após ser atingido por um jato de água que o empurrou contra a parede, o banho frio levou alguns minutos e o Uchiha sentia que até seus ossos estavam sendo molhados, ele rangia os dentes devido a temperatura baixa da água e com os cabelos molhados ele escondia a frustração em seu rosto.

Madara recordava de tudo em sua vida, os momentos bons com Hashirama, os ruins, as dores de perder sua família, suas escolhas, seu pedido para Hagoromo, a conversa com Sasuke, a verdade sobre tudo quando conversou com Naruto.

E como Chie foi a única estranha que tentou ser gentil com ele.

Mas ele se arrependia de uma coisa, não ter tentado matar a pessoa certa quando teve a oportunidade, ele lamentava amargamente por ter perdido a guerra, e mesmo depois da visita do Uzumaki, ele ainda sentia desprezo por algumas pessoas. 

Madara nunca foi um homem que humilhava seus inimigos, ele sabia a diferença de poderes, então para ele era melhor eliminar seu inimigo com um único golpe para que a pessoa não sofresse.

Claro que isso não se comparava a empatia, mas o que estavam fazendo com ele era covardia, essa pessoa não tinha coragem de sujar as próprias mãos, assim como ele, essa pessoa também estava presa a um passado doloroso.

Aquilo era a maior humilhação que passara em toda sua vida, no mundo atual as pessoas não estavam sempre em campos de batalha, mas tudo era motivo de vingança, ele poderia acabar com aquela situação, mas ele não era um homem que agia com o coração, ele pensaria em uma forma de se vingar daqueles maus tratos, a pessoa responsável por aquilo pagaria um dia, nem que isso custasse sua vida.

Após desligarem a água, Madara se virou lentamente, seu corpo estava completamente marcado, ele sentia fortes dores, também sentia seu corpo todo latejar, ele andou até um dos homens e pegou a toalha que um deles segurava e se secou, ao chegar em sua cama, ele puxou os trapos e devido às suas condições, ele cedeu ao cansaço. 

Na manhã seguinte, Shizune desceu lá pessoalmente e Chie relatou que ele não se alimentava já tinha bastante tempo e que ela não podia abrir a cela.

— Você é a kunoichi que veio de outro país? — Shizune olhou para a mulher mascarada.

— Sim.

— Faz sentido não darem esse tipo de liberdade para você.

— Bom, então entre lá e veja se ele está bem — a mascarada respondeu, ela sentiu que aquela ninja médica estava sendo ríspida e devolveu no mesmo tom — Vamos, abra a porta.

Shizune fez, abriu a porta e sentiu um cheiro horrível de dentro da cela. Ela observou os restos de comida espalhados pelo chão e olhou para a mulher encostada na porta.

— Você não vai entrar? — Questionou incrédula.

— Não tenho permissão, esqueceu que não sou daqui? — Debochou.

— E se ele fizer algo? — Shizune estava séria. Chie começou a rir da situação.

— Ele não vai, está com medo assistente do Hokage e melhor amiga do quinto? — ela encarava Shizune através da máscara e pensava — Os ninjas de Konoha são tão patéticos.

— Você vai fazer isso, vem logo — Shizune ordenou e a outra só obedeceu.

— Está com medo dele te atacar? — a mascarada comentou rindo.

Chie puxou as cobertas da cama e encontrou o corpo do Uchiha completamente marcado, os lençóis e os trapos estavam encharcados de sangue, alguns dos ferimentos estavam abertos em carne viva feridas expostas e inflamadas, por um instante Shizune pensou que Madara estava tentando contra sua própria vida, não era hora de fazer julgamentos, as pessoas que estavam ali pegaram uma maca e o colocaram amarrado sobre ela e apressadamente o levaram para a superfície.

Madara descansava em um quarto isolado, Chie se sentou ao lado da cama e não saiu de perto dele.

— Quem é aquela mulher? — Shizune perguntou observando da janela. Kakashi estava ao lado e a respondeu.

— Eu também gostaria de saber.

— Precisamos ficar de olho nela — a Iryō-nin completou — Quando a senhora Tsunade retornar, passarei tudo para ela.

Em relação ao Uchiha, o Rokudaime não sabia exatamente o que faria a respeito, o sacrifício de Hagoromo não podia ser em vão, e ele sabia que havia algo errado acontecendo dentro da cela, Kakashi não queria acreditar que Shikamaru teria dado ordens para Jounins torturarem Madara enquanto estivesse preso. 

Isso era covardia, todos ali tinham motivos para sentir raiva, mas torturá-lo não traria ninguém de volta, ele sabia que Nara era o responsável, mas não queria usar métodos para investigá-lo, Ibiki e Ino podiam ajudar, no entanto ele preferiu dar mais um único voto de confiança para o jovem.

Certo Shikamaru, eu vou dar um tempo para você inventar uma história sobre os ferimentos do Madara. Espero que um dia você seja capaz de perdoá-lo. — pensava o Hokage.

Em alguns dias, Madara teria alta do hospital e voltaria para sua cela, Hatake gostaria de ter uma conversa com ele, passar muito tempo lá embaixo deveria ser deprimente. 

Mais tarde naquela semana o Rokudaime seguia até a delegacia de polícia para visitar Sasuke, ele pensou sobre o que seu antigo aluno tinha dito, o jovem fez um pedido para conversar com o atual Hokage, e Kakashi estava indo até lá para ouvir de Sasuke o que ele queria para seu futuro.

A intenção dele não era fazer um interrogatório ou tentar extrair informações confidenciais, mas uma conversa tranquila sobre o novo objetivo do Uchiha, ou o que ele faria se estivesse solto. 

— Muito bem Sasuke, você disse que queria falar comigo — Pronunciou o prateado chamando a atenção do jovem — Estou aqui para ouvir o seu apelo.

— Kakashi…

Chapter 6: Conhecendo o Inimigo

Chapter Text

Madara estava preso pouco mais de um ano, ele mesmo já tinha perdido a noção do tempo. Na prisão, Chie ficava um tempo a mais e tentava conversar com ele, mas nunca era respondida.

Ele sabia que ela era a única que estava ali para fazer seu trabalho, mas não queriam que vissem os dois conversando, ele não queria prejudica-la.

No escritório do Hokage, Kakashi estava a sós com Shikamaru, o grisalho estava sentado em sua cadeira fingindo mexer em alguns documentos e Nara esperava pelo diálogo que tinham marcado.

— Há uns meses, Madara foi levado para o hospital, ele estava com graves ferimentos pelo corpo, ele foi levado no dia que o médico em que eu escolhi veio fazer uma "visita" — ele fez uma pausa e jogou os papeis — O doutor disse que ele estava quase inconsciente devido aos machucados. Ele me deu uma resposta, e agora eu quero saber de você Shikamaru, o que acha que está acontecendo com nosso detento? — Kakashi fechou os olhos em irritação.

Os papeis em questão eram os resultados dos exames feitos por Shizune.

— Eu não vejo Madara desde a guerra. Acredito que ele tenha tentado suicídio — respondeu o jovem indiferente — Ele está muito tempo naquela cela, é normal ele pensar nisso, eu acho que qualquer um faria isso se estivesse nas mesmas condições que ele — Nara parecia confiante.

— Tem certeza disso? — perguntou desconfiado, pois sabia que era tudo mentira — Eu sinceramente acredito que, se aquele médico não tivesse feito uma visita, Madara estaria morto uma hora dessas — Kakashi disse se levantando e encostando na mesa.

— Sim, foi o que o doutor me disse, ele fez um relatório e acredito que tenha lhe mostrado — ele ficou nervoso e o prateado notou — Como ele está? Não tenho notícias dele há meses — respondeu fingindo preocupação.

Kakashi confirmou suas suspeitas, Shikamaru não sabia quem era o ninja médico que visitaria Madara, ele não tinha ideia de que era Shizune a responsável por atender o Uchiha no hospital.

— Ao lado da cama dele tem duas correntes com algemas, ele está preso igual um cachorro. O doutor disse que ele teria que ficar assim para não tentar suicídio novamente, algemado dessa forma eu espero que ele não se machuque como da outra vez. Você não concorda? — ele disse tranquilamente, seus olhos estavam estreitos em desconfiança.

— Concordo… — Shikamaru sorriu.

— Fico feliz que esteja bem, e que tenha superado a perda de seu pai — Kakashi notou a reação do jovem apertar os punhos.

— Eu também. Eu preciso sair, se me dá licença — ele pediu e o Hokage assentiu.

