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Toque Proibido: Uma Coletânea Íntima de AxlIzzy

Summary:

Uma coletânea de one-shots onde a paixão entre Axl Rose e Izzy Stradlin é a única constante em universos diferentes. Do estúdio sujo à estrada solitária, da oficina à fama, o desejo sempre encontra um caminho – crú, proibido e incontrolável.

Notes:

Aviso:Esta história é uma ficção e não tem a intenção de ofender nenhum dos membros da banda Guns N' Roses

✨ Oi, gente! Tudo bem com vocês? ✨

Trago uma novidade super especial: nossa fanfic agora virou uma COLETÂNEA! 💫

Isso significa que cada capítulo é uma historinha independente e completa sobre Axl e Izzy! 😊

🎵 Capítulo 1: "Fita Demo Proibida" (Já postado!) foi EXPANDIDO e ATUALIZADO!

🚌🌴 Capítulo 2: " Verdade ou Desafio no Inferno Verde"

🔧 Capítulo 3: "O Mecânico e o Rockstar"

Agora você pode ler na ordem que quiser! 💖

Espero que curtam muito essa nova fase!
Amo escrever para vocês! 🥰💙💙💙

 

Beijos e até logo! 😘

Chapter 1: Gemidos e Notas Altas

Summary:

A noite em que a tensão sexual no estúdio criou não apenas um hino do rock, mas um segredo que poderia destruir tudo.

Notes:

Oi pessoal! 💖

Este é o capítulo que deu origem a tudo! A clássica e proibida "Fita Demo", agora expandida e mais quente que nunca!

Avisos/Tags do capítulo:
Estúdio de Gravação Making of Rocket Queen Gravação Secreta Posse Ciúmes Sexo Explícito Segredos e Mentiras

Atenção: cenas intensas de poder e submissão pela arte! 🎤🔥

PS: Quem já leu antes vai encontrar +5.000 palavras NOVAS de pura tensão!

Comentem qual foi a cena que mais pegou fogo! 😉

Chapter Text

Los Angeles, Estúdio de Gravação – Madrugada de 1988

A sala de controle fedia a café velho, nicotina e a um inconfundível cheiro agridoce de Jack Daniel's. Eram quatro da manhã, e a escuridão do lado de fora parecia ter invadido o estúdio, deixando apenas as luzes vermelhas e amarelas dos consoles acesas, criando um cenário claustrofóbico e íntimo.

Oficialmente, o resto da banda – Duff, Slash e Steven – haviam desistido há horas, arrastados pela exaustão. Mas a sessão não terminara, pois para Axl Rose e Izzy Stradlin, o trabalho raramente parava, especialmente quando havia uma melodia incompleta ou uma garrafa de uísque.

Axl estava sentado na grande cadeira de couro em frente à mesa de mixagem Neve, com os dedos nervosamente tamborilando sobre os faders. Ele usava uma regata branca, e o suor da garganta na qual ele berrava as melodias estava quase seco.

Izzy, mais contido, estava do outro lado do vidro na sala de gravação principal. Ele tinha tirado a camisa pesada de flanela, deixando à mostra um torso magro e nervoso. Seus olhos estavam semicerrados, focados na harmonia que ele dedilhava repetidamente em sua Les Paul Sunburst, sem amplificador, apenas o som da madeira oca. Ele era o contraste perfeito de Axl: calmo onde Axl era fogo, silêncio onde Axl era grito.

"De novo, Stradlin," Axl sibilou pelo microfone de talkback, a voz rouca. "O groove está morrendo na ponte. Precisa daquele veneno. O seu veneno."

Izzy soltou um bufo, mas obedeceu. Ele amava odiar a obsessão implacável de Axl por aquela perfeição. A música era um rascunho de algo pesado e sinuoso – o que mais tarde se tornaria "Rocket Queen".

Ele reiniciou o riff. Os dedos longos e finos de Izzy deslizavam pelo braço, a melodia carregada de uma melancolia suja, a cara de Izzy debaixo do cabelo longo.

Axl fechou os olhos. Ele não precisava ver a notação musical; ele precisava sentir. Ele se inclinou para frente no console, quase em transe.

"Sim. Isso," ele murmurou. "Agora adicione a distorção. Me dê o desespero."

Izzy pegou a garrafa de Jack Daniel's deixada no chão da sala de instrumentos, tomou um gole longo, e a colocou de volta. Ele chutou o pedal.

A sala de controle foi instantaneamente inundada pelo som da Les Paul rugindo. O riff de Izzy não era agressivo como o de Slash; era mais calculista, mais sedutor, como um convite perigoso.

Axl se levantou, incapaz de ficar parado. Ele abriu a porta da sala de controle e se encostou no batente, observando Izzy.

"Mais! Deixe-o sangrar, Izzy!"

Izzy parou abruptamente. Ele largou o violão, que pendurou no corpo pelo strap. Ele estava cansado de obedecer.

"Eu te dei o que você pediu. Trinta vezes," Izzy disse, e mesmo que o talkback estivesse desligado, a voz dele ecoou na sala de gravação, clara e cansada.

Axl pegou o copo de uísque e deu um gole, o gelo estalando. "Você pode fazer melhor. Você sempre pode fazer melhor. É por isso que você está aqui, e os outros não. Porque você sabe disso."

"Eu não estou aqui," Izzy respondeu, tirando os headphones. "Eu nem sei se sou aqui. Eu só estou... tocando."

Axl empurrou a porta de vidro para se juntar a Izzy na sala de gravação. O ar aqui era mais frio, saturado de pó e poeira do carpete velho.

"Você sabe que a banda é a nossa desculpa, Izzy," Axl disse, caminhando lentamente em torno dos equipamentos. "É o nosso disfarce para fazer esse tipo de coisa. Ficar acordado, fedendo, fazendo a única coisa que tem algum sentido. Criar."

Ele parou bem na frente de Izzy. A proximidade era imediata, a bolha de segurança de Izzy invadida.

"Eu sinto a música. Ela está crua. Mas eu preciso que você me mostre o que está na sua cabeça. Não o que está na sua mão. O que você sente quando toca isso?" Axl estendeu a mão, e em vez de tocar a Les Paul, ele tocou o peito de Izzy, logo acima do coração.

Izzy o empurrou para longe, mas não com força o suficiente. Era mais um aviso do que uma rejeição. "É um groove, Axl. Não é uma poesia existencial. É uma batida."

"Não minta," Axl retrucou, o tom dele aumentando, mas não em raiva, e sim em uma intensidade perigosa. "Você só toca assim para mim. Para os outros, você se esconde. Você me dá a sua alma. Eu sei."

Izzy pegou a garrafa de Jack, mas Axl a tomou dele. "Chega de bebida. Você precisa estar limpo para isso."

Axl colocou a garrafa no chão, longe do alcance de ambos. O silêncio tomou conta do estúdio. Agora, o único som era a respiração de Axl, irregular e pesada.

Izzy olhou para as luzes vermelhas que piscavam no display de gravação na sala de controle. "Eu tenho uma ideia," ele finalmente disse, ignorando a invasão de Axl. "O segundo verso. A batida no violão precisa ser mais rápida, mais urgência."

"Mostre," Axl exigiu.

Izzy não tinha amplificador ou cabos, e o estúdio era grande demais. Ele hesitou. "Eu não consigo. Você não vai ouvir a nuance da mão."

Axl, com uma decisão repentina, pegou a cadeira de rodinhas do piano e a arrastou para a frente da mesa de mixagem. Ele se sentou e bateu na perna, impaciente.

"Eu não vou sair daqui. Eu sou o ouvinte. Venha. Me mostre no violão."

Izzy hesitou por mais um momento. O convite era direto e inocente do ponto de vista musical. Mas ele sentia o calor de Axl, a maneira como os olhos dele brilhavam no escuro, o perigo que ele representava.

Ele finalmente cedeu. Izzy pegou o violão. Em vez de ficar em pé, ele caminhou até Axl.

A sala de controle era pequena, e a única maneira de Axl ouvir de perto, e para Izzy mostrar o ritmo, era se aproximar.
Izzy parou atrás da cadeira de Axl. Ele inclinou o corpo para trás, apoiando as costas na parede do estúdio, mas isso ainda não era suficiente.

"Não consigo ver," Axl reclamou. "Eu preciso ver seus dedos."

Izzy soltou um suspiro, cheio de exasperação. Ele olhou para a porta de saída, para a escuridão. Não havia escapatória.

Ele deu um passo à frente, montando na cadeira de Axl. Izzy não estava sentado no colo de Axl, ele estava mais para a lateral, equilibrando-se nos apoios de braço da cadeira de couro, com o quadril apoiado na lateral da coxa de Axl, e o violão acústico pressionado contra o peito de Axl.

