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Sob o Céu de Sakuras

Summary:

“Quais os motivos desses toques tão inesperados e delicados?”
Fico surpresa por ter coragem em voltar a algo que ainda corrói minha alma. Pensar em nossa despedida é algo que há dois anos venho mantendo na parte de trás de meus pensamentos, e que, apesar de desacreditar em tudo aquilo que prometemos em silêncio um ao outro ainda faria sentido, meu peito arde como naquela primeira vez, aos doze, quando minhas palavras não te alcançaram. Meu emocional grita teu nome, e minha razão me leva à lembrança de todas as cartas que nunca foram correspondidas, algo que me leva a questionar se realmente houve promessas. Os céus da primavera chovem sakuras e me fazem retomar a consciência de que, antes de talvez existir um “nós”, definitivamente existe um “eu”.

Notes:

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Chapter 1: Os Céus Chovem Sakuras

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Capítulo 1 – Os céus chovem Sakuras

Após um plantão definitivamente longo, me sinto na obrigação de me deleitar em minha cama e sonhar com carneirinhos brancos. Se não houvesse prometido a Ino e Hinata que iria comparecer ao festival de primavera de Konoha, com toda certeza, era isso que eu faria.

Logo saio de meus devaneios sonhadores e ajusto meus passos cansados em direção à minha nova residência. Afinal, eu era uma jounin, e jounins não moram com seus pais depois da maioridade (algo que meus pais discordam fielmente). O apartamento no centro da cidade, estrategicamente perto do hospital, não era nada mal; na verdade, me acomodava muito bem.

Viro a chave e, logo ao entrar, o cheiro de casa sobe em minhas narinas, e logo a seguir sinto o aconchego da fofurinha felina que me faz companhia nos últimos meses. Ume surgiu sorrateiramente no canteiro de flores perto da torre do Hokage, onde me fiz presente para entregar o relatório hospitalar ao meu antigo sensei, e desde então viramos inseparáveis. Direciono o olhar para o relógio posicionado sobre a geladeira e me assusto ao notar que o fim de tarde está próximo; tenho apenas trinta minutos para estar pronta e chegar ao parque de cerejeiras.

Entro em meu quarto dando de cara com a foto clássica do Time 7, coisa que faço questão de guardar em minha cabeceira. O amor floresce em mim tão rápido quanto o sentimento de saudade — saudade do tempo em que minha única preocupação era provar aos meus pais que a vida shinobi não era perda de tempo e saber se meu futuro estava entrelaçado ao de Sasuke. Como essa garotinha reagiria se soubesse o que tudo se tornou? Eu com certeza dei orgulho aos meus pais, mas manter em segredo que não temos contato com Sasuke há anos definitivamente seria uma boa ideia.

O tempo passa e já estou pronta para o festival, mas tenho que correr se quero chegar a tempo; me resta apenas cinco minutos, não posso dar um bolo em mais um de nossos reencontros. Pulo nos telhados e me faço presente mais rápido do que esperava; logo localizo as duas cabeleiras extravagantes e escancaradamente lindas no local.

— Cheguei a tempo dessa vez, não? — pego-as de surpresa com um abraço que logo é retribuído.
— Caramba, testuda! Nem eu acreditava que você realmente vinha — disse Ino, com um sorriso que dizia o contrário.
— Hora, Ino! Que maneira de se dizer! Quer dizer... meio que pode se considerar válido, mas não se preocupe, Sakura, entendemos suas ocupações — comunicou Hinata, o que logo me tirou uma risada nasalada.
— Hina, não se preocupe, essa porca sempre vai fazer questão de me encher com essas reclamações infantis — falei sendo tão infantil quanto.

Nós três nos pegamos rindo de nós mesmas e nos dirigimos ao centro do festival, bem decorado, inclusive. Kakashi realmente sabe causar boas impressões. Nos deparamos com nossos antigos colegas de equipe parados em barracas de jogos, onde Naruto e Kiba fazem questão de competir secretamente para pegar a pelúcia de coelho, que curiosamente é o animal preferido de Hinata.

Ino engatou seu relacionamento com Sai um tempo depois do final da guerra. Vou mentir se disser que não soube antes de todo mundo. Ele, que sempre foi muito reservado e sem filtro, se tornou um homem bem-humorado e gentil. Notar minha amiga, que tanto sofreu junto a mim, feliz e realizada com seu futuro planejado, me faz sentir paz e felicidade só por ver que uma de nós conseguiu.