Kakashi foi até a delegacia conversar com Sasuke, ele sabia da aproximação entre os Uchihas, acreditava que a melhor forma de conhecer um seria interrogando o outro.

— Sasuke, acha que Madara tentaria suicídio? — ele foi direto, estavam sozinhos ali, o Hokage se sentou do lado de fora da cela.

— Porque ele faria algo assim, ele suportou muita coisa e imagino que não está sendo fácil ficar lá isolado, mas ele nunca faria esse tipo de coisa, nem mesmo quando o irmão dele foi tirado dele — Sasuke não via nada e não podia se mexer — Está acontecendo alguma coisa com ele?

— Acredito que sim, e eu tenho desconfianças.

— De que? E de quem?

— Pessoas estão recebendo ordens para torturá-lo.

— De quem?

— Minha maior desconfiança é de Shikamaru.

— Troca esse pessoal e tira o Shikamaru do caso, vai esperar que matem ele ou que ele faça algo para se defender, você esqueceu? — Sasuke estava o advertindo, mas também estava preocupado — Você também é uma testemunha.

Kakashi pensou rapidamente naquelas palavras e passou a considerar. Era tão simples e era o Hokage, poderia tomar as decisões que quisesse.

— Tem uma mulher entre eles — O Uchiha o tirou de seus pensamentos.

— A Chie, o que tem ela? — respondeu o Kakashi.

— Quando eu estava lá, de madrugada eu a ouvia falar com alguém, então eu ficava acordado, ela conversava com ele — Sasuke se sentia um traidor, claro que gostaria de ajudar o velho Uchiha, e deveria confiar no Hokage, mas a dúvida martelava sua mente.

Ele realmente deveria confiar os segredos no Hokage?

— Conseguia ouvir a conversa?

— Mais ou menos, ela abria o compartimento e passavam horas lá.

— E os outros vigias?

— Dormiam, tive a impressão de que ela conhecia Madara de algum lugar, como se fosse intima dele.

— Não tem como, e por que acha isso? — ele notou que o jovem Uchiha estava receoso em contar o que sabia, qualquer informação sobre Madara era válida — Sasuke, pode confiar em mim. Não tenho a intenção de prejudicar ninguém, a Chie, é confiável?

— Não tenho certeza, para nós talvez não, mas ele parece confiar nela... — ele pensou em algumas coisas e prosseguiu — A forma como ela falava com ele, nunca falava sobre ela ou a vida dele, mas ela sabia como falar com ele e como chamar a atenção dele. Madara sempre respondia.

— Tipo apaixonada?

— Não, como alguém que já o conhece, depois de um tempo, não ouvi mais as conversas.

—  E então?

— Aí ele começou a ficar entediado e passou a falar comigo. Nunca mencionou ela, e eu nunca quis perguntar.

— Então isso já faz muito tempo.

— Eu ouvi muita coisa sobre ele, mas ele jamais tiraria a própria vida só porque está deprimido ou sofrendo. Ele não é uma pessoa comum, o que eu quero dizer, é que, mesmo com o chakra selado, ele pode lutar, melhor do que qualquer um, então vai chegar um dia que ele vai se cansar dessa brincadeira de gato e rato e vai se vingar e talvez, fugir.

— Preciso ficar de olho nele.

— Precisa se apressar então, ele não é um cara que só diz coisas, ele faz as coisas acontecerem, se você desconfia do Shikamaru e ele está sendo torturado, ele deve ter marcado todo mundo e está esperando o momento certo, mas aí será tarde.

— Tarde para o que? Madara não pode usar o chakra e está acorrentado.

— Madara tem mais chance de se rebelar contra Konoha novamente e fugir, do que morrer por gente covarde. Acredite em mim, ele deve estar com muita raiva.

— E se a Chie falar com ele, ela parece entender ele melhor que todos nós, talvez ela saiba lidar com isso.

— Kakashi, você não entendeu. A Chie deve ser um tipo de aliada dele, ela vai concordar com tudo o que ele fizer. Eu notei que os ninjas que estão com ela, a desprezam por não ser daqui. Madara está construindo algo e aquela mulher vai ajudar, mas agora a sua prioridade deve ser tirar o Shikamaru do cenário. Acredito que a melhor decisão a ser tomada, seria você ficar vigiando-o enquanto Tsunade não volta.

— Pensei que ficaria do lado dele e não contaria coisas como essa.

— Não é que eu não estou do lado dele, criamos um tipo de laço, mas ele ainda é o Madara e sempre será o Madara, ele não confia em vocês, então talvez ele queira fazer algo. Sei que não posso pedir para traze-lo aqui ou me levar até lá, mas ele não é uma pessoa qualquer, então não o trate como um qualquer.

— Não posso dar um tratamento cinco estrelas para ele.

— Não é isso, eu escolhi me isolar de todos e sei que isso não funciona, isolar ele do mundo só vai piorar as coisas — suspirou e concluiu — Ele se isolou também, e sei que ele não merece nenhum tratamento melhor, só que... eu sinto que ele é a única família que eu tenho. De sangue, entende?

Kakashi ouviu tudo o que Sasuke disse, ele foi para seu escritório e tinha tudo em mente, mas a informação que já estava tarde para agir, martelava forte em seus pensamentos.

Naquela semana, Shikamaru foi convocado e a notícia da vez não lhe agradava nenhum pouco.

— Por que decidiu isso do nada? — Questionou o Nara.

— Estou afastando você deste “caso”. Não é bem um caso.

— E por que isso?

— Lidar com Madara está mexendo bastante com você ultimamente — Kakashi estava sentado com mãos cruzadas em frente o rosto — Tsunade está voltando, então ela assumira o controle das coisas, já que quem decidiu tudo isso foi ela.

— E ela não pode me deixar com este caso? — Ele parecia impaciente — Imagino que alguém como ela tenha coisas mais importantes para lidar do que com um cara como Madara.

— Não depende de mim Shikamaru, Tsunade fez essa escolha sozinha.

— Isso tem a ver com aquela conversa do outro dia? Você parecia desconfiado.

— Não, é para sua segurança, apenas.

— Mas...

— Shikamaru, aproveite a chance que estou te dando e descanse um pouco.

Ele não teve outra escolha se não aceitar aquilo.

Shikamaru reuniu seus subordinados e ordenou que retirassem todos os objetos da prisão, ele os alertou do que acabara de acontecer e dispensou todos.

No entanto, um deles ficou para trás.

— Porque ainda está aqui — Nara perguntou sem olhar para trás — Hinoe? O que houve? — perguntou.

— Você lembra do que nos pediu para fazer outro dia? — Hinoe estava sério e nervoso — Antes de sair da cela, ele me puxou, ele estava no chão e pegou na minha canela. Eu não sei como o desgraçado conseguia se mover.

— Tá, mas o que ele fez? Te machucou, pegou suas armas? — Nara o questionou confuso.

— Depois de me derrubar, ele segurou meu pescoço e tirou a máscara, o infeliz pegou o teaser e disse para eu te dar um aviso — Hinoe estava aflito.

— Ele roubou seu teaser? O que ele disse? — Shikamaru estava impaciente.

 

Uns dias atrás, 00:47...

Depois do dia em que voltou do hospital, a vida de Madara estava tranquila, até demais, ele estava pensando quando os homens iriam entrar pela porta e lhe darem uma surra gratuita, e quando esse dia chegasse, deveria estar preparado, mas não para fuga. 

— Eu também fui longe… — Madara pensava consigo e sorriu pela estupidez daqueles homens.

Ele sabia que para poder sair dali o quanto antes, não poderia matar alguém ou tentar fugir, então ele faria uma surpresa para seu novo inimigo. O Uchiha estava de pé em frente a cama, a hora do jantar já tinha passado e ele estava esperando suas visitas. 

E como ele sabia quando viriam atrás? A sala ao lado, a porta estava sempre aberta, aqueles homens confiavam no potencial daquela prisão, então não precisavam vigiar o Uchiha a cada segundo, mas havia um detalhe. 

Com a porta aberta, era possível ouvir a conversa de quem estava dentro da sala devido ao eco.

Em pé, e com os punhos cerrados frente ao rosto, pronto para uma luta, o detento de cabelos longos esperava os cinco homens mascarados, e dessa vez, não seria uma luta usando Ninjutsu ou qualquer habilidade ninja. 

Ele só queria o prazer de dar o primeiro soco.