Agora, eles estavam em perfeita proximidade. Axl podia ver as mãos de Izzy e sentir o calor do seu corpo magro através do tecido fino da calça jeans. A respiração de Izzy roçava a orelha de Axl enquanto ele se inclinava para mostrar a batida.

Izzy começou a tocar. Seus dedos eram rápidos e precisos, o novo ritmo entrando no ar.

Axl não ouvia a música. Ele sentia o tremor do violão contra seu peito, o cheiro de tabaco e a pele quente de Izzy.

"Não," Axl sussurrou, a voz profunda e rouca, as mãos pousando firmemente na cintura de Izzy, como se estivesse segurando-o para garantir a estabilidade da cadeira. "O ritmo está certo. Mas não pare. Me mostre a intensidade, Izzy."

Os olhos de Axl se fecharam novamente. Ele estava pressionando os quadris para perto, e o toque das mãos na cintura de Izzy não era mais de suporte, mas de posse.

Izzy parou de tocar. O violão caiu em seu colo.

"Axl," Izzy disse, a voz quase inaudível, mas cheia de aviso.

Axl abriu os olhos, com a visão perigosamente focada.

"Ninguém está aqui. Só você e eu. Você sabe disso."

Axl moveu uma das mãos de forma lenta e deliberada, apertando a cintura de Izzy e puxando seu quadril ainda mais para perto. Ele inclinou a cabeça para trás, olhando para o rosto de Izzy.

"O que você quer, Axl?"

"Você sabe o que eu quero. É o mesmo que você quer," Axl respondeu, a voz perigosamente baixa. Ele moveu a mão, deslizando-a de baixo da regata branca de Izzy, a pele fria encontrando a pele quente.

Izzy se inclinou, jogando o violão desajeitadamente para o lado, onde ele bateu no braço do sofá. Ele não se afastou. Em vez disso, ele jogou o corpo para frente, as mãos nos braços da cadeira, prendendo Axl. Ele estava com raiva, mas com uma raiva que era quase atração.

Axl sorriu. Triunfante.

Izzy fechou a distância, roubando o fôlego de Axl com um beijo que era mais uma mordida. As bocas se encontraram com a urgência de meses de tensão acumulada. A língua de Izzy invadiu a boca de Axl, explorando cada centímetro. Axl respondeu com a mesma intensidade, aprofundando o beijo.

Axl agarrou Izzy pela cintura e o puxou com força em direção ao velho sofá encostado na parede do estúdio, onde as almofadas afundavam com o peso da história e do cansaço.

Izzy tropeçou junto, o corpo colidindo com o de Axl, os dois caindo sobre o couro gasto. As mãos de Axl subiram pelas costas de Izzy, agarrando o tecido fino do jeans, puxando-o para mais perto, como se quisesse fundi-los.

Izzy começou a puxar a camiseta de Axl, os dedos tremendo levemente, como se cada movimento fosse uma decisão difícil. Axl ergueu os braços devagar, deixando que Izzy o despisse. A camiseta caiu no chão, esquecida.

Izzy passou as mãos pela barriga de Axl, sentindo o calor da pele, os músculos tensos sob o toque. Ele olhou para o rosto de Axl, procurando alguma hesitação — mas só encontrou desejo.

"E se alguém aparecer?" Izzy perguntou, a voz baixa, quase um sussurro.

Axl sorriu, os olhos semicerrados. "Então eles vão ouvir o que é real."

Sem esperar resposta, Axl abaixou a cabeça e afundou o rosto no pescoço de Izzy, beijando com intensidade, mordendo com precisão. Izzy soltou um gemido abafado, tentando conter o som contra o ombro de Axl.

"Não," Axl murmurou contra a pele quente. "Não esconde. Eu quero ouvir você."

As mãos de Axl desceram pelas costas de Izzy, alcançando a cintura, passando pela calça jeans. Ele começou a abrir o botão com lentidão, como quem saboreia cada segundo.

O som seco do zíper descendo pareceu ecoar no estúdio vazio. O tecido caiu, e o sorriso malicioso surgiu nos lábios de Axl.

"Você está sem cueca…," ele soltou, em tom baixo, carregado de provocação.

Izzy virou o rosto de lado, tentando manter a calma, mas as bochechas ardiam em um vermelho que o traía.

"Cala a boca, Axl…," resmungou entre dentes, sem encarar de imediato.

O cantor não obedeceu. Ao contrário, aproximou-se de repente, colando a boca na dele. O beijo foi urgente, quase brutal, e Izzy não conseguiu se conter: correspondeu, os dedos deslizando nervosos pela nuca do ruivo, puxando-o para mais perto.

Quando Axl se afastou um instante, o olhar dele era intenso, quase perigoso. Passou a ponta dos dedos devagar pelo rosto de Izzy, contornando-lhe a mandíbula, como se estivesse decorando cada traço. Depois, o polegar roçou a linha dos lábios dele, testando a resistência. Izzy o olhava de volta, os olhos semicerrados, mas cheios de algo que misturava desafio e rendição.

Então Axl forçou um pouco mais, empurrando dois dedos contra a boca dele. Izzy hesitou por um segundo, antes de abrir os lábios, deixando-o entrar. O silêncio do estúdio foi quebrado apenas pelo som úmido quando Izzy começou a chupar os dedos de Axl, lento, provocativo apesar da vergonha que queimava em suas bochechas.

Axl não desviava os olhos, e a tensão entre os dois parecia vibrar no ar. Izzy chupava os dedos dele como se cada movimento fosse um desafio, mas o rubor intenso no rosto denunciava o quanto estava entregue.

Axl deixou a outra mão escorregar pela barriga lisa de Izzy, os dedos descendo até alcançar o membro rígido. Ele o envolveu com firmeza, arrancando um arquejo imediato. O movimento começou lento, mas seguro — a palma deslizando, o punho subindo e descendo, marcando um ritmo que Izzy não conseguiu resistir.

O polegar pressionava contra a glande, espalhando o líquido que já escorria, e cada passada fazia Izzy estremecer. O som que escapava da garganta dele era abafado, porque os dedos de Axl ainda estavam em sua boca. Izzy os chupava com força, a língua enrolando em torno deles, gemendo contra a pele, os olhos semicerrados encarando os de Axl em desafio e rendição ao mesmo tempo.

Axl, naquele momento de caos, estendeu a mão na escuridão. O console de gravação estava ali, a poucos metros. No calor do momento, ele sentiu o toque do botão.

REC.

Ele pressionou levemente. A pequena luz vermelha de gravação acendeu, quase invisível na penumbra. O microfone do talkback, que estava aberto, captou tudo — a respiração entrecortada, os gemidos abafados que Izzy tentava esconder no pescoço de Axl, o som do atrito do couro e do tecido, o ritmo sujo dos corpos se encontrando.

As pernas dele cederam, se fechando ao redor da cintura de Axl, puxando-o para mais perto, como se quisesse arrastá-lo para dentro de si. O quadril se arqueava instintivamente, pedindo mais fricção, mais pressão.

Axl se inclinou, o sorriso perverso roçando nos lábios de Izzy, e sussurrou com voz rouca, mal contida pelo prazer:

"Olha só pra você… tão bonito assim, gemendo pra mim… Minha querida."

Izzy fechou os olhos, as bochechas queimando de vergonha e desejo misturados, mas o corpo se entregava sem trégua.
Axl retirou os dedos da boca dele lentamente, observando o fio de saliva que se rompeu quando os afastou. Depois levou a mesma mão ao rosto de Izzy, passando o polegar pelos lábios inchados, marcados pelas mordidas.

"Quero você todo pra mim… agora," a voz dele saiu como uma ordem.

Izzy sentiu o corpo inteiro estremecer. Ele não respondeu com palavras, apenas puxou Axl de volta para um beijo desesperado, ofegante, como se não houvesse mais nada no mundo além daquele momento.

Axl deixou a mão deslizar pela pele quente de Izzy, os dedos ainda úmidos da saliva dele. Desceu devagar até encontrar a entrada apertada, e naquele instante Izzy interrompeu o beijo, soltando um suspiro trêmulo. A cabeça caiu para trás no encosto do sofá, expondo o pescoço alvo.

Axl aproveitou. Colou a boca ali, mordendo e beijando, deixando marcas enquanto apenas roçava os dedos na entrada. O toque era provocação pura — pressionava, circulava, mas não cedia logo.

Quando finalmente empurrou o primeiro dedo, o corpo de Izzy arqueou inteiro, e um gemido alto escapou, ecoando pelo estúdio vazio.

"Isso...," Axl murmurou contra a pele, a voz rouca e satisfeita.

