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Toque Proibido: Uma Coletânea Íntima de AxlIzzy

Summary:

Uma coletânea de one-shots onde a paixão entre Axl Rose e Izzy Stradlin é a única constante em universos diferentes. Do estúdio sujo à estrada solitária, da oficina à fama, o desejo sempre encontra um caminho – crú, proibido e incontrolável.

Notes:

Aviso:Esta história é uma ficção e não tem a intenção de ofender nenhum dos membros da banda Guns N' Roses

✨ Oi, gente! Tudo bem com vocês? ✨

Trago uma novidade super especial: nossa fanfic agora virou uma COLETÂNEA! 💫

Isso significa que cada capítulo é uma historinha independente e completa sobre Axl e Izzy! 😊

🎵 Capítulo 1: "Fita Demo Proibida" (Já postado!) foi EXPANDIDO e ATUALIZADO!

🚌🌴 Capítulo 2: " Verdade ou Desafio no Inferno Verde"

🔧 Capítulo 3: "O Mecânico e o Rockstar"

Agora você pode ler na ordem que quiser! 💖

Espero que curtam muito essa nova fase!
Amo escrever para vocês! 🥰💙💙💙

 

Beijos e até logo! 😘

Chapter 1: Gemidos e Notas Altas

Summary:

A noite em que a tensão sexual no estúdio criou não apenas um hino do rock, mas um segredo que poderia destruir tudo.

Notes:

Oi pessoal! 💖

Este é o capítulo que deu origem a tudo! A clássica e proibida "Fita Demo", agora expandida e mais quente que nunca!

Avisos/Tags do capítulo:
Estúdio de Gravação Making of Rocket Queen Gravação Secreta Posse Ciúmes Sexo Explícito Segredos e Mentiras

Atenção: cenas intensas de poder e submissão pela arte! 🎤🔥

PS: Quem já leu antes vai encontrar +5.000 palavras NOVAS de pura tensão!

Comentem qual foi a cena que mais pegou fogo! 😉

Chapter Text

Los Angeles, Estúdio de Gravação – Madrugada de 1988

A sala de controle fedia a café velho, nicotina e a um inconfundível cheiro agridoce de Jack Daniel's. Eram quatro da manhã, e a escuridão do lado de fora parecia ter invadido o estúdio, deixando apenas as luzes vermelhas e amarelas dos consoles acesas, criando um cenário claustrofóbico e íntimo.

Oficialmente, o resto da banda – Duff, Slash e Steven – haviam desistido há horas, arrastados pela exaustão. Mas a sessão não terminara, pois para Axl Rose e Izzy Stradlin, o trabalho raramente parava, especialmente quando havia uma melodia incompleta ou uma garrafa de uísque.

Axl estava sentado na grande cadeira de couro em frente à mesa de mixagem Neve, com os dedos nervosamente tamborilando sobre os faders. Ele usava uma regata branca, e o suor da garganta na qual ele berrava as melodias estava quase seco.

Izzy, mais contido, estava do outro lado do vidro na sala de gravação principal. Ele tinha tirado a camisa pesada de flanela, deixando à mostra um torso magro e nervoso. Seus olhos estavam semicerrados, focados na harmonia que ele dedilhava repetidamente em sua Les Paul Sunburst, sem amplificador, apenas o som da madeira oca. Ele era o contraste perfeito de Axl: calmo onde Axl era fogo, silêncio onde Axl era grito.

"De novo, Stradlin," Axl sibilou pelo microfone de talkback, a voz rouca. "O groove está morrendo na ponte. Precisa daquele veneno. O seu veneno."

Izzy soltou um bufo, mas obedeceu. Ele amava odiar a obsessão implacável de Axl por aquela perfeição. A música era um rascunho de algo pesado e sinuoso – o que mais tarde se tornaria "Rocket Queen".

Ele reiniciou o riff. Os dedos longos e finos de Izzy deslizavam pelo braço, a melodia carregada de uma melancolia suja, a cara de Izzy debaixo do cabelo longo.

Axl fechou os olhos. Ele não precisava ver a notação musical; ele precisava sentir. Ele se inclinou para frente no console, quase em transe.

"Sim. Isso," ele murmurou. "Agora adicione a distorção. Me dê o desespero."

Izzy pegou a garrafa de Jack Daniel's deixada no chão da sala de instrumentos, tomou um gole longo, e a colocou de volta. Ele chutou o pedal.

A sala de controle foi instantaneamente inundada pelo som da Les Paul rugindo. O riff de Izzy não era agressivo como o de Slash; era mais calculista, mais sedutor, como um convite perigoso.

Axl se levantou, incapaz de ficar parado. Ele abriu a porta da sala de controle e se encostou no batente, observando Izzy.

"Mais! Deixe-o sangrar, Izzy!"

Izzy parou abruptamente. Ele largou o violão, que pendurou no corpo pelo strap. Ele estava cansado de obedecer.

"Eu te dei o que você pediu. Trinta vezes," Izzy disse, e mesmo que o talkback estivesse desligado, a voz dele ecoou na sala de gravação, clara e cansada.

Axl pegou o copo de uísque e deu um gole, o gelo estalando. "Você pode fazer melhor. Você sempre pode fazer melhor. É por isso que você está aqui, e os outros não. Porque você sabe disso."

"Eu não estou aqui," Izzy respondeu, tirando os headphones. "Eu nem sei se sou aqui. Eu só estou... tocando."

Axl empurrou a porta de vidro para se juntar a Izzy na sala de gravação. O ar aqui era mais frio, saturado de pó e poeira do carpete velho.

"Você sabe que a banda é a nossa desculpa, Izzy," Axl disse, caminhando lentamente em torno dos equipamentos. "É o nosso disfarce para fazer esse tipo de coisa. Ficar acordado, fedendo, fazendo a única coisa que tem algum sentido. Criar."

Ele parou bem na frente de Izzy. A proximidade era imediata, a bolha de segurança de Izzy invadida.

"Eu sinto a música. Ela está crua. Mas eu preciso que você me mostre o que está na sua cabeça. Não o que está na sua mão. O que você sente quando toca isso?" Axl estendeu a mão, e em vez de tocar a Les Paul, ele tocou o peito de Izzy, logo acima do coração.

Izzy o empurrou para longe, mas não com força o suficiente. Era mais um aviso do que uma rejeição. "É um groove, Axl. Não é uma poesia existencial. É uma batida."

"Não minta," Axl retrucou, o tom dele aumentando, mas não em raiva, e sim em uma intensidade perigosa. "Você só toca assim para mim. Para os outros, você se esconde. Você me dá a sua alma. Eu sei."

Izzy pegou a garrafa de Jack, mas Axl a tomou dele. "Chega de bebida. Você precisa estar limpo para isso."

Axl colocou a garrafa no chão, longe do alcance de ambos. O silêncio tomou conta do estúdio. Agora, o único som era a respiração de Axl, irregular e pesada.

Izzy olhou para as luzes vermelhas que piscavam no display de gravação na sala de controle. "Eu tenho uma ideia," ele finalmente disse, ignorando a invasão de Axl. "O segundo verso. A batida no violão precisa ser mais rápida, mais urgência."

"Mostre," Axl exigiu.

Izzy não tinha amplificador ou cabos, e o estúdio era grande demais. Ele hesitou. "Eu não consigo. Você não vai ouvir a nuance da mão."

Axl, com uma decisão repentina, pegou a cadeira de rodinhas do piano e a arrastou para a frente da mesa de mixagem. Ele se sentou e bateu na perna, impaciente.

"Eu não vou sair daqui. Eu sou o ouvinte. Venha. Me mostre no violão."

Izzy hesitou por mais um momento. O convite era direto e inocente do ponto de vista musical. Mas ele sentia o calor de Axl, a maneira como os olhos dele brilhavam no escuro, o perigo que ele representava.

Ele finalmente cedeu. Izzy pegou o violão. Em vez de ficar em pé, ele caminhou até Axl.

A sala de controle era pequena, e a única maneira de Axl ouvir de perto, e para Izzy mostrar o ritmo, era se aproximar.
Izzy parou atrás da cadeira de Axl. Ele inclinou o corpo para trás, apoiando as costas na parede do estúdio, mas isso ainda não era suficiente.

"Não consigo ver," Axl reclamou. "Eu preciso ver seus dedos."

Izzy soltou um suspiro, cheio de exasperação. Ele olhou para a porta de saída, para a escuridão. Não havia escapatória.

Ele deu um passo à frente, montando na cadeira de Axl. Izzy não estava sentado no colo de Axl, ele estava mais para a lateral, equilibrando-se nos apoios de braço da cadeira de couro, com o quadril apoiado na lateral da coxa de Axl, e o violão acústico pressionado contra o peito de Axl.

Agora, eles estavam em perfeita proximidade. Axl podia ver as mãos de Izzy e sentir o calor do seu corpo magro através do tecido fino da calça jeans. A respiração de Izzy roçava a orelha de Axl enquanto ele se inclinava para mostrar a batida.

Izzy começou a tocar. Seus dedos eram rápidos e precisos, o novo ritmo entrando no ar.

Axl não ouvia a música. Ele sentia o tremor do violão contra seu peito, o cheiro de tabaco e a pele quente de Izzy.

"Não," Axl sussurrou, a voz profunda e rouca, as mãos pousando firmemente na cintura de Izzy, como se estivesse segurando-o para garantir a estabilidade da cadeira. "O ritmo está certo. Mas não pare. Me mostre a intensidade, Izzy."

Os olhos de Axl se fecharam novamente. Ele estava pressionando os quadris para perto, e o toque das mãos na cintura de Izzy não era mais de suporte, mas de posse.

Izzy parou de tocar. O violão caiu em seu colo.

"Axl," Izzy disse, a voz quase inaudível, mas cheia de aviso.

Axl abriu os olhos, com a visão perigosamente focada.

"Ninguém está aqui. Só você e eu. Você sabe disso."

Axl moveu uma das mãos de forma lenta e deliberada, apertando a cintura de Izzy e puxando seu quadril ainda mais para perto. Ele inclinou a cabeça para trás, olhando para o rosto de Izzy.

"O que você quer, Axl?"

"Você sabe o que eu quero. É o mesmo que você quer," Axl respondeu, a voz perigosamente baixa. Ele moveu a mão, deslizando-a de baixo da regata branca de Izzy, a pele fria encontrando a pele quente.

Izzy se inclinou, jogando o violão desajeitadamente para o lado, onde ele bateu no braço do sofá. Ele não se afastou. Em vez disso, ele jogou o corpo para frente, as mãos nos braços da cadeira, prendendo Axl. Ele estava com raiva, mas com uma raiva que era quase atração.

Axl sorriu. Triunfante.

Izzy fechou a distância, roubando o fôlego de Axl com um beijo que era mais uma mordida. As bocas se encontraram com a urgência de meses de tensão acumulada. A língua de Izzy invadiu a boca de Axl, explorando cada centímetro. Axl respondeu com a mesma intensidade, aprofundando o beijo.

Axl agarrou Izzy pela cintura e o puxou com força em direção ao velho sofá encostado na parede do estúdio, onde as almofadas afundavam com o peso da história e do cansaço.

Izzy tropeçou junto, o corpo colidindo com o de Axl, os dois caindo sobre o couro gasto. As mãos de Axl subiram pelas costas de Izzy, agarrando o tecido fino do jeans, puxando-o para mais perto, como se quisesse fundi-los.

Izzy começou a puxar a camiseta de Axl, os dedos tremendo levemente, como se cada movimento fosse uma decisão difícil. Axl ergueu os braços devagar, deixando que Izzy o despisse. A camiseta caiu no chão, esquecida.

Izzy passou as mãos pela barriga de Axl, sentindo o calor da pele, os músculos tensos sob o toque. Ele olhou para o rosto de Axl, procurando alguma hesitação — mas só encontrou desejo.

"E se alguém aparecer?" Izzy perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.

Axl sorriu, os olhos semicerrados. "Então eles vão ouvir o que é real."

Sem esperar resposta, Axl abaixou a cabeça e afundou o rosto no pescoço de Izzy, beijando com intensidade, mordendo com precisão. Izzy soltou um gemido abafado, tentando conter o som contra o ombro de Axl.

"Não," Axl murmurou contra a pele quente. "Não esconde. Eu quero ouvir você."

As mãos de Axl desceram pelas costas de Izzy, alcançando a cintura, passando pela calça jeans. Ele começou a abrir o botão com lentidão, como quem saboreia cada segundo.

O som seco do zíper descendo pareceu ecoar no estúdio vazio. O tecido caiu, e o sorriso malicioso surgiu nos lábios de Axl.

"Você está sem cueca…," ele soltou, em tom baixo, carregado de provocação.

Izzy virou o rosto de lado, tentando manter a calma, mas as bochechas ardiam em um vermelho que o traía.

"Cala a boca, Axl…," resmungou entre dentes, sem encarar de imediato.

O cantor não obedeceu. Ao contrário, aproximou-se de repente, colando a boca na dele. O beijo foi urgente, quase brutal, e Izzy não conseguiu se conter: correspondeu, os dedos deslizando nervosos pela nuca do ruivo, puxando-o para mais perto.

Quando Axl se afastou um instante, o olhar dele era intenso, quase perigoso. Passou a ponta dos dedos devagar pelo rosto de Izzy, contornando-lhe a mandíbula, como se estivesse decorando cada traço. Depois, o polegar roçou a linha dos lábios dele, testando a resistência. Izzy o olhava de volta, os olhos semicerrados, mas cheios de algo que misturava desafio e rendição.

Então Axl forçou um pouco mais, empurrando dois dedos contra a boca dele. Izzy hesitou por um segundo, antes de abrir os lábios, deixando-o entrar. O silêncio do estúdio foi quebrado apenas pelo som úmido quando Izzy começou a chupar os dedos de Axl, lento, provocativo apesar da vergonha que queimava em suas bochechas.

Axl não desviava os olhos, e a tensão entre os dois parecia vibrar no ar. Izzy chupava os dedos dele como se cada movimento fosse um desafio, mas o rubor intenso no rosto denunciava o quanto estava entregue.

Axl deixou a outra mão escorregar pela barriga lisa de Izzy, os dedos descendo até alcançar o membro rígido. Ele o envolveu com firmeza, arrancando um arquejo imediato. O movimento começou lento, mas seguro — a palma deslizando, o punho subindo e descendo, marcando um ritmo que Izzy não conseguiu resistir.

O polegar pressionava contra a glande, espalhando o líquido que já escorria, e cada passada fazia Izzy estremecer. O som que escapava da garganta dele era abafado, porque os dedos de Axl ainda estavam em sua boca. Izzy os chupava com força, a língua enrolando em torno deles, gemendo contra a pele, os olhos semicerrados encarando os de Axl em desafio e rendição ao mesmo tempo.

Axl, naquele momento de caos, estendeu a mão na escuridão. O console de gravação estava ali, a poucos metros. No calor do momento, ele sentiu o toque do botão.

REC.

Ele pressionou levemente. A pequena luz vermelha de gravação acendeu, quase invisível na penumbra. O microfone do talkback, que estava aberto, captou tudo — a respiração entrecortada, os gemidos abafados que Izzy tentava esconder no pescoço de Axl, o som do atrito do couro e do tecido, o ritmo sujo dos corpos se encontrando.

As pernas dele cederam, se fechando ao redor da cintura de Axl, puxando-o para mais perto, como se quisesse arrastá-lo para dentro de si. O quadril se arqueava instintivamente, pedindo mais fricção, mais pressão.

Axl se inclinou, o sorriso perverso roçando nos lábios de Izzy, e sussurrou com voz rouca, mal contida pelo prazer:

"Olha só pra você… tão bonito assim, gemendo pra mim… Minha querida."

Izzy fechou os olhos, as bochechas queimando de vergonha e desejo misturados, mas o corpo se entregava sem trégua.
Axl retirou os dedos da boca dele lentamente, observando o fio de saliva que se rompeu quando os afastou. Depois levou a mesma mão ao rosto de Izzy, passando o polegar pelos lábios inchados, marcados pelas mordidas.

"Quero você todo pra mim… agora," a voz dele saiu como uma ordem.

Izzy sentiu o corpo inteiro estremecer. Ele não respondeu com palavras, apenas puxou Axl de volta para um beijo desesperado, ofegante, como se não houvesse mais nada no mundo além daquele momento.

Axl deixou a mão deslizar pela pele quente de Izzy, os dedos ainda úmidos da saliva dele. Desceu devagar até encontrar a entrada apertada, e naquele instante Izzy interrompeu o beijo, soltando um suspiro trêmulo. A cabeça caiu para trás no encosto do sofá, expondo o pescoço alvo.

Axl aproveitou. Colou a boca ali, mordendo e beijando, deixando marcas enquanto apenas roçava os dedos na entrada. O toque era provocação pura — pressionava, circulava, mas não cedia logo.

Quando finalmente empurrou o primeiro dedo, o corpo de Izzy arqueou inteiro, e um gemido alto escapou, ecoando pelo estúdio vazio.

"Isso...," Axl murmurou contra a pele, a voz rouca e satisfeita.

O movimento se repetiu: entrando, saindo, cada vez mais fundo, até que Izzy se contorcia sob ele, tentando acompanhar o ritmo. Quando Axl acrescentou um segundo dedo, o gemido de Izzy foi mais grave, quebrado. O terceiro dedo o fez perder qualquer controle — as coxas tremeram contra a cintura de Axl, e quando ele atingiu um ponto mais profundo, Izzy deixou escapar um grito involuntário, quase doloroso de tão intenso.