— Ouço passos se aproximando… — ele pensava — 3… 2… 1! — Ao encerrar sua contagem, ele abriu os olhos e esboçou um sorriso maníaco.

O impacto do chute na porta foi grande, parecia um estouro e assim que entraram, os homens se depararam com uma cena diferente. 

Madara não estava deitado desanimado como das outras vezes, ele parecia ansioso e animado.

Antes de partirem para o ataque, o Uchiha correu até o primeiro homem, e com toda sua força, socou o rosto do Anbu quebrando a máscara. O primeiro rosto que ele gravava em sua mente, o outros que estavam observando incrédulos, atacaram com as armas de choque derrubando o homem no chão.

A festa do Uchiha durou pouco, mas ele conseguiu o que queria, pelo menos uma parte, enquanto a festa dos Anbu estava apenas começando. 

Dessa vez não usariam barras de ferro ou tacos de madeira para surrar o Uchiha, socos e chutes seriam o suficiente já que com o teaser, Madara já estava no chão. 

Ele sentia o choque passando por todo o seu corpo o deixando arrepiado, aquela sensação de adrenalina, fazia tempo que não sentia e no rosto, um sorriso aterrorizante. 

Isso deixou os shinobis com um pouco de receio.

Os homens pararam com os golpes quando o Uchiha começou a cuspir sangue e parecia desmaiado, eles se retiraram um a um, o último homem seguiu devagar até a saída da cela.

Hinoe sentiu seu corpo congelar, ele conseguia ouvir as batidas de seu coração, suas mãos suavam e ele sentia alguma coisa segurando muito forte sua canela. 

Quando virou seu rosto para trás e olhou para baixo, ele viu um semblante horripilante olhando para ele. O homem que estava no chão fez um pouco de força para puxar a perna do Anbu o derrubando.

Ele é rápido, Madara conseguiu roubar o teaser da mão do shinobi colocando a arma no pescoço do homem, ameaçando a ativar. 

Ele conseguiu ver o pânico e o medo nos olhos daquele homem atrás da máscara, e com facilidade Madara retirou o objeto do Anbu, guardando o segundo rosto em sua mente. 

— Eu tenho um recado para o Nara. E eu escolhi você para fazer o serviço — sussurrou ele aterrorizando o homem — Diz para ele, que eu perguntei como vai a família Nara... E que a partir de hoje, é melhor ele se preocupar com quem está lá fora do que com quem está aqui dentro. 

Após dizer tais palavras, ele se retirou de cima do homem e rastejou até sua cama.

— Essa porcaria vai ficar comigo agora. Saia daqui! — A voz do Uchiha ecoava pelo corredor da prisão e na cabeça daquele homem. 

Eles realmente achavam que poderiam entrar na cela do Uchiha e simplesmente lhe dar uma surra? Eles estavam muito confiantes e dessa vez Madara os pegou de surpresa. Assustado, Hinoe saiu da cela e fechou a porta, ele estava tão apavorado que deixou a máscara lá dentro. 

Quando foi para a sala de controle, os outros ficaram confusos.

— Não me digam que não ouviram nada? — ele estava tenso e sua voz trêmula, os homens responderam que a porta estava fechada e não ouviram — Essa maldita porta sempre fica aberta, por que hoje vocês fecharam? Eu poderia ter morrido! — gritou o Anbu.

Após contar o que acabara de acontecer, os outros homens esboçaram a mesma expressão, Madara agiu duas vezes seguidas na mesma hora.

— Foi isso que aconteceu — disse o Anbu.

— Como, ele sabe? — Shikamaru disse horrorizado.

Alguma coisa deu errado, agora Madara reconhecia o rosto de dois dos seus subordinados e principalmente o dele.

— Vocês disseram algo? Ele deve ter ouvido alguma conversa? — Nara disse desesperado. 

— Ninguém nunca disse nada — o Anbu estava ficando irritado.

— Alguém disse — a mente de Shikamaru parou.

— O que vai fazer, se ele tentar algo? Contar para o Hokage, que Madara ameaçou você? — disse Hinoe — Se contar e dedurar todo mundo, sabe o que acontece com você, Nara? — Ele encarou os olhos do jovem — Você vai para o mesmo lugar que ele... De alguma forma o fantasma descobriu, o que vai fazer? Pense Shikamaru, pense. Você não é o mais esperto? — o homem continuava apavorando a cabeça do mais novo.

— Me deixe sozinho. Amanhã eu digo o que faremos. Agora vá! — disse o jovem.

Os dois se retiraram daquele lugar, e Shikamaru passou a noite em claro, ele não conseguia dormir porque estava muito preocupado, enquanto Madara dormia tranquilamente, a máscara do shinobi e a arma ele havia escondido.

Nio final da semana, Nara reuniu novamente seus homens.

— Não estou mais neste caso, mas preciso de um favor.

— Precisa? — Kai perguntou com deboche — Porque ainda está aqui, não servimos mais você.

— Porque se não fizerem o que estou mandando, eu entrego todos e omitirei qualquer informação sobre mim — ele estreitou os olhos e respirou fundo — Vocês precisam pegar o teaser de volta — Shikamaru disse entredentes.

— Eu não volto lá — exclamou Hinoe — Ninguém vai voltar.

— Isso foi terça, hoje é sábado — Shikamaru deu de ombros — Ele tem provas contra vocês. 

— Negativo — disse Sato — Ele está atrás de você Nara, ele sabe que recebemos ordens — o homem afirmou sereno.

— Se estiverem com as máscaras, ele não vai saber quem são vocês, se ele quisesse matar vocês, ele teria feito isso no primeiro dia — explicou Nara revirando os olhos — O plano dele era dar um susto, e parece que ele conseguiu — afirmou ele.

— Vamos fazer o que hoje? — Kai perguntou.

— Usem o teaser e a mangueira — disse o jovem.

— Shikamaru, mas isso vai matá-lo! — bravejou Shuu.

— Já ouviu aquele ditado, "vaso ruim não quebra fácil", ele não vai morrer com isso — disse Nara — Ou apenas usem só a arma de choque para imobilizá-lo, e depois peguem o que ele roubou — completou, e os homens assentiram indo para seus postos.

Eles esperariam o momento certo para atacar, Madara agora estaria com a guarda baixa, achando que os homens estariam assustados, e seria nesse momento que eles pegariam a arma e a máscara.

Chapter 7: Em Alerta

Chapter Text

Por volta da meia noite, Madara dormia tranquilamente, desde terça ele não se preocupava com nada, o Uchiha já tinha o necessário para persuadir Shikamaru, e incriminá-lo, mas não era burro ou ingênuo, ele sabia que cedo ou tarde voltariam para buscar o teaser e a máscara do Anbu. 

Ele se preparou para isso também e não se importava com os golpes que levaria.

Em silêncio abriram a porta da cela e observavam o Uchiha descansar, o quarto estava com um cheiro horrível, e parecia que tinha algo podre ali dentro, com passos leves, eles se aproximavam, e com um teaser de 30.000w um deles imobilizou Madara, o outro que estava atrás segurava um bastão preto o atingiu na barriga, os outros tiraram o Uchiha da cama o jogando no chão. 

— Hinoe! — O grito do Uchiha era ensurdecedor.

Ele sabia que o Anbu estava entre eles, mas por medo o homem não se manifestou, eles não sabiam como Madara sabia o nome do Anbu.

— Você deu o meu recado? O que ele disse? — ele ria enquanto falava.

— Como ele sabe o nome do Hinoe? — Hyo perguntou. 

Hinoe e Shuu, que levaram o golpe no rosto, estavam entre eles, dessa vez com outras máscaras.

— Ele deve ter escrito o nome na parte de dentro da máscara — Kai disse desanimado — Procurem o teaser e a máscara, esse buraco não tem fundo falso no chão e nas paredes para ele esconder — ordenou.

O Uchiha começou a rir mesmo imobilizado no chão, enquanto isso, os cinco homens procuravam pelos objetos, os únicos lugares que ele poderia ter escondido seria embaixo do travesseiro ou colchão, a cama era toda de ferro e parecia mais uma caixa grande. 

Depois de rasgarem todo o travesseiro e jogarem o colchão do outro lado da cela, eles desistiram até o comandante falar. 

— Revistem ele. E rasguem o colchão, ele deve ter escondido dentro do colchão — Kai deu as ordens e outros obedeceram.

O cheiro da cela piorava, a pia estava entupida e o cheiro vinha dali, os Jounins estavam incomodados com aquilo.