Sinto um chakra que me remete a melancolia e nostalgia, como um perfume impossível de não reconhecer. Imediatamente viro minha cabeça quase como um raio em direção a Naruto, mas o ninja estava alheio à situação, apenas perguntando o porquê de Hinata estar tão vermelha após ele ter lhe oferecido o coelho branco.

O sussurro da brisa passa forte em minha nuca; o cheiro inesquecível de madeira seca que só uma pessoa poderia exalar tão bem percorre o meu corpo e me faz arrepiar friamente. Sem pensar duas vezes, giro bruscamente para trás, o que me faz perder o controle de meus próprios pés. Fecho os olhos já no aguardo do chão duro e do gosto de areia em minha boca quando duas mãos se fecham rapidamente em minha cintura e me giram no ar. Arregalo as pálpebras quase que imediatamente e me deparo com dois olhos negros e profundos me encarando.

— Você se machucou? — Shikamaru fala quase sussurrando próximo a mim. Sinto minhas bochechas adotarem um tom rubro; nunca escutei essa voz tão de perto, e também nunca imaginaria que iria gostar de escutá-la assim.
— Sakura, você está bem? — ele fala mais alto, me obrigando a abandonar meus pensamentos.
— Kami-sama! Mil desculpas, Shikamaru! Eu não queria... — ele me interrompe antes que eu possa terminar de concluir minha fala.
— Eu não pedi que você se desculpasse, perguntei se você está bem. Está conseguindo me entender? Bateu a cabeça?
— O que? Não! Quer dizer... estou bem, obrigada! — escuto um ruído abafado e me viro para a direção oposta, encontrando Sai tapando a boca de Ino, que está visivelmente incrédula, o que me lembra que ainda estou agarrada a Shikamaru. Puta que pariu! Agora devo estar mais vermelha que a cereja mais madura dessas árvores! Me desvencilho dele com tanta ferocidade que devo ter me machucado, me senti culpada, mas não o suficiente para esquecer a vergonha de ter sido pega nos braços dele.

O sol já se pôs e o festival já está perto do fim — ótima hora para fingir que não estou vendo os olhares questionadores de minha amiga, que, apesar de estar fingindo que não viu nada, não está fazendo isso nada bem. Após o incidente, eu e Shikamaru nos juntamos ao resto do pessoal; nada mais aconteceu, apenas minhas tentativas de espreitá-lo com o canto dos olhos sem que o shinobi perceba. Nunca havia parado para observá-lo com atenção; ele mudou bastante desde a Quarta Grande Guerra Ninja. Os cabelos escuros estão levemente mais longos, a pele sempre pálida, os músculos mais definidos, e a face fina marcada e misteriosa, como sempre.

Na volta para casa, após me despedir de todos, de novo me pego pensando em todos os traços do homem mais inteligente de Konoha e solto uma risada anasalada. Talvez eu realmente tenha um tipo. Continuo assim até sentir aquele relance de chakra atravessando todos os meus sentidos e fervendo meus desejos mais profundos, lembrando mais uma vez de como uma memória pode levar alguém à loucura.

Chapter 2: Sob o Peso das Promessas

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

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Capítulo 2- Sob o Peso das Promessas

Resisto a minha vontade de procurar de onde eu sinto essa energia e continuo meu caminho até chegar em casa, sei que tudo não se passa de mais uma memória traumática. Adentro assim que consigo manusear o trinco, vejo todo como deixei; bagunçado. Concluo que esse é um trabalho para a Sakura de amanhã, um Sakura relaxada e de folga.

Tomo meu banho mais quente que o normal, vejo meu reflexo no espelho da pia e percebo que realmente estou precisando dos três dias de folga que briguei para Tsunade não me dar, ela me conhece mesmo. Reparo que ainda são nove e meia e resolvo dar uma organizada pelo menos em meu quarto, começo arrumando as gavetas e assim por diante até encontrar objetos não tão desejados de serem vistos e lembrados.

A folha onde há dois anos, Sasuke me parabenizou em meu aniversario e a fita vermelha que ele amarrou no pulso um dia antes de sair em sua jornada de redenção. Memorias me agarram como um abraço quente, mas ao mesmo tempo, fervendo em chamas derretendo minha pele.