O movimento se repetiu: entrando, saindo, cada vez mais fundo, até que Izzy se contorcia sob ele, tentando acompanhar o ritmo. Quando Axl acrescentou um segundo dedo, o gemido de Izzy foi mais grave, quebrado. O terceiro dedo o fez perder qualquer controle — as coxas tremeram contra a cintura de Axl, e quando ele atingiu um ponto mais profundo, Izzy deixou escapar um grito involuntário, quase doloroso de tão intenso.

O som surpreendeu até Axl, que parou por um instante só para olhar o rosto dele, suado e entregue.

"Porra, Izzy… você não sabe o quanto eu gosto de te ouvir assim."

Izzy apertou os olhos, mordendo o lábio inferior, até sussurrar entre respirações pesadas:

"P-para… por favor… eu quero você… quero você dentro de mim."

Axl obedeceu sem hesitar. Se ergueu rápido, desfazendo o zíper da própria calça, baixando o tecido até se livrar dele. O corpo dele surgiu inteiro — pele iluminada pela fraca luz do estúdio, músculos tensos pelo desejo, e o membro duro, vermelho, pulsando, já marcado pelo pré-gozo.

Izzy o encarou com as bochechas vermelhas, o peito subindo e descendo em desespero. Por um instante, parecia que queria desviar o olhar, mas não conseguiu.

Axl voltou para cima dele, retomando o beijo com uma força quase brutal, misturando saliva, desejo e urgência.
Axl se moveu, a ponta do pau entrando com lentidão, encontrando resistência. Izzy respirou fundo, o corpo tenso, mas não recuou. Axl esperou, sentindo a pele quente e apertada envolvendo-o, e então, com um gemido rouco, empurrou mais fundo.

O estúdio se encheu de sons crus: a respiração acelerada, o rangido do sofá, o atrito das peles. Izzy tentou erguer uma mão para abafar a própria boca, mas Axl prendeu os pulsos dele contra o estofado, acima da cabeça, segurando firme.

"Não," a voz de Axl era um comando, quente no ouvido dele. "Eu quero ouvir você. Quero todo esse som só pra mim."

Os gemidos de Izzy ecoavam, cada vez mais altos, quebrando a pose de indiferença que ele tanto tentava manter. Axl olhava para ele como se quisesse gravar cada expressão, cada tremor, cada entrega.

Axl se moveu, a penetração lenta, mas firme. Izzy sentiu a ponta dura preencher, esticando-o, e um gemido curto escapou: “ah…”. Axl esperou, aproveitando a sensação de Izzy se adaptando, antes de empurrar mais fundo.

"Ah, porra…," Izzy gemeu, a voz embargada, enquanto Axl preenchia-o por completo. O corpo dele se arqueou, as unhas fincadas no estofado.

Axl começou a se mover, lento a princípio, aproveitando cada centímetro, cada reação. Os gemidos de Izzy se intensificaram, intercalando curtos e longos: “hnn…”, “aaahh…!”, “Ax…”. A cada estocada, o prazer se tornava mais intenso, a entrega mais completa.

"Gosta disso, meu amor?," Axl perguntou, a voz rouca, enquanto acelerava o ritmo.

Izzy não respondeu com palavras, apenas com gemidos, a respiração pesada, o corpo convulsionando sob o dele. A cada movimento, a sensação de preenchimento e prazer se intensificava, levando-o ao limite.

Axl aumentou a velocidade, a intensidade, e os gemidos de Izzy se tornaram mais desesperados, mais quebrados: “a-ahhhhnn…”, “aaahh…!”, “a-ahhhhnn…”. O corpo dele tremia, as pernas se fechando e abrindo, em busca de mais contato.

O clímax se aproximava, e Axl sentiu a própria excitação aumentar. Ele se moveu com mais força, mais profundidade, e Izzy gritou, um grito longo e agudo, quando o prazer o dominou por completo.

"A-ahhhhnn…!," Izzy gritou, a voz rouca, enquanto o corpo dele se contorcia.

A cada estocada, Izzy se contorcia, as unhas cravadas no estofado. Axl aumentou o ritmo, a intensidade, e os gemidos de Izzy se transformaram em gritos abafados, cheios de prazer e dor. O suor escorria pelos corpos, grudando-os, e o cheiro da excitação preenchia o ar.

Axl se moveu com força, a boca colada ao pescoço de Izzy, mordendo e beijando, enquanto as mãos exploravam o corpo dele, acariciando, apertando, provocando. Izzy se entregou, o corpo respondendo a cada toque, a cada movimento, a cada gemido.

A intensidade aumentou, o ritmo frenético, e a sensação de prazer se tornou quase insuportável. Izzy sentiu o corpo tremer, a visão turva, e um grito agudo escapou de seus lábios. Axl o acompanhou, a respiração pesada, o corpo em êxtase.

O clímax chegou, e o estúdio foi tomado por gemidos, suspiros e o som da pele contra pele. Axl se entregou, sentindo o prazer percorrer cada célula do corpo, e Izzy o acompanhou, a alma em chamas.

A respiração de ambos se acalmou lentamente, o corpo ainda trêmulo. Axl se afastou, mas não completamente, os olhos fixos em Izzy, que respirava fundo, o rosto corado, os lábios inchados.

"Você… você é lindo," Axl sussurrou, a voz rouca.

Izzy sorriu, um sorriso fraco, mas verdadeiro. "Você também."

Axl se virou, esticando o braço para o console de mixagem e, com um movimento silencioso, pressionou o botão stop. O pequeno clique foi engolido pelo silêncio pós-clímax, imperceptível para Izzy, que ainda estava perdido no torpor.

As luzes do estúdio já pareciam mais baixas, e a madrugada pesava no ar. O silêncio depois de tudo era denso, só quebrado pelo respiro ainda acelerado de Izzy e o riso contido de Axl, como se aquele espaço inteiro fosse cúmplice deles. Por alguns minutos, ficaram apenas largados no sofá, o cheiro de cigarro e suor misturado, o calor do outro ainda grudado na pele.

Axl se levantou calmamente, beijou a testa de Izzy, e vestiu suas calças como se estivesse apenas terminando uma longa sessão de ensaio. Izzy se encolheu no sofá, nu e exposto, sentindo o frio do couro e o peso da intimidade que era apenas deles. Axl pegou o copo vazio.

"Melhor irmos. Amanhã teremos que regravar aquela ponte. Mas o refrão... está ótimo."

Axl sorriu, um sorriso pequeno, mas com um brilho malicioso nos olhos. Ele se inclinou, pegou a camiseta amassada de Izzy e a jogou sobre o torso nu dele.

Izzy agarrou o tecido e o puxou, cobrindo-se apressadamente. Ele se sentou, lutando para vestir as calças, tropeçando na própria roupa. A pressa dele apenas divertiu Axl.

"Você não tem que se apressar tanto," Axl murmurou, aproximando-se novamente. Ele se abaixou e, num gesto surpreendentemente íntimo, puxou o zíper da calça de Izzy e a ajustou na cintura dele. Seu hálito quente roçou a orelha de Izzy. "Afinal, você já me deu tudo que eu precisava por hoje, Rainha."

Izzy sentiu o rosto queimar instantaneamente com o apelido e a referência clara à sua entrega. Ele empurrou Axl com o ombro, o rosto em brasa.

"Não foi grito, foi nota alta, Axl," Izzy retrucou, a voz rouca pela exaustão, mas carregada de ironia. "E você não estava afinado, como sempre."

Axl riu, um som rouco e satisfeito. "Eu sei," ele respondeu, com aquela certeza inabalável. Ele estendeu a mão para Izzy, não em um convite gentil, mas em uma ordem silenciosa para que se levantassem.

Izzy demorou um segundo, mas acabou aceitando a mão, deixando-se puxar para fora do sofá. Eles saíram da sala de controle juntos. No corredor estreito, os passos eram lentos, quase em silêncio. A mão de Axl pousou por um instante na cintura de Izzy, a posse exibida para ninguém, mas sentida por tudo.

Do lado de fora, a noite ainda dominava Los Angeles, com o ar frio contrastando com o calor que ainda queimava nos corpos deles.

Izzy acendeu um cigarro, olhando para o nada enquanto Axl o observava de canto de olho, aquele sorriso satisfeito estampado no rosto. Nenhum dos dois falou sobre o que tinha acabado de acontecer — como se o silêncio fosse a forma mais segura de guardar aquilo só para eles.

Quando chegaram até o carro, Axl abriu a porta com um gesto exagerado de cavalheiro. Izzy soltou uma risada curta, sacudindo a cabeça.

"Você é um idiota," comentou Izzy, entrando.

"Eu sei," respondeu Axl, com aquela certeza desconcertante, entrando logo em seguida.

E, no fundo, Izzy sabia também. Sabia que aquele idiota ainda ia lhe dar muita dor de cabeça. Mas, por ora, deixou-se afundar no banco, tragando devagar, enquanto a cidade adormecida os recebia de volta.