— Que cheiro horrível! — reclamou Sato.

Após revistarem Madara, e antes de destruírem o colchão por completo, eles se retiraram do lugar. Madara por sua vez, ria da situação, ele soube se preparar e enganar aqueles homens sem fazer muito esforço.

Semanas se passaram e nevava em Konoha, Sasuke ganhava alguma confiança de Kakashi e juntos decidiram fazer algo para Madara. E claro, gostariam de Chie por perto.

Ela não tiraria sua máscara, mas aceitou o convite de tirar uma foto ao lado de Sasuke e Kakashi.

A fotografia seria entregue, Kakashi confirmou as palavras de Sasuke do outro dia, Chie aceitou rapidamente o convite já que se tratava de Madara. Muito ingênua.

 

Uns dias após o Ano Novo

— Espero que você possa sair daqui um dia — dizia o jovem Uchiha.

Sasuke dizia sentado com a cabeça encostada na porta do lado de fora da cela.

— Eu também — respondeu Madara.

O tom baixo de desânimo de Madara era evidente, sobre seu futuro ele não sabia mais o que pensar.

Não saberia descrever o que sentia, poderia dizer que estava feliz por Sasuke ter sido solto, bom quase solto.

Ele fazia alguns trabalhos ajudando em construções na aldeia e outros comunitários, na intenção de diminuir sua pena. O que Madara não sabia, era como que ele conseguiu isso. Sendo que o conselho de Kages decidiu que ambos os Uchihas foram condenados à prisão perpétua.

— A vila está muito diferente de um ano atrás, mudou muita coisa e eu estou ajudando a construir um orfanato, bom, nós já terminamos…, mas logo começaremos a construir um novo hospital — disse Sasuke.

O jovem falava animado, a sensação de não estar trancado era maravilhoso, ele não podia sair com outras pessoas, como Naruto e Sakura, mas ele podia visitar seu único familiar, e isso lhe deixava em paz.

— Isso é bom, eu acho. Pelo menos não está colhendo arroz ou nabo no campo — respondeu o mais velho — Quando terminam o hospital? 

Madara não queria deixar o menino chateado com suas palavras ácidas, ele sentia a energia boa que Sasuke transmitia com suas palavras e ele realmente estava feliz de estar "solto"

— Tem razão, é um hospital diferente pelo que eu fiquei sabendo, parece que vai ser para crianças — afirmou o mais novo.

— Interessante… — respondeu Madara, ele parecia não se importar com a novidade.

— Ah, Madara. Quero dar uma coisa para você — o mais novo comentou, retirando um envelope do agasalho.

— O que? —  Ele parecia ter despertado de um "transe".

— Pega, eu quero que você veja com seus próprios olhos — Sasuke dizia passando o objeto pela fresta debaixo da porta.

Madara pegou o envelope no chão e retirou o selo feito de cera, quando abriu tirou uma fotografia de dentro do cartão. 

Havia três pessoas na foto, Sasuke no meio, Kakashi no canto direito e Chie no canto esquerdo.

Outro papel estava dentro do envelope.

— Quantas fotografias tem aqui?

— Uma — o jovem pensou rapidamente e deduziu que Chie teria tirado uma foto sozinha e colocado no cartão — Bom, eu não sei. O que me diz? — ele não obteve resposta.

Na imagem, Chie estava sozinha e sem a máscara, sem seu uniforme e o rosto dela estava tão sereno e tranquilo, ela parecia envergonhada por estar fazendo aquele tipo de coisa. 

Aquilo havia deixado o velho Uchiha feliz, ele sorriu pelo presente recebido e em seguida começou a rir. 

Você é exatamente como eu tinha imaginado — pensou olhando a mulher com um sorriso forçado.

Sem perceber, Madara passou a mão em seus cabelos, os fios negros estavam mais longos e completamente bagunçados e embaraçados, ele tentava alinhar os fios enquanto olhava para mulher na fotografia, ele tinha a sensação de que ela o observava, depois ele limpou o rosto oleoso com a manga do casaco velho.

Era como se ele estivesse se arrumando e querendo ficar apresentável para ela, mas a mulher não estava ali. 

Tudo tinha ficado silencioso, Sasuke deixou que Madara tivesse um momento para observar a foto e reparar nos mínimos detalhes, pelo semblante do Uchiha mais novo na imagem, parecia que ele estava bem e satisfeito com sua nova vida, já Kakashi estava sempre a mesma coisa, suas expressões eram sempre as mesmas e com a máscara não dava para dizer muita coisa sobre ele. 

A foto parecia ter sido tirada em uma sacada de alguma casa em Konoha, o que era óbvio, pois o cenário atrás era do monumento Hokage da vila, para ficar bem específico, o rosto era o de Hashirama que aparecia na imagem. 

O Uchiha virou a foto e na parte de trás tinha algo escrito, quando leu, um sorriso discreto e amistoso surgiu em seus lábios.

明けましておめでとう、マダラ

(Feliz Ano Novo, Madara)

Acho que finalmente tenho um porto seguro… — ele pensava consigo, após ver a mensagem.

Depois de tanto silêncio, Sasuke decidiu falar algo querendo saber o que Madara tinha achado do presente.

— E aí, o que acha? É um pouco simples, mas ela achou que talvez você gostaria disso — O menino mordeu a unha da mão com um sorriso maroto no rosto.

— É a primeira vez que ganho presente, ainda mais vindo de uma mulher estranha, que não conheço… — respondeu.

Ele não conseguia parar de sorrir, agora Madara não esqueceria mais o rosto da mulher mascarada.

— A Chie não é estranha para você, vocês já se conhecem… — Sasuke protestou sendo interrompido.

— Por que acha isso? — ele desmanchou o sorriso no mesmo instante. Algo estava errado ali, e possivelmente alguém estaria usando o jovem Uchiha.

— Eu acabei ouvindo vocês um tempo atras, ela queria fazer algo já que está afastada, então sugeri uma foto — receoso, ele confessou.

— Sasuke.

— Hum?

— Por que ela está afastada e não aqui, com você? — Madara parecia irônico, e outro conhecia aquele tom de voz, não era um bom sinal.

— Não sei, era para ela estar aqui.

— Não sabe onde ela está e por que afastaram ela?

— Não sei.

Ele estava sendo sincero, Madara começou a pensar em possibilidades e não queria cogitar a nova informação dita por Sasuke.

Não sabia ao certo quanto aquele jovem tinha ouvido das conversas, e se Chie estava na fotografia ao lado do Hokage, certamente Kakashi já tinha um conhecimento. Eles sabiam demais.

— Chame o Hokage, agora — exigiu o mais velho.

— Tem certeza? — Sasuke perguntou confuso.

— Agora! — gritou.

Sasuke obedeceu e chamou o Rokudaime.

O quanto você ouviu para contar a eles? — ele não queria fazer acusações precipitadas e romper o laço criado com aquele menino, mas desconfiava que o jovem estava realmente sendo usado para extrair informações desde o início.

— A visita acabou — disse Kakashi.

— Por que tem uma mulher na foto com vocês? — Madara perguntou seriamente.

— Achei que a conhecia — Kakashi respondeu normalmente.

— Por que acharia isso? — ele apertou o papel e o amassou.

— Sasuke saia daqui — ordenou o grisalho — Só me obedeça, não volte aqui.

Madara estava impaciente dentro da cela, atirou as fotos em um canto e chutou a porta.

— Ibiki, está aqui com você?

— Não, ele está ocupado com uma coisa.

— E essa coisa por acaso é a mulher da foto?

— Então você afirma conhecer ela?

— O que você sabe? O que ele te contou? — ele parecia irritado e fora de si.

— Ninguém vai machucar ninguém, Sasuke comentou que você e ela conversavam.

— Então por que ela não está aqui? Porque o Ibiki está com ela?

Kakashi chamou um Anbu que estava na sala de câmeras e ordenou que entrasse em contato com o senhor Morino.

— Pode falar diretamente com ele se quiser — o Hokage disse e saiu de perto da cela, deixando um Uchiha enfurecido.

Seu maior desejo naquele momento era matar todos ali, não só pela mulher mascarada, mas por se sentir traído. Sasuke não teria falado só por falar, Kakashi estava investigando.

Madara não tinha nenhum sentimento em relação a Chie, seu desespero em questão era que aquela pobre mulher foi apenas gentil com ele e lhe fazia companhia nas noites de insônia.

Não era justo ela ter sido pega, investigada e possivelmente torturada por Konoha devido a uma aproximação com Madara.