O som surpreendeu até Axl, que parou por um instante só para olhar o rosto dele, suado e entregue.

"Porra, Izzy… você não sabe o quanto eu gosto de te ouvir assim."

Izzy apertou os olhos, mordendo o lábio inferior, até sussurrar entre respirações pesadas:

"P-para… por favor… eu quero você… quero você dentro de mim."

Axl obedeceu sem hesitar. Se ergueu rápido, desfazendo o zíper da própria calça, baixando o tecido até se livrar dele. O corpo dele surgiu inteiro — pele iluminada pela fraca luz do estúdio, músculos tensos pelo desejo, e o membro duro, vermelho, pulsando, já marcado pelo pré-gozo.

Izzy o encarou com as bochechas vermelhas, o peito subindo e descendo em desespero. Por um instante, parecia que queria desviar o olhar, mas não conseguiu.

Axl voltou para cima dele, retomando o beijo com uma força quase brutal, misturando saliva, desejo e urgência.
Axl se moveu, a ponta do pau entrando com lentidão, encontrando resistência. Izzy respirou fundo, o corpo tenso, mas não recuou. Axl esperou, sentindo a pele quente e apertada envolvendo-o, e então, com um gemido rouco, empurrou mais fundo.

O estúdio se encheu de sons crus: a respiração acelerada, o rangido do sofá, o atrito das peles. Izzy tentou erguer uma mão para abafar a própria boca, mas Axl prendeu os pulsos dele contra o estofado, acima da cabeça, segurando firme.

"Não," a voz de Axl era um comando, quente no ouvido dele. "Eu quero ouvir você. Quero todo esse som só pra mim."

Os gemidos de Izzy ecoavam, cada vez mais altos, quebrando a pose de indiferença que ele tanto tentava manter. Axl olhava para ele como se quisesse gravar cada expressão, cada tremor, cada entrega.

Axl se moveu, a penetração lenta, mas firme. Izzy sentiu a ponta dura preencher, esticando-o, e um gemido curto escapou: “ah…”. Axl esperou, aproveitando a sensação de Izzy se adaptando, antes de empurrar mais fundo.

"Ah, porra…," Izzy gemeu, a voz embargada, enquanto Axl preenchia-o por completo. O corpo dele se arqueou, as unhas fincadas no estofado.

Axl começou a se mover, lento a princípio, aproveitando cada centímetro, cada reação. Os gemidos de Izzy se intensificaram, intercalando curtos e longos: “hnn…”, “aaahh…!”, “Ax…”. A cada estocada, o prazer se tornava mais intenso, a entrega mais completa.

"Gosta disso, meu amor?," Axl perguntou, a voz rouca, enquanto acelerava o ritmo.

Izzy não respondeu com palavras, apenas com gemidos, a respiração pesada, o corpo convulsionando sob o dele. A cada movimento, a sensação de preenchimento e prazer se intensificava, levando-o ao limite.

Axl aumentou a velocidade, a intensidade, e os gemidos de Izzy se tornaram mais desesperados, mais quebrados: “a-ahhhhnn…”, “aaahh…!”, “a-ahhhhnn…”. O corpo dele tremia, as pernas se fechando e abrindo, em busca de mais contato.

O clímax se aproximava, e Axl sentiu a própria excitação aumentar. Ele se moveu com mais força, mais profundidade, e Izzy gritou, um grito longo e agudo, quando o prazer o dominou por completo.

"A-ahhhhnn…!," Izzy gritou, a voz rouca, enquanto o corpo dele se contorcia.

A cada estocada, Izzy se contorcia, as unhas cravadas no estofado. Axl aumentou o ritmo, a intensidade, e os gemidos de Izzy se transformaram em gritos abafados, cheios de prazer e dor. O suor escorria pelos corpos, grudando-os, e o cheiro da excitação preenchia o ar.

Axl se moveu com força, a boca colada ao pescoço de Izzy, mordendo e beijando, enquanto as mãos exploravam o corpo dele, acariciando, apertando, provocando. Izzy se entregou, o corpo respondendo a cada toque, a cada movimento, a cada gemido.

A intensidade aumentou, o ritmo frenético, e a sensação de prazer se tornou quase insuportável. Izzy sentiu o corpo tremer, a visão turva, e um grito agudo escapou de seus lábios. Axl o acompanhou, a respiração pesada, o corpo em êxtase.

O clímax chegou, e o estúdio foi tomado por gemidos, suspiros e o som da pele contra pele. Axl se entregou, sentindo o prazer percorrer cada célula do corpo, e Izzy o acompanhou, a alma em chamas.

A respiração de ambos se acalmou lentamente, o corpo ainda trêmulo. Axl se afastou, mas não completamente, os olhos fixos em Izzy, que respirava fundo, o rosto corado, os lábios inchados.

"Você… você é lindo," Axl sussurrou, a voz rouca.

Izzy sorriu, um sorriso fraco, mas verdadeiro. "Você também."

Axl se virou, esticando o braço para o console de mixagem e, com um movimento silencioso, pressionou o botão stop. O pequeno clique foi engolido pelo silêncio pós-clímax, imperceptível para Izzy, que ainda estava perdido no torpor.

As luzes do estúdio já pareciam mais baixas, e a madrugada pesava no ar. O silêncio depois de tudo era denso, só quebrado pelo respiro ainda acelerado de Izzy e o riso contido de Axl, como se aquele espaço inteiro fosse cúmplice deles. Por alguns minutos, ficaram apenas largados no sofá, o cheiro de cigarro e suor misturado, o calor do outro ainda grudado na pele.

Axl se levantou calmamente, beijou a testa de Izzy, e vestiu suas calças como se estivesse apenas terminando uma longa sessão de ensaio. Izzy se encolheu no sofá, nu e exposto, sentindo o frio do couro e o peso da intimidade que era apenas deles. Axl pegou o copo vazio.

"Melhor irmos. Amanhã teremos que regravar aquela ponte. Mas o refrão... está ótimo."

Axl sorriu, um sorriso pequeno, mas com um brilho malicioso nos olhos. Ele se inclinou, pegou a camiseta amassada de Izzy e a jogou sobre o torso nu dele.

Izzy agarrou o tecido e o puxou, cobrindo-se apressadamente. Ele se sentou, lutando para vestir as calças, tropeçando na própria roupa. A pressa dele apenas divertiu Axl.

"Você não tem que se apressar tanto," Axl murmurou, aproximando-se novamente. Ele se abaixou e, num gesto surpreendentemente íntimo, puxou o zíper da calça de Izzy e a ajustou na cintura dele. Seu hálito quente roçou a orelha de Izzy. "Afinal, você já me deu tudo que eu precisava por hoje, Rainha."

Izzy sentiu o rosto queimar instantaneamente com o apelido e a referência clara à sua entrega. Ele empurrou Axl com o ombro, o rosto em brasa.

"Não foi grito, foi nota alta, Axl," Izzy retrucou, a voz rouca pela exaustão, mas carregada de ironia. "E você não estava afinado, como sempre."

Axl riu, um som rouco e satisfeito. "Eu sei," ele respondeu, com aquela certeza inabalável. Ele estendeu a mão para Izzy, não em um convite gentil, mas em uma ordem silenciosa para que se levantassem.

Izzy demorou um segundo, mas acabou aceitando a mão, deixando-se puxar para fora do sofá. Eles saíram da sala de controle juntos. No corredor estreito, os passos eram lentos, quase em silêncio. A mão de Axl pousou por um instante na cintura de Izzy, a posse exibida para ninguém, mas sentida por tudo.

Do lado de fora, a noite ainda dominava Los Angeles, com o ar frio contrastando com o calor que ainda queimava nos corpos deles.

Izzy acendeu um cigarro, olhando para o nada enquanto Axl o observava de canto de olho, aquele sorriso satisfeito estampado no rosto. Nenhum dos dois falou sobre o que tinha acabado de acontecer — como se o silêncio fosse a forma mais segura de guardar aquilo só para eles.

Quando chegaram até o carro, Axl abriu a porta com um gesto exagerado de cavalheiro. Izzy soltou uma risada curta, sacudindo a cabeça.

"Você é um idiota," comentou Izzy, entrando.

"Eu sei," respondeu Axl, com aquela certeza desconcertante, entrando logo em seguida.

E, no fundo, Izzy sabia também. Sabia que aquele idiota ainda ia lhe dar muita dor de cabeça. Mas, por ora, deixou-se afundar no banco, tragando devagar, enquanto a cidade adormecida os recebia de volta.

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O carro era uma cápsula no tempo, pairando sobre o asfalto úmido de Los Angeles. O silêncio dentro dele era tão pesado que quase tinha textura. Izzy mantinha os olhos fixos na janela, os dedos tamborilando nervosamente no joelho enquanto a cidade adormecida desfilava como um filme mudo. Cada farol era um risco vermelho no vidro embaçado, cada placa de rua um testemunho mudo do que havia acontecido.

Axl dirigia com uma calma perturbadora, uma mão solta no volante, a outra apoiada na janela semi-aberta. Seus olhos, porém, traíam a serenidade postiça - eles cortavam para o lado a cada poucos segundos, devorando o perfil de Izzy na penumbra. A lembrança do corpo quente e submisso do guitarrista ainda queimava em suas mãos como uma marca de fogo.

"Você tá quieto até demais, Stradlin," a voz de Axl quebrou o silêncio como um vidro estilhaçado.

Izzy não se moveu. "Não tenho nada pra dizer."

"Depois do que a gente fez, você não tem nada pra dizer?" Axl riu baixo, um som que era mais ar do que humor. "Porra, Izzy, você gemeu no meu ouvido como se estivesse morrendo e renascendo ao mesmo tempo."

A mão de Izzy se fechou em um punho involuntário. "Cala a boca, Axl."

"Por que? Tá com vergonha?" Axl pisou suavemente no freio em um sinal vermelho e finalmente virou o rosto para ele. "Tá com medo que eu lembre como você ficou duro só com meus dedos na sua boca? Ou como você gritou quando eu--"

"Para!" Izzy se virou de repente, os olhos faiscando no escuro. "É isso que você quer? Ouvir você falando? Relembrar? Fazer o que, exatamente?"

A luz do sinal verde iluminou o sorriso lento e predatório de Axl. "Eu só quero ter certeza de que você não vai fingir que não aconteceu amanhã."

"E se eu fingir?"

"Então eu vou lembrar você," a resposta veio imediata, carregada de uma promessa perigosa. "Nota por nota, gemido por gemido. Eu tenho uma memória musical excelente, você sabe."

Izzy sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Havia algo na forma como Axl disse aquilo que soou... específico demais. Como se estivesse se referindo a uma gravação mental precisa, não apenas a uma lembrança vaga. Ele afundou no banco, puxando a gola da jaqueta como se pudesse se esconder dentro dela.

O resto do caminho foi feito em silêncio novamente, mas desta vez carregado de palavras não ditas e ameaças sussurradas na penumbra.

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Quando chegaram no apartamento compartilhado, o cheiro familiar de cerveja velha e poeira os recebeu como um abraço sufocante. Slash havia deixado uma pilha de revistas de guitarra no chão da sala, e o sofá estava coberto por cabos e pedais. Era o caos de sempre, mas naquela noite, parecia diferente - como se o próprio ar estivesse carregado com o segredo que eles traziam consigo.

Axl trancou a porta atrás deles com um clique definitivo. O som ecoou no silêncio do apartamento como um ponto final em uma sentença não dita.

Izzy se dirigiu diretamente para o corredor que levava aos quartos, mas a voz de Axl o parou.

"Pra onde você tá indo?"

"Dormir, porra. São quase cinco da manhã."

"Tá mesmo com pressa assim pra se afastar de mim?" Axl se aproximou, seus passos quase silenciosos no carpete sujo.

Izzy respirou fundo, ainda de costas. "Axl, não começa."

"Começa o quê?" Os dedos de Axl tocaram levemente sua cintura, fazendo-o estremecer. "Eu só tô perguntando."

Finalmente, Izzy se virou. Os dois estavam tão perto que podiam sentir o calor um do outro. O corredor estreito amplificava a intimidade, criando uma bolha onde apenas eles existiam.

"O que você quer de mim?" A pergunta de Izzy saiu como um sussurro exausto.

Axl olhou para ele por um longo momento, seus olhos percorrendo cada detalhe do rosto de Izzy como se estivesse memorizando. "Eu quero que você admita."

"Admita o quê?"

"Que você quer isso tanto quanto eu." A mão de Axl subiu até o pescoço de Izzy, o polegar pressionando suavemente a linha de sua mandíbula. "Que você não vai conseguir dormir pensando em como foi, que você vai acordar hard só de lembrar da minha mão em você."

Izzy fechou os olhos, uma onda de desejo tão intensa que quase o derrubou percorrendo seu corpo. Ele estava exausto, confuso, com raiva... e incrivelmente excitado. A contradição o estava dilacerando.

"Axl..." Seu protesto soou fraco, até para seus próprios ouvidos.

"Shhh," Axl aproximou os lábios do seu ouvido. "Não fala. Só sente."

E então ele estava beijando Izzy novamente, mas desta vez era diferente - não era a fúria descontrolada do estúdio, nem a provocação do carro. Era lento, profundo, quase reverente. Suas mãos deslizaram por baixo da jaqueta de Izzy, encontrando a pele quente nas costas, puxando-o para mais perto até que não houvesse espaço entre eles.

Izzy gemeu na boca de Axl, sua resistência se desfazendo como açúcar na água. Suas mãos encontraram os cabelos ruivos, puxando com uma mistura de desejo e frustração. Era inútil lutar contra isso - contra ele. Axl sempre conseguia o que queria, especialmente quando o que ele queria era Izzy.

Eles se moveram pelo corredor como um único organismo, tropeçando na porta do quarto de Axl. Quando a cama apareceu atrás deles, era um alívio e uma condenação ao mesmo tempo.

Axl o deitou sobre os lençóis sujos com uma delicadeza que contrastava brutalmente com a violência do estúdio. Seus olhos percorreram o corpo de Izzy como se estivesse vendo uma obra de arte.

"Porra você é tão bonito," ele murmurou, suas mãos abrindo os botões da camisa de Izzy com uma paciência excruciante. "Especialmente quando para de lutar contra isso."

Izzy olhou para cima, seu peito subindo e descendo rapidamente. "Eu te odeio."

Axl sorriu, um sorriso genuíno que raramente mostrava para ninguém. "Eu sei." Ele se inclinou e beijou a clavícula de Izzy, seus lábios quentes contra a pele pálida. "Mas seu corpo me ama."

E então não houve mais palavras, apenas toques, gemidos abafados e a sensação esmagadora de dois corpos se encontrando novamente, mais lentamente desta vez, mas com uma intensidade que era, de alguma forma, ainda mais assustadora.

Enquanto Axl entrava nele, Izzy enterrou o rosto no pescoço do cantor, seus dedos apertando os ombros musculosos com uma força que deixaria marcas. Era diferente do estúdio - mais íntimo, mais consciente, mais perigoso. Porque desta vez não era sobre raiva ou frustração musical, era sobre desejo puro, e isso era infinitamente mais aterrorizante.

Axl movia-se dentro dele com uma cadência hipnótica, seus sussurros sujos e carinhosos uma trilha sonora que Izzy não queria admitir que adorava.

"Você é meu," Axl respirou em seu ouvido, suas mãos segurando os quadris de Izzy com firmeza. "Sempre foi."

E no auge do prazer, quando o mundo desabou em estrelas brancas atrás de suas pálpebras fechadas, Izzy percebeu com um choque aterrador que ele não estava apenas cedendo ao corpo de Axl, mas ao que quer que isso significasse. E que não havia volta.

Quando terminaram, ficaram deitados entrelaçados na cama suja, a luz do amanhecer começando a filtrar-se pelas frestas das persianas. O apartamento estava silencioso, o mundo lá fora ainda não havia acordado.

Axl traçou círculos lentos nas costas de Izzy, sua respiração ainda irregular.

"Então," ele disse finalmente, sua voz rouca pelo cansaço e pelo sexo. "Amanhã..."

Izzy esperou, seu corpo tensionando involuntariamente.

"...vamos terminar a música," Axl terminou, e havia uma nota de triunfo em sua voz que fez o estômago de Izzy se contrair.

Porque, eles sabiam que não era apenas sobre a música. Nunca era apenas sobre a música.

E enquanto Izzy fechava os olhos, tentando em vão dormir, em algum lugar na bolsa de equipamentos de Axl, uma pequena fita cassete continuava existindo - um segredo dentro de um segredo, uma bomba-relógio silenciosa esperando para detonar suas vidas.

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O estúdio cheirava a desinfetante barato e derrota. Três dias desde aquela noite, e "Rocket Queen" ainda não estava finalizada. A tensão na sala era palpável, diferente daquela noite - agora era pesada, carregada de coisas não ditas.

Izzy estava encostado na parede longe de todos, fumando seu quinto cigarro seguido. Seus olhos evitavam Axl com uma determinação quase física. Cada vez que o cantor se aproximava, ele se afastava, como se Axl queimasse.

"Stradlin, pelo amor de Deus, para de ficar se escondendo e vem tocar essa merda!" a voz de Slash ecoou pela sala, impaciente.

Axl, sentado na cadeira de couro da mesa de mixagem, observava Izzy com uma intensidade que beirava o doentio. Seus olhos azuis pareciam perfurar através da fumaça do cigarro, estudando cada microexpressão no rosto do guitarrista.