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O carro era uma cápsula no tempo, pairando sobre o asfalto úmido de Los Angeles. O silêncio dentro dele era tão pesado que quase tinha textura. Izzy mantinha os olhos fixos na janela, os dedos tamborilando nervosamente no joelho enquanto a cidade adormecida desfilava como um filme mudo. Cada farol era um risco vermelho no vidro embaçado, cada placa de rua um testemunho mudo do que havia acontecido.

Axl dirigia com uma calma perturbadora, uma mão solta no volante, a outra apoiada na janela semi-aberta. Seus olhos, porém, traíam a serenidade postiça - eles cortavam para o lado a cada poucos segundos, devorando o perfil de Izzy na penumbra. A lembrança do corpo quente e submisso do guitarrista ainda queimava em suas mãos como uma marca de fogo.

"Você tá quieto até demais, Stradlin," a voz de Axl quebrou o silêncio como um vidro estilhaçado.

Izzy não se moveu. "Não tenho nada pra dizer."

"Depois do que a gente fez, você não tem nada pra dizer?" Axl riu baixo, um som que era mais ar do que humor. "Porra, Izzy, você gemeu no meu ouvido como se estivesse morrendo e renascendo ao mesmo tempo."

A mão de Izzy se fechou em um punho involuntário. "Cala a boca, Axl."

"Por que? Tá com vergonha?" Axl pisou suavemente no freio em um sinal vermelho e finalmente virou o rosto para ele. "Tá com medo que eu lembre como você ficou duro só com meus dedos na sua boca? Ou como você gritou quando eu--"

"Para!" Izzy se virou de repente, os olhos faiscando no escuro. "É isso que você quer? Ouvir você falando? Relembrar? Fazer o que, exatamente?"

A luz do sinal verde iluminou o sorriso lento e predatório de Axl. "Eu só quero ter certeza de que você não vai fingir que não aconteceu amanhã."

"E se eu fingir?"

"Então eu vou lembrar você," a resposta veio imediata, carregada de uma promessa perigosa. "Nota por nota, gemido por gemido. Eu tenho uma memória musical excelente, você sabe."

Izzy sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Havia algo na forma como Axl disse aquilo que soou... específico demais. Como se estivesse se referindo a uma gravação mental precisa, não apenas a uma lembrança vaga. Ele afundou no banco, puxando a gola da jaqueta como se pudesse se esconder dentro dela.

O resto do caminho foi feito em silêncio novamente, mas desta vez carregado de palavras não ditas e ameaças sussurradas na penumbra.

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Quando chegaram no apartamento compartilhado, o cheiro familiar de cerveja velha e poeira os recebeu como um abraço sufocante. Slash havia deixado uma pilha de revistas de guitarra no chão da sala, e o sofá estava coberto por cabos e pedais. Era o caos de sempre, mas naquela noite, parecia diferente - como se o próprio ar estivesse carregado com o segredo que eles traziam consigo.

Axl trancou a porta atrás deles com um clique definitivo. O som ecoou no silêncio do apartamento como um ponto final em uma sentença não dita.

Izzy se dirigiu diretamente para o corredor que levava aos quartos, mas a voz de Axl o parou.

"Pra onde você tá indo?"

"Dormir, porra. São quase cinco da manhã."

"Tá mesmo com pressa assim pra se afastar de mim?" Axl se aproximou, seus passos quase silenciosos no carpete sujo.

Izzy respirou fundo, ainda de costas. "Axl, não começa."

"Começa o quê?" Os dedos de Axl tocaram levemente sua cintura, fazendo-o estremecer. "Eu só tô perguntando."

Finalmente, Izzy se virou. Os dois estavam tão perto que podiam sentir o calor um do outro. O corredor estreito amplificava a intimidade, criando uma bolha onde apenas eles existiam.

"O que você quer de mim?" A pergunta de Izzy saiu como um sussurro exausto.

Axl olhou para ele por um longo momento, seus olhos percorrendo cada detalhe do rosto de Izzy como se estivesse memorizando. "Eu quero que você admita."

"Admita o quê?"

"Que você quer isso tanto quanto eu." A mão de Axl subiu até o pescoço de Izzy, o polegar pressionando suavemente a linha de sua mandíbula. "Que você não vai conseguir dormir pensando em como foi, que você vai acordar hard só de lembrar da minha mão em você."

Izzy fechou os olhos, uma onda de desejo tão intensa que quase o derrubou percorrendo seu corpo. Ele estava exausto, confuso, com raiva... e incrivelmente excitado. A contradição o estava dilacerando.

"Axl..." Seu protesto soou fraco, até para seus próprios ouvidos.

"Shhh," Axl aproximou os lábios do seu ouvido. "Não fala. Só sente."

E então ele estava beijando Izzy novamente, mas desta vez era diferente - não era a fúria descontrolada do estúdio, nem a provocação do carro. Era lento, profundo, quase reverente. Suas mãos deslizaram por baixo da jaqueta de Izzy, encontrando a pele quente nas costas, puxando-o para mais perto até que não houvesse espaço entre eles.

Izzy gemeu na boca de Axl, sua resistência se desfazendo como açúcar na água. Suas mãos encontraram os cabelos ruivos, puxando com uma mistura de desejo e frustração. Era inútil lutar contra isso - contra ele. Axl sempre conseguia o que queria, especialmente quando o que ele queria era Izzy.

Eles se moveram pelo corredor como um único organismo, tropeçando na porta do quarto de Axl. Quando a cama apareceu atrás deles, era um alívio e uma condenação ao mesmo tempo.

Axl o deitou sobre os lençóis sujos com uma delicadeza que contrastava brutalmente com a violência do estúdio. Seus olhos percorreram o corpo de Izzy como se estivesse vendo uma obra de arte.

"Porra você é tão bonito," ele murmurou, suas mãos abrindo os botões da camisa de Izzy com uma paciência excruciante. "Especialmente quando para de lutar contra isso."

Izzy olhou para cima, seu peito subindo e descendo rapidamente. "Eu te odeio."

Axl sorriu, um sorriso genuíno que raramente mostrava para ninguém. "Eu sei." Ele se inclinou e beijou a clavícula de Izzy, seus lábios quentes contra a pele pálida. "Mas seu corpo me ama."

E então não houve mais palavras, apenas toques, gemidos abafados e a sensação esmagadora de dois corpos se encontrando novamente, mais lentamente desta vez, mas com uma intensidade que era, de alguma forma, ainda mais assustadora.

Enquanto Axl entrava nele, Izzy enterrou o rosto no pescoço do cantor, seus dedos apertando os ombros musculosos com uma força que deixaria marcas. Era diferente do estúdio - mais íntimo, mais consciente, mais perigoso. Porque desta vez não era sobre raiva ou frustração musical, era sobre desejo puro, e isso era infinitamente mais aterrorizante.

Axl movia-se dentro dele com uma cadência hipnótica, seus sussurros sujos e carinhosos uma trilha sonora que Izzy não queria admitir que adorava.

"Você é meu," Axl respirou em seu ouvido, suas mãos segurando os quadris de Izzy com firmeza. "Sempre foi."

E no auge do prazer, quando o mundo desabou em estrelas brancas atrás de suas pálpebras fechadas, Izzy percebeu com um choque aterrador que ele não estava apenas cedendo ao corpo de Axl, mas ao que quer que isso significasse. E que não havia volta.

Quando terminaram, ficaram deitados entrelaçados na cama suja, a luz do amanhecer começando a filtrar-se pelas frestas das persianas. O apartamento estava silencioso, o mundo lá fora ainda não havia acordado.

Axl traçou círculos lentos nas costas de Izzy, sua respiração ainda irregular.

"Então," ele disse finalmente, sua voz rouca pelo cansaço e pelo sexo. "Amanhã..."

Izzy esperou, seu corpo tensionando involuntariamente.

"...vamos terminar a música," Axl terminou, e havia uma nota de triunfo em sua voz que fez o estômago de Izzy se contrair.

Porque, eles sabiam que não era apenas sobre a música. Nunca era apenas sobre a música.

E enquanto Izzy fechava os olhos, tentando em vão dormir, em algum lugar na bolsa de equipamentos de Axl, uma pequena fita cassete continuava existindo - um segredo dentro de um segredo, uma bomba-relógio silenciosa esperando para detonar suas vidas.

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O estúdio cheirava a desinfetante barato e derrota. Três dias desde aquela noite, e "Rocket Queen" ainda não estava finalizada. A tensão na sala era palpável, diferente daquela noite - agora era pesada, carregada de coisas não ditas.