Conseguiram contato com Ibiki, o lugar onde ele estava fazia eco. Deveria ser uma sala vazia, nos fundos era possível ouvir uns grunhidos.

— O que querem? — perguntou o ninja careca.

— O Rokudaime solicitou uma chamada — o ninja mascarado passou a informação.

— Certo, coloquem ele na linha.

— Ibiki, o que descobriu? — Kakashi foi para a sala de controle e fechou a porta para que ninguém ouvisse, enquanto Madara socava a porta e ameaçava o Hokage e todas as pessoas de Konoha — Ele descobriu, estava na cara com uma foto daquelas.

— Ela não sabe nada sobre ele, a mente dela estava vazia — respondeu — Ino está me ajudando, e achamos que deve ser alguma técnica de Chie. Não existe nada relacionado ao Madara na cabeça dela. Não existe nada, nenhuma informação sobre qualquer coisa na cabeça dela.

— Então liberem ela, e fiquem de olho — ordenou — Diz pra ele que ela está segura — disse e levou o rádio transmissor até a porta da cela, abriu o compartimento e entregou ao Uchiha.

Madara não pegou e o aparelho caiu no chão.

— Onde ela está? — perguntou rangendo os dentes.

— Ela está bem e segura, quando acordar vai pra casa.

— ... — Madara não disse mais nada, não queria entregar qualquer informação que tivesse sobre aquela mulher, apenas atirou o rádio na porta e o destruiu.

Enquanto isso, na sala de interrogatório onde Ino e Ibiki estavam, a jovem loira parecia tensa.

— É seu trabalho, não precisa ter compaixão — Morino disse friamente.

Ino retirou Chie de uma maca com a ajuda de outros ninjas e a colocou sentada em uma cadeira, amarrou as mãos dela nos braços do acento. Estava horrorizada pelo trabalho feito por seu chefe, as unhas da jovem kunoichi tinham sido arrancadas, o rosto estava machucado e com graves hematomas, certamente fizeram isso na intenção de faze-la contar algo através da dor.

Não funcionou, então tentaram invadir a mente dela usando a telepatia do clã Yamanaka e as habilidades perversas de Ibiki.

Falharam também, o que deixou aqueles shinobis ainda mais intrigados.

— Desculpa por isso, não sabia que iriam fazer isso com você — Ino sussurrou para a mulher enquanto amarrava ela — Falou com ele?

— Ele deve ter quebrado o aparelho — respondeu — Vamos esperar ela acordar, pode fazer isso?

— Fazer o que?

— Conversar com ela, o meu jeito não funcionou e tenho certeza de que ela esconde algo.

— Não sei fazer isso, se batendo nela não fez abrir a boca, comigo não vai funcionar — protestou, ela sentia medo. Afinal nunca se sabe quando será chamado para interrogar alguém suspeito — Porque ela está aqui, em Konoha? Como veio parar aqui? E para ficar perto daquele cara?

— Estávamos precisando de vigias, então Tsunade foi até o castelo Hozuki informar. Essa mulher se candidatou, foi a única que quis o trabalho. No entanto, a curiosidade dela em relação ao Madara deixou muita gente intrigada, então a própria Tsunade começou investigar ela. Ela não encontrou nada, mas de acordo com o Sasuke, essa mulher soube se aproximar do Madara. É realmente admirável a possível relação entre eles, ela é de outro país e carcereira, o que ela tem de especial para fazer aquele homem ouvia-la por noites.

— Vai ver ela é só uma pessoa solitária, que está fazendo o serviço e as vezes conversa com detentos, é o trabalho dela e isso deve ser chato. Não significa que ela possua segredos sobre ele, todo mundo sabe quem ele é.

— Você é sempre tão ingênua assim?

— É só uma possibilidade — ela dizia limpando o sangue do rosto de Chie — Vai ver carcereiros em Konoha recebem um salário mais digno do que em Hozuki, por isso a empolgação — bufou — Vocês complicam as coisas. Vai ver é por isso que ele está irritado, ela é só uma pessoa que fez seu trabalho.

— Ino, carcereiros e vigias são proibidos de falar com detentos, acha que com Madara seria diferente? Não é tédio — ele se aproximou e tomou o lenço manchado da mão da menina — Não condiz com o que o Sasuke disse.

— E o que ele disse, eu trabalho aqui então acho que deveria saber o que acontece para eu fazer meu trabalho.

— Madara tem planos e essa mulher está apoiando, e começou ganhando a confiança dele.

— Ela não ganharia nada apoiando ele em algo, tipo uma fuga — revirou os olhos — Porque não coloca ela para vigia-lo para nós, extrair informação.

— Não é assim que funciona.

Obviamente as coisas não eram tão fáceis. A situação de Chie estava bem complicada e provavelmente quando acordasse, ela seria detida em Konoha e depois deportada para o país da grama. E Madara continuaria isolado. Tsunade voltaria de sua viagem e passaria o tempo vigiando aquele Uchiha.

E o jovem Sasuke, por ter contribuído com informações tão valiosas, conseguiu sua meia liberdade. Como dito anteriormente, ele anda fazendo trabalhos voluntários e se tudo desse certo, poderia ser um homem livre em breve. Mas é claro que isso dependeria muito do conselho para aprovar.

Acredito que neste momento Sasuke deve estar se perguntando se este é o preço para sua liberdade, trair sua única família, ou melhor, a única pessoa que compartilha do mesmo sangue que ele.

Chapter 8: Reunião

Chapter Text

Fazia alguns dias que Tsunade tinha retornado de sua viagem, e já estava descobrindo os problemas que andaram acontecendo em Konoha neste um ano que passou.

— Não acho certo deixá-lo livre, pode ser que ele tenha mudado, mas é porque ele ainda está na vila sendo vigiado, dia e noite. Ele sabe que está sendo monitorado? — disse a Godaime inconformada.

Kakashi cedeu a cadeira do escritório para a mulher, estavam a sós na sala principal do edifício.

— Ele deve ter percebido. O Sasuke me fez um pedido, e eu achei válido considerar — respondeu o Rokudaime sem expressão alguma.

Tsunade achava Kakashi ingênuo demais por achar que Sasuke estava arrependido.

— Que pedido? — perguntou, com a mão em sua têmpora, indicando estar saturada daquele assunto.

— Ele ajudou o mundo shinobi durante a guerra, durante o tempo em que esteve preso, ele se comportou e agora ele continua demonstrando que mudou e que está arrependido das coisas que fez — afirmou — Tem muita coisa que não sabemos sobre Kaguya e o clã Otsutsuki, e Sasuke tem habilidades que podem ser úteis na investigação — concluiu.

— Isso eu sei, mas eu não confio nele. E os outros Kages? Eles concordam com isso? — Tsunade tentava encontrar formas de não apoiar aquilo.

Se todos concordassem, ela cederia, mas essa não era uma decisão de Konoha e sim de todos os líderes das nações.

— Eu os convoquei para uma reunião — dizia ele com sua face séria — Tem outra coisa que pode ajudar o Sasuke a sair da perpétua — comentou e a Godaime o olhou em dúvida — O depoimento do Naruto. 

— O Naruto é um herói, o depoimento dele é válido, e não tenho dúvidas sobre ele ser a favor da liberdade do Uchiha — disse a loira — Se é pelo bem de Konoha e do mundo shinobi, não vou atrapalhar você — disse descrente.

— Tem outra coisa, e acho que essa é a mais importante de todas.

— Ora vamos lá, chega de suspense e diz logo o que é — ralhou impaciente.

— Coloquei o Sasuke na mesma prisão que o Madara, e ele ouviu conversas com aquela Kunoichi da Grama, eu disse que se ele me contasse isso ajudaria a diminuir a pena dele.

— Muito esperto e ingênuo da sua parte. E aí?

— E aí que ela foi interrogada, não descobrimos nada e mandamos um aviso para o Madara e certamente ele percebeu tudo — após ouvir as afirmações de Kakashi, Tsunade bufou desanimada.

— Vai fazer o que agora? — se levantou bruscamente — Não sabem nada dela — ela andava de um lado para outro sem parar — Como ele reagiu?

— Muito mal, se ele derrubasse aquela porta, não ficaria nenhum pouco surpreso.

— Quando isso começou?

— Não sei ao certo, mas o Shikamaru está no meio disso.

— O SHIKAMARU? — ela parou de andar e olhou o Rokudaime incrédula.