- Quais os motivos desses toques tão inesperados e delicados? – falo para mim mesma.
Fico surpresa por ter coragem em voltar a algo que ainda corrói minha alma. Pensar em nossa despedida é algo que há dois anos venho manter na parte de trás de meus pensamentos, e que, apesar de desacreditar em tudo aquilo que prometemos em silêncio um ao outro ainda faria sentido, meu peito arde como naquela primeira vez, aos doze, quando minhas palavras não te alcançaram. Meu emocional grita teu nome, e minha razão me leva à lembrança de todas as cartas que nunca foram correspondidas, algo que me leva a questionar se realmente houve promessas. Os céus da primavera chovem sakuras e me fazem retomar a consciência de que, antes de talvez existir um “nós”, definitivamente existe um “eu”.
Lágrimas caem, me lembrando do sentimento doloroso que esse amor possui. Não sou mais a menina que ele abandonou com intenções e juras falsas, três primaveras se passaram desde que nos despedimos, eu consigo seguir em frente.
Adormeço em meio a todas aquelas lembranças e jogadas no chão. Acordei com o batuque de uma ave mensageira na janela, levanto do piso gelado me sentindo mais pesada do que nunca. Era o gavião da família Hyuuga com uma mensagem de Hinata.

- “estamos todos aqui, você não vem? Não minta de novo, sabemos que está de folga!”

Corro para o banheiro, preciso me apressar, como eu pude esquecer o aniversário surpresa de Kiba?! Me arrumo tão rápido quanto a velocidade da luz e saio em direção a perfumaria. Afinal, chegar na festa de alguém com as mãos abanando é vergonhoso. Miro no perfume que tenha mais notas terrosas e compro, é a cara do meu colega. Caminho apenas mais 3 minutos até chegar ao departamento do clã Hyuuga, encontro todos e os cumprimento, especialmente meus amigos mais chegados. Hinata e Ino tem sido uma grande força de apoio durante esses anos, somos como unha e carne, bem divergentes umas das outras, mas nunca nos deixando de lado.

Ino costuma ser até grossa quando toco no nome de Sasuke, acha que eu deveria sair e aceitar mais encontros com caras legais, que sinceramente, não é o que falta. Hinata se mostra indiferente em relação ao assunto, mas eu sei que a morena é romântica demais para me pedir que eu desista desse amor.

- Desfaça essa cara de merda e finja que está superfeliz em fazer essa surpresa para Kiba. – Cochichei em um tom agressivo para Naruto que estava roxo de ciúmes no canto do jardim. – Acha que vai impressionar ela desse jeito? Deixe de ser idiota e vá perguntar se Hinata precisa de ajuda.

- Você não entende? Ela está fazendo uma festa para ele! – Disse ele parecendo que iria começar a chorar.
- Ora! Então deixe de chorar como um gatinho manhoso e vá paparicá-la para que em outubro a festa se sua. – Empurro o portador da Kyuubi em direção a princesa do byakugan. Quero estar perto quando ele perceber que tudo só depende dele para começar.

Ouço um riso baixo em minhas costas e lanço um o olhar sobre os ombros, vou de cara com um certo moreno de cabelos espetados me encarando, sorrindo com os olhos, algo raro de presenciar.

- Naruto tem sorte de ser Hinata, qualquer garota nessa vila já teria desistido de esperar por tanto tempo. – Disse ele ainda sorrindo. Meus olhos vão em direção ao chão. Eu também teria esperado. Shikamaru deve ter percebido como aquilo servia para mim, pois logo indagou – Desculpe, não quis te...- eu o interrompo.
- Ah, não se precupe com isso, não me magoa. – disse retribuindo o gesto – As vezes me pego pensando se valeu a pena esperar por isso, sabe? Talvez eu tenha imaginado mesmo. – concluí em tom de piada para aliviar o clima; o que parece não ter dado muito certo.
- Como estão indo as coisas no novo hospital? Está gostando da ala pediátrica? – percebi a mudança de assunto repentina e agradeci em silêncio.
- Sabe, ter uma ala para comandar sozinha é bem difícil, mas nada alegra mais meu coração do que ver todas aquelas criancinhas me afirmando que eu mudei as vidas delas – me empolgo -, é gratificante
- Realmente, seu trabalho é impecável. Além de que deve ser uma animação e tanto para essas crianças saberem que vão ter uma pessoa tão bondosa e bonita todos os dias. – Eu escutei isso? Caramba! Meu sangue está fervendo em meu rosto agora.
- Eu...- sou interrompida pelo chiado de Tenten me pedindo silêncio.

- Ele está chegando! - nos aprontamos por baixo das mesas do jardim e eu não deixo de notar Naruto com sua mão agarrada a de Hinata, será que dessa vez ele consegue?