Izzy estava encostado na parede longe de todos, fumando seu quinto cigarro seguido. Seus olhos evitavam Axl com uma determinação quase física. Cada vez que o cantor se aproximava, ele se afastava, como se Axl queimasse.

"Stradlin, pelo amor de Deus, para de ficar se escondendo e vem tocar essa merda!" a voz de Slash ecoou pela sala, impaciente.

Axl, sentado na cadeira de couro da mesa de mixagem, observava Izzy com uma intensidade que beirava o doentio. Seus olhos azuis pareciam perfurar através da fumaça do cigarro, estudando cada microexpressão no rosto do guitarrista.

"Deixa ele," Axl disse, sua voz estranhamente calma. "Ele tá no processo criativo."

Duff soltou uma risada. "Processo criativo? Ele tá parecendo um fantasma desde segunda-feira. O que você fez com ele, Axl?"

A expressão de Axl não se alterou. "Nada que ele não quisesse."

Izzy sentiu as palavras como um soco no estômago. Seus dedos tremeram em torno do cigarro, e as cinzas caíram no chão. Ele finalmente olhou para Axl, e o que ele viu o deixou gelado - havia uma posse nos olhos do cantor que não existia antes, uma certeza obscena que fez o coração de Izzy acelerar com puro pânico.

Mais tarde, no apartamento, Izzy estava tentando dormir quando ouviu a porta do quarto ao lado abrir e fechar. Os passos de Axl eram inconfundíveis - pesados, decididos. Ele ouviu-os parar do lado de fora de seu quarto, e sua respiração parou.

A maçaneta girou lentamente.

"Trancada," Izzy disse no escuro, sua voz mais firme do que ele esperava.

Risada baixa do outro lado da porta. "Você acha que uma fechadura vai me impedir?"

"Vai tentar explicar pro Slash porque você arrebentou minha porta?"

Silêncio. Então: "Abre a porta, Izzy."

"Não."

"Eu não tô pedindo."

Izzy se levantou da cama, suas mãos tremendo. Ele abriu a porta apenas o suficiente para ver o rosto de Axl iluminado pela luz fraca do corredor. "O que você quer?"

Axl empurrou a porta suavemente, mas com força suficiente para fazer Izzy recuar. Ele entrou no quarto e fechou a porta atrás de si.

"Você tá me evitando."

"Surpresa," Izzy respondeu secamente.

Os olhos de Axl percorreram o quarto minúsculo - a guitarra encostada na parede, as roupas no chão, a cama desfeita. "Eu não gosto disso."

"Eu não tô aqui pra agradar você, Axl."

" Não?" Axl deu um passo à frente, invadindo seu espaço. "Parece que na segunda-feira você tava bem interessado em me agradar."

Izzy sentiu o rosto queimar. "Isso foi um erro."

"Foi?" Axl pegou a ponta do cabelo de Izzy, enrolando ao redor do dedo. "Não pareceu um erro quando você tava gritando meu nome."

"Para com isso." Izzy tentou se afastar, mas suas costas encontraram a parede.

"Por quê?" Axl sussurrou, sua boca perto demais do ouvido de Izzy. "Tá com medo de gostar demais? De precisar disso de novo?"

"Eu não preciso de você."

Axl riu, um som baixo e perigoso. "Todo mundo precisa de alguma coisa, Izzy. Eu só descobri do que você precisa."

Foi então que Izzy viu. Pendurado no cinto de Axl, meio escondido sob a jaqueta - um pequeno walkman. O mesmo walkman que Axl usava para ouvir demos. O mesmo walkman que podia tocar fitas cassete.

Seu sangue gelou.

"O que você tá ouvindo ultimamente?" A pergunta saiu mais aguda do que ele pretendia.

Axl seguiu seu olhar e sorriu, um sorriso lento e satisfeito. "Ah, só umas demos antigas. Coisas que ninguém mais ouviu." Sua mão tocou o walkman quase carinhosamente. "Tesouros particulares, você entende."

Izzy sentiu uma náusea subir em sua garganta. As peças se encaixaram com uma clareza horrível - a obsessão repentina de Axl por aquela gravação, a forma como ele parou a fita naquela noite com um movimento furtivo, a luz vermelha que ele pensou ter visto...

"Você..." a voz de Izzy sumiu. "Você não..."

"Eu não o quê, Iz?" Axl inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com pura malícia. "Fala. Tô curioso."

Mas as palavras não saíram. Izzy só conseguia ficar paralisado, olhando para aquele walkman como se fosse uma cobra prestes a atacar.

Axl se aproximou mais, até que seus corpos quase se tocavam. "Você sabe," ele sussurrou, seu hálito quente no rosto de Izzy. "Algumas performances são tão perfeitas, caralho, que merecem ser preservadas. Para sempre."

Ele deu um tapinha no walkman e se afastou, deixando Izzy encostado na parede, tremendo e enjoado.

Na porta, Axl parou e olhou para trás. "Ah, e Izzy? Amanhã no estúdio... toca como você tocou pra mim na segunda-feira. Eu quero ouvir de novo aquele... veneno."

A porta se fechou, e Izzy deslizou pela parede até o chão, suas pernas incapazes de sustentá-lo. O quarto girava ao redor dele, e a única coisa que ele conseguia pensar era na pequena fita dentro daquele walkman, rodando, rodando, rodando... guardando cada som que ele fez naquela noite.

E pela primeira vez desde que se conheciam, Izzy Stradlin teve verdadeiramente medo de Axl Rose.

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Uma semena depois, a atmosfera no estúdio estava carregada de uma energia diferente. Depois de dias de gravações tensas, Axl finalmente declarara que "Rocket Queen" estava pronta para a mixagem final. A banda inteira estava lá - Slash, Duff, Steven, o produtor, todos aglomerados na sala de controle.

Todos, exceto Izzy.

Ele havia sumido novamente, e ninguém sabia onde estava. Só Axl parecia não se importar, ocupado demais ajustando os controles da mesa de som com um zelo quase religioso.

"Cadê o Stradlin?" Slash perguntou, ajustando a cartola."Ele devia estar aqui pra ouvir isso."

"Acho que ele tá se escondendo de novo," Duff resmungou, tomando um gole de cerveja. "Algo aconteceu entre vocês dois, Axl? Ele tá estranho até para os padrões Izzy."

Axl nem olhou para cima. "Ele vai aparecer. E quando aparecer, vai entender tudo."

Havia algo na forma como ele disse isso que fez até Slash franzir a testa. Mas antes que alguém pudesse questionar, a porta do estúdio se abriu com um estrondo.

Izzy estava parado na entrada, pálido como um fantasma, mas com os olhos queimando de uma raiva pura e rara. Ele não olhou para ninguém exceto Axl.

"Onde está?" a voz de Izzy saiu tremula, mas cortante como uma lâmina.

Axl finalmente levantou os olhos, um sorriso lento surgindo em seus lábios. "Bem-vindo de volta, Stradlin. Estávamos esperando por você."

"Onde está a fita, Axl?"

O ar na sala congelou. Slash e Duff trocaram olhares confusos.

"Que fita?" Duff perguntou.

Axl ignorou todos, mantendo os olhos fixos em Izzy. "Qual fita, Iz? Temos tantas..."

"Você sabe qual." Izzy deu um passo para dentro da sala, fechando a porta atrás de si. "A que você gravou sem eu saber. A que você anda ouvindo como um maldito pervertido."

Os olhos de Slash se arregalaram. "Peraí... que porra que vocês tão falando?"

Axl riu, uma risada baixa e perigosa. "Ah, essa fita." Ele pegou o walkman de seu cinto e o balançou suavemente. "Você quer ouvir? É uma performance incrível, realmente. Sua melhor criação, eu diria."

Izzy avançou, mas Duff o segurou. "Para com isso, cara! O que tá acontecendo?"

"Pergunta pra ele!" Izzy gritou, apontando para Axl. "Pergunta que porra ele gravou naquela noite! Pergunta por que ele tem uma fita com... com..."

Ele não conseguiu terminar, a vergonha e a raiva o engasgando.

Axl se levantou, sua expressão mudando de divertida para sombria em um instante. "Com o que, Izzy? Fala. Fala pra todo mundo o que a gente fez naquela noite. Fala como você gemeu pra mim. Como você implorou."

Um silêncio pesado e horrível caiu sobre a sala. Slash soltou o braço de Izzy, recuando um passo. O produtor pareceu querer se fundir com a parede.

"É verdade?" Duff perguntou, incrédulo.

Axl não esperou Izzy responder. "Claro que é verdade. E foi lindo. Foi a coisa mais real que essa banda já produziu." Ele olhou para Izzy com um misto de desafio e possessividade. "E eu preservei. Porque algumas coisas são grandes demais para serem esquecidas."