"Deixa ele," Axl disse, sua voz estranhamente calma. "Ele tá no processo criativo."

Duff soltou uma risada. "Processo criativo? Ele tá parecendo um fantasma desde segunda-feira. O que você fez com ele, Axl?"

A expressão de Axl não se alterou. "Nada que ele não quisesse."

Izzy sentiu as palavras como um soco no estômago. Seus dedos tremeram em torno do cigarro, e as cinzas caíram no chão. Ele finalmente olhou para Axl, e o que ele viu o deixou gelado - havia uma posse nos olhos do cantor que não existia antes, uma certeza obscena que fez o coração de Izzy acelerar com puro pânico.

Mais tarde, no apartamento, Izzy estava tentando dormir quando ouviu a porta do quarto ao lado abrir e fechar. Os passos de Axl eram inconfundíveis - pesados, decididos. Ele ouviu-os parar do lado de fora de seu quarto, e sua respiração parou.

A maçaneta girou lentamente.

"Trancada," Izzy disse no escuro, sua voz mais firme do que ele esperava.

Risada baixa do outro lado da porta. "Você acha que uma fechadura vai me impedir?"

"Vai tentar explicar pro Slash porque você arrebentou minha porta?"

Silêncio. Então: "Abre a porta, Izzy."

"Não."

"Eu não tô pedindo."

Izzy se levantou da cama, suas mãos tremendo. Ele abriu a porta apenas o suficiente para ver o rosto de Axl iluminado pela luz fraca do corredor. "O que você quer?"

Axl empurrou a porta suavemente, mas com força suficiente para fazer Izzy recuar. Ele entrou no quarto e fechou a porta atrás de si.

"Você tá me evitando."

"Surpresa," Izzy respondeu secamente.

Os olhos de Axl percorreram o quarto minúsculo - a guitarra encostada na parede, as roupas no chão, a cama desfeita. "Eu não gosto disso."

"Eu não tô aqui pra agradar você, Axl."

" Não?" Axl deu um passo à frente, invadindo seu espaço. "Parece que na segunda-feira você tava bem interessado em me agradar."

Izzy sentiu o rosto queimar. "Isso foi um erro."

"Foi?" Axl pegou a ponta do cabelo de Izzy, enrolando ao redor do dedo. "Não pareceu um erro quando você tava gritando meu nome."

"Para com isso." Izzy tentou se afastar, mas suas costas encontraram a parede.

"Por quê?" Axl sussurrou, sua boca perto demais do ouvido de Izzy. "Tá com medo de gostar demais? De precisar disso de novo?"

"Eu não preciso de você."

Axl riu, um som baixo e perigoso. "Todo mundo precisa de alguma coisa, Izzy. Eu só descobri do que você precisa."

Foi então que Izzy viu. Pendurado no cinto de Axl, meio escondido sob a jaqueta - um pequeno walkman. O mesmo walkman que Axl usava para ouvir demos. O mesmo walkman que podia tocar fitas cassete.

Seu sangue gelou.

"O que você tá ouvindo ultimamente?" A pergunta saiu mais aguda do que ele pretendia.

Axl seguiu seu olhar e sorriu, um sorriso lento e satisfeito. "Ah, só umas demos antigas. Coisas que ninguém mais ouviu." Sua mão tocou o walkman quase carinhosamente. "Tesouros particulares, você entende."

Izzy sentiu uma náusea subir em sua garganta. As peças se encaixaram com uma clareza horrível - a obsessão repentina de Axl por aquela gravação, a forma como ele parou a fita naquela noite com um movimento furtivo, a luz vermelha que ele pensou ter visto...

"Você..." a voz de Izzy sumiu. "Você não..."

"Eu não o quê, Iz?" Axl inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com pura malícia. "Fala. Tô curioso."

Mas as palavras não saíram. Izzy só conseguia ficar paralisado, olhando para aquele walkman como se fosse uma cobra prestes a atacar.

Axl se aproximou mais, até que seus corpos quase se tocavam. "Você sabe," ele sussurrou, seu hálito quente no rosto de Izzy. "Algumas performances são tão perfeitas, caralho, que merecem ser preservadas. Para sempre."

Ele deu um tapinha no walkman e se afastou, deixando Izzy encostado na parede, tremendo e enjoado.

Na porta, Axl parou e olhou para trás. "Ah, e Izzy? Amanhã no estúdio... toca como você tocou pra mim na segunda-feira. Eu quero ouvir de novo aquele... veneno."

A porta se fechou, e Izzy deslizou pela parede até o chão, suas pernas incapazes de sustentá-lo. O quarto girava ao redor dele, e a única coisa que ele conseguia pensar era na pequena fita dentro daquele walkman, rodando, rodando, rodando... guardando cada som que ele fez naquela noite.

E pela primeira vez desde que se conheciam, Izzy Stradlin teve verdadeiramente medo de Axl Rose.

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Uma semena depois, a atmosfera no estúdio estava carregada de uma energia diferente. Depois de dias de gravações tensas, Axl finalmente declarara que "Rocket Queen" estava pronta para a mixagem final. A banda inteira estava lá - Slash, Duff, Steven, o produtor, todos aglomerados na sala de controle.

Todos, exceto Izzy.

Ele havia sumido novamente, e ninguém sabia onde estava. Só Axl parecia não se importar, ocupado demais ajustando os controles da mesa de som com um zelo quase religioso.

"Cadê o Stradlin?" Slash perguntou, ajustando a cartola."Ele devia estar aqui pra ouvir isso."

"Acho que ele tá se escondendo de novo," Duff resmungou, tomando um gole de cerveja. "Algo aconteceu entre vocês dois, Axl? Ele tá estranho até para os padrões Izzy."

Axl nem olhou para cima. "Ele vai aparecer. E quando aparecer, vai entender tudo."

Havia algo na forma como ele disse isso que fez até Slash franzir a testa. Mas antes que alguém pudesse questionar, a porta do estúdio se abriu com um estrondo.

Izzy estava parado na entrada, pálido como um fantasma, mas com os olhos queimando de uma raiva pura e rara. Ele não olhou para ninguém exceto Axl.

"Onde está?" a voz de Izzy saiu tremula, mas cortante como uma lâmina.

Axl finalmente levantou os olhos, um sorriso lento surgindo em seus lábios. "Bem-vindo de volta, Stradlin. Estávamos esperando por você."

"Onde está a fita, Axl?"

O ar na sala congelou. Slash e Duff trocaram olhares confusos.

"Que fita?" Duff perguntou.

Axl ignorou todos, mantendo os olhos fixos em Izzy. "Qual fita, Iz? Temos tantas..."

"Você sabe qual." Izzy deu um passo para dentro da sala, fechando a porta atrás de si. "A que você gravou sem eu saber. A que você anda ouvindo como um maldito pervertido."

Os olhos de Slash se arregalaram. "Peraí... que porra que vocês tão falando?"

Axl riu, uma risada baixa e perigosa. "Ah, essa fita." Ele pegou o walkman de seu cinto e o balançou suavemente. "Você quer ouvir? É uma performance incrível, realmente. Sua melhor criação, eu diria."

Izzy avançou, mas Duff o segurou. "Para com isso, cara! O que tá acontecendo?"

"Pergunta pra ele!" Izzy gritou, apontando para Axl. "Pergunta que porra ele gravou naquela noite! Pergunta por que ele tem uma fita com... com..."

Ele não conseguiu terminar, a vergonha e a raiva o engasgando.

Axl se levantou, sua expressão mudando de divertida para sombria em um instante. "Com o que, Izzy? Fala. Fala pra todo mundo o que a gente fez naquela noite. Fala como você gemeu pra mim. Como você implorou."

Um silêncio pesado e horrível caiu sobre a sala. Slash soltou o braço de Izzy, recuando um passo. O produtor pareceu querer se fundir com a parede.

"É verdade?" Duff perguntou, incrédulo.

Axl não esperou Izzy responder. "Claro que é verdade. E foi lindo. Foi a coisa mais real que essa banda já produziu." Ele olhou para Izzy com um misto de desafio e possessividade. "E eu preservei. Porque algumas coisas são grandes demais para serem esquecidas."

Foi então que Izzy perdeu o controle. Com um rugido de pura fúria, ele pulou em cima de Axl, derrubando-o sobre a mesa de mixagem. Botões voaram, faders quebraram com estalos secos.

"Você vai destruir essa merda!" Izzy gritou, tentando arrancar o walkman das mãos de Axl. "Agora!"

"Nunca!" Axl gritou de volta, lutando sob ele com uma força surpreendente. "É minha! Você é meu!"

Slash e Duff puxaram Izzy para trás, mas ele lutou como um homem possuído. "Ele gravou a gente! Ele gravou a gente transando! Essa porra tá na fita!"

Os olhos de Steven arregalaram. "Caralho..."

Axl se levantou, ofegante, o lábio sangrando. Ele endireitou a jaqueta, seus olhos agora completamente loucos. "Você quer destruir? Tá bom. Vamos destruir."

Antes que alguém pudesse reagir, ele pegou a fita do walkman e correu para o console principal. Com movimentos frenéticos, ele conectou a saída do walkman em um canal da mesa de mixagem.

"Não!" Izzy gritou, tentando se libertar. "Axl, não faça isso!"

"Todo mundo merece ouvir arte pura!" Axl gritou, seus dedos voando sobre os controles. "Vocês queriam saber por que a 'Rocket Queen' tá tão boa? É porque ela nasceu disso! Desse som aqui!"

Ele apertou play no walkman e, ao mesmo tempo, abriu todos os canais principais do estúdio.

Por um segundo, houve apenas estática. Então...

"...não, Axl... para..."
A voz de Izzy, abafada e quebrada, encheu as caixas de som do estúdio.

"Não esconde... eu quero ouvir você..."
Era a voz de Axl, rouca e implacável.

E então vieram os sons. Os gemidos. Os suspiros. O rangido do sofá. A respiração ofegante. O som úmido de corpos se movendo juntos. E no meio de tudo, a voz de Izzy, cada vez mais alta, mais descontrolada, até o grito final, agudo e vulnerável, que ecoou pela sala de controle como uma faca.

Ninguém se mexia. Ninguém respirava.

A fita continuou, com Axl sussurrando "Minha querida..." e Izzy respondendo com um gemido de rendição.

Foi Slash quem se moveu primeiro, avançando no console e arrancando os cabos com força brutal. O silêncio que se seguiu foi mais ensurdecedor que qualquer som.

Izzy estava encolhido no chão, o rosto enterrado nos joelhos, os ombros tremendo. Ele nunca parecera tão pequeno.

Axl estava em pé, o peito ainda ofegante, mas com uma expressão de triunfo horrível em seu rosto manchado de sangue. "Agora vocês sabem," ele disse, sua voz estranhamente calma. "Agora todo mundo sabe de onde veio a música."

Duff olhou para Axl como se estivesse vendo um monstro. "Você tá completamente maluco, Rose. Você destruiu ele. Você destruiu a banda."

"Eu criei algo real!" Axl gritou, de repente furioso novamente. "Algo que importa! E ele..." Ele apontou para Izzy no chão. "Ele foi parte disso! Ele deu isso pra mim!"

Foi então que Izzy se levantou. Lentamente, como se cada movimento doísse. Seu rosto estava molhado, mas sua expressão era de uma calma vazia e assustadora.

"Terminou," ele disse, sua voz não mais que um sussurro, mas cortando o ar como um grito.

Axl franziu a testa. "O quê?"

"Terminou," Izzy repetiu, olhando diretamente para Axl pela primeira vez. "O que quer que a gente tinha. A banda. Tudo. Acabou."

Pela primeira vez, uma fenda apareceu na máscara de Axl. "Izzy, espera..."

"Não." Izzy sacudiu a cabeça, um movimento lento e final. "Você cruzou uma linha. Não tem volta."

Ele virou as costas e começou a caminhar em direção à porta.

"Onde você vai?" A voz de Axl soou estranhamente jovem, quase assustada.

Izzy parou na porta, mas não se virou. "Longe de você. Para sempre."

E então ele saiu, e a porta se fechou atrás dele com um clique suave que soou mais final que qualquer golpe.

Axl ficou parado, olhando para a porta fechada, a fita ainda em sua mão - sua preciosa gravação, sua prova de posse, que de repente parecia não valer nada.

Slash olhou para Duff, depois para o produtor paralisado, e finalmente para Axl.

"Parabéns, cara," ele disse quietamente. "Você finalmente conseguiu. Matou a única coisa que importava."

E deixando Axl sozinho na sala de controle destruída, com o fantasma dos gemidos de Izzy ainda pairando no ar, eles também saíram.

Axl ficou sozinho, segurando a fita que destruiu tudo, e pela primeira vez em sua vida, o silêncio era absolutamente aterrorizante.

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LOS ANGELES - 1991

O rádio do carro tocava "Don't Cry", mas o motorista mudou de estação com um gesto brusco. "Welcome to the Jungle" explodiu pelos alto-falantes, e o homem no banco do passageiro fechou os olhos, um estremecimento quase imperceptível percorrendo seu corpo.

Izzy Stradlin olhou pela janela do táxi enquanto Los Angeles passava, uma cidade que não mudara tanto, mas que carregava um sabor amargo de fantasmas. Ele estava mais magro, os olhos mais fundos, mas havia uma paz nos seus ombros que não existia antes. A sobriedade lhe dera clareza, e a distância, sobrevivência.

O táxi parou em um semáforo, e um outdoor gigantesco olhou para ele. Era o poster do Use Your Illusion. Axl Rose, maior que a vida, envolto em couro e arrogância, seus olhos azuis ainda desafiando o mundo. Mas Izzy, que conhecia cada microexpressão daquele rosto, via a sombra lá no fundo. A loucura não era mais puro fogo; agora era um negócio, uma máquina.

Ele desviou o olhar. Alguns fantasmas eram grandes demais.

* BACKSTAGE DE UM SHOW SOLO *

Horas depois, Izzy terminara seu set em um clube pequeno, suando e satisfeito. A música era sua outra vida, sem demônios compartilhados. Ele estava arrumando sua guitarra quando um vulto familiar apareceu na porta do camarim.

Duff McKagan parecia mais velho, mas com um sorriso mais fácil. "Stradlin. Ainda sabe fazer barulho, hein?"

Izzy acenou com a cabeça, um sorriso raro surgindo. "McKagan. Tá perdido, baixista?"

"Vim te ver," Duff encostou na batente. "A turnê está um inferno. Lembra como era?"

"Lembro." Izzy não precisava dizer qual turnê. Sempre seria a turnê. A banda.

Duff ficou em silêncio por um momento. "Ele ainda ouve a fita."

O ar saiu dos pulmões de Izzy como se ele tivesse levado um soco.

"O quê?"

"Na sala dele, no ônibus da turnê. Às vezes, de madrugada." Os olhos de Duff estavam sérios. "A gente ouve o som baixinho vazando. Aquele... trecho da música. E os outros sons."

Izzy sentou-se no armário, suas pernas repentinamente fracas. Quatro anos. Quatro anos e aquele demônio ainda assombrava.

"Ele tá destruindo todo mundo, Izzy. O Slash tá a um passo de pular fora. Steven já se foi." A voz de Duff estava carregada de uma exaustão profunda. "Ele transformou a banda num circo. E aquela porra da fita é o segredo podre que ele não larga. Como se fosse a única coisa real que ele ainda tem."

"Ele devia tê-la destruído," Izzy sussurrou, olhando para as próprias mãos.

"Ele não consegue." Duff olhou para ele. "É a única prova de que ele te teve. De que algo daquilo foi real."

**NO MESMO MOMENTO - EM UM EM ALGUM LUGAR DOS EUA**

Axl Rose estava sozinho na suíte trancada, a luz azulada de um equalizador iluminando seu rosto. Nos alto-falantes de alta fidelidade, o refrão sujo de "Rocket Queen" dava lugar à parte lenta, sensual. E então, como sempre acontecia, ele baixava o volume da música e aumentava o da fita.

O estúdio vazio enchia o quarto. A respiração ofegante. O rangido do sofá.

E os gemidos.

"Axl... por favor..."

A voz de Izzy, quebrada e entregue, ecoava na escuridão. Era um som que ele não ouvia há anos, exceto aqui, nesta gravação amaldiçoada e preciosa.

Seus olhos estavam fixos no teto, vazios. A fama era um barulho ensurdecedor, uma multidão gritando seu nome, um mar de rostos. Mas nada, nada, preenchia o silêncio que Izzy Stradlin deixou para trás. A fita era seu segredo mais sujo e sua única verdade. Uma verdade que ele repetia até ela doer, como um homem cutucando uma ferida que nunca sara.

Ele a ouvia até o fim, até o último suspiro, até o silêncio final que se seguiu naquela noite. O mesmo silêncio que agora o envolvia, vasto e impiedoso.

**DE VOLTA AO CAMARIM**

Izzy se levantou, endireitando os ombros. A dor era antiga, uma cicatriz.

"Diz pra ele que eu não sou mais aquele cara na fita," Izzy disse, sua voz calma. "Aquele cara morreu naquela sala."

"Ele sabe," Duff respondeu quietamente. "É por isso que ele nunca para de ouvir."

Izzy pegou seu caso de guitarra. O passado era um país estrangeiro. Ele tinha sua própria música para fazer agora, sua própria paz para guardar.