Pulamos assim que Kiba entrou, entregamos os presentes e assim seguiu a festa, animada e divertida. Estava mais recolhida junto a Tenten e Rock Lee comendo e conversando sobre as novas mudanças da aldeia, essa Konoha era muito diferente da que conhecíamos, evoluiu e cresceu cinco vezes mais. Boas risadas foram tiradas até eu sentir uma mão branquela e gélida puxando meu braço agressivamente até a cozinha.

- Está louca? Se quisesse conversar, era só me chamar como qualquer pessoa normal faria! – Resmunguei mais alto do que planejava
- Cala a boca, testuda! – ela tapa minha boca – Sai me pediu para ficar quieta, mas você sabe que não consigo! – Ino me solta e cospe suas perguntas quase que desesperadamente – O que é isso que está acontecendo? Eu não acredito que meus melhores amigos esconderam isso de mim! Bom, do Shikamaru eu já esperava algo do tipo, mas você?!
- Do que você está falando, maluca? Eu não sei de nada. – Respondi alheia.
- Não minta para mim agora, eu sei que está rolando algo com vocês dois. Você estava agarrada nos braços dele ontem e hoje eu ouvi muito bem o elogio que deu a você! Sua safada! Não é mais virgem?
- O que?! – grito esganiçada e completamente vermelha. – Eu não tenho nada com seu parceiro de equipe, somos apenas colegas.

Será que dá para notar o quão nervosa eu estou?

 

- Então como você me explica aquele abraço apertado até demais de ontem?
- Eu senti uma coisa estranha, me virei e...

Sou interrompida por uma voz grave em minhas costas

- Por que você está agindo como se fosse mãe dela, Ino? Isso é um saco! Sabe que não precisa responder, não é?

Eu não sei onde enfiar minha cabeça. Existem tantos momentos para o sujeito aparecer e ele escolhe justo esse?

 

- Então já que ela não responde, que tal você resolver abrir a boca? – Ela continua enquanto eu me contorço de vergonha – o que está acontecendo?

Ela continuou com o semblante fechado

- Ela tropeçou e a segurei, mas se eu realmente tivesse agarrado, não teríamos obrigação de contar a ninguém. Apenas se ela quisesse.
- Ah, claro, Shikamaru, sempre tão maduro e sábio, né? Mas isso não te dá o direito de me mandar calar a boca! – Ino diz, cruzando os braços, ainda tentando manter a compostura.

fico completamente vermelha, me encolho um pouco, enquanto Shikamaru apenas suspira e solta um comentário seco, típico dele:

- Vocês duas são impossíveis… vamos parar com esse drama, por favor.

Saio de fininho enquanto Ino insiste em continuar a discussão com shikamaru, torcendo para que nenhum dos dois sinta minha ausência. Assim que piso no jardim vejo como todos estão felizes, especialmente Hina-chan, que depois de anos está tendo a tão aguardada atenção de Naruto. Faço uma anotação mental sobre falar com Hinata para saber as novidades.
Me despeço de todos, menos duas pessoas especificas nas quais eu não tive coragem nem de fixar os olhos, e me direcionei ao portão, logo após, minha casa. Giro a maçaneta e começo a fazer as tarefas adiadas desde ontem, a casa estava uma zona.
Assim que termino a faxina corro para o banheiro, odeio estar suada e isso é exatamente o que eu estou agora. Lavo os cabelos na água quente, relaxo por completo – chuveiro a gás, a melhor tecnologia já inventada na folha. Continuo sentindo o vapor até voltar a sentir aquele vislumbre de chakra. Tem alguém me observando? Eu sei muito bem, muito bem mesmo, de quem é essa energia. Saio do banheiro e me enrolo na toalha o mais rápido possível, tentando controlar o meu próprio chakra para parecer calma.
Saio do banheiro sorrateiramente e abro a porta sem ao menos tentar controlar minha força, olho para cima e vejo um homem, mas não o homem que eu imaginava. Shikamaru estava ali, prestes a bater em minha porta. E eu? Eu estava de toalha mostrando muito mais do que deveria. Berrei o grito mais alto da minha vida enquanto caia de bunda para trás

- Por Kami! De novo você caindo. Está bem?

Notes:

Segundo capítulo dessa fic, espero que gostem! Escrevi todas as frases com muito carinho. Não esqueçam de favoritar e deixarem suas opiniões nos comentários, me digam o que acham e o que voces gostariam que acontecesse. Beijinhos da bella!!!

Notes:

Essa está sendo minha primeira fanfic, espero que gostem!!! bjs da Bella