Foi então que Izzy perdeu o controle. Com um rugido de pura fúria, ele pulou em cima de Axl, derrubando-o sobre a mesa de mixagem. Botões voaram, faders quebraram com estalos secos.

"Você vai destruir essa merda!" Izzy gritou, tentando arrancar o walkman das mãos de Axl. "Agora!"

"Nunca!" Axl gritou de volta, lutando sob ele com uma força surpreendente. "É minha! Você é meu!"

Slash e Duff puxaram Izzy para trás, mas ele lutou como um homem possuído. "Ele gravou a gente! Ele gravou a gente transando! Essa porra tá na fita!"

Os olhos de Steven arregalaram. "Caralho..."

Axl se levantou, ofegante, o lábio sangrando. Ele endireitou a jaqueta, seus olhos agora completamente loucos. "Você quer destruir? Tá bom. Vamos destruir."

Antes que alguém pudesse reagir, ele pegou a fita do walkman e correu para o console principal. Com movimentos frenéticos, ele conectou a saída do walkman em um canal da mesa de mixagem.

"Não!" Izzy gritou, tentando se libertar. "Axl, não faça isso!"

"Todo mundo merece ouvir arte pura!" Axl gritou, seus dedos voando sobre os controles. "Vocês queriam saber por que a 'Rocket Queen' tá tão boa? É porque ela nasceu disso! Desse som aqui!"

Ele apertou play no walkman e, ao mesmo tempo, abriu todos os canais principais do estúdio.

Por um segundo, houve apenas estática. Então...

"...não, Axl... para..."
A voz de Izzy, abafada e quebrada, encheu as caixas de som do estúdio.

"Não esconde... eu quero ouvir você..."
Era a voz de Axl, rouca e implacável.

E então vieram os sons. Os gemidos. Os suspiros. O rangido do sofá. A respiração ofegante. O som úmido de corpos se movendo juntos. E no meio de tudo, a voz de Izzy, cada vez mais alta, mais descontrolada, até o grito final, agudo e vulnerável, que ecoou pela sala de controle como uma faca.

Ninguém se mexia. Ninguém respirava.

A fita continuou, com Axl sussurrando "Minha querida..." e Izzy respondendo com um gemido de rendição.

Foi Slash quem se moveu primeiro, avançando no console e arrancando os cabos com força brutal. O silêncio que se seguiu foi mais ensurdecedor que qualquer som.

Izzy estava encolhido no chão, o rosto enterrado nos joelhos, os ombros tremendo. Ele nunca parecera tão pequeno.

Axl estava em pé, o peito ainda ofegante, mas com uma expressão de triunfo horrível em seu rosto manchado de sangue. "Agora vocês sabem," ele disse, sua voz estranhamente calma. "Agora todo mundo sabe de onde veio a música."

Duff olhou para Axl como se estivesse vendo um monstro. "Você tá completamente maluco, Rose. Você destruiu ele. Você destruiu a banda."

"Eu criei algo real!" Axl gritou, de repente furioso novamente. "Algo que importa! E ele..." Ele apontou para Izzy no chão. "Ele foi parte disso! Ele deu isso pra mim!"

Foi então que Izzy se levantou. Lentamente, como se cada movimento doísse. Seu rosto estava molhado, mas sua expressão era de uma calma vazia e assustadora.

"Terminou," ele disse, sua voz não mais que um sussurro, mas cortando o ar como um grito.

Axl franziu a testa. "O quê?"

"Terminou," Izzy repetiu, olhando diretamente para Axl pela primeira vez. "O que quer que a gente tinha. A banda. Tudo. Acabou."

Pela primeira vez, uma fenda apareceu na máscara de Axl. "Izzy, espera..."

"Não." Izzy sacudiu a cabeça, um movimento lento e final. "Você cruzou uma linha. Não tem volta."

Ele virou as costas e começou a caminhar em direção à porta.

"Onde você vai?" A voz de Axl soou estranhamente jovem, quase assustada.

Izzy parou na porta, mas não se virou. "Longe de você. Para sempre."

E então ele saiu, e a porta se fechou atrás dele com um clique suave que soou mais final que qualquer golpe.

Axl ficou parado, olhando para a porta fechada, a fita ainda em sua mão - sua preciosa gravação, sua prova de posse, que de repente parecia não valer nada.

Slash olhou para Duff, depois para o produtor paralisado, e finalmente para Axl.

"Parabéns, cara," ele disse quietamente. "Você finalmente conseguiu. Matou a única coisa que importava."

E deixando Axl sozinho na sala de controle destruída, com o fantasma dos gemidos de Izzy ainda pairando no ar, eles também saíram.

Axl ficou sozinho, segurando a fita que destruiu tudo, e pela primeira vez em sua vida, o silêncio era absolutamente aterrorizante.

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LOS ANGELES - 1991

O rádio do carro tocava "Don't Cry", mas o motorista mudou de estação com um gesto brusco. "Welcome to the Jungle" explodiu pelos alto-falantes, e o homem no banco do passageiro fechou os olhos, um estremecimento quase imperceptível percorrendo seu corpo.

Izzy Stradlin olhou pela janela do táxi enquanto Los Angeles passava, uma cidade que não mudara tanto, mas que carregava um sabor amargo de fantasmas. Ele estava mais magro, os olhos mais fundos, mas havia uma paz nos seus ombros que não existia antes. A sobriedade lhe dera clareza, e a distância, sobrevivência.

O táxi parou em um semáforo, e um outdoor gigantesco olhou para ele. Era o poster do Use Your Illusion. Axl Rose, maior que a vida, envolto em couro e arrogância, seus olhos azuis ainda desafiando o mundo. Mas Izzy, que conhecia cada microexpressão daquele rosto, via a sombra lá no fundo. A loucura não era mais puro fogo; agora era um negócio, uma máquina.

Ele desviou o olhar. Alguns fantasmas eram grandes demais.

* BACKSTAGE DE UM SHOW SOLO *

Horas depois, Izzy terminara seu set em um clube pequeno, suando e satisfeito. A música era sua outra vida, sem demônios compartilhados. Ele estava arrumando sua guitarra quando um vulto familiar apareceu na porta do camarim.

Duff McKagan parecia mais velho, mas com um sorriso mais fácil. "Stradlin. Ainda sabe fazer barulho, hein?"

Izzy acenou com a cabeça, um sorriso raro surgindo. "McKagan. Tá perdido, baixista?"

"Vim te ver," Duff encostou na batente. "A turnê está um inferno. Lembra como era?"

"Lembro." Izzy não precisava dizer qual turnê. Sempre seria a turnê. A banda.

Duff ficou em silêncio por um momento. "Ele ainda ouve a fita."

O ar saiu dos pulmões de Izzy como se ele tivesse levado um soco.

"O quê?"

"Na sala dele, no ônibus da turnê. Às vezes, de madrugada." Os olhos de Duff estavam sérios. "A gente ouve o som baixinho vazando. Aquele... trecho da música. E os outros sons."

Izzy sentou-se no armário, suas pernas repentinamente fracas. Quatro anos. Quatro anos e aquele demônio ainda assombrava.

"Ele tá destruindo todo mundo, Izzy. O Slash tá a um passo de pular fora. Steven já se foi." A voz de Duff estava carregada de uma exaustão profunda. "Ele transformou a banda num circo. E aquela porra da fita é o segredo podre que ele não larga. Como se fosse a única coisa real que ele ainda tem."

"Ele devia tê-la destruído," Izzy sussurrou, olhando para as próprias mãos.

"Ele não consegue." Duff olhou para ele. "É a única prova de que ele te teve. De que algo daquilo foi real."

**NO MESMO MOMENTO - EM UM EM ALGUM LUGAR DOS EUA**

Axl Rose estava sozinho na suíte trancada, a luz azulada de um equalizador iluminando seu rosto. Nos alto-falantes de alta fidelidade, o refrão sujo de "Rocket Queen" dava lugar à parte lenta, sensual. E então, como sempre acontecia, ele baixava o volume da música e aumentava o da fita.

O estúdio vazio enchia o quarto. A respiração ofegante. O rangido do sofá.

E os gemidos.

"Axl... por favor..."

A voz de Izzy, quebrada e entregue, ecoava na escuridão. Era um som que ele não ouvia há anos, exceto aqui, nesta gravação amaldiçoada e preciosa.

Seus olhos estavam fixos no teto, vazios. A fama era um barulho ensurdecedor, uma multidão gritando seu nome, um mar de rostos. Mas nada, nada, preenchia o silêncio que Izzy Stradlin deixou para trás. A fita era seu segredo mais sujo e sua única verdade. Uma verdade que ele repetia até ela doer, como um homem cutucando uma ferida que nunca sara.

Ele a ouvia até o fim, até o último suspiro, até o silêncio final que se seguiu naquela noite. O mesmo silêncio que agora o envolvia, vasto e impiedoso.