Kakashi contou sobre todos os eventos que aconteceram na ausência da Godaime, os olhos dela estavam tão arregalados que poderiam saltar para fora.

— Vai afastar o Shikamaru do caso? — estava irritada — Vocês irritaram ele e usaram o Sasuke para isso, não que eu esteja preocupada com aquele pirralho, eu só espero que aquele homem nunca saia daquele buraco, mal nos recuperamos da guerra, seria um problema gigantesco se aquele cara sair de lá e inventar de fazer justiça por causa de uma mulher que não sabe de nada.

— Ela sabe, só está escondendo bem as informações, Sasuke afirmou algumas vezes ter ouvido conversas e o que eles falavam, nas memórias dela não tem informações sobre a vida dela, então ela sabe de algo.

— Se Madara fez dela uma aliada, temos um problema. Ele deve ter visto potencial nela, Ahn — gemeu em voz alta como se estivesse cansada — Eu vou me arrepender de dizer isto. Mantenha ela a salvo, não deixe o Ibiki machuca-la ainda mais, vai ser problemático.

— Deixaremos ela onde? Depois do que aconteceu, pode ser que ela tente fugir.

— Tenho uma ideia, é extremamente arriscado, mas é a única forma de mantê-la em Konoha e perto dele.

— Quer deixar a Chie e o Madara próximos?

— Se forem vigiados corretamente, podemos extrair informações, e sei onde podem ficar.

— Certo, vamos tentar a sua ideia, e afastar o Shikamaru — cansado daquele assunto — Vai fazer alguma coisa essa tarde? — perguntou.

— Preciso ir até o laboratório para ver como estão indo as próteses, levarei os materiais que trouxe e preciso examinar o Naruto — respondeu desanimada.

— Entendo — disse pensativo com a mão no queixo — E sobre o Guy?

— O osso dele foi destruído — ela fez uma pausa e depois prosseguiu — É diferente do caso do Naruto, não é uma prótese inteira para pôr no lugar do membro perdido, é o osso dele. Poderíamos refazer o osso com algum tipo de material para substituir o estrago ou amputar a perna dele, mas, não sei qual a probabilidade de isso dar certo, ele poderia ter uma reação e prejudicar o fêmur — afirmou em preocupação.

— Nós poderíamos tentar… — ele disse esperançoso.

— Eu adoraria, mas não é só isso — ela estava relutante em prosseguir — Ele realmente perdeu o movimento das pernas — disse entristecida — Com prótese ou não, ele não pode voltar a andar. Talvez você não entenda agora, mas como ninja médica, é doloroso saber que um paciente não poderá ter a vida de antes, mesmo depois de tanto esforço. Também não posso prometer nada agora, você entende, Kakashi? — ele apenas acenou em concordância.

Tsunade não gostava de dizer aquilo, mas o shinobi verde já tinha aceitado sua nova condição e ele não via problemas nisso, para ele a juventude não poderia morrer, mesmo que suas pernas não funcionassem.

A reunião com os cinco grande Kages aconteceu e foi bem turbulenta, isso porque o Raikage é um homem de pavio curto. Só de ouvir o nome Uchiha, ele se tremia todo como um cão raivoso.

Sasuke foi liberado, o discurso de Naruto contribuiu muito, o Kazekage também o prestigiou com algumas palavras e Kakashi o atual Hokage, comentou sobre seu plano de espionagem e como o jovem Uchiha foi extremamente útil. É claro que Naruto não estava na sala neste momento, até porque contaria ao amigo assim que o encontrasse.

Tsunade expôs seu novo plano relacionado ao Uchiha que ainda estava preso, uma ideia absurda.

— Quer mesmo deixar aquele cara em uma prisão comum? Com outros detentos? — Onoki certamente não concordaria com aquilo.

— Mesmo com o chakra dele selado e você sabendo tudo o que acontece com ele, não é seguro — Gaara se manteve firme em suas palavras.

— É mais fácil para observar os movimentos dele, deixa-lo mais à vontade, lá em baixo é abafado e tenho afazeres na vila, pretendo reforçar a segurança do presidio, ou apenas deixar ele na solitária de lá.

— Então o ideal seria envia-lo até Hozuki — Sugeriu a Mizukage.

— Não, ainda não — Tsunade negou — É muito longe, o mandarei para lá quando ele não for mais útil aqui, enquanto isso quero ficar de olho nele e na prisão é mais fácil de fazer isso.

— É mais fácil para ele fugir e matar todas as pessoas que estão lá — Terumi rebateu.

— Eu tenho uma carta na manga, então ele vai se comportar — ela sorriu convencida — Isso eu garanto.

Todos negaram, nem mesmo Kakashi estava a fim de colaborar com uma ideia tão perigosa.

— Estou lidando com aquele velho desde o início, de qualquer forma não preciso da aprovação de vocês, só queria que soubessem — afirmou descrente de todos.

...

Após a reunião, Temari que estava acompanhando seu irmão mais novo, resolveu dar uma escapada e observar a vila a sós. Não era sempre que ela estava em Konoha, então a menina aproveitou para visitar algumas lojas. 

A vila da folha tinha algumas atrações e curiosidades que Suna não tinha. Algo que Konoha tinha de bonito, eram os campos verdes, e agora com a primavera, tudo estava tão lindo e "romântico". 

Ela nunca foi o tipo de mulher romântica e apaixonada, mas um encontro entre as cerejeiras no campo, seria ótimo.

A irmã do Kazekage andava por uma estradinha de terra, cercada por árvores floridas, quando avistou uma árvore de cerejeira no alto de uma colina. Ficava um pouco distante da vila, e o movimento de veículos de cargas de mercadorias era baixo por ali.

Um ótimo lugar para relaxar — Pensou a loira.

Não era surpresa para ela ter encontrado um conhecido ali, um jovem deitado no chão descansando. 

Shikamaru pensava consigo o que faria caso alguém descobrisse o que ele aprontava.

— Seria ótimo se uma nuvem entrasse na frente do sol — sussurrou ele com o braço sob o rosto — Acho que me ouviram, o sol sumiu.

Temari debruçou-se no chão, e apoiou o rosto em suas mãos, ela observava o rosto de Shikamaru.

Ele continua preguiçoso como sempre — mentalizou com um sorriso — Fala sozinho agora? — disse rindo.

A voz forte da mulher despertou o jovem que estava com os olhos fechados. Nara conhecia muito bem aquela voz, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios.

— Temari? — disse ele assustado.

— O que foi? Parece que nunca me viu — respondeu embaraçada — Não precisa me olhar assim — disse com rosto corado.

— Desculpa perguntar, mas o que faz aqui? — perguntou se sentindo confuso.

— Hum? Você não soube sobre a reunião de kages? — ela arqueou a sobrancelha — Remarcaram a audiência do Sasuke. 

— Para quando? — ainda confuso, Temari soltou um riso de deboche.

— Você é burro? — ele a encarou incrédulo — Hoje foi a audiência, aconteceu de manhã. Fomos notificados há uns dias — ela respondeu.

— Já sabe qual será o veredito?

— Não. E não me importo muito com isso. Só vim acompanhar o Gaara — sorriu.

Os dois se sentaram ao lado da grande árvore e observaram o céu azul com algumas nuvens brancas. Eles não sabiam o que dizer, os dois se sentiam nervosos quando estavam juntos. 

Nara não sabia exatamente que sentimentos nutria pela loira, ele sabia que seu coração acelerava com a presença dela, mas de alguma forma, ele confiava nela.

Após a morte do pai, ele não tinha mais ninguém para conversar sobre seus problemas. 

Mesmo sendo um pouco distante de Shikaku, seu velho pai era seu porto seguro. Ele não queria confiar na menina só para falar de conflitos pessoais. 

Mas era como se ela acalmasse a maré de problemas em sua vida. Há alguns meses ele vinha se sentindo incomodado, culpado e preocupado com o que estava fazendo. 

— Shikamaru. Você está bem? — ela perguntou, deixando ele surpreso.

— O que? Estou sim — respondeu vagamente.

— Você parece tenso. Algo te incomoda? — ela parecia saber de alguma coisa. Talvez fosse só impressão.

— Não — ele gaguejou — Na verdade estou com alguns problemas, mas nada que você possa ajudar — isso não a convenceu, ele estava nervoso.

— E por que não? — ela o encarou estreitando os olhos em desconfiança.

— Não é assunto de mu… — ele foi interrompido com um tapa.