Mas aquela noite, sozinho em seu apartamento limpo e silencioso, ele se pegou parado diante da janela, olhando para a cidade. E por um breve, torturante momento, ele jurou que podia ouvir o eco distante de um riff sujo e o fantasma de um gemido, flutuando na névoa noturna de Los Angeles, preso para sempre na melodia de uma música que o mundo todo cantava, mas que só dois homens entendiam de verdade.

O preço de um sucesso infernal. A trilha sonora de uma queda.

E em algum lugar, em um ônibus de turnê na estrada, um homem destruía tudo ao seu redor, preso em um loop eterno, tentando em vão recapturar o único momento em que sentiu que algo era real.

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LOS ANGELES - 2001

O estúdio era menor, mais íntimo, e não cheirava a Jack Daniel's, mas a café fresco e incenso. Izzy Stradlin, agora com os cabelos grisalhos nas têmporas e os olhos mais tranquilos, ajustava as cordas de uma guitarra acústica. Ele gravava um álbum solo, no seu próprio ritmo, no seu próprio controle.

Seu manager apareceu na porta. "Izzy, tem uma visita pra você. Insiste que você vai recebê-lo."

Antes que Izzy pudesse perguntar, um vulto familiar preencheu a porta. Era Axl Rose.

O tempo havia sido mais gentil com alguns do que com outros. O rosto de Axl estava marcado por anos de batalhas legais, turnês faraônicas e a solidão do topo. A fúria nos olhos havia dado lugar a um cansaço profundo. Ele segurava uma pequena caixa de metal.

Os dois homens se encararam em silêncio por um longo momento, o peso de uma década pairando entre eles.

"Stradlin," Axl cumprimentou, sua voz ainda a mesma, mas sem a aresta cortante de antes.

"Rose," Izzy respondeu, baixando a guitarra. "O que te traz ao meu covil?"

Axl deu um passo para dentro, fechando a porta suavemente. Ele olhou ao redor do estúdio simples, funcional. Um lugar para fazer música, não para guerrear.

"Eu... ouvi suas demos novas," Axl começou, hesitantemente. "Elas são boas. Honestas."

Izzy acenou com a cabeça, esperando. Ele sabia que não era só por isso que Axl estava ali.

Axl respirou fundo e colocou a caixa de metal na mesa de mixagem, entre eles. Era a mesma caixa que Izzy reconheceu instantaneamente. A caixa da fita.

"Peguei um avião pra te dar isso," Axl disse, sua voz um fio de rouquidão. "Eu... eu não consigo mais ouvi-la."

Izzy olhou para a caixa como se ela contivesse um veneno. "Por que agora?"

"Porque eu estava me tornando aquele fantasma, Izzy. Aquele homem possessivo e doente que destruiu a melhor coisa que já tive. A música... e você." A admissão saiu baixa, dolorosa, mas clara. "E eu cansei de ser um fantasma."

Os olhos de Axl encontraram os de Izzy, e pela primeira vez, não havia manipulação, nem jogo, nem triunfo. Apenas a verdade nua e crua do arrependimento.

"Eu estraguei tudo. Eu sei disso. E essa fita... ela era o símbolo de tudo que eu fiz de errado. Eu pensei que era um troféu, mas era a minha prisão."

Ele empurrou a caixa em direção a Izzy.

"Ela é sua. Destrua. Queime. Faça o que quiser. Só... me deixe ir, Iz. Depois de todos esses anos, me deixe em paz."

Izzy olhou para a caixa, depois para o rosto de Axl - não o monstro da sua memória, mas o homem cansado e quebrado à sua frente. O homem talentoso e insuportável que ele amou outrora, escondido sob as cicatrizes.

Ele não pegou a caixa imediatamente. Em vez disso, ele se virou e pegou sua guitarra acústica.

"Eu escrevi uma música nova," Izzy disse, seu dedo traçando as cordas. "É sobre... deixar coisas velhas para trás. E sobre lembrar que, antes do inferno, houve um pouco de céu."

Ele tocou alguns acordes, uma melodia simples, melancólica, mas com um fio de redenção. Era a antítese de "Rocket Queen" - não sobre posse e fúria, mas sobre libertação e paz.

Axl ouviu, seus olhos se fechando. Quando Izzy parou, o silêncio no estúdio era diferente. Não era pesado. Era limpo.

Izzy finalmente pegou a caixa de metal. Ele a segurou na palma da mão por um momento, sentindo o peso de todos aqueles anos. Então, com um movimento calmo, ele a colocou em sua mochila.

"Vou cuidar disso," ele disse simplesmente.

Era um perdão. Não em palavras grandiosas, mas em um ato de aceitação.

Axl assentiu, um peso saindo de seus ombros. Ele se virou para sair, parando na porta.

"Obrigado, Izzy," ele sussurrou. "Pela música. E por... tudo antes disso."

E então ele se foi.

Izzy ficou sozinho no estúdio. Ele não destruiu a fita na hora. Ele a guardou, não como um troféu ou um fantasma, mas como uma lembrança de uma época selvagem, de um amor complicado que, no fundo, forjou quem ele era. Uma parte da sua história que não precisava mais doer.

Anos depois, em um show beneficente, eles se encontraram nos bastidores. Não houve abraços dramáticos ou conversas profundas. Apenas um aceno de cabeça, um quase sorriso. E quando, por um acaso do destino, soaram os primeiros acordes de "Rocket Queen" na casa, Axl no palco e Izzy na plateia, seus olhos se encontraram por uma fração de segundo.

E não havia mais dor. Apenas a memória de uma chama que queimou intensamente, e o respeito silencioso pelas cinzas que ficaram.

O passado, finalmente, havia se tornado apenas música.

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LOS ANGELES - 2010 | SHOW BENEFICENTE

O backstage era um caos organizado de músicos envelhecidos, roadies apressados e o zumbido elétrico de um palco prestes a explodir. Izzy Stradlin, agora com quarenta anos bem vividos nas pontas dos dedos e no canto dos olhos, ajustava a pulseira de couro no pulso. Ele estava lá por uma causa, não por nostalgia.

Foi então que o burburinho mudou. O ar ficou carregado, como antes de uma tempestade. Axl Rose entrou no camarim coletivo, envolto em uma aura que, mesmo na mesma idade, anos, ainda comandava silêncio e respeito. Seus olhos, menos tempestuosos mas ainda intensos, varreram a sala e... pararam em Izzy.

O mundo diminuiu para aquele corredor entre eles. Dez anos. Dez anos desde aquele encontro no estúdio, desde a devolução da fita. O tempo havia suavizado as arestas, mas a atração... a atração ainda era um campo magnético.

Axl se aproximou, seus passos mais medidos, mas ainda com aquele balanço icônico.

"Stradlin," a voz dele, mais grave, ecoou baixo, só para eles.

"Rose," Izzy assentiu, um canto da boca se erguendo num quase-sorriso. "Ainda consegue assustar as pessoas ao entrar num lugar, vejo."

"É um dom," Axl retruou, um brilho familiar acendendo em seus olhos. Ele olhou para a guitarra nas costas de Izzy. "Vai tocar 'Rocket Queen' hoje?"

"Algumas músicas são fantasmas melhores do que outras," Izzy respondeu, evasivo. "Prefiro deixar a sua versão no palco."

O olhar entre eles se alongou, carregado de décadas de história não dita. A trégua que haviam firmado anos atrás ainda estava lá, mas algo mais estava fervilhando por baixo – uma curiosidade antiga, um "e se" que nunca fora totalmente respondido.

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Mas tarde, após o show, a energia do palco ainda vibrava em seus ossos. Izzy estava encostado na parede do corredor vazio dos bastidores, tomando um gole de água, quando a porta do camarim de Axl se abriu.

O cantor estava lá, sem a jaqueta de couro, apenas com uma camiseta suada colada ao torso. Seus olhos encontraram os de Izzy no corredor mal iluminado.

Sem uma palavra, Axl fez um gesto quase imperceptível com a cabeça, convidando-o para entrar.

Izzy hesitou por um segundo que pareceu uma eternidade. Então, com um suspiro que era tanto rendição quanto decisão, ele entrou.

A porta do camarim trancou com um clique grave. O ruído externo morreu. Axl Rose, o torso ainda lustroso de suor, a respiração pesada da performance, encostou Izzy Stradlin contra a parede. Seus corpos se colidiram, não como uma guerra, mas como a maré encontrando o rochedo – inevitável, antigo.

“Izzy…” a voz de Axl saiu áspera, um sussurro carregado de vinte anos de ausência. “Iz… eu… preciso.”

Izzy não respondeu com palavras. Suas mãos, calejadas e mais finas agora, subiram até o rosto de Axl. Os dedos traçaram as novas rugas, os sulcos profundos em torno daqueles olhos azuis que já comandaram multidões. “Você tá mais velho,” ele murmurou, a voz um baixo rouco e familiar.

“Você também,” Axl respondeu, capturando sua mão e enterrando o rosto na palma, inalando fundo. “E ainda é a coisa mais linda que meus olhos já viram.”

Foi quando Izzy fechou os olhos e o beijou.

Não foi um beijo de adolescente. Foi uma rendição. A boca de Axl era quente, sabia a uísque caro, a suor e a algo inerentemente dele. A língua de Axl não invadiu – explorou, reverente, como se estivesse redesenhando um território sagrado na boca de Izzy.

“Eu lembro disso,” Axl respirou, quebrado, contra seus lábios. “Porra, eu lembro exatamente do seu gosto.”

Suas mãos desceram para a camisa de Izzy. Os dedos, que outrora esmagavam microfones, tremiam levemente ao abrir cada botão. Quando o tecido caiu no chão, ele parou. A respiração faltou.

“Olha pra você,” ele sussurrou, os olhos percorrendo o torso de Izzy – mais magro, a pele mais macia em alguns lugares, marcada por tatuagens desbotadas e a história silenciosa de uma vida longe dos holofotes. “Tão lindo que chega a doer.”

Ele se ajoelhou. O som do cinto de couro de Izzy se abrindo ecoou no silêncio. O zíper desceu com um ruído áspero.

“Levanta as penas,” Axl ordenou, suave, e Izzy obedeceu, deixando que ele puxasse calças e cuecas até os tornozelos.

E então Izzy estava nu, sob a luz crua de um camarim, seu corpo de quarenta anos completamente exposto. Ele esperou pela piada, pelo comentário ácido. Em vez disso, os olhos de Axl se encheram de água.

“Cacete, Izzy,” sua voz falhou. “Você ainda é perfeito.”

Ele se inclinou e enterrou o rosto na virilha de Izzy, na curva do quadril, inalando fundo como um homem faminto. “O seu cheiro… é o mesmo. Exatamente o mesmo.”

Izzy enterrou as mãos nos cabelos ruivos, agora grisalhos, de Axl, seus dedos se contraindo quando a língua quente do cantor percorreu seu pau já rígido.

“Na cama,” Izzy ordenou, a voz mais áspera do que pretendia. “Agora. Quero te ver também.”

Axl levantou-se com um sorriso lento – aquele mesmo sorriso de garoto de Indiana que conseguia qualquer coisa. Ele levou Izzy até o sofá de couro gasto.

Sentado na beirada, Axl despiu-se. Primeiro, as botas pesadas. Depois, as meias. Então, ele puxou a própria camiseta, revelando um torso que ainda mantinha a potência, mas mais suave, mais humano. As linhas do tempo estavam ali, discretas, marcando a pele que já fora tão exposta.

“Viu?” Axl disse, os olhos fixos nos de Izzy. “Eu também não sou mais aquele menino.”

Izzy se aproximou. Suas mãos encontraram a pele quente do abdômen de Axl. “Você é melhor,” ele sussurrou, antes de se ajoelhar e, com os dentes, abrir o cinto de Axl.

O gemido que escapou de Axl foi pura, crua rendição.

Quando ambos estavam nus, ficaram de pé, frente a frente. Dois mapas de vidas vividas com excesso. Era mais íntimo do que qualquer sexo.

Axl estendeu a mão, o cansaço profundo nos olhos azuis.

"Como sempre," Izzy sussurrou, o olhar fixo no rosto de Axl. "Mas eu quero ver você. Eu preciso ver seus olhos enquanto isso acontece."

Axl o levou até o sofá. Izzy deitou-se sobre o couro frio, as pernas abertas. Axl pairou sobre ele, seus joelhos ladeando os quadris de Izzy. Ele cuspiu na própria mão, o cuspe brilhando sob a luz fraca, antes de fechar os dedos em volta do proprio pau, lubrificando-o com movimentos lentos e firmes.

“Você lembra…” Axl começou, os olhos vidrados no ponto onde seus corpos se encontrariam.

“Eu lembro de tudo,” Izzy cortou, ofegante. “Cada maldita vez.”

Axl se posicionou. A ponta do seu pau pressionou a entrada de Izzy. Ele não enfiou. Esperou. Os olhos de Izzy se arregalaram, sua boca se abriu num suspiro trêmulo.

“Agora,” Izzy implorou, os quadris se erguendo num convite arqueado.

Axl cedeu. Ele entrou num movimento único, lento, profundo, inexorável. Um grito rouco e abafado rasgou a garganta de Izzy. Seu corpo arqueou no sofá, as mãos agarrando os braços de Axl com força de desespero.

“Caralho… Axl…” ele gemeu, os olhos fechados, o rosto uma máscara de prazer e dor.

“Abre os olhos,” Axl ordenou, sua voz um rosnado baixo. “Olha pra mim.”

Izzy obedeceu. Seus olhos escuros, marejados, encontraram os azuis de Axl. Eles estavam conectados. Completamente. Axl começou a se mover. Não era frenético como nas outras vezes. Era uma cadência profunda, meditada, cada investida uma reconquista de território perdido.

“É isso?” Axl sussurrou, sua boca a centímetros da de Izzy. “É aqui que você sente mais?”

Ele mudou o ângulo, buscando, até que Izzy gritou – um som agudo, quebrado, de pura entrega.

“Aqui?” Axl repetiu, atingindo o mesmo ponto, e o corpo de Izzy estremeceu violentamente sob o dele.

“Sim! Porra, Axl, aí… não para…” Izzy suplicou, as unhas cravadas nos ombros do cantor.

O ritmo de Axl se intensificou. A pele de seus estômagos suados se colidia com um som úmido e ritmado. O sofá rangia em protesto. O ar ficou pesado, saturado com o cheiro de sexo, suor e o perfume fantasma do passado.

“Você é meu, Izzy Stradlin,” Axl rosnou, suas palavras saindo entre ofegadas. “Sempre foi. Seu corpo sabe. Sua alma sabe.”

“Seu maldito… seu… filho da puta…” Izzy gemia, cada insulto um termo de afeto, cada gemido uma confissão. Seu pau, preso entre seus estômagos, pulsava a cada investida.

Axl se inclinou, capturando os lábios de Izzy num beijo desesperado e molhado. Sua língua invadiu, dominou, enquanto seus quadris continuavam seu trabalho, metódicos, implacáveis.

“Eu te amo,” Axl confessou, a voz quebrada, o rosto molhado – de suor ou lágrimas, era impossível dizer. “Eu sempre te amei. Mesmo quando eu tava destruindo a gente.”

Foi a gota d’água. A admissão foi o gatilho. O corpo de Izzy enrijeceu num arco perfeito, um grito longo e rouco explodindo de seus pulmões enquanto ele gozava entre seus estômagos, quente e convulsivo.

O espetáculo da própria queda foi o que tirou Axl do sério. Com um rosnado gutural, ele enterrou-se fundo, uma última vez, e explodiu dentro de Izzy, seu próprio grito abafado no pescoço suado do guitarrista.

Eles desabaram juntos. Um peso úmido e ofegante de carne, ossos e vinte anos de história não dita. Muito tempo depois, ainda entrelaçados, Axl rolou para o lado, levando Izzy com ele, sem se desconectar. A respiração aos poucos se acalmou.

A mão de Axl traçou círculos lentos nas costas de Izzy.

“Fica,” ele sussurrou, era um pedido, não uma ordem.

Izzy, o rosto enterrado no pescoço de Axl, não respondeu. Mas seu braço se apertou around da cintura do cantor.

Na manhã seguinte, quando a luz real invadiu o camarim, Izzy se vestiu em silêncio. Axl o observou da cama, os olhos limpos, sem o peso de duas décadas.

“Até a próxima?” Axl perguntou, sua voz um fio de esperança.

Izzy parou na porta. Olhou para trás. Um sorriso verdadeiro, que não estampava seu rosto desde os anos 80, o iluminou.

“Até a próxima, Axl.”

A porta se fechou. Axl Rose sorriu para o teto vazio. Pela primeira vez em vinte anos, o silêncio não doía. Ele era apenas paz.

💫 Fim.

 

 

Chapter 2: Verdade ou Desafio no Inferno Verde

Summary:

1992, turnê sul-americana. Um calor úmido e opressivo. O ônibus da banda quebra no meio do nada, na fronteira entre Brasil e Argentina. Só Axl e Izzy no ônibus, esperando o reboque.

Notes:

Oi, gente! ❤️

Esse capítulo foi especialmente especial pra mim porque coloquei nossos garotos no Brasil! Escrever sobre Axl e Izzy perdidos num ônibus quebrado no meio do nada, com esse calorão que só a gente conhece, foi uma delícia.

Espero que tenham curtido essa bagunça quente, suja e eletrizante tanto quanto eu curti escrever. É incrível pensar que essa história tá rolando bem aqui, na nossa terrinha.