**DE VOLTA AO CAMARIM**

Izzy se levantou, endireitando os ombros. A dor era antiga, uma cicatriz.

"Diz pra ele que eu não sou mais aquele cara na fita," Izzy disse, sua voz calma. "Aquele cara morreu naquela sala."

"Ele sabe," Duff respondeu quietamente. "É por isso que ele nunca para de ouvir."

Izzy pegou seu caso de guitarra. O passado era um país estrangeiro. Ele tinha sua própria música para fazer agora, sua própria paz para guardar.

Mas aquela noite, sozinho em seu apartamento limpo e silencioso, ele se pegou parado diante da janela, olhando para a cidade. E por um breve, torturante momento, ele jurou que podia ouvir o eco distante de um riff sujo e o fantasma de um gemido, flutuando na névoa noturna de Los Angeles, preso para sempre na melodia de uma música que o mundo todo cantava, mas que só dois homens entendiam de verdade.

O preço de um sucesso infernal. A trilha sonora de uma queda.

E em algum lugar, em um ônibus de turnê na estrada, um homem destruía tudo ao seu redor, preso em um loop eterno, tentando em vão recapturar o único momento em que sentiu que algo era real.

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LOS ANGELES - 2001

O estúdio era menor, mais íntimo, e não cheirava a Jack Daniel's, mas a café fresco e incenso. Izzy Stradlin, agora com os cabelos grisalhos nas têmporas e os olhos mais tranquilos, ajustava as cordas de uma guitarra acústica. Ele gravava um álbum solo, no seu próprio ritmo, no seu próprio controle.

Seu manager apareceu na porta. "Izzy, tem uma visita pra você. Insiste que você vai recebê-lo."

Antes que Izzy pudesse perguntar, um vulto familiar preencheu a porta. Era Axl Rose.

O tempo havia sido mais gentil com alguns do que com outros. O rosto de Axl estava marcado por anos de batalhas legais, turnês faraônicas e a solidão do topo. A fúria nos olhos havia dado lugar a um cansaço profundo. Ele segurava uma pequena caixa de metal.

Os dois homens se encararam em silêncio por um longo momento, o peso de uma década pairando entre eles.

"Stradlin," Axl cumprimentou, sua voz ainda a mesma, mas sem a aresta cortante de antes.

"Rose," Izzy respondeu, baixando a guitarra. "O que te traz ao meu covil?"

Axl deu um passo para dentro, fechando a porta suavemente. Ele olhou ao redor do estúdio simples, funcional. Um lugar para fazer música, não para guerrear.

"Eu... ouvi suas demos novas," Axl começou, hesitantemente. "Elas são boas. Honestas."

Izzy acenou com a cabeça, esperando. Ele sabia que não era só por isso que Axl estava ali.

Axl respirou fundo e colocou a caixa de metal na mesa de mixagem, entre eles. Era a mesma caixa que Izzy reconheceu instantaneamente. A caixa da fita.

"Peguei um avião pra te dar isso," Axl disse, sua voz um fio de rouquidão. "Eu... eu não consigo mais ouvi-la."

Izzy olhou para a caixa como se ela contivesse um veneno. "Por que agora?"

"Porque eu estava me tornando aquele fantasma, Izzy. Aquele homem possessivo e doente que destruiu a melhor coisa que já tive. A música... e você." A admissão saiu baixa, dolorosa, mas clara. "E eu cansei de ser um fantasma."

Os olhos de Axl encontraram os de Izzy, e pela primeira vez, não havia manipulação, nem jogo, nem triunfo. Apenas a verdade nua e crua do arrependimento.

"Eu estraguei tudo. Eu sei disso. E essa fita... ela era o símbolo de tudo que eu fiz de errado. Eu pensei que era um troféu, mas era a minha prisão."

Ele empurrou a caixa em direção a Izzy.

"Ela é sua. Destrua. Queime. Faça o que quiser. Só... me deixe ir, Iz. Depois de todos esses anos, me deixe em paz."

Izzy olhou para a caixa, depois para o rosto de Axl - não o monstro da sua memória, mas o homem cansado e quebrado à sua frente. O homem talentoso e insuportável que ele amou outrora, escondido sob as cicatrizes.

Ele não pegou a caixa imediatamente. Em vez disso, ele se virou e pegou sua guitarra acústica.

"Eu escrevi uma música nova," Izzy disse, seu dedo traçando as cordas. "É sobre... deixar coisas velhas para trás. E sobre lembrar que, antes do inferno, houve um pouco de céu."

Ele tocou alguns acordes, uma melodia simples, melancólica, mas com um fio de redenção. Era a antítese de "Rocket Queen" - não sobre posse e fúria, mas sobre libertação e paz.

Axl ouviu, seus olhos se fechando. Quando Izzy parou, o silêncio no estúdio era diferente. Não era pesado. Era limpo.

Izzy finalmente pegou a caixa de metal. Ele a segurou na palma da mão por um momento, sentindo o peso de todos aqueles anos. Então, com um movimento calmo, ele a colocou em sua mochila.

"Vou cuidar disso," ele disse simplesmente.

Era um perdão. Não em palavras grandiosas, mas em um ato de aceitação.

Axl assentiu, um peso saindo de seus ombros. Ele se virou para sair, parando na porta.

"Obrigado, Izzy," ele sussurrou. "Pela música. E por... tudo antes disso."

E então ele se foi.

Izzy ficou sozinho no estúdio. Ele não destruiu a fita na hora. Ele a guardou, não como um troféu ou um fantasma, mas como uma lembrança de uma época selvagem, de um amor complicado que, no fundo, forjou quem ele era. Uma parte da sua história que não precisava mais doer.

Anos depois, em um show beneficente, eles se encontraram nos bastidores. Não houve abraços dramáticos ou conversas profundas. Apenas um aceno de cabeça, um quase sorriso. E quando, por um acaso do destino, soaram os primeiros acordes de "Rocket Queen" na casa, Axl no palco e Izzy na plateia, seus olhos se encontraram por uma fração de segundo.

E não havia mais dor. Apenas a memória de uma chama que queimou intensamente, e o respeito silencioso pelas cinzas que ficaram.

O passado, finalmente, havia se tornado apenas música.

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LOS ANGELES - 2010 | SHOW BENEFICENTE

O backstage era um caos organizado de músicos envelhecidos, roadies apressados e o zumbido elétrico de um palco prestes a explodir. Izzy Stradlin, agora com quarenta anos bem vividos nas pontas dos dedos e no canto dos olhos, ajustava a pulseira de couro no pulso. Ele estava lá por uma causa, não por nostalgia.

Foi então que o burburinho mudou. O ar ficou carregado, como antes de uma tempestade. Axl Rose entrou no camarim coletivo, envolto em uma aura que, mesmo na mesma idade, anos, ainda comandava silêncio e respeito. Seus olhos, menos tempestuosos mas ainda intensos, varreram a sala e... pararam em Izzy.

O mundo diminuiu para aquele corredor entre eles. Dez anos. Dez anos desde aquele encontro no estúdio, desde a devolução da fita. O tempo havia suavizado as arestas, mas a atração... a atração ainda era um campo magnético.

Axl se aproximou, seus passos mais medidos, mas ainda com aquele balanço icônico.

"Stradlin," a voz dele, mais grave, ecoou baixo, só para eles.

"Rose," Izzy assentiu, um canto da boca se erguendo num quase-sorriso. "Ainda consegue assustar as pessoas ao entrar num lugar, vejo."

"É um dom," Axl retruou, um brilho familiar acendendo em seus olhos. Ele olhou para a guitarra nas costas de Izzy. "Vai tocar 'Rocket Queen' hoje?"

"Algumas músicas são fantasmas melhores do que outras," Izzy respondeu, evasivo. "Prefiro deixar a sua versão no palco."

O olhar entre eles se alongou, carregado de décadas de história não dita. A trégua que haviam firmado anos atrás ainda estava lá, mas algo mais estava fervilhando por baixo – uma curiosidade antiga, um "e se" que nunca fora totalmente respondido.

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Mas tarde, após o show, a energia do palco ainda vibrava em seus ossos. Izzy estava encostado na parede do corredor vazio dos bastidores, tomando um gole de água, quando a porta do camarim de Axl se abriu.

O cantor estava lá, sem a jaqueta de couro, apenas com uma camiseta suada colada ao torso. Seus olhos encontraram os de Izzy no corredor mal iluminado.

Sem uma palavra, Axl fez um gesto quase imperceptível com a cabeça, convidando-o para entrar.

Izzy hesitou por um segundo que pareceu uma eternidade. Então, com um suspiro que era tanto rendição quanto decisão, ele entrou.

A porta do camarim trancou com um clique grave. O ruído externo morreu. Axl Rose, o torso ainda lustroso de suor, a respiração pesada da performance, encostou Izzy Stradlin contra a parede. Seus corpos se colidiram, não como uma guerra, mas como a maré encontrando o rochedo – inevitável, antigo.

“Izzy…” a voz de Axl saiu áspera, um sussurro carregado de vinte anos de ausência. “Iz… eu… preciso.”

Izzy não respondeu com palavras. Suas mãos, calejadas e mais finas agora, subiram até o rosto de Axl. Os dedos traçaram as novas rugas, os sulcos profundos em torno daqueles olhos azuis que já comandaram multidões. “Você tá mais velho,” ele murmurou, a voz um baixo rouco e familiar.

“Você também,” Axl respondeu, capturando sua mão e enterrando o rosto na palma, inalando fundo. “E ainda é a coisa mais linda que meus olhos já viram.”

Foi quando Izzy fechou os olhos e o beijou.

Não foi um beijo de adolescente. Foi uma rendição. A boca de Axl era quente, sabia a uísque caro, a suor e a algo inerentemente dele. A língua de Axl não invadiu – explorou, reverente, como se estivesse redesenhando um território sagrado na boca de Izzy.

“Eu lembro disso,” Axl respirou, quebrado, contra seus lábios. “Porra, eu lembro exatamente do seu gosto.”

Suas mãos desceram para a camisa de Izzy. Os dedos, que outrora esmagavam microfones, tremiam levemente ao abrir cada botão. Quando o tecido caiu no chão, ele parou. A respiração faltou.

“Olha pra você,” ele sussurrou, os olhos percorrendo o torso de Izzy – mais magro, a pele mais macia em alguns lugares, marcada por tatuagens desbotadas e a história silenciosa de uma vida longe dos holofotes. “Tão lindo que chega a doer.”

Ele se ajoelhou. O som do cinto de couro de Izzy se abrindo ecoou no silêncio. O zíper desceu com um ruído áspero.

“Levanta as penas,” Axl ordenou, suave, e Izzy obedeceu, deixando que ele puxasse calças e cuecas até os tornozelos.

E então Izzy estava nu, sob a luz crua de um camarim, seu corpo de quarenta anos completamente exposto. Ele esperou pela piada, pelo comentário ácido. Em vez disso, os olhos de Axl se encheram de água.

“Cacete, Izzy,” sua voz falhou. “Você ainda é perfeito.”

Ele se inclinou e enterrou o rosto na virilha de Izzy, na curva do quadril, inalando fundo como um homem faminto. “O seu cheiro… é o mesmo. Exatamente o mesmo.”

Izzy enterrou as mãos nos cabelos ruivos, agora grisalhos, de Axl, seus dedos se contraindo quando a língua quente do cantor percorreu seu pau já rígido.

“Na cama,” Izzy ordenou, a voz mais áspera do que pretendia. “Agora. Quero te ver também.”

Axl levantou-se com um sorriso lento – aquele mesmo sorriso de garoto de Indiana que conseguia qualquer coisa. Ele levou Izzy até o sofá de couro gasto.

Sentado na beirada, Axl despiu-se. Primeiro, as botas pesadas. Depois, as meias. Então, ele puxou a própria camiseta, revelando um torso que ainda mantinha a potência, mas mais suave, mais humano. As linhas do tempo estavam ali, discretas, marcando a pele que já fora tão exposta.

“Viu?” Axl disse, os olhos fixos nos de Izzy. “Eu também não sou mais aquele menino.”

Izzy se aproximou. Suas mãos encontraram a pele quente do abdômen de Axl. “Você é melhor,” ele sussurrou, antes de se ajoelhar e, com os dentes, abrir o cinto de Axl.

O gemido que escapou de Axl foi pura, crua rendição.

Quando ambos estavam nus, ficaram de pé, frente a frente. Dois mapas de vidas vividas com excesso. Era mais íntimo do que qualquer sexo.

Axl estendeu a mão, o cansaço profundo nos olhos azuis.

"Como sempre," Izzy sussurrou, o olhar fixo no rosto de Axl. "Mas eu quero ver você. Eu preciso ver seus olhos enquanto isso acontece."

Axl o levou até o sofá. Izzy deitou-se sobre o couro frio, as pernas abertas. Axl pairou sobre ele, seus joelhos ladeando os quadris de Izzy. Ele cuspiu na própria mão, o cuspe brilhando sob a luz fraca, antes de fechar os dedos em volta do proprio pau, lubrificando-o com movimentos lentos e firmes.

“Você lembra…” Axl começou, os olhos vidrados no ponto onde seus corpos se encontrariam.

“Eu lembro de tudo,” Izzy cortou, ofegante. “Cada maldita vez.”

Axl se posicionou. A ponta do seu pau pressionou a entrada de Izzy. Ele não enfiou. Esperou. Os olhos de Izzy se arregalaram, sua boca se abriu num suspiro trêmulo.

“Agora,” Izzy implorou, os quadris se erguendo num convite arqueado.

Axl cedeu. Ele entrou num movimento único, lento, profundo, inexorável. Um grito rouco e abafado rasgou a garganta de Izzy. Seu corpo arqueou no sofá, as mãos agarrando os braços de Axl com força de desespero.

“Caralho… Axl…” ele gemeu, os olhos fechados, o rosto uma máscara de prazer e dor.

“Abre os olhos,” Axl ordenou, sua voz um rosnado baixo. “Olha pra mim.”

Izzy obedeceu. Seus olhos escuros, marejados, encontraram os azuis de Axl. Eles estavam conectados. Completamente. Axl começou a se mover. Não era frenético como nas outras vezes. Era uma cadência profunda, meditada, cada investida uma reconquista de território perdido.

“É isso?” Axl sussurrou, sua boca a centímetros da de Izzy. “É aqui que você sente mais?”

Ele mudou o ângulo, buscando, até que Izzy gritou – um som agudo, quebrado, de pura entrega.

“Aqui?” Axl repetiu, atingindo o mesmo ponto, e o corpo de Izzy estremeceu violentamente sob o dele.

“Sim! Porra, Axl, aí… não para…” Izzy suplicou, as unhas cravadas nos ombros do cantor.

O ritmo de Axl se intensificou. A pele de seus estômagos suados se colidia com um som úmido e ritmado. O sofá rangia em protesto. O ar ficou pesado, saturado com o cheiro de sexo, suor e o perfume fantasma do passado.

“Você é meu, Izzy Stradlin,” Axl rosnou, suas palavras saindo entre ofegadas. “Sempre foi. Seu corpo sabe. Sua alma sabe.”

“Seu maldito… seu… filho da puta…” Izzy gemia, cada insulto um termo de afeto, cada gemido uma confissão. Seu pau, preso entre seus estômagos, pulsava a cada investida.

Axl se inclinou, capturando os lábios de Izzy num beijo desesperado e molhado. Sua língua invadiu, dominou, enquanto seus quadris continuavam seu trabalho, metódicos, implacáveis.

“Eu te amo,” Axl confessou, a voz quebrada, o rosto molhado – de suor ou lágrimas, era impossível dizer. “Eu sempre te amei. Mesmo quando eu tava destruindo a gente.”

Foi a gota d’água. A admissão foi o gatilho. O corpo de Izzy enrijeceu num arco perfeito, um grito longo e rouco explodindo de seus pulmões enquanto ele gozava entre seus estômagos, quente e convulsivo.

O espetáculo da própria queda foi o que tirou Axl do sério. Com um rosnado gutural, ele enterrou-se fundo, uma última vez, e explodiu dentro de Izzy, seu próprio grito abafado no pescoço suado do guitarrista.

Eles desabaram juntos. Um peso úmido e ofegante de carne, ossos e vinte anos de história não dita. Muito tempo depois, ainda entrelaçados, Axl rolou para o lado, levando Izzy com ele, sem se desconectar. A respiração aos poucos se acalmou.

A mão de Axl traçou círculos lentos nas costas de Izzy.

“Fica,” ele sussurrou, era um pedido, não uma ordem.

Izzy, o rosto enterrado no pescoço de Axl, não respondeu. Mas seu braço se apertou around da cintura do cantor.

Na manhã seguinte, quando a luz real invadiu o camarim, Izzy se vestiu em silêncio. Axl o observou da cama, os olhos limpos, sem o peso de duas décadas.

“Até a próxima?” Axl perguntou, sua voz um fio de esperança.

Izzy parou na porta. Olhou para trás. Um sorriso verdadeiro, que não estampava seu rosto desde os anos 80, o iluminou.

“Até a próxima, Axl.”

A porta se fechou. Axl Rose sorriu para o teto vazio. Pela primeira vez em vinte anos, o silêncio não doía. Ele era apenas paz.

💫 Fim.