— Até mesmo quando estava passando por sérios problemas, ele continuava com aquele machismo idiota — pensou enquanto o encarava — Não vou perder meu tempo com um babaca machista — bufou irritada.

Temari se levantou completamente furiosa, seu rosto estava queimando depois de ter quase ouvido aquela frase completa.

Estou disposta a ouvir suas dores, e ajudar, pois sei que tem algo acontecendo, e ele diz que não é "assunto de mulher". Ah, por favor, ele nunca muda, continua o mesmo machista idiota de sempre — ela continuava com seus pensamentos.

Quando começou a dar passos largos em direção ao pé da colina, ela apenas sentiu seu braço ser puxado por Shikamaru.

Um abraço? — pensou.

Um gesto inesperado, mas de certa forma intencional. Um abraço apertado e confortável, ele escondia seu rosto na curva do pescoço de Temari. 

Ela ficou sem reação, não esperava por aquilo.

— Shikamaru? — ela nunca pronunciou o nome dele tão devagar como fez agora.

Ela apenas retribuiu o gesto, levando suas mãos até as costas do shinobi, envolveu seus braços nele, e permitiu que ele desabasse suas dores e emoções sobre seu ombro. 

A maior prova de confiança para com ela. 

— Shikamaru. Pode confiar em mim, se quiser que eu mantenha isso em segredo, eu respeito… — dizia ela acariciando as costas dele com a ponta dos dedos.

— Eu confio em você. Mas… — ele não queria que ela conhecesse esse seu lado.

— Mas? — ela o afastou de seu corpo e encarou os olhos entristecidos dele. Shikamaru se sentou no chão.

Tantas coisas aconteceram após o fim da quarta guerra que ele parecia perdido. 

Nara respirou fundo, reformulando suas palavras. Temari o olhava serena, não estava ali para fazer julgamentos. Ela não o interrompeu em momento algum, apenas ouvia a história.

Temari encarava o chão para não mostrar sua cara de decepção, ela nunca imaginou que Shikamaru fosse capaz de tanto. 

— Eu não sei o que dizer — ela ainda encarava o chão.

— Você não precisa. Eu precisava falar sobre isso — ele ainda suspirava — Eu queria matá-lo — confessou — Mas ao mesmo tempo, queria ver ele apodrecer, seja lá onde ele esteja preso — disse entredentes.

— Sabe o que iria acontecer com você, se matasse ele? — perguntou completamente incrédula.

— Eu não ligo — rebateu indiferente.

Naquele instante Temari pensava diversas coisas, as pessoas mudam com o tempo, mas ela esperava que fosse para melhor. 

Shikamaru estava se afundando em um oceano de ódio e vingança. 

Ela se sentia mal porque não sabia o que fazer, queria ajudar, dar um conselho, qualquer coisa para ele esquecer essa loucura de vingança. 

Não liga? — pensou fechando os punhos — Não liga? — novamente, mas dessa vez rangendo seus dentes com toda força que podia — Como você não liga? — Temari gritou, expondo sua dor — Eu estava em Suna, pensando na sua dor e no seu luto. Pensava em como a senhora Yoshino se sentia desamparada com a morte do seu pai. E você diz que não liga? — ela agarrou o colete dele para lhe desferir um soco.

— Temari… — foi interrompido pelo golpe.

— Você será caçado e morto — bravejou — Você conhece muito bem as leis do país do fogo. Até mesmo o Hokage seria executado por desobedecer a uma lei — ela continuava batendo nele — Você só tinha que fazer uma coisa. Uma coisa Shikamaru — por um instante ela parou e o encarou — Ficar de olho nele — gritou — Isso é abuso de poder. 

— Eu já disse que… — tentou responder, mas era sempre interrompido.

— Não pensou na sua mãe? O marido morto como um herói na guerra. E o filho morto por ter se aproveitado da confiança do Hokage. Pense nas pessoas que te amam. Nos seus amigos, esquece esse cara! — Temari o advertia aos gritos.

— Eu não consigo — Shikamaru não pensava mais em nada.

— Já faz um ano — ela disse em tom de preocupação — Acha que ele não planeja nada? Acha que ele não sabe sobre você? Sua família? Você se esqueceu quem ele é? — advertiu ela.

— Temari, por favor… — resmungou, segurando o punho dela.

— Eu vou refrescar sua memória então. Madara Uchiha, Shikamaru — vociferou — Eu não nasci no país do fogo, mas sei que ele foi o maior inimigo do primeiro Hokage. E só ele poderia deter esse Madara, eu estive diante dele no deserto. Eu sei do que estou falando, porque eu vi do que ele é capaz — ela estava desesperada — E você brincando com isso como se não fosse nada. Você ficou louco? Esse cara pode te matar só com um olhar. Ele estava à frente daquela guerra, você esqueceu?

Onde eu estava com a cabeça? — pensou. Aquilo foi um choque de realidade.

— Shikamaru, pare com isso enquanto a tempo. É um poço sem fundo, quando descobrirem, será sua ruína e a do clã Nara — afirmou preocupada — Não era isso que Shikaku iria querer para o filho dele. 

Shikaku… 

O nome do seu pai pesou tanto, que parecia que o mundo cairia sobre seus ombros naquele momento. 

Em algum lugar no céu, com certeza Shikaku estaria decepcionado com seu único filho. Ao lado dele, certamente estariam Neji e Inoichi, eles também ficariam insatisfeitos com suas ações. 

Shikamaru sentia que estava morrendo internamente, a cada dia que passava a vida parecia não fazer sentido, o brilho de seus olhos se apagava, as coisas já não eram mais as mesmas desde a perda de seu querido pai.

— Temari… obrigado. — agradeceu sorrindo para a jovem.

— Pelo que?

— Pelas palavras. Eu vou pensar no que você disse — sussurrou ele.

Temari não sentia firmeza nas palavras de Shikamaru, ele estava cego o suficiente para ignorar toda a conversa que teve com ela. 

Ela o deixou na colina e voltou para o centro da vila com seu coração pesado em tristeza. Shikamaru, por sua vez, guardou as palavras da princesa dos ventos em sua memória e em seu coração.

Para se livrar da culpa e do gosto amargo da vingança e do ódio, ele decidiu conversar com o túmulo do pai e confessar todas as suas dores. 

Ele não queria dar mais motivos para Temari chorar ou se enfurecer, não queria que sua mãe sentisse vergonha do filho. 

Suas mãos já estavam sujas, mas o que a jovem princesa disse martelava em sua cabeça.

Pare enquanto há tempo". 

— Me desculpe por decepcioná-la, Temari… — disse baixo — Isso é muito chato. — Sussurrou.

Chapter 9: Despedidas

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Acordar com a sensação de que não está vigiado por alguém, certamente era a melhor definição de liberdade para Sasuke Uchiha.

Semanas se passaram desde a confusão na prisão subterrânea e ele já sabia que era um homem livre, e só tinha dezenove anos.

Obviamente o rapaz sombrio e caladão gostaria de fazer uma visita a alguém antes de sua partida.

— Acho que não seria bom se você fosse até lá para falar com ele — Kakashi o alertou.

— Acho que eu devo desculpas a ele.

— Pelo que exatamente?

— Ele acha que eu o traí, mas eu só queria ajudar.

— São muitos achismos, não é? Não sinta culpa por isso, você fez o que achava que era certo, você também tinha desconfianças a respeito dele e daquela mulher, isso é normal.

— Mesmo assim, eu quero falar com ele.

Sasuke insistiu e disse que aquele seria o único desejo a fazer ao Hokage, não queria mais nada, somente ter uma palavrinha com o velhote enjaulado.

Eles desceram até a solitária, era estranho e ao mesmo tempo curioso ir até lá por vontade própria, já tinha feito antes, mas aquela sensação de embrulho no estomago era nova.

— Nunca imaginei que ficaria nervoso só de querer falar com ele — sussurrou enquanto esfregava a mão no casaco, estava suando.

— Está mesmo animado em querer vê-lo? — o comentário do grisalho ao lado soou divertido — Você parece uma criança fazendo isso.

— E se ele odiar, sabendo que estou aqui?

— O máximo que ele pode fazer é negar sua visita e não te responder, sabe que não podemos deixar você entrar.

— Eu sei, mas ele pode surtar como da outra vez.

— Aquilo foi um caso à parte e nem eu estava esperando por aquilo — Hatake sabia que existia um limite do que poderia falar — Você só está nervoso, as coisas podem ser bem mais simples do que se imagina, Madara não é um adolescente e não pensa como um.