Beijos e até o próximo capítulo,
Sua autora que adora um rock'n'roll e uma trama picante! 😘🎸

PS: Contem pra mim: qual foi a cena que mais pegou fogo pra vocês? Os comentários de vocês são meu combustível! 💋

Chapter Text

O ar dentro do ônibus da turnê era tão espesso que dava para cortar com uma faca. Uma umidade pesada, carregada do cheiro da floresta úmida do lado de fora da janela, se infiltrava por cada fresta, grudando as roupas na pele como uma segunda pele indesejada. Eram três da manhã, e o mundo além dos vidros embaçados era uma escuridão absoluta, pontuada apenas pelos sons alienígenas de insetos e animais noturnos. Em algum lugar na fronteira entre Brasil e Argentina, o ônibus, um monstro prateado outrora imponente, agora jazia morto no acostamento de uma estrada de terra, vítima de um motor fundido.

Dentro, apenas dois ocupantes. Axl Rose, estirado em uma das banquetas de couro, a camisa aberta, o suor traçando caminhos limpos na maquiagem de palco e na poeira do dia que ainda cobria seu rosto. E Izzy Stradlin, encostado na porta traseira de emergência, fumando um cigarro com uma expressão de tédio profundo que beirava a resignação.

"Puta que pariu," Axl resmungou pela centésima vez, virando-se de lado. O couro da banqueta chiava, grudento. "Eu odeio este país. Odeio este calor. Odeio estes malditos mosquitos."

"Você odeia tudo, Rose. É sua característica definidora," Izzy retrucou, sem tirar os olhos da escuridão lá fora. Sua voz era plana, mas carregada daquela ironia seca que só ele dominava.

O silêncio retornou, pesado e opressivo. Uma hora se arrastou. Ou talvez duas. O tempo havia perdido o significado naquele vácuo úmido e quente.

"Tá," Axl disse, sentando-se de repente. Seus olhos, mesmo cansados, tinham um brilho familiar de pura travessura. "Isto é um tédio mortal. Vamos jogar um jogo."

Izzy virou a cabeça lentamente, uma sobrancelha arqueada. "Jogo?"

"Verdade ou Desafio."

Izzy soltou uma baforada de fumaça, um sorriso pequeno e cético brincando em seus lábios. "Você tem doze anos, Axl?"

"Melhor do que ficar aqui mofando. Eu começo. Verdade ou Desafio, Stradlin?"

Izzy suspirou, esmagando o cigarro no chão. " Que seja."
Verdade.."

Axl inclinou-se para frente, os cotovelos nos joelhos. "Verdade: qual foi a pior, a mais merda, a mais patética música que a gente já compôs? E não pode dizer 'nenhuma'."

Izzy não hesitou. " Anything Goes. É uma piada com um riff."

Axl riu, um som rouco e genuíno. "Porra, sim. Um lixo completo. Minha vez."

"Verdade ou Desafio, Rose?"

"Desafio. Óbvio."

Izzy olhou around pelo ônibus abafado, seus olhos pousando no pequeno bule elétrico na microcozinha. "Desafio: bebe um copo da água que tá nesse bule desde São Paulo."

Axl fez uma careta, mas se levantou. Ele pegou um copo de plástico, encheu com a água duvidosa e, com um olhar de desafio para Izzy, bebeu de um só gole. Ele arfou, engasgando levemente. "Gosto de morte e mofo. Satisfeito?"

"Imensamente." O sorriso de Izzy era um pouco mais largo agora.

"Minha vez. Verdade ou Desafio?"

"Desafio," Izzy disse, o desafio silencioso nos seus olhos.

Axl olhou para ele, seus olhos percorrendo o corpo magro e suado de Izzy, a regata colada ao torso, a postura desleixada que era tão deliberada. O ar no ônibus pareceu mudar, a energia mudando de tédio para algo mais carregado, mais perigoso.

"Desafio," Axl disse, sua voz baixando para um sussurro áspero. "Tira a roupa. Tudo. E fica de joelhos no corredor aqui. Por um minuto."

O sorriso de Izzy congelou. Ele prendeu a respiração por um segundo, seus olhos encontrando os de Axl. O desafio não era mais sobre água mofada. Era sobre atravessar uma linha. O calor, o isolamento, a tensão sexual latente que sempre existira entre eles – tudo conspirou, tornando o impossível, possível.

"Você está maluco," Izzy murmurou, mas já estava se levantando.

"É o jogo, Stradlin. Você aceitou."

Izzy manteve o contato visual enquanto puxava a regata suada por sobre a cabeça. Sua pele era pálida no luz fraca do ônibus, os ossos das costelas visíveis sob a pele. Seus dedos abriram o botão da calça, puxaram o zíper. O jeans pesado caiu, formando uma poça em torno de seus tornozelos, seguido pela cueca. Ele ficou parado por um momento, completamente nu no corredor estreito, sua nudez uma afirmação chocante naquele espaço mundano.

Então, ele se ajoelhou. O vinil duro do piso do ônibus era áspero contra seus joelhos. Ele olhou para cima, para Axl, seu rosto uma máscara de desafio e uma vulnerabilidade que ele nunca permitiria em qualquer outro contexto.

Axl o observou, sua respiração mais rápida. O minuto pareceu uma eternidade. O som da respiração ofegante de Izzy, o zumbido dos insetos lá fora, o cheiro de suor, poeira e desejo repentino.

"O tempo acabou," Axl finalmente disse, sua voz rouca.

Izzy se levantou, se vestindo com movimentos bruscos, mas seus olhos não se desviaram de Axl. "Minha vez. Verdade ou Desafio, Rose?"

"Desafio." A resposta foi instantânea, um fio de adrenalina percorrendo sua voz.

Izzy se aproximou, parando a poucos centímetros de Axl. Seus olhos estavam escuros, intensos. "Desafio: você me beija. Como se quisesse provar o meu próprio gosto na minha boca."

Axl não hesitou. Ele fechou a distância, sua mão enterrando-se nos cabelos molhados de Izzy, puxando-o para um beijo que não foi sobre prazer, mas sobre conquista. Era dentes e língua e raiva, uma colisão de vontades. Ele podia sentir o gosto do suor de Izzy, o resquío do cigarro, a própria essência dele. Quando ele se afastou, ambos estavam ofegantes.

" Satisfeito?" Axl cuspiu.

"Não," Izzy respondeu, seus olhos faiscando. "Mas você está. E agora a satisfação é minha. Sua vez de escolher, Rose."

O jogo acelerou, degenerando rapidamente. Cada desafio era uma escalada, um teste aos limites do outro.

"Desafio: deixa eu amarrar suas mãos com esse cinto de segurança e chupar você até você gritar."

"Desafio: aguenta cinco minutos com este," Axl pegou a escova de cabelo elétrica de Izzy, a única coisa que vibrava no ônibus, e pressionou-a contra a virilha de Izzy através da calça, "no máximo, enquanto eu te beijo e você não pode se mexer."

"Desafio: senta no meu pau no banco do motorista, sem usar as mãos, enquanto eu não tiro as minhas do volante."

O ônibus tornou-se um parque de diversões perverso. O banco do motorista, as banquetas, o corredor estreito – tudo foi usado. Roupas foram abandonadas, suor escorria livremente, gemidos abafados eram engolidos pelo ar noturno. Era sexo, mas era mais do que isso; era uma guerra de vontades, uma competição para ver quem quebraria primeiro, quem perderia o controle de forma mais espetacular.

Axl, com suas mãos presas atrás das costas pelo cinto, gemeu o nome de Izzy quando a boca do guitarrista o levou ao clímax, seu corpo se contorcendo contra o couro da banqueta. Izzy, suportando a vibração brutal da escova com os dentes cerrados, um gemido longo e tremulo escapando quando Axl finalmente o libertou, sua coxa ficando manchada de umidade

A loucura atingiu o pico quando Izzy, ofegante, suado, com os olhos vidrados, desafiou: "Desafio final, Rose. Você me come aqui, de quatro, no corredor. E faz eu gozar mais rápido do que você conseguiu na última música do show."

Axl riu, um som selvagem e sem freios. "Você tá afim de perder, Stradlin."

A posição era desconfortável, constrangedora. O piso do ônibus era duro, o espaço apertado. Mas a crueza disso, a falta de romance, era o que tornava tudo tão intensamente excitante. Axl atrás dele, suas mãos agarrando os quadris de Izzy com força, sua respiração um rosnado quente em sua nuca.

"Gosta disso, sua putinha competitiva?" Axl rosnou, cada investida uma afirmação de domínio. "Gosta de ser fodido num chão de ônibus sujo?"

"Sim! Porra, Axl, mais!" Izzy gemeu, sua fronte pressionada contra a base fria de uma banqueta. Ele estava perdendo, e a sensação era eletrizante. O prazer era uma espiral ascendente, rápida e implacável, exatamente como ele desafiara.

Foi quando os faróis apareceram na estrada.

Dois pontos de luz branca, crescendo rapidamente no escuro. O reboque.

"Porra!" Axl gritou, seu ritmo se tornando frenético, desesperado. "Eles tão chegando!"

A corrida contra o tempo tornou o sexo final uma loucura. Não havia mais técnica, apenas necessidade animal. Os gemidos de Izzy se tornaram mais altos, mais urgentes. O som dos corpos se colidindo ecoava no ônibus metálico.

"Vai, porra! Axl, agora!" Izzy gritou, seu corpo se arqueando num espasmo violento quando o orgasmo o atingiu, seu release jorrando no piso de plástico.

O som, a visão, a adrenalina foram demais para Axl. Com um rosnado gutural, ele enterrou-se até o fundo e despejou-se dentro de Izzy, seu corpo tremendo contra as costas do guitarrista.

Eles desabaram juntos, ofegantes, por talvez dez segundos. Então, a realidade irrompeu. Os faróis estavam lá fora, iluminando o interior do ônibus através das cortinas.

"Merda, merda, merda," Izzy sussurrou, tentando se levantar, suas pernas trêmulas.

Eles se arrastaram, pegando roupas, se vestindo com movimentos descoordenados e rápidos. O suor escorria, misturando-se ao sêmen e à poeira. Quando a porta do ônibus se abriu e o mecânico argentino, um homem baixo e moreno, subiu, eles estavam sentados em banquetas separadas, fingindo normalidade, suas respirações ainda um pouco aceleradas.

"Problema no motor, senhores?" o mecânico perguntou, sua lanterna varrendo o interior.

"Sim," Axl respondeu, sua voz incrivelmente estável. "Parece que superaqueceu."

Enquanto o mecânico se virava para o motor, Axl se inclinou para perto de Izzy.

"Desafio final de verdade," ele sussurrou, seu hálito quente no ouvido de Izzy. "Fica quieto o show inteiro amanhã à noite com a minha porra vazando na sua cueca."

Izzy virou a cabeça, seus olhos escuros encontrando os de Axl. Ele não sorria, mas havia um brilho lá, um reconhecimento do abismo que haviam encarado juntos.

Ele não respondeu. Apenas deu um chute leve no tornozelo de Axl, um gesto que era ao mesmo tempo uma repreensão e uma aceitação. O jogo havia terminado. Mas a partida, ambos sabiam, estava longe de acabar. O ônibus podia ser rebocado, mas a tensão que eles haviam liberado naquela noite úmida continuaria viajando com eles, um segredo sujo e eletrizante nas estradas infinitas da América do Sul.

---

A turnê sul-americana seguiu seu curso, um turbilhão de shows caóticos, hotéis luxuosas e estradas intermináveis. O incidente no ônibus quebrado nunca foi mencionado, mas pairou sobre Axl e Izzy como um fantasma úmido e quente, mudando tudo.

Duas noites depois, em um estádio lotado em Santiago, algo aconteceu.

O show estava no auge, um monstro de três horas de pura energia. A banda estava coesa, a multidão, enlouquecida. Durante "You Could Be Mine", Slash se aproximou para um duelo de guitarra com Izzy, seus corpos se curvando sobre os amplificadores, suor voando. Duff, ao fundo, marcava o ritmo pesado com seu baixo, um sorriso largo em seu rosto.

Foi então, no meio daquele caos controlado, que Axl viu sua oportunidade.

Ele se aproximou de Izzy por trás, como se fosse para compartilhar o microfone, um movimento comum no palco. Mas em vez de cantar, seus lábios se aproximaram do ouvido de Izzy, sua voz um fio de som perdido no rugido da música.

"Desafio," ele sussurrou, sua boca tocando acidentalmente – ou não – o ouvido de Izzy. "Você tem até o final desta música. Vou ficar de costas, olhando para o público e você goza só de me ver de costas. Sem tocar em si mesmo. E ninguém, ninguém, pode saber."

Izzy quase perdeu o acorde. Seus dedos trêmulos produziram um ruído áspero na guitarra, rapidamente disfarçado por um bend. Seus olhos se arregalaram por trás dos óculos escuros. Era impossível. Insano. Perigosíssimo. Eles estavam no palco, sob holofotes, com Slash a menos de dois metros de distância, Duff do outro lado, e cinquenta mil pessoas gritando.

Ele olhou para as costas largas de Axl, envoltas em couro, o cabelo ruivo molhado de suor caindo sobre seus ombros. A lembrança da noite no ônibus, da língua de Axl em sua pele, do peso dele, inundou Izzy com uma intensidade avassaladora. Seu corpo reagiu instantaneamente, uma onda de calor percorrendo sua virilha, tão potente que ele sentiu as pernas amolecerem.

Axl sabia. Sabia o poder que tinha. Sabia que aquela memória era suficiente.

Izzy tentou se concentrar no riff, nos dedos de Slash voando sobre o braço da guitarra, no rosto de Duff, concentrado na batida. Mas sua visão periférica estava presa em Axl. Cada movimento dos ombros de Axl, cada balanço de seus quadris enquanto ele comandava a multidão, era um golpe direto em seu autocontrole.

Ele sentiu o suor escorrer por suas costas, não apenas do calor do palco. Sua respiração ficou mais rápida, ofegante, misturando-se ao microfone. Ele se mordeu com força, o gosto do sangue o ancorando à realidade. Era uma tortura. Uma tortura deliciosa e pública.

Slash, sentindo a energia estranha, olhou para ele de través, uma sobrancelha arqueada. Izzy desviou o olhar, focando em um ponto distante na plateia.

Axl, sentindo a luta de Izzy, balançou os quadris de forma mais pronunciada, um movimento sutil, quase imperceptível para qualquer um, exceto para Izzy. Era um aceno privado, uma provocação.

O final da música se aproximava. Os acordes finais ecoavam. Izzy sentiu uma tensão insuportável se acumulando em seu baixo ventre, uma pressão dolorosa e doce. Ele estava perdendo. Estava realmente prestes a... ali, no palco, com a banda toda ao redor.

Os últimos acordes foram golpeados. O rugido da multidão explodiu, enchendo o estádio. No meio daquele barulho ensurdecedor, sob a cortina de luzes estroboscópicas e confete, o corpo de Izzy estremeceu com um espasmo silencioso e intenso. Suas pernas quase cederam. Ele ofegou, um som abafado pelo rugido ao seu redor, seus dedos agarrando o braço da guitarra com os nós dos dedos brancos.

Axl se virou, seu rosto um manto de suor e triunfo. Seus olhos encontraram os de Izzy, e ele sabia. Um sorriso minúsculo, um brilho de pura possessão maliciosa, tocou seus lábios antes que ele se virasse para a multidão, erguendo os braços.

"Obrigado, Santiago!" ele gritou, sua voz um rugido, enquanto Izzy ficava para trás, tremendo, manchado e aniquilado, tentando recuperar o fôlego e a compostura diante de Slash, Duff e de milhares de fãs sem suspeitar de nada.

O segredo deles não era mais apenas um fantasma na estrada. Era uma entidade viva, respirando no palco, escondida à vista de todos. E era mais perigoso, e mais excitante, do que qualquer coisa que eles já tivessem feito na solidão da noite. A partida havia se tornado uma performance. E Izzy era agora, para sempre, o instrumento mais íntimo de Axl Rose.

Os dias que se seguiram ao show em Santiago foram um teste de fogo para a sanidade de Izzy. Cada ensaio, cada passagem de som, cada momento no palco tornou-se um campo minado de possibilidades perversas. Axl, intoxicado pelo poder que descobrira, tornou-se um mestre na arte da tortura silenciosa.

Em Buenos Aires, durante um ensaio tedioso de "November Rain", com Slash trabalhando em um solo interminável e Matt batucando distractedly na bateria, Axl se aproximou do amplificador de Izzy.

Fingindo ajustar o som, ele sussurrou, baixo o suficiente para que apenas Izzy ouvisse: "Desafio. Durante o próximo solo do Slash, você vai até o banheiro dos fundos, se alivia, e volta. E eu vou saber se você cumpriu ou não."

Izzy sentiu um calor subir em seu rosto. Era humilhante. Era infantil. E era incrivelmente excitante. A ideia de se levantar, sob o olhar inconsciente de seus companheiros de banda, e realizar um ato tão íntimo e prosaico, tudo sob as ordens de Axl, fez seu coração acelerar.

Ele esperou. Slash mergulhou em seu solo, fechando os olhos, perdido em seu próprio mundo. Duff estava de costas, ajustando o som do baixo. Matt batucava um ritmo complexo em seus pratos.

Era a hora.

Izzy atravessou o corredor escuro como um sonâmbulo, suas pernas trêmulas, o olhar de Axl ainda queimando em suas costas como um brand físico. Ao fechar a porta do banheiro dos fundos, o mundo exterior desapareceu, substituído pelo cheiro ácido de urina e cloro. O coração batia tão forte em seu peito que ele quase conseguia ouvi-lo ecoando nas paredes sujas de pichações.

Ele se trancou na última cabine, as mãos tremendo tanto que mal conseguia abrir o zíper. Quando finalmente conseguiu, seu pau já estava completamente ereto e latejante, endurecido tanto pela ordem de Axl quanto pela adrenalina perversa da situação.

"Porra, Axl..." ele gemeu baixinho para as paredes rabiscadas, imaginando que eram os ouvidos do cantor.

Sua mão fecharam ao redor de si mesmo com uma urgência animal. O toque foi inicialmente áspero - seus próprios dedos calejados contra a pele sensível - mas rapidamente se transformou em algo mais. Ele fechou os olhos e deixou a mente vagar, imaginando que não era sua mão, mas a de Axl. A mão larga e forte que ele conhecia tão bem, com seus dedos musculosos e as tatuagens que se moviam com cada movimento do pulso.

"É isso, sua puta," sussurrou para si mesmo, imitando mentalmente a voz rouca de Axl. "Me mostra como você se toca quando pensa em mim."

Seus dedos se moveram mais rápido, o punho subindo e descendo em um ritmo sujo e familiar. A mão esquerda se agarrou à parede fria para se equilibrar, os nós dos dedos brancos. Ele imaginou Axl de pé atrás dele, o corpo quente pressionado contra suas costas, a boca quente em seu pescoço.

"Axl... porra..."seu gemido foi mais alto desta vez, ecoando no banheiro vazio.

O polegar esfregou a glande inchada, espalhando o fluido que já escorria abundantemente. Cada nervo em seu corpo estava vivo, super-sensível. Ele podia quase sentir o hálito quente de Axl em seu ouvido, os dentes mordendo seu lóbulo, as mãos agarrando seus quadris.

"Vou gozar... Axl, estou gozando..." ele anunciou para o banheiro vazio, sua voz um gemido quebrado.

O orgasmo o atingiu como um trem desgovernado. Seu corpo arqueou contra a porta da cabine, um grito abafado saindo de seus pulmões enquanto jorrava contra a parede suja, listras brancas e quentes marcando a pichação de uma banda local. Seus joelhos amoleceram e ele teve que se segurar no vaso sanitário para não cair, ofegante, suado, completamente aniquilado.

Por um longo momento, ele ficou parado lá, tentando recuperar o fôlego, o cheiro de seu próprio sexo misturando-se ao mofo do banheiro. Finalmente, ele se limpou com papel higiênico áspero, as mãos ainda trêmulas. Ao se recompor e abrir a porta da cabine, ele carregava não apenas o cheiro do banheiro, mas a marca invisível da obediência - úmida, quente e completamente sua, mas fundamentalmente de Axl.

Quando ele voltou, tentando parecer normal, Axl nem olhou para ele. Mas um pequeno aceno de cabeça, quase imperceptível, foi sua recompensa. Uma onda de alívio e vergonha percorreu Izzy. Ele havia obedecido.

A intimidade deles tornou-se uma coreografia secreta, uma dança de olhares, sussurros e toques furtivos escondida no caos da turnê.

Em uma viagem de ônibus noturna, com todos dormindo – Slash encolhido em seu assento com seu top hat puxado sobre os olhos, Duff roncando suavemente, Matt com a cabeça encostada na janela – Axl se moveu com a fluidez de um predador. Ele deslizou para o chão, entre os assentos, um fantasma no seu próprio reino. Izzy estava semi-adormecido quando sentiu o cobertor sendo puxado.

Antes que pudesse reagir, a mão de Axl - larga, quente, inconfundível - deslizou para dentro de suas calças. Os dedos encontraram seu pau já semi-ereto com uma familiaridade que fez Izzy prender a respiraça num suspiro afiado. Seus olhos se arregalaram no escuro, focando na silhueta de Slash dormindo a poucos metros, com o chapéu cobrindo seu rosto como um véu.

Axl não fez rodeios. Seu punho fechou ao redor do pau de Izzy com uma posse absoluta. O movimento era preciso, implacável - uma masturbação que era mais sobre afirmação de poder do que sobre prazer. Sua palma era áspera contra a pele sensível, seu polegar pressionando a glande de forma que fazia os quadris de Izzy se erguerem involuntariamente.

Izzy mordeu o próprio lábio até sangrar para silenciar os gemidos que ameaçavam explodir. Ele podia sentir cada callus nos dedos de Axl, cada movimento do pulso, a respiração quente do cantor contra seu joelho através do tecido do jeans. Era uma violação gloriosa, uma possessão no escuro mais íntima do que qualquer sexo que já tiveram. Quando o orgasmo o atingiu, foi com uma força silenciosa e convulsiva que fez todo seu corpo estremecer, suas unidas cravando-se nas próprias palmas. Ele enterrou o rosto no encosto do assento, sufocando um último suspiro trêmulo enquanto Axl trabalhava cada última gota de sua libertação.

Axl se retirou, limpando a mão no próprio jeans, e voltou para seu assento como se nada tivesse acontecido. Ninguém acordou. Ninguém viu.

O auge da audácia veio em São Paulo, durante uma entrevista coletiva. Eles estavam sentados atrás de uma longa mesa, microfones à sua frente, repórteres gritando perguntas. Axl, no centro, dominava a entrevista com seu charme abrasivo e respostas evasivas.

Izzy estava ao seu lado, quieto como sempre, respondendo com monossílabos.

Foi então que, sob a mesa, longe dos olhares das câmeras e dos repórteres, Axl deslizou a mão e a colocou firmemente na coxa de Izzy, subindo até a virilha.

Izzy quase saltou da cadeira. Seus olhos se encontraram com os de Axl por uma fração de segundo. Axl não estava nem mesmo olhando para ele; ele estava sorrindo para um repórter, respondendo uma pergunta sobre a inspiração para "Estranged".

Sob a mesa, longe dos flashes e dos olhares dos repórteres, a mão de Axl era um tirano silencioso. Seus dedos não apenas pressionavam - eles exploravam. A palma da mão se apertou contra a virilha de Izzy através do tecido áspero do jeans, a pressão tão intensa que era quase dolorosa.

Enquanto Axl discorria sobre "a essência criativa do Guns N' Roses" para um repórter japonês, seus dedos começaram um trabalho metódico de tortura. Um dedo traçou a linha do zíper de Izzy, depois subiu para pressionar a ponta já endurecida que tentava se erguer contra o tecido. Izzy sentiu um calafrio percorrer sua espinha, seu estômago se contrair. Ele se encolheu na cadeira, tentando disfarçar o rubor que subia de seu peito para seu rosto.

Axl ajustou sua posição, e sob a mesa, sua mão deslizou para dentro da abertura da calça de Izzy, encontrando a carne quente e tensa por baixo da cueca. Seus dedos fecharam ao redor do pau dele, não com carícia, mas com posse. Um movimento lento, calculado, enquanto ele respondia uma pergunta sobre influências musicais.

Izzy sentiu o suor escorrer por suas costas sob a camisa. Sua respiração ficou superficial, seus dedos tremiam sobre a mesa. Cada círculo que a mão de Axl traçava era uma afirmação: "Você é meu, não importa quem esteja olhando." Era a dominação mais pura que ele já experimentara - pública e completamente invisível. E o corpo dele, o traidor, respondia com uma excitação avassaladora que ameaçava desmontá-lo ali mesmo, diante das câmeras e de seus companheiros de banda.

Quando a entrevista finalmente terminou e eles se levantaram, Axl retirou a mão como se nada tivesse acontecido. Ele deu um tapinha nas costas de Izzy, um gesto de camaradagem para as câmeras.

"Você tá tenso, Stradlin," ele disse, alto o suficiente para os outros ouvirem. "Precisa relaxar."

Naquela noite, no palco do Morumbi, diante de uma das maiores multidões da turnê, Izzy tocou como um homem possuído. Cada acorde era um grito abafado, cada solo uma fuga. Ele se entregou à música com uma ferocidade que fez Slash olhar para ele com uma sobrancelha arqueada, impressionado.

E quando seus olhos encontraram os de Axl no palco, não havia mais medo ou vergonha. Havia apenas um reconhecimento profundo e sombrio. A partida havia fundido-se completamente com suas vidas. Já não havia mais separação entre o público e o privado, entre o performer e o homem.

Eles eram o segredo. O jogo era a realidade. E a turnê, com suas estradas infinitas e palcos iluminados, era o único lugar onde aquela verdade perigosa e eletrizante poderia existir.

---

A sensação de poder era um vício para Axl. A submissão silenciosa de Izzy, aquele brilho de vulnerabilidade nos seus olhos escuros, era mais intoxicante que qualquer droga ou aplauso. Ele se sentia invencível, o mestre absoluto daquele jogo que só eles conheciam.

Até que, em uma noite abafada no Rio de Janeiro, as regras mudaram.

A banda estava em um camarim coletivo e apertado, se preparando para o show. O ar estava carregado do cheiro de cerveja, spray de cabelo e suor. Slash afiava os solos de "Paradise City" em um canto, o som um zumbido constante de fundo. Duff amarrava suas tranças no espelho, e Matt ajustava as tiras da sua calça de couro.

Axl, vestindo apenas um roupão de seda vermelha, ditava alterações no setlist para um roadie assustado. Ele estava no seu elemento, comandando, o centro de tudo.

Izzy, quieto como sempre, estava sentado em um banco no canto mais escuro, aparentemente concentrado em afinar sua Les Paul. Mas seus olhos, por trás da franja, não estavam nas cordas. Estavam em Axl.

Ele observou Axl gesticular, sua voz cortando o ar, o roupão se abrindo levemente com o movimento, revelando a pele pálida do seu peito. Um plano, lento e perverso, começou a se formar na mente de Izzy. Era hora de revidar.

Ele se levantou e, sem dizer uma palavra, caminhou até a mesa de drinks. Ele pegou uma garrafa de uísque e dois copos de plástico. Com movimentos calmos e deliberados, ele encheu os dois copos. Então, ele pegou um pequeno sachê de pimenta caiena que alguém tinha deixado perto de uma bandeja de comida – um resto de alguma pizza esquecida.

Com os olhos fixos em Axl, ele rasgou o sachê e despejou metade do conteúdo em um dos copos. Ele mexeu com o dedo, um gesto obsceno, antes de limpar o dedo na própria calça.

Ele então se aproximou de Axl, que estava no auge de uma discussão sobre a ordem das músicas.

"Rose," a voz de Izzy era suave, mas cortou através da fala de Axl como uma lâmina.

Axl se virou, irritado pela interrupção. "O que foi, Stradlin? estou ocupado."

"Toma." Izzy estendeu o copo com pimenta e uísque para Axl. Um gesto de paz. Um gesto de camaradagem.

Axl hesitou por um segundo, então pegou o copo com um grunhido. "Obrigado." Ele tomou um gole grande, seus olhos ainda furiosos com o roadie.

Izzy manteve seu próprio copo – o copo com pimenta – mas não bebeu. Ele apenas ficou parado, observando.

Alguns minutos depois, durante "Welcome to the Jungle", o ataque aconteceu.

Axl estava no palco, no meio de seu ritual de possessão, gritando para a multidão, quando uma dor aguda e familiar começou a queimar em seu estômago. Não era a queimadura usual do uísque. Era algo diferente, mais profundo, mais traiçoeiro. Sua garganta começou a coçar, sua pele a formigar.

Ele tentou ignorar, lançando-se no refrão. Mas a queimadura intensificou, tornando-se uma agonia latejante que se espalhou para suas entranhas. Sua performance, normalmente impecável, começou a vacilar. Ele perdeu o timing de um verso, sua voz falhou em uma nota alta.

Ele olhou para a lateral do palco. Lá estava Izzy, encostado em um amplificador, tocando seu riff com uma expressão de completa inocência. Mas seus olhos... seus olhos encontram os de Axl, e neles havia um brilho de pura e silenciosa retribuição.

A pimenta, Axl percebeu, sua mente girando. O filho da puta botou pimenta no meu uísque.

A humilhação foi tão avassaladora quanto a dor física. Ele, Axl Rose, o tirano do palco, tinha sido derrubado por uma manobra tão suja, tão simples. E pior, ele não podia fazer nada. Não podia parar o show. Não podia gritar. Não podia nem mesmo se contorcer de dor sem que cinquenta mil pessoas vissem.

Ele teve que aguentar. Cantar, pular, performar, enquanto seu corpo lutava contra o fogo que Izzy acendera dentro dele. Cada grito era um esforço, cada movimento uma agonia. Foi a performance mais longa e dolorosa de sua vida.

Quando as luzes finalmente se apagaram e ele praticamente correu para os bastidores, dobrado sobre si mesmo, ele encontrou Izzy esperando por ele no camarim vazio.

Sem uma palavra, Izzy estendeu uma garrafa de leite.

Axl a arrancou de suas mãos e bebeu avidamente, o líquido frio oferecendo um alívio mínimo.

"Desafio," Izzy sussurrou, sua voz era como seda áspera no ouvido de Axl. "Conseguir performar 'Welcome to the Jungle' com o cu em chamas. Parabéns. Você venceu."

Axl cuspiu um pouco de leite. "Seu... seu maldito"

Izzy se aproximou, seu rosto a centímetros do de Axl. Pela primeira vez, não havia submissão em seus olhos. Havia igualdade. Havia o fogo do revide.

"O jogo tem dois lados, Rose," ele disse calmamente. "E eu acabei de aprender a jogar."

Ele virou as costas e saiu, deixando Axl sozinho, ofegante, encharcado de suor e leite, a dor em seu estômago uma lembrança vívida de que ele não era o único mestre naquela dança. O jogo havia evoluído. E Izzy Stradlin, o quieto, o submisso, acabara de mostrar suas garras. A partida estava mais perigosa, e muito mais interessante.



💫 Fim.

Chapter 3: O Mecânico e o Rockstar

Summary:

Um astro do rock e um mecânico de poucas palavras. Dois mundos opostos onde o desejo não entende de diferenças sociais.

Notes:

Olá, amores! 🌟
Agora mudamos completamente de clima! Este é um AU Moderno onde as coisas esquentam na oficina!

Avisos/Tags do capítulo:
AU Moderno Mecânico Izzy, Rockstar Axl, Slow Burn, Dinâmica de Poder, Atração Proibida e Oficina é o novo motel 🔥

*Mudança de cenário, mas a mesma tensão de sempre! Comentem se amaram o Izzy de macacão! 😉

Chapter Text

O calor em Los Angeles naquele verão de 2016 era tão intenso que distorcia o asfalto. Dentro da oficina "Stradlin & Sons", fundada por seu avô na década de 50, Izzy Stradlin enxugava o suor da testa com um pano sujo de graxa. A oficina cheirava a óleo queimado, gasolina e café velho – os aromas que compunham sua vida. Aos 54 anos, seu corpo era mais magro, suas mãos calejadas contavam histórias de décadas consertando motores, e seus olhos, ainda intensos sob a franja grisalha, refletiam uma paz que ele conquistara longe dos holofotes.

Ele estava debaixo de um Chevrolet Impala 67 quando o estrondo aconteceu. Um barulho de metal rasgando seguido por uma sequência de palavrões criativos que fariam um marinheiro corar. Izzy deslizou de sob o carro em seu carrinho de rolimã e se levantou, esfregando as mãos em um pano ainda mais sujo.

Na entrada da oficina, um Bentley Continental GT de preço obsceno estava encostado no poste de uma placa de "Pare", sua roda dianteira direita destruída, o para-choque dianteiro pendurado como um maxilar quebrado. A porta do motorista se abriu e um homem saiu, vestindo jeans justos e uma jaqueta de couro que custava mais que o orçamento mensal da oficina. Ele arrancou os óculos escuros, revelando um rosto que Izzy reconheceu instantaneamente – mais velho, mais marcado, mas inconfundível.

Axl Rose. O ícone do rock. A voz de uma geração. E, aparentemente, um péssimo motorista.

"Porra!" Axl gritou, chutando o pneu dianteiro intacto. "Maldito GPS! Maldita cidade! Maldita porra de placa de pare!"

Izzy se aproximou, os braços cruzados. "Chutar o carro não vai consertá-lo."

Axl se virou, seus olhos azuis – famosos por incinerarem repórteres e fãs – focaram em Izzy. Ele olhou para o macacão sujo de graxa, para as mãos calejadas, para o rosto sério sob o boné de baseball gasto.

"Você é o mecânico?" Axl perguntou, sua voz ainda carregava aquele timbre inconfundível, agora mais grave, mais cansado.

"Sim. Izzy Stradlin." Ele não estendeu a mão. "Parece que você encontrou a placa."

Axl deu uma risada seca. "Engraçadinho. Quanto tempo para consertar isso?" Ele gesticulou em direção ao Bentley.

Izzy se ajoelhou, examinando os danos. "Eixo dianteiro quebrado, suspensão destruída, roda, pneu... pelo menos três dias. Se eu tiver as peças."

"Três dias? Eu tenho um show no Staples Center amanhã à noite!"

"Talvez você devesse ter parado na placa, então," Izzy disse secamente, levantando-se. Sua calma era um contraste gritante com a tempestade que era Axl Rose.

Eles se encararam. O ar entre eles pareceu vibrar. Dois mundos colidindo no calor abafado de uma oficina de Los Angeles.

O Bentley foi rebocado para dentro da oficina. Axl, relutantemente, aceitou que estava preso. Seu manager, um homem nervoso de terno, tentou argumentar, mas Axl o dispensou com um aceno de mão. "Deixa. Eu lido com isso."

Enquanto Izzy trabalhava, Axl ficou por perto, observando. Ele não estava acostumado a ser ignorado. As pessoas geralmente tremed diante dele, pediam autógrafos, selfies. Izzy Stradlin tratava-o como tratava qualquer outro cliente – com uma cortesia profissional e distante que beirava a indiferença.

"Você não sabe quem eu sou?" Axl finalmente perguntou, encostado na lateral de um Mustang em restauração.

Izzy parou de martelar uma peça, sem olhar para cima. "Sei. Você é o cara que não soube frear um carro de meio milhão de dólares."

Axl riu, um som genuíno e surpreendido. "Porra, você é diferente."

Ele passou a observar Izzy com um interesse renovado. Havia uma graça econômica em seus movimentos, uma confiança silenciosa que Axl, cercado por sósias e bajuladores, raramente via. Era autêntico. E Axl, cuja vida era uma performance constante, sentiu-se estranhamente atraído por aquela autenticidade.

No segundo dia, Axl apareceu com duas xícaras de café. "Pensei que você poderia querer um."

Izzy olhou para a xícara de papel, depois para Axl. "Obrigado." Ele aceitou e tomou um gole.

"Então... Izzy, Você é de Los Angeles?"

"Nasci aqui." Izzy voltou ao trabalho, mas sua postura estava um pouco menos rígida.

"Sempre quis ser mecânico?"

"Algumas pessoas consertam coisas. Outras as quebram." A resposta foi dada enquanto ele ajustava uma ferramenta.

Axl sentiu a cutucada. "Eu não quebro tudo."

"Só carros e placas de pare, aparentemente."

Novamente, aquela risada. Axl se sentou em um tambor de óleo vazio, observando Izzy trabalhar. "É tranquilo. Esse lugar."

"É o meu lugar," Izzy disse, e pela primeira vez, houve um fio de emoção em sua voz.

---

Na tarde do terceiro dia, aconteceu. Izzy estava tentando soltar um parafuso teimoso no eixo do Bentley. Suas mãos escorregavam, a ferramenta não dava alavancagem.

"Deixa eu tentar," Axl ofereceu, se aproximando.

Izzy hesitou, então entregou a chave. Axl a ajustou, seus dedos longos e musculosos – famosos por segurarem microfones – fechando ao redor do metal. Ele fez força, seus músculos do braço tensionando sob a tatuagem. O parafuso gemeu, mas não cedeu.

Izzy, sem pensar, colocou sua mão sobre a de Axl, ajustando o ângulo. "Assim."

O toque foi um choque. Um corrente de eletricidade silenciosa percorreu ambos. Seus olhos se encontraram. A oficina ficou silenciosa, exceto pelo zumbido distante do tráfego.

Axl puxou a chave. O parafuso cedeu com um rangido alto.

Eles ainda estavam com as mãos quase se tocando.

"Funcionou," Axl sussurrou, sua voz anormalmente baixa.

Izzy recuou, limpando as mãos no macacão. "Preciso de uma chave de torque diferente." Ele se virou e foi até seu armário de ferramentas, seu coração batendo um ritmo acelerado contra suas costelas.

Axl ficou parado, olhando para sua própria mão, sentindo o fantasma do toque de Izzy. Ele era desejado por milhões, mas aquele toque rápido e impessoal de um mecânico quieto era a coisa mais intensa que ele sentia em anos.

Naquela noite, quando a oficina estava fechada e o sol se punha, pintando o céu de laranja e roxo, Axl voltou. Ele encontrou Izzy sentado na soleira da porta, tomando uma cerveja, observando o movimento da cidade.

"O carro vai ficar pronto amanhã?" Axl perguntou, sentando-se ao lado dele no concreto ainda quente.

"Sim."

Silêncio. O ar entre eles estava carregado, pesado com coisas não ditas.

"Por que você está realmente aqui, Rose?" Izzy perguntou, sem olhar para ele. "Você poderia estar em um hotel de cinco estrelas, cercado por... seja lá o que você é cercado."

Axl pegou a garrafa de cerveja da mão de Izzy e tomou um gole. "Cercado por sósias. Por pessoas que me odeiam e me amam pelo personagem, não pela pessoa." Ele devolveu a garrafa. "Aqui... aqui é real. Você é real."

Izzy finalmente olhou para ele. A luz do crepúsculo suavizava os traços afiados de Axl, revelando o cansaço nos seus olhos, a solidão sob a fachada de rockstar.

"Realidade é superestimada," Izzy murmurou.

"Tenta viver sem ela por vinte anos e me diz se ainda acha isso."

Seus joelhos se tocavam. A proximidade era um ímã. Axl sentiu uma atração tão forte que era quase dolorosa. Não era apenas física; era uma atração por aquela quietude, por aquela paz que ele havia perdido há muito tempo.

"Eu deveria ir," Axl disse, mas não se moveu.

"Você deveria," Izzy concordou, mas sua mão, repousando no concreto entre eles, estava a centímetros da de Axl.

Foi Axl quem quebrou. Sua mão cobriu a de Izzy, seus dedos se entrelaçando. A pele de Izzy era áspera, marcada por arranhões e calos. A pele de Axl era suave, bem cuidada. Dois mundos.

Izzy não puxou a mão. Ele virou a palma para cima, permitindo o toque. Seus olhos estavam fechados, seu peito subia e descia lentamente.

"Eu não sei o que estou fazendo," Axl admitiu, seu polegar traçando círculos na palma de Izzy.

"Nem eu," Izzy sussurrou. "Mas parece que é isso que a gente faz."

E então, sob o céu crepuscular de Los Angeles, com o som dos carros como trilha sonora, Axl Rose se inclinou e beijou Izzy Stradlin.

Não foi um beijo de rockstar. Foi hesitante, questionador. Um beijo que perguntava "posso?" e "você quer?".

E a resposta de Izzy foi lenta, deliberada. Sua mão livre subiu para o rosto de Axl, puxando-o para mais perto, aprofundando o beijo. Era o gosto de cerveja barata, de suor honesto e de uma verdade que ambos haviam evitado a vida inteira.

---

Eles não foram para um hotel. Foram para o apartamento modesto acima da oficina. Era pequeno, limpo, funcional. Cheirava a madeira, a café, a Izzy.

Axl olhou olhou em volta, sentindo-se como um intruso em um santuário. Havia fotos antigas na parede, ferramentas em uma prateleira, uma guitarra acústica em um canto.

"Você toca?" Axl perguntou, apontando para a guitarra.

"Às vezes. Para mim mesmo."

Axl pegou o instrumento, seus dedos encontrando os acordes de "Patience" instintivamente. A música encheu o pequeno espaço, uma melodia familiar em um lugar estranho.

Izzy o observou, seus braços cruzados. "É estranho. Ouvir você aqui."

"É estranho estar aqui," Axl concordou, colocando a guitarra de lado. "Mas de um jeito bom."

Eles ficaram em pé no meio da sala, se encarando. A atração era um campo de força agora, puxando um para o outro.

"Eu não sou bom nisso," Izzy advertiu, sua voz baixa. "Em... pessoas. Em complicações."

"Eu sou complicação ambulante," Axl respondeu, dando um passo à frente. "Mas eu acho que você já sabe disso."

Ele tocou o rosto de Izzy, seus dedos limpos e suaves contra a pele áspera do mecânico. "Você é tão real, caralho. Isso me assusta."

"Você é tão inacreditavelmente irreal. Isso me assusta," Izzy retrucou, mas ele se inclinou no toque.

O beijo deles na sala foi diferente – mais confiante, mais faminto. Era a ponte entre seus dois mundos. As mãos de Axl abriram os botões do macacão, descobrindo um torso magro e pálido, marcado pelo trabalho duro. As mãos de Izzy puxaram a jaqueta de couro de Axl, depois a camisa, revelando a pele tatuada e familiar do rockstar.

Eles se moveram para o quarto, uma sala espartana com uma cama de solteiro simples. Não havia luxo, apenas necessidade.

Na cama, sob a luz fraca de um abajur, eles exploraram um ao outro com uma mistura de urgência e reverência. Axl beijou cada calo nas mãos de Izzy como se fossem medalhas. Izzy traçou as tatuagens no corpo de Axl como se estivesse lendo sua história.

"Você é lindo," Axl sussurrou, sua boca percorrendo o pescoço de Izzy. "De um jeito que nenhuma foto de revista poderia jamais capturar."

Izzy não respondeu com palavras. Sua resposta foi arquear as costas quando a boca de Axl encontrou seu mamilo, um gemido baixo escapando de seus lábios. Suas mãos enterraram-se nos cabelos grisalhos de Axl, puxando-o para mais perto.

Era uma inversão de tudo. O poderoso Axl Rose, de joelhos, adorando o corpo de um mecânico quieto. O mundo não saberia, nunca entenderia.

Quando Axl o penetrou, foi com uma paciência que surpreendeu a ambos. Não havia pressa, apenas a sensação avassaladora de se conectar com algo verdadeiro. Izzy envolveu suas pernas na cintura de Axl, puxando-o para dentro, mais fundo, como se quisesse fundi-los.

O sexo foi uma conversa silenciosa e intensa. Cada movimento uma pergunta, cada gemido uma resposta. Quando o orgasmo os atingiu, foi uma explosão silenciosa e profunda que parecia sacudir os alicerces do pequeno apartamento.

Eles ficaram deitados depois, entrelaçados na cama pequena, o suor secando em seus corpos. O mundo lá fora – os shows, as turnês, a fama – parecia um milhão de milhas de distância.

"O que é isso, Iz?" Axl sussurrou, seu rosto enterrado no pescoço do mecânico.

"Eu não sei," Izzy respondeu, sua mão traçando padrões nas costas de Axl. "Mas não tem que ser nada. Pode ser só isso."

Pela primeira vez em muito, muito tempo, Axl sentiu que "só isso" era mais do que suficiente.

---

O Bentley foi consertado. O mundo exterior, com suas demandas e expectativas, bateu à porta na forma de um manager ansioso e uma limusine preta.

Axl estava vestido novamente com suas roupas de rockstar, mas algo em sua postura havia mudado. Sua arrogância habitual estava ausente.

"O show é hoje à noite," ele disse, parado na oficina, suas chaves na mão.

"Boa sorte," Izzy disse, enxugando as mãos em um pano. Ele estava de volta ao seu macacão, ao seu mundo.

"Eu... poderia te deixar ingressos. Passes de backstage."

Izzy balançou a cabeça. "Não é meu mundo, Axl."

Axl deu um passo à frente. "E daí? Você poderia... você poderia fazer parte dele."

"Como? Sendo seu segredo? O mecânico que você come quando está em LA?"

A dor na voz de Izzy era palpável. Axl sentiu como um soco.

"Não é isso que você é," Axl protestou, mas sua voz falhou. Porque, no fundo, ele sabia que era exatamente isso que seria. Um segredo sujo. Uma fuga da sua realidade.

Eles se encararam, o abismo entre seus mundos mais vasto do que nunca.

"Obrigado pelo conserto," Axl finalmente disse, sua voz formal, a máscara do rockstar escorregando de volta ao lugar.

"É o meu trabalho," Izzy respondeu, virando as costas e pegando uma ferramenta.

Axl ficou parado por um momento mais longo, olhando para as costas de Izzy, memorizando a cena. Então ele se virou e entrou na limusine.

O carro desapareceu no tráfego. A oficina estava silenciosa novamente.

Izzy ficou parado, a ferramenta pesada em sua mão, sentindo o eco do toque de Axl em sua pele, o gosto de seus beijos ainda em sua boca.

No Staples Center naquela noite, Axl Rose performou para dezenas de milhares de pessoas. Ele gritou, ele cantou, ele comandou o palco como o rei que era. Mas seus olhos, repetidamente, procuravam nas sombras da plateia, esperando, sem esperança, ver um rosto familiar sob um boné de baseball.

E em um apartamento acima de uma oficina, Izzy Stradlin pegou sua guitarra e tocou acordes suaves e melancólicos para a noite silenciosa, a música uma oração para algo que não poderia ser.

Dois homens. Dois mundos. Uma chama que queimou intensamente e brevemente no calor de Los Angeles, deixando para trás as cinzas do que poderia ter sido.

---

Duas semanas se passaram. A poeira do show no Staples Center havia baixado, as críticas eram favoráveis, o Bentley estava impecável. Mas algo dentro de Axl estava desalinhado, como uma engrenagem que saltou do lugar e agora rangia a cada movimento.

Ele estava em sua mansão em Malibu, cercado por vidro, aço e solidão. A vista para o oceano era espetacular, mas vazia. Tudo parecia vazio depois da oficina de Izzy Stradlin. Depois daquele apartamento modesto que cheirava a verdade.

Seu manager entrou, carregando uma pasta com contratos. "Axl, a turnê europeia... os promotores estão ansiosos por confirmação."

Axl não olhou para os papéis. Ele estava olhando para suas próprias mãos – mãos que seguravam microfones, que assinavam autógrafos, que nunca consertaram nada.

"Cancelem," ele disse, sua voz ecoando no vasto espaço.

"Cancelem? Axl, pelo amor de Deus, são 25 datas! Milhões de dólares!"

"Eu disse para cancelarem." A voz de Axl não era um grito. Era mais perigoso que isso – era plana, final. "Eu tenho algo para resolver."

Naquela mesma tarde, a limusine preta parou novamente em frente à "Stradlin & Sons". Desta vez, não havia Bentley destruído. Apenas um homem vestindo jeans simples e uma camiseta preta, sem jaqueta de couro, sem óculos escuros.

Izzy estava debaixo de um Ford Mustang 68, cantarolando baixo para si mesmo. Ele ouviu a campainha da oficina tocar, mas ignorou. Os clientes sabiam que ele viria quando terminasse.

Mas então ele ouviu passos se aproximando, um ritmo que ele reconheceu instantaneamente, que havia ecoado em seus sonhos nas últimas duas semanas.

Ele deslizou para fora debaixo do carro e se viu cara a cara com Axl Rose.

O silêncio foi profundo, quebrado apenas pelo tilintar de uma ferramenta que Izzy deixou cair no chão de concreto.

"Seu carro quebrou de novo?" Izzy perguntou, sua voz mais áspera do que pretendia.

"Não," Axl respondeu, suas mãos enfiadas nos bolsos. "Desta vez, acho que fui eu."

Ele parecia diferente. Menos... ampliado. Mais real. A postura de rockstar havia sido deixada na limusine.

"Por que você está aqui, Rose?" Izzy cruzou os braços, uma defesa automática.

"Porque eu não consigo parar de pensar naquele beijo, daquela noite ," Axl disse, a honestidade crua da declaração pairando no ar entre eles. "E porque eu cansei de viver uma vida onde um beijo real é a coisa mais rara que existe."

Izzy ficou parado, imóvel. Ele podia sentir o eco daqueles lábios nos seus, o fantasma das mãos de Axl em sua pele.

"O seu mundo... eu não me encaixo nele."

"E se eu não quiser mais aquele mundo?" Axl deu um passo à frente. "E se eu quiser este mundo? O cheiro de gasolina, o café queimado, o silêncio... você."

Era uma declaração tão monumental, tão impossível, que Izzy quase riu. Quase chorou.

"Você não sabe o que está dizendo. Você é Axl Rose."

"E você é Izzy Stradlin. E suas mãos consertam coisas. E eu... eu acho que preciso ser consertado."

A vulnerabilidade naquela afirmação foi a coisa mais poderosa que Izzy já testemunhou. Mais poderosa que qualquer acorde em qualquer estádio.

Ele não respondeu com palavras. Ele fechou a porta da oficina e girou a placa para "FECHADO". Então, ele se virou para Axl, pegou seu rosto entre suas mãos ásperas e beijou-o.

Era um beijo de posse, de aceitação, de resposta. Um beijo que dizia sim, mesmo sabendo que era uma loucura.

---

Os dias que se seguiram foram um experimento estranho e maravilhoso. Axl não voltou para Malibu. Ele ficou no apartamento acima da oficina. Ele aprendeu a fazer café na velha cafeteira de Izzy, a lavar sua própria xícara. Ele assistiu Izzy trabalhar, não como um observador, mas como um aprendiz.

"Segura isso," Izzy diria, entregando-lhe uma chave inglesa.

"Qual é a diferença entre isso e aquela?" Axl perguntou, segurando duas chaves idênticas para seus olhos.

Izzy sorriu, um daqueles raros sorrisos que iluminavam seu rosto. "Essa é métrica. Essa é polegada. Mundos diferentes, Rose."

"Me chama de Axl," ele pediu, suavemente.

"Axl," Izzy testou o som, e seu nome naquela voz rouca soou como uma música nova.

À noite, eles cozinhavam juntos, comiam na pequena mesa da cozinha, e Axl contava histórias de turnês que soavam como contos de fadas distantes e caóticos. Izzy falava de motores, de seu pai, da sensação de fazer algo quebrado funcionar novamente.

Foi durante uma dessas noites, com os pratos lavados e a luz suave da lua entrando pela janela, que a atração que sempre fervilhava sob a surface explodiu.

Eles estavam no sofá, sentados perto demais, o calor do corpo do outro uma presença constante e consciente. Axl estava falando sobre a pressão de escrever um novo álbum quando sua voz falhou. Ele olhou para Izzy, e o desejo nos seus olhos era tão cru que Izzy sentiu o ar sair de seus pulmões.

Sem uma palavra, Axl se ajoelhou no chão diante do sofá, suas mãos encontrando o zíper da calça de trabalho de Izzy.

"Izzy," ele sussurrou, seu nome uma prece. "Deixa-me."

E Izzy, com um gemido de rendição, deixou. Sua cabeça caiu para trás contra o sofá enquanto a boca de Axl – a boca que cantou para milhões – o envolvia com uma devoção que era quase religiosa. As mãos de Izzy enterraram-se nos cabelos de Axl, não guiando, apenas segurando, ancorando-se naquele turbilhão de sensação.

Foi a coisa mais íntima que ele já experimentou. Mais do que sexo, era adoração. Era entrega.

Quando a onda de prazer atingiu Izzy, foi com uma força que o cegou. Seus dedos se contraíram nos cabelos de Axl, um grito rouco escapando de seus lábios.

Axl olhou para cima, seu rosto uma mistura de triunfo e ternura. "Eu quero fazer você se sentir assim sempre," ele disse, sua voz rouca. "Só eu."

E então, naquele pequeno apartamento, eles fizeram amor. Foi lento, profundo, olhos abertos. Cada toque era uma promessa, cada beijo um contrato não escrito. Axl traçou cada centímetro do corpo de Izzy com suas mãos e lábios, como se estivesse memorizando um mapa para casa.

"Você é meu refúgio," Axl respirou, movendo-se dentro de Izzy com uma reverência que fazia o mecânico tremer. "Minha única coisa verdadeiramente real."

E Izzy, preso sob o peso e a verdade daquela declaração, apenas se entregou, permitindo que aquela sensação de pertencimento o inundasse, sabendo que, independentemente do que acontecesse a seguir, nada mais seria igual.

Eles adormeceram entrelaçados na cama pequena, o mundo lá fora esquecido, dois homens encontrando paz nos braços um do outro, no lugar mais inesperado.

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Seis semanas se passaram. O que começara como uma atração proibida transformara-se em algo profundamente enraizado. Axl praticamente morava no apartamento acima da oficina. Seus guarda-roupas em Malibu estavam cheios de roupas de grife, mas ele vivia de jeans baratos e camisetas que cheiravam a gasolina e a Izzy.

E com a intimidade veio um humor peculiar, uma leveza que nenhum dos dois esperava. E a descoberta de que, longe dos holofotes, Axl Rose era um palhaço escondido com um lado sutilmente pervertido, e Izzy Stradlin escondia uma ternura secreta.

A cena começou em uma tarde de sábado. A oficina estava oficialmente fechada, mas Izzy estava terminando um trabalho no motor de uma Dodge Challenger 70. Ele estava debaixo do capô, concentrado, quando um par de mãos o agarrou por trás, cobrindo seus olhos.

"Pega num negócio aqui pra mim, mecânico," sussurrou uma voz áspera e familiar em seu ouvido.

Izzy sorriu contra as mãos de Axl. "Estou ocupado, Rose. Alguns de nós trabalham para viver."

"Eu também trabalho," Axl argumentou, esfregando seu corpo pau ereto contra as costas de Izzy. "Tô trabalhando duro pra te corromper."

Izzy riu, um som raro e livre. Ele se virou dentro do abraço de Axl. O rockstar estava vestindo apenas uma das regatas velhas de Izzy, que ficava justa em seus músculos, e um shorts de jeans surrado. Seus pés estavam descalços no chão de concreto sujo.

"Você é um perigo público," Izzy murmurou, suas mãos sujas de graxa encontrando a cintura de Axl.

"Só para você," Axl respondeu, antes de capturar seus lábios em um beijo profundo e lascivo. Sua língua invadiu a boca de Izzy com uma familiaridade ousada.

O beijo rapidamente se tornou mais intenso. As mãos de Axl desceram, abrindo o macacão de Izzy, puxando-o para baixo dos seus quadris.

"Axl... aqui não..." Izzy protestou, fraco, enquanto a boca de Axl encontrava seu pescoço.

"Por que não? É a sua oficina. Suas regras." Axl se ajoelhou, seu rosto nivelado com a cintura de Izzy. Ele puxou a cueca para baixo, libertando o pau já semi-ereto de Izzy. "Além disso, eu preciso de uma inspeção completa."

Izzy soltou um gemido quando a boca quente de Axl o envolveu. Suas mãos agarram a borda do capô do carro, seus joelhos amolecendo. "Porra... alguém pode ver..."

"Deixa eles verem," Axl rosnou, sua voz vibrando contra a pele sensível de Izzy. "Deixa todo mundo saber que o grande Axl Rose sabe engolir como um profissional."

A imagem obscena e a declaração arrogante foram a combinação perfeita. Izzy riu, um som ofegante e incrédulo, mesmo enquanto o prazer o dominava. "Seu... seu idiota... narcisista..."

"Seu idiota," Axl corrigiu, antes de afundar mais fundo, fazendo Izzy arquear as costas e gritar.

Foi rápido, sujo e incrivelmente excitante. A sensação de estar sendo desejado tão abertamente, tão irreverentemente, fez Izzy explodir na boca de Axl em questão de minutos, seu corpo tremendo contra o para-choque do carro.

Axl engoliou com um sorriso triunfante, limpando a boca com as costas da mão. "Serviço completo. Aceita cartão de crédito?"

Izzy, ainda ofegante, puxou Axl para cima por sua regata e o beijou com força, provando seu próprio gosto na boca do rockstar. "Você é insuportável."

"Você adora." Axl o virou e o dobrou sobre o capô quente do Challenger. "Minha vez."

O que se seguiu foi uma sessão de sexo que era igual partes comédia e pornografia. Axl, descobrira-se, era um tagarela obsceno durante o ato.

"Você gosta disso, não é, seu mecânico safado?" ele rosnou, lubrificando-se rapidamente com cuspe antes de pressionar a entrada de Izzy. "Gosta de ser comido no capô do seu carro?"

"Sim, porra, Axl, apenas... cala a boca e me come!" Izzy gemeu, suas mãos espalmadas no metal quente, seu corpo se curvando para encontrar o empurrão de Axl.

Mas Axl não calou a boca. Ele era um narrador pervertido de sua própria performance.

"Tão apertado... sempre tão apertado para mim... você guarda isso só para mim, Izzy? Essa quentinha... ah, porra..." Ele mudou o ângulo, buscando o ponto que fazia Izzy ver estrelas.

Izzy gritou, um som agudo e quebrado, quando Axl acertou em cheio. "Aí! Ai, caralho, Axl, aí mesmo!"

"É aqui que o meu mecânico gosta?" Axl bombou, cada investida profunda e precisa. "É aqui que você sente o rockstar te fodendo?"

"Sim! Seu egocêntrico... filho da puta... não para!" Izzy estava perdendo o controle, sua linguagem normalmente contida abandonada sob a investida de Axl e suas palavras sujas.

Axl riu, um som rouco e vitorioso. Ele se curvou sobre as costas de Izzy, sua boca perto de seu ouvido. "Quer que eu goze dentro de você, Iz? Quer que eu marque o meu território? Deixa você pingando de mim o dia todo enquanto conserta carros?"

A crueza das palavras, combinada com o prazer avassalador, foi demais para Izzy. Ele gritou o nome de Axl enquanto seu próprio orgasmo o atingia, seu sêmen espirrando no capô limpo do Challenger.

O espasmo interno de Izzy foi o gatilho para Axl. Com um rosnado gutural, ele enterrou-se até o fundo e despejou-se dentro de Izzy, seu corpo tremendo violentamente contra as costas do mecânico.

Eles desabaram juntos sobre o capô, ofegantes, suados, rindo entre respirações ofegantes.

"Você... você é a pior coisa que já me aconteceu," Izzy gemeu, seu rosto contra o metal.

Axl beijou seu ombro, suave agora. "Você mente tão mal, Stradlin." Ele fez uma pausa, olhando para a bagunça que fizeram. "Vamos precisar de um pano."

Izzy riu, um som exausto e feliz. "Você vai limpar."

"Justo." Axl deu um tapa leve na sua nádega antes de se levantar. "Mas só porque eu gosto de ver você de quatro."

Eles passaram a tarde rindo, limpando o carro (e a si mesmos), e descobrindo que, no final das contas, o amor podia ser tão leve, sujo e hilário quanto era profundo e intenso. Dois homens de mundos diferentes, encontrando não apenas paixão, mas também alegria, no lugar mais inesperado – e nos corpos um do outro.

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Dois anos se passaram desde que o mundo do rock e o mundo das ferramentas colidiram de forma permanente. A oficina "Stradlin & Sons" ainda cheirava a gasolina e óleo, mas agora também tinha um violão caro encostado no canto e, às vezes, o som de vocais de ensaio ecoando do apartamento acima.

A mudança não foi fácil. Houve manchetes – "AXL ROSE SOME COM MECÂNICO MISTERIOSO" – e um frenesi da mídia que durou meses. Axl, para surpresa de todos, incluindo ele mesmo, lidou com isso com uma serenidade inédita. Ele deu uma entrevista, apenas uma, para a Rolling Stone. A capa era uma foto dele e de Izzy, tirada no pátio da oficina, ambos de macacões sujos, segurando xícaras de café. A manchete: "ENFIM, MINHA REALIDADE".

Dentro, ele simplesmente disse: "Encontrei alguém que me ama pelo silêncio, não pelos gritos. E eu descobri que prefiro o silêncio."

Izzy, por sua vez, aprendeu a navegar nas bordas da fama. Ele não ia a eventos, não dava entrevistas. Sua vida ainda era a oficina. A diferença era que agora, às vezes, ele fechava mais cedo para voltar para casa – seu verdadeiro lar, uma casa modesta no vale que ele e Axl compraram juntos – onde um rockstar reformado o esperava, geralmente tentando (e falhando) cozinhar o jantar.

A dinâmica sexual deles havia evoluído. A paixão inicial e desesperada transformara-se em uma intimidade profunda e brincalhona. Eles se conheciam – cada curva, cada ponto fraco, cada som que o outro fazia no auge do prazer.

Foi nesse contexto que, em uma noite de terça-feira comum, a cena aconteceu.

Izzy chegou em casa exausto depois de um dia lutando com a transmissão de um caminhão velho. A casa cheirava a lasanha (queimada, provavelmente, obra de Axl) e a velas (que Axl acendia para disfarçar o cheiro da lasanha queimada).

Ele encontrou Axl no quarto, sentado na cama com um sorriso de orelha a orelha que era pura travessura.

"O que você fez?" Izzy perguntou, desconfiado, tirando a jaqueta.

"Nada!" Axl respondeu, muito rápido. "Só... pensei que a gente podia... inovar."

"Inovar," Izzy repetiu, deadpan. "A última vez que você 'inovou', eu quase precisei de um quiroprata."

"Essa foi diferente! E você gostou no final."

"Eu gostei de você parar," Izzy retrucou, mas ele estava se aproximando da cama, um sorriso pequeno brincando em seus lábios.

Axl pegou uma caixa discreta de embaixo da almofada. Era pequena, de papelão simples. "É para você."

Izzy abriu a caixa com cautela. Dentro, sobre um tecido preto, estava um estimulador de próstata. Era elegante, de silicone preto, com uma forma sinuosa e... intimidante.

Izzy ficou paralisado, olhando para o objeto, depois para o rosto animado de Axl. "O que... é isso?"

"É um massificador prostático de alta precisão!" Axl anunciou, como se estivesse apresentando um novo solo de guitarra. "Tem dez configurações de vibração e a ponta é anatomicamente projetada para..."

"Pare de falar como um manual de instruções," Izzy interrompeu, jogando a caixa na cama como se estivesse quente. "Eu não vou usar isso."

"Ah, vamos! É tecnologia, Iz! Avanço científico! Pense nisso como... uma ferramenta nova. Para o seu... você sabe." Axl gesticulou vagamente em direção à região inferior de Izzy.

"Minha 'oficina interna' não precisa de uma ferramenta elétrica, Axl."

"Mas eu quero ver!" Axl implorou, ajoelhando-se na cama. Sua expressão era de pura curiosidade lasciva. "Quero ver o que isso faz com você. Quero ver você perdendo o controle por causa de um pequeno... aparelho."

Izzy cruzou os braços. "Não."

"Por favor?" Axl puxou o cartão da culpa. "Lembra quando eu cantei 'Sweet Child O' Mine' inteiro no jantar de família da sua tia Edna?"

Izzy franziu o cenho. Foi um momento vergonhoso e, secretamente, um dos favoritos dele. "Isso é chantagem emocional de baixo nível."

"Funciona?" Axl perguntou, suas mãos já abrindo o botão da calça de Izzy.

"Talvez," Izzy murmurou, sua resistência diminuindo à medida que os dedos de Axl desciam pelo seu zíper.

Dez minutos depois, Izzy estava deitado de costas na cama, completamente nu, com um travesseiro sob os quadris. Ele estava corado, seus olhos fechados.

"Axl, isso é ridículo," ele resmungou, enquanto Axl lubrificava o brinquedo com um gel comestível de morango ("É temático!" Axl insistira).

"É ciência," Axl corrigiu, solene. Ele ligou o dispositivo. Um zumbido baixo preencheu o quarto. "Pronto para o lançamento, Sr. Engenheiro."

"Vou te matar," Izzy prometeu, mas seu protesto foi interrompido quando a ponta fria e lubrificada do brinquedo tocou sua entrada.

"Relaxa, querida," Axl sussurrou, sua voz suave e encorajadora. "Apenas... aceite a tecnologia."

Ele empurrou gentilmente. O brinquedo deslizou para dentro, sua forma curvada encontrando um caminho familiar. Izzy prendeu a respiração. Era uma sensação estranha – não era Axl, não era humano, mas era... intenso.

"E agora..." Axl anunciou, como um mágico no palco, "...o grande finale!" Ele girou o botão.

O zumbido tornou-se uma vibração profunda e penetrante que fez com que todo o corpo de Izzy se estremecesse. Seus olhos se arregalaram.

"Porra!"

"Bom?" Axl perguntou, seu rosto iluminado com pura alegria maliciosa.

"Desliga isso!" Izzy tentou se afastar, mas Axl segurou seus quadris.

"Espera, espera, só... deixa eu ver." Axl ajustou a configuração. A vibração mudou, tornando-se mais rápida, mais focada.

Um gemido longo e involuntário escapou dos lábios de Izzy. Suas mãos agarraram os lençóis. "Axl... isso é... ah, caralho..."

"É o ponto G, seu idiota genial!" Axl exclamou, triunfante. "Eu li sobre isso! É uma coisa real!"

Izzy não conseguia mais falar. A sensação era incrível – uma pressão e vibração constantes e precisas que atingiam um nervo que ele nem sabia que tinha com tanta clareza. Seu próprio membro, que estava flácido de ceticismo, estava agora completamente ereto e latejante contra sua barriga.

Axl observou, fascinado, enquanto o corpo de Izzy se contorcia no colchão. "Você é tão lindo assim," ele murmurou, sua voz cheia de admiração. "Olha para você, todo entregue a um pedaço de silicone. Eu devia ter ciúmes."

"Se você... parar... eu te mato... devagar," Izzy gemeu entre respirações ofegantes.

Axl riu e, então, decidiu se juntar à festa. Ele se posicionou entre as pernas abertas de Izzy, substituindo o brinquedo pela ponta de seu próprio membro, já duro e pronto.

A sensação de trocar a vibração constante pela carne quente e familiar de Axl foi avassaladora. Izzy gritou quando Axl penetrou, a sensação amplificada mil vezes pela estimulação anterior.

O sexo que se seguiu foi caótico e hilário. Axl não conseguia parar de rir, maravilhado com a reação hiper-sensível de Izzy. Cada investida era recebida com um gemido abafado e um contra-ataque de xingamentos criativos.

"Tão... tão sensível," Axl rosnou, maravilhado, sentindo o corpo de Izzy contrair around dele de uma maneira nova e louca.

"Cala a boca e me come, seu... seu cientista louco!" Izzy ordenou, suas pernas envolvendo a cintura de Axl com força.

O orgasmo de Izzy foi tão intenso que foi quase violento. Ele gritou, um som rouco e quebrado, enquanto jorrava entre seus estômagos. A visão foi o suficiente para levar Axl junto, ele desabando sobre Izzy com um último empurrão profundo e um gemido de pura felicidade.

Eles ficaram deitados depois, um emaranhado de suor, risadas e gel de morango.

"Okay," Izzy admitiu, ofegante, seu rosto enterrado no pescoço de Axl. "Talvez... talvez a tecnologia tenha seus usos."

Axl beijou seu ombro, seu corpo ainda tremendo de riso e prazer. "Eu te disse. Próxima vez, compro um que seja controlado por um app no meu telefone."

Izzy levantou a cabeça, alarmado. "Você não faria isso."

Axl apenas sorriu, seus olhos brilhando com promessas de futuras travessuras. E no fundo, mesmo exausto e levemente traumatizado, Izzy sabia que não trocaria aquela vida por nada no mundo. Ele tinha um rockstar aposentado, um brinquedo sexual e uma oficina. Era bagunçado, era engraçado, era real.

Era tudo que ele sempre quisera, sem nunca saber.

 

💫 Fim.