— Ele é velho e pensa como velho, e reclama bastante.

Por alguma razão a ideia mirabolante de Kakashi em usar Sasuke para extrair informações de Madara tenha valido apena, no sentido de que o jovem rapaz realmente se acostumou com o coroa.

— Durante a guerra, ele ofereceu um tipo de salvação caso eu me aliasse a ele, como os últimos Uchihas sobreviventes, bom em partes, ele estava interessado em arrancar meu Sharingan por causa do padrão de Tomoes, eu recusei a oferta, ele era inimigo. Quando trouxemos ele para Konoha, eu fui o que mais o desprezou, eu queria muito que ele tivesse morrido ou que alguma coisa desse errado e ele simplesmente sumisse.

— Mas...

— Mas quando eu vim pra cá de repente, mesmo ele estando entediado e querendo contar as histórias dele, ele quis se aproximar, me chamava a todo momento e falava sozinho na esperança de que eu o respondesse. Somos muito parecidos, era como se eu estivesse conversando comigo mesmo no espelho.

— Então você se divertiu com o seu novo companheiro?

— É, me diverti. Eu não sou mais o último — ele sorriu minimamente.

Sasuke estava sereno, nunca esteve tão em paz como naquele momento, principalmente se tratando de seu clã. Ele nunca demonstraria ou diria em voz alta, mas seu coração estava alegre em saber que não estava mais sozinho.

Ele tinha amigos, um lar para voltar, pessoas em que pudesse confiar e o mais especial para ele naquele momento, existia mais um Uchiha no mundo. Talvez alguém que valesse a pena ser salvo.

Quando chegaram em frente a porta de Madara, Kakashi fez apenas um sinal para o jovem ir em frente, depois entrou na sala de vigia e fechou a porta.

Sasuke se sentou ao lado da porta de ferro e encostou a cabeça na parede, não disse nada, mas algo lhe dizia que Madara estaria sentado na mesma posição do outro lado.

— O que veio fazer aqui? — como em todas as vezes, o mais velho iniciava o diálogo.

Era tão simples dizer o que gostaria, passou pouco tem ali com o velho, e mais outro tempo afastado, e tinha receio de dizer o que estava preso em sua garganta.

— Se não quer nada, vá embora — disse com desprezo. Madara tinha percebido o plano de Kakashi e Ibiki, e tinha certeza de que Sasuke não sabia que estava sendo manipulado, até porque confiava no seu Hokage. Era a palavra do seu sensei contra a de um Nukenin, possivelmente ele não acreditaria no velho Uchiha.

— Eu vim me despedir de você — ele falou tão baixo que achou que o outro não ouviria — Eu vim...

— Eu ouvi o que você disse — eles ficaram em silencio por bastante tempo — Então adeus.

— Não vai dizer mais nada?

— Quer que eu diga o que? Vai contar ao seu Hokage as coisas que eu digo?

— Você é mais rancoroso do que eu imaginava.

— Eu realmente confiei em você, que merda — a última palavra, Madara falou baixo, não fazia parte de seu vocabulário, aprendeu ouvindo os Anbus reclamarem — Conseguiu sua liberdade, não vai colher nabo no sol. Ta fazendo o que aqui ainda, vai lá, pra sua liberdade conquistada com esmero.

— Me perdoa.

— Te perdoar? — Madara riu — Quer que eu te perdoe, Sasuke? No meu tempo as pessoas se humilhavam por perdão.

— Por favor, me perdoe — ele se virou de frente para a porta há alguns palmos de distância do compartimento móvel, se ajoelhou e baixou a cabeça até o chão, um gesto de reverência tradicional e formal.

Madara abriu o compartimento de passar insumos e viu o jovem Uchiha ajoelhado e curvado, com a testa colada no chão sujo.

— Que cena ridícula, sai daí — comentou observando a ousadia do mais novo — Você me traiu Sasuke, pensei que fossemos uma família, mas eu sabia que só um de nós seria poupado e liberto — ele passou o braço pelo espaço na tentativa de alcançar o menino — Eu não culpo você.

Sasuke levantou a cabeça e viu o que Madara tentava fazer, o choque de realidade e a realidade daquele homem trancado ali há quase dois anos lhe pegou desprevenido.

O braço do velho passava por aquele pequeno espaço de passar insumos.

— Vem aqui — Madara o chamou — Chegue mais perto, quero ver o seu rosto. Você cresceu Sasuke.

Algo lhe dizia para não fazer o que o outro pedia.

Sasuke apenas estendeu o braço e segurou a mão do velho, e recebeu um tapa.

— Eu quero ver você — ele recolheu o braço e voltou a encarar. Sasuke se aproximou.

— Não imaginava que você estaria assim — seu olhar indicava tristeza.

— Acho que não estou muito apresentável para uma despedida — ele não estava sendo amigável, só queria terminar aquilo logo.

O mal cheiro da cela e do Uchiha começaram a passar pelo buraco, o jovem ainda estava em choque com a atual condição de Madara. Ele estava tão magro que certamente estava desnutrido, o corpo estava todo marcado com novas cicatrizes, o único “banho” que tomou, foi com a mangueira de incêndio e fazia meses desde este acontecimento, o lugar era fechado e abafado, tinha pouco espaço. Estava abandonado ali, até animais de rua eram tratados melhores. Aquele não era o mesmo Madara de uma guerra passada.

— O que foi pirralho? O que esperava encontrar? Um homem confiante de armadura, alguém forte e impossível de derrubar, sem fraquezas? — não importava o que ele dissesse, não transmitia confiança e a imponência daquele homem — A sua mão é maior que a minha... — o último comentário de Madara soou como um sopro.

Ele se sentou e fechou os olhos. Suas roupas estavam tão danificadas que não o aqueciam no frio, os cobertores pareciam trapos, só não passava mais frio e perrengue do que quem morava na rua. A verdade é que aquele lugar parecia mais um cativeiro do que uma solitária. E dado as condições de Madara naquele lugar, cedo ou tarde, ele pereceria de desnutrição.

— Acho que é porque agora, eu sou mais alto que você — negativo, Sasuke pôde sentir os ossos da mão do velhote.

— Pode ser, eu não sou muito alto mesmo — Madara forçou um riso, sabia que se Sasuke o visse naquele estado, ele certamente ficaria mal.

— Espero que as coisas melhorem pra você, e talvez um dia, a gente possa se encontrar por aí — Foi a última coisa que disse antes de sair.

Sasuke se afastou das portas e colocou a mão sobre a boca. Não saberia explicar o que lhe chocava mais.

A existência daquele homem, tudo o que ele fez. As pessoas temiam o nome dele, e agora estava apodrecendo. Era inacreditável ver que o temido fantasma dos Uchihas, estava ruindo.

Ou perceber o laço que foi criado em tão pouco tempo, também estava se rompendo.

— Nem parecia que era ele — sussurrou — Ele, desistiu?

Kakashi foi notificado sobre o fim da visita e acompanhou o jovem Uchiha até a superfície, pela expressão do mais novo Kakashi evitou fazer perguntas, nem mesmo ele saberia dizer quais eram a condições de Madara.

Sasuke rumou a sua redenção, sentia-se um homem verdadeiramente livre e de fato esperava reencontrar Madara, só que desta vez, do lado fora de uma cela.

Notes:

Hello pessoas que acompanham essa fanfic.

Aqui encerra o fim da primeira temporada.
Espero que tenham gostado do que leram até aqui e espero vocês nos próximos capitulos (:

Chapter 10: AVISOS - Retorno

Chapter Text

Bom dia, boa tarde e boa noite

 

Oi pessoal, como estão?

 

Bom, aqui tenho poucos leitores, mas ainda são leitores.

 

Gostaria de me desculpar pelo atraso, e falta de atualizações, queria dizer que estou reescrevendo UNC, se notarem, os capítulos foram reduzidos (apaguei os outros), eu comentei na ultima nota que estava planejando outras coisas para esta história, e é verdade.

Acredito que o desenvolvimento estava lento demais e estava tornando tedioso, para mim e para você leitor. 

Nessa reforma, adicionei alguns elementos e reduzi outros, estou apenas focando no principal, que é o Madara.

Vida de preso não é facil.

Estou perto de finalizar a segunda temporada, e assim que concluir, postarei todos os capítulos.

Então se quiser, pode dar uma olhada nos capítulos que estão prontos, acho que relembrar da história possa ser interessante para o que virá pela frente.

Aproveite a leitura e até a próxima (: