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BLOODLINES (Richard x Klaus)

Summary:

Quando Klaus finalmente libertou seu lobo, tornando-se o Híbrido Original, ele nunca imaginou que estaria liberando uma terrível maldição que colocaria em risco, não apenas sua família, mas todas as linhagens de bruxas, lobisomens e vampiros. Agora Klaus precisa correr contra o tempo para salvar sua família e a si próprio.
Quando Richard saiu do Xibalba e assumiu como único Lorde dos Culebras, ele não esperava que uma doença misteriosa começasse a se alastrar entre os Culebras. Agora, com a ajuda de Kisa e Carlos, precisa correr contra o tempo para salvar seu povo.
O que Richard fará quando descobrir que a doença é reflexo de uma maldição? O que Klaus vai fazer quando descobrir que a salvação está nas mãos, ou melhor, no sangue de uma espécie desconhecida? O que pode acontecer quando o único caminho é uma união forçada?

Essa história também será postada no meu perfil no Wattpad: https://www.wattpad.com/story/382979859-bloodlines-klaus-e-richard

The Vampire Diaries, The Originals e seus personagens pertencem à JULIE PLEC.
From dusk till Dawn: the series e seus personagens pertencem à ROBERT RODRIGUEZ
O ENREDO É MEU!

Notes:

Olá amigos, lhes apresento nossa nova história. Antes de iniciar como vocês já sabem tenho que esclarecer alguns pontos e apresentar os personagens:
PRESTEM ATENÇÃO AOS AVISOS

1) Os acontecimentos do enredo NÃO seguem a história original, bem como também NÃO seguem a cronologia e será divida em DUAS partes;

2) A maior parte da história se passará no Texas;

3) Terá casamento ou união forçada;

4) Essa história contém MPREG, se você não gosta, se sente ofendido ou desconfortável por favor, não continue;

5) Essa é uma história crossover que terão, além de TVD, TO e From dusk till dawn, Hemlock grove e Penny Dreadful:

6) Isso NÃO é um Dark romance, apesar da união forçada de ambos os lados;

7) ALGUNS CAPÍTULOS PODEM CONTER VIOLÊNCIA TÍPICA DAS SÉRIES, LINGUAGEM IMPROPRIA E SEXO!

Chapter 1: CURSED IN ETERNITY

Chapter Text

Boa leitura!

 

Uma garotinha com cabelos dourados andava com os seus pezinhos descalços por um terreno arenoso, ela parou de repente quando uma árvore enorme se projetou à sua frente de forma assustadora. Nascido em um terreno árido, o Carvalho tinha grandes raízes apodrecidas de onde vertia filetes de sangue escuro e mau cheiroso, o tronco tinha várias rachaduras de onde caiam larvas, apesar de grande possuía apenas sete galhos repletos de pequenos ramos secos, um deles, o menor, havia se partido e jazia no chão. Outro galho cresceu longe demais dos outros, distorcendo a imagem da árvore, fazendo parecer que havia sido rachada ao meio. Um terceiro galho tinha tantas rachaduras que estava prestes a se partir, perto dele havia outro, galho fino retorcido. Outros três galhos, um pouco mais altos que os outros, cresceram próximos, um deles era frágil e quebradiço, o outro forte e altivo e o terceiro era complexo como se dois galhos tivessem se emaranhado e se tornado um só. A imagem da árvore era assustadora para a garotinha solitária. Acima da árvore pairava um sol e uma lua que se aproximavam lentamente ameaçando trazer consigo a escuridão. Ao longe, um lobo branco banhado em sangue espreitava por detrás da árvore rosnando para a menina apavorada. Deu um passo para se afastar do animal. Ela caiu sentada sobre o sangue putrefato que se empossou aos pés da árvore. E a voz feminina ecoou em sua mente.
“Quando uma regra você quebrar, a escuridão vai se aproximar…”

Esther acordou assustada, sua respiração pesada e ofegante acordou Mikael, o Viking tinha um sono leve herdado por sua natureza de guerreiro.
“O que foi, o bebê está bem? Está sentindo alguma coisa?” Perguntou olhando para o ventre da esposa.
“O bebê está bem…” Esther respondeu incerta tocando a barriga saliente. “Foi apenas um sonho ruim.”
“Premonição?” Mikael perguntou preocupado, era o primeiro filho do casal e ele não queria que nada desse errado.
“Não, é só um sonho bobo. Volte a dormir.”
Não era apenas um sonho bobo, a bruxa sabia. Desde a infância esse sonho ia e vinha, mas ela nunca conseguiu decifrar. Mesmo com seus dons, ela nunca soube ao certo. Conforme o tempo foi passando o sonho sofreu alterações, a árvore se deteriorava e o sol e a lua ficavam mais próximos. O lobo branco ficava mais próximo e assustador.
Esther era uma bruxa, uma das mais poderosas juntamente com sua irmã, Dahlia. Ao contrário da irmã, Dahlia sempre teve afinidade com a magia obscura. Já Esther era uma bruxa com poder ancestral. Uma bruxa que conhecia a magia e suas regras.
Toda magia possui regras, essas regras mantêm o equilíbrio e a harmonia entre a bruxa e sua arte. Sempre que uma bruxa quebra essas regras, a natureza busca restabelecer o equilíbrio, gerando consequências e algumas podem ser catastróficas. As maldições do sol e da lua são exemplos disso, onde lobisomens se transformam na lua cheia e vampiros são impedidos de caminhar sob a luz do sol. A natureza sempre busca o equilíbrio, e há sempre um preço a pagar. E às vezes, o caos é tão devastador que cria uma maldição que pode trazer a ruína para linhagens inteiras. Às vezes, tudo que é preciso é o desejo egoísta de uma única pessoa... como o de Esther Mikaelson, para criar uma reação em cadeia de consequências que a própria magia não é capaz de consertar.
A maternidade é o sonho de muitas mulheres, mas a verdade é que uma grande parte dessas sonhadoras não nasceu para ser mãe. Esther Mikaelson é uma dessas mulheres, uma bruxa infértil que quebrou as regras da natureza ao fazer um pacto com sua irmã, Dahlia, e usar magia obscura para ter seus filhos.
Esther conseguiu, ela se tornou mãe mesmo tendo que entregar sua primogênita, Freya, para sua irmã. Mikael nunca mais foi o mesmo.
Anos depois, em uma terra estrangeira, Esther conheceu Ansel, o alfa gentil e sábio de uma alcateia nos arredores de onde vivia agora, com Mikael e seus filhos Finn e Elijah. As runas contaram à bruxa que pela linhagem daquele lobo corria o sangue de Fenrir, o grande lobo do Ragnarok. Ela deveria ter interpretado as runas e o lobo em seu sonho, como um aviso, mas ela ignorou completamente e se entregou à paixão concebendo seu quarto filho, Niklaus. Rebekah, Kol e Henrik vieram depois.
Quando Esther procurou Ayana, depois da morte trágica de Henrik, implorando por ajuda a ancestral Bennet se recusou a realizar um feitiço para tornar seus filhos imortais e avisou que se o fizesse, libertaria uma praga sobre a terra, Mikael inconformado convenceu a esposa a fazer o feitiço. Esther percebeu que a árvore de seu sonho começou a definhar e se partir, o lobo mordeu o braço da menina. E a voz ecoou.
“Quando duas regras você quebrar, a escuridão irá se espalhar…
Esther quebrou as regras da natureza pela segunda, criando os vampiros. A bruxa não tinha mais contato com a irmã e seu marido zombava de seu sonho.
O temor pelo sonho estava aumentando e se tornou pior quando a bruxa Ayana repetiu as palavras que ecoavam em seu sonho, principalmente porque a bruxa Mikaelson não fazia ideia que as regras da magia estavam prestes a serem quebradas por ela uma terceira vez.
“Quando uma regra você quebrar, a escuridão irá se aproximar, quando duas regras você quebrar, a escuridão irá se espalhar…” Ayana falou com voz duplicada. “Quando três regras você quebrar, a maldição irá desencadear.”
Nessa noite a árvore no sonho de Esther murchou, se tornando um amontoado de podridão sob a escuridão do eclipse, o lobo branco estava morto, assim como a menina estava prestes a morrer. Antes de fechar os olhos, Esther viu, através dos olhos da garotinha, uma serpente gigante com asas brancas com plumas luminosas sobrevoando seus corpos. A serpente abriu a boca.
“Quando três regras você quebrar, a maldição irá desencadear.”
Foi a última coisa que ouviu antes de acordar com os gritos de Mikael e Klaus, a terceira regra estava prestes a ser quebrada, assim que Niklaus se tornasse um híbrido. Nuvens escuras e carregadas se uniram rapidamente e os raios cruzaram o céu em uma sinfonia de terror.
Desesperada Esther obedeceu ao marido e com a ajuda de Elijah e Mikael selou a parte lobisomem do filho na esperança de que a maldição fosse parada. Mas engana-se quem pensa que uma mulher tão egoísta faria algo por temor ao mal que estava por vir, ela o fez para se eximir da responsabilidade sobre a maldição e para tentar esconder sua traição.

Aquele foi o pior momento da vida de Niklaus Mikaelson, ele perdeu, não apenas parte de si, mas a confiança em si mesmo e nos outros. Klaus nunca mais foi capaz de confiar completamente em ninguém, o medo da traição tornou-se parte de si. Desde aquele dia, a desconfiança, a paranoia e o medo constante do abandono passaram a definir sua personalidade.
Klaus Mikaelson nunca mais foi o mesmo, o desespero sempre o obrigava a tomar atitudes reprováveis e destruir qualquer possibilidade de ser abandonado por seus irmãos, matava seus interesses amorosos, os prendia em caixões por décadas, até mesmo séculos, os ameaçava e manipulava.

Passou séculos empenhado em libertar sua parte lobo deixando um rastro de destruição por onde passava, séculos tentando ser completo novamente, mas isso só foi possível mais de mil anos mais tarde ao encontrar a duplicada humana, Elena Gilbert.
Nas noites anteriores ao ritual, Klaus teve o mesmo sonho da mãe, uma árvore apodrecida na escuridão, o lobo branco morto e sempre acabava com uma serpente alada. Acreditava que poderia ser um sonho premonitório e escolheu ignorar, assim como Esther fez um dia, ignorar qualquer coisa que se colocasse entre ele e o desejo do seu coração.
Bonnie Bennett tentou matá-lo durante o ritual, mas Elijah não permitiu, não importa o quão irritado e decepcionado o vampiro Original fique com ele, não seria capaz de vê-lo morrer. Klaus se tornou um lobo completo, um enorme lobo branco com olhos dourados, muito maior que qualquer lobisomem que já viu, maior que os lobos da alcateia de Ansel.
Enquanto trotava por entre as árvores sob a luz da lua cheia, Klaus se deparou com o Carvalho branco de seu sonho, o fedor do sangue podre que escorria das rachaduras agredia seu nariz.
“Quando três regras você quebrar, a maldição irá desencadear.” Uma voz ecoou pela floresta, se virou para procurar a origem da voz, mas só encontrou escuridão, a árvore desapareceu.
Bonnie perdeu a consciência no momento em que Klaus se tornou um lobo completo. Um híbrido. Enquanto sua alma vagava pelas linhas do tempo, ela viu o fim de todos os vampiros, lobisomens e até mesmo as bruxas. Uma maldição nasceu e decretou o fim das três linhagens. Quando seus olhos castanhos abriram uma lágrima escorreu pelo canto dos olhos.
“Vamos todos morrer!” Decretou deixando todos inquietos.

Chapter 2: BLACKEN THE CURSED SUN

Chapter Text

Boa leitura!

Klaus voltou a forma humana, cabelos desgrenhados, pele suja e com um sorriso de felicidade nos lábios, Elijah o encarou enquanto ele se vestia.
“Quanto tempo se passou?” Klaus fechou os olhos sentindo os raios do sol da manhã aquecerem seu rosto.
“Uns dois dias.” Elijah respondeu esfregando a ponta dos dedos ansioso.
“E os corpos?” Perguntou mesmo que não se preocupasse realmente.
“Eu te segui cobrindo seus rastros. Como se sente?” Elijah podia notar uma nota de preocupação na voz do irmão e não era por causa das mortes que causou pelo caminho.
“Esplêndido, embora algo tenha me deixado um pouco confuso. Você se lembra daquele sonho estranho que eu tive na época em que encontramos Katerina? Te contei sobre ele.” Passou a camiseta pela cabeça. “Eu o tive por alguns dias depois que cheguei aqui e tive uma visão daquela mesma árvore ontem a noite enquanto passeava pela floresta.”
“Você acha que é algum sonho premonitório?” Elijah perguntou desconfiado, ele se lembrava de ouvir Esther contar a Mikael sobre um sonho parecido quando criança e a lembrança ficou gravada em sua mente porque Elijah passou a ter medo do Carvalho que ficava no meio da aldeia.
“Eu não sei e sinceramente, não quero pensar nisso, eu sou um híbrido agora e isso é tudo que me importa.” Klaus alegou entusiasmado, sua mente estava cheia de planos.
“Estou feliz por você, irmão. Mas a mim importa que você cumpra sua promessa.”
“Minha promessa? Ah, eu prometi unir você com o resto da nossa família e é o que vou fazer, irmão, não se preocupe.” Sorriu e Elijah ficou satisfeito mesmo tendo um vislumbre de segundas intenções nas palavras de seu irmão caçula. “Elijah, você tem que relaxar, está tudo perdoado, eu vou te levar até eles em breve.”

Enquanto Elena estava passando pelo luto e Damon convalescia por causa da mordida de lobisomem, Stefan e Bonnie se encontravam em um velho mausoléu para tentar contatar espíritos ancestrais, e encontrar um jeito de salvar Damon, descobrir mais sobre a maldição e uma forma de parar.
“Eu não faço ideia se isso vai dar certo…” Bonnie suspirou, insegura, por mais que estivesse treinando, não era uma bruxa experiente.
“Você já fez uma sessão dessas antes, contatou Emily, talvez uma dessas bruxas possam nos ajudar.” Stefan a encorajou, se levantando junto com Bonnie.
“Tomara porque eu estou com medo, Stefan.” Segurou as mãos do vampiro. “O futuro tenebroso que eu vi está tão perto que eu quase posso tocar.”
“Eu também tenho medo...” Admitiu, porém ele estava mais preocupado com Damon do que as visões da amiga e Bonnie sentia que era a única que realmente se importava. Os dois fecharam os olhos e Bonnie começou a recitar o feitiço. As velas começaram a tremeluzir. “Bonnie?”
“Emily.” A expressão do rosto de Bonnie mudou. “Quanto tempo Stefan.”
“Emily, eu preciso saber se existe um feitiço para salvar o Damon da mordida de lobisomem.” Foi direto, pois sabia que não tinha muito tempo.
“A natureza sempre encontra um jeito para equilibrar as coisas.” A bruxa respondeu encarando os olhos do vampiro. “E mesmo que houvesse, de que iria adiantar, Stefan, vocês todos vão morrer, vampiros, lobisomens e bruxas, todos estão amaldiçoados, fadados a desaparecer.”
“Não existe ou vocês não querem ajudar?” Stefan insistiu.
“Vocês deixaram a maldição ser libertada quando permitiram que o híbrido completasse o ritual, vocês falharam, nós falhamos, os ancestrais fizeram o pior monstro de todos odiá-lo e caça-lo e mesmo ele também falhou. E você está preocupado com Damon?” As chamas das velas se elevaram acima de suas cabeças. “Ele está tão morto quanto você estará em breve.” Respondeu amargurada.
“Nós vamos encontrar um jeito, Emily, por favor, se ajudarem o Damon, eu prometo encontrar um jeito de parar a maldição.” O vampiro implorou. “Por favor.”
“Só existe uma pessoa que pode parar e não é você, Stefan.”
“Me diga quem é e vou encontrar. Só me diga como ajudar o Damon.”
“A união do sangue da Serpente e do lobo… AAAAAHHHHH!!!!” Bonnie caiu no chão segurando a cabeça. “Elas não vão ajudar.” Bonnie falou assim que restabeleceu o controle.
“Elas disseram alguma coisa? Bonnie, você ouviu alguma coisa?” O vampiro ajudou a bruxa a se levantar. “Qualquer coisa?”
“Elas deixaram escapar um nome…” Respondeu apreensiva. “Klaus.”
“Não disseram se era sobre a maldição ou sobre o Damon?”
“Não disseram mais nada.” Os dois se encararam. “Eu vou procurar nas coisas da minha avó qualquer coisa sobre essa maldição, a Emily disse alguma coisa?”
“Ela começou a dizer algo sobre uma união do sangue da Serpente e do Lobo, depois disso ela se foi.”
“O lobo pode estar se referindo ao Klaus, mas e o sangue da Serpente?”
“Não faço ideia.”

Depois da sessão com Bonnie, muitas coisas aconteceram em um tempo recorde, Klaus cumpriu a promessa que fez ao irmão e o reuniu com a família, infelizmente, não da forma que Elijah esperava. O estado de Damon teve uma piora significativa e estranhamente rápida, o que fez Stefan decidir arriscar tudo e procurar Klaus no apartamento do Rick. Ele não esperava que o sangue do híbrido fosse a cura e aceitou a chantagem de Klaus em troca da vida do irmão. E assim, Stefan passou o verão ajudando o híbrido a rastrear lobisomens na tentativa infrutífera de criar outros iguais a ele.
Klaus e Stefan procuraram Glória, uma bruxa de Chicago, para descobrir qual o motivo de não conseguir transformar os lobos. A princípio a bruxa tentou alertar Klaus a respeito da maldição, mas foi ignorada como todas as outras que fizeram o mesmo.
A incredulidade do híbrido deu lugar ao temor pelas consequências dessa maldição quando ele decidiu reunir sua irmã a eles, se passaram mais de um dia inteiro e Rebekah ainda não havia acordado. Desesperado com a possibilidade de perder a irmã, Klaus voltou a procurar Glória.
“Me fale tudo o que sabe sobre essa tal maldição!” Glória se voltou para a porta.
“É o que estou tentando fazer desde que você apareceu aqui e você fecha os ouvidos.” A bruxa respondeu. “O que aconteceu para você mudar de ideia?”
“Rebekah não está acordando.” Klaus apertou os lábios nervoso e Stefan ergueu os olhos para ele. “Eu preciso saber o que está acontecendo.”
“Tudo bem…” Glória pegou uma garrafa de Bourbon e colocou no balcão servindo três copos. “Primeiro de tudo vocês precisam entender que tudo no mundo precisa de harmonia, equilíbrio para funcionar perfeitamente. Tudo o que existe tem regras que precisam ser respeitadas, o reino animal, humano, fauna, flora, tudo… Pensem no universo, na magia, como uma banda ou orquestra sinfônica, se os músicos não seguirem as partituras, as regras, o som é inquietante, caótico, irritante…”
“Parece com a aula para bruxas iniciantes, eu fui criado por uma bruxa, sei como isso funciona.” Klaus interrompeu, impaciente. “Vá direto ao ponto!”
“A magia que usamos é espiritual, ancestral, nós seguimos as regras da natureza que mantém a balança alinhada, nos mantém seguras. Quando essas regras são quebradas, a natureza tem que ficar buscando maneiras de equilibrar a balança…” Bebeu um gole generoso do whisky antes de continuar. “Acontece que a natureza se cansou de tentar colar os pedaços quebrados, se cansou de bruxas usando magia obscura, ressuscitando mortos, criando criaturas ferais, criando feitiços de imortalidade, sacrificando vidas por objetivos egoístas. Quando Esther e Dahlia foram concebidas, duas bruxas tão poderosas eram também perigosas, a natureza as fez estéreis para evitar que a profecia que surgiu com elas se cumprisse.”
“Que profecia é essa?” Stefan perguntou.
“Quando uma regra você quebrar, a escuridão irá se libertar. Quando duas regras você quebrar, a escuridão irá se espalhar…” Klaus recitou o que ouviu nos sonhos com a árvore. “Quando três regras você quebrar, a maldição irá desencadear.”
“Natureza está nos punindo pelos pecados da sua mãe. Quando você completou sua transição para híbrido, desencadeou a maldição.”
“Está dizendo que eu não deveria ser um híbrido por isso estamos condenados?”
“Você e seus irmãos não deveriam existir, nem como híbrido, nem como vampiros, nem mesmo como humanos. Esther quebrou as regras três vezes: quando usou magia negra para ter filhos, quando criou os vampiros e quando, involuntariamente, criou um híbrido. Por causa das transgressões de sua mãe, a natureza finalmente se voltou contra todos nós, as bruxas e as abominações que elas criaram.”
“Então o que? Ela decidiu se vingar?”
“O que para alguns pode ser vingança, para outros pode ser justiça.” Glória respondeu. “Todas as linhagens começaram a perecer porque a linhagem Mikaelson foi amaldiçoada. Basta olhar para a mecha de fios brancos que surgiram entre os cabelos de Stefan.” A bruxa apontou.
“Que merda é essa?” Tocou na mecha. “O que está acontecendo com ele? O que está acontecendo com Rebekah?”
“Estão perecendo como a árvore do seu sonho, Klaus, os irmãos que você mantém em caixões vão demorar muito mais para se recuperar, provavelmente não demorará para suas habilidades enfraquecerem, alguns podem nunca mais acordar. Eu sinto muito, não há nada que nós possamos fazer para ajudar.” Klaus socou a mesa e inesperadamente agarrou a bruxa pela garganta e prendeu contra a parede.
“Me diga como parar essa coisa!” Ordenou.
“Klaus, solta ela!” Stefan segurou seu braço, mas não era forte o suficiente para puxar o híbrido.
“Eu não… sei…” Glória falou com dificuldade e usou sua magia contra Klaus que a soltou segurando a cabeça. A bruxa esfregou o pescoço. “Acha que eu quero perder minha magia? Acha mesmo que alguma bruxa quer pagar pelos erros de Esther?”
“Então me ajude a encontrar um jeito.” O híbrido engoliu o orgulho e pediu. “Me ajude a nos salvar.” Glória esfregou as mãos no rosto cansado, a bruxa também estava sofrendo com os efeitos da maldição, ela se sentia fraca a cada vez que precisava usar seu poder.
“Eu não sei muito…” Ela se levantou e puxou a cadeira voltando a se sentar. “Eu sei que existe uma profecia, mas eu não lembro palavra por palavra.”
“Tem a ver com a união do sangue da Serpente e do lobo?” Stefan finalmente fez a pergunta que precisava desde que entrou naquele bar. Klaus e Glória o encararam.
“Você sabia disso?” Klaus estreitou os olhos.
“Não exatamente, Emily falou algo sobre isso, mas foi só o que ela disse, nada mais.” Se justificou.
“Como eu falei, não vou conseguir me lembrar palavra por palavra, eu a ouvi quando criança. Só lembro de algumas palavras e frases isoladas que diziam algo sobre uma ‘união de sangue’, mas não é só ‘união do sangue da serpente e do lobo’ é ‘união das linhagens divinas no sangue da Serpente e do Lobo sob o sol vermelho’’. Você tem que entender que profecias costumam ser enigmas, piadas que o universo joga para zombar de nós, palavras desconexas que esperam que decifremos.” Glória explicou. “E essa piada em particular, foi contada a muito tempo.”
“Você acha que esse lobo da profecia pode ser o Klaus?” Stefan olhou para o híbrido. “E de quem seria o sangue da serpente?”
“É possível, o sangue do Klaus é o que mais carrega o peso das transgressões de Esther.”
“Como assim?”
“Eu sou um filho que não deveria existir, um vampiro que não deveria existir, eu sou o único híbrido que, pasmem, não deveria existir!” Klaus concluiu respondendo o companheiro.
“Não é só isso, as bruxas ancestrais sussurram, dizem que seu pai lobisomem pertencia a uma linhagem divina de sangue antigo, a linhagem do lobo de Fenris.”
“O Lobo de Fenris? Fenrir? Me desculpe, mas isso é uma bobagem sem tamanho, Fenrir é um mito nordico sobre o Ragnarok, lendas para amedrontar crianças tolas.” Klaus soltou uma gargalhada.
“Como eu disse, a profecia é uma piada de outra época, não conheço o contexto. São boatos que correm entre as bruxas ancestrais, Klaus, não estou dizendo que seja verdade. Alguns boatos alegam que você é filho do próprio Fenrir. E quanto ao sangue da Serpente, eu não consegui encontrar nada sobre isso.” A bruxa alegou.
“Nada? Nem um ruído no seu radinho de bruxa?” Stefan ergueu uma sobrancelha.
“Talvez seja alguém da linhagem de Jormungandr…” Klaus zombou. “Isso é ridículo, não podemos perder tempo com profecias incompletas.”
“‘Estrela solitária’, esse é o único sussurro dos ancestrais sobre a serpente e Klaus, ridículo ou não, seria melhor encontrar uma bruxa mais antiga, alguém que conheça e possa decifrar a profecia, e rápido.” Aconselhou. “Pode ser nossa única chance.” Klaus soltou um suspiro e se levantou.
“Vamos embora, Stefan, preciso verificar a Rebekah.” Os dois caminharam até a porta.
“Talvez a garota Bennett possa ajudar, uma ancestral dela conhecia as profecias dessa época.” Glória falou antes que os dois saíssem.

Assim que voltaram, notaram que Rebekah havia recuperado a coloração e aberto os olhos, mas ainda não tinha forças o suficiente para se levantar.
“O que está acontecendo, Nik?” Ela perguntou com a voz embargada. “Eu não consigo me mexer, eu não consigo me mexer, Nik, me ajuda!” A vampira estava chorando desesperada. Ao ver aquilo Klaus começou a abrir os caixões, Stefan viu Elijah e outros dois homens que ele não conhecia.
O híbrido retirou as adagas de Elijah e Kol, hesitou um pouco antes de retirar a adaga do coração de Finn. Guardou as adagas e voltou a fechar os caixões dos irmãos.
“Vai ficar tudo bem, irmã…” Garantiu erguendo Rebekah em seus braços e a retirando do caixão. “Vai ficar tudo bem.” A vampira impotente chorou no peito de Klaus. “Stefan, reúna nossas coisas e chame os carregadores, estamos partindo.
“Para onde?” Stefan perguntou temeroso.
“Vamos voltar para casa, vamos para Mystic Falls.” Respondeu. “Precisamos falar com a senhorita Bennett e eu gostaria muito de ver o belo rosto da jovem Caroline novamente.”

Chapter 3: THE PROPHECY

Chapter Text

Boa leitura!

Seth estava tentando arduamente se concentrar no livro-caixa, mas não conseguia. A cada cinco minutos, seus olhos involuntariamente pousavam em seu irmão, que rabiscava desenhos desconexos e perturbadores em seu caderno. Desde que voltou do Xibalba, onde ficou preso por sete anos inteiros, Richard estava mais calado e contemplativo. Ele ainda era o mesmo, mas havia algo mais.
O Gecko temia que o irmão estivesse tomado por uma profunda depressão, entretanto, Richard garantiu que não havia nada de errado e que apenas estava desacostumado a interagir. Seth sempre teve um nível muito alto de proteção com seu irmão mais novo, e pensar que ele desapareceu no inferno por sete anos o deixava ainda mais superprotetor e paranoico. Ao mesmo tempo, Seth também sabia que Richard se tornou uma criatura muito mais poderosa que qualquer Culebra ou demônios xibalbanos.
“Jefe…” Enrique entrou no escritório chamando por Seth. O Culebra se retraiu ao olhar para seu Lorde, mas Richard ignorou sua presença. “Eu… Meu Lorde…”
“Fale, garoto!” Seth encarou o irmão, em outros tempos, Richard estaria reclamando pelos Culebras se dirigirem a ele e não ao seu Lorde. No entanto, ambos sabiam que não era desrespeito, mas medo. Os Culebras temiam Richard.
“Jeremias está doente.”
“Jeremias? Pensei que ele fosse um Culebra.” Seth tinha certeza que já viu o homem transformado.
“Ele é, chefe. Por isso estou aqui, os Culebras não ficam doentes.” O Culebra parecia assustado.
“Está me dizendo que, de repente, um Culebra perdeu o sistema imunológico sobrenatural?” Seth se levantou de onde estava e caminhou até o irmão. “O que você acha, Richard?”
“Eu não sei, não me lembro de ter lido nada sobre doenças nos Codex. O professor Tanner ainda está vivo? Porque não liga pra ele?” Richard sugeriu, sem parar de rabiscar. “Talvez Kisa!”
“O que é isso?” Seth fez uma careta para o desenho.
“Algumas coisas que eu tenho visto…” Respondeu Richie, fechando o caderno e deixando-o de lado. “E quanto a você, Enrique, não precisa se preocupar comigo. Seth esteve ajudando vocês nos últimos anos, é natural que você busque por ele.” Richard se levantou. “Eu vou tomar um banho, me chamem quando o professor Tanner chegar…” Fez uma pausa quando alcançou a porta e olhou para os dois. “Mantenham nosso povo em alerta… Algo está vindo!”
Quando Richard saiu, Seth pegou o caderno abandonado no sofá e começou a folheá-lo. Viu desenhos de criaturas horríveis, esboços de lugares estranhos, alguns eram recorrentes, como corpos com rabiscos em certos pontos, várias páginas dedicadas a uma árvore de sete galhos, um animal que parecia um cachorro, em outras páginas havia, uma serpente alada e vários olhos espalhados pela folha.
“Kukulkan…” Enrique falou olhando o desenho. “A serpente da visão ou serpente emplumada.”
“Hum… O que é ‘la fiebre de sangre’?” Perguntou Seth, apontando para as palavras que se repetiam nas páginas onde havia o desenho da árvore.
“Significa: a febre de sangue…” O Culebra respondeu. “Você acha que é alguma coisa que ele viu do outro lado, Chefe?”
“Não sei, Enrique…” Seth fechou o caderno. “Convoque uma reunião com o Pacificador e o professor Tanner. Chame o Caçador eterno também, ele pode saber de alguma coisa.”
“Sim, chefe.”
“Enrique, descubra se há mais algum caso de Culebras com sintomas dessa suposta doença.” Seth estava mais preocupado do que normalmente ficaria. Talvez fosse um motivo egoísta, mas Richard era um Culebra, e ele não deixaria nada acontecer com seu irmão novamente.

Rebekah recuperou o controle de seu corpo durante a viagem de volta para Mystic Falls, tanto ela quanto Klaus, estavam apavorados com o acontecido e nenhum dos seus irmãos havia acordado ainda.
“Você acha que realmente pode ter um jeito de anular essa maldição?” Rebekah perguntou.
“Nós vamos encontrar um jeito, irmã, se não houver um jeito, nós criamos um, mas eu nunca vou deixar nada acontecer com vocês.” Klaus respondeu. “Stefan, quando chegarmos, descubra onde está a senhorita Bennett e traga-a até mim, nem que seja arrastada pelos cabelos. Rebekah e eu, vamos acomodar nossos irmãos e aguardar.”
“Quer que eu traga algumas bolsas de sangue e roupas pra Rebekah?” O vampiro olhou para a garota que ainda usava os mesmos trajes dos anos vinte.
“Sim, arranje isso também.”
Stefan desaparece assim que pararam o carro na frente da mansão, os caixões foram descarregados no chão empoeirado, Rebekah ajudou Klaus a acomodar os irmãos em uma cama grande o suficiente para caber os três. Depois de beber o sangue de um dos carregadores, Klaus pegou uma garrafa de whisky e se sentou para esperar observando Kol e Finn ainda com as peles cinzentas. Elijah, por outro lado, já havia recuperado a coloração natural.
Algumas horas torturantes se passaram até que Elijah abriu os olhos, confuso e temendo a quantidade de tempo em que esteve preso naquele caixão, ao contrário de Rebekah, o vampiro não sentiu a paralisia, raivoso, o Original atacou Klaus assim que seus olhos pousaram nele. O híbrido se chocou contra a parede, mas não revidou, apenas o empurrou para afastá-lo.
“Você me traiu!” Elijah acusou. “Você me fez uma promessa.”
“Eu prometi unir você com o resto da nossa família, a maneira que você interpretou não é culpa minha…” O rosto do vampiro se contorceu de raiva. “Não seja dramático, irmão, não se passou nem três meses.” Elijah atacou novamente, mas Rebekah segurou seu braço.
“Elijah!” O vampiro olhou para a irmã e os olhos de ambos se encheram de lágrimas. Os dois se abraçaram com força, o vampiro acreditou por muito tempo que seus irmãos estavam mortos e ver o rosto de sua amada irmã o fez estremecer de felicidade.
“Eu senti tanto sua falta, minha querida irmã.” Elijah beijou sua bochecha com um sorriso nos lábios, um sorriso que morreu assim que viu Kol e Finn sem as adagas. “O que está acontecendo?” Segurou os ombros de Rebekah para ver melhor.
“Porque acha que tem alguma coisa acontecendo? Eu não posso estar apenas cumprindo a promessa que fiz ao meu nobre irmão?” Klaus perguntou e Elijah o olhou com total descrença.
“Eu te conheço o suficiente para saber que você não faz nada altruísta e que jamais tiraria a adaga de Finn sem um motivo real.” Elijah se sentou na poltrona e adotou um olhar sério e penetrante. “Comece!” Rebekah entregou ao irmão uma bolsa de sangue enquanto Klaus contava palavra por palavra o que ouviu de Glória.
“Você não pode imaginar o meu desespero, Elijah, pensei que nunca mais ia conseguir me mover. Levei dois dias para acordar e estamos com medo de que nossos irmãos não acordem mais.” Apontou para os irmãos deitados lado a lado.
“Isso não aconteceria se Niklaus não os tivesse prendido em caixões por tanto tempo.” Elijah zombou.
“Sim… Sim, o bastardo é uma pessoa horrível.” Klaus respondeu um pouco mais alto do que o necessário. “Vamos voltar ao que realmente importa!”
“Glória realmente acredita que a senhorita Bennett pode nos ajudar?” Perguntou pensativo. “Ela nunca foi uma grande fã sua.”
“Ela não nos deu certeza, apenas uma sugestão, mas na vila onde morávamos havia uma mulher chamada Ayana, se lembra? Ela é uma ancestral Bennett.”
“E porque não foram buscá-la ainda?” Elijah perguntou, se levantando.
“Não queria deixar vocês sozinhos e Rebekah não sabe como é a bruxa.”
“Bem, agora que Elijah está acordado, um de vocês pode ir até ela.” Rebekah sugeriu. “Aquele idiota do Stefan é um incompetente e tenho certeza que está escondendo alguma.”
“Nossa irmã tem razão, isso é grave demais para esperar que a solução simplesmente chegue a nossa porta e toque a campainha.” Elijah mal terminou a frase e o som estridente da campainha antiga encheu o ambiente.
“Talvez seja o Stefan trazendo a bruxa.” Klaus se adiantou correndo pelas escadarias com Elijah e Rebekah atrás dele, todos estavam ansiosos por uma resposta.
O híbrido abriu a porta dando de cara com uma jovem desconhecida. A garota tinha um olhar que Klaus considerou familiar, assim como os cabelos loiros levemente encaracolados e a maneira como tentava disfarçar o nervosismo com um sorriso apertado.
“Quem é você?” Rebekah perguntou atrás de Klaus e os olhos da garota pousaram nos dois Originais e o híbrido notou o brilho de emoção cruzar os olhos dela.
“Eu me chamo Freya, Freya Mikaelson, sua irmã!” Ela anunciou com convicção e Klaus soltou uma gargalhada.
“Meu Deus, quem deixou você sair do sanatório? Você realmente espera que acreditemos nisso?”
“Eu estou falando a verdade, Niklaus, eu sou sua irmã e estou aqui para ajudar.”
“Ajudar com o que? Não vejo no que uma maluca farsante poderia ajudar.” Klaus respondeu.
“Com a maldição que nossa mãe liberou, eu sou uma bruxa, conheço a maldição e conheço a profecia que pode nos salvar.” Freya responde.
“Deixe ela entrar, Niklaus, quero ouvir o que ela tem a dizer…” Klaus se virou para Elijah, mas seu irmão não estava olhando para ele e sim para sua suposta irmã. “Vou deixar que conte sua história e se eu não me convencer, eu mesmo iria matá-la.” Klaus sorriu e abriu espaço para a garota.
“Seria uma sorte se você conseguisse isso, irmão.” Freya suspirou, pois sabia que não seria fácil convencer seus irmãos.
“Só não fique muito à vontade, você não vai ficar aqui, esse privilégio é só de quem eu considero da família.” Klaus avisou.
Freya, Rebekah e Elijah se sentaram enquanto Klaus permaneceu em pé como um cão de guarda, em frente a lareira, com os braços cruzados analisando os movimentos da bruxa.
Um breve silêncio analítico se instaurou entre eles, Elijah não pode deixar de notar a semelhança entre a garota e Niklaus, o que poderia ser uma pequena prova e o mais intrigante para o Original era que ambos eram os que mais se pareciam com Mikael, mesmo Klaus não sendo filho do homem.
“Se você é nossa irmã, por que nunca ouvimos falar de você?” Rebekah perguntou de repente.
“Eu fui o preço que Esther pagou para construir essa família. Quando Esther fez um acordo com Dahlia, sua irmã, para que pudesse se tornar mãe, Dahlia exigiu a primeira criança.” Havia uma grande quantidade de rancor na voz da bruxa.
“Isso bate com o que Glória falou sobre nossa mãe ter feito um feitiço para se tornar fértil.” Rebekah comentou.
“Não seja ingênua, irmã, ela é uma bruxa, nem sequer estaria viva se isso fosse verdade.” Klaus colocou as mãos na cintura, inconformado.
“Infelizmente para mim, Dahlia vinculou nossas vidas uma a outra, e isso me tornou imortal, mas não é algo fácil de manter, nosso envelhecimento é retardado, mas acontece. Nós passamos um longo período em um sono profundo, a cada cem anos nós passamos um ano acordadas.” Freya contou.
“E durante esse ano o tempo passa normalmente?”
“Eu vou contar minha história para vocês, mas antes precisamos falar sobre a maldição. Não temos muito tempo, Esther quebrou as…”
“As regras, nós já sabemos disso, já sabemos sobre a maldição, o que nós queremos saber é porque você está aqui? E claro, uma maneira de parar a maldição. Se você não é capaz de responder a nenhuma dessas duas perguntas, você é inútil pra nós!” Klaus falou irritado.
“Eu estou aqui porque eu sempre quis uma família, minha família e é por isso também que eu procurei decifrar a profecia da Serpente e do lobo, desde que Dahlia me falou sobre ela, a cada vez que eu estava acordada aproveitava a chance. Eu trabalhei muito duro para descobrir cada linha, mas tem coisas que só surgiram no último século e outras coisas que eu demorei muito para descobrir.”
“Você está dizendo que conhece a profecia e sabe o que significa?” Klaus a encarou desconfiado. “Eu não acredito em você.”
“Sob a estrela solitária, a serpente alada espera. Sob o Carvalho maldito, o lobo impera. Sob o sol vermelho, com a união do sangue divino do lobo e da serpente. O carvalho se erguerá novamente.” Recitou a profecia.
“Que poema bonitinho, mas precisamos de mais do que isso, Freya. Precisamos saber o que significa.” Klaus apertou os lábios.
“Carvalho maldito se refere ao carvalho de seus pesadelos, Niklaus, isso é certo. Você teve uma visão com ele na noite em se tornou um lobisomem.” Elijah se lembrou.
“Esse carvalho representa a nossa família, eu também já sonhei com ele…” Freya saiu do sofá e pegou uma folha de papel e caneta que viu sobre o aparador, começando a esboçar a árvore. “A árvore tem exatamente sete galhos, os filhos de Esther, um distante que sou eu…” Freya rabiscou seu nome na escrita rúnica. “Esse aqui, quebrado, é nosso irmão, Henrik… Esses são Kol e Finn…” Continuou escrevendo. “Esses três são vocês, Rebekah, Elijah e Klaus.”
“Porque meu galho parece emaranhado?” Reclamou.
“Acho que é por causa da sua natureza dupla.” Elijah respondeu por ela.
“A árvore cresceu em solo árido e infértil. O ventre de Esther. O lobo branco é sua natureza divina, Klaus, o seu lobo. E essas várias ramificações são suas linhagens de vampiro.” Freya explicou suas interpretações. “Ou seja, aqui está falando de você, o sangue do lobo é o seu.”
“Então, você está dizendo que nosso destino está nas mãos do nosso irmão egoísta?” Rebekah olhou entre Freya e Klaus.
“Parte dele sim, a outra parte está no sangue da serpente. Eu não sabia o que isso realmente significava, procurei por vários clãs relacionados com serpentes ou venenos, mas nenhum se encaixava.” Os três se aproximaram observando os rabiscos. “Até que eu descobri uma espécie sobrenatural chamada de Culebras, quer dizer ‘serpentes’ em espanhol. São criaturas com características de serpentes, olhos, presas, veneno e até escamas…”
“Em outras palavras, aberrações.” Klaus resmungou, Freya ergueu os olhos para o irmão.
“São vampiros reptilianos, mas não se preocupe, assim como os vampiros e lobisomens, eles também têm forma humana.”
“E por que você acha que a serpente da profecia tem relação com esses Culebras?” Elijah estava esperançoso, mas apreensivo, inclinou seu corpo para frente para enxergar melhor os rabiscos da jovem. “E como nunca ouvimos falar deles antes?”
“Não é óbvio? São monstruosidades, devem viver nos esgotos ou cavernas.” Klaus zombou.
“Pelas minhas pesquisas, Culebras pertencem a um grupo bastante restrito, a maioria vem dos povos mesoamericanos e vivem próximos à fronteira com o México ou no próprio México. Para saber mais eu conversei com um homem, professor Tanner, e foram às informações dele que me fizeram ter certeza de que os Culebras são ‘a serpente’ da profecia. Os Culebras cultuam um deus antigo chamado Kukulkan, a Serpente da visão ou Serpente Emplumada… ‘a serpente alada espera’.” Klaus inclinou a cabeça para o lado. “Kukulkan é representada por uma serpente alada.”
“Então tudo o que precisamos fazer é encontrar um desses culebras e fazer um feitiço usando o sangue dele e do Nik?” Rebekah achou tudo muito fácil para todo esse mistério.
“Não é nada tão simples, a profecia diz: sangue divino, a não ser que todos os Culebras tenham uma linhagem divina, precisa ser um culebra diretamente ligado à linhagem de Kukulkan.”
“E fazemos o que? Vamos até lá e fazemos um teste de DNA mágico em todos?”
“O que é DNA?” Rebekah pergunta confusa.
“Acho que não precisaremos, Tanner falou sobre uma mulher, Kisa, La Diosa, ela é uma culebra com mais de quinhentos anos, eles a cultuam e coincidentemente, ela é a única Culebra que tem asas.” Contou.
“E esse professor contou tudo assim tão fácil?”
“O cara é um tarado nojento, não pode ver uma garota jovem e bonita que contaria qualquer coisa achando que tem uma chance.” Klaus e Elijah estreitaram os olhos.
“Não parece tão difícil, se ela não quiser fornecer um pouco de seu sangue, matamos ela e pegamos o que precisamos.” Klaus deu de ombros.
“Onde encontramos essa mulher?” Rebekah perguntou.
“Houston, Texas, o estado da estrela solitária. Mas vocês estão equivocados quanto à união de sangue.” Freya olhou para Klaus. “Não se refere a uma simples mistura de sangue para um feitiço, Klaus, a união de sangue se refere a um ritual antigo de casamento.”
“Como é que é?”
“Você precisa se casar com essa mulher em um ritual de sangue sob o sol vermelho, ou seja, durante um eclipse solar.” Explicou.
“Você está louca se pensa que eu vou me casar com alguma dessas abominações e caso não tenha reparado no seu calendário de bruxa, não tem nenhum eclipse solar nos próximos meses.”
“Eu só estou explicando a profecia, Klaus.” Freya se defendeu. “E o eclipse está ligado ao ritual, não está nas previsões astrológicas.”
“Não importa, eu não vou me casar, amor, nem se essa diosa fosse a última mulher na terra!”
“Por que precisa ser o Klaus?” Elijah perguntou. “Se isso salvar nossa família, eu estou disposto a fazer o que for preciso.”
“A profecia fala sobre o sangue do lobo, Elijah, não sei se isso pode ser modificado.” A bruxa balançou a cabeça.
“E o Nik está fazendo esse alarde todo como se a garota fosse cair aos pés dele assim que o conhecer, já passou pela sua cabeça idiota que ela pode não querer se casar com você?” Rebekah olhou para o irmão. “Talvez ela tenha critérios.”
“Bom, nossa irmã tem razão, não podemos esquecer que somos nós que precisamos nos livrar da maldição.” Elijah concordou.
“Ah pronto, era só o que faltava nosso destino ficar nas mãos dessa gente.” Klaus se jogou na poltrona. “Se fosse o caso de isso ter realmente que acontecer, nós podemos compelir, enfeitiçar, torturar, sabe… Posso usar minha criatividade.”
“Não é tão simples, como eu disse, os Culebras fazem parte de uma comunidade restrita, mas eles não são selvagens, Klaus, eles tem uma certa hierarquia, eles possuem um conselho, sendo essa mulher, Kisa, parte dele e um líder que é chamado de Lorde, segundo o professor Tanner, antigamente existiam Nove Lordes, mas todos foram mortos, agora existe apenas um Lorde Culebra…” Freya voltou a explicar. “Nós precisamos falar com eles antes de qualquer coisa. Esse Lorde tem apreço por respeito a seu território e seu povo.”
“Então, com certeza, estamos mortos…” Elijah lamentou. “Klaus não costuma prezar pela diplomacia.”
“Isso não importa, eu não pretendo me casar com nenhuma dessas aberrações, então seja útil e encontre outro jeito…” Klaus se aproximou e acariciou o rosto da garota que sorriu acreditando que aquilo era um sinal de aceitação até que caiu morta no chão.
“O QUE VOCÊ FEZ?” Rebekah correu até a bruxa.
“Testando a sua suposta imortalidade, querida irmã…” Debochou. “E anotem nos seus caderninhos, eu não vou me casar com ninguém!” Saiu da sala deixando os dois olhando para o corpo da bruxa.

Chapter 4: DESTINY OF THE CHOSEN

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Boa leitura!

O professor Tanner não demorou a atender o chamado de Seth, por dois motivos, o primeiro é que, como um estudioso, ele estava muito interessado em conversar com Richard sobre sua jornada pelo Xibalba. E segundo, Seth não conhece a definição da palavra ‘pedir’. Distribuía ordens o tempo todo, o que deixava todos bastante irritados com seu tom autoritário. Diferente de Richard que nunca era possível saber se o que dizia era uma ordem, um pedido ou um comentário aleatório. Sua imprevisibilidade podia ser mais perigosa que as ordens diretas de Seth.
Enrique, seguindo as ordens de Seth, descobriu outros casos da misteriosa doença entre os membros da comunidade, com uma morte registrada, uma jovem Culebra recém transformada. Assim que relatou o problema para seu Lorde, Richard ordenou que, além do Pacificador e do professor, Carlos, Kisa e o Burt também fossem convocados.
“Eu espero que essa reunião seja importante…” Ranger Gonzalez, o Pacificador, se juntou a Seth, Enrique e o Tanner, ao redor da mesa. “Eu tive que faltar à reunião da escola da minha filha.”
“Que pena, mas nós temos assuntos urgentes aqui.” Seth falou, impassível.
“Para você, pode ser, para mim, não.” Retrucou. “Minha filha é a única urgência importante pra mim.”
“O que é tão urgente para ser convocado pelos hermanos Gecko?” Carlos perguntou entrando na sala acompanhado por Kisa.
“Olha só, vocês estão juntos de novo, Carlitos?” Seth ironizou.
“Eu encontrei ele na porta.” Kisa respondeu secamente. “Eu estava no meio de um assunto importante, porque me chamou aqui? Porque estão todos aqui? Onde está o Richard?” Disparou as perguntas.
“Assistir a um bando de desocupados lutando em uma gaiola não é bem um negócio importante, princesa.” Seth arqueou as sobrancelhas. “E é sobre o nosso povo.”
“Nosso povo? Você mudou bastante, hein.” Carlos comentou retirando as luvas e deixando de lado junto com o chapéu.
“Você não me respondeu, onde está o Richard?” Kisa podia tentar esconder atrás de sua expressão de irritação constante, mas ela tinha um grande carinho pelo homem que a libertou da escravidão.
“Ele já está vindo, não se preocupe.”
“Todos os idiotas reunidos, imagino que seja importante.” O som das botas de Burt foi ouvido antes mesmo que ele passasse pela porta. “Espero que eu não tenha sido chamado aqui para ouvir mais ordens desse cara.” Apontou para Seth, o Caçador eterno ficava bastante irritado com o tom autoritário e desrespeitoso que o Gecko costumava usar.
“O fato de você não ter morrido na luta contra a Amaru, não me impede de fazer isso agora, velho!” Seth resmungou.
“Por que estamos aqui, Seth?” Kisa perguntou novamente.
“Senhores…” Richard entrou na sala acompanhado por um guerreiro tribal. “Obrigado por virem.”
“Richard…” Kisa soltou um suspiro de alívio ao ver o rosto do Culebra.
“Kisa…” Cumprimentou com um sorriso quase infantil. “Pacificador, Carlos, Ilhicamina, Professor…” O guerreiro encarou os presentes. “Esse é meu amigo, Zolo, líder dos Guerreiros Jaguar.” Todos acenaram com a cabeça de má vontade.
“Você parece bem para alguém que passou tanto tempo no Xibalba.” O caçador comentou. “Continua maluco ou seu tempo por lá consertou sua cabeça.” Seth puxou o revólver da cintura e atirou na testa do caçador, sem hesitar.
“Não fale do meu irmão!” O Gecko mais velho manteve o braço esticado mantendo a mira.
“Seth, chega, sinceramente, eu não me importo.” Richard segurou o braço do irmão e começou a baixá-lo.
“Não se importa? Nós sempre odiamos essas merdas, Richie, e esse babaca tem que te respeitar…” Seth ficou muito irritado. “Você é a porra do Lorde dele!” Burt rosnou e se levantou atacando Seth Gecko, mas Richard foi mais rápido. O agarrou pela garganta e ergueu no ar.
“Não toque no meu irmão, Caçador… Eu disse que não me importo, e não me importo mesmo, mas se quer saber o quanto eu continuo maluco, faça isso de novo!” Soltou o corpo do homem.
“Nós fomos chamados aqui pra ver essa discussão infantil?” Kisa falou. “Se eu quisesse ver brigas teria ficado na arena.”
“Ela tem razão, tem coisas mais importantes.” O professor Tanner falou.
“Eu realmente detesto dizer isso, mas o professor está certo…” Seth suspirou. “Nós convocamos vocês porque o assunto é sério. Os Culebras estão ficando doentes.”
“Isso não faz nenhum sentido, somos imunes a doenças.” Carlos esfregou as mãos.
“É isso aí, por isso estão aqui.” Seth apontou para Enrique. “Conte a eles, garoto.”
“No último mês, um total de dez Culebras, aqui e no México, apresentaram sintomas graves, físicos e neurológicos. Uma jovem faleceu.” Enrique mantinha as mãos cruzadas.
“Que tipo de sintomas?” Burt começou a prestar atenção.
“Começa com períodos de catatonia, e vai evoluindo para confusão mental, delírios, perda de controle da transformação, superaquecimento do corpo, convulsões, inflamação das escamas, uma sede de sangue incontrolável que os faz atacar sua própria espécie. As presas da jovem Culebra caíram e ela se enrolou de uma forma que seus ossos se partiram, pouco antes dela morrer.” Enrique relatou deixando todos perplexos.
“Eu nunca vi nada assim.” Kisa e Carlos concordaram.
“Eu também não.” Gonzales também falou.
“Eu já…” Burt falou nervoso e todos se viraram para ele. “Quando os Culebras saíram do Xibalba e passaram a habitar o mundo humano, esses sintomas começaram a aparecer, como uma epidemia, começava pelos mais jovens e aos poucos atingia os mais velhos, estes eram mais resistentes e raramente chegavam aos braços de Al Puch.”
“E como se curaram?” Richard ajeitou os óculos esperando a resposta.
“Nunca existiu uma cura, não que eu saiba, muitos morreram até que os Culebras criarem imunidade contra essa doença desconhecida…” O Caçador respondeu. “Ela tinha um nome… deixa eu pensar…”
“La fiebre de sangre…” Tanner respondeu olhando para um antigo códice aberto na mesa.
“Isso mesmo, La fiebre de sangre, Ximena e os Lordes acreditavam que essa doença foi causada pela natureza desse mundo, para tentar expulsá-los de volta para o Xibalba.”
“Então, a natureza está tentando expulsar vocês de novo?” O Pacificador, que até aquele momento se manteve calado, apenas ouvindo, perguntou. “Pelo menos minha vida vai ficar mais fácil.”
“Acho que é mais profundo do que isso.” Tanner respondeu. “Os Culebras e as forças da natureza desse mundo se adaptaram um ao outro, eles se mantiveram em uma espécie de equilíbrio...”
“Quando você diz ‘mais jovens’...” Seth interrompeu de repente. “Do quão jovens estamos falando?”
“Até uns duzentos anos, mais ou menos, por que?”
“De jeito nenhum, Richard não tem dez anos de carreira como sugador de sangue, acho bom vocês pensarem em um jeito de curar essa epidemia porque eu não vou perder meu irmão de novo.”
“Seth, não se preocupe, eu não estou em perigo por enquanto, continue professor…” Richard apoiou a mão no ombro do irmão.
“Você realmente ouviu o que ele disse?”
“Eu ouvi, Seth, acredite eu estou bem longe de ser tão jovem quanto você pensa.”
“Dez anos, Richard, você não tem dez anos…” Seth insistiu.
“Não explicou nada pra esse cabeça de vento?” Burt perguntou para o Lorde.
“Explicou o que? O que Richard tinha pra explicar?”
“O tempo corre diferente no Xibalba, Seth…” Kisa interviu querendo acabar logo com aquela questão e voltar ao assunto. “Para nós, Richard ficou sete anos no Xibalba, mas no Xibalba foram cerca de oitocentos anos.”
“Oitocentos e quarenta, agora podemos continuar aqui? Depois falamos sobre isso.” Seth não ficou satisfeito, mas estava abalado demais com a nova informação para responder. “Continue.”
“O que pode ter acontecido para essa doença voltar?” Ranger Gonzalez encarou as figuras na mesa.
“O equilíbrio perfeito que existia entre Culebras e o mundo humano está abalada.” Carlos comentou. “Só não sabemos o que foi que o abalou.”
“Acham que pode ser minha culpa? Tudo aconteceu um pouco depois que eu voltei.” Richard entortou a boca em expectativa.
“Não, acho que o problema não é conosco, alguma coisa abalou todo o equilíbrio e isso está refletindo sobre nós.” Tanner falou olhando os criptos no códice com atenção. “Eu encontrei este códice, contém fragmentos do que eu acredito ser uma profecia antiga. Vê aqui…” Apontou. “Tanto essa árvore quanto esse lobo não fazem parte da mitologia dos culebras, nem mesmo da mitologia mesoamericana tradicional. Se fosse um coiote sim, mas um lobo, não.” Apontou para outra imagem. “Essas figuras aqui podem representar a doença, Culebras mortos embaixo da árvore, não como parte do cena, mas como…”
“Uma sombra. E os vejo em meus sonhos, um lobo branco me leva até um Carvalho com galhos secos e raízes podres, o que a árvore e o lobo significam?” Richard contou, omitindo a visão dos mortos.
“Eu ainda não sei, o que eu sei é que, essa figura aqui só pode ser Kukulkan, percebem? Uma serpente alada enrolada ao redor de um Culebra.” Tanner continuou, o professor era um estudioso compulsivo da cultura mesoamericana, seus mitos e símbolos, não era difícil para ele compreender a criptografia.
“E?” Seth cruzou os braços.
“Essa figura está acima da árvore.”
“Isso a gente está vendo, Tanner…” Ranger Gonzalez falou revirando os olhos. “Só não estamos entendendo… nada.”
“Os Culebras mortos estão embaixo da árvore, na sombra dela, Kukulkan está acima da árvore, acredito que isso significa que a resposta para a cura está na Serpente da visão.”
“E como isso vai acontecer? Vamos rezar pra o deus serpente?” Carlos estava ficando impaciente, assim como o resto do grupo.
“Na verdade…” Tanner abriu um caderno antigo. “Acho que tenho parte da resposta. Esse é o diário de um antigo professor, tem a tradução de alguns criptos encontrados nas ruínas de um templo. Fala de uma linhagem antiga e poderosa, sobre os Culebras, sendo mais específico, existe um Culebra com o sangue de Kukulkan correndo nas veias.”
“E porque isso importa?” Kisa perguntou.
“Importa porque segundo essas anotações…” Tanner pigarreou e começou a ler. “A linhagem da serpente alada irá se unir a linhagem do lobo, para purificar o sangue e quebrar a maldição. E assim trazer de volta o equilíbrio perdido.”
“Estamos dependendo de um Culebra que não sabemos quem é, para se unir com um lobo que não sabemos onde está, para quebrar uma maldição que não sabemos qual é, e nem se existe de fato, para restaurar o equilíbrio e erradicar a febre de sangue?” Seth balançou a cabeça. “Isso que eu chamo de estar ferrado.”
“Bem, eu não diria que não sabemos quem é o Culebra…” Burt olhou diretamente para Kisa. “Só pode ser ela, uma Culebra antiga, vista como rainha, cultuada como deusa…”
“E a única Culebra que tem asas… Uma serpente alada.” O Pacificador arrumou o chapéu na cabeça. “É meio óbvio.”
“Vocês estão brincando, não é?” Kisa reclamou. “Vão jogar a responsabilidade nas minhas costas? Não acham que se eu fosse da linhagem de um deus, eu teria ficado tanto tempo como escrava de um merda como Amâncio Malvado?”
“Não é difícil, mi Diosa, você não tinha ideia de seu poder. Você com certeza é a Culebra da profecia.” Carlos garantiu.
“Se ela é da linhagem dessa serpente, isso é bom.”
“Agora, só temos que descobrir todo o resto.” Gonzalez suspirou.
“Enrique, mande reunir todos os livros, diários antigos e códices que encontrar e coloque na minha sala…” Richard ordenou. “Ranger, veja se encontra alguma coisa com a sua gente.”
“Eu vou tentar descobrir entre os frequentadores do clube se existem mais doentes e reunir todos em um único lugar. Carlos, você vem comigo, posso precisar de ajuda se essa doença está se espalhando rápido e causa insanidade.” Kisa avisou.
“Seth, você fica responsável por qualquer coisa que apareça, o Professor, Burt, Zolo e eu, vamos procurar pistas secretas nos códigos.” Seth concordou com o irmão, Richard era o intelectual e Seth era lutador, era assim que eles funcionavam e se completavam.
“Quando eu concordei com isso?” Burt perguntou apagando o baseado na mesa.
“Quando foi que você ouviu ele perguntar?” Seth rosnou.
“Temos outras preocupações no momento, Caçador.” Carlos comentou sorrindo.
“Richard…” Kisa o chamou. “Nós podemos conversar?” Richard estendeu a mão para a Culebra que a segurou.
“Me acompanhe!”

Klaus estava sentado em uma banqueta, encostado no balcão do Grill. Uma garrafa de Whisky foi deixada ao seu lado, e seu copo sempre abastecido. Kol demorou dois dias a mais que Rebekah para acordar e mais um dia para sair do estado de paralisia. Quando finalmente conseguiu se recuperar, seu primeiro instinto foi o de atacar Klaus, física e verbalmente, com palavras crueis, mas que o híbrido tinha absoluta certeza que merecia.
Contrariando as próprias palavras, Klaus não expulsou Freya de sua casa. A bruxa estava se aproximando, lentamente, de sua irmã mais nova, o que não era difícil, já que Klaus sempre considerou sua irmã ingênua. Além dos problemas causados pela maldição e a descoberta de uma nova espécie, outra descoberta que deixou o Original profundamente irritado, Elena estava viva, o único motivo de mantê-la assim foi a recusa da bruxa Bennett em ajudar, caso a amiga fosse ferida. Apesar dos esforços, a bruxa não fez nenhuma nova revelação, e seu único benefício com as interações desses últimos dias foi a visão do rosto da jovem vampira Caroline.
Klaus não conseguiu encontrar uma solução. Todas as bruxas que consultou corroboraram as palavras de Freya, e agora, para piorar, Finn, ao contrário dos irmãos, entrou em um estado semivegetativo e não dava sinais de melhora.
“O que está acontecendo, Niklaus?” Elijah perguntou, sentando-se ao seu lado. O vampiro estava visivelmente preocupado com o irmão.
“O que está acontecendo?” Klaus olhou para o fundo de seu copo de whisky. “Olhe para nós, irmão, nossa mãe está finalmente conseguindo nos destruir… Ou talvez não seja ela. Talvez seja eu…”
“Niklaus, você não deve se martirizar. Nós vamos encontrar uma solução.” Elijah tocou suas costas, tentando confortá-lo.
“Não me martirizar está um pouco difícil nos últimos dias, caso não tenha notado. Kol obviamente me odeia,. Estamos tão desesperados que estamos confiando em uma garota que apareceu do nada contando uma historinha triste. Finn está em estado catatônico e não fazemos nenhuma ideia de quando, ou se, irá voltar…” Lamentou com os ombros curvados. “É tudo culpa minha, Elijah. E sabe o que é mais doloroso? Essa noite foi de lua cheia, e eu não fui capaz de me transformar… Com medo de desencadear mais alguma catástrofe.”
“Eu compreendo, irmão.” Elijah hesitou, não sabia a coisa certa a dizer.
“Não, você não compreende. Eu estou com medo do meu próprio lobo, Elijah. Medo de mim mesmo…” Apertou os punhos. As lágrimas se formaram no canto dos olhos. “Eu sonhei a minha vida inteira em ser completo, e quando eu finalmente consegui… Tudo ruiu. Nossa família está morrendo. Talvez, eu não mereça nada de bom. Eu sou um monstro, uma abominação, um fracasso, como Mikael sempre fez questão de enfatizar.” Confessou e Elijah odiava a maneira como seu irmão parecia tão vulnerável.
“Nosso pai está errado, e você sabe disso.”
“Eu acreditei que, ao me transformar, finalmente estaria completo, que faria outros iguais a mim e nunca mais me sentiria tão sozinho.” As palavras machucaram o vampiro, mas ele não disse nada. “Eu cheguei até a me interessei por uma garota, boa demais para alguém como eu.” Riu com amargura. “Não há nada pior que ter um vislumbre de felicidade e vê-lo arrancado de você. Acho que essa foi a coisa mais cruel que nossa mãe já me fez.”
“Resolveremos isso, quebraremos mais essa maldição. Eu irei ao Texas com a Freya, falarei pessoalmente com esse professor Tanner, com o tal Lorde, com Kisa. Vou implorar, se for necessário, mas eu prometo que essa maldição será quebrada e seu lobo poderá correr livre novamente.” Elijah disse resoluto e Klaus sabia que poderia acreditar no irmão. “Eu me casarei com ela em seu lugar, se isso for possível.”
“Se casaria com uma criatura desconhecida apenas para nos salvar?” Klaus perguntou, se sentindo envergonhado porque sabia que era verdade e por sua própria negativa.
“Eu farei qualquer coisa por essa família, Niklaus. Absolutamente, qualquer coisa.” Garantiu.
“Eu sei disso, irmão. Mas, infelizmente, acho que não é assim que funciona. Sei que estou sendo egoísta com vocês, com todos nós. Um casamento nunca esteve em meus planos e infelizmente eu sou parte dessa profecia.” Lamentou seu destino. “Eu tenho tido sonhos agonizantes desde que Freya revelou sobre a nova profecia.”
“Que tipo de sonhos?” Elijah serviu seus copos.
“Eu estou preso, totalmente nú, por uma serpente que escala meu corpo, se enrolando ao meu redor. Quando seus olhos pequenos e amarelos encaram os meus…” Klaus fez um careta de nojo e desconforto. “Ela entra pela minha boca, passa através da minha garganta até estar totalmente no meu interior, como se fizesse parte de mim, me devorando por dentro.”
“Falou com Freya sobre isso?” O híbrido negou com a cabeça. “E como você se sente durante esse sonho?” Elijah franziu a testa.
“Vulnerável, exposto, sufocado, preso, desconfortável, com raiva. Desesperado… São muitos sentimentos ruins até que…” Klaus apertou os lábios. “Eu acordo suado e aterrorizado. Pode ser uma premonição?”
“Eu acho que você está preocupado com o futuro e isso está causando pesadelos, mas você já tentou ver isso como uma oportunidade? É um casamento forçado, porém talvez se você der uma chance pode nunca mais se sentir sozinho.”
“Não seja um romântico, Elijah, nós estamos andando pelo mundo desde que os casamentos arranjados eram uma regra, quantos casais foram felizes? Isso é tolice.” Bebeu um copo de Whisky e encheu novamente.
“Eu vou segui-lo, Niklaus, vou implorar por você, tomar seu lugar se necessário, e se nada disso funcionar, irei a guerra ao seu lado, vamos ultrapassar mais este obstáculo. Nós fizemos um juramento, sempre e para sempre.” Klaus sorriu ao olhar para seu irmão mais velho, ele queria ter um pouco da fé que seu irmão tinha de que ele faria o certo e menos da covardia que Mikael o acusava, porque naquele momento ele queria se transformar em um lobo e desaparecer no horizonte.
“Amanhã, partirei com Freya para o Texas e prometo trazer boas novas.” Elijah garantiu e antes que Klaus pudesse dizer qualquer coisa, Stefan apareceu ao seu lado.
“Klaus…” Os Originais o encararam, Klaus ainda estava chateado pela mentira.
“Stefan, sentiu minha falta?” Zombou ressentido.
“Eu sei que você está zangado, eu juro que entendo e não estaria aqui se não fosse urgente.” Klaus apenas esperou. “Tyler Lockwood mordeu uma amiga nossa ontem a noite, ela está morrendo rápido demais, por favor, eu preciso da sua ajuda, da cura.” Klaus pegou a garrafa do balcão, virou as costas para Stefan e começou a se dirigir à porta.
“Desculpe, companheiro, por mim, você e seus amigos podem virar cinzas.”
“É a Caroline!” O híbrido parou por um instante, em conflito, antes de desaparecer em borrão, deixando Stefan e Elijah para trás.

Chapter 5: FAMILY TIES

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Boa leitura!

Klaus ficou parado na frente da porta da mansão, em silêncio, com receio de entrar e encarar o olhar de julgamento de seus irmãos. Ele estava voltando da casa dos Forbes depois de dar seu sangue a Caroline. Não conseguia fingir que ver aquela jovem vampira com o rosto deformado pela dor não o perturbou. Planejava aproveitar a chance para, finalmente, trocar algumas palavras com a moça, mas não imaginou que seu estado tivesse se tornado tão crítico rapidamente. Caroline Forbes era uma bagunça de dor e delírio. Tudo o que ele pôde fazer foi fornecer o máximo de sangue possível e deixá-la à própria sorte.
Klaus abriu a porta e dispensou um olhar de desagrado para seu próprio reflexo, ao passar pelo espelho posto na entrada. Subiu as escadas a passos lentos e pesados. O híbrido não pôde deixar de sentir o peso da culpa, que ficou ainda mais dolorosa, quando parou na porta do quarto onde Finn estava, em um estado semi comatoso, sendo nutrido por uma bolsa de sangue conectada a um IV.
Ele gostaria de fugir dali para não encarar seu irmão mais velho, mas a fuga se tornou impossível quando as íris de Finn se voltaram para ele. Suspirou fundo antes de decidir entrar e caminhou vacilante até a cama.
“Olá, irmão…” Murmurou, mesmo sabendo que não teria resposta. “Eu posso te fazer companhia?” Finn mantinha os olhos presos nele. “Vou encarar isso como um sim.”
O Híbrido se sentou na beira da cama e segurou a mão do irmão mais velho. Permaneceu muito tempo em silêncio apenas o observando, procurando alguma nova reação que lhe desse esperança.
“Eu nunca soube porque você me odeia tanto…” Soltou de repente. “Eu sempre te admirei quando éramos crianças.” Confessou. “É engraçado pensar que já fomos inocentes um dia, você se lembra, irmão?” Klaus não olhava para seu rosto. “Eu me lembro das vezes que você me ensinou alguns golpes de espada. Me lembro das vezes em que brincava conosco.” Finn piscou uma vez. “Lembra quando você matou aquela cobra que estava rastejando perto do Kol? Ou quando você rasgou um pedaço de sua tunica e enrolou na minha mão quando me cortei esculpindo um pedaço de madeira?”
Algumas lágrimas rolaram pelas bochechas de Klaus, ele amava Finn apesar de todo o ressentimento, de todas as vezes que seu irmão atentou contra eles, de todas as vezes que não o defendeu.
“Você me amou um dia… Eu sei que você me odeia e me culpa pela nossa desgraça…” Finn piscou. “Mas essa sede de sangue foi forçada sobre nós por nossos pais, não foi escolha nossa, não foi minha escolha, irmão. Fomos transformados em demônios que espreitam na sombra, vilões selvagens em contos de fadas.” Klaus encarou os olhos do irmão. “Mas apesar de todos os nossos pecados, ainda podemos recomeçar.”
Finn piscou algumas vezes como se dissesse que era tarde demais. O híbrido apertou os lábios.
“Nunca é tarde demais pra quem pode ter a eternidade nas mão, em cada momento existe uma escolha. Podemos escolher nos apegar ao passado ou abraçar a mudança…” Klaus sorriu para o vampiro. “Eu não vou te deixar morrer, Finn, eu vou aceitar qualquer destino que me seja imposto para que você possa recomeçar, todos vocês. Nós temos uma escolha e eu sempre vou escolher minha família.” Garantiu, levantou dando um beijo na testa do irmão. “Eu desejo que um dia você faça o mesmo.” Quando Klaus estava prestes a sair, Finn apertou sua mão.
“Não… me…” Falou com dificuldade. “Não me deixe sozinho.”
“Eu não vou deixar, irmão, nunca vou te deixar sozinho, eu prometo.” Devolveu o aperto. “Eu vou resolver tudo, eu te salvar, irmão.” Saiu do quarto encontrando Kol parado do lado de fora.

“Elijah está te esperando na sala.” Informou, fingindo não ter ouvido a conversa.
“Chame Rebekah e a nossa suposta irmã. Esperem por mim na sala.” Klaus ordenou saindo da presença do vampiro e entrou no próprio quarto.
Os irmãos estavam reunidos na sala, sem entender o porquê da convocação repentina. Klaus entrou, carregando uma bolsa média e uma caixa de madeira.
“Kol, Rebekah…” Chamou recebendo um olhar de desagrado com o tom autoritário habitual. “Vocês devem proteger nosso irmão mais velho enquanto estivermos ausentes.”
“Ausente? Para onde você está indo, se é que pretende dar alguma satisfação?” Rebekah perguntou, desconfiada.
“Eu vou com Elijah e Freya para o Texas e só vamos voltar quando conseguirmos nosso intento.” Informou.
“E você vai lá fazer o que exatamente? Assustar a pobre coitada que pode ter o cruel destino de se casar com você?” Kol falou em tom jocoso.
“Kol pode ter razão, Niklaus, você costuma ser um pouco impulsivo demais.” Elijah ponderou.
“Eu pensei que eu fosse o maldito noivo.” Klaus retrucou. “Como podem ter tanta certeza de que minhas intenções não são as mais puras e que meu objetivo não seja o cortejo?”
“O cortejo fúnebre, eu suponho.” Kol zombou.
“Acho que Klaus está certo, ele precisa estar junto.” Freya concordou e todos olharam para ela. “Bem, ele é quem está sendo mencionado na profecia.”
“Até porque, eu quero ver essas criaturas bizarras com meus próprios olhos.” Klaus se jogou no sofá.
“Eu não acho que seja uma boa ideia você se referir a eles dessa forma, Nik, lembre-se que somos nós que estamos ameaçados de extinção aqui.” Rebekah o repreendeu.
“Ah, por favor, irmã, eles são criaturas humanoides meio serpente, essa mulher, com certeza, seria a candidata perfeita ao Circo dos horrores. Precisa agradecer ao destino por conseguir um casamento pra ela.” Elijah revirou os olhos.
“Como se te suportar fosse algum prêmio.” Rebekah resmungou. “Eu não duvido nada que, em breve, você vai estar tentando fazer uma adaga para poder jogar a coitada em um caixão.”
“Por falar nisso… Antes de partir, eu gostaria de entregar algo para vocês, para que seja destruído.” Klaus abre a caixa revelando as adagas e o recipiente com cinza de Carvalho Branco.
“Está nos entregando as adagas?” Rebekah perguntou, descrente.
“Os últimos acontecimentos me fizeram perceber que não posso mais fazer isso, eu estou perdendo vocês, estamos perdendo Finn. Não quero perder minha família.” Klaus olhou para os irmãos. “Quando a maldição estiver contida, vocês podem partir se desejarem.”
“Qual é a pegadinha?” Kol estreitou os olhos.
“Não tem pegadinha, pode ser difícil de acreditar, mas eu amo todos vocês. E sei que você tem um grande conhecimento de magia, Kol, chame Freya, teste as adagas e encontre um feitiço para destruí-las, só peço que fiquemos juntos até que tudo esteja resolvido.” Elijah olhou para as adagas na mesa com um brilho de felicidade nos olhos.
“Se pretende ir conosco, Niklaus, é melhor arrumar suas coisas, partiremos pela manhã para o aeroporto.” Klaus apenas apontou para a bolsa na poltrona.

Assim que desembarcaram em Houston, Freya os levou direto para a Universidade, onde o professor Tanner lecionava, ele era o caminho mais rápido e certeiro para encontrarem os Culebras.
“Tem certeza que ele vai nos ajudar?” Elijah perguntou andando atrás da irmã pelos corredores vazios. “Somos um risco à segurança de seu povo, de certa forma.”
“Não, por isso estão aqui…” Ela respondeu sem parar de andar. “Se não nos ajudar de boa vontade, podemos compelir, se não funcionar, torturamos ele.”
“Excelente!” Klaus sorriu sentindo-se orgulhoso.
“A sala dele é logo ali…” Apontou. Freya ergueu o punho para bater na porta, mas foi aberta por uma jovem desconhecida.
“Vocês estão procurando pelo professor Tanner?” Ela perguntou mascando um chiclete.
“Sim, eu falei com ele no mês passado, combinamos que ele me mostraria alguns códices.” Mentiu.
“Ah, entendi…” Analisou a bruxa. “Eu sou Becky, nova assistente do professor, sinto muito, mas ele não está.” A garota abraçou a pasta que carregava. “Parece que ele está ajudando uns amigos com uma pesquisa.”
“Olha, Becky, querida, estamos sem tempo e nós precisamos conversar com seu chefe…” Klaus focou nos olhos castanhos da estudante. “Onde ele está?”
“Eu não sei, mas ele vai vir aqui hoje a tarde para buscar algumas coisas.” Respondeu involuntariamente.
“Ótimo, agora esqueça que estivemos aqui, você precisa ir pra casa, esqueceu o forno ligado.” A garota olhou para o híbrido assustada.
“Ah, meu Deus, tenho que ir.” Saiu correndo. Freya arqueou as sobrancelhas e Klaus deu de ombros.
“Vamos…” Freya abriu a porta da sala. “Vamos descobrir se o professor sabe de alguma coisa que possa nos ajudar.”
Os três entraram no escritório bagunçado, não havia nada de diferente ou extraordinário, era uma sala comum com vários livros de história espalhados por todos os móveis, inclusive na mesa, ao lado de uma caixa de papelão. Começaram a vasculhar tudo em busca de pistas.
“Interessante…” Elijah deixou escapar olhando os livros espalhados pela mesa. “A maioria das páginas marcadas são sobre a Serpiente emplumada, Serpente da visão, Coatlicue, Kukulkan, Quetzalcoatl…” Estreitou os olhos para a página. “Isso é novo, árvores sagradas e lobos.” Elijah abriu as páginas marcadas uma a uma.
“Acha que ele sabe sobre a maldição?” Freya perguntou indo até o irmão, mas esbarrou em uma pilha de papeis que se espalharam pelo chão.
“Acho que não exatamente…” Klaus se abaixou para pegar uma folha e mostrou para os irmãos. “Mas ele sabe de alguma coisa.” Na folha, que parecia a cópia da página de algum livro, os desenhos desconexos mostravam uma árvore com sete galhos, um animal que poderia ser um lobo, corpos e uma serpente alada.
“Posso saber quem teve a ideia brilhante de invadir o escritório de um professor... ou devo assumir que vocês sabem exatamente com quem estão lidando?" Tanner disse, entrando e observando os intrusos.
“Professor Tanner…” Freya se pôs na frente dos irmãos. “Lembra de mim? Conversamos no mês passado.”
“Ah, claro, Leya, não é?” Tanner a olhou de cima a baixo de forma lasciva irritando os irmãos. “A garota interessada na história dos Culebras.”
“É Freya e esses são meus irmãos, Klaus e Elijah.” Ela sorriu com suas covinhas aparentes.
“Incrível, mas isso não responde minha pergunta, como entraram na sala?”
“Sua assistente, Becky, foi um doce e nos deixou entrar.” Klaus respondeu pela irmã.
“E a doce Becky disse que poderiam mexer nas minhas coisas?” Tanner trancou a porta e se encostou nela. “Não sabem que pode ser perigoso invadir?” Os olhos de serpente brilharam.
“Não tão perigoso quanto se trancar numa sala com predadores.” Klaus e Elijah mostraram suas faces sobrenaturais. A ação despertou muito mais curiosidade que medo no professor.
“Somos todos predadores então.”
“Parem com isso… Professor, estamos aqui em paz. Eu não sou uma estudante, na verdade, sou uma bruxa, e meus irmãos, Elijah é um vampiro e Klaus um híbrido…” Freya respondeu analisando o homem.
“Eu nunca ouvi falar do seu tipo. O que diabos querem comigo?”
“Nós precisamos de sua ajuda, mas antes…” Ela ergueu a página. “O que é isso?” Tanner olhou para a página do códice.
“Por que isso interessa?” Tanner perguntou cheio de suspeita.
“É muito importante, eu garanto.”
“Eu ainda não sei, estamos trabalhando nisso.” O professor pegou a página da mão da bruxa. “Essa árvore e o animal não fazem parte das tradições que eu estudo, mas por alguma razão aparece nesse códice.” O Professor odiava não ficar no escuro.
“Por que está investigando isso?” Elijah perguntou curioso.
“Por que interessa a vocês?” Tanner ficou desconfiado.
“Acho que, de certa forma, temos o mesmo objetivo, professor. Nós te contaremos tudo o que sabemos se nos disser porque está pesquisando sobre essa árvore.” Freya propôs.
“Que motivo eu teria para contar coisas sobre meu povo a três desconhecidos?” Estreitou os olhos. “Como vocês mesmos acentuaram, três predadores.”
“Porque é uma maldição e está nos matando.” Klaus falou impaciente. “Se isso também está atingindo seu povo de alguma forma, nós podemos ter a resposta.”
Tanner considerou a possibilidade da resposta que procurava estar batendo em sua porta, ou melhor invadindo seu escritório. Tirou um baseado do bolso e se sentou na poltrona de forma relaxada.
“Me mostra o seu que eu te mostro o meu, bonita!” Encarou Freya, ela detestava lidar com sujeitos como aquele homem.
“Respeite nossa irmã ou as suas presas não serão a única coisa que eu irei arrancar.” Klaus rosnou. Freya se esforçou para não olhar para o irmão que a defendia.
Elijah começou a se perguntar se todos os Culebras se comportavam como aquele homem à sua frente. Ele realmente esperava que não. Freya contou tudo sobre a maldição, como os afetava, afetava o equilíbrio e estava destruindo as linhagens de bruxas, vampiros e lobos. Tanner a ouviu com atenção, em troca contou sobre a doença que afligia os Culebras jovens e sua causa.
“Então indiretamente o desequilíbrio causado por nossa mãe está afetando seu povo?” Uma risada escapou do fundo da garganta de Klaus. “Isso é ótimo!”
“Ótimo?” O Culebra enrugou a testa e o híbrido percebeu que havia dito aquilo em voz alta.
“O que Klaus quis dizer, e se expressou muito mal, é que nossa irmã encontrou uma profecia que poderá salvar todos nós. Não é mesmo, Niklaus?” Elijah o encarou com repreensão.
“Sim, foi isso que eu quis dizer, é ótimo que temos a solução.”
“Uma profecia? De que profecia estão falando?” O professor Tanner ajeitou a postura como se o fizesse ouvir melhor.
“Sob a estrela solitária, a serpente alada espera. Sob o Carvalho maldito, o lobo impera. Sob o sol vermelho, com a união do sangue divino do lobo e da serpente. O carvalho se erguerá novamente.” Freya recitou a profecia devagar.
“Isso se parece muito com as anotações do caderno de um antigo professor…” Se inclinou vasculhando as páginas soltas. “Aqui… A linhagem da serpente alada irá se unir a linhagem do lobo, para purificar o sangue e quebrar a maldição. E assim trazer de volta o equilíbrio perdido.” Tanner repetiu as palavras escritas. “Sua profecia confere com as palavras do professor. É isso que estávamos pesquisando.”
“Nós acreditamos que o lobo da profecia seja meu irmão, Klaus, ele é um híbrido de vampiro e lobo. Achamos que a serpente esteja entre o seu povo, mais precisamente alguém da linhagem de Kukulkan.”
“Isso é bom, se seu irmão irmão é o lobo da profecia, talvez estejamos salvos, acreditamos que Kisa seja a Culebra da sua profecia. Agora só falta entender o resto, você acha que a união de sangue seja como um sacrifício de sangue? Os sacrifícios eram ritos comuns para os povos mesoamericanos.”
“Com certeza é um sacrifício.” Klaus resmungou. “Um bem grande se quer saber.”
“Na verdade, concluímos que o ritual de união de sangue está se referindo a uma antiga prática ritual de casamento entre as duas linhagens.” O professor olhou para a bruxa e em seguida para Klaus.
“Casamento? Você está brincando, não está?”
“Infelizmente, ela não está.” Klaus falou mostrando seu desagrado. “Eu preferia arrancar meus olhos a ter que fazer isso!”
“Faz sentido, era um prática comum entre os antigos, unir forças opostas para restaurar o equilíbrio.”
“O destino só pode estar rindo da minha cara porque isso é uma grande piada.” Klaus reclamou.
“Vamos torcer para que Kisa e os Gecko tenham esse mesmo senso de humor.” Tanner balançou a cabeça.
“Geckos?” Elijah ajeitando a manga do terno, ele tinha impressão de já ter ouvido aquele nome.
“O Lorde dos Culebras e seu irmão humano. E, se vocês acham que eu sou irritante, esperem até conhecer os irmãos Gecko.” Tragou o cigarro e olhou para a mensagem que acabou de receber. “Ah, merda, falando no diabo, ele vai me matar… Vamos embora!” Chamou os três.
“E para onde estamos indo?” Freya perguntou seguindo o Culebra.
“Conhecer a noiva, é claro.” Falou simplista. “E espero que você esteja em dia com os deuses da boa sorte porque você vai precisar de mais do que sorte para suportar a ira daquela mulher quando contarmos a novidade.”
“Agora, não sei se estamos fazendo um acordo de casamento ou um pacto entre dois diabos.” Freya e Elijah se entreolharam.

Chapter 6: WILL NEVER MARRY

Chapter Text

Boa leitura!

Klaus, Elijah e Freya estavam sentados no sofá espaçoso de uma enorme sala de escritório subterrâneo. As paredes cinzentas eram decoradas por figuras mitológicas, um calendário Maia esculpido na parede, uma estátua de pedra de uma serpente sobre um olho. Freya considerou a decoração peculiar.
O professor Tanner falava com um homem com barba por fazer, usando um terno amassado e sapatos empoeirados, o estranho os espiava com desconfiança.
Na poltrona ao lado, um outro desconhecido os encarava, retirando um cigarro de maconha do bolso. Elijah e seus irmãos começaram a se perguntar se todos ali eram viciados, tiveram a resposta quando o homem de terno amarrotado explodiu o cigarro do homem com um tiro certeiro.
“Não acenda essas merdas aqui…” Seth repreendeu o outro. “Você sabe que o Richard odeia isso.”
“Ah, claro, como se o irmão dele não fosse um viciado em coisas piores.” O homem zombou. “E Richard fuma.”
“Cigarro, e cala a boca, Burt, sabe que isso é passado e estou limpo há muito tempo.”
“Senhores…” Carlos entrou na sala e olhou de soslaio para o trio silencioso. “Não me diga que fui convocado aqui para presenciar um duelo.”
“Eu espero que não porque eu já estou cansado desses dois.” Ranger Gonzalez reclamou entrando logo depois.
Os Mikaelsons decidiram apenas observar enquanto aguardavam o conselho e o Lorde se reunirem para as apresentações e explicações. Klaus observava o comportamento dos homens que se reuniam e se perguntava se teria que conviver com aqueles desajustados. Nenhum deles parecia ter um nível aceitável de educação e bons modos.
“Quem são esses?” Burt perguntou olhando para os três.
“Eu também gostaria de saber, mas parece que o professor Tanner quer esperar todos estarem aqui pra contar.” Seth respondeu. “Cadê a sua namorada, Carlos?”
“Pergunte ao seu irmão.” Carlos rebateu e Elijah arqueou as sobrancelhas. “Ela preferiu esperar por ele.”
“Isso não é nada bom.” Tanner murmurou, o que não passou despercebido pelos Originais.
A porta de madeira se abriu em um estrondo, todos se viraram curiosos quando a dupla entrou. A postura altiva e o semblante sério, as roupas de cores iguais e a maneira que andavam os faziam parecer um casal de mafiosos.
“Finalmente, vocês dois apareceram.” Seth resmungou.
“Você acha que eu tenho que aparecer toda vez que vocês assobiam?” A mulher perguntou. “Eu não sou sua funcionária, Seth.” Freya e Elijah olharam para Klaus pensando que a moça tinha o mesmo comportamento do irmão.
“Tanner, além de atrasado, você trouxe estranhos para nossa casa?” Richard mantinha os olhos azuis metálicos postos nos desconhecidos. Os Culebras não eram abertos a confiar em pessoas fora da comunidade, principalmente depois de Amaru.
“Se me permite, nós não somos um perigo para seu povo.” Elijah se levanta. “Estamos aqui para ajudar e também pedir ajuda.” Richard olhou para Tanner que assentiu.
“Richard, esses são Elijah, Klaus e Freya…” O professor apontou. “Eles são de espécies diferentes, Elijah é um vampiro, Freya é uma bruxa e Klaus é um…”
“Lobisomem.” Richard completou.
“Como você sabe que eu sou um lobo?” Klaus estreitou os olhos.
“Não é o trio sobrenatural que mais aparece nos filmes?” Richard respondeu, não queria dizer na frente de estranhos que podia ver a aura na forma de um lobo branco ao redor do homem. “Por favor, sentem-se.” O Culebra se sentou na poltrona em frente ao trio e Kisa escorou no encosto do sofá, Seth permaneceu em pé ao lado do irmão.
“Esse é o Lorde dos Culebras, Richard, seu irmão e braço direito, Seth. Ela é Kisa, la diosa…” Apontou para a mulher e os três tiveram certeza de que o pensamento de Klaus sobre a aparência da mulher, era bastante equivocado. Kisa era belíssima. “E nós somos o novo Conselho, Carlos, Burt, Ranger Gonzalez e eu.”
“Tanner, para de enrolar e vai direto ao ponto!” Seth falou impaciente, eles estavam todos nervosos por causa do aumento de casos da fiebre del sangre.
“Certo, certo…” O professor falou. “Eles estão aqui porque a senhorita Freya tem a profecia que pode salvar os Culebras.” Richard encarou a visitante.
“Isso é verdade?”
“É claro que isso é verdade, por acaso acha que iríamos perder tempo vindo aqui para fazer piadinhas?” Klaus respondeu irritado com o que ele considerou um circo.
“Niklaus…” Elijah advertiu.
“Calminha aí, lobo mau.” Seth apontou. “Meu irmão estava falando com a moça de blusinha vermelha, você está de blusinha vermelha?”
“Perdoe a falta de modos de nosso irmão, ele está um pouco exaltado com os problemas causados por essa maldição.”
“Maldição? Que ótimo.” Seth balançou a cabeça. “Era só o que faltava.”
“Freya irá explicar a vocês.”
“Freya, a moça de vermelho.” Seth enfatizou olhando para Klaus.
“Por favor, senhorita, conte o que sabe.” Ranger Gonzalez interferiu impedindo o começo de mais alguma discussão inútil.
Richard fez sinal para que todos se calassem e Freya contou novamente sobre a maldição e seus detalhes, a bruxa esperava que isso acabasse logo porque ela já estava enjoada de repetir.
Contou sobre como a natureza funcionava, as regras da magia, equilíbrio, como uma professora começando a ensinar crianças no jardim de infância já que os Culebras não tinham conhecimento ou familiaridade com magia. Freya contou sobre as ações de sua mãe e como afetou o equilíbrio e culminou numa maldição.
“Então, vocês têm mais de mil anos?” Foi a única pergunta que saiu da boca de Seth Gecko. “Devo dizer que você está muito bem para uma senhora.” Todos encararam o Gecko. “O que? Isso foi um elogio.”
“Se você diz.” Burt riu.
“Então, isso é culpa da sua família?” Ranger Gonzalez perguntou. “E o que exatamente o povo deles tem a ver com isso?”
“Eu não sei porque a maldição afetou vocês, mas pelo que o professor Tanner contou, o seu povo se adaptou ao nosso mundo e entrou em equilíbrio com a natureza e a magia, se o equilíbrio foi abalado, também abalou o equilíbrio construído com seu povo.
“Bem, nós sabemos a causa, agora resta a solução.” Carlos comentou.
“Se o problema é a existência deles, não é só matar? Problema resolvido.” Seth sugeriu e Klaus se levantou rápido.
“Porque você não tenta, humano!” Rosnou mostrando o rosto de híbrido.
“Você está me ameaçando?” Seth engatilhou o revólver e apontou para o rosto do Original.
“Seth, abaixa a arma…” Richard pediu. “E você recolha as presas.”
“Não me dê ordens, não sou um dos seus bichinhos.” Rosnou para o Lorde Culebra.
“Niklaus…” Elijah suspirou. “Se comporte, pense no Finn.” Klaus apertou os lábios e se sentou.
“Quem é Finn?” Kisa perguntou curiosa.
“Nosso irmão mais velho, ele está fraco demais.” Seth se virou para Richard, ele podia entender perfeitamente a dor de perder um irmão.
“Entendo, e o que podemos fazer pra ajudar a encontrar uma solução?” Carlos perguntou, sabendo que a menção de um irmão moribundo amoleceria os Gecko.
“Nós encontramos a solução, está em uma antiga profecia que fala sobre a união de sangue entre duas linhagens divinas poderosas, sangue do lobo de Fenris e o sangue da Serpente da visão.” Tanner respondeu olhando entre Santanico e Klaus. “Essa união de sangue pode purificar o sangue que desencadeou a maldição e restaurar o equilíbrio pela magia do sangue antigo.”
“Uau, mas isso é ótimo.” Burt resmungou entediado. “E quem são os descendentes dessas linhagens incríveis?”
“Nosso irmão Niklaus pertence à linhagem antiga de Fenrir e também é um representante direto do resultado das três transgressões de nossa mãe.” Elijah explicou e Klaus sorriu como se as palavras do irmão sobre sua descendência o fizessem superior.
“E nós acreditamos que a linhagem de sangue da Serpente da visão seja de Kisa.” Apontou para a mulher ao lado de Richard.
“Eu já disse que não sou eu, se eu tivesse mesmo um sangue divino, jamais teria sido escravizada por tanto tempo.” Tanto Kisa quanto Carlos não acreditavam que ela fosse a pessoa mencionada na profecia.
“Não exatamente, seu sangue foi aprisionado naquele pote velho que Richard e eu tivemos que encontrar no labirinto do Iluminado.” Seth se lembrou. “Eles mantinham sua essência fora de você, talvez seja por isso que não fez diferença sua linhagem.” Tanner olhou para Seth, espantado. “O que foi? O Richard é o gênio, mas isso não quer dizer que eu seja burro.”
“Isso faz sentido…” Richard concordou. “Você só ficou livre quando eu devolvi o sangue que lhe foi roubado.”
Elijah permaneceu em silêncio enquanto o grupo discutia os motivos que faziam da Culebra a herdeira da linhagem sagrada, ele apenas observava as dinâmicas, apesar das constantes discordâncias e provocações, eram um grupo unido e próximo. Ele também observou como Richard constantemente desviava seu olhar para Klaus como se o avaliasse. O que Elijah não sabia, era que Richard não olhava para Klaus, e sim para o enorme lobo branco espectral que mantinha seus olhos dourados presos nele desde o momento que entrou na sala. O olhar era intenso, porém não hostil.
“Ok, supondo que eu realmente seja dessa linhagem, como seria essa union de sangre?”
Richard sentiu os dedos finos da Culebra apertar seu ombro. Assim que percebeu a troca de olhares entre o professor Tanner e os Mikaelsons, Kisa sabia que não iria gostar da resposta.
“A união de sangue revelada pela profecia se refere a um antigo ritual de…” Tanner hesitou.
“Casamento, minha querida, um antigo ritual de união de sangue através de casamento.” Klaus cortou o professor concluindo a frase, claramente insatisfeito. Kisa ficou em silêncio por um instante, digerindo a informação.
“Eu sei que é estranho, mas é o único jeito, você e meu irmão, Klaus, se casarem é a única maneira de nos salvar, de salvar seu povo.” Freya explicou suavemente, ela e Kisa eram as únicas mulheres naquela sala, mas Kisa era a única cercada por lobos.
“Não!” Ela respondeu secamente. “Isso não vai acontecer.”
“Como assim, não?” Klaus se levantou, questionando com um tom intimidante. “Você percebe que se não fizermos isso seu povo também vai morrer?”
“Toda a minha vida eu fui propriedade de homens como você, eu não vou ser uma escrava de novo…” Kisa falou com a voz alterada. “Eu não vou me casar… EU NÃO VOU!”
“Acalme-se, mi amor.” Carlos pediu.
“Me acalmar? Por que sempre sou eu que tenho que me ferrar? Por que eu tenho que ser o sacrifício?” Se levantou claramente abalada.
“Não tem outro jeito?” Seth perguntou para Freya.
“Infelizmente, não!” A bruxa abaixou a cabeça, de todos alí, ela era a única que entendia a Culebra, a única capaz de entender como era ser uma prisioneira.
“Você acha que eu quero fazer isso? Eu estou sendo obrigado da mesma forma que você!” Klaus retrucou.
“Eu não vou me casar com você, nem com ninguém!” Kisa insistiu, a mulher parecia obstinada e em segundos começou uma discussão generalizada e confusa em que as vozes que insistiam no casamento tentando abafar os protestos de Kisa. Richard permanecia calado limpando os óculos.
“Você não vai falar nada?” Klaus grunhiu para o Culebra. “Você é o maldito Lorde, diga a ela para aceitar!”
“Não!” Respondeu recolocou os óculos e acendeu um cigarro. Todos ficaram em silêncio.
“Como assim, não, Richard, é o único jeito de salvar nosso povo…” Seth Gecko protestou. “Não me diga que você e a rainha da noite estão juntos de novo.”
“Era só o que me faltava, quatro espécies condenadas por causa de um projeto bizarro de Romeu e Julieta.” Klaus cruzou os braços com indignação.
“Nós não estamos juntos, Seth, mas também não estamos na Idade Média, eu não vou obrigar ninguém a fazer o que não quer!” Respondeu, ignorando o comentário do híbrido. “Não sou esse tipo de Lorde, meu povo é livre, Kisa é livre.” Richard podia sentir a irritação emanando de todos na sala.
“Com licença, Jefe…” Enrique bateu na porta. “Temos um problema.” Seth olhou entre o irmão e os outros.
“Eu já volto!” Avisou.
“Eu vou com você…” Kisa falou. “Preciso de um ar.”
“Você não vai a lugar nenhum até resolvermos essa questão!” Klaus encarou a mulher e deu um passo à frente.
“Você pode ir se precisar…” Richard falou sem tirar os olhos do híbrido, analisando seus movimentos. Kisa não pensou duas vezes e saiu ao lado de Seth ignorando os protestos.
“Meu Deus, como você pode ser um Lorde? Não tem autoridade nenhuma sobre seu povo…” Klaus começou a andar de um lado para o outro, raivoso. “Todo seu povo pode morrer porque essa maldita garota mimada e egoísta não pode aceitar essa porcaria de destino.” Richard se levantou e encarou Klaus com os olhos de serpente.
“Pare de rosnar e tentar dar ordens no meu território, você não vai conseguir nada com essa atitude.”
“A minha atitude? O que você tem a dizer sobre a atitude daquela mulher? Ao menos eu estou disposto a sacrificar minha liberdade pelo bem de todos.”
“Ah, pelo amor dos deuses, você não está fazendo mais que a sua obrigação, sua família começou essa merda…” Richard acusou entre os dentes. “E não venha dar uma de bom samaritano pra cima de mim porque você não se importa com bruxas, vampiros, lobos e menos ainda conosco, você só está fazendo isso para salvar o próprio rabo!”
“Não se atreva a falar comigo assim, não se atreva a questionar minhas intenções…” O rosto do híbrido apareceu. “EU SOU KLAUS MIKAELSON, O HÍBRIDO, NÃO SEREI DESRESPEITADO POR UM FALSO LORDE!” Gritou raivoso. Escamas surgiram na pele de Richard e as presas começaram a aparecer.
“Mi Lorde!” Carlos e Burt entraram na frente do Culebra.
“Niklaus…” Elijah advertiu o irmão colocando a mão em seu peito. “Acalme-se.”
“Me acalmar? Não me peça calma quando nossa família está prestes a desaparecer…” Encarou Richard com a raiva nadando nos olhos marejados. “Nosso irmão está morrendo.” O Culebra fechou os olhos e quando abriu os olhos haviam voltado ao normal. Richard suspirou.
“Olha… Klaus, eu entendo, eu juro que entendo, eu também quero salvar o meu povo, você já viu o que a fiebre del sangre faz com os Culebras? Mas não está nas minhas mãos, eu simplesmente não posso me impor sobre uma mulher que foi escrava dos Lordes da noite por quinhentos anos!”
“Richard, nenhum deles tem escolha.” Freya apertou os lábios da mesma forma que Klaus costuma fazer.
“Eu faço!” Kisa apareceu na porta com Seth, ambos pareciam desolados.
“O que aconteceu?”
“Mais três Culebras estão mortos e Scott, irmão da Kate, está apresentando os sintomas. Essa merda está evoluindo mais rápido do que esperávamos.”
“Parece que eu não nasci para ser livre, afinal.” Kisa se sentou, encarou Richard e para seu futuro marido com uma expressão de raiva e tristeza. Uma lágrima escorreu por suas bochechas.
“Vai ficar tudo bem, mi amor.” Carlos se agachou ao seu lado e segurou suas mãos. “No te preocupes, mi diosa.”
“Tem certeza disso?” Richard perguntou como garantia.
“Se eu quero me casar com esse ogro? Não. Mas eu não quero ser a responsável pela destruição do nosso povo.” Kisa apertou a mão do ex-amante.
“Se ela está aceitando cumprir sua parte na profecia, nós vamos aceitar, porém…” Richard olhou para o híbrido. “Com a condição de que você viverá aqui durante um ano, depois do casamento.”
“De jeito nenhum!” Klaus respondeu.
“Então nada feito!” Seth balançou a cabeça se juntando ao irmão.
“Que maluquice é essa agora?” O híbrido colocou as mãos na cintura.
“Você tratou ela como merda na nossa frente, eu não quero nem imaginar que tipo de atitude você terá com ela pelas nossas costas.” O Gecko mais velho apontou. “Kisa não é minha pessoa favorita, mas ela é gente nossa.”
“Senhores, eu lhes dou minha palavra de que a senhorita Kisa será tratada com respeito, como parte da família…” Elijah garantiu. “Como uma Mikaelson.”
“Desculpa, cara, você parece um cara legal, mas eu não te conheço, então, sua palavra não tem valor pra nós.” Seth respondeu.
“Ah, meu Deus, pensei que você fosse o chefe, mas já vi que, quem é seu irmão.” Klaus zombou.
“Tenho certeza que se o homem da profecia fosse o seu irmão, não teriam metade dos problemas que vocês estão tendo.” Richard rebateu. “Aliás, considerando esse seu gênio, um apocalipse e uma profecia foi o único jeito que o universo encontrou de alguém aceitar casar com você!” Klaus abriu a boca para responder, mas Elijah falou primeiro.
“Niklaus pare com isso…” Ordenou. “Eu entendo que haja uma certa antipatia de ambas as partes, mas eu agradeço imensamente que a senhorita Kisa tenha aceitado e mesmo que ainda não tenha conquistado sua confiança, garanto que a senhorita será bem tratada e aceitamos suas condições.”
“O que?” Klaus encarou o irmão.
“E eu gostaria de permanecer aqui para cuidar das práticas rituais com a ajuda de alguém com conhecimento apropriado…” Freya pediu. “Enquanto Klaus e Elijah irão buscar o restante da família.”
“De quantos estamos falando exatamente?” Seth perguntou.
“Só três.”
“Hum… Espero que não tenha outro igual esse ai.” A imagem de Kol passou pela cabeça de Freya e Elijah.
“Você é bem vinda, senhorita bruxa, o professor Tanner pode te ajudar com os códices sobre rituais.” Richard ofereceu e notou o olhar um pouco desconfortável da mulher.
“Vai confiar nesse tarado com a nossa irmã?” Klaus estreitou os olhos.
“Eu vou ficar de olho nele.” Kisa sorriu para a Mikaelson.
“Tanner, ajude a senhorita Freya…” Richard brilhou os olhos de serpente. “Se tocar em um frio de ouro desses lindos cabelos ou lhe dirigir um olhar desrespeitoso… As suas presas não serão a única coisa que eu vou arrancar de você!”
“Entendido, meu Lorde.” Tanner respondeu olhando de Richard para Klaus pensando em como a ameaça de ambos era assustadoramente parecida e agradecendo aos deuses do Submundo que era Kisa e não Richard que se casaria com o lobo.

Chapter 7: FATE OF THE FALLEN

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Boa leitura!

Klaus e Elijah voltaram para Mystic Falls no dia seguinte, deixando Freya no Texas, contrariando a vontade de ambos. Klaus não confiava completamente na bruxa, mas precisava dela, o híbrido também ficou bastante irritado ao saber, por Elijah, que ela estava ficando muito à vontade com o Lorde dos Culebras.
Ele não gostou do homem. O considerava extremamente irritante, e não gostou da sua proximidade com sua suposta irmã. A lembrança da existência do Culebra era suficiente para deixá-lo mau humorado, principalmente quando pensava em como ele o desafiou e quase jogou tudo por água abaixo para satisfazer as vontades da sua pretensa noiva egoísta. Klaus decidiu que, se não pudesse evitar o castigo de se casar com a Culebra, ele faria qualquer coisa para não ter que conviver com o homem durante um ano inteiro. A lembrança daqueles olhos azuis metálicos faziam o híbrido se contorcer de raiva.
Ao ver que Finn ainda não havia recuperado o movimento das pernas, mas já conseguia falar com fluidez e se alimentar normalmente. Ao notar a melhora gradativa, Klaus decidiu partir para Nova Orleans em uma última tentativa para encontrar uma forma para escapar de seu indesejado destino.
As bruxas de Nova Orleans eram conhecidas por serem as melhores e mais poderosas quando se tratava de magia ancestral, de todas as crenças. Nenhum de seus irmãos tentou impedir sua pequena incursão, não por acreditarem que houvesse uma saída, mas porque acreditavam que Klaus precisava esgotar suas possibilidades para enfim aceitar a realidade.
“Boa noite, querida…” Cumprimentou a jovem bartender assim que se sentou no banco, ele sabia perfeitamente quem era ela. “Um whisky, por favor, e depois, gostaria de ter uma palavrinha com você, Jane-Anne Deveraux.” A mulher parou apertando a garrafa entre os dedos antes de servir a bebida.
“Você sabe quem eu sou e eu também sei quem você é, Klaus Mikaelson…” Ela fala com a voz entediada tentando esconder o medo que sentia do homem à sua frente. “Eu não posso dar o que você quer.”
“Eu não disse o que eu quero, como pode saber?” Estreitou os olhos.
“Você quer saber se existe uma maneira de se livrar do seu propósito, mas não tem.” Jane-Anne respondeu. “Mas convenhamos, não é um destino tão ruim, não é? Melhor do que o que teremos se não o fizer.”
“Escuta aqui, sua bruxa, se você ou uma das suas amiguinhas não me ajudarem, eu juro que faço uma grande fogueira e jogo vocês todas nela.” Ameaçou antes de engolir o líquido.
“Nenhuma bruxa pode te ajudar, Klaus, não entende? Sua mãe trouxe essa maldição para todos nós.” Ela buscou manter a voz firme, mas a verdade era que, tanto Jane-Anne quanto as outras bruxas do Quartel, estavam exaustas e já sofriam os impactos das ações de Esther. “E mesmo que houvesse um jeito, o que não é o caso, as bruxas são proibidas de usar magia no Quartel.” A bruxa suspirou, falando tão baixo que Klaus mal conseguiu ouvi-la, ele acompanhou seu olhar para a porta e viu que havia vampiros do lado de fora. Jane-Anne os temia.
“Quem conseguiu esse feito?” A pergunta tinha um toque de inveja.
“Um velho amigo seu, Marcel Gerard, comanda o Quartel agora.” Ela respondeu mantendo a voz baixa. “Ele expulsou os lobos e proibiu as bruxas de praticar magia sob pena de morte a qualquer uma que tentar.”
Klaus tamborilou os dedos na mesa e se levantou irritado. Ele acreditava há muito tempo, que Marcel estava morto e a notícia o magoou profundamente, não por ele estar vivo, mas por nunca tê-lo procurado.
“Obrigado…” Klaus empurrou algumas notas para a mulher. “Eu volto pra terminar nossa conversa.”
Klaus saiu pelas ruas do Quartel francês com destino certo, a antiga mansão da família Mikaelson. Engoliu seco, o coração palpitava ansioso, seus olhos mostravam uma mistura explosiva de decepção, raiva e felicidade. Marcellus, o menino que Klaus tomou para si, cuidou, amou e chorou sua perda, estava vivo.
Quando entrou na sua antiga casa, atravessando o portão enferrujado, viu que o brasão da família ainda estava no mesmo lugar. Klaus sentiu uma nostalgia quase dolorosa. Cada pedra da antiga mansão contava histórias de um tempo feliz, quando seus irmãos estavam unidos e sem a sombra escura da maldição pairando sobre eles.
Respirou fundo ao notar que a casa estava repleta de vampiros, andando de um lado para o outro como se vivessem lá. Alguns pareciam desanimados, outros tristes e preocupados demais para perceber o intruso.
“Quem é você?” Um vampiro veio em sua direção, usava uma boina cinza e roupas um pouco antiquadas para um rosto tão jovem.
“Estou procurando um velho amigo, que talvez você possa fazer a gentileza de me dizer onde encontrar…” O híbrido mantinha as mãos cruzadas nas costas e um sorriso enganoso nos lábios. “Marcel.”
“E quem quer falar com ele?” Klaus notou um brilho de cansaço cruzar os olhos do homem.
“Pelas regras de educação, você deveria ter se apresentado quando me abordou… Diga que Klaus Mikaelson, quer falar com ele. Tenho certeza que ele não irá se recusar a me receber.”
“Meu nome é Thierry, sou o braço direito de Marcel.” Thierry olhou apreensivo. “Você é um dos Originais que ele sempre menciona em suas histórias. Sinto muito, Marcel não está podendo receber visitas.” O vampiro informou cauteloso.
“Tenho certeza que a mim ele irá receber.” Insistiu entortando a cabeça para o lado, ameaçador.
“Eu diria, mas no estado em que ele está, eu duvido que saiba o que estou falando.” Thierry olhou para a parte de cima. “Pensando bem, você é um Original, talvez consiga ajudar.”
“O que está acontecendo?” Klaus perguntou preocupado.
“Marcel foi ferido, não parecia nada grave, nenhuma magia ou arma especial, apenas uma estaca de madeira comum enfiada em seu abdômen…” O vampiro começou a andar na direção das escadas, Klaus o seguiu. “Faz três dias que, em vez de se curar naturalmente, seu corpo está agindo como um corpo humano. A ferida parece infeccionada, ele está febril e delirante…” Thierry abriu a porta dando espaço para que Klaus entrasse. “Eu não deveria deixar um estranho entrar aqui, mas você é um dos antigos, talvez saiba o que fazer.”
Klaus prendeu a respiração ao ver Marcel. O pequeno guerreiro orgulhoso e inquebrável que conhecia parecia tão frágil. O híbrido se questionou se fugir do destino era mais importante do que a vida daqueles a quem amava. Marcel estava em um estado de semiconsciência, o corpo estava tremendo e suando frio apesar da temperatura corporal ultrapassar o limite seguro. Klaus segurou a mão úmida do amigo.
“Marcellus, sou eu, Klaus.” Murmurou suavemente. “Você me ouve?”
“Rebekah…” Marcel gemeu delirante. “Perdoe-me…”
“Marcel…” Klaus não sabia como continuar a frase.
“Ele não está consciente, está delirando e não reconhece ninguém. Rebekah é o único nome que sussurra constantemente. Davina disse que é por causa de uma maldição antiga e poderosa.” O vampiro comentou apertando a boina entre os dedos. “Ela disse que todos nós estamos morrendo, os vampiros, os lobos e até às bruxas…” Thierry hesitou. “Isso é verdade?” Klaus sentiu a culpa pesar em seus ombros.
“Quem é Davina?”
“A menina que Marcel salvou e acolheu, é como uma filha pra ele. Não sei se deveria falar sobre ela com você… É uma bruxa.” Respondeu, Thierry nem sabia o porquê falou sobre a jovem.
“Quero falar com ela.” Klaus encarou o rosto de Marcel com um peso no coração. “Não machucar sua filha, velho amigo, só quero confirmar uma coisa. Dependendo da sua resposta, posso ter um jeito de salvar sua vida, a vida de todos nós.” Olhou para o vampiro.
“Tudo bem, eu não deveria fazer isso, mas não tenho escolha.” O vampiro respondeu. “Me acompanhe!”
Ambos andaram até um corredor estreito e mal iluminado, seguiram até uma porta de madeira. Thierry bateu e abriu com cuidado.
“Davina…” Chamou. “Um amigo do Marcel gostaria de falar com você.” Avisou com cuidado.
Klaus olhou para o quarto improvisado, muito distante de como o quarto de uma menina deveria ser, as cortinas pesadas e a tapeçaria exagerada, impedia a visão do chão bruto e das paredes mofadas. A iluminação vinha das velas espalhadas por todos os móveis e um cavalete estava caído no chão com folhas cheias de desenhos que Klaus reconheceu. Arvores, lobos, serpentes. Viu a menina encolhida na cama, abraçando os joelhos, ela ergueu os olhos marejados para Klaus e ele podia ver as olheiras escuras e a vermelhidão do choro excessivo.
“Davina, eu me chamo Klaus Mikaelson…” Procurou manter a voz gentil. “Um velho amigo do Marcel, mais como um pai, na verdade.” Falou tentando ser condescendente com a bruxa com quem compartilhava a dor de uma perda iminente.
“Os ancestrais te mandaram um recado…” Ela disse com a voz rouca, sem cumprimentos ou hospitalidade.
“Que recado, minha querida?” Klaus já sabia.
“Não pode fugir do destino, ninguém pode. Quanto mais tempo você demorar a aceitar, mais pessoas como nós irão morrer.” Davina falou com um toque de tristeza. “Nem mesmo a bruxa mais poderosa pode trabalhar contra a magia. Acredite, eu sei do que estou falando.”
“Eu nunca vou sair dessa, não é?” A ideia de ser obrigado a pagar pelos pecados de sua mãe o enfurecia. Klaus sempre acreditou ser o senhor da própria história, agora está fadado a uma ligação que não deseja, com alguém que não ama.
“Às vezes, uma maldição pode ser uma benção disfarçada.” Davina respondeu como se soubesse de coisas que Klaus desconhecia. Mas Klaus não acreditava em bênçãos, não para ele.

Freya ergueu os olhos, observando Richard concentrado na tradução de algumas criptografias antigas. Ela não imaginava que o Lorde pretendia ajudar nas pesquisas, mas nos quatro dias em que estava ali, o homem quase não deixou a sala ajudando a bruxa.
Os irmãos Gecko pareciam um pouco rudes na superfície, principalmente Seth, mas ambos eram muito gentis e atentos às suas necessidades.
Quando Richard percebia que a bruxa estava cansada demais, começava a conversar amenidades, trazia uma bebida que até então Freya nunca havia experimentado e passava um bom tempo contando o quanto gostava de Horchata. Ele a cobria quando cochilava no sofá, e não participava das refeições para não deixá-la desconfortável com suas preferências alimentares.
“Está cansada?” Richard perguntou sentindo o olhar sobre ele.
“Não, só estava pensando…” Hesitou. “Você é bem diferente do que eu imaginava.” Richard empurrou os óculos pelo nariz e estudou Freya, intrigado.
“E isso é bom ou ruim?”
“É bom, eu acho que você é um cara legal.” Freya comentou. “E muito inteligente, posso entender porque Kisa te escolheu para salvá-la. Se não fosse por sua ajuda, eu não teria saído do primeiro códice. Para ser sincera, pensei que o professor Tanner fosse um pouco mais… Útil.” Ela olhou para o Culebra fingindo dormir e Richard riu.
“Ele é útil quando convém.”
“Você não dorme?” Freya perguntou.
“Culebras não precisam dormir, mas eu durmo quando estou entediado…” Respondeu pensativo. “Na última vez que dormi tive um sonho estranho, olhos dourados ficaram me encarando no escuro.” Simulou um arrepio. “Me diga, minhas traduções estão sendo úteis?”
“Muito, acredito que encontramos o ritual exato. Veja isso.” Ela se levantou, parando ao lado do Culebra, mostrou a tradução feita pelo Culebra e o ritual antigo que Freya encontrou anos antes. “Os dois são rituais de união de sangue, idênticos e ligados diretamente ao lobo e a serpente.”
“Tem razão, é um ritual relativamente simples, realizado em três etapas: confirmação, consumação e consolidação pelo sangue.” Richard se aproximou mais da bruxa.
“O que é um Xicalli?”
“É um recipiente sagrado como um cálice, um jarro ou caldeirão de bruxa.” Explicou. “Precisamos encontrar o Xicalli ou cálice, certo.” Richard se virou para Tanner e lançou um cinzeiro certeiro na cabeça do homem que o agarrou. “Precisamos de um Xicalli ou cálice sagrado.”
“Tem um no museu da universidade, um cálice que foi usado em rituais sagrados, fica protegido no cofre quando não está em exposição.” Tanner sorriu para Richard. “Mas isso não é um problema para os hermanos Gecko.”
“Ótimo, faça alguma coisa útil e diga a Seth para conseguir as plantas do prédio.” Ordenou.
“Porque precisa das plantas do prédio?” Freya perguntou.
“Simples, nós vamos roubar o cálice.” Sorriu como se estivesse falando da coisa mais divertida do mundo. “Tem outra questão que…”
“Mi Lorde… Temos um assunto que exige sua atenção.” Carlos entrou depois de uma batida.
“Seth não está disponível?” Richard levantou a sobrancelha, tremendo mais problemas.
“Ela exige falar com o Lorde e a bruxa do Norte.” Carlos insistiu.
“Ela quem?” Os dois se voltaram para o Culebra.
“Nahuali, la bruja ciega.” Uma senhora idosa, com as costas curvadas e usando trajes esfarrapados entrou na sala sem ser convidada. “Perdoe uma pobre Culebra cega, mi Lorde…” A velha senhora se aproximou com passos lentos e cuidadosos.. “Estou aqui atendendo ao chamado.”
“Chamado de quem?” Richard perguntou, franziu o cenho quando os dedos enrugados tocaram seu rosto, eles exalavam um cheiro de ervas e fumaça.
“La serpiente.” A bruxa inclinou a cabeça e voltou os olhos brancos e vazios acima de Richard como se sentisse algo. “Ela disse que o Lorde e a bruxa do Norte precisavam de uma bruja para o ritual. Estou tão feliz por ajudar com seu casamento, mi Lorde, é uma honra que essa velha nunca pensou que teria.” Freya e Carlos olharam para o Culebra.
“Hum, bem, a senhora está equivocada, o casamento é da Kisa.” A mulher deu um sorriso enigmático.
“Entendo.”
“Ela está certa, Richard, aqui diz que o ritual precisa de duas bruxas para comandar.” Freya apontou para o ritual. O celular de Freya vibrou e ela arqueou a sobrancelha ao ler a mensagem. “É o Klaus.”
“O lobito fugiu?” Carlos perguntou.
“Na verdade, ele quer saber como está o andamento dos preparativos e pediu para que sejamos mais rápidos.” Deu de ombros.
“Bem, eu vou deixar as duas belas damas tratando dos preparativos e falarei com Seth sobre o Xicalli. Freya não esqueça que ainda falta resolver a questão do eclipse, não há nada que aponte para esse fenômeno nos próximos meses, e não temos muito tempo.” Richard a lembrou.
“Mis dioses, vocês precisam mesmo de uma velha bruxa como eu.” A mulher balançou a cabeça. “Não é um fenômeno natural, é um eclipse solar mágico que acontecerá durante o ritual. Não é o alinhamento de dois astros e sim, de dois mundos…” A velha senhora se aproximou da mesa e tateou em busca de um papel rabiscando desajeitada, três fases de um eclipse solar e apontou para a primeira imagem, a lua entrando na frente do sol. “Confirmação de sangue…” A lua e o Sol juntos. “Consumação…” O eclipse acabando. “Consolidação de sangue.”
“Então, o eclipse acontece durante o ritual ou isso é uma metáfora?” Freya olhou para a imagem. “E o Sol vermelho?”
“É o Sol do Xibalba.” Richard respondeu.
“Exatamente, mi niño, o ritual deve ser feito no lugar onde o mundo dos vivos e dos mortos se encontram e a consumação deve acontecer no ponto exato onde o mundo dos vivos e dos mortos se misturam.” Nahualli explicou.
“Se soubéssemos onde é esse lugar…” Freya suspirou mais cansada do que pensava, quando aquilo tudo acabar ela iria precisar de férias, se Dahlia não a encontrasse antes. “Vocês tem alguma ideia de onde seria?”
“No antigo Titty Twister, no templo onde Kisa foi feita prisioneira, irônico, não?” Carlos comentou. “Lá é uma entrada para o Xibalba e o lugar da consumação…” O Culebra fez uma pausa. “É sobre a pedra do sacrifício.”
“Kisa vai adorar essa informação.” Richard balançou a cabeça. “Freya avise seus irmãos, vou falar com Seth sobre o Xicalli.” O Lorde esfregou os olhos. “Carlos, reúna alguns Culebras e comece a arrumar tudo no templo.”
“Onde fica esse Templo?” Freya perguntou.
“No México!”
“Se a senhora Nahualli concordar, nós podemos ir com eles e organizar as coisas para o ritual.” Freya propos. “Acho que as coisas estão fora de controle, se Klaus pediu para acelerar o processo.”
“Ou de repente, o coitado só está tentando desencalhar.” Richard zombou.
“E você, Richard, quando vai desencalhar?” Carlos perguntou provocando.
“Eu estou bem, obrigado!” Nahualli o encarou sorrindo.

Chapter 8: ANCIENT RITES

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Boa leitura!

Klaus andava de um lado para o outro, impaciente como de costume. Ele estava esperando seus irmãos chegarem de Mystic Falls e a demora o estava cada vez mais irritado. O comportamento ansioso estava irritando Richard sentado à mesa tentando analisar a profecia e o ritual.
A cada vez que ele pensava que o outro havia finalmente parado, o som irritante dos sapatos batendo no chão de pedra recomeçava. Richard havia prometido a Kisa que tentaria encontrar uma brecha na profecia para livrá-la da convivência com o híbrido mau humorado.
A tarefa estava se tornando muito difícil, além do híbrido inquieto havia o lobo branco translúcido parado na frente da sua mesa, o encarando. O Culebra soltou suspiro pesado e audível, e largou os papeis na mesa.
“Você está com pulgas?” Perguntou entre os dentes.
“O que foi que você disse?” A pergunta soou como um rosnado ameaçador.
“O que exatamente você está fazendo na minha sala?” Richard se perguntou sobre isso desde a hora que o homem chegou. “Você sabe quantos quartos, salas, câmaras, banheiros, tem nesse lugar que você poderia estar assombrando? Sabe quantas pessoas estão por aí, nesses corredores e túneis, que você poderia estar irritando?” Klaus ignorou o homem e pegou uma garrafa de whisky.
“Estou esperando meus irmãos chegarem, porque Freya não está aqui?” Serviu um copo para si. “O que você fez com minha irmã recém descoberta?”
“Ah, ela não te contou? Ela foi comprar um lindo vestido de noiva, nós vamos nos casar na semana que vem.” Richard revirou os olhos, sarcástico, quando ouviu o rosnado. “Ela está ajudando a organizar o ritual.”
“Vai demorar muito?” Klaus se sentou no sofá cruzando as pernas.
“Ansioso para o casamento?” Richard ergueu as sobrancelhas e sorriu maliciosamente, Klaus não respondeu. “Você quer falar sobre isso?”
“Com você? Ah, por favor, nem se você fosse a única pessoa na terra.” O híbrido soltou uma risada zombeteira.
“Graças aos deuses, eu não faço ideia do que eu poderia dizer.” Richard suspirou de alívio.
“Então porque se ofereceu?”
“Eu não me ofereci, eu perguntei se você queria falar sobre isso, não disse que era comigo. Eu ia te mandar procurar o Seth.” Richard nunca foi bom com conversas sentimentais e depois de tanto tempo longe da humanidade, ficou ainda pior. Ele poderia passar horas falando sobre bobagens aleatórias, que não envolviam conversas sentimentalistas ou profundas.
“O que você está fazendo?” Klaus se levantou do sofá e andou até ele, parando atrás do Culebra. Richard cheirava a cigarros, perfume amadeirado, sangue e algo que Klaus não conseguia identificar, mas despertava sua fome. “Porque ainda está lendo essa droga?” Sentir a respiração do outro em seu pescoço fez Richard se sentir nervoso.
“Eu só estava…” A porta se abriu em um rangido.
“Hey, esquentadinho, sua família chegou!” Seth anunciou entrando na sala estranhando a proximidade dos dois.
“Graças a Deus, eu não aguentava mais esse cara!” Klaus falou saindo da sala tão rápido quanto um furacão.
“Esse cara é problema… Dos grandes.” Seth comentou olhando para a porta. “O que ele estava fazendo aqui?” Seth parou onde Klaus estava antes.
“Eu me pergunto a mesma coisa.” Respondeu voltando seu olhar para os papeis na mesa.
“O que você está fazendo?” Apertou os olhos para tentar ler, Seth estava começando a pensar que precisava de um par de óculos.
“Estou tentando encontrar uma forma da Kisa não precisar conviver com eles.” Respondeu esfregando os olhos.
“Pra que? Fala a verdade, Richie, você e a rainha da noite estão juntos?” Seth perguntou preocupado. “Se for isso, nós cancelamos a cerimônia e procuramos outro caminho.”
“Não, Seth, não tem ninguém escondido nas sombras do meu coração.” Respondeu. “Só não acho que ela precise ser condenada a viver com alguém que a despreza. E como você mesmo acabou de dizer, Klaus é problema.”
“É e graças aos deuses, não é problema nosso.” Seth ergueu as mãos para o alto. “Freya já chegou também, ela achou que seria melhor que ela estivesse aqui para explicar o ritual.”
“Ah, legal…” Richard abandonou os papeis e se levantou. “Vou fazer uma Horchata para ela, como boas vindas.” Sorriu.
“Espera aí, você não está afim da Samantha Stephens, está?” Estreitou os olhos para o irmão mais novo.
“Está citando ‘A feiticeira’, agora?” Richard riu alto. “Não, Seth, eu não estou afim da Freya, é só que, eu gosto dela, você sabe, eu sou atraído por almas sombrias. Você sabe!” Respondeu como se aquela frase explicasse tudo. Seth suspirou, saindo atrás do irmão.
“Engraçadinho…” Zombou gesticulando exageradamente. “Mas sabe, vamos ver pelo lado bom. A rainha da noite maluca se casa com o híbrido maluco. Eles combinam, os dois são doidos, paranoicos, voláteis e, francamente, insuportáveis. Vamos nos livrar de dois problemas de uma vez só.” Richard soltou uma gargalhada sincera, Seth nunca foi um fã de Kisa. “Ah, e dessa família originalmente problemática também.”
“Calminha, Seth, não vamos cantar vitória antes da hora. Amanhã é o casamento. E só depois de finalizado é que você vai poder soltar os fogos de artifício.” O Gecko mais velho passou o braço pelos ombros do irmão.
“Amanhã, vai ser um lindo dia!”

“Finalmente vocês chegaram!” Klaus apareceu na porta vendo os irmãos reunidos. “Por um instante, pensei que tivessem aproveitado a chance para se livrar do bastardo.”
“Ah, que isso, Nik, tem momentos que não dá pra perder. Seu casamento é um deles.” Kol comentou distraído mexendo em uma estátua de pedra. “Sera que isso é original?”
“Vocês chegaram bem?” Freya perguntou sob o olhar curioso de Finn, o único dos irmãos que ainda não havia conhecido. “Oi, irmão, que bom ver que está se recuperando bem.” Cumprimentou.
“Obrigado.” Ele a observou. “Fico feliz em conhecê-la. Nunca pensei que nossa mãe seria capaz de um tão feito algo tão terrível.”
“Ah, por favor, Esther tenta matar os filhos há muito tempo… E vocês podem ter o seu momento de irmãos mais velhos em outro momento…” Klaus resmungou impaciente. “Quero saber como estão os preparativos para o ritual? Explique logo, como e quando isso vai acontecer.”
“Que empolgação, Nik…” Kol zombou do irmão.
“Kooooollll…” Elijah o repreendeu. “Não provoque!”
“Cadê a Rebekah?” A bruxa perguntou olhando ao redor.
“Nova Orleans, cuidando do Marcel.” Klaus contou. “Ele estava delirando e chamando por ela.”
“E você permitiu? O amor muda mesmo as pessoas.” Kol se sentou no sofá.
“Onde estão nossos anfitriões, Niklaus?” Elijah perguntou desconfiado. “Você não fez nada suspeito, não é?”
“Eu não fui nada além de um anjo nesta terra de ninguém. Irmão, você tem uma ideia muito ruim a meu respeito.” O híbrido levou a mão no peito fingindo mágoa.
“Tenho certeza que sim.” Finn ajeitou as pernas na cadeira de rodas.
“Olha só, vejam se não é a minha adorável noiva…” Falou assim que viu a Culebra entrar na sala, acompanhada por Carlos e Ranger Gonzalez.
“No me provoques, cabron.” A mulher estreitou os olhos para o tom de ironia do híbrido.
“Ela é um pouco tímida.” Comentou e Kisa brilhou os olhos de serpente.
“Niklaus.” Elijah sabia que seria uma longa tarde. “Senhorita Kisa, ignore seus modos grosseiros, gostaria de apresentar nossos irmãos, Kol e Finn. Irmãos essa jovem é Kisa, futura esposa do nosso irmão, Niklaus. E em breve, um importante membro da nossa família.” Kisa sorriu apertando as mãos oferecidas. Ela não gostava do comportamento de Klaus, mas Elijah sempre procurou ser o mais educado e gentil possível.
“Obrigada, Elijah… Kol, Finn…” Meneou a cabeça. O Original continuou as apresentações enquanto esperavam os Geckos.
“Parece que só está faltando, los hermanos Gecko.” Carlos comentou procurando a dupla.
“Richard já está vindo…” Seth entrou na sala com um olhar desconfiado. “E aí, boneca, já preparou os slides pra aula?” Perguntou para a bruxa.
“Desculpe, Seth, você vai ter que anotar.” Respondeu sorrindo. Os Mikaelsons olharam para a irmã. “Esses são os nossos outros irmãos, Finn e…”
“Kol Mikaelson…” Kol interrompeu avaliando o recém chegado. “Então você é um dos lendários irmãos Gecko. Achei um cartaz de procurado com seu rosto nele. Devo dizer que não faz justiça.”
“Justiça não combina com meu rosto, garoto, você quer que eu autografe um para você?” Perguntou com ironia na voz.
“Freya…” Richard chamou segurando um copo com cuidado. “Olha só o que eu fiz pra você.” Falou sorrindo. “Horchata!”
“Obrigada, Richie, estava mesmo com sede.” A bruxa foi até ele e pegou a bebida inalando o cheiro de canela. “Que cheiro maravilhoso, vou sentir falta disso.”
“Você é nossa convidada, tem passe livre para ir, vir e até ficar se quiser.” Seth parou ao lado do irmão.
“Esse convite se estende à família?” Kol interrompeu.
“Claro…” Seth olhou para Kol. “Elijah, você também pode ficar.” Finn soltou uma risadinha.
“Obrigado, Seth.”
“Posso saber porque essa intimidade toda?” Klaus perguntou. “Desde quando nossa irmã está tão amiguinha dessa dupla de ladrãezinhos?” Elijah espiou o irmão pelo canto dos olhos. “Ah, olha só, esse aqui é Lorde dos Culebras, sua competência é igual a sua pontualidade então não criem muita expectativa.” Seth ficou enraivecido, mas Richard o impediu, respondendo por si só.
“A palavra competência deve ser difícil pra você compreender, levou quanto tempo mesmo pra você quebrar a maldição do seu lobo? Mil anos?”
“E você, seu…” Klaus deu passo à frente.
“Parem com isso…” Finn ficou irritado. “Temos coisas mais importantes para tratar.”
“Por favor, sentem-se, nós vamos explicar tudo a vocês.” Freya interferiu impedindo outras discussões. “Amanhã de madrugada partimos para o México e no final do dia todos estaremos felizes.”
“Espera aí, eu ouvi você dizer México?” Kol perguntou intrigado.
“O ritual tem que ser executado em um templo no México…” Richard olhou para Kisa. “O templo do antigo Titty Twister.” Completou com cuidado.
“Sempre esse lugar ferrando comigo!” Kisa apertou os lábios vermelhos com raiva. Ela odiava aquele lugar e ainda assim, o destino a atraia para a destruição que ele sempre lhe causava. “Por que tem que ser lá?” Klaus olhou para o rosto consternado da mulher, eles estavam sentados lado a lado.

 

“Por causa do eclipse…” Richard explicou o motivo pelo qual o ritual deveria acontecer no templo.
“Certo… Certo… Nós entendemos, continue.” Klaus estava mais interessado em saber sobre o ritual em si.
“O ritual tem que acontecer em três etapas…” Freya colocou na mesa de centro o desenho que Nahualli havia feito com as fases do eclipse. “Vejam aqui…” Apontou para o início de um eclipse rabiscado. “A primeira etapa é a Confirmação, nessa etapa Klaus e Kisa estarão dentro de um círculo de proteção. Vocês devem derramar seu sangue em um Cálice Sagrado enquanto nós recitamos o feitiço. Eu invoco o espírito ancestral do lobo e Nahualli invoca o espírito da serpente.”
“E para que isso vai servir?” Kisa pergunta.
“Para confirmar se vocês dois pertencem às linhagens mencionadas na profecia…” Richard esclareceu. “Se a mistura do sangue ficar com um brilho levemente dourado, significa que podemos continuar e passar para a segunda etapa. Se o sangue ficar escuro, um, ou os dois, não pertencem à linhagem do Lobo e da Serpente.”
“Isso parece simples, e onde encontramos esse Cálice Sagrado?” Kol perguntou sabendo que objetos sagrados não eram fáceis de encontrar. Richard sorriu para o irmão colocando o objeto sobre a mesinha e retirando o pano de cima.
“Foi o serviço mais fácil que já fizemos, é uma vergonha chamar aquilo de sistema de segurança.” Seth apertou a mão de Richard usando o sinal de sua irmandade.
“Agora compactuamos com roubo de antiguidades? Essa maldição está destruindo nossa reputação.” Klaus falou com implicância.
“Sim, porque a sua reputação é muito boa, padre Klaus.” Richard zombou. “Compelir as pessoas a dar o que você quer também é roubar, gênio.”
“Se precisam de um ritual de confirmação, significa que não sabemos se essa garota é mesmo quem diz ser?” Kol estreitou os olhos. “Essa gente pode nem fazer parte dessa profecia idiota…” Se levantou com uma expressão. “Sinceramente, se estivermos aqui pra perder tempo, eu juro que mato todos aqui.” Ameaçou mostrando o rosto de vampiro. Elijah abriu a boca para repreender o irmão caçula.
“Escuta aqui, seu projetinho de Nosferatu, senta essa bunda mole nesse sofá e cala a boca…” Seth Gecko segurou uma pistola apontada para o Original surpreso pela afronta. “Se ameaçar nosso povo de novo, eu vou chutar a sua bunda de volta para a cova de onde você saiu.” Kol olhou com raiva e confusão, e se sentou encarando Seth. Irritado e intrigado ao mesmo tempo. “Jesus Cristo… Faz dois minutos que eu te conheço e já gosto de você tanto quanto gosto do lobo idiota.” Seth apontou para Klaus.
“E eu não estou dizendo que sou nada, pendejo, eu nem queria estar aqui!” Kisa estreitou os olhos.
“Kol, por favor pare de causar problemas e deixe eles explicarem.” Finn falou. Ele se mantinha calmo e calado, apenas observando.
“Caso um dos dois não pertença à linhagem correta, o que acontece?” Carlos perguntou olhando para Richard.

 

“O ritual é interrompido. E voltamos à estaca zero.” Freya lamentou.
“Pelo menos ainda me resta alguma esperança então.” Kisa murmurou baixinho.
“Se for confirmado, a ligação começa a se construir instantaneamente. O eclipse solar se inicia.” Richard continuou com a voz baixa e grave. “A segunda etapa é a Consumação. Ela deve acontecer sobre a pedra sacrificial, que é o ponto exato que o reino dos vivos e dos mortos se misturam.”
“Espera, como assim, consumação?” Klaus perguntou confuso, esperando que tenha entendido errado.
“Consumação, Nik, vocês tem que fazer sexo!” Kol soltou uma gargalhada estridente com a expressão no rosto do irmão.
“O que?” Klaus esperava que fosse uma piada.
“Meu Deus, cara, consumação, sexo, transar, penetração…” Seth falou impaciente. “Você é virgem por um acaso?”
“Não, é claro que não, mas impor o casamento é ruim o suficiente, agora impor uma relação sexual é um pouco demais…” Olhou para a noiva com receio. “Eu estou mais que disposto a obrigar ela a se casar, mas…”
“Faz parte do ritual, Klaus, é importante, mas eu entendo o desconforto…” Freya tocou suavemente a mão de Kisa. “Você precisa de um tempinho pra pensar sobre isso?” Os olhos da Culebra encararam os olhos da bruxa.
“Não…” Respondeu com a voz sem emoção. “Não é a primeira vez que eu tenho que fazer sexo com quem eu não quero para atender as necessidades de outros.”
“Quando vocês estiverem na câmara para a consumação, precisam trocar o máximo de sangue possível enquanto fazem o… sexo.” Richard interrompeu sabendo que Kisa odiava ser vista como fraca. “O sangue das linhagens é crucial para o ritual.”
“Depois disso, vem a terceira e última etapa, a Consolidação, vocês voltam para o círculo de proteção e nós recitamos os feitiços para consolidar a união, enquanto Kisa bebe o sangue de Klaus e vice versa.”
“E depois?”
“Nós estouramos champanhe, jogamos arroz em vocês.” Seth deu de ombros arrancando uma risadinha de Kol. “E você e a princesa das trevas voltam para o castelinho e vivem felizes para sempre.”
“Então, Seth…” Kol lambeu discretamente os lábios. “Você é casado?” Todos na sala se voltaram para o Original, mas Seth preferiu ignorar.
“Nós partiremos antes do sol nascer, amanhã a essa hora, vocês estarão casados.” Richard sorriu.
“Por que não ir agora e assim acabamos logo com isso.” Klaus sugeriu impaciente.
“O dia está acabando, seus irmãos devem precisar de descanso e sabia que um eclipse solar envolve o sol?” Richard balançou a cabeça. “Mas se você quiser ir, fique à vontade.”
“Sabe, Richard, eu não vejo a hora de me livrar de você. Criatura intragável.” Retrucou.
“Bem vindo ao clube.” O Lorde falou ajeitando os óculos.

Klaus estava sentado no banco do carona, calado, olhando para a estrada através da janela. Freya, Finn e Kol estavam no banco de trás. Os olhos de Elijah dava olhares discretos para o irmão, preocupado.
“Aconteceu alguma coisa, Niklaus?” O Original sabia que era uma pergunta boba considerando todo o contexto.
“Eu tive um sonho vivido, muito estranho…” Respondeu relembrando o sonho.
“Sobre o que era?”
“Eu estava em um quarto… parecia com os quartos do complexo dos Gecko, mas era diferente, maior. Eu estava sentado na cama, lendo um livro, quando ouvi passos ligeiros e uma criança pequena apareceu correndo e pulou no meu colo…”
“Uma criança?” Elijah perguntou intrigado.
“Era um menino, não devia ter mais que três, talvez quatro anos, com cabelos loiros levemente caídos nos ombros e olhos azuis metálicos.” O vampiro Original ouvia com atenção. “Ele sorriu, um sorriso familiar, me deu um beijo na testa e brilhou seus olhos de serpente dizendo: te amo, mi papa!” Klaus contou incomodado. “Eu acordei, e na minha frente, havia uma serpente levemente dourada. Ela começou a entrar pela minha boca, passando pela minha garganta. Quando ela estava completamente dentro de mim… Acordei novamente.”
“Um sonho dentro de um sonho, acha que pode ser um sonho premonitório? Talvez você tenha visto o futuro…” Elijah ponderou tentando acalmar o irmão. “Talvez a maldição possa se tornar uma bênção disfarçada.”
“Ah, claro, um futuro em que uma serpente enorme entra no meu corpo…” Klaus zombou. “Uma benção e tanto.” Elijah trocou olhares com Freya através do retrovisor.

Richard olhou para a porta do escritório, um menino pequeno entrou correndo e ele se afastou da mesa para recebê-lo. O menino de cabelos loiros subiu em seu colo e abraçou seu pescoço.
“Te amo, papa!” O garoto falou sorrindo e então se afastou um pouco, encarando o Culebra. Richard viu os olhos azuis se tornarem dourados. O menino desapareceu, em seu lugar estava o lobo branco que o atacou, mordendo seu pescoço.
Seth freou bruscamente quando Richard despertou aos gritos no banco do carona, onde cochilava. O Gecko mais velho tateou o pescoço e o corpo do irmão em busca de ferimentos.
“O que aconteceu?” Seth perguntou, Richard recuperou o fôlego e esfregou as mãos no pescoço. Não havia nenhuma ferida.
“Eu… Eu tive um pesadelo… O lobo do Klaus mordeu minha garganta.” Contou arfante.
“Sonhou que o Klaus mordeu você?” Seth franziu a testa.
“Não o Klaus, o lobo dele… Eu consigo ver o lobo dele, como uma aura prateada ao redor do Klaus que forma um lobo branco com olhos dourados.” Os dois desceram e Seth contornou o carro ficando de frente com o irmão.
“Você consegue ver o lobo dele? Desde quando?” Seth segurou os ombros do irmão.
“Desde que ele atravessou a porta. Eu não falei nada porque…” Richard não concluiu a frase.
“Você não é maluco!” Seth encostou sua testa na testa do irmão como sempre fazia, era a forma dos irmãos fortalecerem sua conexão. “Se você diz que vê o lobo, eu acredito em você.”
“Você nunca acreditou antes.”
“Eu era um idiota.” Confessou. “Eu acredito agora… Somos só você e eu, Richie. Eu sempre vou cuidar de você…” Seth sorriu dando tapinhas suaves no rosto do irmão caçula. “Não importa o que esse sonho significa, nós vamos ficar bem. E você sabe por quê?” Richard ergueu os olhos. “Os irmãos Gecko estão de volta.” O Lorde abriu um sorriso infantil chamando a atenção de Klaus que estava saindo do carro.
Os dois olharam para frente, eles haviam chegado ao destino, Kisa e outros se juntando a eles. À sua frente estava o Templo e Richard olhou para cima vendo a silhueta de uma serpente voando por cima da estrutura.
“Bem-vindos ao inferno.” Kisa comentou quando os Mikaelsons se aproximaram.

Chapter 9: SUMMER ECLIPSE

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Boa leitura!

A parte interna do templo havia sido completamente reformada meses antes, por ordem de Richard, apesar dos fervorosos protestos de Seth. Todas as criptografias nas paredes foram restauradas, as entradas dos alçapões foram lacradas. Um destaque especial foi dispensado a escultura de pedra com formato de um olho, atribuída a Serpente da Visão. O bar estava abastecido e foram feitas poucas modificações, mantendo o layout original. Mas o cheiro de sangue das gerações que foram sacrificadas aos antigos Lordes ainda estava lá.
Nahualli ordenou que alguns Culebras enfeitassem o lugar para o casamento, ninguém questionou, a bruxa cega era muito respeitada e temida entre seu povo. Ela disse a Freya que, não importava o que os noivos ou todos pensassem, aquele momento era sagrado e muito especial.
Os Mikaelsons, os Geckos e seu conselho se espalharam assim que entraram no lugar. Os tecidos coloridos e as velas espalhadas contrastavam com o ambiente sombrio. Ranger Gonzalez convidou os Mikaelsons para o bar até que tudo estivesse preparado. Richard pediu para falar em particular com as bruxas cerimonialistas, enquanto Kisa foi até seu antigo quarto acompanhada por Carlos. Ela iria se vestir para a cerimônia, assim como os outros.
Freya e Nahualli estavam terminando os desenhos das runas e símbolos que formavam o círculo de proteção. Klaus e seus irmãos esperavam impacientes pela cerimônia.
“Um maldito círculo mágico demora tanto assim?” Klaus perguntou batendo o pé no chão, sentia seu estômago revirar com o nervosismo.
“O Lorde vai ter trabalho com esse ai.” Nahualli resmungou baixinho.
“Se acha que é tão fácil, Klaus, porque não vem fazer…” Freya fechou a cara e respondeu. “Sabe o quanto de energia cada símbolo desses exige?”
“Se acalme, irmão, rituais precisam de concentração.” Elijah apertou seu ombro.
“Fácil pra você falar, afinal, o cordeiro sacrificado não será você…” Klaus mastigou a parte interna da bochecha. “Onde está a noiva? Não me diga que já fugiu?”
“Ela está se arrumando, Klaus, ela é uma noiva, afinal.” Finn respondeu observando a irmã trabalhar. “Você não precisa se preocupar.”
“Onde ele está indo?” Klaus perguntou acompanhando Richard com os olhos. “Francamente, esse cara parece uma cobra se esgueirando pelos cantos.”
“E não é isso que eles são?” Kol estava ajeitando a gravata quando viu Seth, através do espelho do bar, dando ordens para alguns Culebras e resmungando sobre os tecidos estarem perto demais das velas. “Hey, Seth…” O Gecko se virou procurando o dono da voz, gemeu de irritação ao perceber que era Kol. “Diga o quão bonito eu estou.”
“Eu diria se isso fosse uma verdade. O que não é o caso…” Seth balançou a cabeça e se virou para continuar o que estava fazendo, mas parou. “Olha, eu não sei qual é a sua, garoto, mas eu não estou interessado…” Seth falou com os braços cruzados. “Você não é meu tipo!”
“Como assim eu não sou seu tipo?” Kol perguntou horrorizado.
“Você não faz meu tipo… Tem coisa sobrando embaixo e faltando em cima.” O humano falou saindo do salão.
“O que ele quer dizer?” Finn perguntou piscando algumas vezes.
“Que Kol não é uma garota!” Freya respondeu rindo enquanto flexionava os dedos. “Seth é hetero, Kol. Porque não tenta o irmão dele? Richard é um gato e tem essa, como dizem hoje em dia, vibe de nerd gostoso.” Klaus ergueu as sobrancelhas.
“Por favor, irmã, seu mau gosto está me fazendo questionar ainda mais nosso parentesco. Aliás, vocês dois.” Klaus apontou para Freya e Kol.
“Na verdade, eu também acho os Gecko muito interessantes…” Elijah comentou espiando Klaus pelo canto dos olhos. “Inclusive, Richard perguntou se poderia beber de mim e estou tentando a permitir.”
“Ele fez o quê? Porque ele pediria isso?” O híbrido estreitou os olhos.
“Me parece que Culebras podem ver o passado e adquirir conhecimento e até habilidades ingerindo sangue. Ele está curioso com o que eu posso ter visto através dos séculos.”
“De jeito nenhum, ele não vai morder ninguém dessa família.”
“Ah, os Culebras tem essa habilidade, mas poucos sabem aproveitar, nosso Lorde é especial…” Nahualli falou com um sorriso enigmático. “Além disso, nosso Lorde é especial, ele possui a Visão. Está no sangue.”
“O que isso significa?” Freya perguntou.
“Tem coisas que não podem ser ditas e sim descobertas… Na hora certa, mi brujita.” Freya estava ficando cada vez mais intrigada com as frases daquela senhora, sentia que estava à deriva, perdendo alguma coisa, mas não fazia ideia do que era.

Richard bateu na porta do quarto onde Kisa estava. Sentada na cama olhando fixamente para a pulseira refletindo a luz do sol que entrava por uma pequena fresta entre as pedras. Ela não podia evitar a sensação nauseante de voltar àquele quarto. Sua prisão durante séculos. Era tão opressor que a única coisa que a impediu de vomitar era a visão daquela pulseira.
“Você está muito bonita…” Richie comentou ao vê-la em um vestido preto que acentuava suas curvas. “Não pensei que se arrumaria para o casamento.” Falou com a voz calma. “Já está pronta para a cerimônia?” Andou até ela.
“Eu já me arrumei pra coisas piores.” Ela respondeu um pouco ríspida, sem tirar os olhos da pulseira. “Você se lembra dessa pulseira?” Richard olhou para o objeto. Ele não se lembrava de tantas coisas como as pessoas esperavam. “Você me deu. O bracelete da eternidade.”
“Ah, sim… E você me devolveu antes de me deixar, mas eu mereci.” Richard deslizou o indicador pelas pedras de diamante.
“Eu peguei de volta quando pensei que você havia morrido. Uma lembrança do meu… Parceiro de negócios.” Richard riu. “Eu estou feliz por você ter voltado e assumido como Lorde.”
“Pensei que desprezasse os Lordes e tudo que representam.” Richard estava em pé a sua frente, usando um terno de couro preto e sem seus óculos.
“Os Lordes de outras eras, não você. Obrigada por ter me dado uma escolha, mesmo que no final isso ainda esteja condenada.” Kisa lamentou.
“Para ser sincero, não acho que Klaus seria um marido tão ruim, no final das contas, mas você ficará feliz em saber que eu encontrei uma brecha…” Ela desviou os olhos da pulseira e o encarou. “Claro… Você ainda terá que fazer o ritual e no final do dia você ainda estará unida ao híbrido. Entretanto, nem a profecia, nem o ritual impõe nenhuma regra além disso.”
“O que você está dizendo, Richard?” Kisa sempre pronunciava seu nome arrastado como o sibilar de uma serpente.
“Você não precisará viver ao lado dele depois do ritual, se for da sua vontade. A profecia exige apenas uma união de sangue.” Kisa se levantou com os olhos brilhando de esperança.
“Eu não preciso viver com ele? Não preciso ficar presa a ninguém?”
“Exatamente.” Richard sorriu e ela tocou seu rosto com carinho. “Você ainda poderá ser livre.”
“Você está novamente quebrando minhas correntes…” Kisa se aproximou encarando os olhos azuis metálicos. “Apesar de tudo, eu sempre estive certa sobre você…” Quando seus lábios estavam prestes a se tocar a porta foi aberta.
“Olha só, se não são minha noiva relutante e seu ex namorado confabulando pelos cantos…” Klaus entra sem ser convidado mantendo os olhos irritados nos dois. “Espero não estar atrapalhando alguma coisa?”
“Bem, atrapalhar parece ser sua especialidade…” Richard suspirou dando um passo para trás. “Acredito que vocês queiram conversar antes da cerimônia.”
“Na verdade, eu só vim até aqui para verificar o motivo da demora.” Apertou os olhos desconfiados. “Vocês estão planejando fugir juntos, antes ou depois da cerimônia?”
“Não… Não precisamos conversar…” Kisa deu uma última olhada para ambos. “Vamos acabar logo com isso!” Saiu do quarto deixando os dois para trás.
“O que veio fazer aqui?” Klaus perguntou exigente.
“Sabe, para alguém que não quer essa união, você está muito apressado em concluir os ritos. E pelo que parece com ciúmes da noiva.” Richard zombou.
“Ah, por favor… Eu não tenho ciúmes dela, eu mal troquei algumas alfinetadas com ela.” Klaus enrugou o nariz.
“Devia tentar falar com ela antes da cerimônia, você não sabe nada sobre ela e nem ela sobre você.” Richard olhou para o Híbrido Original. “Vocês terão que consumar a união.”
“É melhor assim, de outra maneira poderia ser mais constrangedor. Teremos tempo de nos conhecer depois, não é mesmo?” Afirmou e se virou para o Culebra. “Ainda não respondeu minha pergunta, porque veio aqui? Ainda gosta dela?”
“Eu só vim dizer a ela que não há nada no ritual ou na profecia que obrigue vocês a permanecer juntos depois de hoje…” Klaus franziu o cenho. “Quando isso acabar, você e sua família podem partir.” Richard fez um movimento para sair do quarto e Klaus agarrou firmemente seu braço.
“Está falando sério?” Perguntou olhando fixamente nos olhos azuis metálicos que fez Richard lembrar da intensidade do olhar de um lobo.
“Eu confirmei com Freya e Nahualli.” Sorriu torto. “Estás libre, lobito.”
“Nunca mais me chame assim!” Klaus rosnou soltando o braço de Richard e saindo do quarto com passos largos.

“Parece que minha noiva não vê a hora de se casar.” Klaus comentou parando ao lado de Elijah.
“Por que a animação?” Elijah perguntou desconfiado. “Pensei que tinha ido falar com ela. Não me diga que a ameaçou?”
“Claro que não, estou começando a ficar magoado com o mal juízo que fazem a meu respeito… Depois falamos sobre isso.” O híbrido se apressou em se juntar a Kisa.
A Culebra esperava, em pé, no centro do círculo de proteção incompleto, Klaus se posicionou à sua frente lhe dispensando um único olhar que parecia dizer: sinto muito. Freya fechou o círculo, desenhando a última runa, ao redor do casal, Richard se aproximou entregando para bruxa sua estimada faca de obsidiana, um objeto ritualístico feito de aço xibalbano. Se afastou para que a cerimônia fosse iniciada .
“Por favor, dêem as mãos.” Freya pediu. Klaus segurou as mãos da Culebra em um aperto frágil e inseguro. O híbrido notou o bracelete de diamantes em seu pulso e se sentiu incomodado.
Apesar do sol alto no céu mexicano, a atmosfera dentro do templo era lugubre e desconcertante. Uma inquietude se espalhou pelo ar quando Freya ergueu o Cálice Sagrado em uma mão e a faca cerimonial na outra. As chamas das dezenas de velas crepitavam deixando o ambiente ainda mais quente e sufocante.
Nahualli segurava os feixes de ervas secas nas mãos e os acendeu. A bruxa espalhava a fumaça sobrenatural no ar ao redor do casal e o cheiro de magia antiga tomou conta do salão. Enquanto Nahualli recitava encantamentos em náuatle nativo, pedindo a iluminação de Kukulkan. Freya recitava encantamentos em seu idioma nativo pedindo a benção do lobo de Fenris. As bruxas consagravam o ritual a união do sangue da Serpente e do Lobo.
Freya se aproximou do casal segurando o cálice e Nahualli a faca consagrada, ela segurou com cuidado a mão de Klaus, a mulher o olhou para ele com seus olhos leitosos e cortou a palma da mão, despejando o sangue no recipiente mágico que Freya segurava. Depois fez o mesmo com Kisa. As bruxas não pararam de repetir os encantamentos, cada uma em seu idioma nativo.
De repente,um vento morno balançou as cortinas com violência, derrubando algumas velas. O vento fantasma assustou os testemunhas e Richard viu o lobo de Klaus rosnando para Kisa. Nada mais aconteceu. Freya olhou para o Cálice em suas mãos e encarou os irmãos com decepção no olhar. O carmesim sangue adotou um tom tão negro quanto pixe.
“O que aconteceu?” Klaus percebeu a expressão assustadora da irmã.
“Não funcionou…” A bruxa falou com um toque de desespero na voz. “Um de vocês não tem o sangue da linhagem sagrada.” Eles viram o sangue escuro.
“Eu disse que não era eu!” Kisa alegou soltando um suspiro de alívio. “Eu sabia que não era eu!” Apesar do alívio instantâneo, ela se lembrou do seu povo doente e sem esperança.
“Isso é ridículo, o que vamos fazer agora? Como vamos encontrar o verdadeiro herdeiro dessa maldita serpente?” Klaus não fez nenhuma questão de esconder a raiva. “Ou talvez, na pior das hipóteses, do lobo.”
“Acho que entendi…” Richard falou baixinho para que apenas Seth, que estava ao seu lado, pudesse ouvir. “Deve ser por isso que eu posso ver o lobo do Klaus.”
“Como assim você pode ver o lobo do Klaus?” Kol, que estava prestando atenção na conversa, perguntou e todos olharam para os irmãos Gecko.
“Que maluquice é essa agora, Kol?” Klaus rosnou, Richard olhou para Seth como se esperasse algum tipo de aprovação.
“Eu posso ver o lobo do Klaus, eu não sabia o porquê, até agora, acho que é um sinal de que ele tem o sangue da profecia.” Richard empurrou os óculos para cima. “Eu vejo muitas coisas, mas nunca vi a representação mística de uma criatura.”
“Você é louco? Pensa que eu vou acreditar nessa besteira?” Klaus zombou.
“Richard pode ver o que ninguém mais pode!” Kisa o defendeu.
“Você poderia explicar melhor?” Elijah pediu procurando compreender melhor a situação e em poderia ajudar.
“Você não pode estar acreditando nisso!” Klaus estava com sentimentos mistos de raiva e medo.
“Eu vejo uma aura prateada ao redor do Klaus, como o brilho da lua cheia. Essa aura forma um lobo branco com reflexo prateado e olhos dourados.” A boca do híbrido se abriu em espanto.
“É realmente o lobo de Niklaus…” A confirmação deixou todos estarrecidos. “E desde quando isso está acontecendo?”
“Desde que eu o vi pela primeira vez…” Richard contou. “O lobo é parte dele.”
“Se Richard é capaz de ver essa aura, talvez seja capaz de ver a serpente do verdadeiro herdeiro da Serpente alada.” Ranger Gonzalez concluiu. “Nem tudo está perdido.”
“E o que o lobo costuma fazer, mi Lorde?” Carlos perguntou, mas havia algo em sua entonação irônica que despertou em Freya a mesma sensação que tinha com Nahualli. A sensação de que não estava enxergando o quadro todo.
“Ele fica me encarando fixamente, desconfio que ele não gosta muito de mim.” Richard deu de ombros.
“E quem gostaria?” O híbrido zombou, nenhum deles entendia a implicância que tinham um com o outro.
“Talvez se reunirmos os Culebras, eu possa procurar aquele que pertence a linhagem de Kukulkan.” O Lorde ofereceu. Carlos bufou.
“Tonto.” Nahualli soltou baixinho.
“Richard Gecko, meu amigo, você que é o homem com as respostas, nunca se perguntou como conseguiu sobreviver no Xibalba por centenas de anos?” Havia um tom de ironia na pergunta de Carlos que deixou todos curiosos e desconfiados. “O Culebra com a visão, o homem que vê o que os outros não conseguem.” Kisa olhou de Carlos para Richard. “Sua habilidade especial de culebra é um olho que pode não apenas controlar pessoas, mas também acessar a mente. Ver com seus olhos.”
“O que diabos você está falando, Carlitos?” Seth cruzou os braços. “Isso não é hora para seus enigmas idiotas.” O Culebra o ignorou.
“Um pastor me disse uma vez: eu tenho um pouco de Lúcifer em mim…” Carlos deu um passo mais perto. “Tem um pouco de Lúcifer em você também, Richard.”
“Pelo amor de Deus, que droga você está dizendo?” Klaus interrompeu.
“Sempre teve…” Carlos continuou, ignorando a impaciência do híbrido. “Desde que roubou aquela loja de bebidas com seu irmão… Ouviu aquelas vozes…” Se aproximou. “Viu aqueles demônios…” Falou suavemente.
“Tá dizendo que eu sou meio xibalbano?” Richard perguntou e todos olharam para ele.
“Claro que não, Richard.” Seth balançou a cabeça. “Diga logo o que quer dizer, Carlitos.”
“Estou dizendo que Richard é o melhor do oeste…” Carlos falou com empolgação. “Você, Richard Gecko, é o único Culebra com o sangue da Serpente da Visão.”
“O Richard?” Kisa perguntou.
“Você está chapado? Richard nem é mexicano.” Seth protestou.
“Finalmente vocês perceberam.” Freya se virou para Nahualli.
“Você já sabia?” Perguntou para a velha bruxa.
“Tem coisas que não podem ser ditas e sim descobertas.” A bruxa deu de ombros. “Na hora certa!”
“Richard é o verdadeiro e único herdeiro da linhagem da Serpente alada.” Elijah repetiu digerindo a informação.
“Só pode ser brincadeira. Isso com certeza é uma mentira.” O híbrido reclamou. Klaus e Richard se encararam.
“De jeito nenhum, eu vou me casar com esse cara!” Falaram juntos.

Chapter 10: BLOOD SUGAR SEX MAGIK

Summary:

Olá, espero que estejam bem. Espero que gostem apesar de não ter certeza se é o que esperavam. No próximo capítulo terá uma passagem curta de tempo.

*ESSE CAPÍTULO CONTÉM SEXO EXPLICITO E LINGUAGEM IMPRÓPRIA.*

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Boa leitura!

Freya e Nahualli ficaram no salão para refazer os detalhes para o ritual e limpeza do Cálice Sagrado, a pedido da bruxa mexicana. A bruxa Mikaelson estava descrente quanto a continuidade de qualquer cerimônia, considerando a inexplicável aversão de seu irmão pelo Lorde e vice versa, mas Nahualli garantiu que seu Lorde se casaria e ela não gostaria de contaminar a velha senhora com sua negatividade.

O silêncio era absurdamente ensurdecedor na sala privada da parte de trás do bar. Os irmãos Mikaelson estavam espremidos em um sofá observando Klaus, que depois da revelação, não disse uma única palavra, apenas ficou sentado bebendo um copo de whisky atrás do outro. Com uma expressão de poucos amigos que Elijah conhecia perfeitamente e que mantinha todos afastados.

Em outro ponto da sala, Seth estava escorado no aparador, bebendo e olhando para o irmão sentado na poltrona. Richard mantinha a cabeça baixa, a franja castanha caída sob os óculos, segurando um globo com a miniatura do Jacknife Jed's na mão direita, último presente de seu tio Eddie, e na outra uma garrafa de Tequila. O Culebra pensava em diferentes cenários para se livrar do destino profetizado, não ajudava que o lobo branco estivesse parado à sua frente, encarando-o.

Klaus também tentava visualizar diferentes possibilidades para evitar essa união, mas todas elas terminavam com sua família destruída. De vez em quando erguia os olhos para Richard e considerava as consequências do não cumprimento da profecia.

Aquele silêncio claustrofóbico foi rompido pelo vibrar do celular de Elijah. Finn e Kol não conseguiram disfarçar a preocupação ao ver quem estava ligando quando Elijah saiu da sala rapidamente para atender. Klaus engoliu a bebida e fez uma careta saindo atrás do irmão mais velho. Richard o acompanhou com os olhos e em segundos só estavam os Gecko na sala.

“O que você acha que aconteceu?” Seth perguntou olhando para a porta, mas Richie não estava ouvindo, quando Seth percebeu foi até o irmão. “Hey, Richie, tá me ouvindo?” Segurou o seu rosto. “Richie…”

“O que foi?” Richard saiu do seu torpor.

“Você está bem?” Seth apertou seu ombro e se agachou na sua frente.

“Se lembra quando assistimos ‘O homem de palha’ na sala do tio Eddie?” Seth estreitou os olhos. “Eu sou o maldito Sargento Howie dentro daquele boneco gigante vendo o fogo se espalhar, sendo sacrificado na porra do final do filme…” Estorou a garrafa de Tequila na mão.

“Não, Richie, você não é o Sargento Howie e a gente vai dar um jeito de resolver isso.” Encostou a testa na testa do irmão.

“Não tem outro jeito, Seth. Ou eu aceito essa união ou meu povo não vai durar até o próximo mês.” Richard olhou nos olhos do irmão. “Eu nunca quis me casar, mas casar com aquele… Idiota… Não podia ser, sei lá, o Elijah?”

“Ou a Freya. Até o tal, Finn.” Sugeriu.

“O Kol não.” Falaram juntos.

“O que houve?” Klaus encontrou Elijah no corredor encerrando a ligação. O Original não respondeu imediatamente o que deixou o híbrido ainda mais nervoso. Klaus atacou Elijah o prendendo contra a parede. “Eu perguntei o que houve? RESPONDAAAAA!!!”

“Era Rebekah…” Hesitou. “O corpo do Marcel está morrendo, o local do ferimento está ficando cinzento.” Contou e o aperto na lapela afrouxou. “Eu não queria que pensasse que estávamos te pressionando a tomar uma decisão.” Os dois ficaram se encarando por alguns segundos, Elijah sabia o que Marcel sempre significou para seu irmão.

“Não vou deixar isso acontecer…” Klaus saiu da frente do irmão e voltou para a sala onde estava, sob os olhares atentos dos irmãos. Abriu a porta e encarou os irmãos Gecko. “Eu faço isso!” Anunciou.

“O que?” Richard se virou para ele.

“Eu disse que vou fazer isso e você também porque se você se recusar…”

“Tudo bem, vamos fazer isso.” Richard o interrompeu, se levantando. “Não vou deixar meu povo morrer por causa de vocês.”

“E mais uma coisa…” Klaus olhou para o noivo. “Quando essa maldita cerimônia acabar, eu nunca mais quero ver você na minha frente…” Afirmou. “Nenhum de vocês. Eu juro que nunca mais coloco meus pés nessa droga de estado de caipiras.”

“Não é como se alguém aqui fosse chorar de saudades de você.” Seth resmungou.

“Que bom, eu não faço questão de ver você também.” Richard respondeu dando de ombros. “Se vamos fazer essa merda, que seja depressa.” Richard bateu no ombro do irmão chamando para que saíssem.

“Idiota arrogante.” Klaus rosnou.

“Tem certeza que quer fazer isso?” Elijah perguntou.

“Caso não tenha notado, querido irmão, o que eu quero não importa.”

“Então, se prepare bem, Nik, ouvi dizer que serpentes tem dois paus.” Kol comentou.

“Já está sentindo falta do caixão, Kol?” Rosnou saindo atrás deles.

Nahualli sorriu ouvindo os passos ecoando pelo corredor, as duas bruxas tinham acabado de refazer os preparativos para o ritual quando os irmãos voltaram para o salão.

“Senhoras, vamos acabar logo com isso.” Klaus falou subindo até o local onde estava desenhado o círculo de proteção e se posicionou no mesmo lugar de antes.

“Finalmente…” Ranger Gonzalez comentou. “Eu preciso voltar pra casa ainda essa noite.”

Richard suspirou pesadamente dando um passo para dentro do círculo se colocando na frente do híbrido.

“Farei isso pelo meu povo.” Falou para que todos ouvissem.

Freya ergueu os olhos para ambos, não questionou ou comentou nada, apenas fechou o círculo ao redor do casal.

“Segurem as mãos um do outro.” Ordenou. Richard e Klaus hesitaram um pouco antes de ceder.

Ao contrário do aperto frágil que usou no primeiro ritual, Klaus segurou as mãos do Culebra com força quase violenta, como se tentasse provar seu domínio sobre o outro. Freya e Nahualli repetiam os mesmos gestos e encantamentos. Freya segurou o Cálice Sagrado enquanto Nahualli cortou a palma da mão de Klaus despejando um pouco de sangue no recipiente, depois fez o mesmo com Richard.

Assim que o sangue de ambos se misturaram, as chamas das velas se elevaram. Os olhos de serpente e os olhos do híbrido brilharam ao mesmo tempo. A sombra da lua começou a se mover lentamente na frente do sol, iniciando o eclipse solar.

Freya encarou o sangue no Cálice Sagrado com o coração acelerado. O sangue tinha um brilho dourado sobrenatural que confirmava as linhagens. A bruxa Mikaelson ergue o objeto recitando o encantamento em sua língua antiga. Nahualli faz o mesmo e todos compreendem que a união foi iniciada.

“A linhagem da Serpente e Lobo, pelo sangue sagrado… Foi confirmado…” Freya entregou o Cálice ao irmão. “Beba.” Klaus fez o que foi pedido e bebeu um gole generoso do sangue, quando o fez, a imagem da árvore de sete galhos passou por sua mente. Devolveu o Cálice para a irmã em seguida. Freya entregou para Richard que bebeu o restante. Ambos olharam para as testemunhas com um leve constrangimento sabendo o que viria a seguir.

Nahualli segurou a mão de ambos e, ironicamente, os guiou pelos corredores de pedra através do templo, recitando os encantamentos em náuatle nativo. Os dois permaneciam silenciosos e engoliram seco ao pararem na porta de uma câmara.

“Essa parte do ritual é particular…” A bruxa afirmou. “Lembrem-se, vocês precisam consumar a união de corpo e sangue…” Nenhum dos dois disse nada. “Boa sorte.” Nahualli saiu tateando pelas paredes de pedra, deixando-os a sós.

A câmara era opressora, quase hostil, a iluminação vinha das inúmeras velas aromáticas espalhadas por todos os lados. Havia uma pequena mesinha improvisada no canto e atrás de um biombo de madeira havia sido colocado uma banheira cheia de água morna. Sobre a chamada pedra sacrificial foi colocado um colchão e algumas almofadas. Richard abriu a gaveta da mesinha, curioso.

“Eles pensaram em tudo.” Comentou, olhando para as embalagens de lubrificante. Havia também toalhas e sabonete.

“Eu não vou ser sua vadia.” Klaus declarou imediatamente. “Não vou ficar em baixo.”

“Nem eu!” Richard retrucou.

“Então, como você sugere que a gente resolva esse impasse?” Klaus apertou os lábios com irritação.

“Par ou ímpar?” Richard sugeriu.

“Como é que é? Você quer que a gente escolha no par ou ímpar?”

“Foi exatamente isso que eu falei, é simples, rápido e depende da sorte. Não dá pra trapacear.” Klaus não estava satisfeito, mas não tinha muitas opções ultimamente.

“Tudo bem…” Os esconderam as mãos. “Par!”

“Ímpar!” Os dois mostraram as mãos ao mesmo tempo. Klaus mostrou um quarto e Richard um três. “Sete, acho que eu ganhei.” Afirmou.

“Eu não vou ser o passivo nessa história… Melhor de três…” Klaus escondeu a mão de novo, Richard fez o mesmo. “Ímpar.” Mudou.

“Par!” Richard mostrou cinco e Klaus um três. “Oito. Ganhei de novo.”

“Vamos de novo.” Klaus falou e Richard negou com a cabeça.

“Melhor de três, eu ganhei duas seguidas, ponto final.” Klaus soltou um suspiro, vencido. Richard começou a afrouxar o nó da gravata.

“O que você pensa que está fazendo?” Klaus apertou os olhos.

“O que você acha? Quer que eu faça isso vestido?” O Culebra parou o encarando.

“Exatamente, ou será que seu pau é tão pequeno que não aparece se tirar pelo espaço do zíper?” Richard puxou o ar e soltou devagar se esforçando para controlar a irritação.

“Mais alguma exigência, vossa majestade?”

“Sim, você não vai me tocar, fora as partes necessárias e não se atreva a tentar me beijar!” Klaus abriu a gaveta pegando a embalagem de lubrificante.

“Entendi, não posso tocar em você, não posso beijar você, só posso meter o pau no seu rabo…” Richard zombou arrancando um rosnado do companheiro. “Você é um garoto de programa, por acaso?”

“Disso você deve entender, afinal só pagando ou sendo ameaçado pelo apocalipse que alguém iria querer fazer sexo com você.” Respondeu indo para trás do biombo.

“Onde você vai?” Richard perguntou curioso. “Não tem uma passagem secreta aí atrás.”

“Cala a boca!”

Klaus parou na frente de um espelho encostado na parede, esfregou o rosto desanimado, ele começou a recapitular sua vida procurando se lembrar de algum momento em que possa ter se sentido tão humilhado e encurralado. Não era culpa de Richard, o homem também estava sem escolha, mas isso não fazia Klaus menos chateado. A imagem de Marcel naquela cama cruzou a sua mente como um reflexo no espelho.

Richard estava deitado no colchão olhando para o teto de pedra, suspirou fundo quando ouviu o barulho de vidro estilhaçado.

“Está tudo bem aí?” Perguntou recebendo um rosnado como resposta. “Tá bom.”

***SexOn***

Klaus retirou as calças e despejou uma quantidade generosa de lubrificante nos dedos, apoiou uma das mãos na beira da banheira, respirou fundo e começou a dedilhar sua entrada, explorando. Fazia muito tempo que ele não brincava com essa parte de seu corpo. Ele introduziu o dedo indicador com cuidado até chegar ao fundo, introduziu um segundo dedo, colocando e retirando algumas vezes, antes de colocar o terceiro. Ocultou qualquer sinal de prazer com a pressão dos dedos em seu interior.

Richard virou a cabeça vendo o híbrido sair de trás da estrutura de madeira, sem a parte inferior das roupas, a barra da camiseta cobrindo o membro endurecido. Richard se levantou e sorriu, aumentando o nervosismo de ambos.

“Como você quer fazer isso?” O Lorde perguntou.

“Rápido e de preferência de um jeito que eu não precise olhar para a sua cara.” Seus olhos viajaram para o volume aparente na calça social.

“Então, suba no colchão e fique de quatro.” Sua voz carregava um tipo de autoridade que era ao mesmo tempo enervante e excitante.

“O que?”

“Você não quer ver meu rosto, fique de quatro no colchão e você não terá que me ver.” Richard respondeu.

Klaus engoliu seu orgulho e mesmo relutante, subiu no altar de sacrifício e ficou de joelhos apoiado em suas mãos, seu rosto ficou completamente rubro ao perceber que estava exposto e vulnerável. Richard retirou seu penis duro de dentro das calças e foi até a gaveta, passando na frente do híbrido, exibindo o membro provocativo, abriu a gaveta, pegou uma embalagem de lubrificante e parou, dando a Klaus uma visão privilegiada.

“Que merda você pensa que está fazendo?” Klaus perguntou desnorteado tentando manter seus olhos longe da cena. Richard rasgou a ponta da embalagem com o dente e despejou no membro esfregando com movimentos libidinosos.

“Lubrificando.” Respondeu e voltou a andar para trás do outro. Klaus sentiu o colchão fino afundar entre as suas pernas, o deixando ainda mais nervoso. Richard espalmou as mãos segurando firme e abrindo suas nádegas.

“Eu disse para não me tocar…” Rosnou com a exibição de sua intimidade. Richard não fez questão de esconder o desejo,seu pau pulsava com a visão daquela entrada apertada melada de lubrificante. “Pare com isso e seja rápido. Você não deve levar mais que cinco minutos.”

“Cinco minutos?” Richard colocou a cabeça do pau na entrada do híbrido e começou a invadir, com calma e lentamente.

Klaus mordeu o lábio inferior e apertou os olhos sentindo o membro do outro entrando, o Gecko não era tão pequeno como esperava e mesmo sendo um híbrido, o penis do outro parecia o abrir ao meio. O Culebra parou por alguns segundos e começou a sair devagar. Para alguém selvagem como Klaus aquela situação era torturante.

“Pare de enrolar.” Resmungou.

“Não seja apressado…” Richard entrava e saia com suavidade. Um filete de sangue escorreu pelo queixo de Klaus quando ele mordeu tentando evitar que um gemido denunciasse qualquer vestígio de prazer quando a glande massageou sua próstata. O Culebra rebolava o quadril fazendo com que seu pau massageasse a próstata do outro. “Seu cuzinho é tão gostoso, mi lobito…” Klaus não conseguiu retrucar naquele momento. Richard segurou firme seu quadril e aumentou um pouco a força.

“Arghhhh…” O gemido escapou da garganta do híbrido com o ataque repentino.

“Pode gemer, mi lobito, eu não vou contar pra ninguém como você gostou de ter meu pau na sua bunda apertada.” Richard sussurrou com um sorriso provocador.

“Pa-pare de fa-lar… Hummmm… Bo- bobagens…” Projetou a bunda involuntariamente contra o quadril do outro como se pedisse mais. Richard acertou sua próstata de novo e de novo até levá-lo à borda e saiu antes que um dos dois gozasse.

“Precisamos beber sangue um do outro enquanto…” Klaus rosnou e atacou Richard invertendo as posições.

Richard ficou sentado com a coluna ereta e Klaus sentou no seu colo, se empalando com o membro do outro. O rosto de híbrido apareceu e Klaus abocanhou a jugular do Culebra, o sabor do sangue envenenado encheu sua boca aumentando sua excitação. Klaus começou a subir e descer no pau duro enquanto engolia avidamente o sangue.

“Isso, lobito, deixa esse cuzinho gostoso engolir meu pau…” Richard murmurou provocante e o híbrido jamais iria admitir que as palavras o enchiam de tesão. “Assim, você gosta do meu pau, lobito.”

Os olhos de serpente brilharam quando Klaus afastou a boca de seu pescoço, as presas serpentinas perfuraram sua pele como a picada de uma cobra e Richard sorveu o sangue do híbrido. O sabor do sangue aliado ao aperto ao redor do seu penis estava o levando ao ápice. Ele ofereceu o pulso ao amante que aceitou e ambos gozaram ao mesmo tempo.

Klaus abriu os olhos encarando uma serpente com escamas douradas, que parecia sair da boca de Richard, quando ele abriu a própria boca ao chegar ao ápice a serpente invadiu sua garganta até estar completamente dentro dele. Uma ilusão tão assustadoramente real que Klaus não tinha certeza se não aconteceu.

Os jatos do orgasmo do híbrido pintaram o terno preto enquanto Richard gozou no fundo do interior de Klaus. O híbrido sentiu os jatos de semem inundarem seu interior, a cabeça do membro apertava sua prostata de uma forma quase esmagadora. E seu cu apertou tão forte que Richard gemeu.

Lá fora a lua escondia o sol, pintando o céu de púrpura. Quando suas respirações voltaram ao normal e seus olhos se cruzaram, Klaus se levantou e se afastou tão rápido que não deu tempo do outro se preparar.

“Que merda, cara, gostou tanto do meu pau que quer arrancar ele e manter no seu cu?” Richard esbravejou massageando o membro dolorido.

“CALA A BOCA!” Klaus gritou irritado entrando novamente atrás do biombo. Ele arrancou sua camiseta e entrou na banheira a fim de tirar do seu corpo qualquer vestígio do que aconteceu.

***SexOff***

Richard pegou duas toalhas na gaveta e ao entrar atrás da estrutura de madeira encontrou Klaus esfregando o sabonete na pele com raiva. Ele molhou a toalha na água e torceu, limpando os vestígios do outro de suas roupas, não por estar enojado, mas porque não queria que o outro se sentisse envergonhado.

“Faça isso pra lá…” Klaus falou. “Eu preciso sair daqui.” Richard não disse nada, apenas saiu para esperar Klaus.

Richard soltou uma risadinha ao perceber que Klaus rasgou o colchão em vários lugares. Klaus saiu totalmente vestido e terminando de secar o cabelo.

“Antes de sair, vamos deixar claro uma coisa…” O híbrido falou e Richard revirou os olhos. “Isso nunca aconteceu e nunca mais vai acontecer, entendeu? E nunca será mencionado.”

“Certo… Certo, ninguém fala do Clube da luta.” Deu de ombros.

Quando os dois saíram do corredor, voltando para o salão, todos pareciam nervosos, assim como os noivos, mesmo que não houvesse nenhum olhar de julgamento por nenhuma das partes.

“A união das linhagens da Serpente e Lobo pelo sangue sagrado… Foi consumada…” Nahualli anunciou e os dois pareceram sem graça. “Entrem no círculo.”

Apesar do clima de constrangimento, ambos entraram no círculo de proteção sem dizer uma palavra. Freya fechou o círculo e Nahualli entregou a ela dois feixes de ervas e os acendeu.

“Agora, vocês precisam reivindicar o sangue um do outro na frente das testemunhas.” Os dois se aproximaram um do outro. “E repetir: Eu reivindico seu sangue, seu corpo e sua alma como meu. Depois: Agora e para sempre.” O rosto de Klaus se transformou e ele mordeu o pescoço de Richard.

“Eu reivindico seu sangue, seu corpo e sua alma como meu.” Repetiu contra a vontade. “Agora e para sempre.” Richard fez o mesmo com Klaus.

“Eu reivindico seu sangue, seu corpo e sua alma como meu. Agora e para sempre.” Repetiu hesitante.

As bruxas cerimonialistas espalharam a fumaça ao redor do casal enquanto recitavam seus últimos encantamentos.

“A união das linhagens da Serpente e Lobo pelo sangue sagrado… Está consolidada…” Freya anunciou e olhou receosa para o irmão antes de continuar. “Agora e para sempre, vocês estão unidos pelo sangue, pela carne e pela alma.” A entonação da frase chamou a atenção de ambos. “Os dois são um e nunca mais dois.”

“Como assim: nunca mais dois?” Richard questionou a perda de sua individualidade.

“Como assim: Para sempre?” Klaus arregalou os olhos.

“Para sempre, Lobo, são as regras do ritual…” Nahualli balançou a cabeça. “Vocês estão, para sempre, unidos pelo sangue, carne e alma. Significa que não haverá outros, vocês pertencem um ao outro e nunca poderão ter outros parceiros.”

“Mas você me disse que não havia nada nas regras que obrigasse os noivos a conviverem.” Richard acusou.

“E não tem, vocês não precisam viver juntos ou se ver pela eternidade, mas também não poderão ter outros relacionamentos carnais fora desta união.”

“E o que acontece se essa regra não for cumprida?” Klaus perguntou.

“Acredite, você não vai querer descobrir.” Freya mordeu o interior da bochecha. “Vamos fechar o ritual.”

“Ah, claro…” Resmungou. “E obrigado por avisar que agora eu sou um celibatário.”

“Deem as mãos…” Os dois fizeram a contra gosto. Quando Freya e Nahualli terminam de recitar os encantamentos finais, Klaus sentiu como se seu sangue começasse a ferver e suas veias ficaram visíveis.

“Aaaaahhhh…” Klaus urrou e vomitou sangue escuro. Os dois olharam ao redor e estavam aos pés de um Carvalho em que começavam a crescer novas folhas, a lua sai da frente do sol e toda a ilusão desapareceu.

“O que está acontecendo?” Richard perguntou quando todos os Mikaelsons desmaiaram.

“A maldição foi quebrada!” Nahualli respondeu segurando o braço de seu Lorde que respirou aliviado.

Chapter 11: HUNGRY LIKE THE WOLF

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Boa leitura!

2 meses depois

Klaus e sua família foram embora assim que recuperaram a consciência, o híbrido nem ao menos se despediu do marido. Sua primeira parada foi Nova Orleans, verificando Marcel que ainda não estava recuperado completamente, mas não havia mais risco de morte.
Richard, por sua vez, acompanhou de perto a recuperação dos Culebras. E todos voltaram às suas atividades normais. Nenhum dos Gecko comentou sobre o ritual ou o compromisso eterno de Richard. Eles estariam dispostos a fingir que nada aconteceu, não fosse as constantes aparições de Kol. O Original andava atrás de Seth como uma sombra sob o brilho do sol escaldante e era expulso toda semana porque paciência nunca foi uma qualidade de Seth.
Depois de atestar a recuperação de seu filho do coração, Klaus voltou para Mystic Falls com Elijah, decidido a fazer outros híbridos. Freya havia lhe contado sobre o sangue de duplicada ter a capacidade de ajudá-lo, entretanto, era tarde demais. Damon havia transformado Elena em vampira devido a um acidente misterioso na ponte Wickery.
Rebekah decidiu que ficaria em Nova Orleans, enquanto Finn saiu a procura do amor de sua vida, Sage. Freya se uniu ao coven do Quartel Francês na esperança de que as bruxas a ajudassem a enfrentar Dahlia. Klaus voltou para Nova Orleans com as esperanças abaladas. A princípio ele estava chateado com o fracasso e começou a pensar em um plano para tomar o poder na cidade que tanto amava.
Mesmo com as alegações de que queria ser rei, Klaus não fez nenhum movimento para conquistar o reinado. A falta de planos mirabolantes, anúncios de guerra ou estratégias silenciosas despertou a preocupação de Elijah que permanecia o observando em silêncio.
O que ninguém parecia ter percebido, é que Klaus não se sentia bem nas últimas semanas. Às vezes, passava horas sentado na área comum da antiga casa, olhando fixamente para o brasão da família, perdido em pensamentos ou memórias de tempos felizes. Em outros momentos, segurava um livro aberto nas mãos fingindo ler para não ser incomodado. Ao contrário do que se poderia pensar, Klaus não era atormentado por nenhuma fraqueza ou doença. Híbridos não ficam doentes. Klaus era atormentado por sonhos perturbadores e principalmente pela fome. Uma fome profunda quase animalesca que estava aumentando a cada dia.
Logo após voltar do templo, Klaus começou a ter sonhos recorrentes com serpentes e lobos em um deserto quente, sob um sol vermelho embaixo do Carvalho antigo, agora frondoso e imponente. Alguns sonhos eram simples e inocentes como o lobo brincando com um filhote enquanto a serpente os observava enrolada nos galhos da árvore. Outros eram extremamente perturbadores como uma serpente se arrastando para fora da barriga aberta de um lobo. Mas havia outro, que Klaus considerava pior, ele sonhava com Richard sobre ele, dentro dele, sonhos eróticos em que faziam sexo sob a sombra do carvalho e o Sol vermelho. Ele sempre acordava transbordando de desejo. Faminto.
Klaus sentia fome o tempo todo como um vampiro normal, mas aquela fome era diferente. Ele ficava mais tempo sozinho porque enquanto conversava com qualquer pessoa, incluindo seus irmãos, ele podia sentir o cheiro do sangue que corria em suas veias, da carne grudada em seus ossos. A fome que o fazia beber três vezes mais whisky que o habitual e comer tanta carne crua que faria um lobo vomitar. Suas presas vibravam na gengiva, engolia a saliva que se acumulava dentro da boca e não havia outro pensamento além do vazio no estômago. Não era apenas o vampiro que sentia fome, o lobo dentro dele uivava de fome. Uma fome que se tornava maior com a proximidade da lua cheia.
Naquela noite foi pior, no ápice da lua cheia, ele voltou a sonhar com Richard dentro dele enquanto o híbrido se contorcia de prazer e bebia seu sangue, mastigava a carne de seu pescoço. Devorando o homem que lhe pertencia. Klaus acordou assustado, olhou para a mancha nas calças do pijama e suspirou incomodado. De repente, sentiu uma onda de dor invadir seu estômago. Ele se encolheu na cama, se enrolando como uma bola, gemendo. Era a dor da fome, muito maior que qualquer outra que já sentiu nos últimos dias. Sua boca se encheu com a saliva, as presas caíram e ele agarrou o estômago com força como se quisesse arrancá-lo com as garras. Saiu do quarto escorregando pelas paredes até chegar no lugar onde armazenavam as bolsas de sangue. O híbrido abriu o freezer e agarrou as bolsas de sangue ignorando a frieza e começou beber, mas sua fome não passava, espremeu até a última hora, uma bolsa de sangue atrás da outra até não restar nada.
“Niklaus?” Elijah estava parado na porta com os olhos arregalados sentindo completo horror. Klaus tinha lágrimas deslizando pelas veias escuras, havia sangue escorrendo pelo queixo, deixando um rastro vermelho pelo pescoço, camiseta, até nas calças. Ao seu redor dezenas de embalagens vazias.
“Elijah…” A voz soou desesperada e alarmante. “Eu estou com tanta fome…” Elijah se aproximou devagar.
“Niklaus… Venha, irmão.” Klaus deu um passo para trás.
“É como se o meu estômago tivesse se transformado em um buraco negro insaciável.” Elijah chegou perto e puxou o irmão para seus braços.
“Nós vamos descobrir o que está acontecendo, eu prometo…” Elijah se sentiu impotente naquele momento. “Vamos.”
“Não, você não entende…” Engoliu a saliva ao sentir o cheiro apetitoso do sangue do irmão mais velho. “Eu estou com tanta fome.” Antes que Elijah percebesse, Klaus apertou os braços ao seu redor e mordeu seu pescoço sugando o sangue com força desesperada.
“Niklaus… Pare…” O Original tentou afastar o irmão, mas a força do híbrido parecia maior. “Por favor…” Klaus abriu os olhos assustado com sua própria atitude, empurrou Elijah para longe.
“Estou enlouquecendo… me perdoe, Elijah.” Antes que o Original pudesse impedir, Klaus desapareceu pela porta.
Elijah se levantou cambaleando pela quantidade de sangue que Klaus bebeu, tirou o celular do bolso e ligou para Rebekah.
“Elijah? O que aconteceu?”
“Rebekah, peça para Marcel me encontrar na área comum, agora…” Respirou fundo preocupado com o veneno de lobisomem em seu sistema.
“Por que? O que está acontecendo?”
“Eu explico quando chegarem.” Desligou parando na área comum.
Rebekah chegou acompanhada por Marcel, estreitou os olhos ao perceber que Elijah segurava o pescoço. Kol apareceu atrás deles.
“O que está acontecendo, Elijah? O que aconteceu com seu pescoço?” Rebekah perguntou aflita já sabendo a resposta.
“Foi o Klaus…” Elijah falou. “Precisamos encontrar nosso irmão com urgência.”
“O que ele aprontou dessa vez, ou melhor…” Kol zombou. “Por qual terrível indiscrição você foi punido dessa vez, Elijah?”
“Tem algo errado com ele.” Elijah falou. “Muito errado.”
“Me desculpe, Elijah, mas isso não é nenhuma novidade.” Rebekah estreitou os olhos ao se aproximar e verificar a ferida. “Aquele idiota te envenenou.”
“Você não está me ouvindo, irmã, ele não fez porque queria me punir, ele fez porque estava com fome.”
“Fome?” Marcel inclinou a cabeça para o lado. “Não faz sentido, nós temos um estoque de sangue no porão e ele tem total acesso.”
“Eu sei, Niklaus bebeu todo seu estoque, Marcel, gelado. E ainda assim disse que estava morrendo de fome.” Elijah esfregou a ferida. “Pegue os seus vampiros mais velhos, nós precisamos encontrar nosso irmão o mais rápido possível.”
“O que você acha que aconteceu, Elijah? Será que foram as bruxas?” Rebekah perguntou.
“Não teriam motivos, Freya faz parte do coven e Klaus não anda incomodando ninguém ultimamente, o que já é motivo o suficiente para nos preocuparmos.” Kol ficou pensativo.
“Temos que nos apressar, o comportamento dele me lembra o de um estripador…” Elijah falou receoso. “E se um vampiro regular como estripador já é um desastre, podem imaginar um híbrido Original estripador?”

A lua cheia estava alta no céu quando o vampiro interceptou Marcel dizendo que Klaus estava em um clube privado em um bairro próximo. Assim que se reuniram com os Mikaelsons se dirigiram para o local. Quando as portas do clube foram abertas com cuidado por Elijah, a visão era tão grotesca que fez Rebekah esconder o rosto no ombro de Marcel.
As luzes do globo espelhado girando no teto iluminavam o cenário digno de um filme de terror slasher dos anos 80. O cheiro de sangue infectava o ar e o líquido viscoso pintava o tudo de carmesim. Havia pedaços de corpos mutilados espalhados por todo o lugar. Membros com sinais de foram mastigados por um animal selvagem. Eles andaram lentamente na direção do barulho perturbador de mastigação. Klaus comia pedaços de um coração que segurava nas mãos, a maneira gananciosa que mordia o fazia parecer um lobo faminto por dias de privação.
“Nik?” Rebekah e Kol chamaram ao mesmo tempo com a voz baixa e receosa.
“Niklaus…” Elijah falou alto, Klaus ergueu os olhos de híbrido, escuros e sombrios, o rosto e o corpo nú ensopado de vermelho. “O que você fez, irmão?”
Klaus olhou ao redor se dando conta do massacre, ele não tinha muitas lembranças do que aconteceu, apenas flashes, e a fome. Enfiou o que restava do órgão na boca quando seu estômago roncou.
Seus olhos se voltaram para seus irmãos e Marcel.
“Vocês precisam ir…” Ele disse temendo o monstro que se contorcia dentro dele, o monstro que podia sentir o cheiro do sangue de seus corpos e da carne de seus ossos. Ele desejou profundamente afundar seus dentes na carne macia de Rebekah e Kol, devorar a carne de Elijah, esvaziar o corpo de Marcel. Ele se levantou apressado e assustado com seus próprios pensamentos sombrios. “Vocês tem que sair daqui!”
“Nós não vamos a lugar nenhum, Nik, nós nunca fomos e nunca iremos…” Rebekah tinha lágrimas nos olhos, ela deu um passo para frente e Klaus um passo para trás se afastando. “Por favor, Nik, nos deixe ajudar, não nos afaste.”
“Vocês não entendem…” A voz saiu tão pequena e desesperada. “Eu estou com tanta fome.” Elijah olhou para o que restava dos cadáveres.
“Nik, venha com a gente…” Kol estendeu a mão para que o irmão pudesse alcançá-lo. “Nós vamos ajudar.”
“Vocês não entendem…” Klaus repetiu, balançou a cabeça tentando agarrar a centelha de humanidade que lhe restava. “Eu quero fazer com vocês, o mesmo que fiz a eles.” Klaus sentiu seu coração bater forte contra as costelas, seu estômago roncou novamente e a garganta ficou seca como se tivesse areia.
“Klaus, venha companheiro, nós podemos ajudar…” Marcel deu uma olhada para um de seus homens se aproximando, ele balançou a cabeça para que ele não fizesse, mas foi tarde demais. O híbrido agarrou firme o vampiro, abocanhou sua jugular e puxou o sangue com goles exagerados e barulhentos, seus braços tinham o aperto da morte e os ossos do vampiro se partiram dentro deles, como se uma cobra se apertasse ao redor do corpo. O vampiro não teve chance alguma contra o híbrido faminto.
Elijah aproveitou o momento para tentar se aproximar e dominar o irmão, Klaus ergueu a cabeça e o encarou, um olhar de advertência, era como se a humanidade estivesse desvanecendo.
“Por favor, vão embora…” Klaus implorou baixinho. “Vão embora…” A dor em sua voz partiu o coração de Rebekah.
“Nós não vamos embora, Niklaus, deixe sua família ajudar…” Rebekah, Kol e Marcel começaram a se aproximar. “ Sempre e para sempre, Niklaus. Lembre-se da nossa promessa.”
“Por favor, Nik.”
“O monstro que habita em você, só pode ser contido pelo monstro que habita em mim, lembra?” Elijah esticou o braço.
“Você não faz ideia do tipo de monstro que habita em mim agora, Elijah, ele deseja devorar vocês. Eu estou com medo, irmão.” Klaus confessou. “Vão embora…” O cheiro do sangue de sua família estava fazendo o lobo faminto rosnar em seu estômago. “VÃO EMBORAAAAAAAA!”
Quando Klaus gritou uma onda de magia explodiu, saindo de dentro de seu âmago e lançou todos contra as paredes. Freya apareceu na porta enquanto o híbrido estava confuso e com um movimento da mão, quebrou seu pescoço. Klaus caiu temporariamente morto.
“Desculpe o atraso, estava em um ritual importante.” Freya falou olhando para os irmãos. “O que está acontecendo?”
“Nós também não sabemos exatamente.” Elijah se levantou rápido e foi até Klaus. Kol deu a versão resumida para a irmã mais velha. “Você sabe de onde veio essa magia?” O Original retirou o terno, enrolou no corpo do irmão e o ergueu em seu colo. “Veja, se eu acreditar que alguma de suas bruxas está por trás disso, eu prometo que vou queimar o seu coven até o chão.”
“As bruxas do Quartel não estão por trás de nada do que aconteceu, seja lá o que tenha sido.” Freya olhou preocupada. “Mas se estiverem, eu mesmo acabo com elas.”
“Ele usou magia contra nós…” Kol comentou. “É bom descobrir logo o que está acontecendo porque, pela minha experiência, isso não é bom.”
“Não é bom? Se um híbrido Original estripador já é uma calamidade, imagina como será se ele puder usar magia?” Rebekah falou exasperada.
“E é por isso que eu não posso deixar vocês levarem ele de volta para o Quartel.” Marcel falou sem tirar os olhos do vampiro morto. “Me desculpem, mas meus vampiros não tem chance contra ele, olha o que ele fez com o Matteo.”
“Eu realmente não queria fazer isso, mas Marcel pode estar certo dessa vez. Klaus é um arauto do apocalipse ambulante, O Cavaleiro da Morte.” Kol fez uma careta.
“Vou levá-lo para a casa da fazenda…” Elijah anunciou. “Freya nos encontre lá, leve alguma de suas bruxas mais experientes. Algo me diz que isso vai ficar muito ruim.”
“Não deixem ele acordar.” Freya instruiu antes de Elijah desaparecer com Rebekah e Kol em seu encalço.
“Pode ir…” Marcel falou para a bruxa. “Nós vamos dar um jeito nisso aqui.”
“Explosão de gás?” A bruxa arqueou a sobrancelha.
“Uma enorme explosão.” Marcel suspirou.

Elijah tirou o sangue do corpo do irmão com cuidado e o colocou na cama, ficando em alerta para qualquer sinal de movimento. O vampiro estava com muito medo do que poderia estar acontecendo com seu irmão caçula. A sensação de impotência era enervante e ele ainda sentia os efeitos do veneno de lobo.
“Elijah…” Freya entrou pelo corredor com passos apressados acompanhada por duas bruxas do Quartel francês. “Essa é Agnes e… bem, esta aqui, é Sabine. Onde está Klaus?” O vampiro apontou para a porta encarando Sabine, ele sempre sentiu uma leve familiaridade na bruxa. As três bruxas entram no quarto acompanhadas pelo trio de vampiros Originais.
“Apné sà mene.” Freya recitou um feitiço de isolamento para impedir que Klaus fuja caso acorde no meio do ritual. “Nós vamos tentar descobrir se ele pode ter sido amaldiçoado.”
“Que tipo de maldição seria?” Elijah perguntou se sentando na poltrona próxima a cama, os efeitos do veneno de lobisomem pareciam estar piorando mais rápido que de costume.
“Acreditamos, pelas informações de Freya, que poderia ser a Maldição da insanidade.” Sabine respondeu. “É a explicação mais consistente com todas as suas ações. Mas também existe uma maldição antiga que se aplica por ser híbrido. A Maldição da fome de lobo, que deixa os lobisomens ferais como os Vargulf.” Freya terminou de desenhar os símbolos e Sabine acendeu as velas fazendo sinal para Kol colocar Klaus dentro do círculo.
“Nós vamos descobrir, só não garantimos que temos a solução.” Agnes ofereceu as mãos para Freya e Sabine.
As bruxas recitaram alguns feitiços para encontrar a corrupção no híbrido.
“Existe magia dentro dele!” Agnes revelou, abismada. “Uma magia diferente de tudo que conheço, magia escura.”
“Está dizendo que alguém enfeitiçou nosso irmão com magia negra?” Rebekah perguntou.
“Não, Rebekah, é mais complexo, essa magia está emanando dele.” Freya se abaixou seguindo o ponto de onde estava vindo a magia. “Está emanando daqui.” Tocou na barriga do irmão. O trio tocou na barriga do híbrido sentindo a energia. Elas voltaram a recitar feitiços até que a magia desconhecida empurrou suas mãos. Agnes arregalou os olhos caindo sentada.
“Isso é impossível!” A bruxa afirmou, Elijah se levantou de supetão e quase caiu com a tontura.
“O que está acontecendo com ele?”
“Eu… Eu com certeza estou errada, isso é impossível.” Agnes gaguejou. “Não existe uma magia capaz de fazer isso.”
“Fale logo antes que eu decida arrancar a sua língua!” Rebekah ameaçou.
“Uma criança…” Sabine soltou em um só fôlego.
“Como?” Kol enrugou a testa. “Eu tenho quase certeza que ouvi: criança.”
“Eu… Ele… Ele está carregando uma criança.”
“O que?” Elijah quase caiu.
“Que tipo de absurdo é esse? Homens não engravidam!” Rebekah falou irritada, sentiu como se estivessem caçoando dela. Freya não disse nada, apenas olhava para o irmão.
“Rebekah…” Elijah a chama erguendo a mão pedindo silêncio. “Ouçam!”
Kol, Elijah e Rebekah voltaram sua atenção para a barriga do híbrido e no som do pulsar abafado e acelerado como o coração de um pequeno beija-flor. Uma nova vida.
“Que porra é essa?” Kol praguejou incrédulo.

Chapter 12: THE DEVIL OF DECISIONS

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Boa leitura!

Os irmãos Mikaelson estavam reunidos no quarto tentando digerir a informação de que Klaus poderia estar carregando uma criança, Kol andava de um lado para o outro, mexendo as mãos, inquieto. Rebekah se mantinha sentada, silenciosa, concentrada nos batimentos cardíacos que vinham da barriga do irmão. Elijah estava encostado na poltrona sofrendo com os efeitos do veneno de lobisomem enquanto Freya macerava algumas ervas e dispensava olhares preocupados para o irmão mais novo.
“O que nós vamos fazer?” Rebekah falou sem tirar os olhos da barriga de Klaus. “Não podemos ficar quebrando o pescoço dele, não sabemos o que isso pode fazer com o bebê.”
“Talvez não seja tão ruim, não sabemos o que é essa coisa dentro dele…” Kol apontou. “Se o comportamento do Klaus é por causa dele, ao meu ver, essa criatura pode ser um demônio.”
“Kol…” A voz de Elijah soou como uma advertência. “Não vamos tirar conclusões precipitadas.” Esfregou os olhos tentando conter as imagens que enchiam sua mente.
“Conclusões precipitadas? Irmão, o Nik virou um estripador insaciável, eu só posso concluir que essa coisa está devorando ele de dentro para fora.” Kol olhou para os irmãos. “Eu voto pra tirar isso dele.”
“Essa decisão não é nossa, Kol.” Rebekah falou. “E mesmo que fosse, eu votaria contra isso.”
“E essa decisão seria de quem? Do Nik que não tem condições de ficar acordado sem promover uma chacina e não consegue raciocinar direito?”
“Tenho certeza que Seth adoraria saber que você quer matar o sobrinho dele.” Rebekah retrucou.
“Não se engane, pelo tempo que eu observei aquele cara, ele arrancaria essa coisa com as próprias mãos se estivesse dentro do irmão dele, fazendo com ele o que está fazendo com o nosso irmão.” Kol respondeu convicto sabendo que para o Gecko mais velho, nada estava acima do irmão. “E se quer saber, irmãzinha, vou fazer o mesmo assim que tiver uma chance.”
“E se não for diretamente culpa do bebê?” Freya perguntou encarando Kol nos olhos. “E se essa fome do Klaus seja porque o bebê está realmente passando fome dentro dele?”
“Isso poderia fazer sentido, talvez o sangue e a carne não seja o que o bebê precisa e essa necessidade está sendo transferida para Klaus.” Elijah concluiu. “Klaus faz o que seria necessário para matar sua própria fome, mas a criança não está recebendo o que precisa.”
“E como exatamente isso não é culpa dele?” Kol insistiu. “Não sei porque estão tão empenhados em defender o parasitinha. Acham mesmo que o Klaus vai abraçar a ideia de ter uma criança, ou seja lá o que isso for, dentro dele?”
“Kol, isso ainda não é nossa decisão. Então, ao invés de ficar falando coisas desnecessárias, ligue para o Seth e peça a ele para localizar Nahualli com urgência…” Freya acendeu as ervas secas e segurou o recipiente de pedra sobre o corpo de Klaus recitando um feitiço enquanto o aroma da fumaça se espalhava no ar. Klaus soltou um suspiro, mas permaneceu inconsciente.
“O que você fez com ele?” Elijah perguntou com o rosto úmido pelo suor. “Porque precisa de Nahualli?”
“Devo contar que ele vai ser titio também?” Kol perguntou com um tom de zombaria, segurando o celular perto da orelha.
“Claro, e então ele vai ter certeza de que você é louco e nunca mais atende suas ligações.” Freya revirou os olhos. “Não se preocupe Elijah, eu só coloquei Klaus em um sono mágico até descobrirmos como ajudar. Quanto a Nahualli, quero falar com ela porque essa criança foi concebida durante o ritual de união de sangue, sobre um altar onde o mundo humano e o Xibalba, dos vivos e dos mortos, coexistem. Essa magia que emana do interior do Klaus é desconhecida pra nós.”
“Tá dizendo que acha que essa coisa pode ter vindo do inferno, como um tipo de parasita alien?” Kol estreitou os olhos.
“Meu Deus, Kol saia daqui, aproveita que está com o celular na mão e ligue para Finn.” Rebekah falou frustrada. “E você, Elijah, beba um pouco do sangue do nosso irmão, não vai ajudar em nada você decidir se tornar um moribundo imprestável.”
“Eu não gosto da ideia de roubar o sangue de Niklaus. Mas você tem razão…” Elijah segurou o pulso do irmão com cuidado e mordeu tirando o mínimo de sangue possível, temendo prejudicar a criança. “O sangue dele está com um gosto estranho, amargo, um pouco ácido.”
“Seth disse que vai pedir para Carlos localizar Nahualli, parece que a velha é bem reclusa. Já o Finn disse que ele já estava no meio do caminho pra cá.” Kol voltou para o quarto. “Parece que ele andou tendo uns sonhos estranhos.”
“Que tipo de sonhos?” Elijah ergueu os olhos e Kol deu de ombros.
“Sei lá.”
“Vamos deixar o Klaus descansar.” Rebekah finalmente se levantou. “Preciso de um banho. E você também, Elijah.
“Eu vou reforçar a proteção e depois estudar os grimórios de Esther para ver se encontro alguma coisa.” Freya depositou o recipiente na mesinha. “E você, Kol, fique longe desse quarto.”

Klaus estava adormecido e os sonhos ainda o atormentavam, a serpente e o lobo sob o Carvalho, Richard, o sol vermelho. Sonhos estranhos e perturbadores. Em um deles estava o menino pequeno de cabelos loiros levemente encaracolados, sorrindo para ele com seus dentinhos pequenos e nariz arrebitado, olhando com seus olhos azuis metálicos.
Agnes entrou silenciosamente no quarto onde o híbrido dormia, com ajuda dos Ancestrais ela quebrou a barreira de Freya e se aproximou lentamente da cama. A bruxa sabia que aquela missão seria o seu fim, mas precisava tentar impedir que aquele monstro viesse ao mundo. O bruxo que viria para destruir seu legado, o menino que seria o fim de todas as bruxas. Ela retirou da bolsa uma seringa cheia de uma mistura fatal, não para o Híbrido, mas com certeza, para o feto.
A líder das bruxas do Quartel francês lutou contra a magia que emanava de Klaus, sabia que aquela magia ainda não era forte o suficiente para proteger o híbrido e o bebê.
“Tio Kol!” Kol abriu os olhos assombrado pela voz infantil chamando por ele. Sem pensar, correu até o quarto de seu irmão e agarrou Agnes pelo pescoço.
“O que você está fazendo aqui?” Kol rosnou mostrando a face vampiresca. Ele olhou para o chão assim que ouviu o barulho de um objeto caindo. Jogo Agnes para longe e pegou a seringa vazia, se virou para o irmão. “O QUE VOCÊ FEZ?”
“O híbrido não vai morrer…” A bruxa murmurou. “Não estou aqui para matar seu irmão.”
“Não veio matar o Klaus, então o que…” Arregalou os olhos. “FREYAAAAAA!” Gritou a plenos pulmões. Elijah e Rebekah invadiram o quarto antes da irmã mais velha.
“O que houve?” Rebekah corre até Klaus. “O que ela está fazendo aqui?” Viu Agnes encolhida no canto da parede e uma mancha de sangue escorrida perto de sua cabeça.
“Ela aplicou isso no Nik…” Kol mostrou a seringa vazia. Elijah agarrou Agnes pela garganta.
“Você atentou contra meu irmão? Contra nossa família?” Rosnou tão perto do rosto da bruxa que ela podia sentir o hálito.
“Klaus não… não vai morrer…” Agnes se esforçou para responder. “Só o menino.”
“Elijah, o Nik está fervendo.” Rebekah tocou na pele do irmão. “O coração do bebê está muito lento.”
“O que tinha na seringa?” Freya entrou no quarto olhando diretamente para Agnes. “O QUE TINHA NA PORRA DA SERINGA?” Ela gritou e as estruturas da casa tremeram.
Kol pegou Klaus, correu com ele até a piscina e pulou com ele na água. Rebekah foi com eles enquanto Elijah e Freya ficaram com Agnes.
“Me diga o que tinha na seringa, Agnes.” Freya perguntou novamente com raiva.
“Eu não vou dizer, Freya, os ancestrais vão tirar tudo de mim. Essa criança não pode nascer.” Freya soltou uma gargalhada.
“Acha que o seu problema são os ancestrais? Você acabou de machucar meu irmão mais novo.” Freya flexionou os dedos e Agnes gritou. “O que tinha na seringa?” Aumentou a força mágica na mesma proporção em que aumentou a dor da bruxa. “Não me faça repetir.”
“Os ancestrais disseram que ele será o nosso fim…” Agnes choramingou. “Sua mãe… Disse que esse menino não pode nascer.”
“Diga a nossa mãe e aos ancestrais que se Klaus ou a criança morrer…” Elijah estreitou. “Eu vou matar cada bruxa que eu encontrar, eu serei o fim de vocês.” Elijah arranca a cabeça da bruxa. “Ninguém machuca minha família e vive!” Rosnou.

“Vamos lá, parasitinha…” Kol murmurava segurando Klaus na água fria. “Você pode fazer isso… Você pode fazer isso.”
“Vamos, Nik, lute pela família.” Rebekah ajeitou os fios molhados na testa do irmão.
“Anda, parasitinha, você é só um feijãozinho e já está botando medo nas bruxas.” Rebekah apertou os olhos.
“Com quem você está falando, Kol?”
“Acho que a magia dele tem consciência própria. Ela nos afastou quando Nik gritou e eu tenho certeza que essa magia me acordou hoje.” Respondeu voltando a atenção para o irmão. “Lute, garoto, você é a porra do anticristo Mikaelson.”

Richard ergueu os olhos dos papeis na mesa para a criança no meio da sua sala, o menino pequeno de cabelos encaracolados chorando alto. Ele olhou ao redor procurando alguém que pudesse estar acompanhando a criança, mas não havia ninguém, a porta do escritório costumava estar trancada e o Culebra não fazia ideia por onde ele entrou. Andou até ele sem saber o que fazer.
“Oi… Humm… De onde você veio?” Se aproximou com cuidado, ele nunca soube o que fazer com crianças e aquela criança continuava chorando. “Onde estão seus pais?” O menino continuava a chorar, Richard suspirou. “Tudo bem, vamos encontrar.” Pegou a criança no colo, o pequeno o abraçou com firmeza e o Culebra sentiu as presas pequenas picarem seu pescoço e sugarem seu sangue. “Não pode fazer isso… Pare!” Tentou afastar o menino, mas seu aperto era igual ao de uma serpente. Quando as presas se retraíram o menino desapareceu deixando apenas o espaço vazio em seus braços e o ardor das presas. “Acho que eu finalmente estou enlouquecendo.” Tocou seu pescoço.

Ao redor da região do abdômen de Klaus começou a surgir uma mancha escura que se misturava com a água, o líquido escuro parecia estar saindo através de seus poros, eliminando o veneno mortal. Kol sorriu ao perceber que a temperatura de Klaus começou a se estabilizar.
“É isso aí, parasitinha, você é o melhor.” Suspirou aliviado.
“Como ele está?” Elijah perguntou chegando na beira da piscina.
“Eles estão fora de perigo.” Rebekah respondeu deixando todos aliviados. “Mas ainda precisamos proteger o Nik e o bebê da nossa mãe morta e dessas bruxas malditas!”
“E Dahlia.” Freya mordeu a parte interna da bochecha.
“Por que Dahlia?” Elijah a encarou.
“Essa criança é um primogênito Mikaelson. Ela virá por ele, do mesmo jeito que foi por mim.”
“É garoto, você nem tá pronto e já tem uma legião de fãs…” Kol falou para a barriga do irmão em seus braços. “Um verdadeiro Mikaelson!”

Chapter 13: CHILDREN WITH NO NAME

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Boa leitura!

“Com licença…” Uma senhora baixinha, apertando uma bengala de madeira entre os dedos enrugados e levemente trêmulos, entrou pelo portão de ferro enferrujado da antiga casa no Quartel francês. “Com licença…” Repetiu e parecia que ninguém a estava ouvindo. Ela suspirou irritada, tocou no ombro do homem que a acompanhava e este soltou um rugido que chamou a atenção de todos. “Gracias, Pablo.”
“Quem são vocês?” Diego apareceu na frente da velha senhora que o encarou com seus olhos leitosos deixando o vampiro desconfortável.
“Estou procurando la niña bruja.” A mulher falou e Diego não entendeu o idioma.
“Como?”
“La niña bruja.” A senhora repetiu devagar como se estivesse ensinando uma criança a falar.
“A menina bruxa…” Josh traduziu parando ao lado de Diego. “Ela disse que está procurando a menina bruxa, eu fiz um pouco de espanhol no colégio. Crédito extra…” Explicou e voltou para senhora com um sorriso amigável. “La niña bruja… Davina?”
“No, Freya, a cunhada de meu Lorde.” Josh e Diego a olharam com estranheza se perguntando de onde aquela mulher conhecia a bruxa Mikaelson.
“O que está acontecendo aqui?” Marcel perguntou entrando na casa.
“Essa senhora está procurando a irmã do Klaus, a bruxa.” Diego respondeu com desdém, ele não gostava muito da família Original.
“E eu posso saber quem é a senhora e o que a senhora quer com a Freya?” Marcel analisou a mulher, ela parecia inofensiva e de uma idade avançada, os cabelos brancos caíam em duas longas tranças pelos ombros, usava vestido branco de algodão com bordados coloridos e uma sandália gasta de couro crú.
“Eu preciso hablar com a brujita. Urgente. Eu sou Nahualli, la bruja de los Culebras.” Marcel já tinha ouvido sobre ela por Elijah e sabia que Klaus havia sido obrigado a se casar com o Lorde daquelas criaturas estranhas para ele. Marcel não confiava facilmente, mesmo sendo uma idosa cega, aquela bruxa tinha uma aura mortal. “Non te preocupes, niño, só venho ajudar.”
“Eu vou levar a senhora até ela.” Marcel se ofereceu, curioso sobre os acontecimentos. Nahualli sorriu e esticou o braço enganchando no braço do vampiro.
“Me dê seu braço, niño…” Marcel não ignorou o fato de ter sido chamado de menino e segurou o braço da velha senhora.
“Sabe que sou mais velho que a senhora, não sabe?” Marcel segurou firmemente sua mão.
“Hum… Segure direito, niño…” Os dedos da mulher apertaram ao redor do braço de Marcel quando tropeçou em uma pedra solta, o homem que a acompanhava estreitou os olhos. “Por los dioses, no puedes guiar a una anciana ciega, cómo vas a cuidar de tu hermanito.” A bruxa murmurou balançando a cabeça. Josh riu atrás deles.
“O que ela disse?” Marcel perguntou curioso.
“Ela disse que você não consegue guiar uma velha cega, como vai cuidar de seu irmãozinho.” Marcel deu de ombros sem saber do que ela estava falando.

“É impressão minha ou nosso irmão parece estar mais magro?” Rebekah olhou para as bochechas um pouco fundas de Klaus. “Ele parece estar definhando muito rápido.”
“O que você esperava? O dementador bebê está tentando sobreviver aí dentro sugando a energia vital do Nik.” Kol respondeu virando a página do livro.
“Kol, pare de dar esses apelidos infames ao nosso sobrinho.” Elijah o repreende encostado no batente da porta. “Marcel está trazendo a senhora Nahualli até nós.”
“Tão rápido? Acho que a bruxa deles é mais útil que as nossas.”
“Como ela veio parar aqui tão rápido?” Rebekah questionou enquanto avaliava o estado do irmão. “Espero que nos ajude a descobrir como salvar esses dois.”
“Eu também, ou essa miniatura de Wendigo vai devorar nosso irmão.”
“Kol.” Rebekah e Elijah falam juntos.
“O que? Tudo o que sabemos da coisinha até agora, é que, é um menino com o tamanho de um grão de feijão que deixa as bruxas se borrando de medo e que está transformando o Nik em um estripador canibal louco ou em um híbrido empalhado. Considerando a quantidade escassa de informações que temos, daí de dentro pode sair tanto um lindo querubim de bochechas rosadas, ou um basilisco, quanto uma quimera demoníaca.” Kol fez uma careta e virou outra página.
“E por isso você tem que dar esses apelidos toscos a pobre criança?” Rebekah coloca as mãos na cintura.
“Ele não tem nome, tem?” Kol inclinou a cabeça. “É isso, vou dar um nome pra ele.”
“Não pode dar um nome para o filho dos outros, Kol.” Freya comentou entrando no quarto. “Marcel está lá embaixo com Nahualli. Vou ajudá-la a subir as escadas.”
“Eu vou falar com o Marcel e explicar o que está acontecendo com o Nik.” Rebekah se adiantou.
“O que está acontecendo? Porque as bruxas estão se mobilizando para atacar o nosso irmão?” Finn entrou no quarto como um furacão. “Pelo amor de Deus, o que ele fez dessa vez? Até a nossa mãe está atormentando meus sonhos.”
“Por mais incrível que possa parecer, nosso irmão é inocente.” Apontaram para a cama onde Klaus dormia. “Desta vez.”
“Por que ele está tão pálido? Alguém pode me explicar o que está acontecendo?” Finn pediu exasperado.
“Sente-se, Finn…” Kol apontou para a cadeira. “Nosso irmão está carregando o anticristo Mikaelson, o mini arauto do apocalipse das bruxas, um feijãozinho demoníaco…”
“Kol…” Elijah suspirou pesadamente. “Nosso irmão está carregando uma criança, Finn, e sim, eu sei que parece loucura, mas é verdade.”
“Era o que eu estava dizendo.” Kol protestou e Freya revirou os olhos entrando no quarto acompanhada por Nahualli.
“Não seja bobo, garoto, essa criança não é nada disso. Essas bruxas são muito paranoicas.” Nahualli reclamou. “Algumas maldições podem se tornar bênçãos.”
“Olá, senhorita Nahualli, é um prazer vê-la novamente.” Elijah se levantou para cumprimentá-la.
“É uma pena que não posso dizer o mesmo, Elijah, tenho certeza que seria um prazer ver você também.” Kol apertou os lábios para segurar a risada enquanto o rosto do Original se aqueceu com o constrangimento.
“Me desculpe pela falta de tato.”
“Não seja bobo…” Nahualli fez sinal para que seu companheiro colocasse a bolsa na cadeira e abrisse. “Teria sido tão mais fácil se você tivesse sido o escolhido…” Nahualli comentou. “Meu Lorde vai ter trabalho com esse aqui.” Elijah encarou a barriga do irmão duvidando internamente se teria sido melhor. “Me ajude aqui, niña Freya.”
Freya espalhou os totens sagrados ao redor da cama, na cabeceira foi colocado uma garra de lobo e nos pés da cama um chocalho de cobra. E Nahualli despejou um frasco de veneno de Culebra em um xicalli.
“Elijah, coloque um pouco do seu sangue aqui para mim…” A bruxa apontou para o xicalli. “Se eu tirar uma gota do encrenqueiro, não vai restar muito para o bebê.” Elijah fez o que foi pedido. “Menino, retire a camiseta dele.” Kol fez o que foi pedido e todos os irmãos soltaram um suspiro assustados com a palidez estranha.
“Então, com esse feitiço você vai saber em que momento nosso irmão se transformou em uma garota?” Kol perguntou. Nahualli espalmou a mão sobre o tecido das calças de Klaus.
“Parece um garoto pra mim, e dos bons. Você tem certeza que já viu uma garota na vida?” A bruxa perguntou.
“Acho… acho que ele está falando do útero.” Marcel gaguejou parado na porta encarando, incrédulo, a barriga de Klaus.
“Útero? Estou impressionada de vocês dois terem sobrevivido tanto tempo.” Comentou desenhando símbolos antigos na barriga do híbrido com a ponta do dedo indicador usando a mistura de sangue Mikaelson e veneno. Entoando cânticos estranhos.
Seus olhos se tornaram reptilianos e o líquido viscoso que tingiu a barriga de Klaus começou a ser absorvido pela pele do híbrido. Os olhos voltaram ao branco leitoso e Nahualli foi amparada por Pablo.
“Então?”
“Como eu pensei…” Nahualli se sentou. “Essa criança foi concebida durante o momento do eclipse mágico em que o sol estava completamente vermelho, o sol do Xibalba. No momento exato em que a magia do Xibalba e a magia ancestral, o sangue e a carne, se uniram completamente…” Explicou. “A criança é um milagre criado da carne, sangue e a magia das duas linhagens.”
“Que o parasitinha foi feito no ritual nós já sabemos.” Kol revirou os olhos e levou um tapa de Rebekah.
“É como se fosse um tubo de ensaio mágico, uma inseminação artificial satânica?” Marcel perguntou tentando entender o que a bruxa estava dizendo. “Mas ele não precisaria de um óvulo?”
“Digamos que a união de sangue e magia foi o óvulo que abrigou a sementinha do nosso Lorde, essa mistura criou uma nova vida, um símbolo vivo da união entre as linhagens da profecia. Uma criança nascida fora da maldição.”
“Mas como ele está dentro dele sem um útero, uma placenta, cordão umbilical?” Rebekah perguntou, ela leu tudo o que pode sobre gestação desde que descobriu o estado de seu irmão.
“Mi niña, isso não é biologia humana, é magia poderosa e única. A magia dessa criança é o que está deixando as bruxas desesperadas, a magia desse menino é autoconsciente, ela atua para proteger a criança de forma autônoma.”
“O que Nahualli está dizendo é que a magia formou uma bolsa de proteção ao redor do feto e Klaus é como uma… incubadora. Ele carrega a criança, mas sua biologia não foi alterada.” Freya ajudou a esclarecer. “Pelo menos foi o que eu entendi.” Deu de ombros.
“De qualquer forma, ainda temos um problema. Se deixarmos Klaus acordado, ele destroi a cidade, se deixarmos inconsciente, ele definha. Achamos que ele precisa de algum alimento específico, mas não sabemos o que é. Tem alguma coisa diferente que Culebras comem?” Elijah perguntou.
“Sinto muito, mas não sei responder a isso, nós nos alimentamos de carne e sangue. Deveria ser o suficiente.” Nahualli apertou os lábios enrugados. “Não existe outro como ele para perguntar.”
“Então, as bruxas não vão precisar se esforçar muito porque o carrapatinho do diabo não vai durar muito.” Kol falou desgostoso.
“Kol, pelo amor de Deus, pare de dar apelidos pra essa criança!” Rebekah falou irritada e Kol revirou os olhos, se remexeu na cadeira derrubando o livro do colo.
“E o que fazemos então?” Finn perguntou, ele sabia que as bruxas não descansariam até conseguir matar a criança.
“Por enquanto, o melhor a fazer é levá-lo até o Texas. Ele estará protegido com nosso povo, que também é o povo dele agora, mesmo que ele não deseje.” Nahualli sugeriu e Kol riu.
“Ah, por favor, por mais que eu esteja animado em pagar uma visita para aquele coelho ranzinza, acreditar que criaturas com uma força tão inferior a de vampiros regulares teriam mais sucesso em proteger nosso irmão e o meu sobrinho que nós, que além de sermos a família deles, somos vampiros Originais, é um demais.” Kol zombou.
“É por causa da sua arrogância que vai demorar tanto tempo para conseguir o que tanto deseja.” A bruxa cuspiu irritada com o desrespeito.
“Peço desculpas pelo nosso irmão, ele não foi devidamente adestrado…” Finn falou. “Continue, senhora, porque acha que ele estaria mais seguro no Texas?”
“Primeiro, essa criança não é só um Mikaelson, ele também é um Gecko e o outro pai tem que saber que ele existe, é sua responsabilidade protegê-lo. Segundo, o bar que os Gecko comandam foi erguido sobre uma construção subterrânea de pedra muito antiga e incrustada de símbolos de proteção do nosso povo, uma proteção desconhecida por suas bruxas. Como acham que nós vivemos tanto tempo sem vocês saberem que nosso tipo existe?” Nahualli falou com seriedade. “Seus feitiços de localização não podem nos encontrar.”
“Nesse caso, pode ser uma boa ideia, manteria o Nik longe do radar das bruxas enquanto tentamos descobrir que tipo de alimento ele precisa.” Rebekah balançou a cabeça.
“Ou nós podemos acordar o Nik, jogar ele no coven com as bruxas e deixar que ele devore elas até os ossos.” Kol riu, mas foi ignorado.
“Nós podemos criar um chamariz, algo para confundir as bruxas…” Finn sugeriu. “Rebekah, Marcel e eu podemos fazer isso enquanto Elijah, Kol e Freya levam Nik.”
“Posso ligar para Carlos e pedir uma escolta, mas o mais rápido seria usar um avião pequeno.” Pablo falou pela primeira vez. “De carro leva umas seis horas, avião, uma hora e meia no máximo.”
“Nós podemos fazer isso, podemos usar um feitiço de ocultação. Davina pode usar um feitiço para confundir as bruxas.” Marcel falou. “Vou arrumar o avião.”

Uma semana havia se passado quando os Mikaelson chegaram em Houston. Elijah havia falado com Seth, pelo telefone, sem dar detalhes do que estava acontecendo. O Gecko mais velho se sentiu inclinado a dispensar o problema batendo à sua porta, mas Elijah usou a carta do irmão mais velho e Seth aceitou recebê-los.
O SUV parou na garagem do complexo onde os Gecko viviam.
“Vocês falam com os irmãos e convencem eles a não ligar para o sanatório…” Kol abriu a porta do carro e puxou Klaus com ele. “Eu vou levar Klaus e Dante para o quarto.”
“Quem?” Freya perguntou saindo do carro.
“Klaus e Dante.” Respondeu vendo Enrique se aproximando.
“Quem é Dante?” Elijah perguntou confuso.
“Como assim, quem é Dante? Nosso sobrinho.” Respondeu e virou para o culebra. “Me leve ao quarto do seu Lorde!”
“O quarto do Lorde?” Enrique franziu o cenho.
“Exatamente, onde você acha que vou colocar o marido dele? No porão?” Enrique coçou a cabeça e fez sinal para uma mulher que estava perto.
“Leve o senhor Kol ao quarto do Richard…” A mulher o encarou. “É o marido dele que está… doente?”
“Um parasitinha, mas vai ficar bem em breve.” Saiu acompanhando a mulher.
“Eu ouvi bem ou ele nomeou o bebê?” Elijah olhou para Kol entrando pela porta lateral.
“Melhor que os apelidos…” Freya comentou. “Basta saber o que os pais vão achar disso.”
Freya e Elijah entraram no bar onde Seth estava com Richard, que havia acabado de chegar do México, os irmãos Gecko estavam discutindo a presença dos Mikaelson na casa. E pararam imediatamente quando viram os irmãos no salão.
“Peço perdão pelo pedido repentino e pelo incômodo, mas a situação é bastante crítica e difícil de explicar.” Elijah falou rapidamente.
“Não tem nada difícil nisso, Elijah…” Kol interrompeu e Seth revirou os olhos.
“Bem, então nos diga, o que está acontecendo?” Seth perguntou.
“O que houve com o Klaus?” Richard ajeitou os óculos esperando a resposta.
“Nada, é só que, nosso irmão, está carregando um filho seu… Cunhado.” Kol sorriu zombeteiro.
“O que?” Os irmãos falaram ao mesmo tempo.

Chapter 14: POWER IN THE BLOOD

Summary:

Olá, espero que estejam bem. Espero que gostem apesar de não ter certeza se é o que esperavam.

*ESSE CAPÍTULO CONTÉM SEXO EXPLICITO E LINGUAGEM IMPRÓPRIA.*

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Boa leitura!

Seth encarou o sorriso de Kol e balançou a cabeça. Segurou o braço de Richard e o puxou com ele.
“Ignore esse idiota!” Falou, acreditando que o vampiro estava fazendo uma piada. Fez sinal para que se sentassem nos bancos e passou para o outro lado balcão. Pegou uma garrafa de whisky e alguns copos. Servindo-os. “Então, Elijah…” Deu ênfase ao nome do Original. “Em que diabos de problemas vocês se meteram para precisar nos procurar depois que seu irmão disse, abre aspas, eu nunca mais vou colocar meus pés nesse estado de caipiras, fecha aspas?”
“Eu já disse, você vai ser tio…” Seth levantou o dedo indicador para o vampiro.
“Cala a boca, Kol, estou falando com o Elijah. Seu nome é Elijah?” Seth olhou. “Foi o que pensei.”
“Infelizmente, Seth, temo que, desta vez, nosso irmão está falando a verdade…” Elijah fez uma pausa pensando em como continuar. “Niklaus está… Carregando uma criança.” Seth engole o whisky.
“Olha só, eu posso não ser tão inteligente quanto meu irmãozinho aqui, mas eu sei que é biologicamente impossível que um homem engravide, a não ser que ele seja como essas pessoas que trocam… como é mesmo o nome?”
“O termo é homem trans, Seth, e eu tenho certeza que o Klaus não é um homem trans.” Richard falou. “Eu já vi tanta coisa nos últimos séculos que, sinceramente, não me surpreenderia que algo assim possa acontecer. Mas convenhamos, é meio difícil acreditar nisso.”
“Eu não sei qual é a jogada aqui, mas acho bom vocês explicarem direitinho esse milagre ou eu vou ficar muito chateado.” Seth não gostava quando as pessoas tentavam fazê-lo de idiota.
“Olha, Seth, isso é realmente verdade, Nahualli pode confirmar.” Freya interviu. “Eu vou explicar.” Freya começou a contar tudo o que aconteceu depois que foram embora do Texas, sobre a fome de Klaus, o problema com as bruxas. Todos os detalhes.
“Então…” Olhou para o irmão de cima a baixo parando na virilha. “Você engravidou um cara, Jesus Cristo, Richard, que tipo de esperma tem nesse pau?” Richard acompanhou o olhar de Seth com uma careta, os três Mikaelsons olharam para Richard com expectativa, o Culebra ficou calado durante a explicação, apenas ouvindo e analisando a situação.
“Onde ele está?” Richard perguntou.
“No seu quarto, afinal, é seu marido!” Kol deu de ombros. Richard fechou a mão em punho e apertou os lábios dando três soquinhos leves no balcão.
“Eu vou verificar.”
“Como assim verificar?” Seth estreitou os olhos. “Se você vai, nós vamos com você!”
“Está tudo bem, Seth, eu posso ver a alma das pessoas, lembra? Se tiver uma outra alma no corpo dele, eu vou saber.” Richard explicou. “Podem ficar tranquilos, eu vou pedir para alguém limpar o quarto do lado do meu, verificar o Klaus e pegar algumas coisas minhas pra mudar pro quarto ao lado.”
“Por que, exatamente, você está saindo do seu quarto? Coloca o lobo no outro.” Seth falou.
“O que Nahualli falou sobre esse lugar faz sentido, e meu quarto é o lugar mais protegido aqui. Era o antigo quarto do Malvado, tem muitos símbolos de proteção e eu acrescentei mais alguns.” Explicou. “Se ele precisa de proteção, melhor ele ficar lá.”
“Tudo bem, mas se precisar de alguma coisa, dê um grito…” Seth pediu. “Nós vamos discutir alguns detalhes importantes sobre os novos problemas.”
“Depois ligue para Kisa, ela é antiga, pode saber de alguma coisa que não sabemos.” Richard sugeriu.
“Qualquer coisa é mais do que sabemos, Richie, nós não sabemos nada!” Seth balançou a cabeça.
“Verdade… Fale com o professor Tanner também, mas não conte sobre a possível… Nem sei como chamar isso. Não quero ele xeretando e analisando o Klaus como se ele fosse um tipo de bicho exótico.” Richard falou antes de desaparecer pelo corredor. Elijah soltou um suspiro de alívio pelo cuidado do Culebra com seu irmão.
“Sabe…” Os Mikaelson se voltaram para Seth quando ele começou. “Eu nunca gostei da rainha serpente porque eu sabia que ela era problema, mas vocês…” Apontou para os três. “Vocês são a definição do que a palavra problema significa… Problema deve ser a tradução para cada um dos nomes de vocês em idiomas diferentes.” Seth virou o copo de whisky na garganta, Freya e Elijah trocaram olhares. “Desde o momento em que vocês passaram por aquela porta, a nossa vida, que já era uma bagunça de merda escrita e dirigida por Tarantino e Robert Rodriguez, se transformou em uma mistura de Alien: o oitavo passageiro com A profecia.” Balançou a cabeça. “Daqui a pouco a barriga do lobo sem carteirinha de vacinação explode e o Damian sai de lá de dentro…”
“É Dante!” Kol corrigiu.
“É Damian, idiota, eu vi todos os filmes de A profecia, moleque sem cultura. O nome do filhote de satanás é Damian.” Seth retrucou.
“Estou falando do nosso bebê, o nome dele é Dante!” Kol pegou a garrafa e despejou mais whisky no copo.
“Quem disse?”
“O tio favorito dele… Eu.” Kol falou simplista e Freya balançou a cabeça.
“Nos seus sonhos, ele é um Gecko, não vai escolher como favorito um idiota chato como você.” Seth retrucou.
“Quer apostar que eu vou ser o tio mais legal do planeta e vai ser pra mim que ele vai ligar quando tiver qualquer problema?” Kol provocou.
“Só se for pra causar mais problemas porque se tem uma coisa que, com certeza, você não sabe, é resolver qualquer coisa.”
“Senhores, por favor, nós precisamos nos concentrar em descobrir como salvar a criança primeiro, Klaus não consegue nutrir a criança, não sabemos do que ele precisa. Se não descobrirmos logo, eu temo que não teremos um sobrinho para disputar.” Elijah interrompeu.
“Você acha que seria bom verificar o Richard?” Seth olhou para a porta.
“Está tudo bem, Seth, eu coloquei Klaus em um feitiço do sono muito poderoso. Richard está seguro.” Freya garantiu.
“Relaxa, querido, por mais que eu ache o seu irmão um grande gostoso, Klaus não vai simplesmente acordar só pra abusar daquele corpinho.” Kol comentou e Seth revirou os olhos.
“Tudo bem, vamos trabalhar em descobrir o que a criança precisa, se é que realmente existe uma criança.”

Richard olhou para o híbrido dormindo profundamente em sua cama, se aproximou silencioso como uma serpente sem tirar os olhos do abdômen do híbrido.
“Quem vê essa carinha dormindo, não imagina a peste que é.” Resmungou.
Richard ergueu a barra da camiseta com cuidado revelando a barriga lisa e pálida, engoliu seco e foi aproximando a mão trêmula, devagar. Quando a ponta dos dedos tocaram a pele fria, a imagem do mesmo menino loiro cacheado que viu em sonhos, invadiu sua mente como um flash. Richard puxou a mão e encarou o local vendo um ponto de luz brilhando fraco no umbigo do outro.
“Nós vamos ter um menino.” Murmurou baixinho distraído com a luz tão frágil. “Eu vou ser pai? Eu não sei ser pai.” Esfregou o rosto, desconcertado.
A magia de Dante reconheceu o toque da magia no sangue do pai. Klaus foi despertando lentamente, a dor da fome revirando seu estômago, suas narinas se inflaram com o cheiro terrivelmente atraente do sangue. As veias escuras saltaram embaixo de seus olhos, as presas coçaram e rasgaram suas gengivas e seus olhos se abriram dourados e mortais.
Richard se assustou quando Klaus o agarrou pela gola do terno, puxando-o para a cama e montando seu corpo, ansioso. O culebra não teve tempo para reagir, Klaus afundou as presas em seu pescoço e começou a sugar o sangue com uma avidez faminta. Os olhos reptilianos de Richard brilharam e suas presas se projetaram de surpresa com o ataque repentino e a conexão de sangue.
O sabor do sangue de Richard invadiu a boca do híbrido com deleite. Seu estômago finalmente estava sendo preenchido. Richard se sentiu entorpecido, seus braços envolveram a cintura do outro, que começou a se contorcer em seu corpo. Klaus queria mais, precisava de mais, que aquele delicioso sangue satisfazendo seu paladar, ele necessitava de uma conexão primitiva. Carne, sangue e alma. As garras perfuraram a carne das costas do culebra prendendo-o mais perto, quando Richard tentou afastar o híbrido, Klaus rosnou sobre sua pele.

***SexOn***
Richard sentiu seu pau inchar dentro das calças e estava confuso com sua própria excitação, Klaus se remexeu mantendo o braço esquerdo prendendo o corpo do marido enquanto a mão direita começou a travar uma batalha com os tecidos que separavam sua pele da pele de Richard. As garras arrancaram os botões da calça preta e rasgaram o tecido. O membro rijo se projetou um pouco torto para fora da calça, não demorou para que Klaus conseguisse destruir suas próprias calças de pijama. Sem afastar a boca do pescoço do culebra, bebendo o sangue um pouco mais devagar.
O culebra tentou ao máximo resistir, mas sua mente parecia nublada, a serpente dentro dele se revirou lutando pelo domínio. Richard deslizou as mãos pelas costas do híbrido até segurar suas nádegas abertas, ergueu seus quadris e apoiou a entrada de Klaus na sua glande, o híbrido impaciente empurrou seu corpo para baixo em um encaixe perfeito. O gemido escapou pelos cantos dos lábios grudados na pele do pescoço do marido. Richard rugiu e enfiou as presas no ombro de Klaus injetando veneno em seu sistema.
Klaus subia e descia no pau do Culebra tão rápido, em frenesi de desejo por devorar, tomar tudo do outro. Ele queria o prazer, o sangue, o veneno. Richard agarrou mais forte o quadril de Klaus que arranhava as costas, rasgava os tecidos do terno em retalhos vermelhos de sangue. O pênis duro saia e entrava com força dentro do cu do híbrido. O membro de Klaus se esfregava no estômago de Richard e os dois estavam prestes a gozar. O Original aumentou os movimentos de sucção e estocadas, os dedos do Culebra apertaram a carne de Klaus que soltou um grunhido e gozou na barriga de Richard que também explodiu de prazer inundando o interior do marido.

***SexOff***
Klaus retirou a boca da ferida do pescoço de Richard que retraiu as presas de serpente. O híbrido o encarou com os olhos humanos e os lábios sujos, deu um suspiro de alívio e satisfação antes de fechar os olhos e cair com a testa no ombro de Richard, inconsciente.
Richard estava confuso e temia ter machucado o bebê, não entendia como tudo aquilo iria funcionar e agora que sua mente estava clareando, nem se quer entendia o que tinha acontecido. O Culebra segurou o híbrido e o retirou com cuidado de cima dele e se retirou com cuidado de dentro dele.
“O que eu vou fazer com você, lobito?” Se deitou ao lado do marido e observou por alguns minutos antes de se levantar, limpar o corpo do outro e tomar um banho.
Richard ficou indeciso sobre o que fazer, sabia que seria taxado como cafajeste se deixasse o outro sozinho para dormir no quarto ao lado, mas também sabia que Klaus ficaria com raiva se acordasse e o encontrasse ao seu lado. Decidiu que seria melhor ficar e se apegar com algum deus xibalbano. Depois de ficar um bom tempo pensando no futuro, Richard adormeceu profundamente, mas não por muito tempo.
Klaus se mexeu na cama, soltou um suspiro quando abraçou o travesseiro e inalou o cheiro bom de perfume amadeirado, o cheiro o acalmou e ele percebeu que não sentia mais a fome terrível que consumia sua sanidade. Percebeu que se lembrava daquele cheiro, o conhecimento fez com que uma irritação rastejasse sobre sua pele, o colchão se moveu ao seu lado e Klaus abriu os olhos. Richard estava ali, os olhos fechados em sono profundo, a franja bagunçada caída sobre a testa e uma camiseta simples. O que chamou sua atenção foi a mão espalmada sobre sua barriga de forma irritantemente protetora. Klaus se afastou rápido e Richard abriu os olhos assustado.
“O que aconteceu?” Perguntou olhando imediatamente para a barriga do híbrido. Klaus rosnou e Richard, com certeza, não estava esperando ser lançado com força contra uma parede de pedra maciça por um híbrido Original furioso.
“SAIA DO MEU QUARTOOOOOO!!!” Gritou raivoso.

Chapter 15: GOLDEN SLUMBERS

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Boa leitura!

Quando Klaus acordou, assustado e raivoso, atacou Richard de todas as formas que sua ira conseguiu encontrar, desferiu golpes, palavrões, acusações e o expulsou do quarto sem ao menos perceber que não estava em sua casa. Richard também ficou irritado, mas concentrou sua mente em um único tópico, Klaus carregava uma criança, e isso o impediu de revidar.

“Vocês vão pagar por todo esse prejuízo.” Era isso que o olhar de Seth Gecko dizia enquanto encarava os irmãos Mikaelson em silêncio, ao mesmo tempo em que Klaus quebrava o bar inteiro.

Richard não havia seguido o híbrido, preferiu deixar que os irmãos lidassem com ele naquele momento inicial. Agora, devidamente vestido, permanecia em pé com os braços cruzados ao lado do irmão, apenas observando. Klaus quebrou a tampa de uma garrafa de whisky e despejou diretamente na garganta como se fosse água.

“Espera, você não pode…” Richard desviou de uma garrafa que voou em sua direção antes que terminasse a frase.

“O QUE EU NÃO POSSO?” Klaus lançou outra garrafa. “QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA ME DIZER O QUE FAZER?” Gritou raivoso e Richard fechou os olhos para manter a calma.

Klaus estava com raiva e confuso, acordou na cama do homem que nunca mais pretendia ver e não tem ideia de como ou porque estava lá. Elijah, Freya e Kol não conseguiram explicar nada no meio da tempestade raivosa de seu irmão e ficaram olhando para ele como se fosse um alienígena.

“Qual de vocês, malditos traidores, vai me dizer o que está acontecendo?” Perguntou com o som de um grunhido. “Por que estamos nesse lugar?”

“Irmão, por favor, tente se acalmar…” Elijah pediu dando um passo adiante. “Você acabou de se recuperar e nós não sabemos como isso aconteceu ou quais as consequências.”

“Você não sabe, meu nobre irmão? Então, se coloque na minha posição, o que você pensa que sabe é muito menos do que eu sei. E sabe qual é a única coisa que eu sei? É que vocês me apunhalaram pelas costas… O que não deveria ser nenhuma novidade.”

“Klaus, sente-se, nós vamos explicar tudo.” Freya falou com cuidado. “Mas você precisa se acalmar.”

“Me acalmar? Eu quero matar todos vocês, começando por aquele alí…” Apontou para Richard que revirou os olhos.

“Você acha que isso pode fazer mal pra criança?” Kol cochichou a pergunta para Seth.

“Como eu vou saber?” O Gecko mais velho deu de ombros. “Escuta, você não falou que esse cara estava em um sono de bela adormecida e que nada poderia acordar?” Seth olhou para a Freya.

“Eu não sei o que aconteceu, mas acho que a magia da criança pode ser muito mais poderosa que a minha.” Freya respondeu.

“Como ele se recuperou da tal fome de híbrido estripador canibal?” Kol olhou para Richard.

“Ele bebeu meu sangue e eu injetei involuntariamente o meu veneno no sistema dele. Não foi proposital, era como se eu estivesse sendo controlado por uma força maior.” Richard explicou e Klaus estava ficando ainda mais irritado ouvindo, sem entender, a conversa paralela.

“Você acha que foi a magia da criança?” Kol perguntou baixinho.

“Espero que não porque…” Richard foi interrompido tendo que desviar de outra garrafa voando em sua direção.

“Parem de cochichar como velhas alcoviteiras e respondam o que eu quero saber…” Exigiu com um rosnado. “Por que estou aqui? De que diabos de criança estão falando?” Richard e Seth olharam para os irmãos Mikaelson.

“Ele não sabe?” Richard e Seth perguntaram.

“Como ele não sabe?” Seth perguntou. “Que maravilha, tem noção que o seu irmão vai destruir esse lugar quando souber? Vocês não podem contar isso quando chegarem em casa? Na sua casa!”

“Nós descobrimos quando ele já estava inconsciente.”

“Descobriram o que? Que droga estão falando?” O híbrido estava estressado com aquela situação e a falta de explicação. Todos pareciam estar escondendo algo e Klaus já estava arrependido de ter devolvido os punhais.

“Se você prometer se sentar e ouvir até o fim… Sem surtar…” Freya ergue as mãos. “Nós vamos te explicar tudo.” Klaus estreitou os olhos.

“Sem surtar.” Kol deu uma risada zombeteira. “Mais?”

“Quieto, Kol. Por favor, Niklaus.” Elijah pediu apontando para a cadeira.

“Estou bem em pé, agora explique de uma vez antes que eu decida arrancar sua garganta.” Freya soltou um suspiro e começou a explicar todos os acontecimentos e revelações. Ela já estava cansada de repetir a mesma história. Quando terminou, um silêncio cheio de expectativa se instalou no ar. Klaus olhou para a própria barriga e depois para os presentes.

“Que tipo de brincadeira ridícula é essa?” Perguntou com um olhar irritado. “Em que momento do surto vocês acharam que eu iria acreditar nessa tolice absurda? É uma brincadeira ridícula, patética e um insulto à minha existência.”

“Não é brincadeira, Niklaus, nós também temos dificuldade de acreditar, mas é a verdade. Você, meu irmão, está carregando uma criança, um pequeno milagre.” Elijah falou pausadamente e com calma.

“Isso é um absurdo, vampiros não engravidam e mesmo que pudessem engravidar, eu sou um homem!” Klaus deu ênfase na palavra. “E se por acaso algo assim acontecesse, seria tudo, menos um milagre.”

“Nós sabemos, Klaus, ninguém aqui está duvidando disso. Eu te expliquei, essa gestação é por magia, não mudou você biologicamente.” Freya repetiu. “É um milagre resultado da união profetizada do sangue do Lobo e da Serpente.”

“Pelo amor de Deus, vocês acham que eu sou algum tipo de idiota?” A raiva de Klaus aumentou consideravelmente depois dessa revelação, ele deu um soco no balcão que o partiu ao meio. Elijah se aproximou receoso de que o irmão não aceitaria sua presença e segurou seus ombros com firmeza.

“Irmão…Se acalme. Apenas escute…” Elijah olhou para o abdômen do híbrido que, relutante, concentrou sua audição.

Klaus arregalou os olhos, assustado, ao ouvir os batimentos cardíacos vindo de dentro dele. Empurrou Elijah com força derrubando Kol no processo. Tudo o que pensou foi que havia alguma coisa dentro dele, algo que não era humano e na sua opinião, não era nada além de uma piada de mau gosto do destino. Ele se afastou, seu coração disparou em choque.

“O que é isso?” Murmurou. Elijah se levantou preocupado, fez menção de se aproximar novamente e consolar o irmão, mas Klaus lhe direcionou o olhar mais frio que já recebeu. “O QUE VOCÊS FIZERAM COMIGO?” O ódio em sua voz era cortante. “ME TRANSFORMARAM EM UMA ABERRAÇÃO!”

“Niklaus, nos escute.” Elijah pediu.

“Escutar vocês? ESCUTAR VOCÊS?” Segurou um banco e jogou contra eles. “O que vocês querem que eu escute? Que eu me tornei uma aberração? Uma abominação? Se algum de vocês ousar usar a palavra ‘milagre’ para essa coisa de novo, juro que me encarregarei de que nunca mais possam falar. Isso é no mínimo uma maldição. Eu sou amaldiçoado.”

“Você não é nada disso, Nik, eu tive pensamentos ruins sobre isso quando soube, mas essa criança é um presente.” Kol falou tentando apaziguá-lo.

“Presente? Essa coisa não é nada além de uma monstruosidade.” Klaus rosnou. “Uma forma que a natureza encontrou de me destruir, de me humilhar. Eu sou um homem, um Mikaelson, o híbrido. Não bastou eu me prostituir para salvar a todos vocês, ainda querem me obrigar a carregar essa coisa.”

Richard não interviu, sabia que qualquer coisa que saísse da sua boca aumentaria a ira do híbrido. Apesar de todas as suas diferenças, ele não era capaz de entender o tamanho da confusão que estava a mente de Klaus, ele não era capaz nem mesmo de compreender a confusão de sua própria mente com as informações que recebeu em menos de vinte e quatro horas. Não sabia o que pensar ou como agir. Ele não sabia o que significava ser pai, o que os pais deveriam dizer ou fazer, ele matou o seu próprio pai quando ainda era criança. Acima de tudo, Richard tinha certeza absoluta de que não merecia ser pai e aquela criança não merecia o destino de ser filho de alguém como ele.

E naquele momento, o que estava deixando Richard muito transtornado, não era a discussão que se desenrolava na sua frente, era o seu dom. Ver a alma das pessoas e qualquer outra coisa, sempre foi muito útil para ele e seus negócios, mas ser atormentado pela imagem daquilo que talvez não venha a ter era uma maldição. Como naquele momento, enquanto Klaus disparava maldições contra sua condição, Richard podia ver o menino loiro o encarando com seu rostinho redondo como a lua cheia e olhos tristes, banhado por uma luz dourada.

O culebra apertou os lábios e engoliu o caroço que se formou na garganta, fez sinal para que o menino colocasse as mãozinhas tampando as orelhas, mesmo que não soubesse se a imagem era real, não gostaria que seu filho ouvisse palavras tão duras do próprio pai. O menino o imitou com um pequeno sorriso nos lábios.

“O que você está vendo? O lobo?” Seth perguntou baixinho, ele deixou de duvidar das visões de seu irmão há muito tempo. Richard balançou a cabeça em sinal negativo, ele deixou de ver o lobo depois da cerimônia de união. “Por favor, não me diga que é a criança.” Seth virou seu rosto para a mesma direção que Richard olhava. Seth desejou poder ver também.

“Acho que é só um vislumbre do futuro, mas ele está se desvanecendo em pó de ouro, como se estivesse prestes a deixar de existir.” Comentou, e Seth pode reconhecer a decepção na voz do irmão. “Talvez seja melhor assim.” Suspirou desviando sua atenção de volta para Klaus.

“Freya, seja útil e encontre um jeito de tirar essa coisa de mim ou eu juro que arranco com as garras.” Falou apertando os dentes.

“Klaus…” Freya olhou para o irmão.

“Nik, você não pode estar falando sério.” Kol arregalou os olhos.

“Niklaus, pense no que está dizendo, essa criança é seu filho, é sua família, sua chance de…”

“Chance de que, Elijah? De ser uma aberração? Trabalhar em um circo?” Rosnou as perguntas. “Eu não quero isso, não quero essa abominação dentro de mim!”

“Uau, se não conseguir se livrar dele agora, qual será o próximo passo, Nik?” Kol apertou os punhos, chateado. “Vai caçá-lo por séculos? Apavorá-lo? Vai se tornar o nosso pai?”

“CALA A BOCA!” Klaus gritou com indignação pela ofensa.

“O que? Você já está falando como ele, do que você acabou de chamar a criança… ah, abominação…” Kol repetiu suas palavras. “Não é assim que o papai te chamava? Ao menos ele tinha a desculpa do bastardo, mas você está falando do seu filho, do seu sangue, Nik.”

“Kol…” Elijah advertiu em um tom que dizia que o irmão mais novo estava cruzando a linha.

“Você não tem nenhum direito de fazer acusações, não é você que carrega essa monstruosidade e eu tenho demônios o suficiente, não vou criar este… NÃO VOU!” Gritou enraivecido.

“Ele não é um demônio, ele é um menino, uma criança… Nik, eu ouvi a voz dele me chamando quando as bruxas tentaram matá-lo, ele confiou em mim para protegê-lo, ninguém nunca confiou em mim antes.” Kol contou com pesar.

“É um truque, seu idiota, é isso que demonios fazem, truques.” Klaus retrucou.

Richard engoliu seco vendo a imagem da criança desaparecer quando uma nova confusão começou. Ele não suportava mais aquela situação. Os três irmãos se agrediam, física e emocionalmente, e o Gecko começou a pensar que, talvez, não nascer fosse uma coisa boa para aquele menino, Richard pensou que uma alma tão brilhante merecia uma família melhor. Suspirou pesadamente e deu um passo à frente.

“CALEM A BOCA!” Gritou, Seth se juntou a ele dando um tiro para cima e todos pararam a discussão.

“Quem você pensa…” Klaus brilhou os olhos de híbrido.

“Eu mandei calar a boca…” Richard rugiu e se voltou para a família de Klaus. “Klaus está certo, nenhum de vocês está em posição de decidir ou convencer ele a nada. É o corpo dele, a decisão é dele.”

“Viu, ele também não quer essa coisa.”

“Cala a boca, você não me conhece, não sabe nada sobre mim e muito menos o que eu quero. Assim como eu não sei nada de você.” Richard olhou para a barriga do híbrido que rosnou. “Me desculpe.” Sussurrou e Klaus sabia que o pedido não era para ele, se virou para Seth. “Chame Nahualli, ela deve saber como fazer o que Klaus deseja.”

“Tem certeza?” Seth sabia, pela voz, que Richard não estava se sentindo bem.

“A decisão é dele, Seth, não é nossa.” Richard virou as costas para os olhares indignados. “Você pode continuar no meu quarto, suas malas estão lá. Quando você…” Fez uma pausa. “Fizer o que deseja, eu gostaria que você nunca mais voltasse a minha casa…” Richard se voltou para os Mikaelsons. “Nenhum de vocês. Não são mais bem vindos aqui!” Passou por eles em direção a porta.

“Como se eu me importasse.” Klaus resmungou. “Ótimo, vamos acabar logo com isso, não vejo a hora de voltar para Nova Orleans e ensinar uma lição para aquelas malditas bruxas.”

“É isso? Vai desistir da sua felicidade para dar uma lição nas bruxas?” Freya perguntou.

“Não, eu também pretendo tomar meu reino de volta…” Sorriu sem humor. “Eu vou ser o Rei!” Saiu pela porta do lado oposto a onde Richard foi.

“Richard, por favor…” Kol correu para alcançá-lo, mas Seth segurou seu braço.

“Deixe ele…” Kol viu algo cruzar os olhos de Seth. “Ele viu o que não devia ter visto.” Suspirou.

“Ele… Ele viu o Dante, não é?” Quando Seth não respondeu, Kol teve certeza.

Klaus foi até o quarto onde estavam suas coisas, ele não queria mais falar com ninguém. Sua mente estava um caos, uma mistura de sentimentos ruins o sufocavam, raiva, agonia, humilhação, vergonha, e o pior de todos, medo. Klaus estava com medo. Sentia que havia perdido as rédeas de sua vida, da noite para o dia tudo virou de cabeça para baixo. Ele só queria libertar seu lobo, ser livre da maldição de sua mãe e agora, ele estava ligado para sempre a alguém que ele não amava e sem esperanças de encontrar o verdadeiro amor por mais que ele acreditasse que não merecia amar ou ser amado. E havia uma criança dentro dele.

O híbrido entrou na banheira e se encolheu na água quente, precisava limpar sua mente e chorar toda a dor que estava sentindo, lavar a vergonha de sua pele, enquanto esperava que Nahualli chegasse. Conforme o tempo ia passando e a névoa da raiva começou a se dissipar de sua cabeça, uma pontada de culpa se instalou no seu coração, culpa pelas palavras terríveis que jogou contra a criatura dentro dele. E o medo voltou. O medo irracional de ter aquela criança, de amar mesmo sem entender, medo de destruir sua vida, como destruía tudo que tocava. E quanto mais pensava, mais ele se encolhia na água já fria.

De repente, sentiu um toque suave na sua cabeça e a voz infantil.

“Está tudo bem, papai, você pode me deixar ir embora…” Klaus ergueu a cabeça assustado e se deparou com um menino envolto em uma luz dourada. “Está tudo bem.” A criança abaixou a cabeça e uma lágrima escorreu dos olhos do híbrido.

A imagem se dissipou em pó de ouro pelo ar no momento em que houve uma batida na porta.

“Nahualli chegou!” Elijah anunciou.

Chapter 16: FATHER TO A SON

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Boa leitura!

“Porque me chamou desta vez? Eu sou velha demais para ficar viajando cada vez que aquele rapaz tiver uma crise de Maria do Bairro.” Nahualli reclamou, ninguém entendeu a associação.

“Você é uma serpente velha, isso sim…” Seth resmungou. “Você estava do outro lado da cidade.”

“E você acha que eu vou morar aqui agora? Eu só vim porque o Elijah está aqui.” Kol riu da afirmação. “Eu mudaria pra cá, só pra ouvir a voz dele, que pena ele não ser o Lorde consorte.” Lamentou.

“Você é cega!” Seth afirmou.

“E ainda assim, reconheço a voz de um cavalheiro e a sua não é.” Nahualli gostava de implicar com o Gecko mais velho. “O que eu estou fazendo aqui?”

“Bem, meu irmão quer… Não quer a criança.” Elijah revelou e Kol soltou um suspiro de amargura. “Richard disse que talvez você pudesse… você sabe, ter um veneno.”

“Me fizeram vir até aqui pra isso? Era só ter dito pelo telefone.” Seth estranhou a maneira despreocupada da velha bruxa. “O corpo dele vai ganhar imunidade a venenos à medida em que se desenvolve, mas como ele ainda está frágil, veneno de serpente aplicado diretamente no local onde está a criança vai resolver. Ele não vai resistir agora, mas logo se tornará imune.”

“Veneno de serpente? Mas Richard disse que injetou seu veneno no Nik.” Kol falou desconfiado.

“O veneno de Culebra faz parte da criança, apesar de, até Culebras fortes terem problemas com veneno. Ele não tem.” Nahualli sorriu. A bruxa fez sinal para seu assistente se aproximar com sua bolsa de onde ela retirou uma seringa cheia com um líquido incolor. “Dê isso para ele, é veneno de Taipan australiana, uma picada dessa serpente pode matar até cem pessoas.”

“Por que você anda com isso na bolsa?” Elijah perguntou segurando a seringa, com receio.

“Eu sou uma bruxa que se comunica com as entidades, mi chulo, eu sonhei com o menino de cabelos dourados, me disse para entregar especificamente esse veneno.” Nahualli explicou.

“Está dizendo que Dante indicou o veneno que poderia matá-lo?” Kol perguntou horrorizado.

“Ele está dando autorização para seu pai decidir o que quer.”

Richard estava deitado na cama do quarto ao lado do quarto, temporariamente, ocupado por Klaus. Decidiu se manter afastado de todo drama da família Mikaelson, sabia que era uma atitude egoísta de sua parte já que ele era diretamente ligado a Klaus e a criança, mas olhar para o híbrido evocava a imagem daquele menino, principalmente os olhos. Apesar de não conhecer a criança, seu filho, se sentiu pai por aquele breve instante. Um pequeno instante fugaz e doloroso.

Ele não odiava Klaus ou o condenaria por sua decisão, se estivesse em sua posição possivelmente faria o mesmo. Era difícil derrubar as certezas que se tem por séculos. A certeza de que homens ainda não podem engravidar mesmo com toda a tecnologia e magia no mundo era uma delas. Richard não costumava ser empático, mas estava tentando ser com o híbrido. Se imaginar como um homem esperando uma criança de um desconhecido a quem nutre uma inexplicável antipatia. Uma gestação mágica sem saber o que vai sair de dentro dele, Klaus não podia ver o menino, não viu seus lindos olhos. Uma dádiva que o Culebra invejou pela primeira vez.

O colchão ao seu lado afundou e Richard não abriu os olhos para ver quem era, pois tinha a certeza de que era Seth. Seu irmão estava preocupado com seus sentimentos. Um longo silêncio pairava no ar e Richard ouviu o suspiro pesado da pessoa a seu lado.

“Como ele é?” A voz não era de Seth, Richard abriu os olhos e viu Klaus, com a cabeça baixa segurando uma seringa nas mãos trêmulas. “Eu sei que você o viu.” O Culebra pensou em muitas respostas malcriadas para dar, mas ao invés disso, apenas respondeu.

“Ele tinha os cabelos loiros com cachos um pouco bagunçados…” Descreveu. “Os olhos eram azuis metálicos, mas apesar da cor, me lembrou muito mais seus olhos que os meus…” Klaus puxou o ar como se tivesse dificuldade para respirar. “O rosto redondo, nariz pequeno, você sabe, crianças mudam, por enquanto, ele se parecia mais com você.” Respondeu se lembrando dos traços. “Ele estava envolto em luz dourada, como se partículas de ouro flutuasse ao seu redor.”

“Eu ouvi a voz dele…” Klaus falou de repente e Richard se ajeitou na cama encarando o híbrido. “Ele me disse que estava tudo bem e que eu posso deixá-lo partir.” Sua voz falhou. “Eu… Eu não quero deixá-lo partir.” Confessou sem saber o porquê. “Mas eu não sei o que fazer com uma criança.”

“A maioria das pessoas não sabe, eu com certeza não sei…” Richard comentou. “Você está com medo de ter a criança?” Richard se sentou na cama. “Olha, você pode dizer o que quiser aqui dentro, ninguém vai saber.” O Culebra concluiu que era mais fácil dizer algumas coisas a um estranho que a pessoas próximas.

“A vida toda eu fui um monstro, o que monstros sabem sobre crianças além de como apavorá-las? Vai ser só mais uma fraqueza para meus inimigos explorarem.” Klaus olhava compenetrado para a seringa em suas mãos. “Elijah costuma dizer que família é poder, eu não acredito nesse tipo de poder. O verdadeiro poder vem da força, do medo, não de sentimentos que nos tornam escravos, como o amor.” Se inclinou com os braços apoiados nos joelhos.

“Eu não sei nada sobre amor, Klaus, não sei te afirmar se é uma força motriz ou uma força paralisante, ninguém nunca me amou, além de Seth, e eu nunca amei ninguém também.”

“Isso é ridículo, eu deveria apenas acabar logo com isso e não ficar discutindo opções insanas.” Resmungou. “O destino realmente achou uma boa ideia colocar uma criança em nossas vidas?”

“Acho que você não deveria falar como se o azar fosse nosso, essa criança é inocente, diferente de nós. Se alguém foi azarado nessa história foi ele.” Richard zombou. “Ele merece ser criado por pais melhores, que ao menos saibam o que essa palavra significa. Você não acha?” A pergunta foi respondida por um rosnado involuntário que escapou do fundo da garganta do híbrido. Klaus não pode evitar se sentir enciumado com a possibilidade de outra pessoa criar seu filho.

“Eu não vou ser um bom pai, eu já tentei uma vez e obviamente não deu certo.”

“Tem certeza?” Richard perguntou. “Eu observei você antes do ritual, o vampiro de Nova Orleans foi o motivo que te fez aceitar a união e as regras que você desaprovava. Eu não sei, Klaus, não tenho muita experiência com isso, mas deve ser algo que um bom pai faria.” Faria tentou animá-lo, Richard pensou que não deveria ser bom para um homem grávido ficar sob muito estresse.

“Está tentando me convencer de ter essa criança?”

“Não, só estou dizendo que talvez você não seja tão ruim para ele quanto acha, se você tem medo de ser tão ruim, vai trabalhar duro pra tentar ser melhor a cada dia…” Richard deu de ombros. “Seu pai foi ruim, pelo que eu entendi das palavras do seu irmão.”

“E segundo ele, eu serei pior…” Klaus voltou a olhar para a seringa. “Ele deve ter razão.”

“Ele estava tentando te convencer a não desistir do menino, acho que ele gosta da ideia de ser tio, então apelou para seu medo.”

“E você está tentando me convencer fazendo o mesmo, mas de forma reversa.” Klaus arqueou a sobrancelha.

“Eu? Não, eu seria um péssimo pai. Conexões humanas sempre foram difíceis pra mim, acho que é o motivo de eu ter sobrevivido no inferno por tanto tempo. Não dá pra sofrer com a solidão quando não se está conectado a ninguém.” Richard sorriu. “Agora estou ligado a você e a ele.”

“Mesmo que eu desista de me livrar dele. Eu não sei o que fazer com uma criança.” Confessou.

“Você aprende rápido e você tem uma grande rede de apoio. Seus irmãos estão loucos pra brincar de babá.”

“As bruxas querem matá-lo, alegam que ele será o fim delas, o que sinceramente aumenta minha afeição por essa criança.” Klaus desviou os olhos da seringa para a barriga.

“Diga a seu irmão que me traga uma bruxa e eu tiro dela toda a informação que precisamos pra transformar o coven delas em cinzas.” Os olhos de serpente brilharam em flash rápido. “Nós salvamos a vidinha sem sentido delas, podemos tirar. Matamos todas elas.” Klaus levantou o canto dos lábios em um pequeno sorriso.

“Confesso que gostaria muito de matar umas bruxas. Talvez eu faça isso quando sair desse covil.” Suspirou. “Eu não sei que decisão tomar.”

“Você já tomou a decisão, Klaus, no momento em que você saiu daquele quarto e veio aqui segurando o veneno ao invés de injetar em si mesmo. Você decidiu que nosso filho merece viver, muito mais que você ou eu.” Klaus apertou os lábios e Richard encarou seus olhos. “Então, o que fazemos agora?”

“Vamos falar com a sua bruxa, eu passei dois meses em agonia com uma fome profunda me atormentando, me enlouquecendo. Eu estou melhor e acredito que foi depois de beber seu sangue.” Richard balançou a cabeça, concordando. “Precisamos de um plano e se eu tiver que ficar aqui por enquanto, regras.”

“Tudo bem, faz sentido, temos que descobrir o que fazer para manter o menino seguro.” Klaus deixou a seringa de lado e se virou para o Culebra. Richard estava usando calça de alfaiataria e uma camiseta cinza, os cabelos curtos estavam bagunçados e seus óculos na mesa de cabeceira. Se aproximou de seu rosto e encarou os olhos azuis metálicos.

“Você vai esquecer tudo o que conversamos, exceto a decisão de manter a criança e falar com Nahualli e Freya. Entendeu?” Richard manteve o rosto sério e decidiu que, se isso faria o outro mais calmo, fingiria esquecer.

“Você vai manter a criança e nós vamos falar com Nahualli e Freya.” Repetiu para reforçar seu pequeno teatro, ele não contaria ao outro que sua hipnose não funcionava com ele.

Richard se levantou da cama e calçou os sapatos, se espreguiçou com um leve sorriso feliz e temeroso ao mesmo tempo. Caminhou até a porta e antes que pudesse abrir Klaus agarrou seu braço.

“Onde você está indo?” Perguntou estreitando os olhos.

“Nós não temos que falar com as bruxas e contar aos outros sobre o novo membro da família?” Perguntou confuso.

“Você não vai sair vestido assim…” Klaus olhou para a camiseta desenhando os contornos dos músculos do Culebra. “Onde está sua fantasia de banqueiro?”

“Mas…”

“Eu vou na frente, coloque uma roupa decente, você é o Lorde, não deve ser visto… assim.” Richard piscou algumas vezes e se afastou da porta.

“Tudo bem, estarei lá em um minuto.”

O Gecko suspirou vencido, não iria discutir com um homem grávido, ele não sabia se o bebê poderia ser prejudicado. Assim que Klaus saiu, Richard pegou a seringa sobre a cama. Franziu o cenho ao perceber que não era a textura não era viscosa como a de um veneno de serpente, despejou algumas gotas na mão e lambeu.

“Sua cobra velha ardilosa.” Comentou sorrindo ao notar o sabor fraco e agridoce de soro fisiológico.

Klaus entrou no bar fechado com uma postura triunfante e silenciosa, seus irmãos, Seth e Nahualli permaneceram olhando para ele com expectativa. A tensão do suspense foi se tornando cada vez mais palpável por causa do silêncio do híbrido.

“Eu decidi que manterei a criança!” Klaus proclamou como se suas palavras fossem uma declaração oficial.

“Desistiu do seu reinado imaginário pela criança?” Kol não pretendia soar tão irônico, mas aquela decisão parecia boa demais para que ele acreditasse tão rápido.

“Claro que não, mas todo o rei precisa de um herdeiro.” Klaus respondeu ignorando o tom do irmão. “A questão agora é que nós precisamos saber como isso funciona e se eu vou me transformar em um estripador novamente até essa criança nascer… O básico!” Olhou para a bruxa mexicana.

Richard entrou usando um terno com a camisa sem gravata e seus óculos de costume, e se sentou ao lado do irmão.

“O que Klaus quer saber é se essa gestação mágica vem com manual de instruções.” Richard olhou para Nahualli.

“Vocês são amiguinhos desde quando?” Seth perguntou estranhando.

“De forma alguma, meu caro, nós só estamos em comum acordo quanto a existência dessa criança, quando isso for resolvido, talvez eu permita que ele visite o menino de vez em quando.” Richard revirou os olhos.

“Hum…” Nahualli apertou os lábios em um sorriso de quem escondia um universo inteiro de segredos.

“Eu fico feliz com sua decisão, Niklaus, seu filho será uma criança maravilhosa e feliz, eu prometo.” Elijah garantiu.

“Eu conto com você, Elijah, para me ajudar a proteger a inocência dessa criança o máximo de tempo que pudermos.” Klaus sorriu. “Com todos vocês.” Olhou para Freya e Kol.

“O que você precisa saber é que esse menino é uma dádiva, a magia que ele carrega é muito poderosa e é por isso que suas bruxas estão alvoroçadas, enquanto estiver dentro dessas paredes, elas não vão alcançá-lo.”

“Nós podemos cuidar dessas malditas bruxas, eu mesmo queimo elas no meio do Quartel francês e quanto ao problema com a fome?” Kol interviu.

“Essa criança foi feita durante o ritual de união, ele recebe o sangue do Klaus por estar dentro dele, mas não é o suficiente, para se fortalecer ele precisa do sangue da Serpente e do Lobo.” A bruxa explicou.

“Espera… O que?”

“Ele absorve o sangue do seu corpo. Para nutrir o seu corpo, você pode se alimentar normalmente, mas para nutrir a criança, você precisa se alimentar do Lorde. Não apenas o sangue, precisa do veneno também.” A bruxa continuou.

“Está me dizendo que para manter meu filho vivo e não virar um estripador louco eu vou precisar conviver com esse carma durante todo o tempo que essa gestação durar?” Perguntou horrorizado com a nova informação.

“Na verdade, o certo é que vocês repitam parte do ritual com frequência, assim a magia do sangue fortalece a magia da criança.” Klaus odiou o sorriso no rosto da mulher.

“Que parte do ritual?” Richard perguntou mesmo que já soubesse a resposta.

“Acho que ela está falando da consumação, Nik…” Kol concluiu. “Fortalece o laço de criação e união.”

“Isso é um absurdo, você só pode estar curtindo com a minha cara. Tenho que ficar aqui e ainda fazer sexo com ele?” Apontou para Richard.

“Ah, qual é, Nik? Tenho certeza que não é esse sacrifício todo que você faz parecer.” Kol zombou recebendo um rosnado como resposta.

“Espera aí, essa alimentação é de quanto em quanto tempo?” Seth perguntou olhando para o irmão.

“Regularmente, talvez um dia sim e outro não.” Nahualli respondeu. Seth não gostou muito da ideia do seu irmão se tornar bolsa de sangue do outro. “Eu sugiro que o Lorde aumente a frequência da própria alimentação.”

“Se é pelo bem do bebê…” Seth olhou para Klaus. “Se Richard precisa se alimentar mais, vou falar com Ranger Gonzales.”

“E o que o Ranger Gonzales tem a ver com a alimentação do Richard?” Klaus estreitou os olhos.

“Ele é nosso fornecedor.” Richard respondeu antes que Seth o fizesse.

“Hum… Já que estão todos aqui, é bom esclarecer alguns pontos para que ninguém tenha ideia errada…” Klaus falou. “Nós não somos um casal, eu vou ocupar um quarto temporariamente aqui, Richard vai continuar dormindo em outro e quanto ao ritual, as regras não mudaram. Quando a criança nascer, nós voltaremos para Nova Orleans, com o meu filho.”

“Vai querer pensão também?” Seth zombou. “Esse filho você não fez com o dedo, ele também é um Gecko, então não venha querer uivar por aqui!”

“Seth depois nós vemos isso…” Richard interrompeu a discussão antes de começar. “Ligue para o Gonzales, peça para Enrique para arrumar alguns quartos para os nossos… Convidados.”

“Convidados? Certo!” Seth olhou para os Mikaelson. “E você, cobra velha, vai ficar também?”

“Pelos deuses do Xibalba, de jeito nenhum.” Nahualli fez uma careta. “Ele é muito trabalho.”

Quando todos se dispersaram, Klaus ficou encostado no balcão ao lado de Elijah, observando Richard conversar com Enrique e alguns culebras do outro lado do bar.

“Fico feliz que você tenha decidido manter o bebê e esteja começando a se dar bem com Richard…” Elijah comentou. “Pode ser um novo começo para você e para todos nós.”

“Não seja ingênuo, Elijah…” Klaus pegou uma garrafa de whisky. “Quando esse bebê nascer, eu não vou precisar mais dele…” Abriu a garrafa e despejou o líquido no copo. “E eu vou matá-lo.”

Chapter 17: STORM OF STRESS

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Boa leitura!

Um mês se passou desde que os Mikaelsons se instalaram na residência dos Geckos e nada parecia ter mudado na relação entre Klaus e Richard. O híbrido passava a maior parte do tempo com Freya e Elijah, ou no telefone em intermináveis discussões com Marcel sobre Davina e seu controle sobre as bruxas do Quartel francês. Ele procurava manter o máximo de distância de Richard, o procurando apenas para alimentação e uma vez por semana para refazer parte do ritual, sempre seguindo os termos e exigências do Mikaelson.
Richard também não fazia questão da presença do híbrido em sua rotina, já que o homem estava sempre entediado ou irritado. Durante todo o mês em que estiveram lá, o casal não trocou mais que algumas palavras. Richard passava a maior parte do tempo no escritório, cuidando dos negócios, ou com Seth. Klaus não demonstrou nenhum interesse nas atividades dos irmãos, ao contrário de Kol que adorava andar com os Geckos, principalmente com o Gecko mais velho, e até os acompanhava em suas diligências, às vezes.
Klaus fazia questão de demonstrar a cada minuto o quanto odiava aquele lugar e aquelas pessoas. Mas apesar da insistência em deixar claro o quanto a presença de Richard o incomodava, Klaus também fazia questão de marcar seu território a cada vez que o Culebra parecia muito à vontade com qualquer pessoa, inclusive com seus irmãos. Sempre que Klaus interferia em alguma conversa Richard respirava profundamente e mantinha a calma porque ele pensava sobre os problemas que o estresse pode causar aos bebês.
Aquele dia não era diferente e Elijah apenas observava atentamente o irmão, enquanto ele, literalmente, caçava Richard por todos os lugares toda vez que passava muito tempo sem que o outro aparecesse. Mesmo alegando odiá-lo, o híbrido queria manter o marido sob suas vistas e sempre que era questionado sobre o motivo da procura, Klaus alegava que precisava se alimentar.
“Eu não me importo com isso, Marcel…” Klaus resmungava ao telefone. “Diga a sua bruxa que eu exijo saber quem espalhou esse boato sobre meu filho…” Agarrou o braço de uma mulher que passava por ele. “Onde está seu Lorde idiota?” A mulher se encolheu e apenas apontou para o corredor. “Eu estou bem, Marcel… Sim, sim, diga a Rebekah que está tudo bem com a criança…” Falava enquanto andava pelo corredor até os quartos. “Certo, nos falamos mais tarde.” Klaus desligou o celular ao parar na frente da porta do quarto do Richard. Segurou a maçaneta para abrir a porta, mas parou ao ouvir vozes vindo de dentro do quarto.
“Kol, dá pra segurar essa cabeceira com um pouco mais de firmeza…” Klaus inclinou a cabeça mais perto da porta ao ouvir a voz de Richard. “Não vou conseguir encaixar isso direito se você não segurar firme.”
“Encaixar? Richie, essa coisa é grande demais, não vai caber!” O híbrido estreitou os olhos com a afirmação de seu irmão caçula.
“Não seja um bebê chorão e segura essa merda…” Richard reclamou. “Eu vou colocar e empurrar de uma vez só…” Klaus rosnou quando seu interior se contorceu de raiva.
“Aiii, que droga Richie, isso doeu!” Kol choramingou.
“Você é um vampiro, pare de ser idiota!” Klaus empurrou a porta e agarrou o irmão caçula pela garganta prendendo-o contra a parede. “Klaus?” Richard encarou a cena segurando o pedaço de madeira quebrado.
“Ni… Nik?” Kol gaguejou tentando se desvencilhar do aperto.
“O que você pensa que está fazendo aqui?” Klaus rosnou a pergunta.
“Klaus? Está tudo bem?” Richard tocou no ombro do híbrido que o acertou com uma cotovelada na virilha. “Que… droga!”
“Responda a pergunta Kol.” Klaus jogou o irmão contra a cômoda.
“O que foi?” Elijah entrou pela porta assim que ouviu o barulho de madeira se partindo.
“Eu não sei, nós estávamos montando o berço do bebê e Klaus entrou atacando o Kol…” Richard respondeu e Klaus se virou para ele só então vendo a estrutura de madeira maciça no chão. “Desculpe, eu não sabia que você ficaria chateado do Kol me ajudar a montar.” Richard pediu confuso.
“Você e Kol estão montando um berço?” Klaus olhou de um para o outro.
“Estávamos Nik, um berço que você acabou de quebrar.” Kol levantou esfregando a mão no pescoço. “Sabe quanto tempo nós ficamos no site de leilão para arrematar esse berço? Três dias.”
“Era pra ser uma surpresa, Kol disse que você iria querer um berço chique e bem…” Richard suspirou cansado. “Deixa pra lá. Você precisa se alimentar?”
“Eu? Não, eu só estava… hum… procurando o Kol…” Respondeu agarrando o irmão pelo braço. “E não precisa se preocupar com berços ou qualquer outra coisa para essa criança. Eu já falei que vamos embora assim que ela nascer.” Richard não se virou para olhar os dois saírem do quarto, nem percebeu a força com a qual apertou o pedaço de madeira em suas mãos que se partiu rasgando a pele.
“Me desculpe pelo comportamento de Niklaus…” Elijah pediu, vendo Richard pegar as partes quebradas do que deveria ter sido um berço e jogá-los de volta na caixa. “Eu sei que ele pode parecer demais às vezes…”
“Não precisa ficar justificando o comportamento do seu irmão a cada vez, Elijah. Só tentei fazer uma coisa que parecia legal, mas eu deveria ter pensado melhor. Eu ouvi um dos homens que trabalham no galpão falando que sua esposa estava tendo uma gestação difícil e não podia passar por estresse. Seu irmão está sempre irritado e pensei que pudesse ser ruim para ele e o bebê…” Explicou. “Deixa pra lá, ele não quer ficar aqui e nada do que eu faça vai amenizar sua raiva.” Elijah estava com pena do cunhado.
“Eu não tenho muito a dizer em defesa de meu irmão, Richard, Niklaus sempre teve esse lado selvagem e piora quando está preocupado e entediado. Ele não pode sair daqui agora por causa da ameaça e principalmente agora que sua barriga está começando a aparecer.” Richard não havia pensado nisso, também não havia percebido já que nunca viu o outro completamente sem roupas. “Ele costumava pintar para se distrair, é sua paixão desde criança, talvez se eu trouxer algum material ele possa se distrair.” Richard apenas balançou a cabeça.
“Talvez seja uma boa ideia.” Richard olhou para a caixa. “Vou pedir para alguém jogar isso no lixo.”

“Então, Nik, o que você precisa?” Kol perguntou quando pararam ao lado do balcão do bar.
“O que eu preciso?” Klaus se perguntou esquecendo da pequena mentira que contou para justificar a invasão.
“É Nik, o que eu fiz para você me atacar daquele jeito?” Kol estreitou os olhos.
“Eu… Preciso que você vá comprar algumas camisetas maiores.” Inventou. “E da próxima vez que você decidir fazer qualquer coisa no quarto, deixe a porta aberta, você sabe, para ninguém pensar bobagens.”
“Nós estávamos montando o berço do meu sobrinho porque alguém pen… Espera, o que você pensou que nós… Meu Deus, você estava com ciúmes?” Falou alto demais. “Pensou que eu estava trepando com seu marido? Nik, que mente suja!”
“Cala a boca, Kol, eu não estava com ciúmes de ninguém, eu nunca teria ciumes daquele idiota, se quer tanto pode ficar.” Rosnou, mesmo estando confuso com sua própria atitude, ele não poderia estar com ciúmes de um marido de mentirinha com quem não trocou mais que algumas palavras.
“Bem, vou manter isso em mente caso meus planos de ser seu cunhado não dê em nada.” Falou e Klaus rosnou.

Klaus não procurou por Richard durante três dias inteiros depois das palavras de Kol, apesar da ausência constante do outro o deixar ainda mais irritado. Richard também passou os últimos três dias ocupado com algum projeto que o híbrido considerava estupido.
“Você parece mais irritadiço que de costume, irmão, algum problema?” Elijah perguntou preocupado.
“Por que eu estaria irritado? Ah, deixa eu ver, será porque eu estou com uma criança dentro de mim? Ou porque eu tenho que ficar nesse bar estupido, vivendo no subterrâneo como um rato?” Klaus tamborilou os dedos na mesa. “E eu ainda preciso me alimentar hoje.”
“Senhor Mikaelson…” Uma jovem se aproximou temerosa, ambos os originais se voltaram para ela. “O Lorde pediu para vê-lo.”
“O que seu Lorde idiota quer agora?” Klaus perguntou e a garota arregalou os olhos.
“Eu… Hum, é o senhor Elijah, não o senhor.” A garota se encolheu quando Klaus rosnou e olhou para o irmão.
“E que assunto Richard poderia ter com você?” Elijah se levantou.
“Não se preocupe, Niklaus, ele deve estar querendo atualizações sobre a questão com as bruxas.” Tentou apaziguar.
“Ele deveria perguntar para mim.” Klaus estreitou os olhos.
“Tenho certeza que ele perguntaria se você falasse com ele, Niklaus, mas você insiste em ignorá-lo.” Elijah comentou seguindo a mulher sob os olhos venenosos do irmão.
“E você insiste em me dizer como devo conduzir o meu casamento.” Klaus virou as costas para esconder o rosto irritado. “Essa serpente sonsa está se enroscando em todos da minha família.”

Elijah subia as escadas atrás da jovem, Richard o esperava na frente da porta de madeira.
“Está tudo bem, Richard?”
“Quero que avalie uma coisa…” Richard girou a chave e abriu a porta. “Foi o melhor que eu consegui fazer em três dias.” Elijah entrou no cômodo, impressionado. “As paredes têm os mesmos símbolos de proteção do meu antigo quarto, então mesmo que seja um sótão, Klaus vai estar protegido aqui.”
“Eu não vejo nada.” Elijah olhou para as paredes brancas.
“Eu os cobri com tinta, eu sei que ele não se sente bem aqui então Freya me ajudou na decoração para ficar mais parecido com a sua casa em Nova Orleans e alguns feitiços de proteção do lado de fora.” Richard explicou parado do lado de fora.
“Fez tudo isso por Niklaus?” Elijah olhou ao redor.
“Tecnicamente, seu irmão estava enlouquecendo todo mundo por aqui, então, acho que fiz por eles também.” Deu de ombros. “E quem sou eu pra julgar? Todos dizem que eu sou louco. Eu te chamei aqui para te entregar isso.” Colocou a chave nas mãos de Elijah.
“Você deveria mostrar para ele.” Elijah sugeriu.
“Esse é um lugar para ele esquecer das coisas, não é? É melhor eu ficar longe.” Richard sorriu. “Será o seu lugar seguro.”
“Você é um bom homem, Richard Gecko.” Elijah apertou a chave.
“Não, eu não sou…” Richard respondeu. “Eu vou descer, Ranger Gonzalez vai chegar daqui a pouco.”

Não demorou muito para que Klaus aparecesse por conta própria, Elijah nem se deu ao trabalho de chamá-lo porque a curiosidade sobre o que Richard e seu irmão estavam conspirando nas suas costas o levaria até aquela porta.
“Você demorou.” Elijah comentou quando Klaus abriu a porta de supetão.
“Estava me esperando, irmão?” Klaus passou os olhos pela sala sem prestar atenção, enquanto Elijah olhava pela janela.
“Ele não está aqui. E sim, eu estava te esperando.” Elijah se aproximou. “Entre.” O híbrido estreitou os olhos. “Esse lugar é pra você.” Klaus se virou para a sala ampla e seus olhos se iluminaram.
O lugar tinha janelas que mantinham a sala bem iluminada com a luz natural, mas com cortinas pesadas que bloqueavam a luz por completo se fechadas. Tapetes macios cobriam o assoalho. Ele pode sentir o cheiro fraco de tinta nova exalando, as paredes eram claras e algumas escondidas atrás de estantes de madeira repletas de livros. Klaus se aproximou para ver os títulos, seus autores favoritos estavam lá, perto dos livros havia uma poltrona de couro, reclinável e uma mesinha.
Klaus se adiantou para o outro lado onde havia um sofá confortável e uma bancada com todos os tipos e cores de tintas, pinceis, lápis e cadernos de desenho de sua marca preferida. Encostados na parede estava uma enorme variedade de telas de diferentes tamanhos e formatos, e também cavaletes. Em uma mesa, entre as janelas, estava uma vitrola antiga e vários discos de vinil de músicas que Klaus gostava e um piano ao fundo.
“Embaixo da pintura nas paredes tem símbolos mágicos e do lado de fora Freya colocou um feitiço de proteção, além disso, os vidros são espelhados e a prova de balas…” Elijah explicou. “Você estará seguro aqui e pode fazer o que ama sem se preocupar ou ser incomodado.” Klaus olhou para algumas fotos de família emoldurados nas paredes.
“Você fez isso pra mim?” Klaus olhou para o irmão com gratidão.
“Eu não fiz nada, Richard fez…” Klaus enrugou a testa. “Ele fez tudo isso em três dias e me chamou apenas para perguntar se você poderia gostar.”
“Richard fez isso?” Perguntou incrédulo.
“Ele disse que tem notado o quão estressado você estava e achou que você gostaria de praticar seus hobbies.”
“E porque ele não me mostrou pessoalmente?” Klaus não tinha certeza que acreditava no irmão.
“Ele disse que esse é seu lugar seguro, um lugar só seu, onde apenas quem você ama tem autorização para entrar e isso exclui sua presença.” Elijah observou a expressão no rosto de Klaus, seu irmão abriu e fechou a boca várias vezes como um peixe. “Devo dizer a ele que você está satisfeito com o espaço?” Klaus permaneceu em silêncio observando o estúdio, por um instante ele se viu ensinando seu filho a pintar, naquela sala.
“Pode deixar que eu mesmo direi a ele.” Falou de repente. “De onde vieram essas fotos?”
“Rebekah enviou cópias para Richard por e-mail.” Elijah respondeu. “Sabe, você poderia ser feliz com ele, se você desse uma chance a essa união.” Klaus não disse nada, apenas tocou a pequena elevação em seu abdômen enquanto encarava uma tela em branco.

Chapter 18: THE CLOSEST THING TO CRAZY

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Boa leitura!

Richard estava sentado na beirada da mesa olhando para um prisioneiro do Sistema correcional do Texas amarrado em uma cadeira. Ranger Gonzales não tinha problemas em se livrar dos presidiários que cometeram crimes hediondos, principalmente em sua cartilha, por isso ele tinha um bom acordo com os Gecko. Ele os fornecia como alimento para o Gecko mais novo não precisar se alimentar de inocentes.

“O que ele fez?” Seth perguntou ao Pacificador.

“Matou a esposa…” Respondeu retirando as luvas e segurando a garrafa de bebida oferecida por Seth. “Ia ser absolvido, pena que fugiu antes do veredito.”

“É uma pena, realmente, esse cara é bonitão, deve ter um monte de mulher a fim dele…” Seth comentou. “Tinha uns caras assim quando eu estava preso, matava mulher aqui fora e recebia um monte de cartinhas apaixonadas na cadeia.”

“Bem, tem gosto pra tudo, mas esse aqui não vai ter cartinhas, talvez umas velas.” Ranger Gonzales engoliu a cerveja. “Cadê o seu marido, Richard?”

“Hum?” Richard ergueu a cabeça, ele estava encarando sua presa.

“Aquele seu marido, cadê ele?” Repetiu.

“Não sei, por que?” Ajeitou os óculos.

“É só pra saber, ele está sempre rosnando pra mim.”

“Deve estar por aí assustando os funcionários.” Seth zombou. “Ou no quartinho de desenho que o Richie arrumou pra ele.”

“Nós conseguimos resolver o outro assunto também, está no porão.” O Ranger falou. “Cara, eu nunca vou entender como você enfiou um bebê dentro de um homem.” Balançou a cabeça.

“É magia poderosa, eu não entendo muito bem, não foi planejado. E eu não sei onde ele está no momento, na verdade, eu nunca sei.” O prisioneiro tinha os olhos arregalados ouvindo a conversa. “Você tem certeza que ela está bem presa? Usou as algemas que a Freya deu?”

“Sim, Richard, acha que somos amadores?” Gonzalez o olhou irritado.

“Não foi o que eu disse, foi?” O culebra perguntou voltando sua atenção ao prisioneiro. “Só queria garantir, as bruxas costumam ser muito perigosas e traiçoeiras.”

“Você está entendendo muito de bruxas ultimamente, está aprendendo com o Klaus?” Seth brincou sabendo que Richard conversava muito com Freya e Kol, antes que o irmão pudesse responder a porta rangeu se abrindo.

“É só falar no demônio e etcetera, e etcetera…” Klaus apareceu na porta com um sorriso suspeito. “Agora, eu preciso ter uma conversa com o meu…” Encarou Ranger Gonzales. “Marido… Saiam!” Seth revira os olhos e acena com a cabeça para saírem.

“Bom ver você também, Klaus.”

“Gonzales…” O Pacificador parou na porta quando Richard chamou. “Obrigado.” Gonzales acenou com a aba do chapéu dispensando um último olhar para Klaus.

“Eu não sei porque, mas acho que eles não gostam muito de receber ordens minhas.” Klaus comentou se jogando no sofá.

“Quer ouvir um segredo?” Richard perguntou arqueando as sobrancelhas. “Ninguém gosta.”

“Ah, que é isso, eu sou um fofo.” Zombou. “O que está fazendo? Quem é ele?” Encarou o homem de uniforme laranja amarrado à cadeira.

“Ele? Hum…” Abriu a pasta que Gonzales havia deixado na mesa. “É o Drake… Drake esse é meu marido, Klaus.” O homem resmungou sob a fita adesiva na boca. “É alguma coisa urgente? Meu almoço e eu estávamos tendo uma conversinha.”

“Vá em frente…” Klaus deu de ombros. “Não é como se eu tivesse muito o que fazer por aqui.” Richard pegou a ficha do prisioneiro e se encostou na mesa.

“Então, Drake, diz aqui que você matou sua esposa…” O homem começou a negar desesperadamente com a cabeça. “Isso explica porque Gonzalez o escolheu, ele é bem apegado à família, gente que mata a família está no topo da lista dele, só abaixo dos pedófilos e estupradores.”

Klaus decidiu que aquela era uma oportunidade perfeita para observar Richard, já que eles não tinham muito contato além do que o híbrido considerava necessário. O homem usava terno como de costume e seus óculos desnecessários, ele empurrou os óculos pelo nariz enquanto lia a ficha com atenção e depois a colocou de volta na mesa.

“Eu vou tirar a fita da sua boca, mas não grite, primeiro, porque ninguém vai te ajudar, e segundo, seus gritos poderiam estressar meu marido que não pode ficar estressado.” Klaus não disse nada sobre a sua menção. “Acredite, isso é uma coisa que você não vai querer ver. Entendeu?” O homem balançou freneticamente a cabeça e Richard retirou a fita.

“Por favor, eu não sei o que está acontecendo aqui, mas eu sou inocente… Eu juro… por favor.” O prisioneiro implorava.

“Shiiiii…” Richard fez sinal para o outro se calar. “Ele é inocente, acredita nisso?” Perguntou para Klaus.

“Eu não sei, ele tem um timbre de assassino.” Klaus entrou na brincadeira.

“Não… por favor… Eu sou inocente…”

“Me diga, Drake, você tem alguma habilidade especial?” Richard perguntou.

“O que?”

“Habilidade especial, algum talento, algo em que você seja realmente bom… Você tem?” Tornou a perguntar.

“Eu… Eu…” O homem se atrapalhou.

“Gaguejou como um completo inútil.” Klaus riu.

“Meu marido acha que você é um completo inútil, você é um completo inútil, Drake?”

“Eu sei fazer truques de mágica.” Respondeu rápido.

“Truques de mágica? Você gosta de truques de mágica, Klaus? Parece legal?” Richard se virou para o híbrido.

“Eu tenho bruxas que fazem mágica de verdade na família, mas o bebê pode gostar.” Ajeitou a almofada nos braços e Richard sorriu.

“Verdade, crianças gostam de truques de mágica.” Concordou.

“Sim, sim, eu posso fazer mágica pra crianças.” O prisioneiro garantiu.

“Eu não preciso de você para isso.” Richard se inclinou perto do rosto do homem e Klaus se sentiu incomodado.

“Você é louco?” Drake perguntou assustado com a proximidade.

“Um pouquinho…” Abriu a boca e as presas de serpente se projetaram, Richard mordeu o pescoço do homem e começou a sugar o sangue.

Klaus observou a cena com uma estranha inquietação, não importava o quanto tentasse esconder e soubesse que aquele rapaz não sobreviveria, a expressão de prazer no rosto do Culebra o deixou incomodado e uma voz no fundo de sua mente dizia que não era certo que Richard mostrasse aquele rosto para qualquer um que não fosse ele, com qualquer um que não fosse por ele. Apertou os lábios quando Richard ergueu a cabeça soltando um suspiro e lambendo os lábios manchados de vermelho enquanto o corpo de Drake escorregou para o lado e seu peso derrubou a cadeira.

“Você sempre faz isso?” Klaus perguntou.

“Isso o que?” Richard foi até atrás da mesa, pegou uma garrafa de whisky e abriu.

“Esse teatrinho ridículo com essas criaturas insignificantes.” Apontou para o cadáver, Richard bebeu meia garrafa de whisky antes de responder.

“Não é um teatro, eu apenas gosto de conversar e saber que tipo de utilidade eles podem ter.” Deu de ombros. “Aceita? Sei que a bebida não é absorvida pelo bebê.” Ofereceu a garrafa que Klaus aceitou, quando seus lábios tocaram a boca da garrafa ele pode sentir o gosto metálico de sangue misturado com o whisky e pensou que a boca do outro teria aquele sabor.

“Você não pode se alimentar de bolsas de sangue?”

“Eu nunca fui fã de comida requentada…” Piscou pegando a garrafa de volta. “Você acha que nosso filho será um bruxo?”

“Acho que sim.” Klaus respondeu. “Por que a pergunta?”

“Pensei que seria legal começar a compilar conhecimentos mágicos em grimórios para que ele possa usar no futuro. O que acha?”

“Eu acho que você anda pensando muito nisso.” Richard suspirou. “Mas não é uma ideia ruim.”

“Então, você não veio aqui apenas para assistir meu almoço. Precisa se alimentar?” O culebra voltou a se encostar na mesa.

“Eu pareço estar morrendo de fome? Toda vez que eu te vejo você me pergunta se eu preciso me alimentar.” Klaus resmungou.

“Eu não lembro de nenhum momento em que você tenha me procurado para outra coisa.”

“Bem, registre esse então, eu estou aqui para te agradecer.” Klaus abriu os braços e Richard arqueou as sobrancelhas. “Eu não sou ingrato, você arrumou um lugar para que eu pudesse me distrair fazendo algo que eu gosto. Você não precisava ter feito e ainda assim, você fez. Obrigado!”

“Não foi nada demais, Elijah comentou que você gosta de pintar, pensei que seria legal.” Richard sorriu. “E já que você gostou do presente… Tenho algo que você vai gostar bem mais.”

“Eu devo me preocupar com você me presenteando mesmo sabendo que eu não te suporto?” Klaus estreitou os olhos. “Se sua intenção é conquistar meu coração, aviso que não vai funcionar.”

“Isso é óbvio pra eu conquistar seu coração você teria que ter um, o que, pelo que eu soube, você não tem…” Richard respondeu. “E não se preocupe, eu só estou tentando uma política de boa vizinhança, já que o único motivo de tolerarmos um ao outro está dentro de você.”

“Que bom, eu não gostaria que você tivesse ideias erradas.” Klaus respondeu fingindo que não se importou com a afirmação.

“Eu não tenho, afinal, por mais que eu ache você um homem muito bonito. Você não faz o meu tipo.” Richard respondeu, ele também estava cansado do desdém do híbrido. “Siga-me.”

“E que tipo seria esse? Pelo seu histórico, duvido que você esteja podendo escolher.” Klaus resmungou atrás do outro.

“Do tipo que você não é!” Falou entrando em um corredor estreito que descia em degraus largos. “É por aqui.”

“Pois esqueça, eu sou seu marido agora, o único tipo que você vai ter, não esqueça disso.” Klaus zombou.

“Devia falar mais baixo, não quer que alguém escute essa afirmação…” Richard retrucou. “Mas eu estive pensando, talvez quando o bebê nascer haja uma maneira de nos desvincular. Ou eu posso me matar e me livrar de você.”

“Isso seria excelente… Poderia fazer isso agora mesmo.” Rosnou.

“Chegamos…” Richard segurou a maçaneta. “Antes de entrarmos, você pode se divertir o quanto quiser, mas não mate, preciso dos conhecimentos dela pra começar os grimórios do nosso bruxinho e também preciso saber quais são os planos das bruxas.”

“Ela quem?” Klaus perguntou e Richard abriu a porta.

“Ela.” Klaus arregalou os olhos ao ver a mulher presa a correntes. Seus cabelos ruivos úmidos grudados na pele, a vermelhidão ao redor dos olhos inchados e confusos denunciavam seu medo.

“Genevieve? Por que ela está aqui?”

“Ela é uma das bruxas que conspiram contra nosso filho.” Os olhos azuis metálicos estavam escuros e a voz cortante. “Ela é toda sua, só não mate.” Richard se sentou na cadeira perto da porta e acendeu um cigarro.

“Klaus?” Genevieve chacoalhou os braços tentando se desvencilhar das correntes. “Klaus, me desculpe.”

“Desculpar? Você quer que eu te desculpe por atentar contra meu filho?” Klaus rosnou. “Meu filho inocente.”

“Nós precisamos fazer isso, Klaus, você não entende, essa criança será o fim de todos nós, será a morte das bruxas.”

“Pois deixa eu te contar um segredinho, minha querida, todas vocês vão morrer com ele ou sem ele, porque eu vou caçar todas vocês…” Grunhiu andando ao redor dela. “Uma a uma, dia após dia, até não restar mais nada.” Moveu o cabelo ruivo expondo o pescoço.

“Porque não usa isso?” Richard tragou o cigarro e apontou para a faca sobre a mesinha.

“Não…” Genevieve se remexeu nas correntes antimagia. “Klaus não.” Klaus rosnou e Genevieve gritou de dor, de seus olhos vertiam sangue.

“Eu nem toquei nela… Ainda.” Klaus franziu a testa.

“Sua raiva contra ela causou uma reação da magia dentro de você.” Richard sorriu olhando para a barriga do híbrido. “Fascinante.”

“Que faca é essa?” Klaus segurou a lâmina nas mãos. “Parece que é feita de ossos.”

“E é, estava com ela… pelo que eu vi foi feita por um tal Papa Tunde e causa um sofrimento terrível na vítima. Ela iria usar em você. Depois guarde em segurança, não queremos que volte em mãos erradas.” Richard explicou. “Não precisa se preocupar com informações, eu consigo depois, apenas divirta-se.”

“Hum…” Klaus olhou para a lâmina e depois para a própria barriga pensando no que aquela coisa poderia ter causado em seu filho. “Deixa eu ver como funciona.”

“Ela não vai ter o mesmo efeito em mim.” Genevieve falou. “Ela vai me matar.”

“Ah, mas você não pode morrer rápido, meu marido alí, vai ter essa honra e cada pequena magia, feitiço, encantamentos e qualquer conhecimento relevante que você tenha aprendido durante sua vida insignificante, vai ser entregue como tributo ao nosso filho.” Klaus sussurrou em seu ouvido enquanto passava a ponta da lâmina na extensão do braço da bruxa.

“Klaus, eu sinto muito… AAAAAAAHHH…”

Os gritos de Genevieve ecoaram pelo porão. Klaus a torturou e curou por horas, Richard apenas assistia com um leve sorriso no canto dos lábios. O híbrido fez questão de curá-la uma última vez, antes de entregá-la ao Culebra.

“Toda sua, amor.” Klaus apontou para a mulher ensanguentada, tão animado que não notou a palavra que usou. Richard se levantou indo na direção de ambos.

“Este não é o fim, Klaus.” A bruxa falou quando Richard tirou seus cabelos do pescoço. “Eles não vão parar. Enquanto essa criança viver, as bruxas de Nova Orleans nunca vão parar de vir. Esther nunca vai parar de perseguir vocês. Foi decretado. Seu bebê será consagrado entre seus ancestrais. Ele não nascerá e se nascer, não viverá!”

“Só tem uma pessoa nessa sala que não viverá…” Richard brilhou os olhos reptilianos e afundou as presas no pescoço de Genevieve sugando até a última gota de sangue e com ela morta arrancou seu coração inerte. “Você!” Richard sorriu com os dentes sujos de sangue e entregou o coração para Klaus que o mordeu sorrindo.

“Obrigado pelo presente…” Falou olhando para o cadáver. “Como conseguiram capturar Genevieve? Ela é muito poderosa.”

“Era… Quando uma pessoa é poderosa demais, está sempre esperando ataques igualmente poderosos. Nunca, um bom atirador com dardos de tranquilizante e algemas antimagia.” Richard deu de ombros.

“Inteligente…” Klaus elogiou. “Respondendo a sua pergunta, acho que preciso me alimentar, estou morrendo de fome.” Klaus lambeu os lábios e Richard voltou a se sentar na cadeira.

“Sirva-se…” Afrouxou o nó da gravata e inclinou a cabeça expondo o pescoço, Klaus foi até ele e se sentou em seu colo com as roupas sujas de sangue de bruxa e mordeu seu pescoço bebendo com deleite cada gota de sangue.

Chapter 19: FRIENDS WILL BE FRIENDS

Summary:

Olá, só para avisar que terão varias passagens de tempo ao longo dos capítulos.

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Boa leitura!

Não havia um consenso real entre os Mikaelsons, Seth e os seus aliados de que a recente decisão de Klaus sobre criar um laço de amizade com Richard era uma coisa boa ou ruim. Diferente dos Culebras que estavam bastante satisfeitos, já que, antes Klaus procurava manter distância de seu Lorde e constantemente os atormentava, agora quando o híbrido não estava em seu estúdio particular estava atormentando seu Lorde.

Os dias estavam passando mais calmos, e ao mesmo tempo, rápidos demais para que a passagem do tempo fosse notada e logo se tornaram semanas. A barriga de Klaus já estava aparente e bem delineada nas roupas, isso o fazia ficar mais tempo recluso e retraído. Elijah estava satisfeito com a relação que se construía entre Richard e Klaus, pois sabia que era o melhor para a criança ter seus pais unidos. Kol por sua vez estava cético sobre a repentina mudança de coração de seu irmão.

“Onde está o Nik?” Kol perguntou, uma desculpa para se aproximar de Seth que estava trabalhando na contabilidade do bar.

“Não está no quartinho de desenho dele?” Seth respondeu erguendo a sobrancelha. “Se não está lá, procure no quarto ou no escritório do Richard. Graças a Deus, eles são amiguinhos agora.”

“Amiguinhos, sei…” Kol resmungou baixinho chamando a atenção do Gecko.

“É impressão minha ou você não acredita nisso.” Seth abandonou a calculadora para prestar atenção no rosto do Original.

“Se quer minha opinião sincera…” Kol puxou a cadeira e se sentou. “Pela minha experiência, o Nik está atuando, ele está usando seu irmão para fazer o trabalho sujo para ele porque ele não quer aparecer com uma barriga de grávido diante dos inimigos. Seria humilhante, não acha?”

“Bem, eu não vou negar, essa aproximação repentina me deixou com a pulga atrás da orelha.”

“Nik vai dar um jeito de se livrar de vocês e do seu irmão assim que tiver uma chance, Seth, é da natureza dele não confiar em ninguém. Não é tudo culpa dele. Nosso pai não vai ganhar nenhum prêmio de pai do ano de nenhum dos filhos, mas Nik? Nosso pai destruiu a confiança dele em qualquer pessoa.” Kol confidenciou. “Nik também destruiu a possibilidade de podermos confiar nele.”

“Seu irmão é tão ruim assim?”

“Ele tinha umas adagas com as quais nos punia, ele nos deixava preso em caixões por décadas, até séculos. Finn ficou preso por novecentos anos e eu era como um brinquedo para ele, principalmente por que ele sabia da minha falta de controle, sempre que ficava chateado com seu irmão favorito ele me tirava do caixão, quando faziam as pazes, adivinha?” Kol deu um suspiro pesado. “É por isso que eu não posso confiar nele, é assim que ele age, finge que está tudo bem, que você é importante e depois te descarta quando cansou de brincar.”

“E você acha que ele fará o mesmo com Richard.” Seth concluiu.

“Talvez, acho meu irmão não vai confiar em ninguém para proteger essa criança, isso inclui seu irmão.” Kol lamentou.

“Sabe qual é o grande problema aqui, se fosse antes, eu ficaria em alerta porque, apesar de tudo, Richie era um pouco ingênuo, sempre teve muita dificuldade de se relacionar com as pessoas, mas agora, é como se ele vivesse no piloto automático, faz o que precisa fazer e não espera mais nada de ninguém…” Seth mordeu o interior da bochecha. “Nem de mim. Não espera que alguém se interesse por ele ou se importe com ele, por isso ele ignora as palavras duras de seu irmão. Richard aceita a distância, a proximidade, o interesse, ou desinteresse. Meu irmão não espera ser amado por Klaus, nem pelo bebê.”

“Você não acha que isso é um pouco triste?”

“Cada um se protege com o escudo que tem, Kol, seu irmão agride antes que seja agredido, traí antes de ser traído. Richard viveu oitocentos anos lutando sozinho no Xibalba, ele haje como se visse tudo e todos através de uma parede de vidro, como se estivesse assistindo a um filme e todos nós fossemos personagens que vivemos nossas histórias sem ele.” Kol tentou imaginar como seria ver as coisas daquela perspectiva, ele entendia como era sentir que não fazia parte de algo, mas ele desejava fazer parte e Richard apenas aceitava que não fazia parte. “Richie sempre foi diferente, eu não teria sobrevivido naquele lugar, não teria sobrevivido sem ele. Quando Richie foi transformado em culebra e me deixou, eu caí tão fundo que mal consegui me levantar. E quando levantei foi para ir atrás dele.” Seth riu sem humor.

“Eu não entendo esse tipo de fraternidade, meu irmão Elijah tem essa devoção por Nik, também, mas acho que é porque ele se culpa por não ter defendido Nik do nosso pai quando éramos crianças.” O vampiro confessou.

“Você não é o único com um pai de merda. Você sabe que éramos assaltantes de banco antes entrar para esse mundo doido de cobras vampiras, né?” Seth se inclinou para frente.

“Claro, emoldurei um cartaz de procurado com a foto de vocês.” Kol riu. “Celebridades, inclusive você me deve o autógrafo.”

“A gente era muito bom nisso… Mas tem um motivo pelo qual o Richie sempre foi tão bom em planejar os trabalhos e essas coisas pra gente, tá? Foram trinta e seis assaltos e ninguém conseguiu chegar perto da gente…” Seth contou orgulhoso, mas então seu olhar mudou. “É por causa do velho. Ele fazia o Richie pensar, sabe, se manter sempre alerta.” Kol prestou atenção. “No começo, a gente era bem novo, sabe, eram coisas bobas, tipo o Richie ajudando a gente a passar por ele enquanto ele dormia pra assistir desenho animado, essas coisas que criança normal faz.”

“E por que precisavam se esgueirar para isso?” Kol perguntou curioso.

“O velho costumava encher a cara e dava umas porradas na gente. Especialmente em mim. Não sei o que era, mas... sabe, o desgraçado tinha algo contra mim. Acho que eu deixava ele louco. O lance é que o Richie passava muito tempo, quando era criança, tentando manter esse cara longe de mim. E ele era muito, muito bom nisso, até o dia que não precisou mais.”

“O que aconteceu?”

“O velho dormiu no sofá com um maldito cigarro aceso na mão. O fogo queimou a casa toda, sabe? Eu estava dormindo no meu quarto, a fumaça me pegou, eu apaguei. O Richie me tirou de lá.” Seth deu um sorriso pequeno. “Eu sou o mais velho e Richard teve que sujar as mãos para me proteger.”

“Como assim, sujou as mãos? Ele te salvou de um incêndio.”

“Eu descobri há alguns anos que Richard provocou o incêndio usando fluido de isqueiro, meu irmão caçula matou nosso pai. Quando eu descobri fiquei com muita raiva do Richie, o velho podia ser um fodido de merda, mas não merecia morrer daquele jeito.” Seth olhou para o cigarro aceso entre os dedos. “Mas então, eu pensei, nós éramos crianças e também não merecíamos viver daquele jeito. Nós devíamos estar assistindo desenhos, jogando video game e não aprendendo a limpar e montar armas com um maldito revolver apontado para a cabeça. Devíamos ouvir histórias para dormir e não ouvir como nossa mãe era uma prostituta que não suportava olhar para os próprios filhos e foi embora.”

“Entendi, sinto muito por isso, você é meio parecido com o Elijah, ele é cheio de culpa por não ter protegido o Nik do nosso pai e você é cheio de culpa por ter sido protegido pelo irmão caçula.” Kol concluiu. “Não é culpa de nenhum dos dois.” Os dois ficaram quietos por um tempo. “Então, eu estava pensando, com toda essa experiência ruim dos nossos irmãos com os pais, o melhor seria se a gente ficasse com o Dante, sabe, você e eu.” Abaixou o tom de voz.

“Deixa eu ver se entendi, a solução que você encontrou para os traumas paternos de nossos irmãos é roubar o bebê deles? Você é maluco?” Seth franziu a testa.

“Ah, qual é? Nós…”

“NIKLAAAAAAAUUUUUSSSS!” O grito de Elijah ecoou pelo bar. “NIKLAAAAAAAUUUUUS!”

“Acho que alguém está com problemas.” Seth comentou quando Elijah entrou.

“Viu, é disso que eu estou falando.” Kol falou.

Richard ergueu os olhos do caderno quando a porta do escritório se abriu. Acompanhou em silêncio Klaus armando o cavalete, colocando uma grande tela em branco, o híbrido puxou a mesa de centro para mais perto e espalhou vários tubos de tinta e pinceis sobre ela.

“O que você está fazendo?” Perguntou parando de escrever.

“Eu preciso responder? Pensei que fosse óbvio.” Klaus falou se ajoelhando no chão e manipulando cores de tinta. “A decoração desse lugar é ridícula, esses quadros de cartazes de filmes que ninguém se lembra são horrorosos, parece a entrada de um cineminha bem fuleiro.”

“Veio aqui para criticar minha decoração?”

“Se isso pudesse ser chamado de decoração… Eu tive uma ideia para um quadro para decorar o escritório depois que eu me livrar dessas coisas, é claro.” Deu de ombros continuando a misturar as tintas.

“Eu acho que estou tendo terríveis problemas de memória porque eu me lembro de ter gasto uma boa grana em um estúdio pra você.” Comentou voltando a escrever enquanto o híbrido dava as primeiras pinceladas na tela.

“É verdade, mas eu preciso de inspiração.”

O cheiro de tinta preencheu o ar e durante um bom tempo um silêncio confortável se instalou entre eles. Klaus notou isso há algum tempo, havia uma familiaridade estranhamente confortável entre eles e o híbrido gostou da sensação de apenas estar ali fazendo o ama sem questionamentos ou julgamentos.

“O que você tanto escreve?” Perguntou limpando a tinta verde das mãos.

“É o grimório com os conhecimentos daquela última bruxa que matamos, como era mesmo o nome dela?”

“Aline, Alice, coisa parecida.” Klaus parou ao lado de Richard observando a página. “Você tem uma boa letra, bem legível, o que é bom para compreender os feitiços e evitar que nosso filho invoque alguma coisa estranha. Claro, se estiverem certos.”

“Estão certos, quando nosso filho tiver um nome, podemos personalizar as capas…” Richard respondeu. “Aliás, você já pensou em algum? Eu pensei em Philip, o que acha?”

“E eu posso saber em homenagem a quem você está pensando nesse nome?” Klaus estreitou os olhos.

“Philip Marlowe, personagem de À beira do abismo. Ou Harry de Perseguidor Implacável, ou…”

“Ah, pelo amor de Deus, meu filho não vai ter nome de personagens desses filmes de qualidade duvidosa que você assiste.” Protestou. “Ele terá nomes de pessoas grandiosas como Alexander, Cesar, Willem…”

“O que acha de Stefan? É o nome de um personagem de The black cat.”

“Stefan? Deus, não.” Klaus balançou a cabeça.

“Podemos chamá-lo de Richard, então…” Klaus colocou as mãos na cintura e o encarou como se ele tivesse dito a maior idiotice do universo. “Quer dar seu nome ao meu filho.”

“Nosso filho e foi você mesmo que disse que ele deveria ter nome de pessoa poderosa… Richard III da Inglaterra, Richard, the lionheart, Richard I, o destemido, da Normandia…” Richard defendeu.

“Se é assim, posso dar meu nome a ele.”

“Ah, para, seu nome nem existe de verdade.” Reclamou.

“Se quer saber, existe até um santo com meu nome, idiota!” Klaus trincou os dentes.

“Claro, você deve ter hipnotizado os pais da criança.” Richard deu de ombros. “Vamos pensar em algum nome legal, ainda faltam dezesseis semanas, quatro meses. Acho que ele vai ser bem pequeno, você não acha?” Comentou olhando para a barriga do híbrido. “Sua barriga parece pequena.” Klaus se encolheu. “Você já sente ele mexer?”

“Pare de olhar…” Se afastou, Klaus se sentia envergonhado de sua condição. “Eu… Não, ainda não.”

“Eu li que eles começam a mexer nesse período. Você vai me deixar sentir?” Klaus abriu a boca para responder e Richard notou sua indecisão. “Tudo bem, não precisa se preocupar. Seria estranho de qualquer forma.”

“É… Muito estranho… Eu vou voltar para a tela.” Virou as costas e ambos voltaram às suas atividades, assim que Klaus pegou o pincel ouviu os gritos de Elijah que apareceu na porta.

“NIKLAAAAUS!!”

“Grite mais alto, irmão, as bruxas daqui até o Japão ainda não conseguiram descobrir onde eu estou.” Klaus zombou.

“Como se você se importasse… Você é louco?” Elijah falou com tom de acusação.

“Você demorou mil anos para descobrir, Elijah, estou decepcionado.” Klaus deixou o pincel na mesa. “Poderia me esclarecer, o que o seu terrível irmão bastardo fez desta vez?”

“Houve um tempo que me sentiria mal por essas palavras, mas isso já passou…” Elijah falou um pouco mais alto.

“Não levante a voz para ele!” Richard se levantou batendo as mãos na mesa. “Você vai estressá-lo e o estresse não é bom para o bebê.”

“É, Elijah, o estresse não é bom para o bebê, pensei que soubesse disso já que está se colocando como um cavaleiro de armadura dourada para protegê-lo.” Klaus completou com um leve sorriso de satisfação.

“Não finja que não sabe do que estou falando, Niklaus. Como você pode deixar estacas com cabeça de bruxas empaladas por todo o cemitério Lafayette?” Elijah andava de um lado para o outro, irritado.

“Eu não faço ideia do que você está falando, Elijah, eu não fiz isso, mas gostaria de ter feito. Passa uma excelente mensagem.” Klaus sorriu tentando imaginar quem teria feito.

“Não é uma mensagem, Niklaus, o que você fez foi uma declaração de guerra.”

“Não foi ele…” Richard o defendeu. “Fui eu!”

“Você?” Klaus e Elijah perguntaram juntos.

“Fui eu, essas bruxas malditas disseram que pretendiam consagrar nosso filho naquele cemitério…” Richard apertou a mandíbula. “E você sabe muito bem o significado disso, eles querem matá-lo e usar seu poder. Então, tenho certeza de que meu marido concorda comigo quando eu digo que elas declararam guerra primeiro, nós só estamos respondendo!”

“Isso com certeza é uma declaração de guerra, uma guerra que eu vou comandar pessoalmente assim que essa criança nascer.” Klaus sorriu satisfeito.

“Elas podem revidar.” Elijah esfregou os dedos como de costume considerando as implicações daquelas palavras.

“E nós também…” Richard proclamou. “O que não vamos permitir é estas pessoas, ainda vivas, e no nosso caminho.”

“Eu sou capaz de entender.” Elijah falou e Richard segurou seu ombro.

“Você mais do que ninguém, Elijah, sabe que temos que fazer de tudo para proteger a família, não podemos nos dar ao luxo de ter misericórdia. Elas atentaram contra a nossa família, nossa criança, seu sobrinho, irmão.” Elijah ficou olhando para a tela pintada de verde musgo enquanto Klaus sorriu para Richard, sabendo que atingiu o ponto certo. “Eu não posso fazer nada ainda, irmão, mas não podemos deixar que elas pensem que estamos encurralados.”

“E o que vai acontecer se elas revidarem?” Elijah pergunta.

“Eu tenho um plano elaborado para mandar aquele cemitério inteiro e seus ossos consagrados pelos ares.” Richard sorriu. “Mas eu espero que não chegue a tanto, estou compelindo o conhecimento delas para nosso bebê.”

“Niklaus está há poucos meses do nascimento do menino, vamos manter o perfil baixo por enquanto, depois nos vingaremos das bruxas.” Elijah sugeriu. “Eu mesmo colocarei suas cabeças em estacas.”

“Bem, já que tudo foi esclarecido e você tem companhia, vou levar alguns papeis que Seth esqueceu.” Richard juntou algumas folhas no canto da mesa e saiu da sala.

“Sabe, estou gostando ainda mais do meu novo amigo.” Klaus comentou voltando a pegar o pincel.

“Com licença, só vou deixar isso na mesa.” Enrique avisou entrando na sala.

“Por que eu tenho a impressão de que meu trabalho, de repente, dobrou? Quando o destino apontou Richard como o seu verdadeiro par, ao invés de Kisa, eu pensei que ele seria um equilíbrio para sua selvageria, ele me pareceu inteligente e centrado…” Enrique soltou uma gargalhada.

“O Richard? Inteligente, com certeza, agora centrado? Desculpe atravessar a conversa, senhor Mikaelson senhor Gecko, mas o Richard é um porra louca do caralho. Seu cunhado é maluco e todo mundo aqui sabe disso, quem segura a coleira dele é o Seth.” Klaus riu da expressão de surpresa de Elijah. “Mas agora ele é casado.”

“Realmente muito equilibrado, irmão, talvez ele seja minha alma gêmea.” Klaus sorriu.

Boa leitura!

Não havia um consenso real entre os Mikaelsons, Seth e os seus aliados de que a recente decisão de Klaus sobre criar um laço de amizade com Richard era uma coisa boa ou ruim. Diferente dos Culebras que estavam bastante satisfeitos, já que, antes Klaus procurava manter distância de seu Lorde e constantemente os atormentava, agora quando o híbrido não estava em seu estúdio particular estava atormentando seu Lorde.

Os dias estavam passando mais calmos, e ao mesmo tempo, rápidos demais para que a passagem do tempo fosse notada e logo se tornaram semanas. A barriga de Klaus já estava aparente e bem delineada nas roupas, isso o fazia ficar mais tempo recluso e retraído. Elijah estava satisfeito com a relação que se construía entre Richard e Klaus, pois sabia que era o melhor para a criança ter seus pais unidos. Kol por sua vez estava cético sobre a repentina mudança de coração de seu irmão.

“Onde está o Nik?” Kol perguntou, uma desculpa para se aproximar de Seth que estava trabalhando na contabilidade do bar.

“Não está no quartinho de desenho dele?” Seth respondeu erguendo a sobrancelha. “Se não está lá, procure no quarto ou no escritório do Richard. Graças a Deus, eles são amiguinhos agora.”

“Amiguinhos, sei…” Kol resmungou baixinho chamando a atenção do Gecko.

“É impressão minha ou você não acredita nisso.” Seth abandonou a calculadora para prestar atenção no rosto do Original.

“Se quer minha opinião sincera…” Kol puxou a cadeira e se sentou. “Pela minha experiência, o Nik está atuando, ele está usando seu irmão para fazer o trabalho sujo para ele porque ele não quer aparecer com uma barriga de grávido diante dos inimigos. Seria humilhante, não acha?”

“Bem, eu não vou negar, essa aproximação repentina me deixou com a pulga atrás da orelha.”

“Nik vai dar um jeito de se livrar de vocês e do seu irmão assim que tiver uma chance, Seth, é da natureza dele não confiar em ninguém. Não é tudo culpa dele. Nosso pai não vai ganhar nenhum prêmio de pai do ano de nenhum dos filhos, mas Nik? Nosso pai destruiu a confiança dele em qualquer pessoa.” Kol confidenciou. “Nik também destruiu a possibilidade de podermos confiar nele.”

“Seu irmão é tão ruim assim?”

“Ele tinha umas adagas com as quais nos punia, ele nos deixava preso em caixões por décadas, até séculos. Finn ficou preso por novecentos anos e eu era como um brinquedo para ele, principalmente por que ele sabia da minha falta de controle, sempre que ficava chateado com seu irmão favorito ele me tirava do caixão, quando faziam as pazes, adivinha?” Kol deu um suspiro pesado. “É por isso que eu não posso confiar nele, é assim que ele age, finge que está tudo bem, que você é importante e depois te descarta quando cansou de brincar.”

“E você acha que ele fará o mesmo com Richard.” Seth concluiu.

“Talvez, acho meu irmão não vai confiar em ninguém para proteger essa criança, isso inclui seu irmão.” Kol lamentou.

“Sabe qual é o grande problema aqui, se fosse antes, eu ficaria em alerta porque, apesar de tudo, Richie era um pouco ingênuo, sempre teve muita dificuldade de se relacionar com as pessoas, mas agora, é como se ele vivesse no piloto automático, faz o que precisa fazer e não espera mais nada de ninguém…” Seth mordeu o interior da bochecha. “Nem de mim. Não espera que alguém se interesse por ele ou se importe com ele, por isso ele ignora as palavras duras de seu irmão. Richard aceita a distância, a proximidade, o interesse, ou desinteresse. Meu irmão não espera ser amado por Klaus, nem pelo bebê.”

“Você não acha que isso é um pouco triste?”

“Cada um se protege com o escudo que tem, Kol, seu irmão agride antes que seja agredido, traí antes de ser traído. Richard viveu oitocentos anos lutando sozinho no Xibalba, ele haje como se visse tudo e todos através de uma parede de vidro, como se estivesse assistindo a um filme e todos nós fossemos personagens que vivemos nossas histórias sem ele.” Kol tentou imaginar como seria ver as coisas daquela perspectiva, ele entendia como era sentir que não fazia parte de algo, mas ele desejava fazer parte e Richard apenas aceitava que não fazia parte. “Richie sempre foi diferente, eu não teria sobrevivido naquele lugar, não teria sobrevivido sem ele. Quando Richie foi transformado em culebra e me deixou, eu caí tão fundo que mal consegui me levantar. E quando levantei foi para ir atrás dele.” Seth riu sem humor.

“Eu não entendo esse tipo de fraternidade, meu irmão Elijah tem essa devoção por Nik, também, mas acho que é porque ele se culpa por não ter defendido Nik do nosso pai quando éramos crianças.” O vampiro confessou.

“Você não é o único com um pai de merda. Você sabe que éramos assaltantes de banco antes entrar para esse mundo doido de cobras vampiras, né?” Seth se inclinou para frente.

“Claro, emoldurei um cartaz de procurado com a foto de vocês.” Kol riu. “Celebridades, inclusive você me deve o autógrafo.”

“A gente era muito bom nisso… Mas tem um motivo pelo qual o Richie sempre foi tão bom em planejar os trabalhos e essas coisas pra gente, tá? Foram trinta e seis assaltos e ninguém conseguiu chegar perto da gente…” Seth contou orgulhoso, mas então seu olhar mudou. “É por causa do velho. Ele fazia o Richie pensar, sabe, se manter sempre alerta.” Kol prestou atenção. “No começo, a gente era bem novo, sabe, eram coisas bobas, tipo o Richie ajudando a gente a passar por ele enquanto ele dormia pra assistir desenho animado, essas coisas que criança normal faz.”

“E por que precisavam se esgueirar para isso?” Kol perguntou curioso.

“O velho costumava encher a cara e dava umas porradas na gente. Especialmente em mim. Não sei o que era, mas... sabe, o desgraçado tinha algo contra mim. Acho que eu deixava ele louco. O lance é que o Richie passava muito tempo, quando era criança, tentando manter esse cara longe de mim. E ele era muito, muito bom nisso, até o dia que não precisou mais.”

“O que aconteceu?”

“O velho dormiu no sofá com um maldito cigarro aceso na mão. O fogo queimou a casa toda, sabe? Eu estava dormindo no meu quarto, a fumaça me pegou, eu apaguei. O Richie me tirou de lá.” Seth deu um sorriso pequeno. “Eu sou o mais velho e Richard teve que sujar as mãos para me proteger.”

“Como assim, sujou as mãos? Ele te salvou de um incêndio.”

“Eu descobri há alguns anos que Richard provocou o incêndio usando fluido de isqueiro, meu irmão caçula matou nosso pai. Quando eu descobri fiquei com muita raiva do Richie, o velho podia ser um fodido de merda, mas não merecia morrer daquele jeito.” Seth olhou para o cigarro aceso entre os dedos. “Mas então, eu pensei, nós éramos crianças e também não merecíamos viver daquele jeito. Nós devíamos estar assistindo desenhos, jogando video game e não aprendendo a limpar e montar armas com um maldito revolver apontado para a cabeça. Devíamos ouvir histórias para dormir e não ouvir como nossa mãe era uma prostituta que não suportava olhar para os próprios filhos e foi embora.”

“Entendi, sinto muito por isso, você é meio parecido com o Elijah, ele é cheio de culpa por não ter protegido o Nik do nosso pai e você é cheio de culpa por ter sido protegido pelo irmão caçula.” Kol concluiu. “Não é culpa de nenhum dos dois.” Os dois ficaram quietos por um tempo. “Então, eu estava pensando, com toda essa experiência ruim dos nossos irmãos com os pais, o melhor seria se a gente ficasse com o Dante, sabe, você e eu.” Abaixou o tom de voz.

“Deixa eu ver se entendi, a solução que você encontrou para os traumas paternos de nossos irmãos é roubar o bebê deles? Você é maluco?” Seth franziu a testa.

“Ah, qual é? Nós…”

“NIKLAAAAAAAUUUUUSSSS!” O grito de Elijah ecoou pelo bar. “NIKLAAAAAAAUUUUUS!”

“Acho que alguém está com problemas.” Seth comentou quando Elijah entrou.

“Viu, é disso que eu estou falando.” Kol falou.

Richard ergueu os olhos do caderno quando a porta do escritório se abriu. Acompanhou em silêncio Klaus armando o cavalete, colocando uma grande tela em branco, o híbrido puxou a mesa de centro para mais perto e espalhou vários tubos de tinta e pinceis sobre ela.

“O que você está fazendo?” Perguntou parando de escrever.

“Eu preciso responder? Pensei que fosse óbvio.” Klaus falou se ajoelhando no chão e manipulando cores de tinta. “A decoração desse lugar é ridícula, esses quadros de cartazes de filmes que ninguém se lembra são horrorosos, parece a entrada de um cineminha bem fuleiro.”

“Veio aqui para criticar minha decoração?”

“Se isso pudesse ser chamado de decoração… Eu tive uma ideia para um quadro para decorar o escritório depois que eu me livrar dessas coisas, é claro.” Deu de ombros continuando a misturar as tintas.

“Eu acho que estou tendo terríveis problemas de memória porque eu me lembro de ter gasto uma boa grana em um estúdio pra você.” Comentou voltando a escrever enquanto o híbrido dava as primeiras pinceladas na tela.

“É verdade, mas eu preciso de inspiração.”

O cheiro de tinta preencheu o ar e durante um bom tempo um silêncio confortável se instalou entre eles. Klaus notou isso há algum tempo, havia uma familiaridade estranhamente confortável entre eles e o híbrido gostou da sensação de apenas estar ali fazendo o ama sem questionamentos ou julgamentos.

“O que você tanto escreve?” Perguntou limpando a tinta verde das mãos.

“É o grimório com os conhecimentos daquela última bruxa que matamos, como era mesmo o nome dela?”

“Aline, Alice, coisa parecida.” Klaus parou ao lado de Richard observando a página. “Você tem uma boa letra, bem legível, o que é bom para compreender os feitiços e evitar que nosso filho invoque alguma coisa estranha. Claro, se estiverem certos.”

“Estão certos, quando nosso filho tiver um nome, podemos personalizar as capas…” Richard respondeu. “Aliás, você já pensou em algum? Eu pensei em Philip, o que acha?”

“E eu posso saber em homenagem a quem você está pensando nesse nome?” Klaus estreitou os olhos.

“Philip Marlowe, personagem de À beira do abismo. Ou Harry de Perseguidor Implacável, ou…”

“Ah, pelo amor de Deus, meu filho não vai ter nome de personagens desses filmes de qualidade duvidosa que você assiste.” Protestou. “Ele terá nomes de pessoas grandiosas como Alexander, Cesar, Willem…”

“O que acha de Stefan? É o nome de um personagem de The black cat.”

“Stefan? Deus, não.” Klaus balançou a cabeça.

“Podemos chamá-lo de Richard, então…” Klaus colocou as mãos na cintura e o encarou como se ele tivesse dito a maior idiotice do universo. “Quer dar seu nome ao meu filho.”

“Nosso filho e foi você mesmo que disse que ele deveria ter nome de pessoa poderosa… Richard III da Inglaterra, Richard, the lionheart, Richard I, o destemido, da Normandia…” Richard defendeu.

“Se é assim, posso dar meu nome a ele.”

“Ah, para, seu nome nem existe de verdade.” Reclamou.

“Se quer saber, existe até um santo com meu nome, idiota!” Klaus trincou os dentes.

“Claro, você deve ter hipnotizado os pais da criança.” Richard deu de ombros. “Vamos pensar em algum nome legal, ainda faltam dezesseis semanas, quatro meses. Acho que ele vai ser bem pequeno, você não acha?” Comentou olhando para a barriga do híbrido. “Sua barriga parece pequena.” Klaus se encolheu. “Você já sente ele mexer?”

“Pare de olhar…” Se afastou, Klaus se sentia envergonhado de sua condição. “Eu… Não, ainda não.”

“Eu li que eles começam a mexer nesse período. Você vai me deixar sentir?” Klaus abriu a boca para responder e Richard notou sua indecisão. “Tudo bem, não precisa se preocupar. Seria estranho de qualquer forma.”

“É… Muito estranho… Eu vou voltar para a tela.” Virou as costas e ambos voltaram às suas atividades, assim que Klaus pegou o pincel ouviu os gritos de Elijah que apareceu na porta.

“NIKLAAAAUS!!”

“Grite mais alto, irmão, as bruxas daqui até o Japão ainda não conseguiram descobrir onde eu estou.” Klaus zombou.

“Como se você se importasse… Você é louco?” Elijah falou com tom de acusação.

“Você demorou mil anos para descobrir, Elijah, estou decepcionado.” Klaus deixou o pincel na mesa. “Poderia me esclarecer, o que o seu terrível irmão bastardo fez desta vez?”

“Houve um tempo que me sentiria mal por essas palavras, mas isso já passou…” Elijah falou um pouco mais alto.

“Não levante a voz para ele!” Richard se levantou batendo as mãos na mesa. “Você vai estressá-lo e o estresse não é bom para o bebê.”

“É, Elijah, o estresse não é bom para o bebê, pensei que soubesse disso já que está se colocando como um cavaleiro de armadura dourada para protegê-lo.” Klaus completou com um leve sorriso de satisfação.

“Não finja que não sabe do que estou falando, Niklaus. Como você pode deixar estacas com cabeça de bruxas empaladas por todo o cemitério Lafayette?” Elijah andava de um lado para o outro, irritado.

“Eu não faço ideia do que você está falando, Elijah, eu não fiz isso, mas gostaria de ter feito. Passa uma excelente mensagem.” Klaus sorriu tentando imaginar quem teria feito.

“Não é uma mensagem, Niklaus, o que você fez foi uma declaração de guerra.”

“Não foi ele…” Richard o defendeu. “Fui eu!”

“Você?” Klaus e Elijah perguntaram juntos.

“Fui eu, essas bruxas malditas disseram que pretendiam consagrar nosso filho naquele cemitério…” Richard apertou a mandíbula. “E você sabe muito bem o significado disso, eles querem matá-lo e usar seu poder. Então, tenho certeza de que meu marido concorda comigo quando eu digo que elas declararam guerra primeiro, nós só estamos respondendo!”

“Isso com certeza é uma declaração de guerra, uma guerra que eu vou comandar pessoalmente assim que essa criança nascer.” Klaus sorriu satisfeito.

“Elas podem revidar.” Elijah esfregou os dedos como de costume considerando as implicações daquelas palavras.

“E nós também…” Richard proclamou. “O que não vamos permitir é estas pessoas, ainda vivas, e no nosso caminho.”

“Eu sou capaz de entender.” Elijah falou e Richard segurou seu ombro.

“Você mais do que ninguém, Elijah, sabe que temos que fazer de tudo para proteger a família, não podemos nos dar ao luxo de ter misericórdia. Elas atentaram contra a nossa família, nossa criança, seu sobrinho, irmão.” Elijah ficou olhando para a tela pintada de verde musgo enquanto Klaus sorriu para Richard, sabendo que atingiu o ponto certo. “Eu não posso fazer nada ainda, irmão, mas não podemos deixar que elas pensem que estamos encurralados.”

“E o que vai acontecer se elas revidarem?” Elijah pergunta.

“Eu tenho um plano elaborado para mandar aquele cemitério inteiro e seus ossos consagrados pelos ares.” Richard sorriu. “Mas eu espero que não chegue a tanto, estou compelindo o conhecimento delas para nosso bebê.”

“Niklaus está há poucos meses do nascimento do menino, vamos manter o perfil baixo por enquanto, depois nos vingaremos das bruxas.” Elijah sugeriu. “Eu mesmo colocarei suas cabeças em estacas.”

“Bem, já que tudo foi esclarecido e você tem companhia, vou levar alguns papeis que Seth esqueceu.” Richard juntou algumas folhas no canto da mesa e saiu da sala.

“Sabe, estou gostando ainda mais do meu novo amigo.” Klaus comentou voltando a pegar o pincel.

“Com licença, só vou deixar isso na mesa.” Enrique avisou entrando na sala.

“Por que eu tenho a impressão de que meu trabalho, de repente, dobrou? Quando o destino apontou Richard como o seu verdadeiro par, ao invés de Kisa, eu pensei que ele seria um equilíbrio para sua selvageria, ele me pareceu inteligente e centrado…” Enrique soltou uma gargalhada.

“O Richard? Inteligente, com certeza, agora centrado? Desculpe atravessar a conversa, senhor Mikaelson senhor Gecko, mas o Richard é um porra louca do caralho. Seu cunhado é maluco e todo mundo aqui sabe disso, quem segura a coleira dele é o Seth.” Klaus riu da expressão de surpresa de Elijah. “Mas agora ele é casado.”

“Realmente muito equilibrado, irmão, talvez ele seja minha alma gêmea.” Klaus sorriu.

Chapter 20: DON’T TELL ANYONE - Parte I

Chapter Text

Boa leitura!

Existe um ditado popular que diz: depois da tempestade vem a bonança. Mas o tempo é instável, o que significa que depois da calmaria também pode vir a tempestade, principalmente para pessoas cuja calmaria é incomum, como é o caso dos Mikaelson. A família Original é a família mais poderosa, tecnicamente viva, uma família marcada pela obsessão pelo próprio sangue, mas sua maior força é também sua maior fraqueza, a família.

A obsessão pela família os torna passionais. Pessoas passionais demais tendem a reagir de forma irracional e extrema, ignorando os sinais claros que gritam armadilha, como Klaus Mikaelson, um híbrido com personalidade intempestiva e inconsequente quando se trata dos irmãos. Essa característica é amplamente conhecida pelos covens e pelos Ancestrais, assim como a lealdade cega de Elijah.

Durante cinco meses, Klaus viveu tranquilo sob a proteção das paredes do complexo dos Culebras. O lugar não era nenhuma fortaleza intransponível, mas sua magia mantinha-o fora do radar das bruxas, assim como os Culebras não eram criaturas fortes para lutar contra vampiros regulares de igual para igual, eles eram apenas criaturas com força e agilidade um pouco acima do humano, com algumas habilidades que lhes davam vantagens, como sua capacidade de acessar memórias e até iludir as pessoas ao redor tomando formas diferentes. Cada Culebra possuía também uma habilidade individual que Richard chamava de wyob como as asas de Kisa, o abraço mortal de Carlos, o olho na mão esquerda de Richard, entre outras. Essas peculiaridades não os tornava uma poderosa barreira contra os inimigos, mas ainda assim essa quase humanidade os tornava muito inteligentes e habilidosos.

A magia antiga que impedia as bruxas de alcançar Klaus era poderosa e estranha aos tipos de bruxaria conhecidos, por causa disso, as bruxas inimigas tiveram que apelar para os métodos humanos e mais ortodoxos como vampiros, caçadores e aliados infiltrados nas trincheiras de Marcel. E usar a franqueza dos irmãos contra eles mesmos.

Klaus deu as últimas pinceladas no quadro que pintou para o escritório de Richard, agora só precisava esperar secar e colocar na parede atrás da cadeira do Culebra. Sorriu satisfeito com a obra.

“Senhor Gecko…” Uma mulher bateu à porta.

“Mikaelson, não Gecko.” A corrigiu, Klaus a olhou de cima a baixo, era humana com certeza, ele aprendeu a diferenciar com a convivência forçada.

“Senhor Mikaelson… Gecko?” Falou receosa e Klaus revirou os olhos, a mulher estendeu a mão entregando um envelope. “Para o senhor.” Klaus estreitou os olhos e abriu o envelope marrom, impaciente.

“Quem mandou você me entregar isso?” Rosnou para a mulher sem tirar os olhos das fotos.

“Entregar o que?” A mulher perguntou confusa olhando ao redor.

“Isso…” Mostrou o envelope. “Quem mandou você entregar?” Segurou o pescoço dela com raiva.

“Eu não sei, eu… eu… o que eu estou…” Klaus percebeu que a mulher estava hipnotizada. Quebrou seu pescoço e a soltou.

Respirou com dificuldade vendo as fotos e atrás de uma delas havia uma nota. O híbrido soltou as fotos e saiu do estúdio sem olhar para trás.

Elijah sentiu os espasmos de seu corpo tentando despertar, ouviu ao longe o farfalhar das correntes que prendiam seus braços abertos, seus corpo ferido pela luta contra seus captores, seus olhos tremeram antes de abrir. Se remexeu atordoado e assustado, o cheiro de cera de velas e poeira atingiram suas narinas. Ele encarou a mulher que esperava que ele acordasse.

“O que você quer?” Elijah perguntou encarando os olhos castanhos da bruxa.

“Eu quero nossa família de volta, Elijah, e você vai trazer o Niklaus para nós.” A bruxa tocou seu rosto com um sorriso inquietante. Elijah ficou transtornado com a afirmação, puxou as correntes com força, mas nada aconteceu.

“Guarde suas forças, filho, minhas correntes não quebram fácil. Pare de lutar, você não vai a lugar nenhum até que seu irmão se junte a nós…” Elijah sabia que naquele corpo, não pertencia mais a Lenore, aquela era Esther. “Por que não conversamos um pouco, tenho certeza que Niklaus não vai demorar, não depois de receber as fotos que eu mandei para ele.” Esther bebeu um gole de seu chá de camomila.

“Niklaus não virá, ele tem coisas mais valiosas para proteger.”

“Não subestime o amor de seu irmão, Elijah, não quando seus olhos pousarem nas fotografias suas, ferido e acorrentado como um animal. Agora, vamos falar sobre outra coisa…” Ela sorriu. “Eu quero que volte para a família, como um bruxo, você e seus irmãos. Kol e Finn sempre gostaram de magia, tenho certeza que aceitarão de bom grado, mas Rebekah, Klaus e você? Sei que preciso ser um pouco mais persuasiva. Pegue o corpo de um mortal, Klaus pode ter o corpo de um lobo, sem essa selvageria grotesca do vampirismo, nós podemos ter um recomeço. Depois, é claro, de me livrar daquela abominação crescendo dentro dele.”

“Você sabe que é completamente louca, não sabe? Você nunca tocará naquela criança.”

“Vocês são tão cegos e tolos que não percebem que os únicos loucos aqui são vocês mesmo…” Esther falou. “Uma criatura nascida do sangue da Serpente e do Lobo, concebida no inferno, não é uma criança, Elijah, abra os olhos, é um demônio.”

“E se você estiver errada? Já pensou nisso? E se vocês estão interpretando de forma errada e ele for tão somente um inocente presente da natureza.” Elijah queria desesperadamente convencer a mãe de seu erro.

“Então, eu estarei salvando uma alma inocente…” Falou simplista. “O que você acha que poderia oferecer a uma alma inocente, Elijah? Você que arranca as asas de cada linda borboleta que encontra, um monstro que usa a máscara do bom filho que eu criei para esconder a verdadeira face. O que Klaus tem a oferecer além de dor e destruição?” Esther se sentou na frente do Original. “Sem mencionar o bando de criminosos que cercam o homem com quem Klaus foi forçado a se unir.”

“Foi forçado por sua culpa, você causou tudo isso…” Elijah chacoalhou as correntes. “Você deveria ter deixado a vida seguir seu curso, você não precisava de filhos que não amava, nós não precisávamos de uma eternidade de tormentos.”

“Você está enganado, meu filho, eu sempre amei a todos vocês. É por isso que estou propondo esse recomeço, vocês podem ter uma vida normal.” Se defendeu.

“Ama? Como amou nossa irmã Freya? Você barganhou nossos primogênitos com sua irmã, deu Freya para ela. Você podia ter livrado Niklaus do ódio de Mikael.” Elijah acusou. “Mas você nunca fez nada!”

“Mikael nem sempre foi um demônio, ele amou os filhos de todo o coração. E nunca odiou Niklaus, não de verdade, as bruxas mexeram com a cabeça dele para que pensasse que sim, por isso ele nunca soube o motivo de odiar uma criança que ele amou tanto.” Esther lamentou. “Eu tentei quebrar o feitiço, mas mesmo uma bruxa poderosa não tem tanto poder.”

“Quer que eu acredite que o monstro que maltratou Niklaus desde a infância, que nos caçou por mil anos, fez isso por que estava enfeitiçado? Isso é ridículo até para você.” Elijah não conseguia acreditar nas palavras de Esther. “Eu poderia dizer que você é uma serpente mentirosa, mas estaria desferindo ofensas a meu cunhado e sua espécie.”

“Você pode não acreditar em mim, mas é a verdade…” Esther tomou mais um gole do chá. “Os ancestrais conheciam a profecia, sabiam que Klaus um dia poderia fazê-la se cumprir, então envenenaram Mikael contra Klaus, cada pequeno sentimento positivo de Mikael, elas o tornavam negativo, afeição em repulsa, orgulho em despeito, amor em ódio, percebe?” Elijah esfregou os dedos, pensativo. “Elas queriam fazê-lo matar Klaus antes que ele se tornasse um híbrido e desencadeasse a maldição.”

“Essa explicação pode até servir como desculpa para os atos imperdoáveis de nosso pai, mas qual a desculpa para os seus atos, mãe? Você poderia ter evitado tudo isso se tivesse entregado Niklaus para ser criado por seu verdadeiro pai, entre os lobos e você poderia inventar uma morte tão triste quanto a de Freya já que mentir não é difícil para você.”

“Porque ele é meu filho!” Esther falou. “E eu o amo.”

“Ama tanto que ao invés de protegê-lo quer matar o filho dele, seu neto. Você não faz ideia do que amor e família significam.” Apertou os dentes com raiva. “Eu nunca vou me unir a você e nunca vou permitir que você encoste um dedo naquela criança.” Esther pegou uma adaga na mesa e a encarou.

“Eu me lembro do menino doce e gentil que você era, imagino o que ele diria se soubesse no que ele se tornou…” Se aproximou do filho e segurou seus cabelos expondo a garganta, quando a lâmina tocou a pele do vampiro.

Richard estava escrevendo compulsivamente os conhecimentos da última bruxa que matou, pretendia verificar Klaus assim que terminasse aquela página, estava preocupado, pois fazia mais de duas horas que o homem não aparecia no escritório para reclamar de alguma coisa, dizer que precisava de alguma cor de tinta aleatória que só ele conhecia ou explicar alguma teoria mirabolante que elaborou enquanto pintava.

“Pai, me ajude…” Richard encarou assustado o menino no meio de sua sala. “Pai, me salve!” Ele correu para fora do escritório gritando.

“FREYA… KOL… SETH…” Seth veio correndo em sua direção. “Seth, aconteceu alguma coisa com Klaus.”

“O que aconteceu?” Kol surgiu com Freya logo atrás.

“Encontre Klaus… AGORAAAAAA!” Richard esfregou o rosto e Kol desapareceu e ressurgiu segundos depois.

“Ele não está no estúdio, tem um corpo humano lá, acho que é da pessoa que entregou isso.” Seth pegou as fotos e encarou Richard.

“Ele deve ter ido até lá.” Seth falou. “Kol vai na frente, você é mais rápido, verifica o local.”

“Eu vou com vocês…” Freya falou. “Isso só pode ser coisa das bruxas e se pegaram o Elijah, não é uma das fracas.”

“Eu juro que vou arrancar a alma delas pela garganta.” Richard agarrou uma arma e saiu na frente.

“SOLTA ELE, AGORAAAAA!!!!” Klaus gritou entrando no galpão abandonado. Esther retirou a lâmina e encarou Klaus.

“Niklaus não…” Elijah começou a se debater.

“O que fez com ele?” Klaus exigiu saber..

“Eu estou no processo de tornar o Elijah o homem que ele deveria ser…” Esther o encarou. “E pretendo fazer o mesmo com você, assim que nos livrarmos do seu pequeno problema.” Olhou para a barriga do híbrido que imediatamente levou as mãos na frente. Vários vampiros e lobisomens apareceram de todos os lados. Klaus olhou para eles.

“Se o seu objetivo ao juntar esse bando de cadáveres ambulantes era me vencer, você deve estar com um leve probleminha de cabeça, mãe…” Cuspiu a palavra como se sua pronúncia fosse amarga na boca. “Eu garanto a você que suas mortes serão espetaculares.”

“Você está enganado, querido, você suportou uma vida de miséria sem se importar com o mal que causou aos outros, até mesmo os do seu sangue…” Esther começou. “Eu vim para te oferecer um meio de escapar desse seu ciclo de desespero. Uma nova vida, com sua família.”

“Essa é toda a hipocrisia que eu posso aguentar, eu sugiro que você entregue meu irmão, antes que eu me irrite!”

“Não seja tolo, meu filho, eu posso te dar a paz, a família, o amor que você anseia. Eu posso transferir sua alma para o corpo de um lobisomem, com a mortalidade você vai poder recomeçar, ter tudo que sempre quis, o amor de uma boa mulher, filhos, seus irmãos.” Esther ofereceu como se tivesse oferecendo o paraíso.

“E para ter tudo isso eu só preciso esquecer séculos de ódio da minha perversa mãe, deixar que ela mate o meu filho, destrua a minha família para me juntar a ela e virar um ladrão de corpos? Você é mais louca do que da última vez que eu matei você.” Klaus zombou. “Você nunca vai tocar no meu filho.”

“NIKLAUS SAIA DAQUI!!!” Elijah gritou desesperado quando um vampiro atacou seu irmão.

Klaus se esquivou e puxou seu braço mordendo seu pescoço. Conseguiu interceptar outros dois que atacaram ao mesmo, chutando um lobisomem contra a parede e arrancando a cabeça de um vampiro.

“Esperava que você quisesse recomeçar, mas olha pra você, disposto a continuar com esses ciclos de violência a que está acostumado…” Esther lançou Klaus para o chão e ele gritou com a dor, segurando a cabeça. Elijah puxava as correntes desesperado para salvar o irmão e sobrinho de sua mãe.

“Essa oferta é sua última chance, Niklaus, se me rejeitar agora, vai viver o resto da eternidade sem amor, sozinho.” Apertou mais as mãos aumentando a intensidade da dor fazendo o híbrido cair de joelhos.

“Eu odeio você, um ódio puro, bruto, muito maior agora do que a primeira vez que eu te matei.” Klaus grunhiu as palavras.

“Depois de tudo que eu fiz por você…”

“VOCÊ VEIO ATRÁS DO MEU FILHO… DO MEU FILHO!” Gritou tentando atacar.

Antes que pudesse agir, foi subjugado novamente por Esther e outras quatro bruxas que entraram recitando um feitiço que mantinha Klaus paralisado e a mercê da própria mãe. Ele tentou inutilmente se afastar quando Esther ergueu a adaga ritualística recitando o encantamento. A bruxa se agachou na frente de Klaus e tocou as lágrimas de seu rosto.

“Por favor, não… não machuque meu filho…” Implorou.

“Acredite em mim, meu filho, eu sei o que você está sentindo…” Falou com a voz calma enquanto a ponta da lâmina tocou a barriga do híbrido. “Vai ser melhor assim, melhor para todos nós…” Os olhos de Klaus se voltaram aterrorizados para a lâmina.

“NIKLAAAUS…” Elijah gritou se esforçando para se soltar, sentiu as correntes se aquecerem. Klaus sentiu aflição quando a lâmina começou a perfurar sua pele, se assustou quando Esther foi jogada para longe dele. Klaus levou a mão na ferida encarando incrédulo seu salvador.

“Você!” Esther estremeceu ao ver o rosto de seu atacante.

Chapter 21: DON’T TELL ANYONE - Parte II

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Boa leitura!

*O garotinho se aproximou do homem alto e carrancudo, sentado sobre um velho tronco de árvore caído, concentrado em retirar lascas de um pedaço de madeira.

“O que você está fazendo?” O menino perguntou curioso se sentando ao lado do homem.

“Estou fazendo uma estaca.” O homem respondeu olhando o menino de canto.

“Para que?” O garotinho apertou os lábios e esticou o pescoço para enxergar melhor.

“Para matar um vampiro.” Respondeu dando o assunto por encerrado.

“Por que?” O menino tirou a franja da frente dos olhos.

“Por que são maus.”

“Hum… por que?” O homem parou o que fazia e encarou o menino intrometido pela primeira vez, ele era pequeno com os cachos bagunçados e dourados por algum motivo o o lembrou de Klaus.

“Por que o que?” Perguntou irritado.

“Por que acha que vampiros são maus?” O menino apoiou os cotovelos nos joelhos e as mãos no queixo para prestar atenção na resposta.

“Porque é da natureza deles serem maus.” Respondeu simplista.

“Hum… Mas por que?”

“Você faz perguntas demais… Onde estão seus pais? Não me lembro de ter visto você na aldeia.” O homem apertou os olhos tentando puxar pela memória.

“Meus pais estão em casa… Por que você está sozinho?” O menino continuou o ataque de perguntas.

“Porque eu não tenho ninguém…” O homem respondeu. “E você, porque está sozinho na floresta?”

“Estava procurando o vovô.” O menino sorriu.

“Qual o seu nome?”

“Eu ainda não tenho um nome…” O menino chegou bem perto e escondeu os lábios. “Na verdade, eu tenho, mas meus pais não sabem ainda… É segredo.” Colocou o indicador cobrindo a boca.

“Como você pode não ter um nome?” O homem perguntou, se levantando e pegando um arco encostado no tronco. “Vá para casa, é perigoso andar por aí sozinho.”

“Você está sozinho, onde você está indo?” O homem estreitou os olhos.

“Caçar.” Colocou o arco no ombro e pegou a aljava.

“Caçar o que?” O menino correu para alcançá-lo já que suas pernas ainda eram curtas.

“Lobos… Já disse para voltar para a casa.” O enxotou.

“Credo, por que?” O menino fez uma careta.

“Por que o que?” O homem se virou para o menino.

“Por que vai caçar os lobos? Não tem outro animal?” O homem suspirou pesadamente, nem seus filhos foram tão irritantes na infância.

“Tem cervos…” O homem voltou a andar. “Mas não importa o que irei caçar, você não pode ir.”

“Por que não?”

“Garoto, seus pais não disseram para não falar com estranhos?” O homem perguntou. “E você não pode ir porque ainda é pequeno demais.”

“Mas você é grande e pode me proteger, eu nunca cacei antes, você pode me ensinar.” Voltou a correr atrás do homem que tentava se afastar.

“Tudo bem, mas se me atrapalhar eu te jogo como comida para os animais.” Ameaçou.

“Eu não vou te atrapalhar, tio Kol disse que eu sou sorrateiro como uma serpente.” O menino correu para acompanhar o homem. “Me ensina a usar o arco?”

“Shiiii….” Apontou para um cervo algumas árvores a frente, se agachou e fez sinal para a criança se aproximar, ele abraçou o corpo pequeno e segurou suas mãos o guiando para esticar o arco, as mãos da criança era do tamanho de seus dedos. “Respire fundo e siga a ponta da flecha com os olhos até o alvo.” Sussurrou, o menino seguiu a instrução, mirou e soltou a flecha acertando entre os olhos do cervo.

“EEEEEHHHHH!!!” O garoto comemorou.

“Tem certeza que nunca fez isso antes?” Ele o ergueu no colo e o levou até o animal morto. “Você é muito bom, é um caçador natural.” Elogiou sentindo-se orgulhoso sem entender o porquê.

“Meu pai e meu tio são bons atiradores. E meu avô é um ótimo caçador.” O menino sorriu. “Acho que está no sangue.” O homem o colocou no chão e analisou o animal caído.

“Você me disse que estava procurando seu avô, eu o conheço?” O homem estava curioso.

“Sim, melhor que qualquer um…” O menino sorriu. “Meu avô é você.”

“Que tipo de brincadeira é essa, garoto?”

“Eu sou seu neto, Mikael, filho de Klaus Mikaelson.” Os dois se encararam.

“Isso é ridículo, aquele bastardo não é meu filho e mesmo que fosse, ele é um vampiro, nunca poderá me dar netos.” Mikael protestou.

“Você não está cansado de ficar sozinho, vovô? Não está cansado de sentir raiva o tempo todo?” Mikael se levantou e deu alguns passos para trás. “Você está preso e dissecado em um caixão, um estado de morte e mesmo assim você não tem paz.”

“Você não é uma criança, você é a ilusão de alguma bruxa.” Mikael teve um flash de Klaus criança ao olhar para o menino. Ele estava irritado porque gostou do menino irritante e curioso.

“Tem razão… Eu sou uma representação de seu neto, uma criança ainda não nascida, sou a magia dele.” Dante falou. “Eu posso libertar você do caixão e da influência das bruxas.” Mikael encarou o rosto infantil. “Me aceite, vovô, eu posso te dar tudo o que as bruxas tiraram de você.” Estendeu a mão pequena e sorriu. Mikael lutou contra o ódio tentando dominar sua mente e caiu de joelhos, receoso, segurou a mão de Dante.*

“Fique longe dele, Esther, fique longe do meu neto!” Mikael rosnou para a bruxa, se colocando na frente de Klaus. Elijah conseguiu romper as correntes, e mesmo debilitado, atacou as bruxas tão rápido que em segundos as quatro bruxas estavam no chão ao lado de seus corações arrancados.

“Mikael, não pode ser…” A bruxa se levantou o encarando com ódio. “Eu não vou permitir que você machuque meus filhos.”

“E eu não vou permitir que você mate meu neto…” Klaus estava confuso com a cena e tentando pensar em uma saída, pois tinha certeza que era um truque para fazer com que ele baixasse a guarda. “Parece que temos um impasse.”

Elijah passou por Mikael, desconfiado, e apoiou Klaus para se levantar. O híbrido estava fraco por causa do ataque de Esther e as bruxas. Ela fez um movimento com as mãos e vários aliados surgiram.

“Eu não sei o que você pretende, Mikael, mas essa criança vai morrer essa noite.” Esther decretou.

“Não enquanto eu ainda estiver vivo.” Kol falou entrando no lugar. “Parece que tem uma festa e tanto rolando aqui.”

“Elijah, Kol tirem Niklaus daqui…” Mikael puxou uma estaca do bolso do paletó e se colocou em posição de combate. “Podem vir…” Provocou. “Eu estava mesmo com fome.” Seu rosto se transformou.

“O que está acontecendo aqui?” Kol estreitou os olhos. “Eu entrei em algum universo alternativo em que nosso pai está defendendo o Nik?” Klaus se levantou com dificuldade.

“Eu não vou sair daqui, ela declarou guerra quando veio atrás da minha família, por isso eu vou fazer ela sofrer como só eu posso…” Klaus rosnou. “Afinal, eu sou filho da minha mãe.” O híbrido acelerou agarrando a garganta de Esther, a bruxa tentou se concentrar para atacar Klaus com sua magia, mas o aperto cortou o oxigênio e Esther desmaiou.

Elijah se manteve próximo de Klaus enquanto Kol lutou ao lado de Mikael contra os inimigos, o caçador Original bebeu o sangue de cada vampiro que subjugou. Os quatro lutaram com ferocidade contra seus atacantes.

“Eles estão brotando do chão?” Kol reclamou acertando um vampiro. “Parece que eu mato um e aparecem mais dois.” Se abaixou quando um tiro atravessou o ar perto de sua orelha, olhou a tempo de perceber os caçadores escondidos na parte de cima.

Klaus estava lutando contra dois vampiros quando um terceiro atacou e teve a cabeça estourada pela arma de Richard. O culebra entrou ao lado do irmão, atirando em todos que entravam no caminho. Seth tinha muita munição feita de madeira e sua mira impecável o tornavam o pesadelo humano daqueles vampiros. Freya quebrou alguns pescoços usando magia e Kol protegia Seth, que começou a trocar tiros com alguns caçadores, dos vampiros e lobos. Mikael e Freya se encararam por alguns segundos antes de voltarem à luta, deixando as palavras para depois.

“Você está bem?” Richard segurou os ombros de Klaus verificando se havia ferimentos, seus olhos pousaram na perfuração no tecido da camisa. “Você está ficando maluco? Como você pode sair assim, sem nos dizer nada? Como pode colocar nosso filho em risco? Como você pode se colocar em risco?”

“O que você esperava que eu fizesse, deixasse Elijah padecer nas mão de nossa mãe?”

“Não, eu gostaria que você tivesse confiado em mim e nós teríamos feito um plano pra salvar o Elijah… Juntos.” Richard o repreendeu.

“Não existe nós, Richard, nossa união é uma fachada, não preciso da sua permissão para fazer nada, muito menos proteger minha família.” Klaus se irritou. “Não seja intrometido.”

Antes que Richard pudesse responder uma saraivada de tiros foram desferidos de todas as direções por metralhadoras, Richard puxou Klaus para trás de uma pilastra enquanto os Originais mataram os atiradores do lado de dentro, e os Culebras do lado de fora.

“Isso é uma distração…” Richard concluiu pegando uma cápsula do chão e abrindo. “Tem alguma coisa misturada com metal xibalbano dentro disso.”

“O que?” Klaus perguntou se aproximando.

“Droga…” Richard praguejou, rapidamente abraçou Klaus e girou os corpos para tirá-lo da mira do atirador,.

“O que foi isso?” Klaus ouviu os tiros, Richard olhou para ele assustado.

“Você está bem, não foi atingido?” Perguntou ao híbrido quando viu Seth estourar os miolos do atirador.

“Não, estou bem… Hum, obrigado.” Klaus acompanhou o movimento da mão de Richard com os olhos, ele tocou sua barriga e ambos sentiram pela primeira vez o movimento da criança. Era estranho e ao mesmo tempo o coração de ambos acelerou. “Ele… Ele mexeu…” Klaus apertou os lábios.

“Obrigado…” Richard sorriu e um filete de sangue escorreu pelo canto dos lábios.

“Richard?” O culebra puxou o rosto do híbrido e seus lábios se encontraram por um instante antes do corpo do culebra cair. “Richard…” Klaus ficou paralisado por alguns segundos.

“RICHIE!!!” Seth correu até eles e se ajoelhou ao lado do irmão. “Richie, o que aconteceu?”

“Me… metal xibal…” Tentou dizer, mas ficou inconsciente antes de terminar.

“O que está acontecendo com ele?” Klaus se abaixou ao lado deles vendo sangue escorrer pelo nariz, ouvidos e olhos. “O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM ELE… FREYAAAAAA!” Klaus segurou o rosto do marido entre as mãos. “Eu juro que se você morrer, eu te trago de volta só pra te matar com minhas próprias mãos.”

“Você consegue retirar o pó metálico do sangue dele?” Seth perguntou assim que Freya se abaixou junto com eles.

“Eu posso tentar, mas não é tão simples, na verdade é lento e doloroso.” A bruxa respondeu virando o corpo do culebra. “O que é esse metal, Seth?”

“Ele é xibalbano, Richard me explicou que os ferimentos feitos com armas desse material são dolorosos e demoram mais para curar.”

“Mas vai curar, não vai?” Klaus perguntou sem tentar esconder a preocupação..

“Se conseguirmos retirar o metal, sim.” Seth respondeu. “Temos que levá-lo pra casa e vocês…” Se virou para os Culebras. “Juntem esses malditos infelizes que ainda estiverem vivos e levem pro complexo… Vamos precisar de muito sangue.”

“Não se preocupe, lobinho, seu pai vai ficar bem.” Klaus olhou para o marido inconsciente no chão e levou a mão na barriga sentindo o movimento novamente.

Chapter 22: JUST DON’T WANT TO BE LONELY

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Boa leitura!

Klaus andava de um lado para o outro no quarto, não conseguia manter seu corpo parado por causa do nervosismo. Richard estava há três dias mergulhado em uma banheira cheia de sangue fresco, a imagem era inquietante como um pesadelo, ele parecia morto. Um morto afogado no próprio sangue.

“Você deveria se sentar, Niklaus…” Elijah ergueu os olhos do jornal. “O processo de cura não vai acelerar só porque você não consegue ficar parado.”

“E como exatamente você espera que eu fique parado, Elijah? Faz três dias que ele está parecendo um personagem sombrio de algum folhetim de terror vitoriano.” Apontou para Richard. “Se ele é tão inútil, não deveria ter entrado na frente das balas. Pelo menos, eu aguento uns tiros.”

“As balas tinham metal xibalbano, que você deve ter percebido que é tóxico para Culebras, e cinzas de carvalho branco, que poderia não matar você, mas o bebê dificilmente sobreviveria a essa combinação enfadonha.” Elijah olhou para o cunhado. “Tenho certeza que ele sabia disso.”

“Eu sei, mas ele não é supostamente um gênio? Deveria ter encontrado outro jeito… Ele é um sonso. Isso que ele é…”

“Me corrija se eu estiver errado, irmão, mas não foi você quem disse que o mataria assim que o seu filho nascer?” Elijah não fez questão de esconder o sorriso.

“Eu… Eu… Vou, mas você sabe… Preciso dele, mesmo ele sendo um sonso idiota.” Klaus falou incerto e se sentiu um pouco tonto.

“Niklaus?” Elijah se levantou rápido e segurou seu ombro.

“Não é nada, só um pouco de fome, não me alimento há cinco dias e sabe-se lá quando vou conseguir…” Klaus voltou a olhar para o marido. “Idiota!” Elijah estreitou os olhos. “Eu não vou sair por aí promovendo uma chacina, Elijah, demorou dois meses da última vez.”

“Talvez você devesse sair um pouco desse quarto, se distrair, você não estava pintando um quadro para o escritório do Richard?” Sugeriu preocupado.

“Eu já terminei o quadro, além disso, eu não vou sair daqui enquanto esse idiota não abrir os olhos. E também tem o…” Klaus apertou os lábios sem conseguir terminar a frase.

“Nosso pai.” Elijah suspirou. “Você tem medo que Mikael esteja fingindo e ataque vocês? É por isso que não quer sair daqui, tem medo de deixar Richard enquanto ele está vulnerável.”

“Eu não sei o que pensar dessa situação, Elijah, não posso simplesmente acreditar, muito menos confiar, que o monstro que me persegue há um milênio de uma hora pra outra decidiu me salvar.” Klaus lamentou, se sentando na beira da cama próximo a bandeira.

“Quando eu estava preso, Esther disse uma coisa…” Elijah se sentou ao lado do irmão. “Ela disse que nosso pai não o odiava de verdade, segundo ela, as bruxas deturparam todos os sentidos bons dele em relação a você porque você era a chave para a maldição, mas Mikael nunca conseguiu concluir a missão.”

“Missão?”

“Matar você antes que a maldição fosse desencadeada. Segundo nossa mãe, a influência das bruxas sobre Mikael era tão poderosa que nem mesmo ela conseguiu quebrar.”

“O que confirma nossa suspeita das intenções dele, não dá pra acreditar que essa influência se quebrou do nada.” Klaus falou, uma parte dele, a parte que sempre desejou ser amado por seu pai, se remexeu.

“Não acho que foi do nada, foi seu filho…” Klaus encarou o irmão. “Pense nisso, as bruxas temem a criança, temem sua magia, por ser mais poderosa que a delas. Quando Esther tentou enfrentar Mikael com sua alegação hipócrita de que não o deixaria machucar seus filhos, Mikael respondeu que não deixaria que ela matasse seu neto.”

“É irônico ele chamar de seu neto o filho do bastardo.” Klaus riu sem humor.

“Acho que, quando Richard se recuperar, devemos conversar com Mikael e tentar descobrir o que aconteceu. Descobrir quem o libertou e porquê. Nosso pai pode ter muitos defeitos, mas ele não é do tipo que faz jogos.” Elijah olhou para a porta quando ouviu os passos no corredor. “Seth está vindo.”

“Como sabe que é ele?” Klaus estreitou os olhos.

“Seus passos são duros e apressados.” Deu de ombros. “Como os seus.”

“Algum progresso?” Seth perguntou abrindo a porta e empurrando com o ombro, ele segurava uma pequena bandeja com um punhal e uma jarra. “Vim retirar os últimos pedaços de metal que ficaram sólidos sob a pele. Depois disso, ele não vai precisar ficar na banheira.” Dois Culebras entraram no quarto e Klaus rosnou para eles. “Calminha aí. Eles só vão colocar a banheira de volta no lugar, estressadinho.”

“Depois disso ele vai acordar?” Klaus perguntou esperançoso.

“Sim, mas ainda vai estar um pouco fraco.” Seth respondeu entrando no banheiro atrás dos Culebras. “Pode retirar a tampa do ralo para escoar o sangue.” Ordenou para um dos subalternos, mas Klaus segurou sua mão antes que tocasse o líquido carmesim. “O que foi agora, Klaus?”

“O que foi agora? Sabe que ele está nú dentro dessa banheira?” Seth enrugou a testa. “Saiam daqui, os dois, antes que arranque seus dedos e dê para os cães de rua… Eu faço isso… Era só o que me faltava.” Resmungou enfiando a mão no sangue e retirando a tampa do ralo. Seth olhou para Elijah que riu.

“Bom, sr. Instinto selvagem, já que você dispensou meus assistentes, me ajude aqui…” Seth ligou o chuveirinho e começou a molhar o corpo de Richard para retirar o líquido viscoso. “Pegue a esponja e esfregue.”

“Eu sou seu empregado agora?”

“Eu posso pedir para outra pessoa.” Seth falou e Klaus começou a ajudar.

Klaus se sentia um pouco estranho fazendo algo tão íntimo, nunca chegou tão perto do corpo nú de Richard, nunca o havia tocado, mesmo indiretamente. Não notou quando seus dedos tocaram a pele sentindo a textura, o desejo escondido ameaçando submergir e o cheiro do sangue estava mexendo com a sanidade do híbrido.

“Está tudo bem aí?” Seth perguntou tirando Klaus do torpor momentâneo.

“Estaria se você fosse mais rápido com isso.” Reclamou, o Gecko não respondeu.

Seth procurou por elevações na pele onde estavam o restante dos metais, ele cortava e os retirava. Pegou a jarra e despejou o sangue sobre os ferimentos que se fecharam rapidamente. Terminaram de lavar o sangue e o colocaram na cama.

“Será que ele vai demorar para acordar?” Klaus perguntou puxando o lençol sobre o culebra.

“Acho que mais uma hora, no máximo duas. Vai estar faminto, Fred está trazendo um prisioneiro novo.” O Gecko mais velho passou a mão entre os cabelos do irmão.

“Eu já falei o quanto eu detesto essa alimentação dele?” Klaus resmungou.

“Seth…” Elijah chamou sua atenção. “Você acha que o veneno já terá sido extirpado do seu organismo? Eu sei que é cedo para dizer, mas já faz alguns dias que Klaus se alimentou do sangue dele. Infelizmente é necessário para o bebê.” Seth arregalou os olhos.

“Jesus Cristo, eu estava tão preocupado com Richie que me esqueci completamente desse detalhe.” Seth foi até a parede e mexeu duas figuras de pedra que abriam uma enorme porta secreta.

“Como eu não sabia que tem uma porta secreta no meu quarto?” Klaus estreitou os olhos desconfiado. Atrás da porta de pedra havia outra porta de metal com um teclado no lugar da maçaneta.

“Porque ela é secreta…” Seth respondeu digitando a senha, logo a porta de metal foi aberta revelando um refrigerador, colocou uma blusa grossa que estava pendurada do lado de fora e entrou.

“Pensei que Richard não bebia de bolsa de sangue.” Klaus comentou vendo várias caixas com bolsas de sangue nas prateleiras.

“E não bebe, são kits de emergência…” Seth respondeu arrastando o dedo pela folha na prancheta. “Richard é muito organizado… Aqui.” Seth foi até uma prateleira e pegou uma caixa pequena. “Aqui tem duas bolsas de sangue e uma ampola de veneno.” Entregou para Klaus.

“Você sabe que eu preciso do sangue do Richard, não sabe?”

“Você é bem lentinho, né?” Seth cruzou os braços.

“Acho que, Seth está dizendo que esse sangue é do Richard, Klaus.” Elijah interferiu.

“Richard tira uma ou duas bolsas de sangue por dia, exceto nos dias em que você se alimenta, e armazena nesse freezer para o caso de uma emergência como essa acontecer e ele não possa fornecer sangue. Não é a mesma coisa, mas é o melhor que ele conseguiu pensar.” Klau olhou para as prateleiras.

“Há quanto tempo ele está fazendo isso?” Elijah fez a pergunta que martelava na cabeça de Klaus.

“Desde que ele soube que Klaus precisa do sangue dele para se manter saudável, o Richie pensa em tudo, ele sabe que, apesar de ser quase impossível matá-lo, ainda pode ficar inutilizado como agora…” Seth explicou. “Eu vou te passar a senha caso eu não esteja por perto quando você estiver com fome.” Klaus olhou para a caixa em suas mãos e Richard na cama.

“Me dê isso, Niklaus, vou aquecer para você.” Elijah pegou as duas bolsas de sangue e saiu do quarto.

“Bom, eu tenho uma reunião com Gonzales…” Seth olhou para o relógio. “Se ele acordar me chame.”

Klaus ficou um tempo em silêncio, antes de se sentar na beirada da cama, olhando para o rosto sereno de Richard, diferente da expressão inquieta e dolorida do primeiro dia.

Nos últimos dias, Klaus tem pensado muito nessa relação que lhe foi imposta. Do dia para noite, ele se viu casado e carregando uma criança. Apesar de todas as suas certezas, Richard se revelou alguém diferente do quadro que suas baixas expectativas pintaram. Ele se viu gostando da companhia de Richard, conversavam por muito tempo assuntos aleatórios, amenidades. Richard ouvia com atenção e curiosidade suas histórias, às vezes, parecia fascinado ouvindo contar sobre seus lugares favoritos. E não falou mal de Málaga. Richard também contava sobre suas aventuras com Seth e seus planos mirabolantes para assaltos a banco. Klaus não confessou, nem mesmo para Elijah, que invadia a sala de Richard e ficava lá cada vez mais tempo porque lá, com Richard e seu filho, ele não se sentia mais sozinho.

O Lorde dos Culebras mantinha o sentimento de solidão longe dele.

Os momentos, as histórias e até os planos maquiavélicos despertaram em Klaus um desejo há muito esquecido, o desejo de ter uma família. Toda vez que pensava sobre isso, a criança dentro dele se mexia como se dissesse que também desejava o mesmo. Como naquele momento. Klaus suspirou segurando a mão de Richard.

“Eu gosto cada vez menos de você, seu idiota…” Apertou os lábios trêmulos. “O que eu faria se você tivesse morrido? Como explicaria isso para nosso filho? Acha que seria fácil pra ele entender o quão burro o pai dele foi?” Suspirou. “Como eu iria explicar ao nosso filho que o pai dele morreu por minha culpa? É claro, eu pretendia matar você, mas existe uma diferença entre dizer que você morreu por minhas mãos e morreu por minha causa.” Apertou um pouco mais a mão de Richard. “Eu não quero que você morra, mas não vou admitir isso em voz alta, e não fique se achando, não gosto de você, mas nosso filho pode ser uma serpente e eu não vou saber ensinar isso pra ele.” Klaus não percebeu quando as lágrimas se acumularam no canto dos olhos. “Você… Você não pôde morrer. Você é um Mikaelson e eu preciso de você… Preciso de você do meu lado. Nosso filho precisa de você. Você tem que acordar, não quero mais ficar sozinho.” Confessou.

“Você não está sozinho, Klaus…” Richard falou com a voz rouca. “Nós não vamos te deixar sozinho.” Klaus ergueu os olhos com um misto de irritação e alívio.

“Estava fingindo que estava inconsciente” Rosnou.

“Você é um lobo, Klaus, saberia se eu estivesse fingindo, mas é difícil dormir com meu marido tagarelando.” Sorriu de canto. Klaus aproximou o rosto de Richard e encarou as íris azuis.

“Você vai esquecer tudo o que ouviu…” Ordenou, Richard tocou seu rosto e sorriu.

“Não vai funcionar, mi Lobito.” Quando Klaus abriu a boca para protestar, Richard o beijou. Klaus o beijou de volta.

Chapter 23: FATHER FIGURE

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Boa leitura!
Klaus analisava atentamente cada micro expressão no rosto de Richard, ambos estavam sentados no sofá do escritório. Quando Richard se sentiu melhor para voltar para sua sala descobriu que Klaus iniciou um projeto de redecoração. E o Culebra estava sentado girando sua faca na mão e observando a enorme tela acima de sua cadeira, as pinceladas fortes, quase agressivas, formavam a mesma figura entalhada em sua faca, em tons escuros. Ele moveu os lábios, enrugou a testa e segurou os óculos, como se realmente precisasse deles, várias vezes sem dizer uma palavra, deixando Klaus mais impaciente a cada segundo.
“Onde estão os pôsteres emoldurados?” Richard perguntou e Klaus perdeu a paciência se levantando irritado.
“Eu sabia que você não ia gostar…” Klaus falou chateado. “Era óbvio, eu deveria saber que um bronco como você seria incapaz de apreciar a boa arte…”
“Klaus…”
“Eu passei dias trabalhando nisso para você se preocupar com aquelas porcarias horrorosas.” Resmungou.
“Klaus…” Richard tentou chamar novamente.
“A única coisa razoavelmente sofisticada em você são os ternos, e ainda assim preciso te arrumar um alfaiate melhor.” Klaus reclamou gesticulando na frente do outro, Richard segurou seu pulso.
“Klaus!”
“O QUE?”
“Eu só perguntei dos pôsteres porque a maioria pertence ao Seth…” Justificou. “Eu amei o quadro, ficou perfeito, eu juro.” Klaus apertou os lábios e o encarou. “Você é um artista maravilhoso. Não vou colocar mais nada nessas paredes além de seus quadros e os quadros que você ensinará nosso filho a pintar.” Richard apontou para as paredes cinzentas.
“Você acha que ele vai gostar de pintar?” Klaus ergueu os olhos.
“Se ele vai gostar? Ele vai ser um artista incrível…” Richard sorri e puxa Klaus para o sofá. “Lobito, vocês dois podem pintar até o teto, podem transformar o complexo inteiro em uma capela Sistina texana.”
“Você está sendo muito otimista.” Klaus comentou. Richard pegou seus tornozelos e ergueu sobre seu colo, massageando seus pés.
“Eu acho que esse garoto vai ser um grande artista, um grande atirador, vai ser um lobo poderoso, ele será um Lorde.” Richard garantiu.
“Um príncipe lobo…” Klaus corrigiu. “Nós vamos fazer nossa família ser tão temida que ele não terá que se preocupar com inimigos.” Richard olhou para Klaus, inclinou o corpo para frente e abraçou sua cintura apoiando a cabeça na barriga com os fechados.
“Os corpos de nossos inimigos serão a base do império que vamos construir para ele.” Richard falou baixinho e Klaus sorriu escovando os cabelos escuros com os dedos. “A começar pela sua mãe.”
“Eu vou matá-la.” Klaus comentou. “Com minhas próprias mãos.”
“Você já a matou outras vezes e ela voltou. Eu tenho uma ideia…” Richard falou sem abrir os olhos. “Porque você não a transforma em vampira, prendemos em um caixão e a concretamos? Eu comprei uma indústria abandonada que nós podemos revitalizar e transformar em um complexo maior e melhor.”
“Assim ela não pularia pra outro corpo, não morreria para poder ressuscitar ou se tornar uma maldita ancestral nos assombrando.” Klaus balançou a cabeça. “Nós vamos construir um exército tão grande, nossa família será tão poderosa, que ninguém ousará começar uma briga.”
“Nós vamos dar a ele tudo que não tivemos, proteção, segurança e acima de qualquer coisa, amor.” Richard sussurrou. “Se bem que, ele existe há cinco meses e as bruxas já estão se borrando, com dez anos ele já vai estar protegendo a gente.”
“Eu não quero isso.” Klaus respondeu sem parar de acariciar os cabelos de Richard.
“Não quer que ele possa se proteger?”
“Não quero que ele precise.” Confessou. “Sabe, quando eu estava naquele galpão, ouvi um dos vampiros sussurrar para outro que seria bom que a criança morresse porque eu poderia usá-la para criar outros como eu. Eles acreditam que eu vou usar essa criança para criar híbridos ou dominar o mundo. Sei lá.”
“E você vai fazer isso?” Klaus arregalou os olhos.
“Que tipo de pessoa você pensa que eu sou?” Perguntou ofendido.
“É só uma pergunta, Klaus, não uma acusação.” Richard se defendeu.
“Eu jamais faria isso com ele.” Respondeu na defensiva. “E se você não…”
“Eu acredito em você, eu só perguntei pra você responder a pergunta pra você mesmo. Você sabe que não, mas tem medo que sim.” Richard falou se ajeitando melhor sobre a barriga do outro sem soltar o peso. “Agora você sabe a resposta.”
“Faltam quatro meses e ainda não temos um nome pra ele. Eu diria que podemos esperar ele nascer pra ver seu rosto, saber com que ele se parece, mas nós já sabemos como ele será.” Klaus comentou.
“Nós podemos fazer uma caixa de sugestões e sortear um.” Richard sugeriu e Klaus rosnou. “Eu estou brincando. Mas isso não significa que não podemos deixar nossos irmãos participarem das sugestões, afinal, eles estão trabalhando duro pra proteger o bebê.”
“Você tem razão. Porque não homenageamos alguém importante? Você não tem um tio ou talvez, o nome do seu pai?”
“Meu pai se chamava Ray, que não é um nome legal, e dar o nome pra homenagear o cara que eu matei seria hipocrisia. E tem o tio Eddie, o nome dele era Edward, nosso filho sofreria bullying na escola, chamariam ele de vampiro Edward, perguntariam se ele brilha no sol.” Richard falou tão rápido que Klaus só registrou o parricídio.
“Por que?”
“Por causa daquele filme de vampiro que os adolescentes gostam.”
“Porque você matou seu pai?” Klaus queria saber da história.
“O velho era um filho da puta bêbado que gostava muito de espancar os filhos. Longa história.” Deu um selinho na barriga do híbrido. “Nunca vou erguer a mão pra você…” Sussurrou. “Isso não vai te livrar de ficar de castigo se for preciso.” Klaus riu.
“Falando em pai, ainda temos um problema pra solucionar. Meu querido pai está perambulando por aqui com crise de consciência.”
“Nós temos mesmo que fazer isso agora? Eu sou um homem em recuperação, está tão confortável aqui que eu me sinto tentado a entregar meu título para o primeiro culebra que aparecer, estou pleiteando um cargo como marido troféu.” Klaus riu.
“Não sei, esse cargo já está sendo meu.”
“Pensei que fosse o rei.” Richard ergueu a cabeça.
“É verdade, mas por enquanto é uma monarquia parlamentarista.” Klaus parou de acariciar os cabelos escuros. “Agora se levante, temos um monstro para enfrentar.” Richard se ergueu de má vontade.
“Vou colocar o terno, afinal preciso passar uma boa impressão para o sogro.”
“Você é um ladrão de bancos e eu estou carregando uma criança. Boa impressão seria a última coisa que você iria causar caso fosse necessário.” Klaus resmungou. “Seja rápido, quanto mais cedo resolvermos isso, melhor. Não vou pisar em ovos na minha própria casa.”
“Não se preocupe, se houver intenções ocultas nós vamos saber.” Richard colocou a mão dos ombros de Klaus. “Eu sei que isso é difícil pra você, mas não se esqueça que a única pessoa em desvantagem aqui é Mikael. E fique atrás de mim.”
“Ficar atrás de você? Eu não sou um covarde e sou muito mais forte que você.” Richard revirou os olhos.
“Ele também?” Olhou para a barriga do híbrido que abriu e fechou a boca. “Se te faz sentir melhor, fique junto com Elijah, Kol e Freya.”
“Freya se bandeou para o lado do inimigo.”
“Freya nunca deixaria ninguém, nem mesmo o pai, ferir uma criança.” Richard estreitou os olhos. “Não é?”
“Eu não vou pôr minha mão no fogo por uma irmã que eu acabei de conhecer. Ela pode muito bem ter se aliado a ele em algum plano diabólico para nos trair em algum momento.” Klaus colocou a jaqueta. “Sua faca, me dê…” Esticou a mão. “Se ele estiver mentindo, tenho que ter algo pra me defender, afinal, Mikael tem a estaca.”
“Uma estaca?” Richard franziu a testa entregando o objeto.
“Não é qualquer estaca, meu amor, é Carvalho branco, única arma capaz de matar um Original.” Respondeu voltando a guardando a faca no bolso.
“Deveríamos destruir essa coisa, então, Klaus. Se isso cair em mãos erradas a vida dos seus irmãos, e principalmente a sua vida, estarão ameaçadas.”
“Não se preocupe, tenho tudo sob controle.” Klaus deu um selinho no marido e andou na direção da porta.
“Resta saber sob o controle de quem.” Richard andou atrás dele.

Mikael esperava por Klaus sob o olhar cuidadoso de Seth, Kol, Elijah e Freya. A bruxa estava feliz por finalmente encontrar seu amado pai, mas temerosa pelas consequências da relação conturbada dele com a família. O patriarca da família esperava com uma impaciência mal escondida, ele não havia permanecido no complexo, mas vinha todos os dias no intuito de conversar com seus filhos, apesar de Rebekah e Finn permanecerem em Nova Orleans.
Agora, livre do feitiço das bruxas, sua mente estava mais clara e seus sentimentos lúcidos. Mikael estava envergonhado e não sabia como poderia encarar Klaus quando o encontrasse, não conseguiu pensar em nada que pudesse fazer para conseguir ser perdoado por todos os seus atos hediondos. Mil anos de monstruosidades contra seus próprios filhos e contra um menino que não tinha culpa dos pecados da mãe.
Klaus andava um pouco mais lento que o normal, seus passos eram quase vacilantes, dentro dele havia um coquetel de emoções ameaçando explodir. Ele temia um ataque, temia a traição, e acima de tudo, temia a decepção porque lá no fundo havia uma esperança, como uma vela acesa na escuridão, esperança de que as palavras de sua mãe fossem verdade e Mikael nunca o odiou. Esperança de poder perdoar.
Respirou fundo parando na porta, ele e Mikael se encararam por alguns segundos antes que o vampiro se levantasse e Elijah fizesse o mesmo temendo algum tipo de ataque. Klaus não se moveu ou disse qualquer coisa, ao seu lado Richard parecia escanear Mikael usando seus olhos reptilianos causando calafrios no vampiro. Elijah estranhou que seu impetuoso irmão tenha esperado o aval de Richard para finalmente entrar na sala. Klaus confiar no julgamento de alguém era algo novo para ele.
“Niklaus.” Mikael falou como um cumprimento.
“Mikael.” O sentimento de ouvir o desprezo na voz de Klaus foi diferente desta vez, doloroso. “Confesso que, de todas as pessoas no mundo, você é a última pessoa que eu pensaria que um dia iria me defender, aliás, seu nome nem me passaria pela cabeça.” Os olhos do vampiro focaram na barriga do híbrido, que a escondeu sob a jaqueta.
“Desculpe, não foi minha intenção deixar você desconfortável…” Mikael pediu e a insegurança em sua voz soou estranho aos ouvidos. Richard se mantinha atrás de Klaus como um guarda costas com suas costas eretas e rosto impassível. “Acredito que você deveria se sentar.” O vampiro apontou para a cadeira e Klaus se sentou com desconfiança. “Antes de qualquer coisa, creio que se sentirá mais confortável com isso.” Mikael tirou do bolso a estaca de Carvalho branco deixando todos em alerta, colocou na mesa e a deslizou calmamente para Klaus.
“Está me entregando sua garantia contra mim?” Klaus segurou a arma mantendo-a sobre a mesa.
“Eu não estou aqui para te matar, Niklaus. Estou aqui esperando que você possa me perdoar e permitir que eu ajude a proteger meu neto.” Não apenas Klaus, mas também seus irmãos estavam abismados com as palavras.
“Seu neto? Desde quando o filho do bastardo é considerado seu neto? Me diga, Mikael, porque eu deveria acreditar que depois de séculos de perseguição você decidiu se tornar um pai agora?” Richard mantinha a mão firme no ombro de Klaus.
“Eu sei que é difícil para você entender, é muito difícil para mim também. Ainda estou tentando processar tudo isso.” Mikael falou com um olhar perdido. “Quando eu perdi Freya foi como se uma luz tivesse se apagado na minha vida…” As palavras fizeram o coração de Freya e Klaus doerem, mas por motivos diferentes.
“Houve um tempo em que você me conhecia, eu era o seu filho…” Klaus apertou os lábios. “Uma época antes de decepções, das revelações de traição. Houve momentos em que a única coisa que precisava era ser meu pai, mas você me rejeitou. Tudo o que eu gostaria era saber o porquê e ao invés de me dizer isso, você vem na minha casa para falar da sua filha favorita? Uma filha que você mal conheceu?” Klaus apertou a estaca.
“Eu espero que você se saia melhor que isso porque eu não vou permitir que meu marido se sente aqui para que você continue quebrando seu coração!” Richard mostrou seus olhos de serpente. Klaus sorriu ao ver a expressão no rosto de Mikael ao olhar para Richard.
“Você não deveria ficar surpreso de ver que meu companheiro é um monstro como eu.” Comentou.
“O menino tem os olhos dele, apesar de lembrar os seus.” Mikael respondeu. “Como eu ia dizendo, quando eu perdi Freya foi o pior momento da minha vida, anos depois, mesmo tendo Elijah e Finn, a perda dela ainda me atormentava…” Mikael encarou Klaus. “Até o dia em que você nasceu.” Klaus ergueu os olhos prestando atenção. “Quando você nasceu eu fiquei radiante, uma nova luz se acendeu e quando eu vi os seus olhos, eu me lembro de pensar: esse aqui tem os olhos de um guerreiro, ele será digno!”
“Você espera que eu acredite nisso? Depois de todos os séculos de ódio?” Klaus não acreditava, mas queria acreditar. Ou, talvez, fosse ao contrário.
“É claro que não, eu sei que você não acredita, mas é a verdade, Niklaus, quando você nasceu eu senti como se a luz que eu havia perdido tivesse voltado a se acender. Eu fiquei tão orgulhoso.” Havia um brilho nos olhos de Mikael.
“Então, o que mudou?” Elijah perguntou.
“Eu não sei, aos poucos o brilho começou a se apagar, todo aquela alegria ficou cada vez mais distante, o amor, o orgulho que eu senti começou a desvanecer e um dia só restava ódio, uma raiva inexplicável, uma sensação de perda e um desejo obscuro de matar você. Era como se tudo de bom tivesse deixado de existir.” O vampiro explicou. “Eu culpei a infidelidade de sua mãe, eu pensei que a minha aversão a você fosse por causa de alguma intuição sobre traição e eu passei a odiar você ainda mais porque o menino com olhos de guerreiro não era meu filho de fato. E saber disso também trouxe um certo alívio pela culpa de odiar meu próprio sangue.”
“E de repente, você se sentiu culpado e achou que poderia aparecer e se juntar a nós para a ceia de Natal?” Klaus zombou.
“Quando você me prendeu naquele caixão, eu permaneci preso em uma espécie de sonho contínuo, eu estava na floresta, sempre fazendo estacas para te matar e caçando os lobos. Os únicos sentimentos que eu tinha eram ódio e solidão, até ele aparecer.” Confessou.
“Ele?”
“O menino tagarela e intrometido, se sentou ao meu lado me enchendo de perguntas e andando atrás de mim mesmo quando eu o dispensava. Ele pediu para que eu o ensinasse a caçar e vou te dizer, a mira dele é perfeita, atingiu o cervo com uma flecha certeira entre os olhos…” Mikael sorriu com um orgulho que Klaus sempre sonhou que fosse direcionado a ele. “Ele me disse que estava procurando seu avô, eu não acreditei no começo, mas seus olhos me fizeram lembrar do tempo em que eu era feliz, do tempo em que eu te amava, Niklaus.” Klaus não sabia se acreditava nas palavras de Mikael. “Ele me disse que eu estava sob influência das bruxas e me fez uma proposta.”
“Que proposta?” Richard perguntou.
“Ele me disse que se eu o aceitasse, ele quebraria o feitiço das bruxas, me libertaria. O menino me disse que eu poderia ter de volta tudo que as bruxas tiraram de mim. E eu aceitei meu neto e vou protegê-lo de qualquer um que tentar feri-lo.” O vampiro garantiu.
“Sinto muito, mas isso é um pouco fantasioso, você não acha? Caso não tenha notado, meu filho ainda não nasceu.”
“A criança não é o seu filho, é uma representação mágica, segundo ele.” Mikael explicou.
“Se o que você diz é verdade, senhor Mikael, me diga como ele é.” Richard Gecko falou.
“Pequeno, cabelos loiros encaracolados e bagunçados, que ele sempre precisa tirar da frente dos olhos. Rosto redondo, nariz pequeno e arrebitado, olhos azuis metálicos. Mas algo neles me lembra dos seus.” Klaus e Richard se entreolharam.
“Deve ser o mal.”
“Me permita ajudar vocês a protegê-lo e talvez fazer por ele o que não fiz por você.”
“Klaus acredite no nosso pai.” Freya deu um passo para frente.
Klaus olhou para Richard, apertou a estaca na mão. Ele queria acreditar, queria confiar. Mas não era da sua natureza. Klaus empurrou a mesa entre eles e atacou Mikael o segurando contra a parede com a estaca apontada para seu coração. Freya tentou impedir, mas foi contida por Elijah. Mikael não lutou.
“Me desculpe, eu queria acreditar em você, eu realmente queria…” Falou com os olhos marejados. “Mas eu não posso colocar em risco a coisa mais importante da minha vida por causa de um desejo egoísta por um pai que nunca me amou.”
“Eu entendo.” Mikael falou sentindo a ponta da estaca perfurar sua pele enquanto Klaus abria mão de um sonho de infância por um novo sonho. Freya gritava desesperada. Richard não impediu Klaus, não seria ele a impedir algo que ele mesmo já fez. Klaus fechou os olhos antes de empurrar a arma enterrando no coração de Mikael. O vampiro passou os braços ao redor de Klaus, o abraçando. “Eu entendo.”
A estaca foi empurrada para fora do corpo do vampiro, Klaus soltou a arma no chão quando pegou fogo até se tornar cinzas. Mikael e Klaus se encararam. O híbrido se virou para Freya e rosnou pronto para atacar a bruxa.
“Você, sua bruxa traidora…” Grunhiu. “Preferiu me trair para não deixar seu querido pai morrer.” Richard abraçou o corpo de Klaus.
“Klaus, não foi ela.” O Culebra garantiu. “Amor, não foi a Freya.”
“Eu juro, Klaus, não fui eu.” Freya falou olhando ao redor.
“Como não foi ela? Estão vendo alguma outra bruxa maldita aqui?” Klaus perguntou acusatório.
“Klaus não foi ela…” Richard puxou Klaus para ele. “Foi você, amor, você destruiu a estaca!”

Chapter 24: THE MAGIC FRIEND

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Boa leitura!

“Richard, você bateu com a cabeça? Eu não tenho magia…” Klaus se defendeu. “Híbrido, lembra? Vampiro e lobo, nenhuma parte bruxo.”

“Na verdade, você tem sim uma parte bruxo…” Kol falou. “O Dante!”

“Quem é Dante?” Klaus e Richard perguntaram juntos.

“O bebê, Kol costuma chamar ele de Dante.” Seth respondeu, Klaus e Richard se viraram para Kol. “Sabe, igual o filme O inferno de Dante. Só não me pergunte porque ele deu o nome de um Vulcão pro moleque.” Seth deu de ombros.

“Dante é o nome da cidade, não do vulcão.” Richard corrigiu.

“É o Dante, de outro Inferno de Dante…” Kol olhou para Seth. “Do livro do escritor italiano.”

“Você deu um nome para o meu filho?” Klaus perguntou irritado.

“Qual é, ele precisava de um nome, eu não posso chamar ele de anticristo Mikaelson ou feijãozinho de satanás.” Kol deu de ombros.

“Deu um nome pro meu filho, qual vai ser o próximo passo? Vai querer meu marido também?” Klaus perguntou com as mãos na cintura.

“Claro que não, eu prefiro meu Gecko mais bem passado, com menos baunilha e mais pimenta.” Piscou para Seth.

“Kol…” Seth franziu a testa. “Cala a boca.”

“Está tudo bem, querido, nós concordamos em deixar nossos irmãos darem sugestões de nomes, lembra?” Richard esfregou a mão nas costas de Klaus. “Dante é sugestão do Kol.” Klaus pareceu concordar, mas não sem antes dar um último rosnado de advertência para o irmão mais novo.

“Estou dizendo a verdade, Klaus, eu não fiz nada.” Freya olhou para o pai, envergonhada. “Eu não poderia escolher um lado.”

“Está tudo bem, não foi sua culpa.”

“E então, vocês acham que eu fiz? Eu não sabotaria a mim mesmo?” Klaus olhou para todos e Elijah preferiu não comentar a frase. “Ou o meu filho?”

“Como eu disse, pode ser o Dante.”

“Pense nisso, Niklaus…” Elijah se levantou da cadeira. “Dante… digo, a magia do bebê não apenas quebrou o feitiço Bennett que prendia o corpo físico de nosso pai, ele quebrou um poderoso feitiço ancestral que, de certa forma, prendia sua mente. Ele libertou Mikael com um propósito e por isso, também o impediu de matá-lo.”

“E qual seria o grande propósito?” Kol perguntou.

“Ele me pediu para protegê-lo…” Mikael falou. “A magia dele é algo que eu nunca vi e eu já conheci bruxos e bruxas de várias tradições. Essa magia age em nome dele, como se fosse auto consciente, mas não acho que seja uma consciência independente.”

“Como assim?” Richard perguntou interessado.

“É uma consciência dele, pode parecer loucura, mas é como se aquela magia não fosse apenas parte dele, é como se fosse ele.” Mikael explicou suas impressões. “Eu tenho uma teoria de que a forma que Dante se representa é a idade da consciência mágica dele.”

“Que tipo de maluquice é essa?”

“Faz sentido.” Richard falou e Seth o encarou.

“Faria sentido se você tivesse usando uma camisa de força, Richie.”

“Quando eu vi o Dante…” Richard começou a explicar.

“Até você?” Klaus franziu o cenho.

“Ah, desculpe, quando eu vi o bebê pela primeira vez, antes de saber da gestação, ele aparentava ter uns quatro ou cinco anos, chorando desesperado no meio do meu escritório.” Richard contou.

“Deve ter sido na noite que Agnes atentou contra o Klaus, eu ouvi a voz dele me chamando.” Kol concluiu.

“Quando eu vi ele no dia em que eu soube da gestação, ele parecia um pouco maior, uns seis anos e da última vez, quando ele me pediu pra salva-lo, já estava com uns sete.” Richard contou.

“Então, a idade da representação dele está ligada a idade da consciência mágica…” Klaus falou apoiando o dedo indicador no nariz, pensativo. “Se isso for verdade, a consciência mágica dele, mesmo sendo muito poderosa, ainda é infantil.” Richard estreitou os olhos.

“Isso explicaria porque ele procura pessoas que uma criança procuraria. Os tios, os pais, o avô. Pessoas que a maioria das crianças procuram e confiam que vão protegê-las, independente de qualquer coisa, a família.” Richard concluiu.

“Ele chamou Kol, você e até… Ele.” Klaus apontou para Mikael. “Todos menos eu!” Aquela conversa fez Klaus se sentir rejeitado, mas Richard segurou sua mão.

“Porque você é o seu principal protetor, Klaus, ele está protegido dentro de você. De todos nós, você é o único que ele sabe que não precisa pedir. Acho que você é o único que ele confia incondicionalmente.” Virou Klaus para ele. “Não encha sua cabeça de minhocas, Klaus.” Klaus não conseguiu pensar em nada para dizer.

“Acredito que não seja apenas questão de ser pai, tio ou avô.” Elijah interferiu. “Kol era o mais relutante em aceitar a criança e Mikael rejeitou Klaus por causa do feitiço das bruxas, mas seria parte da família e um grande protetor. Ele aparece para quem poderia salvá-lo, mas que também precisa estar aberto a ele.”

“Mas eu não estava relutante e não o rejeitei.” Richard falou pensativo.

“Você é o pai dele, Richard. O primeiro instinto de uma criança é procurar os pais quando precisam de ajuda.” Freya olhou para Mikael se lembrando da infância.

“É uma pena que nem todos possam dizer o mesmo, irmã.” Klaus encarou a bruxa que baixou a cabeça.

“As bruxas não estão erradas em ter medo…” Kol encostou no balcão bebendo um copo de whisky. “Ele não nasceu ainda e sua magia já é capaz de quebrar feitiços poderosos, recrutar protetores e defender seu portador independente da sua vontade. Podem imaginar o que ele será capaz de fazer? Podem imaginar como será quando ele alcançar seu potencial máximo? Dante Mikaelson Gecko será a criatura mais poderosa viva.”

“E isso vai atrair muitos inimigos…” Mikael se serviu do whisky. “Gente que vai tentar matá-lo ou usá-lo para fins escusos. Nenhum de nós poderá baixar a guarda até que ele possa se defender sozinho.”

“Dahlia virá por ele…” Freya esfregou as mãos, nervosa. “Assim que ele nascer, ela saberá que existe um primogênito Mikaelson e virá atrás dele. Ela ainda permanece sob o feitiço, ainda está dormindo, mas logo chegará o momento em que ela vai voltar.”

“E nós vamos destruí-la como fizemos com todas as outras.” Klaus garantiu.

“Não, Klaus, vocês não entendem. Dahlia é imortal e um mal maior que Esther. Ela vai transformar seu filho em sua bateria mágica e vai fazer o mesmo com o filho dele porque é isso que ela faz. Ela vai escravizá-lo, como fez comigo e arrancar dele qualquer brilho de felicidade.” A voz da bruxa tinha um tom de desespero.

“Ela fez isso com você por um único motivo, Freya, você não teve quem lutasse por você, mas ele tem, irmã.” Elijah segurou seu ombro e lhe entregou um copo. “Ele tem você, ele tem todos nós. Tem a família. E nós lutamos pela família.”

“Só tem uma coisa que eu não entendi…” Seth franziu a testa. “Na verdade, quase tudo, mas se você e a bruxa Má do Oeste estão ligadas estilo Bela adormecida, como você está acordada?”

“Eu fui acordada quando a Maldição estava prestes a ser desencadeada para ajudar meus irmãos a sobreviver, um ano antes do prazo, mas daqui há alguns meses Dahlia vai despertar, então vai me caçar e caçar o Dante.”

“E se nós a caçarmos primeiro?” Seth falou e todos olharam para ele.

“Ela é imortal, Seth.” Freya falou.

“Ela está dormindo e só vai acordar em alguns meses, não é? Se não podemos matar, nós poderíamos prender ela em um caixão com algum feitiço, sabe, igual essas algemas de bruxa. Concretamos ela até achar um jeito de separar a ligação dela com a Freya.” Seth sugeriu e Kol sorriu.

“Eu aprendi muita coisa sobre magia durante minha vida, vou procurar um jeito de fazer isso. Freya pode me ajudar.” Kol apoiou a ideia. “Já que eu não sou um bruxo.”

“Eu também posso absorver o conhecimento da Esther e descobrir se ela sabe de alguma coisa.” Richard puxou Klaus mais perto.

“E como vamos encontrar a bruxa?” Klaus perguntou a Freya. “Você sabe onde ela está?”

“Não, mas…”

“Enquanto vocês trabalham nisso…” Mikael se prontificou. “Eu vou rastreá-la, assim que tiver notícias, eu ligo.” Mikael parou na frente do híbrido que se esquivou quando Mikael fez menção de tocá-lo. “Cuide-se… filho.” Falou antes de desaparecer pela porta.

“Tudo bem…” Klaus engoliu seco. “Trabalhem nisso então, eu… eu vou ajudar o Richard com as coisas dele.”

“Minhas coisas?” Richard encarou Klaus.

“É, Richard, suas coisas. Eu decidi que aquele quarto em que você dorme será um ótimo quarto para o bebê.” Informou ajeitando a jaqueta.

“Espera, vai transformar o quarto para o bebê? E eu vou dormir onde?” Perguntou sério e Kol engasgou com o whisky.

“Deus do céu, como eu fui pensar que ficar com você seria uma boa ideia?” Klaus balançou a cabeça. “Você vai voltar para seu quarto, idiota!”

“Ah… Mas você vai para onde? Não tem outros quartos desocupados naquele corredor.” Richard falou sorrindo e Klaus se perguntou se ele estava falando sério.

“Vamos logo, meu querido marido sonso…” Klaus agarrou a manga do terno e puxou Richard. “Estou pensando em abrir uma porta entre nosso quarto e o quarto do bebê, acho que seria mais seguro.”

“Espera, nosso quarto?” Richard acelerou o passo.

“Meu Deus.” Klaus revirou os olhos.

“Eles formam um casal… Peculiar.” Elijah comenta ao lado de Seth.

“Se você diz.” Seth ficou olhando para o casal saindo da sala.

Chapter 25: I’M JUST YOUR PROBLEM

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Boa leitura!

Klaus ergueu os olhos do livro quando ouviu a porta do banheiro ser aberta, Richard saiu usando apenas o shorts do pijama e secando o cabelo. O híbrido aspirou o cheiro da pele do outro misturado com o cheiro do desodorante e loção pós barba, aquele cheiro sempre foi um afrodisíaco para Klaus, mesmo antes de decidir aceitar transformar a farsa em verdade.
Mesmo com o desejo rastejando sob sua pele, Klaus decidiu que nada mudaria até que o bebê nascesse, então ele segurava e escondia suas intenções, como naquela noite, eles haviam repetido o ritual como sempre faziam, Klaus bebia seu sangue, Richard injetava seu veneno enquanto a união era consumada, sem beijos ou preliminares. Vestidos e cirúrgicos. Richard apenas respeitou a decisão de Klaus, ele sempre respeitava. Era difícil para um homem tão passional como Klaus se segurar diante de todo o desejo que sentia, mas a verdade é que apesar de feliz com seu filho seguro dentro dele, o híbrido sentia vergonha de seu corpo e não queria que o outro o visse ou tocasse. Ele poderia aguentar mais quatro meses.
“Você está quieto, está tudo bem?” Richard perguntou enquanto vestia a regata cinza.
“Estou bem, não se preocupe.” Klaus acompanhou-o com os olhos, Richard puxou o lençol e se deitou ao seu lado, suspirou com a maneira como os músculos do outro se flexionaram quando Richard dobrou o braço sob a cabeça.
“Amanhã, vão abrir a porta entre os quartos e depois de pronto, você pode redecorar. Comprar os móveis novos, Elijah pode te ajudar.” Richard ergueu os olhos para o híbrido. “Se precisar descansar durante o dia, posso colocar uma cama improvisada no estúdio ou posso pedir a Seth pra você ficar no quarto dele.”
“Não se preocupe, tem um sofá confortável no estúdio, caso eu precise.” Klaus respondeu colocando o livro na mesa de cabeceira. “Richard, sobre os móveis, me desculpe por destruir o berço que você comprou. Não foi intencional, acredite.”
“Eu sei disso, nós estávamos em maus termos naqueles dias e você não planejava viver aqui.” Klaus ficou grato por Richard tirar aquela conclusão porque ele não estava disposto a admitir que teve uma ideia errada sobre Kol e ele sozinhos naquele quarto e não gostou nenhum pouco da possibilidade de alguém tocar no que lhe pertencia.
“Sim, é verdade, mas ainda assim eu destruí algo que você comprou para o nosso filho.”
“Águas passadas, o berço é por sua conta agora.” Richard deu de ombros. “O restante dos móveis também já que, segundo você, meu gosto é péssimo.”
“Bem, pelo menos você sabe.” Klaus riu. “Tão ruim que o destino precisou arrumar um marido pra você.” Brincou.
“Isso é verdade, eu jamais teria me casado de outro jeito.”
“Por que você jamais teria se casado? Você é um cara bonito.” O híbrido ficou curioso.
“Eu não sou bom com as pessoas, toda vez que eu tento conversar com alguém, as pessoas acham que eu sou algum tipo de maluco psicopata.” Confessou.
“Mas você é um tipo de maluco psicopata.”
“É, mas não o tipo estranho pervertido de maluco psicopata. O que Seth mais ouvia era como o irmão dele era louco, que tinha alguma coisa muito errada com a minha cabeça…” Richard ergueu os olhos pra ver o rosto do marido. “Eu só estava tentando ser gentil, sabe, ser um cara legal, mas as pessoas, principalmente as garotas, achavam que eu era só um esquisito.”
“Eu não acho que você não é bom com pessoas, acho que você é um cara muito inteligente e que isso torna conversas e pessoas comuns desinteressantes pra você.” Klaus comentou. “Elas não entendem o que você quer dizer, não procuram entender e rotulam você.”
“Ou seja, eu sou um cara chato.” Richard riu.
“Eu não acho você chato, não sempre, na verdade, eu até gosto quando você começa a divagar sobre alguma curiosidade, como quando você me deu uma lista de nomes de refrigerantes e bebidas da sua época de infância.” Klaus se lembrou. “E você também é um bom ouvinte.”
“Você também e talvez seja por isso que nós conseguimos conversar por muito tempo. Somos pessoas que ninguém escuta, mas nós nos escutamos.” Klaus pensou sobre isso e concluiu que era uma inegável verdade, seus irmãos sempre o viam como paranoico e não davam ouvidos às suas preocupações. Richard nunca o ignorou, mesmo quando não se suportavam, ele sempre o ouvia.
“Klaus, eu não quero que você fale com sua mãe. Eu vou cuidar disso.” Klaus encarou o Culebra.
“De jeito nenhum, ela quase matou meu filho, Richard, eu mereço destruí-la com minhas próprias mãos.”
“Eu sei que sim, mas Esther ainda é sua mãe e isso não vai mudar, aliás, perto dela a minha mãe, que abandonou os filhos nas mãos de um bêbado abusivo, é até razoável… Você merece essa vingança e eu estou mais que disposto a entregar a cabeça de todos os seus inimigos em uma bandeja de ouro como presente a você, mas eu quero lidar com ela.” Richard falou e Klaus ficou irritado com a insistência.
“Ela é minha mãe, só eu posso fazê-la sofrer como ela merece.”
“E só uma mãe é capaz de destruir um filho tão profundamente. Essa mulher destruiu sua confiança muito mais que seu pai porque todos esperam, de certa forma, que possa haver o mal no coração de um pai, mas o fardo de uma mãe é muito maior. As pessoas são condicionadas a acreditar que as mães devem amar incondicionalmente seus filhos, não ter o amor real da única pessoa que, em termos, deveria te amar apesar de tudo, fez você acreditar que não é digno de ser amado.” Klaus virou o rosto devagar sentindo seu coração se apertar, mas Richard se sentou na cama e segurou seu rosto. “Aquela mulher vai olhar em seu rosto e vai dizer que tudo o que ela fez foi por amor a vocês e ela não vai estar mentindo porque ela acredita nesse amor distorcido.”
“E você acha que de repente eu vou acreditar nela, aceitar o seu amor e o que? Entregar a faca na mão dela para que possa matar meu filho? É disso que você tem medo?” Klaus perguntou enraivecido.
“Eu sei que você não vai acreditar, mas isso não significa que não vai doer, Klaus, aquela mulher vai te machucar, como você mesmo disse, de um jeito que só uma mãe é capaz de machucar um filho.” Richard olhou para dentro dos olhos de Klaus. “Eu não quero que você se machuque.”
“Eu posso me cuidar, Richard.”
“Eu sei que pode, mas você não está mais sozinho. E além disso, nós prometemos proteger nosso filho, não só dos nossos inimigos, mas também de nós mesmos, não foi?” Klaus olhou para a barriga. “Sentimentos negativos são ruins para ele. Esther só tem isso para oferecer, sentimentos negativos, e nós não seremos como eles. Sem contar que ele pode aparecer por lá se sentir que você não está bem, você sabe, mesmo sendo uma projeção, não sabemos o quanto ele pode absorver. Ele não precisa presenciar sua avó falando coisas horríveis sobre ele.” Richard tinha um ponto e o híbrido sabia. “Cuide dele e me deixa cuidar de você.”
“Eu vou deixar você fazer isso, mas não pense que vai conseguir me manipular com essa sua boca doce todas as vezes.” Klaus tirou as mãos do marido de seu rosto.
“Está bem, depois que Dante nascer, eu posso usar minha boca para te convencer de outras formas.” Richard voltou a se deitar. “Sabia que serpentes não têm reflexo de GAG?” Comentou casualmente e Klaus arregalou os olhos.
“Meu Deus, você acabou de falar sacanagem pra mim?”
“Claro que não, querido, só estou te dando uma informação aleatória.” Richard ergue o braço abrindo espaço para Klaus, que se deitou em seu ombro.
“Por que chamou ele de Dante?”
“Eu não sei, acho que gostei do nome, é forte… Meio que, combina com uma criança que foi concebida no Xibalba. Mas não precisamos colocar esse, fica a seu critério.” Richard passou a mão nos cabelos do híbrido.
“Dante Mikaelson Gecko, não é ruim, mas não vamos contar ao Kol, não quero aquele idiota se achando muito. Ele foi o primeiro que nosso filho escolheu, talvez ele mereça dar o nome. Vou avaliar.” Richard deu uma risada, os dois ficaram em silêncio.
“Sabe, a gente podia assistir uns filmes amanhã, o que acha de assistir uma coletânea de Lobisomem americano? Nós podemos comer pipoca e você pode reclamar e zombar dos efeitos especiais e dos lobisomens…” Richard sugeriu sem receber resposta. “Klaus?” Olhou para o lado vendo que o outro havia adormecido. “Boa noite.” Falou sorrindo e beijou a testa do marido e depois tocou sua barriga. “Boa noite… Dante!”

Esther estava há dias presa em correntes enfeitiçadas que a impedia de usar magia, seus braços, costas e pernas doíam por causa da posição desconfortável e ela agradecia aos deuses cada vez que seus músculos ficavam dormentes, pois ela poderia ter um pouco de descanso. O lugar em que a colocaram era frio e úmido, as paredes de pedra tinha símbolos desconhecidos e assustadores, às vezes alguém lhe dava um pouco de água ou comida, mas Esther tinha certeza de que era apenas para evitar que ela morresse antes que Klaus viesse para se vingar. Certamente ele vai adorar vê-la na situação humilhante em que se encontrava.
Ergueu a cabeça dolorosamente quando a porta rangeu e alguém acendeu a luz, demorou para que seus olhos se acostumassem com a luz novamente.
Richard entrou na cela e abriu uma cadeira de metal, se sentou com as pernas cruzadas e um grande copo de horchata. Ele não disse nada, apenas observava a mulher a sua frente, se perguntando se a dona daquele corpo ainda estava lá, mas acreditava que não.
Quando olhava para a bruxa podia ver claramente a forma de um demônio xibalbano, com chifres, rabo, garras e presas. A imagem de sua alma, de suas intenções, e por isso que ele não iria permitir que Klaus a encarasse novamente, demônios como ela nunca param de machucar as pessoas.
Esther forçou os olhos para identificar o visitante, demorou até que seu cérebro finalmente reconhecesse o homem. Reuniu toda a saliva para lubrificar sua garganta ressecada.
“Eu sei quem você é…” Falou com voz áspera. “Você é o monstro com quem meu filho foi forçado a se unir.” Richard bebeu um gole da horchata e continuou encarando a mulher. “Você colocou aquela coisa dentro dele.”
“Eu teria mais cuidado ao falar do filho de outra pessoa se fosse você, minha senhora, nem todos os pais são tolerantes aos maus tratos como você.” Richard empurrou os óculos para o lugar.
“Você não sabe nada sobre mim, sobre nós.” Esther chacoalhou as corrente e Richard sorriu. “Eu amo meus filhos, todos eles, sem exceção.”
“Então precisamos agradecer aos deuses por Klaus não ter aprendido a amar com você, ou nosso filho estaria em apuros.” Zombou.
“Eu não quero falar com você, onde estão meus filhos, onde está Niklaus?” Esther odiava se sentir impotente.
“Que pena, achou mesmo que eu iria deixar meu marido falar com você? Minha senhora, eu sou a última pessoa com quem você vai falar, meu rosto será o último rosto que você vai ver. E acredite, isso é muito mais do que você merece.”
“Você está aqui para me matar? Não importa, me matar não vai fazer de você um marido e nem daquela criatura enfadonha uma criança de verdade e você sabe disso muito bem.” Esther tinha tanto ódio na voz que Richard não sabia de onde vinha. “Você acha que essa união forçada, esse casamento falso te dá o direito ao status de marido? De falar em nome dele? De agir pelas costas dele?”
“Ah, foi de você que ele puxou essa mania de presumir as coisas, eu não faço coisas pelas costas dele. Eu acredito que um bom relacionamento é construído com diálogo e apoio mútuo. Mas é tarde demais para você aprender alguma coisa.” Richard respondeu. “E você não deveria julgar nosso relacionamento já que foram as suas transgressões que desencadearam a maldição que jogou Klaus no meu colo, lembra?”
“Você não ama meu filho, se o amasse de verdade, me deixaria fazer o que é necessário para que ele possa ter uma boa vida, ser tudo o que ele nasceu para ser. É você que o impede, você e aquela criatura que chamam de filho.” Esther puxou a corrente como se pudesse se aproximar do Culebra. “Eu poderia transferir seu corpo para um lobo, ele poderia ter a vida que sempre quis, se casar com uma boa moça e ter quantos filhos quisesse. Filhos normais, filhos de verdade.”
“Meu filho é um filho de verdade, e você não vai transformar meu marido em um ladrão de corpos como você. Encare a realidade, Esther, isso nunca vai acontecer. E sabe do que mais? Klaus tem uma família agora e ele vai ser tão amado que você, e sua maldade, vai ser esquecida.”
“Eu quero falar com Niklaus, quero falar com meu filho, tenho certeza que ele vai esquecer essa insanidade quando der a ele meu perdão.” Richard se levantou rindo.
“Seu perdão? Você é mais louca do que eu pensava…” Richard rangeu os dentes indignado com as palavras da bruxa. “Você é maluca, nem nos meus oitocentos anos vivendo no Xibalba eu encontrei uma alma tão pervertida. Você desafiou a natureza para ter filhos que não protegeu, os transformou em vampiros para depois condená-los e de todos, Klaus foi quem mais pagou por seus pecados. Isso acabou e vou me certificar de que você saiba exatamente o que ele sentiu. Você é cruel, egoísta e perigosa, eu admito, como uma criança mimada e piromaníaca com uma caixa de fósforo. Uma que eu quero longe da minha família.”
“Você pode me matar, não importa, mas eu nunca vou te deixar ficar com meu filho, não vou deixar aquela criança nascer. NUNCA!!!!” Esther gritou raivosa, ela nunca odiou tanto alguém quanto odiou o culebra.
“Matar você?” Richard se aproximou empurrando os cabelos, úmidos e mal cheirosos, para trás. “Eu jamais mataria minha querida sogra, isso seria terrível, não tanto quanto uma mãe atormentar seus filhos ou uma avó tentar matar o neto, não acha?”
“NÃO ME TOQUE!” Richard afastou o rosto com uma careta de repulsa.
“Seu hálito está horrível…” Comentou com desdém. “Como eu estava dizendo, eu não pretendo te matar, não posso permitir que você volte dos mortos ou vire uma dessas velhas bruxas que ficam assombrando as pessoas e atormentando nossa família. Então, eis o que vou fazer…” Richard retirou uma seringa do bolso e enfiou no pescoço de Esther.
“O que você fez?” Ela perguntou assustada.
“Teria sido mais poético usar o sangue do Klaus, mas ele precisa para o bebê. Porém, Elijah ficou mais do que contente em me dar um pouco do sangue dele. Acho a maneira como seus filhos te amam bastante comovente, não acha? Minha cunhada Freya, por exemplo, está até fazendo uma adaga especial, com a ajuda de Kol, para te presentear.” Esther ainda estava em choque temendo as consequências daquele sangue em seu sistema. “Eu vou beber seu sangue até que você esteja a um passo do fim, vou roubar todo o conhecimento que você adquiriu durante cada minuto de sua vida e vou entregar tudo ao meu filho, enquanto você vai estar definhando embaixo da terra, o neto que você rejeita vai usufruir de todo o seu legado.”
“Ninguém tem esse poder.” Ela recuou.
“Eu sou Richard Gecko, o Lorde dos Culebras, descendente da Serpente da visão, eu tenho esse poder, e meu filho também terá…” Richard aproximou o rosto do pescoço da bruxa. “Guarde minhas palavras para que você possa ficar remoendo no seu caixãozinho, Dante Mikaelson Gecko vai ser o maior bruxo desse mundo maldito. E você não estará aqui para ver.” Os olhos reptilianos brilharam, as presas surgiram e Esther gritou quando Richard mordeu seu pescoço. Quando o coração dela estava prestes a parar, o culebra retraiu as presas e com um sorriso sangrento nos lábios, quebrou o pescoço da matriarca.

Seth erguia os olhos das peças da arma desmontada a cada vez que Klaus tamborilava os dedos na mesa ou batia os pés no chão, ansioso. Seth se perguntou porque o híbrido escolheu se sentar com ele ao invés de pintar algum quadro, incomodar um dos irmãos ou qualquer outra coisa que híbridos fazem.
“Você não tem uns catálogos de coisas de bebê pra olhar?” Seth perguntou limpando o cano da pistola. “Pegue o meu laptop.”
“Eu não vou ficar navegando em compras online agora.” Klaus respondeu ríspido. “Richard está sozinho com a minha mãe, aquela mulher é a bruxa mais poderosa que eu já conheci.”
“Que está presa por correntes enfeitiçadas, relaxa, Klaus. Toma, limpa isso, vai te ajudar a pensar.” Empurrou parte da arma para o híbrido, que o ignorou.
“Você não conhece minha mãe, ela vai tentar manipular seu irmão. Aliás, como alguém pode ser um Lorde sendo tão paciente?”
“Ele não é.” Seth respondeu. “Richard não é paciente. Richie é um nerd que acredita em dados científicos como os que falam sobre os efeitos do estresse durante a gestação, ou que bebês podem ouvir o que é dito enquanto ainda na barriga, os estudos que falam sobre o bebê pode reconhecer a voz da mãe, no seu caso, do pai, e toda essa baboseira.” Klaus ficou encarando Seth.
“Então, ele está fingindo?”
“Não, Klaus, ele está cuidando de você e do moleque. Controlar seu temperamento pra beneficiar outra pessoa não é fingir. E só pra constar, Richard não se importa com seus ataques, acho que ele até acha fofo, de um jeito esquisito. Ele sorri mais quando está com você e isso é bom.” Seth confessou. “Acho que sua ligação com ele é maior que a ligação dele com a Kisa.”
“Que ligação ele tem com aquela dançarina dos infernos?” O híbrido se ajeita na cadeira e encara o humano. “Eles tem alguma coisa? Richard gosta dela?”
“Uau, não sabia que você era tão ciumento.” Seth comentou.
“Eu não tenho ciúmes daquela dançarina desclassificada, só não vou admitir que alguém tente tomar aquilo que me pertence.” Klaus falou entre os dentes.
“Certo, sr. ‘Eu não sou ciumento’… Eles tinham uma coisa de telepatia, sabe, ela conseguia se comunicar com ele…” Seth vê uma sombra cair sobre os olhos do híbrido. “Olha só, estressadinho, eu sei o que você está pensando, mas isso acabou há muito tempo. Aquela mulher nunca amou meu irmão, ela usou a carta da donzela em perigo, seduziu ele para fazer o trabalho sujo pra ela e depois descartou. E Richie também não a amava, acho que ele só queria ter alguém que lhe desse um pouco de carinho. Ela usou a dificuldade de conexão do Richie contra ele.” Seth tentou tranquilizar Klaus. “Sabe, no fundo isso é culpa minha.” A frase chamou a atenção de Klaus. “Se eu fosse um irmão mais atento, se eu confiasse mais.”
“Por que você pensa que a culpa é sua?”
“Richard sempre foi um nerd, inteligente, estrategista, um planejador, e mesmo sabendo de tudo isso, as pessoas nunca o escutavam, achavam que ele era maluco, nunca levavam ele a sério, eu inclusive. Antes do Richard ficar preso no Xibalba, ele era mais falador, mesmo sabendo que ninguém se importava com o que ele falava, ele tentava falar, tentava avisar e eu sempre mandava ele calar a boca…” Seth suspirou. “Sabe o que é mais engraçado? Richie sempre estava certo, ele via coisas que eu não via e mesmo assim, eu nunca acreditava nele…” Klaus se sentiu incomodado, ele sabia como Richard se sentia porque ele também era ignorado. “Quando Richard voltou, ele não era mais o mesmo falador… Ele estava diferente, calado, na dele, sabe, ele não dava mais palpites, avisos, opiniões, nada. Quando alguém perguntava alguma coisa ele dizia: ‘fale com o Seth! Pergunte ao Seth!’ Era como se ele simplesmente não se importasse. Como se aquele lugar tivesse roubado a alma dele. Eu pensei: Sete anos naquele lugar ferrou mesmo com a cabeça dele.”
“O que aconteceu com ele no Xibalba? Pelo que eu entendi, é um tipo de inferno, um submundo.”
“Ele nunca me falou, todas as vezes que eu perguntei, ele desconversou e disse simplesmente que venceu o jogo.” Seth respondeu. “Mas eu só estou falando isso, Klaus, porque eu acho que meu irmão gosta de você. Desde que você chegou aqui, mesmo quando vocês ficavam se evitando ou discutindo, ele assumiu definitivamente sua posição como Lorde, começou a falar mais, sorrir mais, até quando você está sendo um pé no saco.” Klaus apertou os lábios tentando esconder o sorriso involuntário. “Então, o lance é o seguinte, se você magoar o Richie, eu vou… bom eu ainda não pensei nisso, mas não vai ser legal.”
“Bom, você está defendendo o seu irmão e eu também me sinto no direito de fazer o mesmo…” Seth ergueu uma sobrancelha. “Não machuque o Kol.”
“Você é maluco? Eu não tenho nada com aquele seu irmão irritante…” Klaus riu. “Kol e eu, não vai acontecer, ele não faz meu tipo, eu gosto de garotas.”
“É verdade, principalmente se for uma versão da ex-mulher dele…” Richard falou se aproximando da mesa e colocando um copo de Horchata na frente do híbrido. “Aqui, fiz pra você.”
“Obrigado… Ex-mulher?” Klaus perguntou.
“Pensando bem, o Kol é uma espécie de versão masculina daquela Courtney Love com quem você foi casado por dezesseis segundos, não tem o mesmo equipamento, mas eu garanto que é tão bom quanto...” Richard se sentou. “Está tudo resolvido, mi lobito…” Falou para Klaus. “Esther não vai ser mais um problema.”
“Obrigado.” Seth fez uma careta quando Klaus deu um selinho em Richard.

Chapter 26: BORN TO BE WILD

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Boa leitura!

2 meses depois

Richard estava preocupado, nos últimos dias ele tem tido flashes assustadores com fogo e demônios, fragmentos de imagem do Xibalba e uma sensação de que algo ruim está prestes a acontecer. Ele não deveria estar surpreso, os últimos dois meses estavam tranquilos demais e considerando quem eles eram, tranquilidade não é uma condição confiável. Por isso decidiu contar ao marido suas preocupações, apesar de seu instinto de proteção dizer para não fazê-lo, esconder seria uma quebra de confiança e também tiraria de Klaus a possibilidade de estar preparado para um ataque surpresa.

“O que é tudo isso?” Richard olha a quantidade de caixas espalhadas pelo quarto do bebê. Klaus havia decorado o quarto como se fosse para um príncipe da Era vitoriana, tudo muito bonito, mas Richard achou um pouco exagerado, apesar de não se atrever a dizer em voz alta.

“O enxoval do bebê que Rebekah mandou.”

“Quantos bebês ela acha que você está carregando?” Richard espiou uma das caixas.

“Um time de baseball pelo jeito.” Klaus comentou erguendo um macacão minúsculo.

“Isso é ouro?” Richard perguntou passando o dedo sobre uma flor de lis bordada.

“Com certeza é ouro, como um príncipe lobo merece.” Richard revirou os olhos atrás do híbrido. “Você acha que isso vai servir? Parece tão pequeno.”

“Já viu o tamanho da sua barriga? Nem parece que tem uma criança aí dentro e olha que você já está de sete meses.” O culebra comentou olhando a barriga do híbrido. “E crianças crescem rápido, a maioria dessas roupas vão pra doação em menos de três meses.” Klaus soltou um suspiro cansado e Richard percebeu. “O que foi, lobito, você não está se sentindo bem?”

“Não tenho dormido muito bem, acho que é por causa da proximidade do nascimento. Não sei o que vai acontecer ou como isso vai funcionar.” Confessou se sentando na cama, Richard retirou a peça de suas mãos e se sentou ao seu lado.

“Deixe isso, depois eu te ajudo a organizar. Me conte tudo o que está acontecendo. Não é só preocupação, tem algo mais, eu posso sentir.” Pediu segurando as mãos do marido.

“Eu tenho tido pesadelos nos últimos dias, muito vividos e assustadores.” Richard apertou os lábios em arco.

“Me conte.” Klaus hesitou, mas sentiu que poderia ser importante.

“Eu acordo com os braços e pernas presos por grossas correntes sobre uma mesa de sacrifício, eu estou gritando e me debatendo para me libertar, mas as correntes estão enfeitiçadas. Ao meu redor estão várias pessoas encapuzadas e minha mãe está segurando um punhal com lâmina comprida e afiada.” Klaus engole seco e Richard vê as lágrimas se acumularem no canto dos olhos. “Ela mata meu filho dentro da minha barriga, ela o apunhalou, Richard, ela o matou e eu não pude fazer nada pra impedir.”

“Sua mãe não pode te machucar, lobito…” Richard puxa Klaus para seus braços, tentando consolar, escondendo a preocupação. “O que mais, me conte os detalhes.”

“É muito real, Richard, eu sinto as correntes apertando meus pulsos, eu sinto o medo e o desespero, sinto a dor da lâmina apunhalando minha barriga e sinto a dor e o desejo de morrer com ele.” Contou e Richard se afastou um pouco. “Como se fosse real.”

“Me deixa ver…” Klaus se espantou ao sentir os dedos de Richard tocarem sua barriga por baixo do tecido. “Me mostre, Mi hijo.”

Richard sentiu a eletricidade percorrer seus dedos, a magia se conectou com sua mente e quando abriu os olhos as escleras estavam completamente vermelhas. Klaus não pode esconder o desconforto com aqueles olhos carmesim olhando através dele. Richard recebeu uma sobrecarga de imagens estranhas e assustadoras como um quebra-cabeças com peças faltando. Viu fragmentos dos sonhos narrados por Klaus, fragmentos de suas visões, o Carvalho das antigas visões ardendo em chamas como um presságio de destruição e dezenas de demônios cercando o complexo. A cabeça de Richard se virou para a porta e seus olhos voltaram ao azul.

“Algo está chegando!” Anunciou ficando em pé sendo acompanhado por Klaus.

“O que está chegando?” Os dois se encararam quando uma explosão foi ouvida do lado de fora.

“Venha…” Richard segurou a mão de Klaus e puxou para fora do quarto.

“Para onde?”

“Quarto do pânico…” Klaus parou obrigando o outro a parar também. “O que foi?”

“Você acha mesmo que eu vou me esconder em um maldito quarto do pânico? Eu sou um guerreiro, não vou me esconder, vou lutar.” Klaus esbraveja. “Eu sou mais…”

“Forte que eu…” Richard completa. “Eu sei e é por isso que eu preciso que você fique, você precisa proteger o Dante. Se eu falhar, ele vai precisar que você lute por ele.” Klaus poderia ter muitos defeitos, mas ele entendeu a situação. O culebra colocou a mão na nuca de Klaus colando sua testa na testa dele. “Eu te…”

“Não se atreva a dizer isso agora… Eu juro que se você se despedir falando essa merda eu mato você!” Klaus rosnou. “Diga quando voltar.”

“Eu vou dizer.” Richard beijou a testa de Klaus e voltou a puxá-lo através dos corredores. Pararam em frente a uma parede de pedra e uniu duas figuras esculpidas e a parede se abriu revelando uma câmara ampla com as paredes cheias de símbolos. Havia uma cama, armário, um microondas e um pequeno freezer.

“O que é isso, uma prisão?” Klaus entrou.

“Tem bolsas de sangue no freezer, alguns cobertores no armário…” Richard falou depressa. “Fique com isso.” Entregou sua faca de obsidiana para Klaus. “Eu prometo que eu vou voltar logo.”

“Você deveria me deixar lutar ao seu lado.” Klaus falou segurando a faca.

“Tenho certeza que não vai faltar oportunidades de lutarmos lado a lado, quando o bebê nascer, eu até posso ficar cuidando dele enquanto você luta para nos defender.” Richard se abaixou e sussurrou algumas palavras no idioma dos culebras para sua barriga. “Eu já volto.” O Culebra saiu encontrando Kol na porta.

“Estamos sendo…” Richard agarra Kol pelo colarinho.

“Atacados, eu sei…” Empurrou Kol para dentro do quarto do pânico com Klaus. “Fique aqui e ajude Klaus a proteger o bebê, entendeu?”

“Mas…”

“Se você falhar na missão, eu darei o nome do seu pior inimigo para o bebê e não te deixo chegar perto dele pelos próximos cinquenta anos!” Kol arregala os olhos.

“Entendido, cunhado!” Kol fez uma saudação e se virou para Klaus que estava olhando para o rosto de Richard enquanto a porta se fechava. “Então, sabe se tem algum baralho por aqui?”

“Cala a boca, Kol…” Klaus se sentou e esfregou as mãos no rosto. “Me diga o que está acontecendo lá fora e não se atreva a poupar o pobre homem grávido, caso não tenha notado estamos só nós dois aqui.” Kol entendeu a frase como uma ameaça.

“Estamos sendo atacados, não são apenas um grupo como uma gangue de bairro, é um exército, Nik, vampiros, lobos, bruxas e até alguns culebras traidores. Cercaram o bar, eles sabem que a magia não vai funcionar dentro dessas paredes, então estão usando força bruta para tentar derrubar tudo.” Kol contou colocando uma bolsa de sangue no microondas. “Mas nós recebemos alguns aliados.”

“Quem?”

“Um coven comandado por um bruxo chamado Vincent Griffith, Marcel, Rebekah, Finn, Davina, Mikael e mais alguns. Eles acabaram de chegar, tentaram avisar, mas aparentemente as ligações foram interceptadas.” Klaus levou a mão na barriga ao sentir o medo gelar sua espinha. “Nós vamos conseguir, Nik, vou manter o Dante seguro nem que eu tenha que morrer tentando.” Prometeu.

“Obrigado, Kol.”

“Está brincando? É o meu sobrinho favorito que você está carregando, eu vou fazer qualquer coisa por esse moleque.” Kol entregou a bolsa de sangue para Klaus e se sentou ao seu lado. “Vai ficar tudo bem.”

“Mesmo depois de tudo o que eu fiz contra você…” Klaus encarou seu irmão, envergonhado. “Ainda assim você estaria disposto a lutar por ele.”

“Eu sempre tive inveja dessa promessa de Sempre e para sempre que você, Rebekah e Elijah tem. Eu sempre me senti excluído, Nik, abandonado… Mas quando Dante me chamou primeiro, confiou em mim primeiro, antes de Elijah ou Rebekah, eu me senti importante para alguém pela primeira vez na vida. Finalmente alguém precisava de mim de verdade. Eu senti como se fizesse parte de uma promessa, de uma ligação, entende?” Confessou.

“Nós somos uma família, Kol, você é um Mikaelson, é meu irmão e eu te amo.”

“Suas palavras não condizem com suas ações, Nik, mas com essa criança eu sinto que vai ser diferente, eu vou ser o melhor tio que ele pode sonhar, ele me fez sentir parte de uma família e eu fiz minha própria promessa de ‘Sempre e para sempre’ para ele.”

“Eu nunca pensei que meu filho fosse tão importante para você, Kol. E você está errado, eu confio em você e por isso eu preciso que você me prometa que se alguma coisa acontecer comigo, você vai pegar o Dante e fugir.” Kol sentiu seu coração palpitar ao ouvir o nome que ele escolheu ser pronunciado por Klaus.

“Fugir com ele? Ele está na sua…” Kol olhou imediatamente para a barriga do irmão, alarmado. “De jeito nenhum, Nik, tenha fé no seu marido e nos nossos irmãos. Nós lutamos pela família e isso nos torna mais fortes.” Klaus ficou em silêncio. “Você está apaixonado pelo Richard, eu sei, nunca te vi tão relaxado e feliz, e está com medo de perdê-lo, não é? Mas você está enganado, Richard não é fraco, ninguém que sobreviveu oitocentos anos no inferno pode ser fraco. Confie nele.” Klaus enruga a testa percebendo que seu irmão caçula estava tentando acalmá-lo e pegou Kol de surpresa o abraçando.

Os irmãos ficaram em silêncio por um bom tempo enquanto o híbrido usava sua super audição para descobrir o que estava acontecendo, ele podia ouvir gritos, explosões, tilintar de lâminas, tiros e rugidos animalescos. Sua ansiedade aumentava cada vez mais, pois a luta parecia que nunca iria acabar. Apertou os olhos sentindo uma leve tontura e Kol o olhou preocupado quando um flash de vermelho tomou seus olhos e desapareceu.

“Klaus?” O híbrido se levantou angustiado.

“Alguma coisa está vindo!”

Ele mal pronunciou as palavras e a parede explodiu lançando ambos contra o lado oposto do quarto, a barriga de Klaus se chocou violentamente contra o pilar, se não fosse a proteção mágica o bebê não teria resistido ao impacto. Os escombros caíram sobre o corpo do híbrido, para horror de Kol.

Um grupo de vampiros entrou no cômodo, mas foram interceptados por Mikael que passou por eles como um borrão, se colocou na frente dos filhos iniciando uma luta, os bruxos permaneceram do lado de fora tremendo que a magia falhasse dentro do cômodo.

“NIIIIIIIK!!!” Kol se levantou desajeitado correndo na direção do irmão, escavando a pilha de concreto.

“Estou bem…” Klaus empurrou a placa de concreto e se levantou cambaleante. Os irmãos se juntaram a Mikael na batalha. Antes que o último vampiro fosse morto, os bruxos atacaram recitando um feitiço.

“Phasmatos Infero Eseri Gratas, Disasustos Vom, Mas Pro Je Ta Sue Te. Victamas Veras. Tribo de Phasmatos, Niha Sue Exilum, Vas de Disasustos, Mas Pro Je Ta Sue Te. Levam, Mina Sue Te, Disasustos Vom, Mas Pro Je Ta Sue Te. Phasmatos Veras. Fes Matos Tribum e Mas Pro Tes Unum. Victas Ex Melam, Phasmatos Vanem. Mas Pro Je Ta Sue Te…” Os bruxos repetiam, Kol reconheceu o feitiço e sabia que era poderoso o suficiente para matar um Original.

Os três Originais foram subjugados pela dor de cabeça excruciante, caindo de joelhos, as nuvens grossas se uniram cobrindo as estrelas, a ventania repentina e os raios assustaram a todos. Klaus colocou as mãos na barriga protetoramente, curvando o corpo para frente grunhindo de dor, Kol e Mikael se esforçaram para conter a própria dor e proteger o híbrido. A mulher que parecia ser a regente deu um passo à frente segurando um punhal, Klaus o reconheceu, ele estava em seus pesadelos nas mãos de Esther.

“Eu não vou…” Klaus apertou os dentes com o aumento da intensidade da dor, as lágrimas de desespero escorreram de seus olhos híbridos ao lembrar da sensação de perda que sentiu nos sonhos, enquanto ele tentava em vão se levantar. Segurou com força a faca que Richard lhe entregou. “Não posso…” Caiu de joelhos novamente. “Perder meu filho…” Kol e Mikael ficaram desesperados por estarem impotentes e perdendo as forças rapidamente.

Klaus apertou os olhos sentindo uma eletricidade estranha percorrer seu corpo e a dor desapareceu, os bruxos se assustaram quando Klaus ergueu a cabeça e suas escleras estavam completamente vermelhas, ele se levantou devagar e ergueu os braços apontados para os inimigos. Kol e Mikael sentiram a dor desaparecer, se levantaram olhando entre Klaus e os bruxos assustados, ambos viram, ao lado do híbrido, um menino espectral na mesma posição e olhos vermelhos. Mikael soube que era uma versão do Dante com cerca de dez anos, os mesmo cabelos loiros bagunçados.

O menino começou a mexer os lábios recitando um feitiço no idioma dos culebras através da boca de Klaus. Os bruxos começaram a gritar e o sangue escorria por todos os orifícios como se seus órgãos estivessem se liquefazendo. Caindo mortos em seguida. O menino sorriu para o tio e o avô antes de desaparecer. Klaus apertou os olhos e chacoalhou a cabeça, seus olhos voltando ao normal. O híbrido cambaleou e Kol correu para apoiá-lo.

“AAAAARRRGHHH…” Klaus segurou a barriga gritando de dor, sentiu o bebê se revirar empurrando seus órgãos e as paredes internas de sua barriga.

“O que está acontecendo com ele?” Kol perguntou assustado com a elevação na barriga do irmão. Klaus caiu para trás gritando de dor.

“Kol…” Mikael chamou erguendo a camisa do híbrido. “KOOOL…” Chamou atenção do vampiro. “Temos que tirar o bebê.”

“Eu não vou eviscerar meu irmão.” Kol protestou, mas Klaus se esforçou para colocar a faca de Richard na mão dele.

“Tira ele, eu não vou morrer… AAAAARRRRGGHHH… Se não tirar, ele vai…” Klaus se agarrou a Mikael com força e desespero. “PAAAAAIIII.”

“Vai ficar tudo bem, Niklaus…” O vampiro garantiu. “Kol faça…” Mikael ordenou abraçando Klaus com força para tentar minimizar a dor. “RÁPIDO, GAROTO!”

Kol respirou fundo e retirou a própria camisa, olhou para a lâmina com incerteza e cortou a barriga do irmão de um lado para o outro, temendo machucar o bebê. Klaus mantinha o rosto escondido no peito de Mikael enquanto um Kol trêmulo enfiou as mãos dentro da barriga do irmão retirando com cuidado uma espécie placenta de luz, havia cordão umbilical translúcido, mas não havia líquido amniótico, a criança estava envolta em uma membrana mágica que foi absorvida pela pele como se a magia voltasse ao portador. O corte na barriga se fechou rapidamente.

“Por que ele não está chorando?” Klaus se afastou de Mikael com medo de olhar para o bebê, Mikael pegou o bebê, o enrolou na camiseta de Kol e sorriu para a criatura frágil e minúscula em seus braços.

“É porque ele é um guerreiro.” Mikael falou orgulhoso vendo os olhos cinzentos o encarando. Klaus olhou para a criança, não deveria ter mais que quarenta centímetros, frágil como um beija-flor. Mikael colocou o bebê com cuidado nos braços de Klaus.

“Dante Mikaelson Gecko.” Klaus murmurou encantado com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos. “O meu príncipe lobo. Obrigado, Kol, obrigado… Pai.” Kol e Mikael se levantaram e se colocaram em posição de combate ouvindo passos correndo na direção deles.

“Está tudo bem, sou eu…” Richard parou na porta e ergueu os braços. “Acabou… Onde está Klaus?” Perguntou preocupado, Mikael e Kol se afastaram e o culebra viu o marido sentado no chão segurando um pequeno embrulho e correu até ele.

“Olha, amor…” Klaus falou com a voz embargada. “Nosso filho está aqui.” Richard se ajoelhou sem saber o que dizer, confuso.

“Como… Como isso aconteceu? Faltavam dois meses.” Richard escondeu as mãos com medo de tocar.

“Eu não sei, mas não importa, ele está bem aqui e está bem.” Klaus garantiu e Richard sorriu dando um beijo na cabeça do híbrido.

“Ele devia ser tão…”

“Pequeno? Ele é prematuro, pensei que tivesse lido sobre bebês.” Klaus riu.

“Eu ia dizer feinho, mas pequeno também.” Richard soltou e Klaus rosnou. “O que? É verdade, mas ele vai ficar mais bonitinho, não se preocupe.”

“Você é um idiota.” Klaus murmurou. “Vou contar a ele que você disse isso. Me ajude aqui, estou me sentindo fraco por causa da perda de sangue.”

“É verdade…” Richard concorda ajudando Klaus a se levantar. O culebra levanta Klaus com o bebê nos braços, em seu colo e Klaus fica vermelho como um tomate, mas não protestou por causa da fraqueza. “Vocês passaram por muita coisa, precisam descansar.” Klaus suspirou e encostou a testa no pescoço do marido.

“Sim, obrigado.” Richard começou a andar em direção a porta ignorando os olhares curiosos dos recém chegados.

“Prometo que vou construir um quarto do panico melhor no outro complexo… Ah, eu já ia me esquecendo…” Ouviram Richard dizer. “Eu te amo…” O bebê faz um som estranho com a boca. “Sim, é claro que eu amo você também.”

“O que aconteceu aqui?” Rebekah chega perguntando. “Ele não deveria nascer daqui a dois meses?”

“Eu não sei…” Respondeu pensativo. “Vocês conseguiram vencer todos os invasores?”

“Na verdade, não sabemos o que aconteceu, em um minuto estávamos lutando e no outro todos os nossos oponentes caíram gritando e morreram com sangue saindo por seus olhos, narizes, boca,...” Elijah respondeu atrás da irmã. “Foi a coisa mais arrepiante que já vi.”

“O que aconteceu com Klaus?” Finn perguntou entrando na sala sendo seguido por Freya, Seth e Marcel.

“Teve um bebê.” Rebekah respondeu. “Meu Deus, eu sou oficialmente tia. E você tem um irmãozinho, Marcel!” Segurou a mão do namorado que sorriu.

“Foi Dante…” Mikael falou sobre as mortes. “Digo a magia dele, tomou o corpo do Niklaus e lançou um feitiço em uma língua desconhecida, matou os bruxos que estavam nos atacando.”

“Entendi…” Todos olharam para Kol. “Ele usou muita magia para nos salvar, imagina o quanto de poder foi necessário para destruir todos esses caras? Ele sacrificou magia necessária para se manter protegido dentro do Klaus. Por isso Dante precisou ser retirado antes da hora ou morreria sufocado.”

“Como um pequeno guerreiro.” Mikael falou e todos se voltaram para a porta por onde Richard levou Klaus e Dante. “Dante Mikaelson Gecko, o pequeno guerreiro que já luta pela família.”

Chapter 27: FAMILY PORTRAIT

Summary:

Olá, espero que estejam bem. No próximo capítulo terá uma passagem de tempo.
*ESSE CAPÍTULO CONTÉM SEXO EXPLICITO E LINGUAGEM IMPRÓPRIA.*
Terá aviso no início e fim como sempre.

Chapter Text

Boa leitura!

Klaus colocou Dante no berço com cuidado, era a primeira vez que pegou um bebê no colo depois de se tornar um vampiro. Richard parou ao seu lado observando o bebê com os olhinhos fechados emitindo grunhidos estranhos para os ouvidos de ambos.
“Você acha que ele está com dor?” Klaus perguntou alarmado.
“Não, mas ele pode estar com fome, um bebê prematuro comum precisaria ficar internado, mas Dante não é um bebê comum.” Richard o acalmou. “Eu vou encher a banheira pra você, fique com ele que eu já volto.”
“E para onde mais eu iria?” Sorriu para o homem.
“Você está bem?” Mikael perguntou entrando no quarto. “Eu trouxe isso, você perdeu muito sangue e precisa se alimentar.” Klaus olhou para as duas bolsas de sangue. “Eu sei que não é comparável, mas sua mãe costumava ficar muito fraca depois de dar a luz.”
“É, realmente não é comparável, ela é uma mulher e era humana, as coisas com certeza foram muito mais difíceis pra ela.” O híbrido respondeu pegando o sangue.
“É verdade, bem, eu só vim ver como você está e te trazer isso.” Mikael sorriu olhando para o rostinho da criança. “Se precisar de alguma coisa é só avisar.”
“Obrigado por antes. Eu imagino que eu devo ter sido ainda mais decepcionante aos seus olhos.” Klaus apertou os lábios.
“Eu sei que eu fiz e falei muitas coisas durante nossos encontros, aterrorizei você e fiz você pensar que era fraco, mas eu vou fazer o que puder para que você me perdoe.” Mikael falou segurando a maçaneta da porta. “É tarde demais para ser seu pai, eu sei, mas prometo que serei um bom avô.”
“Nunca é tarde pra ser um pai.” Klaus murmurou.
“Você não é fraco aos meus olhos, ninguém capaz de trazer uma vida ao mundo pode ser considerado fraco. Dante terá orgulho de ser seu filho.” Mikael falou saindo do quarto.
“A banheira está pronta, você pode ficar o tempo que precisar, vou cuidar do nosso bruxinho.” Richard garantiu.
“E desde quando você sabe cuidar de criança? Você não consegue cuidar de si mesmo.” Klaus colocou a mão na cintura.
“Eu posso ter bebido sangue de uma enfermeira da ala infantil do hospital.” Falou retirando alguns produtos de higiene infantil do armário enquanto Klaus tirava a roupa.
“Pensei que só matasse criminosos condenados.” Klaus comentou afundando o corpo na água quente.
“O que? Eu não matei ela, eu bebi o suficiente para absorver seus conhecimentos e seu irmão usou seu sangue pra curar a mulher. Eu até depositei uma boa quantia em dinheiro pra pagar o tratamento do filho dela.” Contou e o híbrido arqueou as sobrancelhas.
“Que bonzinho.” Zombou.
“Eu vi as memórias dela e fiquei com pena, ela me ajudou com nosso filho, nada mais justo que ajudar com o filho dela.” Deu de ombros. “Se precisar de ajuda, me chame.”
Klaus suspirou tocando a barriga lisa, era um pouco estranho para ele não sentir seu filho protegido alí dentro.
Fechou os olhos pensando em sua nova vida, pela primeira vez ele estava verdadeiramente feliz, sentia que tinha uma família de verdade e estava disposto a qualquer coisa para mantê-los, principalmente seu filho. Apesar das intempéries do início de seu relacionamento, tudo parecia bom agora, ele sabia que Richard não era o poço de tranquilidade que deixava transparecer, mas a maneira como ele se esforçava por eles, mesmo quando ambos pareciam não se tolerar, fez Klaus abrir seu coração para a felicidade em sua relação. Ele estava apaixonado pelo marido e nem sabia como ou quando aconteceu e esperava que o outro retribuisse seu amor da mesma forma.
O híbrido não demorou tanto quanto gostaria, estava cansado de uma forma que um híbrido não deveria ficar, mesmo depois de se alimentar, seu corpo parecia se desligar aos poucos e escorregar para dentro da banheira. Bocejou antes de sair do quarto e se aproximou do berço, cheirava a sabonete infantil, Richard havia dado banho, vestido e pela mamadeira na mesinha, alimentado Dante, que dormia tranquilamente.
“Eu arrumei a cama pra você…” Richard entrou pela porta que ficava entre os dois quartos. “Porque não dorme um pouco, vocês estão seguros agora.” Klaus se aproximou e encostou a testa na testa de Richard.
“Você vai ficar conosco?”
“Eu preciso ajudar os outros com os estragos, mas volto assim que acabar.” Richard acompanhou Klaus e esperou que se deitasse para cobrir o marido. O híbrido dormiu tão rápido que nem viu o outro sair do quarto.

Estava quase amanhecendo quando Richard voltou, verificou Klaus e Dante que dormiam profundamente. Sua pequena paz familiar durou tempo suficiente para que tomasse banho e vestisse o pijama. Dante acordou e começou a chorar. O Culebra correu até seu quarto fechando a porta intermediária e levou o bebê choroso com ele.
“Algum problema com ele?” Elijah perguntou entrando na cozinha. Richard segurava Dante em um braço enquanto fazia malabarismo para fazer a mamadeira. “Me deixe segura-lo para você.”
“Obrigado, Elijah, acho que está com fome. Tirei do quarto pra não incomodar o Klaus. Ele está exausto.” Começou a aquecer o leite e Elijah o balançava tentando acalmar o bebê.
“Você também está cansado.” Elijah comentou.
“Acho que é por causa da magia do Dante, o corpo do Klaus não é feito pra suportar tanta magia.” Richard testou a temperatura do leite e se aproximou entregando a mamadeira para o cunhado. “Espero que ele não seja um chorão.”
“Bem, se puxar o Klaus, não posso garantir.” Elijah brincou colocando o bico da mamadeira na boca do bebê. Ambos se assustaram quando a mamadeira foi lançada do outro lado, se estilhaçando contra a parede.
“O temperamento é igual… Ok, você não está com fome…” Comentou e o choro ficou mais forte e as estruturas do complexo tremeram. “Nesse ritmo ele vai acordar o estado inteiro.”
“Talvez seja cólica.” Elijah sugeriu. “Crianças humanas tem cólica, pode ser que ele tenha.”
“Quando eu era criança minha mãe fazia chá de camomila pra as crianças do meu… pai.” Marcel entrou na cozinha. “Vamos ver se encontramos, faz séculos, mas ainda me lembro como se faz.”
Elijah embalava o bebê enquanto Marcel e Richard reviravam a cozinha em busca de camomila.
“O que é isso? Três solteirões e um bebê?” Seth perguntou entrando na cozinha. “Meu Deus, esse moleque vai rachar as placas tectônicas com essa goela.”
“Ele não para de chorar, não está com fome…” Richard contou. “Estamos procurando camomila.”
“Não tem camomila nessa casa, seu marido jogou a única caixa que tinha, aparentemente ele detesta camomila.” Seth respondeu.
“Eu vou buscar…” Kol desapareceu com a mesma velocidade que surgiu. “Aqui.” Tem alguns medicamentos também.
Richard fez o chá e colocou em outra mamadeira. Os quatro ficaram na expectativa quando Elijah foi dar a mamadeira de chá que voou como a outra.
“Acho que ele também não gosta de camomila.”
“Será que ele está doente?” Seth perguntou. “Crianças precisam ficar naquelas caixas transparentes no hospital, não tem?”
“Daqui a pouco o Klaus aparece aqui e nós estamos ferrados.” Richard esfregou os cabelos. “Ele não parece ter outros sintomas além do choro.”
“Eu trouxe remédio pra febre, cólica, dor de garganta, resfriado, diarréia, vômito…” Kol foi tirando as caixas das sacolas. “Diabetes, eu não sei o que é, mas pareceu ruim.” Enquanto, Kol, Seth, Marcel e Richard discutiam as possibilidades como se fosse uma reunião da OMS, Elijah observou o bebê tentando ver ou ouvir alguma irregularidade.
“Richard, existem bebês Culebras?” O Original perguntou.
“São raros, mas existem, afinal nós não morremos quando somos transformados, como os vampiros. Por que?” Se aproximou.
Elijah mostrou que os olhos de Dante estavam reptilianos. Richard o pegou com cuidado, observando o filho, não haviam presas como as serpentes bebês, talvez porque fosse apenas um recém nascido e só cresceria como os dentes humanos. Depois de alguns segundos de choro desesperado, Richard decidiu testar sua teoria, mordeu o polegar e sob os protestos de Seth, colocou na boca da criança. O choro parou imediatamente e Dante começou a sugar o sangue com força.
“Isso é nojento, Richie, não pode dar sangue pra um bebê!” Seth protestou, não era segredo para ninguém o preconceito do Gecko com os hábitos dos culebras.
“E o que você sugere, Seth, que eu deixe meu filho passar fome?” Seth abriu a boca para responder, mas desistiu. Dante sugou o sangue até ficar saciado e seus olhos voltaram ao normal, adormecendo em seguida. “Problema resolvido, vou fazer um cronograma para a alimentação dele alternando entre leite e sangue.” Seth fez uma careta.
“Pode dormir tranquilo, mais tarde eu vou buscar meu querido filhote de wendigo.” Kol falou acariciando a testinha do bebê.
“Não dê apelidos idiotas para meu irmãozinho!” Marcel resmungou. “Vou voltar para o quarto antes que a Rebekah venha atrás de mim. Boa noite, pequeno, boa noite, Richard!”
“Também vou me recolher, boa noite, Dante, boa noite, Richard. Se precisar de algo, me chame.” Elijah falou antes de sair com Marcel.
“Eu também vou indo, agora que a sirene foi desligada. Estou morrendo de sono. Boa noite, Richie, boa noite, Dan!” Seth se espreguiçou bocejando alto.
“Hey, espere por mim…” Kol pediu correndo atrás de Seth. “Boa noite!”
Richard voltou para o quarto, colocou o filho no berço e foi para a própria cama.

Klaus acordou de sobressalto, levou a mão à barriga lisa, seu cérebro levou alguns minutos para processar a informação de que seu filho havia nascido. Correu até o quarto conjugado para verificar e o pequeno dormia como um anjo. Voltou para a cama em seguida observando Richard.
Sentiu o cheiro da pele dele invadir suas narinas, despertando o profundo desejo que sentia pelo outro. Klaus tocou o rosto sereno, analisando os pequenos detalhes como se pretendesse desenhá-lo, desceu a mão pelo peitoral por cima da camiseta e suspirou. Retirou a própria camiseta e montou o corpo do culebra que abriu os olhos, confuso, Klaus o beijou.

***SexOn***
Richard retribuiu o beijo aprofundando ainda mais, as mãos viajaram pelo dorso nú de Klaus sentindo a pele quente em contraste com sua própria pele fria. A boca de Klaus desceu por seu queixo explorando o pescoço com chupões e mordidas, sentiu as mãos do híbrido entrarem por baixo da camiseta arranhando seu abdômen subindo pelo peitoral até que rasgou o tecido. Richard sorriu passando o braço esquerdo ao redor da cintura do híbrido e inverteu as posições. O beijando novamente. As línguas travando um embate por espaço enquanto os dedos do Culebra se engancharam no cós da calça e a puxava para baixo revelando o membro do híbrido.
O culebra deslizou a boca úmida pelo pescoço até o ombro de Klaus, lambendo o caminho dos pássaros até o mamilo esquerdo. O amante apertou os dedos nos ombros de Richard, empurrando o restante da camiseta para fora, ao senti-lo chupar seu mamilo com força, começou a alternar entre um e outro com mordidas e chupões que faziam o pau de Klaus se contrair. Richard não poderia negar a excitação que os gemidos do marido causava, ele queria devorar cada centímetro dele, desceu a boca pelo abdômen do híbrido, suas mãos arranhando a pele até segurarem as coxas com firmeza, puxou as calças do amante e abrindo suas pernas, escancaradas.
“Richard…” Klaus gemeu sentindo o nariz frio cutucar seu saco. “Hmmmmm…” Richard segurou as coxas bem abertas e abocanhou as bolas de Klaus, mordendo e sugando, deslizando a ponta da língua por baixo tocando a entrada. “Deuses…” Gemeu, Richard lambeu as bolas e a entrada.
“Você tem um gosto tão bom…” Richard elogiou fazendo a entrada do outro se apertar. “Me deixa provar tudo.”
“O que… AAAARRRGHHH…” Klaus gritou quando Richard engoliu seu pau de uma vez só, mordeu a mão para abafar o grito, Richard apertou a glande na garganta e Klaus estremeceu. Ele lentamente tirava o membro duro da boca, brincando com a língua no prepúcio e da glande, voltando para o fundo da garganta. “Droga… Amoooor!” Richard ergueu o braço e colocou os dedos na boca de Klaus que começou a molhar com saliva.
O culebra introduziu o primeiro dedo na entrada do híbrido, Klaus se contorceu tento o pau chupado e os dedos invadindo seu cu ao mesmo tempo. Agarrou a grade metálica da cabeceira da cama, entortando.
“Richard… Eu quero…” Richard abandonou o membro, tirou suas calças e escalou o corpo do híbrido, alinhando seu membro na entrada de Klaus. “Arghmmmm…” Klaus mordeu o lábio para impedir o grito de escapar ao ser empalado em um único golpe.
Klaus enrolou as pernas ao redor dos quadris de Richard e atacou os lábios do marido enquanto recebia as estocadas fortes e profundas, os dois gemiam e grunhiam de prazer. Klaus mordeu o lábio do marido no momento em que atingiu sua próstata.
Richard estocava com força e movimentos certeiros. O híbrido apoiou seu corpo e usou sua velocidade para inverter posições sem retirar o membro do marido de dentro dele. Ele montou Richard e rebolou fazendo o pau entrar e sair massageando a próstata e provocando gemidos estrangulados.
Richard levantou o dorso ficando sentado, abraçou o corpo de Klaus que subia e descia em seu membro, as mãos acariciavam suas costas, distribuindo beijos pelo pescoço um do outro. O rosto de Klaus se transformou e ele mordeu o pescoço do marido, Richard fez o mesmo. Ambos sentiram seus membros espasmarem e gemeram com os rostos contorcidos de prazer. “Eu vou…” Disseram juntos. Ambos gozaram ao mesmo tempo e se beijaram famintos.

***SexOff***
Klaus e Richard se deitaram lado a lado com respirações ofegantes. Klaus estava em silêncio, pensativo, brincando com a mão esquerda de Richard.
“Acho que vou considerar isso a verdadeira consumação do nosso casamento.” Richard sussurrou.
“Vou mandar fazer um par de alianças…” Klaus falou de repente olhando os dedos do marido. “Não acho certo um homem casado andar por aí com as mãos nuas.”
“Como você quiser.” Richard responde dando um beijo na mão do híbrido. “Eu te amo!”
“Eu também te amo!” Klaus respondeu com um sorriso feliz.

Chapter 28: BLESS THE BEASTS AND CHILDREN

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Boa leitura!

7 anos depois…

“Vocês não acham estranho Klaus ter aparecido aqui do nada, depois de anos?” Damon perguntou enchendo um copo de whisky. “Alguma coisa ele está aprontando.”

“Damon, você tem que ficar longe…” Stefan avisou. “Elijah foi bem claro quando disse que o Klaus viria aqui e que nós deveríamos ficar longe dele e da mansão.”

“Eu concordo com Stefan, Damon, Elijah garantiu que a visita do Klaus é rápida e não é uma ameaça pra nós.” Elena falou colocando a bolsa e as chaves na mesa. “É melhor a gente fazer o que ele disse.”

“E desde quando Elijah pode garantir alguma coisa que tenha a ver com aquele híbrido louco…” Damon insistiu. “E se ele descobriu que a Elena é humana novamente e decidiu transformar ela em uma máquina de fazer híbridos?”

“Vocês dois são humanos agora, Damon, caso não se lembre, sua vara está bem curta pra querer cutucar o lobo.” Stefan o repreendeu. “Elijah foi bem claro, se qualquer um de nós se aproximar daquela casa, ele não vai haver misericórdia.”

“É verdade, Damon, e eu duvido que ele esteja aqui atrás de mim, a última notícia que tivemos dele foi há oito anos quando ele se uniu com um cara e foi morar no Texas.” Elena esfregou o ombro do marido e deu um beijo na bochecha. “Vamos deixar isso pra lá.”

“Tá bom, mas se ele vier bater na nossa porta, eu vou estar pronto para dizer: eu avisei!” Pegou a jaqueta e as chaves do carro.

“Onde você vai?”

“Trabalhar, esqueceu que agora eu sou uma versão mais interessante do Matt?” Beijou a esposa e saiu.

“Você não acha que ele vai aprontar, não é? Provocar o Klaus nunca é uma boa ideia.” Elena perguntou olhando para a porta.

“Eu espero que não. Mas eu vou ficar de olho nele.” Stefan garantiu, saindo atrás do irmão. Ao contrário de Elena e Damon, Stefan Salvatore ainda era um vampiro.

Damon estava tentando manter sua mente longe de qualquer preocupação sobre o Híbrido e sua passagem pela cidade. Tudo o que soube é que ele está procurando uma bruxa, mas vindo de Klaus todo o cuidado é pouco. Não foi surpresa quando Klaus entrou no Grill e foi até uma mesa no canto do bar onde uma mulher estava sentada. Olhou para o relógio, sua mente começou a trabalhar em suas alternativas, ele poderia falar com Klaus para tentar descobrir seus planos, poderia ignorar a presença do outro e seguir com a vida, ou ele poderia aproveitar que o híbrido estava longe para bisbilhotar a casa e descobrir porque Elijah os avisou para não se aproximar. Damon optou pela ideia menos saudável e saiu pelos fundos despistando Stefan que estava conversando com Caroline.

Damon achou estranho que a casa estivesse com as luzes acesas já que o proprietário não estava, procurou por uma porta ou janela destrancada e encontrou uma na cozinha, com muita dificuldade ele entrou desajeitado caindo de bunda no chão.

“Você não é um ladrão, né?” A voz infantil perguntou. “Porque se for, você é muito, muito ruim nisso.” Damon se levantou alarmado e viu o menino sentado no banco próximo a ilha comendo um sanduíche.

“Quem é você?” Damon perguntou olhando para os lados.

“Você é um ladrão ruim e sem educação também.” O menino tirou a franja dos olhos. “Você invadiu, tem que se apresentar primeiro.”

“Você é bem irritante…” O ex vampiro fez uma careta. “Eu sou Damon, o que você está fazendo aqui?”

“Dante, essa é minha casa e você, o que está fazendo aqui?” Mordeu o sanduíche. “Está com fome? Pode comer se quiser.” Damon olhou para as coisas na mesa.

“Você tem algum problema? Você tem o que… seis anos? Deveria estar com medo e não oferecendo sanduíche.” Damon o repreendeu.

“Eu tenho sete e eu sou um Mikaelson Gecko, você é quem deveria estar com medo… Eu estou sendo gentil, se meu pai te pegar aqui, ele não vai ser.” Dante pegou outra fatia de pão, começou a passar geleia e entregou para Damon.

“E quem é seu pai?”

“Esse seria eu.” Klaus falou parado na porta e seu rosto se transformou. “Você tem um segundo pra explicar o que está fazendo na minha casa.”

“Eu quero saber o que você está aprontando por aqui.” Damon respirou fundo mantendo sua postura para esconder a incerteza.

“Eu não te devo satisfação, mas você me deve por invadir minha casa e ameaçar meu filho.” Rosnou.

“Ele não é uma ameaça, papai, vovô estava alí o tempo todo…” Dante apontou para Mikael encostado no batente da porta observando. “Esse humano não estaria respirando se fosse uma ameaça, você sabe.”

“Humano?” Klaus se aproximou de Damon e aspirou o ar. “Então o boato sobre a cura é verdade… Patético.”

“Você não sabia?” O Salvatore perguntou desconfiado. “Então não está aqui por causa da Elena?”

“Ao contrário de você, Damon, eu tenho uma vida hoje em dia que não inclui você ou a minha duplicata.” Klaus ajustou a gola da jaqueta de Damon.

“Por que você precisa de cura, está doente?” Dante perguntou. “A vovó Nahualli pode te curar, ela curou o Pedro porque ele tinha pedra no… Onde mesmo vovô?”

“No rim.” Mikael respondeu.

“No rim, era uma pedra enorme, é sério, ele me mostrou.” Klaus, Damon e Mikael olhavam para a criança.

“Saia daqui, Damon, você tem dez segundos.” Klaus deu tapinhas leves no rosto de Damon e aproximou a boca da orelha do outro. “Considere isso uma cortesia por causa do seu estado… frágil, não quero te matar na frente do meu filho, mas se não se apressar...” Damon correu para fora da casa o mais rápido possível e sem olhar para trás.

“Seu amigo é bem esquisito, papai.” Klaus riu do bigodinho de leite no rosto do filho.

“É sim, amor, muito esquisito…” Respondeu limpando a boca de Dante.

“Conseguiu o que viemos buscar?” Mikael perguntou.

“Sim…” Klaus retirou do bolso do casaco um papel enrolado. “O encantamento Bennett para o anel da ressurreição dos Gilbert. Tio Seth vai ficar protegido por um tempo.” Klaus balançou a folha para Dante que sorriu.

“Eu posso fazer isso, papai.” Klaus sorriu.

“Eu sei que pode, mas deixe que sua tia Freya faça, sabe como seu tio Seth é chato sobre seu lado sobrenatural.”

“Não sei porque seu irmão continua insistindo nesse homem, já faz quase oito anos e até agora nada aconteceu.” Mikael comentou.

“Bem, Richard me disse que nós teremos uma surpresa quando chegarmos, então talvez tenha acontecido.”

“Espero que a surpresa seja que eu não vou precisar ir pra escola.” Dante comentou comendo o pão que Damon rejeitou.

“Querido, você precisa ir pra escola…” Klaus explicou. “Escola é importante, não só para o aprendizado, mas para fazer amizades.”

“Eu tenho muitos amigos.”

“Aquele bando de Culebras do complexo não contam como amigos, Dante. E eles não tem nada de útil pra te ensinar.” Mikael concordou com o híbrido.

“Eu aprendi muita coisa.” Klaus riu.

“Roubar no poker não pode ser considerado um aprendizado útil.” Tocou o nariz do menino.

“Claro que sim, papai, eu ganhei cem pratas na semana passada.” Dante refutou.

“Meu Deus, por que eu concordei em deixar àqueles selvagens serem seus babás?” O híbrido balançou a cabeça.

“Eu não posso só beber o sangue dos professores?” Dante fez um biquinho.

“Não pode, você vai pra escola como um menino humano normal e fazer amigos. Tenho certeza que você vai conhecer alguém que será seu melhor amigo no mundo.” Klaus garantiu.

“Você tem um melhor amigo?”

“Claro que sim, seu tio Elijah é meu melhor amigo no mundo.” Klaus respondeu pegando Dante no colo.

“Mas papai, isso não vale, tio Elijah é seu irmão…” Dante apertou os lábios. “Ele, meio que, não teve escolha!” Mikael soltou uma risada.

“Coloque esse espertinho pra dormir antes que ele passe a perna em você.”

“Sim, vamos escovar esses dentes e depois eu vou contar meio capítulo de uma história pra você.” Klaus beijou a bochecha do filho.

“Porque não o capítulo inteiro?”

“Porque você dorme antes.”

Quando o carro parou na frente do complexo, Kol estava parado, ansioso, esperando seu sobrinho favorito. Sorriu assim que a porta do carro se abriu e Dante desceu correndo em sua direção. O vampiro o ergueu no colo e o abraçou.

“Por que demorou tanto, plantinha carnívora?”

“Tio Kol, nós fomos buscar o que você pediu.” Dante respondeu e estreitou os olhos. “Porque você está triste?”

“O que? Eu não estou triste.”

“Eu vejo sua alma e você está triste sim…” Kol sentiu as mãos pequenas segurarem seu rosto. “É por causa do tio Seth?”

“Vamos pra dentro, sweetheart, tem um bolo de chocolate cheio de calda esperando por você.” Dante assentiu desconfiado. “Manolo disse que tem um truque novo pra te ensinar.”

“E o papai ainda acha que eles não me ensinam nada.”

“Que isso, como não? Se tudo der errado você pode passar a perna em todos aqueles idiotas em Vegas.” Os dois deram risada.

“Não incentiva, Kol!” Klaus repreendeu o irmão andando atrás deles com as malas. “Sabia que eu deveria ter guardado a sua adaga.”

“Por que estão demorando tanto?” Richard apareceu na porta e Dante escorregou do colo do tio e abraçou o pai. “Senti sua falta, pequeno.”

“Também senti sua falta, pai…” Richard pega o menino no colo e dá um selinho no marido.

“Senti sua falta também.”

“Somos dois. E diga pra esse bando de desocupados que trabalham pra você parar de ensinar truques pro nosso filho roubar no poker, ele tem sete anos.”

“Por que? Se tudo der errado ele pode passar a perna naqueles idiotas de Vegas.” Richard deu de ombros. “Não se preocupe com isso, amor, é um ótimo jeito de exercitar a mente.”

“Você sabe que seu filho não quer ir pra escola, não sabe?” Klaus perguntou.

“Querido, eu sei que não é da sua época, então você não sabe disso, mas escola infantil é um saco…” Richard falou e Klaus rosnou. “Estou só brincando, a escola é importante e na vida nós precisamos fazer alguns sacrifícios. E você precisa fazer amigos da sua idade.” Falou entrando na residência.

“Hola, pequeño Lorde!” Dante saiu do colo do pai para cumprimentar seus amigos Culebras, mas parou no meio do caminho ouvindo um som estranho vindo de um carrinho de bebê.

“O que é isso?” Perguntou estranhando.

“Não é ‘isso’, Dan…” Seth entra na sala segurando uma mamadeira e com uma fralda pendurada no ombro. “É meu filho, Ares.”

“Você teve um filho…” Dante arregalou os olhos. “Com o tio Kol?”

“Não, Dan, o filho é meu…” Seth puxou um banco ao lado do carrinho para dar a mamadeira para a criança. “Só meu!”

“Não, Dante, seu tio teve um filho com a ex-mulher presidiária dele.” Kol respondeu com uma pitada de irritação.

“Você traiu meu tio com aquela ‘Courtney Love’?” Dante perguntou indignado.

“Kol e eu não temos nada, Dante. Você devia parar de dar ouvidos a besteiras que seu tio diz.” Dante fez um bico irritado.

“Você deixou meu tio Kol triste, eu não gosto mais de você, tio Seth…” Dante correu para Kol que o pegou no colo. “Eu vou ficar com meu tio, pode ficar ai com esse bebê feio.”

“Tá vendo, vocês ficam falando todas essas mer…Coisas na frente do moleque, dá nisso aí.” Seth repreendeu Kol, Richard e Klaus ao mesmo tempo.

“Não se preocupe, tio Kol, semana que vem eu vou pra escola, vou encontrar alguém bem legal pra você.” Kol riu.

“Dante a sua escola é de crianças.”

“Tio Kol, você tem muita coisa pra aprender, crianças tem pais, que vão ver todos os dias um tio bonito, dedicado e… solteiro que leva e busca o seu lindo e amado sobrinho na escola.” Klaus e Richard sorriam ouvindo a conversa. “Você aponta e eu faço toda a investigação!” Sugeriu.

“E posso saber desde quando você é um expert na arte da conquista?” Kol faz cócegas no sobrinho.

“Com certeza não aprendeu com os pais.” Freya comentou. “Então, você está com fome? Sua tia favorita fez um bolo para você.” Kol fez sinal que levaria Dante para dentro e Freya correu atrás deles, rindo.

Dante sempre ouviu tudo o que seus pais ensinavam, absorvia suas experiências, aprendia com eles. Richard certa vez contou que um nativo uma vez disse a seu tio Eddie: ‘olhos encontram olhos’, ele ensinou a Dante que os olhos são a fontes da sua energia, que era possível sentir quando alguém estava olhando para você, mas o que você realmente está sentindo é sua energia direcionada a você.

Dante olhou para a parede da cozinha tão intensamente que era como se pudesse atravessá-la apenas com o olhar, ele sabia, ele podia sentir uma energia estranha e má vinda daquele ponto. Do lado de fora o mal espreitava.

Chapter 29: PHANTOMS & FRIENDS

Summary:

Olá, espero que estejam bem.

*Todas as magias do Dante que usam poder xibalbano são em Náuatle um idioma nativo asteca. Infelizmente tem poucos dicionários disponíveis online, então serão palavras básicas.

Chapter Text

Boa leitura!

Quando Dante tinha três anos, a esposa de Alaric Saltzman deu à luz a gêmeas sifões, o que o incentivou a abrir uma escola especial para crianças sobrenaturais. Klaus fez uma generosa doação para o projeto a fim de que, no futuro, seu próprio filho pudesse frequentar a escola, mas seu marido não gostou da ideia, apesar de não expressar, e depois de ouvir um casal de trabalhadores humanos reclamando que teriam que tirar o filho da escola porque não podiam mais arcar com as despesas, decidiu financiar uma escola comunitária para as crianças e jovens carentes da comunidade. Com ajuda dos irmãos Mikaelson, o Instituto Comunitário Henrik Mikaelson se tornou referência em educação sendo frequentada também por filhos de famílias abastadas, mediante a uma doação generosa e adesão à rigorosa política anti-bullying do Instituto. Assim como, também a biblioteca pública Tio Eddie possuía um dos maiores acervos do estado.

Ao contrário do que se esperava, Dante não herdou a impulsividade de Klaus e por isso sabia controlar não apenas sua magia, mas também seu lado culebra. O seu controle e o dom de enxergar a alma das pessoas fizeram com que ele pudesse conviver com seres humanos sem prejuízos. E também que pudesse frequentar uma escola normal, mas não que fizesse amigos com a mesma facilidade. Já faziam três dias que as aulas começaram e Dante ainda se sentava sozinho no intervalo. Ele não se importava, como uma criança criada exclusivamente com adultos, não via vantagens em conversar com crianças de sua idade.

Estava tão compenetrado em seu desenho que não notou que estava sendo observado.

“Quem é aquele?” Um menino de cabelo castanho perguntou ao grupo de crianças pulando amarelinha no canto.

“O nome dele é Dante.” Uma menina respondeu antes de começar a saltar.

“Porque vocês não gostam dele?” O garoto perguntou e um dos meninos olhou para Dante.

“Não é que a gente não goste dele, sabe…” O menino esfregou a nuca. “A família dele financia essa escola e empregam muitos pais, os meus inclusive. Temos medo de brincar com ele e se ele não gostar de nós…”

“Tem medo dos pais dele mandarem seus pais embora?”

“Isso, mas também é que…” Outra menina falou. “Dizem que a família dele é cheia de monstros.” Ela falou baixinho.

“Monstros?”

“Sim, igual nos livros, dizem que o pai dele é um hombre-lobo e que os tios são todos vampiros.” Um dos meninos respondeu. “E o outro pai é um Culebra.”

“Hombre-lobo? Ah, lobisomem… Isso é muito legal.” O garoto sorriu. “Vou perguntar pra ele.” Saiu correndo deixando as crianças com medo das consequências.

Dante estava pintando o desenho e comendo seu lanche quando alguém se sentou na sua frente, ele podia sentir os olhos o encarando.

“É verdade o que dizem sobre você?” O menino perguntou sem cerimônias e Dante ergueu os olhos.

“Dizem muitas coisas sobre mim, de qual delas você está falando?” Perguntou sem parar de esfregar o lápis na folha.

“Que seu pai é um lobisomem?” Dante ergueu os olhos analisando o garoto empolgado, o menino com grandes olhos azuis e dentes de coelho o encarava. “Ah, eu não fui muito educado, sou Roman…” Ofereceu a mão. “Roman Godfrey. Nós estamos na mesma sala.”

“Dante Mikaelson Gecko…” Respondeu segurando a mão do garoto. Dante notou que Roman também não era humano. “E meu pai é Klaus Mikaelson, o híbrido Original.”

“Híbrido Original?” Roman pegou o copo de Dante e bebeu um gole antes que ele pudesse avisar.

“Isso é… sangue.” Roman não pareceu se importar. “Vampiro e lobisomem… Você está bebendo o sangue dele inclusive.”

“É a primeira vez que eu bebo sangue de outra pessoa, isso é bem gostoso.” Roman deu de ombros devolvendo o copo. “Então, você é um lobisomem também? Posso ver?”

“Não é assim que funciona, companheiro, eu posso ser muitas coisas, inclusive lobisomem, mas no momento não. E o que você é?” Dante perguntou curioso.

“Humano, mas…” Roman se debruçou sobre a mesa e falou baixinho. “Ouvi minha mãe falar no telefone sobre Upir.”

“Hum, legal, e o que é? Vocês bebem sangue também?” Dante anotou a palavra no rodapé da página para perguntar ao seu pai mais tarde.

“Você também bebe sangue.”

“É porque eu sou um Culebra e sangue faz parte da minha dieta, assim como carnes cruas.” Dante sussurrou a última parte. Ambos olharam para as crianças do outro lado olhando para eles e acenaram amigáveis.

“Eles não odeiam você.” Roman comentou.

“Eu sei, eles são bons, só estão com medo de prejudicar os pais de alguma forma.” Deu de ombros.

“Então, Dante, o que tem de bom pra fazer na sua casa?” Roman esticou as pernas e apoiou a cabeça nas mãos.

“Na minha casa? Bem, isso depende do que você acha que é divertido. Por que?”

“Acho que vou com você, quero conhecer seu pai lobo.” Falou casualmente.

“Eu não acho que sua mãe vai aprovar que você visite um complexo do Cartel cheio de contraventores.” Dante comentou se lembrando de seus amigos.

“Eu moro sozinho.” Dante parou no meio da mordida no sanduíche. “Não totalmente sozinho, tem um motorista, uma governanta, alguns empregados, mas minha mãe e minha irmã moram na Pensilvânia.”

“Não há escolas na Pensilvânia?” Dante volta a comer.

“É uma longa história, conto na sua casa depois da aula…” Dante terminou de comer e juntou suas coisas antes do sinal bater. “Você ainda não me disse o que tem pra fazer lá.”

“Isso depende de quem é minha babá hoje. Se for os meus amigos culebras, você pode aprender a jogar poker.” Roman agarrou a mão de Dante e apontou para o meio da palma da mão do menino.

“Tá vendo essa linha aqui? Ela está dizendo que nós seremos grandes amigos.” Dante arqueou a sobrancelha.

“Você não sabe ler as mãos.”

“É verdade, mas isso ainda não muda o destino…” Roman sorriu. “Nós vamos ser grandes amigos.”

Dahlia estava parada perto de uma cerca viva do outro lado da rua em frente ao Instituto. Ela acordou há anos sem entender o que poderia ter interferido no seu feitiço e não apenas a despertou antes do prazo, mas impediu a hibernação. Outra questão é que não conseguia encontrar Freya, alguma coisa interferia também em sua magia cada vez que tentava encontrá-la. O desaparecimento da garota a fez correr o país em desespero, Freya não poderia ter sido engolida pela terra.

Até o dia em que descobriu a existência de um bebê milagroso, um primogênito Mikaelson com tanto poder que poderia interferir em feitiços poderosos como sua ligação com sua Freya. Quanto mais tempo Freya passava com a criança, mais fraca se tornava a ligação entre elas e mais difícil era encontrá-la. A magia era tão poderosa que protegia e ocultava as pessoas próximas a criança. Dahlia queria aquele poder, ela sonhava com as coisas que poderia fazer quando estivesse ligado a criança.

Agora, ela finalmente o encontrou, o filho primogênito de Klaus, Dante Mikaelson Gecko. A criança nascida da magia mais pura, concebida entre o mundo dos vivos e dos mortos. A criança bruxa que absorveu para si o poder de dois Nexus Vorti que surgiram em sua concepção e nascimento. Dahlia o queria para si. Ela o pegaria e para evitar qualquer interferência atrasou Kol mesmo sabendo que o vampiro não seria páreo para ela.

Dahlia viu Dante no portão da escola esperando o tio, uma professora estava perto dele observando e um garoto conversava com ele. Dante Mikaelson Gecko herdou todas as habilidades de Richard como um culebra descendente da Serpente da visão. Ele parou a conversa com Roman quando sentiu um arrepio subir por sua coluna.

“Olhos encontram olhos.” Falou baixinho.

“O que?”

“É uma coisa que meu pai sempre diz…” Respondeu virando a cabeça para a direção da energia que sentiu. Dante agarrou o braço do seu novo amigo e o puxou atrás dele encarando a mulher do outro lado da rua, não era uma mulher, era um demônio com a longa cauda balançando em sua direção, as garras afiadas e as presas longas. “Roman, temos que entrar.” Falou, mas quando se virou, o portão se fechou com força jogando a professora no chão.

Dahlia sorriu e começou a atravessar a rua na direção dos meninos. Os olhos de Dante ficaram vermelhos por um instante, ele esticou os braços.

“Ehēcatl, tlālia!” Dahlia foi pega de surpresa por uma forte rajada de vento que a lançou contra um carro em movimento.

Dante agarrou a mão de Roman e correu levando o novo amigo com ele. A rua era longa e pouco movimentada e os muros altos se estendiam pelo caminho. Dahlia não ficou ferida com a batida por causa das restrições de velocidades na área escolar, Dante olhou para trás sem parar de correr, Roman não entendeu muito bem porque estava correndo, mas decidiu não questionar. No percurso ambos trombaram em algumas pessoas que paravam os encarando com os olhos brancos e assustadores chamando por Dante.

“Precisamos nos esconder, ela está vendo a gente.” O menino falou olhando para os muros ao redor procurando um portão ou entrada.

“Quem é ela?” Roman perguntou, ajudando a procurar.

“Eu não sei quem é, só sei que é uma bruxa má e muito forte.” Dahlia virou a esquina andando calma e assustadora como um assassino saído dos filmes de terror. "Tletl, tlatzintlālia!" Dante murmurou e uma barreira de fogo se ergueu de um lado para o outro da rua e os dois voltaram a correr.

“Isso foi demais!” Roman riu enquanto corria. Eles pararam em uma encruzilhada, Dante olhou para todos os lados, segurou a imagem no colar simples que carregava no pescoço e murmurou algumas palavras. “Você está rezando?”

“Manolo me deu isso e disse que sempre que eu precisasse de proteção era para pedir que a Senhora Branca iria me ajudar.” Dante explicou.

“Senhora Branca?” Roman franziu o cenho.

“La Santa Muerte, La Señora Blanca. Roja. Negra…” O jovem Mikaelson arregalou os olhos ao ver uma mulher usando um vestido branco esvoaçante. “Deu certo… Olha!” Roman olhou para onde Dante estava apontando, não vendo ninguém, o amigo agarrou sua mão puxando Roman consigo.

“Eu ainda não vi nada!” Resmungou quando pararam na frente de um cemitério.

“Vamos…” Dante continuou seguindo a mulher até um mausoléu antigo, mas bem cuidado cheio de velas acesas e alimentos, a porta se abriu sozinha e os garotos entraram. “Estamos seguros aqui.”

“Tem certeza?” Roman perguntou olhando para três imagens iguais com mantos de cores diferentes. “Isso é um cemitério, sabia? Olha, a bruxa está no portão.”

“Tenho certeza, ela não vai nos encontrar, a Senhora Vermelha está no portão também…” Dante se sentou e começou a vasculhar a bolsa, Roman viu a mulher sair e descer a rua. “Tem alguma comida aí?” Perguntou retirando um chocolate da bolsa e colocando no altar, Roman entregou um punhado de balas do bolso e entregou ao garoto que colocou no altar. “Santa Muerte de mi corazón, no me desampares de tu protección y dame todo momento tu santísima bendición.”

“O que está fazendo agora?” Roman enrugou a testa. “Não sabia que você era religioso.”

“Estou agradecendo a ajuda… E meu pai é descendente de Fenrir e meu outro pai da Serpente da visão, tenho sangue divino, acredite, ninguém é mais religioso que eu.” Dante brincou, pegou o celular e apertou o número de emergência.

“Está falando com seu tio?” Roman se sentou ao lado do menino.

“Mandando a nossa localização pro papai…” Respondeu e esfregou as mãos nervoso tinha acabado de fazer um amigo e já quase matou ele. “Desculpa por isso, Roman, eu vou entender se você não quiser mais ser meu amigo.” Pediu envergonhado.

“Desculpa? Tá brincando? Esse foi o dia mais legal da minha vida…” Roman riu bagunçando os cachos dourados. “Ser seu amigo é muito divertido, Dan.” Dante sorriu.

“Então, eu não conheço muitas brincadeiras de criança… Quer aprender as regras do Poker?” Dante mostrou o baralho escondido no fundo da mochila.

“Claro!”

Richard ergueu Klaus sobre a mesa do escritório derrubando tudo enquanto beijava seu pescoço e o híbrido tirava seu terno apressado. As mãos de Richard tentavam desesperadas abrir as calças do marido.

“Não pense que sexo no escritório vai me deixar com menos raiva de você… Hummm!” Klaus resmungou.

“Tenho outros lugares em mente depois daqui…” Richard desceu a boca pelo peitoral liso. “Era só uma reunião com Kisa. Você sabe que eu te amo…”

“Hummmmm… nunca mais feche a porta, você é meu!” Rosnou.

“Nunca mais… Eu sou todinho seu, mi lobito. Temos que ser rápidos,…” O Culebra murmurou. “Kol já deve estar voltando…” As portas se abriram em um estrondo.

“Temos um problema!” Kol entrou com as roupas rasgadas e chamuscadas.

“O que aconteceu com você? Cadê o Dante?” Klaus empurrou Richard e avançou para frente de Kol.

“Alguém explodiu meu carro antes de chegar na escola, eu voltei para pegar outro carro e quando cheguei na escola…” Kol respirou fundo. “Dante não estava mais lá, Nik, ele sumiu.” Klaus rosnou e atacou Kol.

“ELE ESTAVA SOB SUA RESPONSABILIDADE!!!”

“Eu sei… Me desculpa… Nik…” Os olhos do vampiro lacrimejaram. “Me desculpa…”

“Klaus solta ele…” Richard puxou o marido. “Não foi culpa dele, Kol jamais faria nada para machucar o nosso filho, é óbvio que alguém quis atrasá-lo.”

“O pai e o Elijah já estão procurando por ele perto da escola.” Kol falou com desespero na voz. “Temos que ir, tenho quase certeza que a explosão foi causada por magia.”

“Se alguma coisa acontecer com ele, eu juro que escalpelo você.” Klaus grunhiu atrás do vampiro.

“Se alguma coisa acontecer com ele, Nik, eu nunca vou me perdoar.” O celular do híbrido tocou antes que saísse da sala e ele viu a mensagem do filho.

“É o Dante… Ele mandou a localização.” Soltou um suspiro de alívio.

“Klaus… Ele usou a palavra código?” Richard segurou o braço dele antes que saísse.

“Sim, amor, ele usou essa porcaria da palavra de vocês. Pra que usar ‘lobito’?” Klaus deu um selinho no marido e saiu correndo.

Richard e Freya pegaram o Bugatti na garagem. Klaus e Kol encontraram Mikael e Elijah parados ao lado de uma profunda cratera flamejante que atravessava a rua, alguns carros de polícia se espalharam pelo local bloqueando a aproximação de curiosos, os bombeiros e a defesa civil tentavam avaliar os estragos, mas pelo pouco que ouviram das conversas os humanos não tem noção do que poderia ter provocado um incidente de tal proporção.

“Vocês acham que foi a bruxa que atacou Kol?” Elijah perguntou olhando para a fissura sem fundo.

“Nenhuma bruxa que eu conheço faria tal coisa. Precisa de muito poder para abrir uma cratera de fogo.” Mikael comentou. “Parece que o fogo veio rachando a terra de baixo para cima. Isso é preocupante.” Klaus olhou no celular.

“Eu vou buscar o Dante.” O híbrido se afastou da movimentação, retirou a roupa com super velocidade entregando para Elijah e se transformou. Os três vampiros o seguiram.

Roman olhou para as cartas do baralho ouvindo atentamente as explicações de Dante, o garoto era bem sistemático e organizado. Dante se levantou derrubando as cartas no chão quando um uivo cortou o ar.

“Papai…” Roman acompanhou o olhar de Dante, um enorme lobo branco passou pelo portão enferrujado, farejando o ar. Três homens entraram atrás dele.

“DANTEEEEE!!!!” Kol gritou e a porta do mausoléu que abrigava as crianças se abriu magicamente.

Klaus sentiu o cheiro do filho e correu até ele, farejando o pescoço e lambendo seu rosto. O menino abraçou o pescoço do lobo com força e riu quando os pelos fizeram cócegas, Dante adorava a forma de lobo do pai.

“Está tudo bem, papai, nós estamos bem.” Beijou a cabeça do lobo.

“Uau…” Roman falou admirando o lobo. “Posso tocar?” Klaus olhou para o filho e se aproximou do menino desconhecido, Roman tocou a cabeça do lobo com cuidado. “Obrigado, senhor pai do Dante.”

“Dante…” Kol agarrou o menino. “Me desculpa… Me desculpa.”

“Foi a bruxa má, tio Kol, não foi sua culpa.” Abraçou o tio. Elijah e Mikael beijaram suas bochechas. Richard chegou em seguida com Freya.

“Vocês podiam ter avisado que a rua estava interditada.” Reclamou, Dante se jogou no colo de Richard. “Mi gatito…Você está bem?”

“Estou sim… A Senhora Branca nos guiou e a Senhora Vermelha nos escondeu da bruxa má.” Richard sorriu e beijou a bochecha do menino, ele conhecia as histórias e acreditava nelas. "Tenho que contar para o senhor Manolo!"

“E Dante jogou a bruxa longe…” Todos olharam para Roman. “E depois ele fez uma parede gigante assim…” Mostrou com as mãos. “De fogo.”

“Querido, volte a forma humana, não é seguro ficarmos aqui sem saber quem estamos enfrentando…” Richard fez sinal para Klaus que trotou para fora do mausoléu e depois se virou para o menino. “E você deve ser o amigo que Dante falou. Sou Richard, pai do Dante, esse é Mikael, seu avô, Kol, Elijah e Freya, tios dele e o lobo é…”

“Klaus Mikaelson, pai dele.” Klaus voltou roubando o filho dos braços do marido.

“Roman Godfrey.” O menino se apresentou.

“Godfrey? Você tem algum parentesco com Olivia Godfrey?” Elijah perguntou.

“Conhece minha mãe?” Roman perguntou, mas não estava realmente surpreso.

“Apenas brevemente.” O Original respondeu. “Acho melhor você ficar conosco esta noite jovem Godfrey, é mais seguro, falarei com sua mãe.”

“Legal.”

“Fascinante, nunca vi uma criança Upir antes.” Mikael comentou. “Parece… Normal!”

“Temos que ir embora…” Freya falou e Elijah ergueu Roman no colo em um movimento inesperado. “Acho que sei quem é a bruxa. Só tem uma pessoa que poderia estar atrás de Dante…” Todos se viraram para ela. “Dahlia!”

 

Ehēcatl, tlālia - Vento, lance!

Tletl, tlatzintlālia - Fogo, invoque-se!

Chapter 30: EYE OF THE WITCH

Summary:

Olá, espero que estejam todos bem.

Para esclarecer: Alguma das falas da Dahlia são da série The Originals, ou seja, pertence à Julie Plec.

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Boa leitura!

Richard parou o carro na frente da loja de artigos infantis, precisava comprar algumas coisas para Dante e Roman. Freya saiu do carro apressada olhando ao redor.

“Enquanto você compra as coisas aqui, eu vou descer até a loja da Madame Rossetti…” A bruxa fechou a porta do carro. “Preciso encomendar algumas coisas para alguns feitiços.”

“Você tem trinta minutos, não quero você andando por aí com a Dahlia farejando Houston com um cão de caça.” Richard falou com um tom autoritário que fez Freya sorrir.

“Oh, tão cavalheiro, por isso que você é meu cunhado favorito.” Brincou.

“Não estou brincando, Freya, você já sofreu demais nas mãos dessa mulher.”

“Eu sei, Richard, só eu sei, eu volto em trinta minutos, prometo.” Freya sorriu. “E eu não estava brincando quando disse que é meu cunhado favorito.”

“Aposto que você fala a mesma coisa pro Marcel quando vai pra Nova Orleans… E eu estou falando sério, além disso, preciso de você para me ajudar a comprar as coisas da lista de bebê do Seth.” Mostrou o papel dobrado.

“Você fala como se eu soubesse comprar fraldas, esqueceu que quem fazia isso para o Dante era o Elijah?” A bruxa fez uma careta.

“Eu sabia que tinha chamado a pessoa errada, mas se te anima, a nova atendente da farmácia é uma gracinha.” Richard sorriu.

“Uma gracinha, hein, deixa seu doce marido ouvir isso.” Richard estremeceu só de lembrar dos problemas em que se meteu da última vez que elogiou alguém perto do marido.

“Vamos manter isso entre nós.” Freya riu. “Vamos logo, seu taxímetro está correndo.” A bruxa saiu sem se despedir.

A loja de Madame Rossetti tinha dois níveis, a parte mais visível era a fachada de uma humilde lojinha de artigos religiosos variados. Descendo as escadas que ficavam nos fundos, indo para o porão, escondido dos olhos do público, vendia artigos e ingredientes para bruxas reais de todas as vertentes mágicas. Freya achava tudo fascinante e gostava de bisbilhotar, mas decidiu apenas deixar uma lista de ingredientes que precisava encomendar e voltar o mais rápido possível.

Freya sorriu ao ver escrito em giz na placa de uma lanchonete que a Horchata estava no cardápio do dia e decidiu levar para o cunhado. Enquanto andava na direção do estabelecimento percebeu que as pessoas ao seu redor começaram a encará-la de uma forma assustadora e de repente todos pararam. Freya congelou e seu coração acelerou de medo e não havia ninguém que provocasse tanto medo na bruxa quanto Dahlia.

“Não…” Freya se virou para fugir, puxou o ar com força ao encarar Dahlia tão de perto.

“Aí está você, depois de tanto tempo…” Dahlia falou com um sorriso de escárnio. “Olá, minha Freya.” A bruxa ergueu a mão e Freya estremeceu com medo, se encolhendo como uma criança traumatizada, mas Dahlia apenas liberou os passantes sob sua influência. “É conveniente eu te encontrar tão perto do que me pertence…” Os olhos de Freya lacrimejaram, paralisada com a presença da mulher. “Foi tão difícil te encontrar, eu admito, há quanto tempo você está vivendo essa fantasia de que eles se importam com você? Eles te receberam de braços abertos? Você prometeu ajudá-los contra a bruxa má?” Dahlia zombou.

“O que vai fazer comigo?” Freya perguntou tentando em vão esconder o pavor.

“Você sempre foi uma criança muito mimada e ingrata, por séculos, eu te alimentei, te vesti, cuidei de você…” A bruxa a encarou. “Te dei um poder muito maior do que você poderia sonhar, mas você ainda quer mais…” Sua voz demonstrando sua ira. “Sempre querendo outra vida, insatisfeita.” Dahlia fechou a mão. Freya se abaixou apertando as têmporas para aplacar a dor provocada pela bruxa. “Em breve você vai implorar para eu levá-la de volta.” A dor parou abruptamente quando a lâmina de obsidiana entrou nas costas da bruxa, Dahlia se virou raivosa para Richard com seus olhos reptilianos.

“Então, você é a criatura com quem meu sobrinho teve meu primogênito, Richard, não é?” Dahlia olhou o culebra de cima a baixo. “Como uma criatura tão fraca pode dar origem a um bruxo tão poderoso.” Escarneceu.

“É verdade, eu sou mais fraco, mas não sou eu quem precisa roubar crianças do berço.” Provocou dando passos lentos em direção à Freya.

“Roubar? Eu só quero o que foi prometido a mim. A Esther fez esse acordo há muito tempo…” Dahlia segurou e arrancou a pequena faca cravada em suas costas e analisou o olho esculpido no punho. “Quando eu prometo, eu cumpro e espero que os outros façam o mesmo. Então, entenda, Dante é, por direito, meu!”

“Talvez você devesse conversar com sua irmã sobre seus acordos porque meu filho não faz parte de nenhum acordo de bruxas infelizes.” Richard agarrou o braço de Freya e a puxou para trás dele. “Dante e Freya não pertencem a ninguém além de si mesmos.”

“Não a enfrente, Richard.” A bruxa pediu agarrando seu braço..

“É, Richard, você vai me enfrentar e negar o meu direito mesmo sabendo que isso levará a sua morte?” Dahlia zombou e os olhos de Richard brilharam, as escamas cobriram parte de sua pele e ele rugiu mostrando as presas. “É uma pena que você não tenha se despedido do seu filho…” Dahlia ergueu os braços para lançar o feitiço, mas Richard aproveitou a proximidade para atacar a bruxa, Dahlia foi rápida e desapareceu, aparecendo atrás do culebra. “Tão patético!” Dahlia lançou Richard contra uma banca de frutas.

“Eu esperava mais de você…” O culebra se levantou batendo a poeira do terno. “Acho que eu li sobre uma bruxa como você pro Dante, você consegue ser mais feia que a Cuca da historinha.” Zombou.

“O que está fazendo?” Freya perguntou apreensiva.

“Sabe o que eu detesto? Gatos vira-latas querendo mijar na minha caixa de areia.” Richard atacou novamente.

“Você é a criatura mais ridícula que já encontrei…” Dahlia apertou a mão causando uma dor de cabeça terrível. “Seus esforços inúteis não vão servir de nada, Dante ainda será meu!” Richard apertou as têmporas, trincou os dentes e de repente começou a rir deixando Dahlia irritada e confusa.

“Você é uma piada… Meu marido sem poderes consegue me causar mais dor de cabeça que você…” Debochou. “Esquece a Cuca, você está mais para…” Sorriu provocativo. “La Llorona… Choramingando pelos cantos, roubando crianças.” Dahlia apertou os lábios.

“Você é maluco?” Ela perguntou e Freya se perguntou a mesma coisa.

“Richard, por favor…” Pediu.

“É o que dizem.” A bruxa enraivecida mexeu as mãos e os pedaços da banca quebrada voaram na direção do culebra. A madeira atravessou o peito de Richard para desespero de Freya, Dahlia riu andando até ele e se abaixou para olhar os olhos daquele ser irritante, segurou a madeira e girou arrancando um grunhido do culebra. A bruxa encarou os olhos azuis e acariciou seu rosto.

“RICHARD…” Freya chorou tentando ajudá-lo, mas Dahlia a afastou.

“Você não deveria ter cruzado meu caminho e essa é uma lição que seu marido também vai aprender.” Richard deu um pequeno sorriso matreiro com os dentes sujos de sangue e ergueu a mão esquerda.

“Você… é mais… feia de perto.” Murmurou, assim como Dante, Richard também via Dahlia na forma de um demônio xibalbano.

Dahlia viu o olho azul aberto na palma da mão do Lorde e antes que pudesse se afastar Richard espalmou a mão em sua testa, os olhos de ambos ficaram vermelhos e uma enxurrada de imagens do xibalba invadiram a mente da bruxa. Dahlia sentiu como se seu corpo todo envelhecesse em segundos e levantou se afastando desnorteada com a ilusão.

“Eu sabia… Você não aguenta o inferno…” Richard soltou uma risada antes de fechar os olhos, Freya engatinhou até ele, desesperada.

“Richie… Não… Por favor.”

“Em breve irei buscar o que é meu…” Dahlia avisou tentando afastar as sombras dançando em seus olhos e a confusão mental. “E vou matar quem estiver no caminho, no final eu serei a única que irá restar.” A bruxa desapareceu da mesma forma que surgiu deixando Freya com seu cunhado morto.

“Richard… Richard…” Freya não sabia como tocar o corpo encharcado de sangue do culebra. “Não… Não… Você não pode morrer…” Abaixou a cabeça perto do nariz do outro, não havia respiração. Ela pegou o celular com as mãos trêmulas, depois de várias tentativas conseguiu chamar o irmão. “Elijah… Preciso de você…” O vampiro não esperou Freya dizer mais nada, em minutos estava ao seu lado.

“O que aconteceu?” Elijah se ajoelhou ao lado da irmã, encarando o corpo de Richard.

“Foi a Dahlia…” Freya falou com a voz chorosa e Elijah a abraçou. “Como eu vou explicar pro Dante? O Klaus vai me matar, com certeza.”

“Você acha que consegue trazer ele de volta?” Elijah perguntou.

“Ele está morto, Elijah, morto e a culpa é minha…”

“Cacete… Arghhhh…” Ambos olharam Richard que puxou o ar sonoramente, recuperando o fôlego, retirou a madeira do peito e jogou para o lado. “Eu tinha esquecido como essa merda doi pra caralho!”

“Você está vivo?” Freya prendeu a respiração. “Como?”

“Vaso ruim não quebra fácil assim não.” Brincou e Freya socou seu braço.

“Seu idiota, eu fiquei tão assustada…” A bruxa falou. “Klaus ia me queimar em praça pública.”

“Ah, obrigado, Freya, sua preocupação comigo é tocante.” Richard sorriu e puxou a bruxa para si. “Desculpe por te assustar, mas eu juro que não foi sem um propósito.”

“Propósito? Qual? Ver de quantas formas seu marido furioso iria me torturar?” Ela resmungou.

“Que bom que está vivo, Richard, Dante ficaria arrasado se perdesse o pai assim.” Elijah ajudou o culebra a se levantar.

“Depois que se vive tanto tempo no inferno bebendo sangue de demônios e deuses, morrer não é tão fácil, acredite, eu tentei…” Richard respondeu pegando sua faca do chão. “Vamos embora, ainda temos que pegar as coisas para o Seth, tenho certeza que ele encontra um jeito de me matar rapidinho se não levarmos as fraldas do Ares.”

Richard entrou em casa com a intenção de se esgueirar até seu quarto, escondido de Klaus e principalmente, Dante, mas seus planos foram frustrados pelo pequeno furacão que veio correndo em sua direção.

“PAI…” Gritou. “Olha o que eu achei na dispensa.” Richard olhou para as duas pistolas sinalizadoras em suas mãos, enquanto Dante parou os olhos na camisa rasgada e suja de sangue, seus lábios começaram a tremer e as lágrimas se acumulavam no canto dos olhos. “PAIII!” Chorou e Richard se ajoelhou.

“Hey, mi gatito…” Abriu os braços para que o menino visse que não estava mais ferido e também para abraçá-lo. “Está tudo bem, veja…” Dante se aproximou devagar, tocou no lugar onde a camisa estava rasgada e se jogou nos braços de Richard. “Seu pai está bem.”

Richard fez uma careta quando as presas finas de Dante picaram seu pescoço. Sempre que se sentia amedrontado com relação a um dos pais, ele bebia seu sangue como uma maneira de se certificar de que estavam realmente bem. Suas presas foram os primeiros dentes a nascer, quando bebê, se estivesse com fome de sangue as pequenas presas se alongavam, ao contrário dos culebras com suas presas retráteis, Dante possuía presas que se alongavam no lugar dos caninos, o que fazia parecer um gatinho filhote, por causa disso Richard começou a chamá-lo de mi gatito. As presas se retraíram e o menino abraçou seu pescoço com força, Richard o levantou no colo, apesar de ser mentalmente mais maduro devido a quantidade de sangue que ingeriu desde que nasceu, Dante ainda era uma criança de sete anos e seu maior medo era perder os pais.

“Seu pai está bem.” Freya garantiu, mas ainda assim, Dante se recusou a soltá-lo.

“Vou levá-lo comigo.” Avisou subindo as escadas.

Depois de algumas horas com Dante, o menino finalmente adormeceu. Klaus deu um sermão no marido sobre suas atitudes irresponsáveis, o que parecia ‘o roto falando do esfarrapado’, já que Klaus não era um grande exemplo. O casal se encontrou com o restante da família na sala para discutir algumas atualizações.

“Onde está Seth?” Richard perguntou vendo os cunhados e o sogro reunidos.

“Está cuidando do Ares…” Freya respondeu. “Parece que o garoto só fica calado quando está no colo. A língua é mesmo o chicote da bunda, ele vivia reclamando quando Dante chorava.”

“E milagrosamente nosso irmão não está pajeando o pretendente.” Elijah comentou.

“Quem pariu Mateus que embale.” Kol falou insatisfeito. “As únicas crianças aqui que são problema meu, é o Dante e seu amiguinho, Roman.” Deu de ombros.

“Como estão as movimentações para encontrar os ingredientes para fazer o punhal?” Klaus perguntou ansioso.

“Finn está onde hoje é a Noruega, para pegar, literalmente, um punhado da terra natal de Dahlia…” Elijah respondeu. “Mas ainda faltam o sangue da pessoa que ela mais amou e o corpo de seus opressores, ou seja, cinzas de Viking.”

“O sangue nós temos…” Kol apontou para a irmã. “Sangue da Freya.”

“Eu não sei, não, a Dahlia não parecia muito amorosa com ela.” Richard comentou.

“As cinzas de Viking também.” Mikael responde. “Quando chegar a hora, me usem para o feitiço. Use a estaca que eu te dei.” Se virou para Klaus.

“Usar a estaca? Você está louco? Como acha que Dante vai se sentir quando descobrir que o avô dele morreu para salvá-lo.”

“Ele não precisa saber.” Mikael argumentou.

“Ele não precisa saber? Pai, ele é um culebra, o sangue de qualquer um aqui vai contar para ele.” Klaus retrucou.

“Não temos outra alternativa.”

“Talvez tenha…” Todos se voltaram para Richard. “Nós podemos dar a Dahlia o que ela quer.” Todos os Mikaelson rosnaram para o Lorde.

“Você perdeu a cabeça?” Klaus grunhiu.

“Só me escutem…” Richard ergueu os braços.

“Escutar? Eu vou passar por cima de qualquer um que coloque em risco a vida do meu filho e isso inclui você!” Klaus ameaçou.

“Você lembra quando a magia do Dante usou seu corpo para fazer um feitiço e nos salvar? Você ficou fraco e exausto por horas. Sabe porque?” O culebra começou a explicar antes que o marido arrancasse sua cabeça.

“Porque eu não sou um bruxo!”

“Não, é porque você não é xibalbano. Dante não é apenas xibalbano porque tem meu sangue, mas também porque ele nasceu entre os mundos, da união da magia natural e da magia xibalbana…”

“E daí?” Mikael perguntou irritado.

“E daí que o corpo dele é construído para suportar essa magia infernal… Dahlia não.” Richard falou. “Eu fiz com que ela se aproximasse o suficiente para que eu pudesse ver, eu empurrei em sua mente, não só imagens do Xibalba, mas um pouco de magia xibalbana…” Mostrou o olho na mão. “A ligação dela com Freya está muito fraca, ela precisa do Dante, mas se ela usar um feitiço e se ligar a ele…”

“Dahlia vai ser destruída.” Elijah concluiu.

“Você morreu para testar essa teoria? Esse era o seu grande propósito?” Freya perguntou indignada e Klaus encarou Richard.

“Morreu?” Klaus trincou os dentes e Richard arregalou os olhos. “Você me disse que foi só uma lasca de madeira.”

“E foi… Só que atravessou meu peito.” Klaus apertou os lábios enraivecido.

“Você me paga!”

“Então, o que faremos?” Kol perguntou.

“Vamos fazer a arma e ninguém vai entregar meu filho para aquela bruxa…” Klaus encarou o marido com os olhos de híbrido. “Ninguém!”

Enquanto todos discutiam as possibilidades, não perceberam que no andar de cima, silencioso como um gato, Dante ouvia toda a conversa. Ele viu as memórias de Richard, viu como Dahlia feriu seu pai e não estava feliz. O menino voltou para o quarto onde Roman o esperava jogando no celular.

“Tudo bem?” O menino perguntou. “Descobriu quem machucou seu pai?”

“Sim, foi a bruxa que queria nos pegar.” Roman reconheceu a maldade nos olhos do amigo. “Eu tenho um plano. E você, meu muy rico amigo, vai me ajudar.”

“Muy rico?” Roman ficou pensativo. “Ah, você precisa que eu te empreste dinheiro?” Roman arqueou a sobrancelha e Dante sorriu quase angelical.

“Não, preciso que me empreste seu rosto!” Roman balançou a cabeça, mesmo não fazendo ideia com o que exatamente ele estava concordando.

Chapter 31: A SPELL A REBEL YELL

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Boa leitura!

Seth aspirou o cheiro do café forte da xícara, durante os últimos dias dormir havia se tornado um privilégio para ele e as olheiras profundas, a barba desleixada e o terno amassado mostravam isso nitidamente. Ares, apesar de ser uma criança saudável, era irritadiça, o que rendia muitas noites mal dormidas, ou não dormidas.

Kol entrou na cozinha e resmungou um bom dia de má vontade, o vampiro não tem falado muito com o outro e Seth não queria admitir que sentia falta das brincadeiras e das conversas sem sentido de Kol.

O vampiro começou a tirar vários itens da geladeira e armário, ignorou completamente a presença do Gecko mais velho e se concentrou nos sanduíches para as crianças na sala. Seth olhava de soslaio enquanto Kol fingia não perceber.

“Você é a babá do dia?” Seth perguntou tentando puxar conversa.

“Não, eu sou o tio legal!” Respondeu sem parar de passar maionese nas fatias de pão.

“Sabe… Eu estava observando o Dante com seu novo e único amiguinho…” Bebeu um gole do café. “Ele tem sete anos e se comporta como um mini adulto, sabe, ele joga xadrez, toca vários instrumentos, sabe desenhar, pintar quadros, sabe até abrir um cofre, ele vive numa casa cheia de adultos ignorantes, como eu, e agora Dante está ensinando o novo amigo a jogar poker.”

“Hum…”

“Eu não quero que Ares seja assim.” Seth falou e Kol ergueu os olhos com irritação.

“Oh, por que? Seu precioso filho é muito bom pra ser igual o Dante?”

“Não é isso que eu estou falando, Kol, Dante é um bom menino, mas não vive como uma criança deveria viver. Todos nós tivemos uma vida difícil e nenhum de nós conseguiu ser criança de verdade. Dante deveria estar jogando bola no quintal, assistindo desenho, brincando de carrinho, lendo livros com mais desenhos que palavras. Eu quero que Ares tenha isso.”

“Não se preocupe, Seth, seu filho nunca vai ser como Dante, ele é humano, vai brincar como uma criança humana, ter amigos humanos, vai aprender como uma criança humana. Dante precisa de sangue para sobreviver, ele é um culebra e aprende com o sangue que bebe. A mente dele tem muito conhecimento acumulado, mas ele ainda é uma criança. A maioria das brincadeiras servem pra ajudar no aprendizado, e ele já aprendeu. Não é culpa dele!”

“Eu sei que não é culpa dele, meu Deus, porque você tem que ser tão idiota sobre isso? Sobre tudo…” Seth se irritou. “Nós nunca tivemos nada, você não pode me tratar assim.”

“Eu estou sendo idiota? Você que é um idiota hipócrita, Seth, você…” Kol quebrou a faca que segurava. “Eu estou sendo idiota ‘Sr. Eu deixo você me foder, mas nunca tivemos nada’...”

“Aquilo foi um erro, eu estava bêbado.” Seth bateu na mesa.

“Ah, essa desculpa não cola, Seth, você é um filho da puta que tem tanto medo de admitir que gostou de ter um pau na sua bunda que correu transar com sua ex pra garantir sua masculinidade. Agora aparece aqui com um filho a tiracolo e acha que eu não tenho direito de reclamar? Acha que eu tenho que agir como se nada tivesse acontecido?”

“Quer saber, foda-se, eu transei com a Vanessa e nós temos um filho, você gostando ou não. Ares existe e eu comprei uma casa pra nós. Depois que vocês resolverem os problemas com a bruxa, vou me mudar pra lá com Ares.” Seth informou.

“Sabe, eu acho que o que te incomoda no Dante não é ele não se comportar como uma criança. O que você não gosta é que ele não é humano.”

“Escuta aqui, Kol, eu não vou tolerar que você fale como se eu não amasse meu sobrinho. Eu amo aquele garoto, ele é um bom menino e filho do meu irmão. Se quer a verdade, eu preferia que ele fosse humano, eu preferia que o Richard fosse humano. A vida deles seria mais fácil, não teria nenhuma bruxa atrás dele.”

“Mas ele não é e se você quer viver a sua vidinha fantasiosa como um humano medíocre, não aponte minha cobrinha cacheada como desculpa.” Kol bateu na mesa, a paciência nunca foi sua virtude.

“Eu só estou dizendo que gostaria que o Ares tivesse uma vida normal!” Respondeu com outra batida. “Quer saber, não dá mais pra falar com você!” Seth saiu pisando duro.

“Como se eu quisesse falar com você.” Kol fechou o sanduíche resmungando. “Por que esse filho da puta tinha que ser tão gostoso?”

Dante e Roman olharam para a porta assim que Kol saiu deixando a bandeja, era óbvio para os meninos que o tio estava chateado e ficou ainda mais óbvio quando Dante mordeu um pedaço de metal da faca que Kol não percebeu que havia caído no meio dos ingredientes. Ele segurou a mão de Roman antes que começasse a comer, não queria que seu novo amigo morresse tão cedo.

“Acho melhor a gente mesmo fazer o lanche.” Dante falou olhando para o pedaço de metal. “Acho que meus tios brigaram.”

“Ok… Por que eles brigaram?” O Upir perguntou fazendo uma careta deixando o sanduíche de lado.

“Tio Kol gosta do tio Seth, mas o tio Seth ficou com a Courtney Love presidiaria e tiveram um bebê. Tio Kol ficou muito triste…” Dante juntou os pratos de volta na bandeja e os dois foram para a cozinha. “Eu ia aproveitar a escola para encontrar alguém para ele, mas agora estamos com uma virose e não podemos voltar para escola até a virose passar.”

“Seu tio gosta só de meninos?”

“Acho que ele gosta de meninos e meninas.” Deu de ombros colocando as coisas na pia e puxando o banquinho para alcançar. “Vai pegando as coisas enquanto eu lavo os pratos.”

“Minha mãe é viúva e ela é gostosa!” Roman comentou casualmente abrindo a geladeira. “Eu não sei o que isso significa, mas ouvi um funcionário da empresa falando.”

“Eu não acho que seja uma palavra para você usar pra falar da sua mãe. Acho que é uma coisa de casal porque eu ouvi papai falando para o tio Elijah que o pai é muito gostoso.” Dante comentou rindo. “Você tem alguma foto dela?”

“Em casa!” Roman pega uma faca na gaveta. “Você já arrumou tudo que precisa para hoje?”

“Tudo feito.”

“O que você quis dizer quando disse que precisa do meu rosto emprestado?” Dante colocou o indicador na boca segundos antes de Freya entrar na cozinha.

“O que vocês dois estão aprontando?” A bruxa perguntou com os braços cruzados. “Kol não fez o lanche de vocês, bichinhos da seda?”

“Fez sim, tia Freya, mas ele colocou mostarda e…” Dante olhou para o amigo. “Roman é alérgico à mostarda.”

“Sim, muito alérgico.” Roman mentiu guardando o pote de mostarda de volta na geladeira.

“Certo, me dê essa faca, eu faço isso pra vocês.” Freya começou a trabalhar no sanduíche.

“Tia Freya, todos estarão em casa hoje a noite?” Dante perguntou casualmente.

“Acho que sim, querido, porque?” Freya terminou os sanduíches e desceu Dante do banquinho.

“Estou com medo daquela bruxa, Dahlia…” Dante falou com a voz baixa e os olhos levemente marejados. “Eu gostaria que todos estivessem aqui no jantar. Sabe, com todos aqui ela não vai me pegar.”

“Oh, meu amor, eu prometo que todos vão estar aqui…” Dante olhou para Roman sob os ombros da tia. “Todos.”

“O vovô também!”

“O vovô também.” Freya garantiu. E Roman balançou a cabeça.

“Eu queria discutir estratégias…” Elijah abriu o botão do terno e se sentou no sofá. “As cinzas de Viking é o ingrediente principal para a arma contra a Dahlia, acha que nosso pai vai conseguir?”

“Eu espero que sim ou não vai nos restar outra alternativa a não ser usá-lo, e apesar de tudo o que nós passamos, nosso pai é importante para Dante, eu não gostaria de vê-lo sofrer.” Klaus respondeu bebendo whisky. “Meu filho o ama.”

“Não precisa disfarçar, Niklaus, você também não quer perder o pai agora que estão próximos.” Elijah falou prestando atenção à expressão no rosto do irmão.

“Não se preocupe com meus sentimentos, irmão, eu estou disposto a perder qualquer coisa pelo meu filho. Eu sei muito bem o tamanho da ameaça que estamos enfrentando e eu pretendo cuidar disso pessoalmente…” Klaus apertou os lábios. “Aquela mulher perseguiu meu filho e quase matou meu marido, eu vou esfolar ela viva.”

“Papai está em casa?” Freya perguntou entrando e se sentando ao lado de Elijah.

“Ele está pesquisando onde encontrar as cinzas, por que?” O vampiro se virou para ela.

“Dante pediu um jantar com toda a família.”

“Algum motivo especial?” Klaus estreitou os olhos.

“Ele disse que Dahlia o deixou com medo e se sentiria mais seguro se estivesse conosco. Todos nós, inclusive o papai.” Klaus se sentiu culpado por seu filho se sentir inseguro.

“Ligue para nosso pai e peça que ele venha.” Elijah falou decidido. “Se nosso sobrinho precisa da família reunida para se sentir seguro, é isso que ele terá.”

“Senhores…” Uma mulher idosa entrou na sala interrompendo a conversa e os três se levantaram.

“Senhora Lopez?” A senhora Lopez era uma humana que, junto com o marido, sempre ajudou a cuidar de Dante. “Aconteceu alguma coisa?”

“Desculpe interromper…” A mulher falou e seu tom era diferente do habitual. “Tenho um recado de sua tia Dahlia. Vocês tem uma dívida e ela está cobrando…”

“Senhora Lopez, se essa mulher voltar aqui diga a ela para ir para o inferno.” Klaus falou com a voz calma.

“Ela não é a senhora Lopez…” Richard falou irritado encarando a mulher. “Dante ficará desolado pela morte dela.”

“Eu matei você…” Dahlia estreitou os olhos. “Não importa, eu estou aqui porque Esther me fez uma promessa, um acordo que resultou na existência de vocês…” Encarou os sobrinhos. “Vocês deveriam me agradecer.”

“Dahlia!” Freya trincou os dentes. “Você não tem o direito de entrar aqui.”

“Você ousa entrar na minha casa, matar e usar alguém por quem meu filho tem apreço?” Klaus deu alguns passos na direção da mulher.

“Eu só vim pelo que é meu… Chegou a hora de somar o poder da criança ao meu…” Debaixo do lenço que a senhora Lopez usava no pescoço começou a verter sangue. “A magia dele pode tentar escondê-lo, mas isso vai acabar junto com todos vocês. Podem aproveitar para se despedir, meu Dante deverá ser entregue a mim até amanhã a noite.” Klaus ergueu a mão para decapitar a mulher, mas Elijah o deteve.

“Não estrague o corpo da senhora Lopez.” Richard segurou a mulher quando Dahlia deixou seu corpo.

“Eu vou levar o corpo para o Manolo, nem sei como vou explicar o que aconteceu.” O Lorde falou. “Eu quero essa bruxa maldita enterrada junto com a mãe de vocês!”

“Eu vou fazer isso acontecer, amor. Eu juro que vou!” Klaus se virou para Freya e Elijah. “Vamos cuidar do jantar do Dante, precisamos de um pouco de paz nessa casa. Quando ele adormecer discutiremos… Estratégias.”

O jantar foi preparado sem muito alarde por respeito a morte da senhora Lopez, ninguém contou a Dante, decidiram fazer no dia seguinte. Os pratos favoritos do menino foram postos à mesa e quase toda a família estava reunida, com exceção de Rebekah e Marcel que não chegariam a tempo.

“Richard, amor, coma os legumes.” Klaus apontou para parte da comida que o marido empurrou para o canto enquanto cortava o bife sangrento. “De bom exemplo para as crianças.”

“Está nos confundindo com outra espécie de serpente.” Richard comentou colocando fatias finas de sua carne no prato do filho.

“E você, Roman, também gosta de carne sangrenta como Dante?” Freya perguntou.

“Sim, mas a cozinheira na minha casa gosta de me contrariar dizendo que carne mal passada causa problemas de saúde. Ela não sabe sobre mim… Mas eu também como legumes.” Sorriu para a bruxa colocando um pouco do refogado na boca.

“Tio Finn, é verdade que você tem uma namorada?” Dante olhou para o vampiro.

“Bem, sim, é uma antiga namorada chamada Sage, você vai conhecê-la em breve.” Sorriu para o menino.

“Isso é bom, espero que a tia Freya e a Kisa assumam logo também.” Dante falou e Freya engasgou.

“Freya e Kisa?” Klaus e Richard perguntaram juntos.

“Meu Deus, todo mundo já sacou que elas ficam trocando olhares e sorrisinhos.” Kol zombou. “Você acha mesmo que a Freya fica se esgueira até aquele barracão horroroso porque é fã de luta livre?”

“Espero que se casem logo, estou cansado daquela mulher querendo uivar na minha floresta.” Klaus resmungou bebendo vinho.

“Espera, na sua floresta? Onde?” Richard perguntou e todos riram.

“Então, agora só falta o tio Kol, o tio Elijah e o vovô.” Dante balançou a cabeça.

“O vovô está bem como está, pequeno cupido.” Mikael bagunçou seu cabelo.

“Não se preocupe comigo, Dante.” Elijah riu.

Todos conversavam animadamente sobre assuntos variados e cotidianos, fingindo que não haviam preocupações. Dante observou a família e começou a fazer um prato extra.

“Eu já volto.” Saiu carregando o prato até o quarto de Seth.

O Gecko mais velho estava embalando o menino que choramingava em seus braços. Seth estava mais cansado nos últimos dias do que esteve a vida toda.

“Tio Seth…” Olhou para a porta e viu Dante segurando um prato. “Eu trouxe o jantar, só trouxe uma colher porque papai não me deixa andar com garfos e facas por aí.”

“Pensei que estivesse bravo comigo.” Seth arqueou a sobrancelha, mas seu tom era de brincadeira.

“É, mas eu não posso te deixar morrer de fome, meu pai ficaria triste.” Deu de ombros. “Ele está doente?”

“Não, ele é só chorão mesmo.” Seth respondeu suspirando, ele esperava que essa fase acabasse logo. “Pode ficar de olho nele enquanto eu lavo as mãos?” Perguntou colocando o bebê no berço.

“Posso sim.” Dante esperou Seth jantar e entregar o prato, o que levou menos de dez minutos.

“Obrigado, Dante.”

“De nada…” Dante parou na porta. “Tio Seth, me desculpe por isso.” Pediu.

“Desculpar pelo que?”

“Somnus.” O quarto imediatamente ficou em completo silêncio, Seth caiu no sono em sua cama e Ares no berço. “Ele vai ficar uma fera!”

“Acho que todos vão.” Roman falou atrás dele. “Seu pai pediu para ver porque está demorando.”

“Me faz um favor, pode levar isso e dizer a eles que eu fui buscar uma coisa importante que eu quero mostrar, mas é surpresa.” Dante sorriu para o amigo.

“Tá bom.” Roman saiu correndo.

Dante entrou no seu quarto e abriu o armário revelando uma taça com sangue e uma caixa de madeira. Ele retirou da caixa sete mechas de cabelo representando: Klaus, Richard, Mikael, Kol, Freya, Elijah e Finn. Dante fechou os olhos, respirou fundo e se concentrou erguendo as mãos.

“Locus sua mortenduis la chambre… Locus sua mortenduis la chambre.” Recitou algumas vezes. “Locus sua mortenduis la chambre… Locus sua mortenduis la chambre.”

“DANTE… DANTE…” Roman correu até ele e Dante abriu os olhos. “Acho que você matou sua família.” Falou assustado.

“Ótimo…” Dante se virou para o amigo. “Vamos começar.”

Chapter 32: NIGHT HUNTING TIME - Parte I

Summary:

Olá, espero que estejam bem.

Como eu disse no capítulo de apresentação, essa história terá duas fases. A primeira fase se encerra em dois capítulos e depois terá uma passagem de tempo para a segunda fase, onde teremos o Dante que alguns que leram Warriors e o Extra de Halloween de Black Snake já conheceram.

Chapter Text

Boa leitura!

Roman Godfrey tinha sete anos quando sua mãe, Olivia, decidiu mandá-lo para o outro lado do país, sozinho. Ele não queria ir embora, queria ficar com sua família como qualquer criança. Ele chorou, esperneou, gritou com Olivia, implorou para ficar, prometeu ser bonzinho, mas a mãe estava irredutível. O que Roman não sabia era que Olívia só queria protegê-lo de um inimigo antigo, a Ordem do Dragão, uma organização formada por humanos comprometidos a caçar criaturas sobrenaturais, independente da espécie, considerados, por eles, inimigos de Deus.

Olivia não era tola ou irresponsável, ela não enviou seu amado filho sozinho ao Texas aleatoriamente. Olivia Godfrey enviou Roman para o território da família mais poderosa do mundo sobrenatural, a família Mikaelson, para estudar na escola onde o herdeiro de Klaus Mikaelson estudava, o que significava segurança. A Upir pretendia pedir ajuda caso a Ordem do Dragão encontrasse Roman, mas foi surpreendida pela notícia de que seu filho fez amizade com o menino Mikaelson.

Roman sabia que era diferente das outras crianças, não apenas por causa do seu gosto peculiar por sangue, mas também por sua capacidade de hipnotizar pessoas, porém apesar disso, ele sabia que era uma criança de sete anos e não poderia fazer as coisas que Dante fazia, não ainda, não tudo. Ele não iria acompanhar Dante em seu plano contra a bruxa má, mas concordou em ajudar da maneira que podia e estava feliz por seu primeiro amigo confiar nele com seus planos.

Dante prendeu a família em um plano astral para impedi-los de se sacrificar por ele, para proteger todos. Depois enviou uma mensagem para Dahlia, Roman não sabia como funcionavam os poderes de Culebra do amigo, mas ele podia fazer conexão mental, entrar na mente das pessoas e mandar recados, Dante disse a Roman que ele também poderia fazer isso no futuro.

E para sair sem ser percebido pelos outros, Roman ligou para seu motorista e deixou que Dante bebesse seu sangue, assim o pequeno culebra pôde usar o rosto de Roman para sair da casa. Infelizmente, para Dahlia, Dante com o rosto de Roman descobriu sobre a morte da vovó Maria, a senhora Lopez, por causa dos ritos funerários.

Dante foi sozinho e Roman Godfrey então se sentou e esperou.

O carro preto parou em frente ao cemitério onde Dante se escondeu na primeira vez em foi perseguido, segurou a mão do motorista e sorriu, os olhos de ambos ficaram vermelhos.

“Volte para a mansão e esqueça que Roman ligou ou que me trouxe aqui!” Ordenou antes descer do carro e entrar no cemitério indo em direção a capela.

“Onde está meu Dante?” Dahlia perguntou quando Roman entrou, o menino sorriu desfazendo a ilusão. “Isso é fascinante, tão pequeno e já domina essa magia.”

“Eu domino muitas coisas.” Dante falou.

“Onde estão seus pais? Se isso for um truque, aviso que não vai funcionar.” Dahlia sorriu. “Não agora que você está na minha frente.”

“Minha família está ocupada no momento, até acharem uma saída, será tarde demais.” Dahlia sentiu um arrepio ao encarar os olhos azuis metálicos.

Klaus abriu os olhos devagar, ele percebeu que estava no meio da sala de estar de sua casa, ao seu redor, Richard, Elijah, Freya, Kol, Finn e Mikael começavam a despertar. Os sete se levantaram assustados e confusos.

“Dante…” Klaus apertou os lábios, todos correram em busca do menino por toda casa, mas não encontraram, não havia ninguém além deles naquela casa.

“Onde estão Roman, Seth, Ares…?” Richard perguntou. “O que está acontecendo aqui?” Klaus correu em direção à porta, mas foi lançado de volta para sala.

“Todas as saídas estão seladas…” Elijah falou. “Janelas e portas, seladas.”

“Não podemos ficar aqui enquanto Dante está sozinho, sabe-se lá onde.” Mikael falou olhando por todos os cantos.

“Não estamos aqui realmente, alguém nos prendeu em um Chambre de Chasse.” Klaus falou com raiva. “Tudo bem, pra sair sempre tem algum truque ou enigma, nós vamos resolver.”

“Acham que isso é coisa da Dahlia?” Finn perguntou. “Ela nos prendeu aqui para levar o Dante sem obstáculos?”

“Não, teria que ser uma bruxa que tenha passado muito tempo aqui para conseguir replicar cada detalhe…” Kol analisou a decoração, os quadros, as cortinas.

“Dahlia só entrou aqui uma vez, no corpo de outra pessoa, teria que ser alguém muito próximo que conhece bem o complexo.” Freya falou concordando com Kol. “Eu sou a única bruxa que frequenta esse lugar.”

“Amor, você consegue usar seus sentidos de Serpente da visão para descobrir alguma coisa?”

“Eu tentei, mas a magia aqui é muito poderosa, está bloqueando a minha visão e não deixa eu me conectar com Dante.” Richard respondeu.

“Temos que sair daqui antes que alguma coisa aconteça com meu filho.”

“Acho que encontrei uma coisa.” Elijah levou os irmãos até uma porta com sete cadeados de ouro. “Essa porta com certeza não estava no projeto.”

“É magia representativa…” Kol analisou um dos cadeados. “Deve ter uma chave pra cada um de nós em lugares importantes dessa casa.”

“Todos os lugares dessa casa são importantes pra nós…” Richard olhou para todos os cantos. “Pelo menos eu acredito que seja.”

“Podem estar dentro de objetos que nos representam também…” Freya explicou. “Temos que procurar. A porta não abre até que os sete cadeados estejam abertos.”

“Se separem, precisamos revirar esse lugar o mais rápido possível…” Apontou para a família. “Meu filho está desprotegido com aquela bruxa maldita rondando.”

Richard entrou em seu escritório revirando tudo que ele pensou que poderia parecer minimamente importante, inclusive o primeiro quadro que Klaus fez para ele. Klaus fez o mesmo no estúdio, Elijah na adega, Kol na biblioteca, Mikael na sala de treinamento, Freya na pequena sala onde ensinava magia para Dante e Finn procurou pela sala já que passava pouco tempo na casa do irmão para ter um lugar que considerasse importante.

“Isso não faz sentido, não tem nada, não tem chave em lugar nenhum dessa casa.” Finn rasgou as almofadas do sofá procurando dentro delas. “Que bruxa poderia fazer isso?”

“Nahualli, talvez?” Klaus sugeriu tentando esgotar suas possibilidades.

“Nahualli jamais deixaria Dante desprotegido, Niklaus, você sabe.” Elijah defendeu a bruxa.

“E se for alguém infiltrado, uma bruxa que não sabíamos que é bruxa.” Mikael teorizou. “Teria que ser uma boa atriz ou ator… Mas não seria impossível.”

Kol estreitou os olhos vendo algo atrás do vaso de plantas ao lado da estante, ele foi até lá, arrancando o objeto do lugar.

“Nenhuma bruxa saberia disso.” Apontou para uma marca de mão pequena na parede.

“O que é isso?” Freya perguntou.

“Quando estávamos construindo o complexo, eu trouxe Dante aqui, ele tinha três ou quatro anos, e nós fizemos uma brincadeira, tem várias marcas das mãozinhas dele espalhadas pelo complexo em lugares escondidos.” Kol explicou. “Lugares que só eu…” O vampiro arregalou os olhos. “E Dante saberíamos.”

“Você está insinuando que meu filho fez isso?” Klaus enrugou a testa. “Meu filho, uma criança de sete anos, nos prendeu em um Chambre de Chasse?”

“Como ele aprendeu a fazer isso?”

“Se eu sei, e a Freya sabe, o Dante sabe, ele bebe o nosso sangue desde que nasceu. Ele sabe um pouco de tudo o que sabemos.” Kol concluiu. “A questão é por que ele faria isso?”

“E quem garante que não foi a Freya?” Klaus apontou. “Dante é uma criança, ele não tem poder para fazer isso, mas você, irmã, com certeza tem. Quem me garante que você não trocou nosso filho pela sua liberdade?”

“Niklaus…” Elijah usou seu tom de advertência.

“Nunca mais diga isso, eu sacrificaria qualquer coisa pelo meu sobrinho.” Freya se defendeu.

“Dante tem sete anos…” Klaus esfregou o rosto. “Como ele faria algo assim?”

“Como ele libertou Mikael de um feitiço milenar? Como ele matou dezenas de bruxas, vampiros e lobisomem ainda dentro da sua barriga…” Richard apertou o ombro do marido. “Como ele abriu uma cratera gigante no meio da rua? Dante pode fazer coisas que nem imaginamos e só os deuses sabem o que fará quando for adulto. Mas o que importa agora, não é se ele fez, é porque ele fez. E sair daqui, é claro.”

“Também não podemos esquecer que, apesar de ser o mais importante, Dante não é a única criança sob responsabilidade de vocês.” Finn os lembrou.

“É verdade, acho que depois dessa noite, Dante perdeu o único amigo que fez.” Klaus lamentou. “Ele vai ficar tão triste.”

“Dante poderia controlar a mente dele, fazê-lo esquecer o que aconteceu.” Freya sugeriu.

“Vocês não podem realmente acreditar que um filho de Olivia Godfrey é inocente nessa história. É o mesmo que acreditar que um filho do Niklaus não seria capaz de prender a família em um Chambre de Chasse.” Elijah balançou a cabeça.

“E Roman é um Upir, eu andei pesquisando e descobri que hipnose, controle e leitura da mente, ilusões, são todos dons dele e significa que da mesma forma que não funciona com o Dante, não funciona com ele.” Richard falou. “E além disso, os dois são parecidos, Elijah tem razão, Roman sabia de tudo desde o começo.”

“Vocês estão falando como se meu neto fosse um terrorista, ele pode ter feito tudo isso sem intenção real…” Mikael falou pensativo. “Ele pode ter aprendido em algum desses grimórios, mas fez sem segundas intenções.”

“Eu concordo com o papai, Dante disse que queria nos mostrar um truque novo.” Kol se adiantou em defender o sobrinho.

“Ah, por favor, nem vocês acreditam nisso, só passam pano pra tudo que ele faz.” Finn encarou o pai e o irmão. “Eu amo aquele pirralhinho, mas vocês tem que admitir que Dante tem a cabecinha torta do Klaus com a frieza do Richard.”

“O que você quer dizer com isso?” Richard perguntou indignado.

“Que ele planejou tudo, nos mínimos detalhes. Ele usou aquele rostinho angelical e nos reuniu para um lindo jantar em família que nenhum de nós seria capaz de recusar. Ele nos distraiu, levou o jantar para Seth, que eu aposto que está dormindo como um bebê enfeitiçado e mandou Roman nos pedir pra esperar que ele queria nos mostrar um truque de mágica…” Finn abriu os braços mostrando a casa. “Esse truque.”

“Tudo bem, digamos que aconteceu exatamente como Finn disse, Dante tem conhecimento de adulto, mas ainda é uma criança de sete anos, então temos que pensar como ele…” Richard sugeriu. “Acho que as chaves vão estar em um lugar importante pra ele, não pra nós.”

“O quarto dele…” Klaus falou. “É onde ele costuma guardar tudo que considera importante.” Os setes subiram até o quarto do menino.

“Temos que procurar coisas que são importantes pra ele, mas que está ligado a cada um de nós.” Kol instruiu e começou a revirar tudo.

“Eu me lembro disso…” Mikael falou pegando um pingente grande de um lobo feito de ferro. “Eu peguei quando venci um inimigo em batalha, representa Fenrir. Dei a ele por causa de sua herança de sangue.” Atrás do objeto havia uma chave. “Encontrei.”

“Eu também.” Kol mostrou um livro de Dante Alighieri, a chave estava presa sobre uma frase. “La senda que lleva al paraíso comienza en el infierno.”

“O caminho que leva ao paraíso começa no inferno.” Elijah repetiu.

“Apropriado porque eu me sinto no inferno nessa maldita prisão.” Klaus falou irritado. “Isso é o primeiro quadro que pintamos juntos…” Klaus segurou a pequena tela. “Você colocou no escritório, em cima do balcão.” Olhou atrás da obra e havia uma chave. “Não sabia que isso era tão importante para você, pequeno lobo.” Comentou para si mesmo.

“Eu dei isso a ele quando nasceu.” Elijah sorriu para o pequeno urso de pelúcia, suspirou antes de despedaçá-lo encontrando a chave que precisava. “Já temos a quarta chave.”

“Aquela caixa…” Finn apontou antes de alcançá-la sobre o guarda-roupas. “Eu trouxe da Suécia, com um diamante Paragon, ele disse que vai fazer um anel especial quando crescer.” Contou abrindo a caixa e encontrando sua chave.

“Deu um diamante para uma criança…” Freya perguntou. “De sete anos?”

“Cinco na época!” Finn respondeu. “Dante coleciona pedras, lembra?”

“Não é uma pedra, é um diamante, Finn.” Enquanto Freya remexia tudo no quarto e em sua própria mente tentando encontrar algo que compartilhou com o menino que ele pudesse considerar especial, Richard permanecia sentado na cama, pensativo.

“Que Dante vai transformar em um anel de canalização de magia. Garoto esperto!” Kol falou orgulhoso.

“O que houve, amor?” Klaus se aproximou.

“Eu não acho que tenha alguma coisa que Dante vá considerar importante…” Empurrou os óculos. “Quero dizer, eu já dei e fiz muitas coisas, mas nada que se destaca. A maioria das coisas que compartilhamos estão aqui.” Apontou para a própria cabeça.

“Eu tenho certeza que tem alguma coisa, afinal, eu duvido que Dante iria querer que abrissemos sua cabeça.” Klaus riu.

“Não consigo pensar em nada.”

“Achei…” Freya puxou do armário uma caixa de tintas. “Eu trouxe de Nova Orleans. Eu não sabia que era tão importante para ele.” A bruxa abriu encontrando sua chave no fundo da caixa.

“Como eu disse, ele ainda é uma criança, coisas parecem não ter significado para nós, pode ter muito significado para ele.” Richard sorriu para Freya.

“Como um globo idiota com a miniatura de um bar de baderneiros de beira de estrada?” Klaus perguntou apontando para o objeto na mesinha de cabeceira ao lado da cama.

“O globo que o tio Eddie me deu no dia em que ele morreu…” Richard olhou no fundo e a chave estava lá. “Ele ficava encarando a imagem do Jacknife Jed 's dentro do globo, por horas, então, eu dei para ele como presente.”

“Viu, ele sabia que era tão importante para você que se tornou importante para ele também.” Klaus deu um selinho no marido. “Agora vamos sair daqui e descobrir o que nosso pequeno lobo está aprontando.”

Roman estava sentado no sofá assistindo desenho no celular, volta e meia olhava de soslaio para os corpos no chão dentro de um círculo de proteção. Dante pediu para que ele ficasse de olho em sua família até que ele voltasse, mas que explicasse tudo quando acordassem, porque seu pai com certeza estaria transtornado. Assim que abriram os olhos viram o garoto os encarando.

“Vocês demoraram…” Comentou. “Já estava pensando que minha mãe teria que adotar o Dante.”

Chapter 33: NIGHT HUNTING TIME - Parte II

Summary:

Olá, o próximo capítulo será o último dessa primeira fase.

As informações que Dante conta sobre a Santa Muerte são do livro: Santa Muerte de Sébastién de la Croix.

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Boa leitura!

Uma característica de Dahlia que Freya sempre ressaltou foi a paranoia, o que a fazia desconfiar das intenções de terceiros e também de se antecipar às suas atitudes e reações. Essa paranoia fez com que imaginasse muitos cenários diferentes na sua busca pelo primogênito de Klaus, mas nenhum dos cenários se parecia com aquele.

Quando ela levou Freya de Esther, ainda criança, a menina chorou durante muito tempo, por medo e também pela falta dos pais. Uma atitude natural e lógica vinda de uma criança, mas Dante era diferente, ele veio até ela por conta própria e permanecia quieto sentado em um túmulo enquanto a bruxa fazia os preparativos para o ritual.

“Então, Dante, me diga onde estão seus pais.” Pediu com um tom de falsa gentileza.

“Estão ocupados…” Dante se virou para ela sem dar maiores detalhes. “Sabia que o tio Kol escolheu meu nome? Você já leu A divina comédia?” Dahlia ficou confusa com as perguntas aleatórias.

“Não é meu tipo de leitura.”

“Hum, também não li, mas foi por causa do escritor. Tio Kol estava lendo Inferno quando decidiu que Dante seria um bom nome…” Deu de ombros. “Sabia que eu fui concebido no Xibalba?” Dahlia ergueu os olhos para Dante sem dizer nada. “É o submundo ou inferno Maia, ou Mictlan, Asteca.”

“Você gosta de conversar, não é?” A bruxa comentou voltando a se concentrar, mas ficou desconfiada com os constantes olhares do menino para um mausoléu distante. “Você conhece a pessoa enterrada lá?”

“Você sabia que esse cemitério foi construído por imigrantes mexicanos? A maioria culebras.” Dante perguntou olhando para o mausoléu. “Eu não conheço ela, mas foi a primeira mulher a ser enterrada aqui e para os devotos o túmulo da primeira mulher enterrada em um cemitério é entregue à Santíssima.” .

“Santíssima?” Dahlia não fazia ideia do que aquele menino estava falando.

“Santa Muerte.”

“Não acredito em religiões.” Ela respondeu.

“A Santa Muerte não pertence a nenhuma religião, as religiões julgam, a Senhora Branca abraça a todos porque ela é a Morte e a morte vem para todos.” O garoto sorriu para a bruxa como quem dizia ‘até para você’. “Você sabia que, apesar de ser única, existem três mantos? Branco, vermelho e preto. La Señora Blanca é cura, quebra de coisas ruins, conselhos, sabe? E também a boa morte. La Señora Roja é proteção, amor, família, justiça, essas coisas. Ela te dará a morte segundo seu merecimento.”

“Onde você aprendeu essas bobagens supersticiosas?” A bruxa perguntou se irritando com o menino tagarela e arrependida por ter puxado conversa.

“Com a vovó Maria…” Dante olhou para ela novamente e Dahlia pode ver de relance os olhos reptilianos. “A boa senhora que você matou.” O menino comentou casualmente. “Ah, eu não falei da Santa Muerte de manto negro, sabia que ela é a mais temida? A única que entra no inferno, rodeada de demônios e arrastando almas torturadas…” O pequeno culebra sorriu com uma frieza de gelar os ossos. “Ela que virá buscar sua alma, tia Dahlia.” Uma coruja passou sobre suas cabeças e pousou no mausoléu.

“Olha, eu não sei o que a sua tia Freya contou, mas eu garanto que é mentira…” Dahlia suspirou pesadamente certa de que o menino fingia estar tranquilo por causa de uma crença fantasiosa. “Você precisa de mim, assim como sua tia precisou, mas você é diferente dela, meu querido, seu sangue é corrompido pelo sangue vampiro, a agressividade dos lobos e o veneno da serpente… Dante, só eu posso te ajudar, somente eu posso te manter seguro. Seu poder vai crescer além do limite, meu pequeno Dante, você se tornará um perigo para si mesmo e para seus pais.” Dante engoliu seco com as palavras da bruxa.

“Você está falando isso para me convencer, mas eu já estou aqui, não é? Não precisa mentir.”

“Sabe, estou começando a pensar que você está usando essa sua vozinha de criança irritante para me distrair e ganhar tempo para que seus pais cheguem aqui…” Dahlia esfregou a orelha. “Esqueça, Klaus não vai conseguir me matar como fez com Esther.”

“Na verdade, eu gosto de conversar…” Falou inocente quase magoado. “E você está errada, Esther não está morta. Meu pai, Richard, transformou ela em vampira, prendeu ela em um caixão de chumbo bem estreito e concretou nas fundações da nossa casa. Eu vi nas memórias dele. Deve ser um destino bem triste.”

“Ela mereceu por ser uma tola… Porque não faz algo útil e acende as tochas.” Dahlia se concentrou em desenhar as runas para não pensar no sofrimento de Esther, apesar de acreditar que a irmã merece por tê-la abandonado.

“Meu Deus, que irresponsável, eu sou uma criança…” Dante apontou para si mesmo. “Não estou autorizado a brincar com fogo.” A bruxa revirou os olhos e acendeu as tochas assim que terminou os símbolos rúnicos. Ela segurou a mão de Dante e o guiou até o centro fechando o círculo de sal ao redor de ambos.

“Está na hora?”

“A lua crescente está no ápice. Repita comigo…” Ela falou e o menino olhou para cima. Dahlia segurou suas mãos e ambos fecharam os olhos. “Med dette seglet, cum soluta nobis sammen. Med dette seglet, cum soluta nobis sammen. Med dette seglet, cum soluta nobis sammen. Med dette seglet, cum soluta nobis sammen… Med dette seglet, cum soluta nobis sammen. Med dette seglet, cum soluta nobis sammen. Med dette seglet, cum soluta nobis sammen. Med dette seglet, cum soluta nobis sammen.” As chamas das tochas se elevaram e uma ventania sobrenatural começou a soprar. Dahlia e Dante repetiram até que os olhos de Dante se abriram revelando as escleras completamente vermelho brilhante.

Dahlia e Dante podiam sentir a magia fluir entre os corpos. Dante podia ver enquanto uma luz vermelha e sombria saiu dele atingindo Dahlia, como se estivessem presos um ao outro. Conectados.

“Ixquich huelitiliztli…” Dante sussurrou encarando os olhos de Dahlia, com seus olhos vermelhos assustadores, Dante segurou o pulso da bruxa. “Ixquich huelitiliztli…” Repetiu mais alto e uma onda dolorosa de magia invadiu o corpo de Dahlia.

Dahlia sentiu como se fosse atingida por uma descarga elétrica tão forte que a queimava por dentro, ela soltou um grito estrangulado quando o sangue começou a escorrer pelo nariz, olhos, boca, ouvidos. Sua mente foi sobrecarregada com imagens de um sol vermelho, de criaturas aterrorizantes, sentiu seus lábios e pele ressecarem e um calor febril. Caiu de joelhos quando Dante soltou sua mão.

Os olhos do menino mudaram de vermelho para reptilianos e as presas se alongaram, Dante a envolveu em seus braços curtos, mas firmes como o abraço de uma cobra e mordeu o pescoço da bruxa engolindo seu sangue, memórias, habilidades e conhecimento.

Dahlia ficou tão sobrecarregada com a magia xibalbana que não conseguiu reagir ao ataque. Dante a soltou satisfeito, mas também entorpecido com a quantidade de coisas que absorveu, o culebra nunca recebeu tanto de uma única vez. Dahlia era uma bruxa antiga e poderosa e Dante não a venceu, ele sabia, mas a enfraqueceu, bastava saber se seria por tempo suficiente.

“DANTE…” Ele ouviu a voz do seu irmão mais velho e sorriu antes de cair, Marcel o segurou impedindo que seu corpo batesse no chão. “Dante… hermanito…” Chamou. Rebekah se aproximou preocupada.

“O que aconteceu com ele, Marcel?” As mãos da vampira tateiaram seu rosto procurando sinais de ferimentos. “O que você fez com ele, sua bruxa dos infernos?” Rebekah se voltou para Dahlia tentando se recompor.

“Estou bem, tia Rebekah…” Dante garantiu sendo erguido no colo por Marcel. “Só estou cansado, Marcel, minha cabeça doi.”

“Você é muito pequeno para se meter nessas confusões, querido…” Rebekah o pegou de Marcel e beijando as bochechas. “E nem para ficar fazendo magias perigosas.”

“Eu sei.” Falou com as bochechas coradas. “Desculpa, tia Rebekah.”

“Sua sorte é que eu te amo demais para conseguir ficar brava com você.” A vampira falou. “Chambre de Chasse, hein? Esperto, mas seu pai está uma fera.”

“Tem que tirar ele daqui agora.” Marcel percebeu pelo canto de olho Dahlia se levantando, o vampiro imediatamente se colocou na frente da esposa e do seu irmão bebê.

“Não pode levar o que é meu!” Dahlia reúne suas forças e joga Marcel contra um túmulo. “Ele é meu!” Rebekah segurou Dante e usou seu corpo para protegê-lo em caso de ataque. O menino abriu a mão na direção da bruxa.

“Huiyōniā…” Recitou empurrando Dahlia para trás.

“Eu queria poder brincar com você…” Klaus surgiu na frente do trio junto com Elijah, Kol, Mikael e Finn. Ele segurou firme o punhal. “Eu gostaria de te fazer pagar por ter sequer pensado que poderia roubar meu filho, mas já passou da sua hora de dormir.”

“Você pode ter conseguido as cinzas de viking, a terra sagrada, mas você nunca vai conseguir o sangue da bruxa que eu mais amo…” Dahlia sorriu para Freya entrando no cemitério. “Nunca foi você!”

“É claro que não, mas nós temos um enorme estoque de sangue em casa…” Richard se colocou ao lado de Rebekah e Marcel, sabendo que apesar de Dante também ser seu filho, a vingança não estava em suas mãos. “Inclusive o sangue da bruxa que você mais ama… Esther.”

Mikael e Klaus deram um passo à frente e atacaram juntos, Dahlia fez um movimento com a mão e os lançou para longe dela, Klaus olhou para Mikael que entendeu e atacou primeiro como uma distração, mas a bruxa era esperta e conseguiu se esquivar do ataque se teleportando. Mesmo estando fraca por causa da perda de sangue e sobrecarga mágica, ela ergueu as mãos e lançou um feitiço de dor que atingiu todos os presentes.

“Ixquich huelitiliztli…” Dante sussurrou com os olhos vermelhos encarando a bruxa. “Ixquich huelitiliztli… Ixquich huelitiliztli…” Dahlia sentiu uma carga da magia de Dante invadir seu corpo junto com as imagens tenebrosas, cortando a própria magia, Klaus olhou entre o filho e Dahlia, o híbrido entendeu o que o menino estava fazendo e aproveitou a distração para atacar empurrando o punhal no coração da bruxa.

“É irônico, não? O poder que você ansiava te enfraquecer assim.” Murmurou olhando a bruxa nos olhos. “Adeus!” Soltou o corpo de Dahlia sem dispensar um segundo olhar correndo até seu filho tomando dos braços da irmã. “Você está bem? Ela machucou você?”

“Estou bem, papai, mas eu estou cansado e minha cabeça dói.” O menino falou com os olhos marejados.

“Por que sua cabeça dói? Como a cabeça dele dói?” Se virou para Richard.

“Dante, você bebeu o sangue da Dahlia?” O menino assentiu com a cabeça. “Muito?” Assentiu novamente. “Acho que é um efeito colateral, ele nunca recebeu tanta informação de um só vez. Vai passar logo com um pouco de descanso. Vamos pra casa.”

“Obrigado, Marcel.” Klaus abraçou o vampiro.

“Eu sempre vou estar aqui para ele.” Marcel tocou o cabelo de Dante. “Sou o irmão mais velho, não sou?”

“Com certeza, Marcellus.” Elijah sorriu agradecido.

“Seu pequeno filhotinho de satanás, nunca mais faça isso comigo.” Kol reclamou acariciando os cachinhos. “E você está de castigo.”

“Vai me deixar de castigo, tio Kol?”

“Eu? Claro que não, eu sou o tio legal…” Sorriu tocando o nariz arrebitado com o indicador e depois apontou para Richard. “Ele vai!”

“Eu vou? É, sim, você vai ficar de castigo e… até amanhã eu penso em alguma coisa.” Coçou a cabeça sem saber o que dizer, seu filho nunca precisou ficar de castigo antes.

Dante sorriu vendo Mikael abraçar Freya. Richard e Dante viram a alma de Dahlia olhando para eles, antes que ela pudesse tentar qualquer coisa correntes grossas surgiram em suas mãos e pés como grilhões, e a forma de uma mulher com o rosto de caveira coberto por um manto negro se projetou atrás dela e ambas desapareceram.

“Senora Negra.” Dante sorriu.

Roman correu na direção do grupo assim que a porta se abriu, Klaus colocou Dante no chão e o menino o abraçou aliviado.

“Você demorou demais.” Roman reclamou.

“Desculpe, ela era meio lerda para preparar o ritual.” Dante explicou enquanto os adultos balançaram a cabeça.

“Deve ser porque ela era velha, Dante.” Roman comentou.

"Acredita que ela queria que eu acendesse as tochas?" Dante contou indignado.

"Meu Deus, que mulher maluca, ela não sabe que você tem sete anos?" Roman balançou a cabeça.

“Certo, pirralhinhos, eu vou ajudar você a escovar os dentes…” Richard ergueu Roman no colo. “Enquanto Klaus ajuda o fugitivo a tomar banho.”

“Não somos mais bebezinhos.” Roman reclamou.

“Ahã, sei…” Klaus pegou Dante no colo.

Não demorou muito para que as crianças e alguns adultos estivessem dormindo. Ou foi o que Klaus pensava até encontrar o menino se esgueirando pelo corredor.

“Por acaso isso é chocolate?” Klaus estreitou os olhos ao pegar Dante no flagra. “Seu pai não te ajudou a escovar os dentinhos agora pouco?”

“Você vai contar pra ele?” O menino perguntou com carinha culpada.

“Eu vou ser seu cúmplice dessa vez.” Klaus levou Dante para o quarto, ajudou a trocar a camiseta e se sentou ao lado da cama.

“Papai…” Dante chamou enquanto Klaus puxava seu cobertor. “É verdade o que a Dahlia falou?”

“Eu não sei o que ela falou, meu pequeno lobinho, mas vindo daquela mulher, com certeza, não é.” Klaus garantiu ao perceber a preocupação.

“Ela disse que eu sou um perigo para você e o pai, que minha magia é ruim, é verdade, papai, eu vou machucar vocês?”

“Amor, ela só disse isso para te convencer a ficar com ela.” Klaus acariciou os cabelos do menino. “Você nunca faria algo assim.”

“Como você sabe?”

“Porque você é meu filho, meu lobinho, eu conheço você, Dante…” Klaus sorriu enquanto falava gentilmente. “Não existe magia boa ou ruim, a magia é o que você faz dela. Eu conheço seu coração melhor que qualquer um e você é um presente, o meu presente. Muitas pessoas vão dizer coisas ruins por você ser meu filho, ser filho dos seus pais, mas eu quero que saiba, que não importa o que Dahlia ou qualquer outra pessoa diga… Você, Dante Mikaelson Gecko, é a melhor parte de mim, é minha luz.” Dante sorriu para o pai. “Sabe, pequeno, você conseguiu fazer algo maravilhoso antes mesmo de nascer, algo que eu nunca consegui, você uniu a nossa família.”

“Mas, papai, colocar todos os caixões na mesma sala, não bem unir a família, né.”

“Você passa muito tempo com seu tio Kol. E colocar a família toda em um Chambre de Chasse, também não.” Tocou o nariz do menino.

“Você está muito bravo?” Se encolheu nas cobertas.

“Bravo? Nem tanto, mas eu fiquei apavorado de pensar em perder meu lobinho. Por que fez isso?”

“Eu ouvi vocês conversando, ouvi que o vovô Mikael iria se sacrificar e depois eu tive um sonho…” Começou a explicar. “Eu vi a Dahlia matar todos vocês. Eu fiquei com muito medo, papai.”

“Foi só um sonho, meu amor.” Beijou sua testa. “Não conte a seu pai, mas você foi muito inteligente.” Klaus não queria parecer tão orgulhoso de algo que seu filho aprontou, mas não podia evitar.

“Não vou contar…” Ergueu o dedo mindinho. “Promessa de dedinho.” Klaus sorriu enganchando o próprio dedo mindinho. “Pode me contar uma história?” Klaus se inclinou na cama.

“Era uma vez, um rei lobo que caminhava triste e solitário pela terra, até que um dia, ele recebeu de uma serpente tagarela, um presente, o presente mais precioso de todo o seu reino…” Sorriu para o menino. “Um principezinho lobo por quem o rei lobo travaria qualquer batalha e aos poucos muitos guerreiros foram se juntando ao rei lobo, atraídos pela luz do principezinho…” Klaus notou os olhinhos se fechando. “E o rei lobo nunca mais ficou sozinho e não importa quantos inimigos se ergam, o rei lobo sempre irá proteger o seu presente e sua família.” O híbrido beijou a testa de Dante que havia dormido. “Boa noite, meu lobinho.”

Klaus entrou no quarto com um sorriso de alívio nos lábios, Dahlia estava morta e seu filho estava temporariamente seguro. Richard saiu do banheiro apenas com uma toalha enrolada nos quadris.

“Então, o que o ratinho estava roendo desta vez? Bolo, torta, sorvete,...?” Richard perguntou secando o cabelo.

“Donuts recheados com chocolate…” Klaus riu. “Se você sabe por que nunca fala nada pra ele?”

“Porque você deu o mau costume para ele.” Klaus andou até Richard. “Se for para punir alguém, tem que ser o culpado. O que você acha, Lobito?”

“Oh, sim, concordo plenamente, o culpado…” Beijou levemente os lábios do marido. “Precisa ser devidamente punido.” Abriu a toalha da cintura de Richard revelando o corpo nú.

“Então você concorda que precisa ser punido?” Deu um selinho no pescoço de Klaus.

“Oh, sim, eu fui um lobo muito malvadinho.” Klaus deu um sorriso malicioso.

“Talvez você precise ser amarrado…” Passou o braço pela cintura do marido e distribuiu beijos pelo pescoço. “Ou talvez, você mereça umas palmadas…” Apertou a bunda do outro. “Bem aqui.”

“Talvez eu mereça…” Beijou a boca do marido, faminto. “Hummm…”

“Então…” Richard mordiscou o lóbulo da orelha do outro. “Ajoelha.” Sussurrou e foi prontamente atendido.

 

*Ixquich huelitiliztli - Todo o poder

*Huiyōniā - Mova

Notes:

*Ixquich huelitiliztli - Todo o poder

*Huiyōniā - Mova

Chapter 34: THE NEW NIGHTMARE

Summary:

Olá, espero que estejam bem. Esse era para ser o último capítulo da primeira parte de BLOODLINES, porém enquanto escrevia o capítulo um personagem surgiu sem minha permissão porque esse povo é exibido, então eu pensei: Esse casal é muito tranquilo e está faltando um pouco de drama. E voilà… Resolvi estender um pouco mais, não muito, mas o suficiente.

Chapter Text

Boa leitura!

“Olha só, parece que alguém ressuscitou.” Kol comentou entrando na sala vendo Seth servir um copo de whisky.

“Eu não sei o que o Dan fez naquela noite e sinceramente, não tô afim de saber, mas o Ares está dormindo todas as noites e eu também.” Seth respondeu, sua aparência estava bem melhor do que nas últimas semanas. “E isso é tudo que me importa.”

“É o filtro dos sonhos que eu coloquei no seu quarto, Dante usou um feitiço de proteção e tranquilidade que ele inventou, nada perigoso e nenhuma alma foi oferecida no processo.” Seth empurrou um copo de whisky para o vampiro.

“Engraçadinho.”

“Obrigado, eu também sou sexy e gostoso, mas você sabe disso, só não sabe aproveitar.” Kol deu de ombros. “Aqui, isso aqui é pra você.” Seth olhou desconfiado para a caixinha de couro preto.

“O que é isso?” Pegou o objeto e abriu revelando um anel masculino com um G gravado no centro e uma flor de lis nas laterais. “Eu não uso assessórios e não, eu não vou me casar com você.” Fechou a caixa.

“E quem falou que eu quero me casar com você, por mim você pode continuar com a sua namorada presidiária.” Kol respondeu. “E isso não é um acessório comum, é para proteger sua vida, qual é, pare de ser um pé no saco. Esse é o primeiro objeto mágico que o Dante fez e foi pra você. Custa você enfiar seu preconceito no rabo e fazer o menino feliz?” Seth suspirou e colocou o anel no dedo. Ele ergueu a mão olhando para o objeto.

“Eu não disse nada, Kol, pare de suposições. Eu fui criado para ser um ladrão de bancos, ladrões não usam acessórios… Mas não é tão ruim.”

“Acho que vai ser uma especialidade dele criar objetos mágicos.” Kol sorriu orgulhoso. “Ele é muito bom nisso.”

“E, não que seja da sua conta, mas eu não namoro a Vanessa, foi uma recaída que resultou no moleque.” Seth não sabia porque estava explicando.

“E eu jurando que você iria abandonar a vida de contravenção e formar uma família com a sua Courtney Love presidiária assim que ela sair da cadeia.” Kol zombou engolindo o whisky.

“Pare de chamar ela assim, Jesus, a culpa foi minha dela ter parado na cadeia em primeiro lugar. E ela saiu semana passada, bom comportamento.” Seth ergueu uma folha que Kol não tinha notado. “Ela pegou os quatro milhões em títulos que eu dei pra ela do roubo de Abilene e foi embora.”

“Espera, ela abandonou o Ares com você?”

“Aparentemente, ela…” Seth ergueu o papel e leu em voz alta. “Não está pronta pra ser mãe de um Gecko e…” Foi para outro parágrafo. “Alguns problemas psicológicos podem ser hereditários e ela não quer cuidar de uma criança com a cabeça ferrada como o Richard.”

“Que vadia sem coração, abandonou o filho e ainda ofendeu meu cunhado favorito. Não sou muito fã do Marcel.” O Original estreitou os olhos.

“Agora, eu não faço ideia do que fazer com uma criança, aliás eu não faço ideia do que estou fazendo.” Seth esfregou o rosto.

“Olha só, você vai se sair bem. O Richard é prova disso.”

“O Richard matou nosso pai.” Seth arqueou as sobrancelhas.

“Pra te proteger e ele é um bom pai pro Dante, sinal que seu trabalho não foi tão ruim.” Kol argumentou.

“Você se lembra que ele prendeu vocês em uma prisão mágica e foi enfrentar uma bruxa? E eu não acho que deixar o Dante fazer tudo que quer é ser bem criado.” Seth contestou.

“O que? Ele está de castigo por um mês.” Kol falou.

“E você deu um cachorro pra ele.” O Gecko revirou os olhos.

“Não, você e eu demos o cachorro pra ele. Lembra? A ideia foi sua e nós fomos juntos olhar os cachorrinhos fofos no mês passado porque ‘o Richard gostava de cachorro quando criança e você se sente culpado por ter matado ele’, lembra disso? Foi o filhote que você gostou, eu só fui buscar.” Kol contestou.

“É, mas…”

“Se essa é a questão, nós podemos dar um cachorro para o Ares também. E eu não dei um cachorro pro Dante, bichinhos não são presente, eu falei com ele antes de adotar, sabe, expliquei que era uma responsabilidade, que era um companheiro e não um brinquedo. Dante leva a sério suas responsabilidades.”

“Eu sei, um mini adulto. E não precisa dar um cachorro pra eu cuidar, não tenho tempo e o Ares, por enquanto, só mama, chora, dorme e caga.” Seth riu. “É melhor o cachorrinho encontrar uma família melhor.”

“Então, onde está o seu filho agora?”

“Com a nova babá, eu contratei uma para poder trabalhar.” Seth encheu mais dois copos de whisky e soltou um suspiro pesado. “Kol, me desculpa por ter… magoado você. Não foi intencional acredite, nós fizemos… hum, você sabe e eu nunca pensei em um homem desse jeito. Eu fiquei com medo, confuso e meti os pés pelas mãos.” Falou mais baixo que o habitual. “Eu fui criado por gente das antigas, sabe, gente bronca mesmo. Cara, o velho Ray me espancaria até desmaiar se soubesse que eu fiquei com um cara.” Kol se aproximou de Seth, o Original sabia que, apesar de aceitar o relacionamento de Richard e toda a natureza sobrenatural do nascimento do sobrinho, ainda estava enraizado dentro dele os preconceitos que assimilou durante a vida. “Eu não tenho nada contra você, só é difícil pra mim. Eu estou confuso e…”

“O que você sentiu? Seja sincero, Seth, o que você sentiu? Foi diferente? Foi ruim?” Kol encurralou Seth no balcão de bebidas, colocou uma mão de cada lado do móvel prendendo o homem dentro de seus braços de modo que não pudesse fugir da pergunta e o encarou.

“Não foi ruim, eu gostei e foi por isso que eu corri… Eu achei que não deveria ter gostado.” Seth Gecko podia sentir o constrangimento subir pela sua pele com a proximidade.

“Eu vou te perguntar novamente e essa…” Kol estava com o rosto tão próximo que Seth sentia o calor do hálito do vampiro, Kol tinha a mesma altura de Richard o que fazia sua boca entreaberta quase da altura dos olhos castanhos. “Será a última vez. Você me quer, Seth Gecko?”

“Eu…” Gaguejou.

“Seja sincero, se não me quer, eu nunca mais vou te incomodar.” Seth engoliu seco com medo de dizer em voz alta então, ao invés de responder, Seth beijou o vampiro que tirou a mão do balcão e levou até a cintura do outro.

“Finalmente, o drama acabou…” Klaus falou parado na porta interrompendo o casal. “Agora procurem um quarto, nada de transar na área comum.”

“Desde quando você é um empata foda, Nik? E se bem me lembro, você e seu marido estavam fodendo no balcão ontem a noite.” Kol acusou. “E eu que pensava que o Richard era baunilha.”

“Cala a boca, Kol.” Seth resmungou apertando os dentes quase escondido atrás do vampiro.

“Quer saber, você está certo… Vou aproveitar meu passe livre.” Kol jogou Seth nos ombros. “E vou demorar.”

“Me coloca no chão, seu filho da puta!” Seth gritou raivoso.

“No chão, não, sweetheart. Na cama.” Desapareceu escada a cima usando sua velocidade de vampiro.

“O que aconteceu?” Elijah entrou na sala.

“Kol finalmente vai tirar os oito anos de atraso…” Klaus serviu dois copos de whisky e deslizou um para Elijah. “Acho que vamos descobrir se aquele anel realmente funciona.”

“Não seja indecente, Niklaus.” Elijah falou com a voz risonha. “Onde está o seu marido, você não costuma afrouxar a coleira.”

“Ele está no escritório terminando de ler alguns relatórios… Sozinho.” Engoliu a bebida. “E eu não o mantenho na coleira, eu só cuido do que me pertence, Elijah, você sabe como ele consegue ser muito sonso e nunca percebe quando alguém está interessado em algo mais que uma pequena reunião.”

“Quem diria que o homem que subiu ao altar chutando e gritando iria se tornar tão possessivo com o homem que não queria.” Zombou o vampiro.

“Eu estava errado, eu admito…” Klaus olhou para o irmão através do espelho do bar. “Mas pra você, eu posso confessar. Acho que eu fui atraído por ele desde o começo.” Elijah observou o irmão.

“Não posso dizer que não notei… A implicância sempre vem com uma pitada de algo mais.” Elijah se lembrou das muitas horas que passou ouvindo Klaus reclamar das coisas mais insignificantes e enlouquecer cada vez que alguém se aproximava demais do culebra.

“Eu senti um puxão, uma atração…” Confessou. “Eu não notei no começo, achei que fosse apenas uma hostilidade por aquele idiota arrogante entrando na sala com um terno preto e espressão séria, uma aversão natural àquele com quem eu teria que dividir a coroa. Mas depois de um tempo pensando, acho que o motivo que me deixou mais irritado foi sua proximidade com aquela deusa cobra de araque. A maneira confiante como ela andava ao seu lado, como se estivesse me desafiando a tomá-lo, a maneira que ele a defendeu e acatou sua decisão. Depois, mesmo que a presença dele me irritasse, eu procurava estar no mesmo ambiente que ele.”

“O desejo incompreendido, eu entendo.”

“Não foi só isso, a verdade é que eu estava morrendo de medo…” Elijah encarou o rosto do irmão. “Se eu admitisse que estava interessado, isso poderia ser usado contra mim, eu não queria ser apunhalado pelas costas novamente.”

“E o que mudou?”

“Ele nunca me afastou, mesmo quando eu estava sendo uma pessoa horrível com ele, sei que parte disso é por causa do Dante…” Klaus apertou os lábios. “Mas quando eu achei que eu iria perdê-lo… Eu…”

“Eu não estou entendendo porque estamos falando do seu relacionamento tão repentinamente, irmão.” Elijah olhou desconfiado.

“Porque eu preciso desabafar, Elijah. Mesmo depois de sete anos, não consigo esquecer aquela sensação de perda iminente. Richard nunca me deu nenhum motivo sequer para essa minha possessividade e insegurança, mas eu ainda tenho medo de perder, de não ser suficiente.” Falou enchendo outro copo. “E eu fico tendo esses pensamentos obscuros e ridículos.”

“Pensamentos?”

“Dante está crescendo, em breve não precisará mais dos pais e cada vez que eu penso nisso o medo de ser abandonado cresce a um ponto em que eu fantasio em trancar o meu marido em uma torre.” Confessou.

“Vamos ser sinceros aqui, Niklaus, o que aconteceu de ontem para hoje? Você me pareceu bastante feliz ontem e hoje…”

“Eu tive um sonho…” Elijah enrugou a testa. “Sonhei com Lucien, lembra dele? Lucien Castle, sonhei que ele apareceu do nada e tirou Richard de mim. E foi tão vívido, tão real… A dor, Elijah, foi tão real. Quando eu acordei e olhei para seu rosto, eu pensei o quanto eu queria mantê-lo trancado para que ninguém pudesse roubá-lo.”

“Quer saber o que eu acho? Seu medo é justificado, Niklaus, por séculos acreditando que não merecia ser amado, mas eu duvido que Richard o abandonaria, muito menos por um fantasma do seu passado. Irmão, sua paranoia está evoluindo para outro patamar se um sonho bobo te trouxe tanta insegurança.” O Original pensou que era uma benção Klaus não ter nenhuma estaca que pudesse jogar o culebra em um caixão. “Richard te ama, prova disso é que ele acha bonitinho até quando você surta.” Garantiu.

“Você tem razão, isso só pode ser loucura da minha cabeça.” Klaus suspirou.

“Então, é verdade…” Klaus e Elijah olharam para trás e o pesadelo de Klaus estava materializado e entrando pela porta do complexo. “O grande Klaus Mikaelson está realmente morando no Texas e casado com um caipira…” Lucien falou e ambos os Originais se levantaram. “Eu estava na Espanha quando os ventos me trouxeram notícias de meu velho amigo.”

“O que está fazendo na minha casa? Como entrou aqui?” Klaus perguntou irritado e assustado, ao mesmo tempo, com a presença indesejada.

“Uau, alguns anos vivendo entre a escória o fizeram perder os bons modos? Não é assim que se cumprimenta o primeiro de sua linhagem, meu velho amigo.” Reclamou com indignação fingida.

“Os bons modos não são sua especialidade, velho amigo…” Cuspiu as últimas palavras. “Ou eu teria recebido um aviso antecipado de sua visita.”

“A que devemos a visita inesperada, Lucien?” Elijah não gostou nada da presença de Castle no Complexo, assim como nunca gostou do homem.

“Como eu disse, queria ver pessoalmente se o grande Klaus Mikaelson havia mesmo descido tanto. Não só isso, é claro, junto com a notícia de sua união, também soube de uma história perturbadora sobre você ter carregado uma criança.” Comentou com um sorriso malicioso.

“Você veio até minha casa para bisbilhotar e zombar da minha vida?” Klaus rosnou. “Ou devo entender essa visita como uma ameaça? Não esqueça, companheiro, eu ainda sou Klaus Mikaelson e não serei ameaçado por homens fracos.” Lucien ergueu as mãos.

“Eu jamais ameaçaria você, Nik. Somos amigos.”

“Não sabia que estávamos tendo visitas?” Richard entrou na sala e como sempre seu dom lhe mostrou o demônio por trás da máscara. Um brilho calculista surgiu nos olhos de Lucien.

“Este é Lucien, ele está apenas de passagem.” Klaus respondeu não gostando do interesse nos olhos do vampiro, se lembrando do sonho. Richard andou até eles e se colocou ao lado do híbrido.

“Ah, o que é isso, Nik…” Lucien se adiantou. “Este deve ser Richard Gecko, ouvi muito sobre você. Eu sou Lucien Castle, um grande amigo de Klaus. Já deve ter ouvido a meu respeito.” Ofereceu a mão.

“Não, eu não ouvi.” Richard passou direto por sua mão recusando tocá-lo e ajeitou os óculos.

“Que pena, eu sou de escorpião, gosto de vinho, flores, longas caminhadas na praia, a noite é claro…” Lucien sorriu olhando diretamente para Klaus. “E gosto de ouvir os gritos das vítimas enquanto as torturo.” Klaus rosnou e Richard estreitou os olhos e deu um passo à frente. “Hey, estou só brincando.” Richard chegou perto de Lucien, que era uns dez centímetros mais baixo, o encarou e abaixou um pouco o rosto perto do seu pescoço.

“Brinque com ele de novo e eu vou brincar com você…” Sussurrou entre os dentes. “E você só vai entender o real significado da palavra brincar quando eu tiver terminado.” Lucien deu um passo para trás com um sorriso falso.

“É melhor você ir embora, Lucien.” Elijah falou, ríspido.

“Não vamos levar isso para um outro lado amigo… Me desculpe, Nik…” Retirou um cartão do bolso. “Eu estou aqui para fazer uma visita, mas também, estou interessado em fazer uma parceria de negócios e eu garanto que será bastante vantajosa.” Richard segurou o cartão onde se lia: Kingmaker Land Development Inc.. “Passei várias vidas construindo uma empresa dedicada a quebrar os limites do que é possível. Eu tenho algumas das mentes mais brilhantes do mundo desenvolvendo tecnologias que vocês não poderiam imaginar. Tenho certeza que ficará interessado.”

“Se quiser fazer negócios conosco, marque um horário e vá ao meu escritório, nunca mais apareça na nossa casa sem ser convidado. Eu não sei como fazem as coisas no seu mundo, mas aqui no Texas, nós, caipiras, seguimos algumas regras.” Richard respondeu não gostando da tensão de seu marido.

“Claro, Richie, posso te chamar de Richie? Eu vou marcar um horário para tratarmos de negócios…” Tocou a testa como uma despedida reverente. “Foi um enorme prazer conhecê-lo, Richie. Até breve, Nik, mal posso esperar para conhecer o seu filho.” Klaus agarrou o vampiro pela garganta e prensou contra a parede.

“Não pense, nem por um instante, que eu não vou arrancar seu coração e comer se eu desconfiar de suas intenções, Lucien…” Apertou mais e baixou a voz. “E eu quero você longe do meu filho e do meu marido!” Rosnou e soltou Lucien, o vampiro saiu rápido e Richard se virou para Klaus.

“Você está bem, lobito?” Richard segurou seus ombros. “Elijah, avise Freya que precisamos de reforço nos feitiços de fronteira.”

“Eu nunca pensei que veria Lucien novamente.” Klaus suspirou. “Foi o primeiro vampiro que eu criei.”

“Acho que foi o primeiro problema que você criou, isso sim.” Richard beijou sua testa. “Vou falar com Enrique sobre esse cara e pedir pra descobrir tudo sobre essa empresa, não acho que essa visita tenha sido uma cortesia, volto logo.” O culebra saiu.

“E agora, Elijah? E se meu pesadelo se tornar realidade?” Apertou seus lábios com medo.

“Isso não vai acontecer, irmão.” Elijah apertou os ombros de Klaus. “Tenho certeza que não. Mas temos que nos manter em alerta, tenho um mau pressentimento sobre essa aparição.”

Chapter 35: SOME DEVIL

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Boa leitura!

“Bom, parece que o velho amigo do Nik está bastante interessado em firmar residência na nossa cidade…” Kol falou se sentando na frente do irmão. “Ele comprou uma cobertura no centro.”

“Então, não é apenas uma visita como ele alegou.” Elijah esfregou os dedos, pensativo. “Mais alguma coisa?”

“Nada ainda, afinal o cara acabou de se mudar. O que está acontecendo, Elijah, por que esse interesse repentino nesse cara?” Kol perguntou desconfiado. “Devo me preocupar?”

“Ainda não sei, Kol, Niklaus teve um sonho com Lucien e de repente, ele apareceu na nossa porta…” Elijah contou. “Isso é muito estranho, Kol. Eu temo que o sonho poderia ser um presságio, considerando a união com sangue da Serpente da visão.”

“Devemos inventar uma nova virose para o Dante?” Dante era sempre o primeiro pensamento de Kol quando surgia qualquer possibilidade de perigo.

“Não acho que devemos nos precipitar, considerando nosso histórico, não podemos tirar o menino da escola a cada ameaça.” Elijah respondeu.

“Realmente, pensando por esse ângulo, Dante se tornaria analfabeto.” Comentou. “O que fazemos então?”

“Leve Freya com você quando for levar e buscar Dante. Vamos manter isso entre nós, por enquanto, pelo menos até termos mais informações. Niklaus pode querer confrontar Lucien e algo me diz que não é uma boa ideia.” Elijah bebeu o whisky do copo.

“Sobre o que foi o sonho do Nik?”

“Sonhou que Lucien lhe tirava Richard…” Elijah revelou. “E considerando o grau enfadonho de ciúmes de nosso irmão, só o sonho já é motivo para uma guerra.”

“Isso é preocupante, não sei como o nosso cunhado conseguiu sair de casa depois disso.” Kol riu. “Acho que é porque Klaus está ocupado com Dante, ele irá levá-lo à escola hoje.”

“Espero que ele não esteja tentando convencer nosso sobrinho a fazer um punhal mágico para prender o pai em caixão.” Elijah balançou a cabeça.

“Dante nos prendeu em um Chambre de Chasse, não seria muito difícil convencer ele a fazer isso.”

Richard estava no estacionamento do Jacknife Jed’s conferindo as mercadorias que haviam acabado de chegar, ele e Seth sempre gostaram de cuidar de tudo pessoalmente. O culebra ergueu os olhos cada vez que seu irmão soltava algum gemido ou mudava a posição que estava encostado.

“Por que você não senta e para de me desconcentrar?” Reclamou e Seth olhou para o banco.

“Não, estou bem assim.” Respondeu contando os produtos.

“Você não tem cura sobrenatural, Seth, deveria ter deixado Kol curar você.” Richard comentou sem olhar para o outro.

“Não sei do que você está falando, eu só dormi de mau jeito.” Se defendeu constrangido.

“Aham, quando terminar aqui eu posso dar uma olhada nisso.” O culebra falou fazendo sinal para os funcionários humanos recolherem as mercadorias e andou para outro caminhão.

“Eu não vou mostrar minha bunda pra você!” Seth encarou o irmão.

“E eu não quero ver, mas agora que você admitiu, compre uma pomada na farmácia e peça para o Kol passar ou deixe que ele cure você antes de deixar ele te foder de novo. Seu rabo deve estar em carne viva.” Richard falou e Seth arregalou os olhos.

“Cala a boca, Richie… Não fale da minha intimidade pra todo mundo ouvir.” O repreendeu.

“Que intimidade? Você gemeu tão alto que é uma benção a Freya ter colocado um feitiço de silêncio no quarto do Dante.” O culebra continuou a falar.

“Eu vou matar o Kol.”

“Não fique chateado com o Kol, deve ser difícil pra ele controlar a força e a velocidade pra não te partir ao meio.” Seth queria muito matar o seu irmão naquele momento. “Klaus é muito pior, acredite, uma vez ele quebrou…”

“Cala a boca, eu não quero saber. Vamos mudar de assunto.” Seth interferiu. “Minha casa está quase pronta, sabia?”

“Tem certeza que quer se mudar do complexo? Agora que você e o Kol se acertaram, pensei que tinha desistido.” Richard esfregou a nuca, incomodado e olhou para trás procurando alguma coisa, mas não havia nada.

“Eu quero que o Ares tenha uma vida normal, tem muitas crianças na vizinhança, Richard, é um lugar tranquilo, cheio de famílias e seguro, as crianças até brincam na rua. É por isso que eu vou me mudar.” Richard balançou a cabeça.

“Sabe que vai ter que morder a fronha pra não gritar quando Kol te visitar…”

“Cala a boca, Jesus, você nunca vai me deixar em paz sobre isso?” Seth reclamou e Richard olhou para trás novamente.

“De jeito nenhum. Você gostou do anel?” Richard olhou para a mão do irmão. “Nunca tire ou deixe alguém tirar do seu dedo.”

“Ah, sim, o que isso faz afinal?” Seth olhou para o objeto.

“Protege sua vida humana, Dante adaptou um feitiço Bennett do anel Gilbert. Se alguém te matar você volta.” Explicou.

“Volto como? Eu não vou me transformar em nada, não é?”

“Não, Seth, você só não vai ficar morto, só isso.” Richard voltou a fazer uma varredura ao redor. “Olha só, será que você pode me fazer um favor?”

“Desde que isso não inclua sentar ou fazer movimentos bruscos, acho que não tem um músculo do meu corpo que não esteja dolorido.” Suspirou massageando os braços.

“Espere um pouco mais para fazer a mudança, fique no complexo.” Richard pediu ainda procurando a fonte se seu calafrio.

“Por que? A reforma está quase pronta, vou mandar instalar os alarmes e as câmeras na semana que vem, até o início do próximo mês estaremos prontos para a mudança.” Seth se mostrou incomodado com a inquietação do irmão. “O que você está procurando?”

“Tenho a sensação de que estamos sendo observados, mas não consigo encontrar a fonte.” Seth olhou para o mesmo lugar onde o irmão olhava e não viu ninguém além de seus próprios funcionários.

“Eu não vejo ninguém.”

“Isso que me preocupa… Pense no que eu te pedi, vamos terminar logo isso e ir para dentro.” Richard olhou uma última vez. “Mexa essa bunda esfolada.”

“Cala a boca, santo Deus.” O culebra riu do irmão.

Lucien olhava fixamente para o marido de seu rival, mudando sua localização sempre que era percebido. Muitas ideias passaram por sua cabeça enquanto observava a dupla trabalhar, o vampiro não se conformava com o fato de Klaus ter conseguido tudo que desejava mesmo em uma situação que deveria ser de infelicidade como um casamento imposto. Klaus não merecia ser feliz.

O vampiro entrou na cobertura indo direto para o bar e enchendo o copo de whisky. Fechou os olhos para saborear o líquido e pensar nos seus próximos passos.

“Você demorou.” A mulher que estava sentada próxima a janela comentou.

“Eu estava conhecendo meu novo lar.” Seus olhos caíram no jogo de cartas de tarô espalhados na mesa. “Sentiu minha falta?”

“Você deveria parar com as brincadeiras e fazer o que deveria, Lucien.” A bruxa falou irritada.

“Não seja tão amargurada, Cristina, porque não sai um pouco para aliviar o estresse. Vá ao cinema, teatro, Aquário, sei lá.”

“Os ancestrais tornaram você mais forte que os Originais e você só tem uma missão, Lucien, destruí-los…” A bruxa o encarou. “Você deveria ter apenas matado o híbrido quando teve a chance.”

“Uma mordida e eles morreriam em paz, depois de Klaus ter tido uma vida feliz, com sua família unida, sendo amado? Não, Cristina, isso seria bom demais para ele e injusto pra mim.” Lucien encarou a bruxa que se levantou.

“Você e os ancestrais tem um acordo, Lucien.”

“Que eu vou cumprir… da minha maneira e não da sua.” O vampiro andou até a mesa do escritório cheia de fotos espalhadas. “Antes eu vou tirar tudo dele, primeiro o marido, depois o pai, os irmãos e por último o filho.”

“E você acha que isso tudo será igual a roubar doce de criança? Acha que Klaus vai se sentar e esperar você fazer seus joguinhos? Sua arrogância e seu ódio cego vão derrubar você, Lucien. Corte o mal pela raiz e mate os Mikaelsons.”

“Meu ódio não é cego, bruxa, meu ódio é justificado, você não acha? E minha vingança tem que ser proporcional ao crime. Ele me tirou Aurora, eu vou lhe tirar o Richard.” Lucien falou como se fosse simples.

“Aurora nunca te amou, Richard ama Klaus, não tem nada de proporcional aí.” Cristina se aproximou do vampiro. “A única maneira de você roubar o marido dele é matando porque aquele homem nunca vai se apaixonar por você.”

“É aí que você entra, minha querida, mesmo um culebra tão poderoso como um Lorde é suscetível a influência de magia.” Sorriu para a mulher.

“Você está sugerindo o que eu penso que está?” A mulher arregalou os olhos.

“Me diga o que precisa, quero o mais poderoso feitiço que você tem na manga.” Lucien pegou uma das fotos e a encarou. “Faça sua lista, Cristina.”

“Um feitiço de amarração dessa proporção é uma maldição, Lucien. O feitiço não vai apenas amarrar ele a você, vai amarrar você a ele até na morte.” A mulher falou assustada.

“Melhor ainda, nem morto Klaus vai conseguir ficar com ele.” Deu de ombros. “Sabe, Cristina, houve um tempo em que eu via os Originais como deuses, mas agora, o deus sou eu.”

“Você precisa repensar seu plano…” A bruxa tentou dissuadir o vampiro. “Uma magia nessa proporção exige sacrifício e pode se voltar contra você. Seja racional, Lucien, você tem a ajuda dos ancestrais, magia negra traz carma ruim!” Lucien rosnou e segurou o rosto de Cristina com força.

“Eu também posso te dar um carma ruim, muito maior do que você pode imaginar, minha querida.” O vampiro mostra sua face bestial. “Agora me diga o que você precisa e eu garanto que o único que terá um carma ruim será o Klaus quando o marido dele estiver na minha cama.” A soltou.

“Dante…” Roman chamou assim que seus pés tocaram o chão. “Por que estamos fugindo da escola mesmo?”

“Eu preciso ir em um lugar.” O garoto respondeu pegando a mochila do chão e batendo a poeira.

“Esse lugar tem nome porque eu posso levar uma advertência.” Roman pegou sua mochila.

“Vou ver um joalheiro, preciso aprender a fazer joias e não apenas encantar…” Dante jogou a franja bagunçada para trás sujando o cabelo. “E você não vai levar advertência, é só hipnotizar a professora.”

“Quando você diz aprender, você quer dizer beber o sangue do infeliz?” Roman balançou a cabeça esfregando o joelho ralado. “Me fala de novo porque somos amigos?”

“A responsabilidade é toda sua, companheiro, eu estava comendo meu lanchinho, você que não resistiu a minha fofura.” Dante mordeu o polegar e esfregou o sangue no machucado do amigo, que se curou, sorriu passando o braço ao redor dos ombros do amigo. “E você adora isso.”

“Poderíamos ter esperado o Kol, agora teremos que andar a pé só porque você arrumou um novo hobbie.” Roman choramingou.

“Eu preciso fazer um objeto de proteção urgente.” O menino falou segurando a mão do amigo e puxando consigo. “Eu tive um sonho ruim, morceguinho, preciso proteger meu pai antes que seja tarde.”

“Proteger de que, seu pai é o Lorde dos Culebras e o seu papai é o grande Klaus Mikaelson?” Roman deu de ombros.

“Eu ainda não sei, mas se eu não proteger meu pai vou perder ele...” Dante encarou os grandes olhos de Roman. “Para sempre!”

Chapter 36: SOME KIND OF MONSTER

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Dante e Roman pararam de correr assim que chegaram perto dos portões da escola, Roman apoiou as mãos nos joelhos puxando o ar dolorosamente. Infelizmente para a dupla, seria Klaus que iria buscá-los naquele dia e não Kol como sempre, então tiveram que correr para chegar antes do híbrido.

“Porque tinha que achar um joalheiro tão longe?” Roman reclamou.

“Porque era o único que sabia manusear obsidiana, está no folheto… Olha!” Dante tirou o papel dobrado do bolso e mostrou. “Papai não chegou ainda, agora é só esperar o portão abrir e a gente se mistura com as outras crianças.”

“Espero que tenha sorvete na sua casa porque é o mínimo que eu mereço depois dessa experiência de quase morte.” Roman fez um bico.

“Que é isso, não seja dramático, morceguinho, nós vamos enterrar muitos corpos juntos ainda.” Dante tocou o rosto do amigo e uniu as testas da mesma forma que os Gecko faziam. “De criminosos, é claro.” Ambos se separam quando alguém se aproximou.

“Você se parece com seu pai.” O desconhecido comentou com um sorriso amigável.

“Isso pode ser entendido de muitas formas, senhor, e a maioria não costuma ser por uma coisa boa.” Dante imediatamente segurou a mão de Roman puxando um pouco para trás dele.

“A gente não vai ter que correr de novo, não é?” Roman cochichou escondendo a boca com a mão. “Eu não sei se eu vou dar conta.” O homem riu.

“E você deve ser Roman Godfrey…” O desconhecido falou. “Eu não sou uma ameaça, jovens, eu me chamo Lucien e sou um grande amigo do seu pai, Dante. Eu ouvi vocês falando de sorvete, posso levar vocês na sorveteria aqui perto.”

“Cara, nós temos sete anos, não somos estúpidos.” Os dois meninos entortaram a cabeça para o lado. “E papai nunca falou de você.” Lucien sorriu.

“Se você está rondando a escola para sequestrar crianças, tenho uma má notícia para você, amigo. Escola errada, crianças erradas.” Roman soltou a mão de Dante e cruzou os braços.

“Vocês dois não negam as origens. Deixe eu me apresentar então…” Lucien ofereceu a mão para o menino. “Eu sou Lucien Castle, primeiro vampiro da linhagem de seu pai.” Dante olhou para a mão oferecida. “Eu juro que sou um amigo.”

“Dante Mikaelson Gecko.” O menino segurou a mão oferecida recebendo flashes de memórias de Lucien. “E meu pai não tem amigos, não fora da família.” Recolheu a mão de volta.

“Lucien.” Klaus entrou na frente do vampiro se colocando entre eles, segurou a mão do outro e o encarou. Custou cada nervo de seu corpo, conter o desejo de arrancar a cabeça do outro na frente das crianças e pais que aguardavam os filhos. “Eu não sabia que tinha filhos estudando aqui.” Apertou a mão de Lucien.

“Não, Nik, o único ser capaz do milagre de um vampiro gerar um filho é você.” Devolveu o aperto e os dois se encararam como se faíscas saíssem dos olhos.

“Então, eu tomaria cuidado se fosse você, se as boas senhoras do clube de mães descobrem que tem um estranho rondando a escola de seus filhos…”

“E oferecendo sorvete.” Roman ressaltou e Klaus balançou a cabeça.

“E oferecendo sorvete, você estará em apuros. A maioria das crianças aqui são latinas e essas mães levam muito a sério a educação e a segurança de seus filhos.” Klaus acenou para um grupo de mulheres esperando seus filhos. “Vou confessar que até eu tenho medo delas.”

“Na verdade, eu só estava passando por aqui quando vi seu filho e seu amiguinho fora dos portões e fiquei preocupado com sua segurança.” Lucien comentou.

“Dedo duro.” Dante e Roman resmungaram.

“Obrigado pela preocupação. Você já pode ir embora agora e fique longe dessa escola…” Klaus ajeitou a gola da jaqueta de Lucien. “Para sua segurança.” Klaus deu um abraço em Lucien e cochichou perto de seu ouvido. “Fique longe das minhas crianças.”

“Claro, velho amigo…” Lucien sorriu calculista. “Foi um prazer conhecê-lo, Dante. Mande um beijo para seu pai.”

“Pendejo de mierda.” Dante murmurou e Roman riu. Lucien saiu se virando para acenar.

“Agora, vocês dois… Dante, olha o linguajar.” O híbrido colocou as mãos na cintura. “O que estão fazendo fora da escola?”

“Eu estava com dor de garganta, mas a professora não nos deixou sair, então nós fugimos pra ir na farmácia comprar remédio.” Roman respondeu rápido.

“Sério? E onde está o remédio?” Klaus encarou os meninos.

“Papai, nós temos sete, ninguém vai vender remédio pra nós.” Dante colocou as mãos na cintura exatamente como o pai. Klaus pegou as mãos de ambos para atravessar a rua até o carro.

“Estou decepcionado, eu esperava que a minha duplinha de delinquentes mentisse melhor…” Os dois entraram no banco de trás e o híbrido ajeitou os cintos. “Upir não fica doente, se ficasse, Dante teria te curado e mesmo que houvesse qualquer possibilidade disso acontecer, vocês teriam hipnotizado qualquer um a fazer o que quiserem.” Klaus falou dando partida no carro.

“Desculpa, tio Klaus, mas tivemos pouco tempo para inventar uma mentira.” Roman deu de ombros.

“E eu posso saber por que os dois gremlins precisam mentir para mim?” Klaus perguntou tentando disfarçar a irritação e o medo depois de ter visto Lucien perto de seu filho.

“Eu obriguei Roman a ir comigo até um joalheiro porque eu queria aprender a fazer joias.” Dante suspirou.

“Você não obrigou o Roman, ele é seu parceiro de crime.” Klaus olhou para os dois através do retrovisor. “Olha, amor, eu sei o quanto você se empolga quando descobre uma nova paixão e eu sou o primeiro a te apoiar, mas não quero mais que saia por aí sem um de nós. E Roman ainda não tem a mesma resistência que você, ele pode se machucar.”

“É por causa daquele homem, não é?” Dante mordeu o lábio e ergueu uma sobrancelha. “O que ele é?”

“Um vampiro, lobinho, o primeiro vampiro que eu criei.” Klaus suspirou arrependido de sua criação.

“Vampiro?” Dante perguntou pensativo. “Não foi isso que eu vi quando segurei a mão dele.”

“O que você viu, amor?” Klaus se sentiu preocupado.

“Uma besta faminta, vi veneno escorrendo das suas presas e pude sentir magia ancestral.” Dante contou. “Aquele homem é um monstro, papai.” Klaus sentiu um calafrio ao ouvir a frase.

“Roman, acho que você vai ter que ficar em casa por alguns dias, tudo bem?” Klaus perguntou.

“Tudo bem, minha casa é um tédio mesmo, eu até gosto de vocês terem tantos problemas.” Klaus riu.

Assim que chegaram em casa, Dante e Roman foram para a cozinha em busca do prometido sorvete. Klaus começou a procurar por sua família, mas nenhum deles estava, o que o deixou ainda mais nervoso.

“Onde estão todos dessa casa?” perguntou para um dos seguranças.

“O Lorde foi ao bar resolver alguns problemas, senhor, a senhorita Freya e o senhor Kol não disseram…” O homem respondeu tenso, o híbrido sempre o deixava tenso. “O senhor Elijah foi investigar uma informação que recebeu sobre alguns assassinatos suspeitos de humanos na região.”

“E o que tem de interessante nesses assassinatos para fazer Elijah investigar?”

“O senhor Elijah acredita que estão ligados a uma série de desaparecimentos de sobrenaturais…” Klaus franziu o cenho. “A maioria lobisomens pelo estado.”

“Me avise assim que ele chegar.” Klaus apertou os lábios irritado, ele não poderia sair da casa deixando as crianças sozinhas e para aumentar sua raiva e desespero, já havia começado a anoitecer e Richard não estava atendendo o telefone.

Lucien estava se preparando para um passeio noturno quando a campainha tocou. Soltou um suspiro irritado e soltou o buquê de flores sobre a mesa. Abriu a porta se deparando com Elijah.

“Elijah Mikaelson, mas que prazer.” Lucien o cumprimentou com um tom zombeteiro.

“Peço desculpas pela hora inoportuna, vejo que tinha compromisso.”

“Tudo bem, era uma surpresa, então não tinha um horário marcado, além disso, sinto falta dos tempos em que os negócios dos vampiros eram tratados a noite. Perdemos todo o mistério, não acha?” Elijah deu um passo à frente, mas não foi capaz de entrar. “É um feitiço de barreira, nenhum vampiro de linhagem diferente pode atravessar.” Lucien sorriu e abriu espaço. “Mas vou abrir uma exceção para um velho amigo. Quer uma bebida?”

“Essa não é uma visita de cortesia, Lucien…” Elijah entrou e se apoiou no encosto da cadeira e encarou o vampiro que se sentou.

“Que pena, pensei que estava com saudades.”

“Sabe, Lucien, apesar de ser um bando de fracos e bárbaros, eu admito que os subordinados de meu cunhado são bastante competentes.”

“Você veio aqui para me recomendar alguns funcionários?”

“Eu pedi que fizessem uma pequena investigação para mim e o que eles me trouxeram foram muitas informações interessantes… Algum depravado anda matando humanos inocentes no nosso território.” Elijah pega o celular e mostra uma fotografia de uma mulher morta com a boca cortada no formato de um sorriso. “Reconhece?”

“Sim, eu assisti O cavaleiro das trevas… E desde quando você se importa com humanos, Elijah? Aliás, desde quando você se importa com alguém que não faça parte da sua família? Até onde me lembro você desistiu da imortalidade por uma única missão, a redenção do Nik.” Zombou.

“Eu também soube que alguns sobrenaturais estão desaparecendo e imagine a minha surpresa quando descobri que a empresa responsável pertencia a ninguém menos que… Você.”

“Está preocupado com cães vira-lata agora?”

“Meu irmão e meu sobrinho são parte lobo, caso não esteja se lembrando, mas a grande questão é que assassinatos perto de casa atrai atenção indesejada. Sem mencionar que a alcateia da fronteira de El Paso são nossos aliados.” Elijah esfregou os dedos.

“Aliados dos lobos, você? Por falar nisso, eu conheci seu sobrinho, aquele menino selvagem, Dante, não é? Eu poderia dizer que esperava mais de um sobrinho seu, mas sejamos sinceros, não dá para se esperar muito de uma criança do Nik…” Lucien sorriu provocador. “Uma criança desbocada e desleixada.” Elijah estreitou os olhos. “Não tem barbeiros no Texas? Um corte de cabelo não faria mal.”

“Dobre a língua para falar do meu sobrinho, ele é sempre muito gentil e educado, mas não é culpa dele se você consegue despertar o desprezo na mais angelical das criaturas.” Elijah deu um passo à frente.

“Gentil e educado? Aquela criatura precisa ser domesticada, assim como o pai. Ele me chamou de ‘pendejo de mierda’, eu sei lá o que isso significa…” O vampiro debochou. “Mas isso ainda não é problema meu. Aceita uma bebida?” Lucien serviu um copo de whisky.

“Me poupe da sua camaradagem. Me diga, Lucien, por que você precisa de uma barreira de limite contra outras linhagens. A minha linhagem?” Elijah estava curioso, era sempre bom ter informações sobre um potencial inimigo e talvez, potenciais aliados. “O Lorde Tristan De Martel está aprontando de novo?”

“Ah, parece que ele deseja matar o Klaus e assim destruir toda a sua linhagem. E você sabe como o Lorde De Martel pode ser cruel, imagine o que ele fará se colocar as mãos no seu querido sobrinho.” Lucien escondeu o sorriso atrás do copo de bebida.

“E você está aqui para nos salvar? Eu quero que vá embora, Lucien, nós não precisamos dos problemas que você traz e menos ainda da sua proteção.” Elijah tira o copo da mão de Lucien e o encara. “A estaca foi destruída, nós não podemos ser mortos.”

“Você está errado, Elijah, a escuridão que ronda a sua família está muito mais densa do que você imagina. A morte está mais próxima do que os Mikaelson estão percebendo. Você não é imune a morte, Elijah.”

“É uma ameaça que eu percebo no seu tom?” Elijah estreitou os olhos. “Você está esquecendo o lugar que você ocupa na hierarquia?”

“Todo predador também é a presa de alguém, Elijah.” Lucien se levantou. “O Lorde Tristan descobriu o dele poucos meses atrás, pobrezinho, você precisava ver como sua morte foi dolorosa.” Lucien mostrou seu rosto bestial.

“O que você está dizendo…” Elijah atacou Lucien que se desviou e o acertou com um soco. “Como…?”

“O que acha, Elijah? Esse poder combina comigo?” O Original o atacou novamente. “Estou começando a me cansar de vocês me ameaçando, me desrespeitando.” Lucien deteve o soco de Elijah e chutou seu estômago. “Eu estava pensando: qual de vocês iria morrer primeiro? Você, o Kol, Finn, Rebekah, Freya ou Mikael? Klaus será o último, é claro.” Lucien segurou o ataque de Elijah e mordeu seu pescoço antes que o Original pudesse reagir, o vampiro sentiu a mordida queimar, ainda mais dolorosa que a mordida de um lobisomem ou até mesmo a mordida de Klaus. Seu corpo inteiro estremeceu, o Original puxou a gola da camisa respirando com dificuldade.

“De um recado ao Nik por mim…” Lucien sorriu com os dentes sangrentos. “Sua morte é só o começo.” Lucien ergueu Elijah pela lapela e o arrastou para fora.

“Richard, eu sei que a tecnologia do telefone não é uma novidade para você…” Richard sorriu ao ouvir a mensagem do marido. “Quando você vê meu nome no display, atenda por favor. Venha para casa, de onde você nem deveria ter saído. Imediatamente.” O culebra estava em reunião e não pode atendê-lo, mas decidiu ligar e avisar que estava voltando para a casa. Foi interrompido por uma batida na porta.

“Lorde Mikaelson…” Richard se virou para a mulher. “Tem alguém aqui para vê-lo.”

“Diga que volte outra hora, preciso ir para casa.” Quando a mulher se virou para informar o visitante da recusa, o homem passou por ela entrando no escritório.

“Olá, amor.” Lucien estava parado no meio do escritório segurando um buquê de flores com um sorriso malicioso.

Chapter 37: THE UNHOLY SPELL

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“Para que isso?” Richard segurou o buquê e olhou entre as flores e Lucien.

“Ouvi que homens também podem ser cortejados com flores.” Sorriu, Richard deu alguns passos na direção do sofá.

“Espero que você não esteja pagando por essas dicas inúteis…” Soltou o buquê na lata de lixo e ajeitou os óculos. “O que está fazendo aqui? Pensei ter dito para marcar um horário se quisesse uma reunião, de preferência em horário comercial, eu tenho família.”

“Amor, assim você magoa meus sentimentos. Eu quis fazer uma surpresa.” Lucien falou em tom divertido, mas seus olhos mostravam sua insatisfação. “Pensei que ficaria feliz em me ver.”

“O que prova que seu cérebro não deve ser muito funcional… Nunca me chame de amor, eu não sou seu amor, apenas meu marido tem esse direito. Eu exijo que tenha respeito.” O culebra informou sério, Lucien ergueu as mãos em rendição.

“Acho que escolhi um dia ruim para vir, aconteceu alguma coisa que te deixou chateado, Richie? Algo em que eu possa ajudar?” Richard odiou aquela presença e a intimidade forçada que o outro impunha.

“A cada minuto que eu fico olhando para você parado no meio da minha sala como uma escultura de Emil Melmoth sem dizer a que veio, e com certeza não tem nada a ver com cortejos e flores mortas, é um minuto a menos que eu passo com minha família, com meu filho.” Richard respondeu com a voz dura.

“Ah, sim, seu filho… Eu o conheci, sendo sincero, ele é um pouco selvagem, você deveria ter um pouco mais de influência na educação do garoto, a cada dia se parece mais com Klaus.” Lucien provocou.

“Isso deve ser horrível para você, não é? Dante tem sete anos e é naturalmente como Klaus, enquanto você tenta, há… o que? Mil anos? E não consegue.” Respondeu. “Agora, diga o que você quer e vá embora.”

“Você é tão rude, acho que ele pode ter um pouco de você também, mas isso vai mudar em breve e eu mal posso esperar para ver.” O vampiro sorriu e Richard não gostou. “Sabe, Richie, eu tenho uma bruxa…”

“Eu também tenho, se chama Freya Mikaelson. Seja direto…” Richard se sentou na cadeira atrás da mesa.

“Minha bruxa é muito boa, ela vai fazer um feitiço grande e precisa de um ingrediente especial que eu só posso conseguir com você.” O culebra estreitou os olhos não gostando da maneira como Lucien o encarou. “Sanguis Cordis Tui…” Lucien sorriu e Richard puxou a arma apontando para o peito do vampiro.

“Sangue do meu coração? O único coração que vai sangrar aqui será o seu.” Lucien abriu os braços e gargalhou enquanto as balas atravessaram seu peito. O culebra soltou a arma, deu a volta na mesa, observando o sorriso arrogante no rosto do vampiro.

“Sabe o que todas as pessoas como você, arrogantes e exibicionistas, têm em comum? Confiam demais no próprio poder, gostam de fazer shows e sempre caem…” Lucien sentiu uma dor lancinante em toda a caixa torácica e caiu de joelhos. Richard se aproximou chutando o rosto do vampiro surpreso, que caiu segurando o peito. “Eu não sou um bruxo como minha cunhada e filho, mas eu tenho uma quantidade devastadora de conhecimento adquirido, bem aqui…” Apontou para própria cabeça. “Inclusive de Esther Mikaelson.”

“Que… O que você… você é louco?”

“Muito… E como um chefe de Cartel, eu tenho acesso a muitas coisas, inclusive, alguns pózinhos mágicos druidas…” Richard se agachou na frente e mostrou uma bala com líquido escuro e espesso. “Aqui tem uma mistura de venenos, lobisomem e culebra, um pouco de pó de Freixo e cinza da montanha. Não vai te matar, eu sei, mas vai doer tanto que você vai preferir ter morrido.”

O rosto de Lucien se transformou e ele atacou raivoso, derrubando o culebra e mordeu seu pescoço, Richard puxou a faca de obsidiana do bolso e enfiou no estômago da besta. Lucian empurrou o adversário e cuspiu o sangue amargo e venenoso que ingeriu, usou a velocidade e retirou uma seringa do bolso e a afundou no peito de Richard retirando o sangue que precisava. O culebra tentou detê-lo, mas era tarde demais. Lucien o agarrou pela lapela e jogou do outro lado do escritório pronto para atacar novamente, mas bateu em uma parede invisível criada por símbolos xibalbanos.

“Uma barreira…” Lucien arrastou as garras pelo limite mágico. “Você é esperto, eu admito, mas eu vou te fazer pagar por isso, amor. Apenas espere.” O vampiro saiu e Richard escorregou pela parede segurando a ferida no pescoço.

“Boa sorte, infeliz.” O culebra pegou um cigarro com os dedos sujos de sangue, acendeu e olhou para o celular quebrado. “Merda, Klaus vai me matar.”

***
Dante estava no meio da floresta, as árvores altas e raízes fortes permitiam que a luz da lua cheia se espalhasse por toda parte. O menino sabia que não estava sozinho, podia sentir uma atração incontrolável. Enquanto procurava a origem de seu chamado, Dante viu um lobo o encarando.

O lobo era grande, tinha a pelagem de duas cores, preta com as pontas brancas que pareciam brilhar com a luz da lua, lhe dando um aspecto fantasmagórico. O animal trotou até o menino, o rodeou e começou a andar na sua frente, Dante sabia que deveria segui-lo.

O jovem culebra chegou a um cemitério abandonado, escondido no meio da floresta, o lobo passou pelo portão de ferro enferrujado e Dante viu que as grades formavam o brasão da sua família. Ele não reparou nas lápides, seus olhos estavam presos na capela no centro do pequeno cemitério, a porta de madeira maciça possuía um vitral acima que formava o que se parecia com uma versão finalizada do brasão Mikaelson Gecko que seu pai, Klaus, estava criando. Era o desenho de um escudo gótico com um design marcante, na base preta com bordas douradas, no centro, havia a cabeça de um lobo de pelagem branca e olhar amarelo penetrante. Abaixo do lobo, há uma serpente dourada de aparência ameaçadora, com a boca aberta e presas à mostra, ambos sugerindo perigo e poder, na frente de um eclipse solar. A porta se abriu.

“Você demorou…” Um homem desconhecido falou, ele tinha os cabelos loiros caídos nos ombros, olhos azuis metálicos e um sorriso de canto, familiar. Usava blazer e camisa preta, ele tinha muitos acessórios, aneis, pulseiras e colares. Dante achou incrível. Estava sentado atrás de uma mesa repleta de elementos mágicos. “Caralho, eu não lembrava que a gente era tão fofo.”

“Quem é você?” A porta se fechou atrás do menino.

“Eu sou você…” O homem sorriu. “Não você exatamente. Uma representação mágica de você, daqui há uns treze anos. Eu sou sua magia.”

“Daqui há treze anos? Nossa, eu não pensei que eu seria tão…” O menino analisou a sua representação.

“Bonito?”

“Eu ia dizer alto, mas isso também…” Dante respondeu. “Minha magia nunca apareceu para mim. Eu sei que ela já apareceu para meu pai e para o vovô, mas nunca para mim. É por causa daquele monstro, não é?”

“Eu amo como nós somos inteligentes…” A representação falou sorrindo. “Aquele homem quer tirar tudo de nós, não podemos permitir. Estou aqui para te ensinar como salvar nossa família, todos eles, começando pelo tio Elijah.”

“Tio Elijah?” Dante o encarou preocupado.

“Ele está morrendo, agora mesmo, por causa do veneno do Lucien. Acredita que ele está dando em cima do pai? Pendejo de mierda!” O Dante mais velho apertou os lábios. “Vou te ensinar como vamos proteger nossa família, Dante, mas você precisa saber de uma coisa. Cada vez que fizermos esse feitiço nós ancoramos a vida da pessoa que buscamos proteger, temporariamente, mas quanto mais vidas ancoramos ao mesmo tempo, na sua idade, mais fraco vai ficar e não vai poder ajudar, terá que deixar o resto com o papai.”

“Eu posso aceitar o risco.”

“Vou te ensinar como guardar uma alma até que façam um antídoto, aqueles ancestrais imbecis deram poder aquele invejoso do caralho, é por isso que eu sou uma magia muito melhor e você sempre gostou mais de mim… Sente-se.” O menino se sentou na cadeira, na frente do outro. “Papai já nos ensinou a talhar a madeira…” Um pedaço de madeira surgiu na frente da criança. “Faça um boneco do tio Elijah, não precisa detalhar, colocar o terninho, não vamos ganhar nem um prêmio com isso. Quando terminar, faça um buraco profundo no peito, no lugar do coração. O nome dessa madeira é Ceiba, são as árvores que você viu lá fora.” Dante esculpiu a madeira conforme instruído, sua versão adulta sorriu com o menino mordendo a língua, concentrado.

A representação mágica foi dando as instruções a Dante, colocando e acendendo velas vermelhas e pretas formando um círculo, no centro do círculo, o boneco é consagrado à Serpente Emplumada usando a fumaça do Copal.

“Dentro da cavidade, você deve colocar essa pedra de quartzo fumê, algumas gotas do sangue do tio Elijah e do nosso próprio sangue.” O Dante mais velho faz surgir algumas gotas do sangue do tio na palma da mão e despejou na cavidade, o menino fura o dedo e goteja sobre a pedra. “Nextlahualli, sacrifício de sangue.” Dante tinha as escleras vermelhas enquanto se dedicava ao feitiço repetindo palavras em Nauatle. “Agora, você precisa tapar a cavidade com um pedaço de espelho de obsidiana…” Fez o que sua representação instruiu. “Tire quatro fios do seu cabelo e enrole ao redor para que os fios fixem a obsidiana, repetindo quatro vezes… ‘Quetzalcōātl, tlazotla in tonalli!’.” Quando o menino terminou, uma chama vermelha envolveu o boneco de madeira e se apagou. A obsidiana se fixou e o boneco estava intacto.

“Consegui…” Dante olhou para a peça e sorri. “Será que deu certo?”

“Claro que deu, fui eu quem te ensinou.” A representação mágica abriu os braços e sorriu. “Agora, sobre a ancoragem, você não pode contar para ninguém, ou eles não vão te deixar fazer se precisar de outro.”

“Nem para o Roman?” Dante ergueu os olhos.

“Como se tivesse alguma coisa que você não contaria para o Roman.” Zombou.

“Você acha que ele vai se assustar e correr de mim um dia?” Dante gostava de seu amigo, mas sempre teve medo de perdê-lo por causa de quem era.

“Não se preocupe, Roman é seu Bff… Vocês sempre serão melhores amigos, irmãos, eu garanto.”O menino sorriu e o lobo uivou entre as árvores. “O Espectro está chamando você.”

“Espectro? Ele é o lobo de quem?”

“Somos nós, é nosso lobo, o chamam de Espectro por causa de como a luz da lua reflete na pelagem e ele parece brilhar. Lindo, não é?” O menino concordou. “Antes de ir, tem mais uma coisa que precisa fazer…” A representação se ajoelhou na frente do menino e tirou a franja bagunçada de sua testa. “Você sabe que nós fazemos o que for preciso pela segurança da família, não é? Principalmente, de nossos pais. Mesmo que eles não compreendam no momento. Entende?”

“Eu sou filho do meu pai, Klaus Mikaelson, sou um guerreiro, eu protejo minha família mesmo contra a vontade deles.” O menino concordou e a representação sorriu para ele.

“Você sou eu, eu sou você…” Dante mais velho falou. “Você sabe o que temos que fazer.”

“Nós vamos matar nosso pai, só assim nós vamos salvá-lo do monstro.”

Chapter 38: AFRAID OF TOMORROWS

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Boa leitura!

Klaus segurava a mão cinzenta de Elijah com os olhos marejados e o coração pesado. Eles tinham mais de mil anos, eram a família de vampiros mais poderosa viva, eram a família Original. Seu nobre irmão sempre esteve ao seu lado, mesmo quando se desentendiam, nunca pensou que o perderia. Mesmo agora, tendo uma família que amava, Klaus sentia que havia perdido o chão.

Freya chorava nos braços de Mikael, a irmã mais velha havia usado tudo o que sabia para tentar salvar o irmão, mas o veneno da mordida de Lucien o matou tão rápido que não deu chance de procurar em outras fontes. Kol apenas observou quieto a maneira como a morte capturou seu irmão, mesmo com suas diferenças, ele o amava. Ele também havia avisado aos outros irmãos e mesmo com a insistência de Rebekah, os convenceu a não vir até que houvesse um antídoto para a mordida de Lucien. Também não quiseram acordar Dante para se despedir do tio, seria muito doloroso para uma criança de sete anos.

Todos ficaram inquietos quando Seth entrou na sala apoiando Richard que segurava o pescoço sangrento, Klaus soltou a mão de Elijah e foi até o marido, não era assim que ele esperava encontrá-lo.

“O que aconteceu com você?” Klaus o puxou para si, o ajudou a se sentar na poltrona, retirou a mão de Richard para verificar a ferida. O culebra manteve os olhos no corpo de Elijah, ele nunca foi o tipo sentimental e mesmo chocado com a morte de seu cunhado e amigo, não fez nenhum comentário com medo de dizer algo errado.

“Eu recebi uma visita de Lucien. Aquele imbecil me mordeu, mas meu veneno doi mais que o dele, eu garanto.” Richard tocou o rosto de Klaus. “Sinto muito pelo Elijah.”

“Ele mordeu você?” Klaus ignorou as condolências e tocou a ferida com a mão trêmula. “Ele mordeu você.” O desespero começou a crescer dentro de Klaus.. “Ele mordeu você.” Repetiu.

“Klaus, está tudo bem, não é grande coisa… Eu juro.” Richard tentou acalmá-lo.

“Não é grande coisa, NÃO É GRANDE COISA? OLHA PARA O ELIJAH…” Gritou desesperado. “A mordida do Lucien matou o Elijah. E agora, agora, ele mordeu você.”

“Klaus, querido, eu vou ficar bem.” Tentou novamente.

“CALA A BOCA… só cala a boca…” Klaus segurou o rosto de Richard. “Eu perdi o Elijah, não posso perder você também… Eu não posso.” Richard o abraçou mesmo que Klaus parecesse lutar contra seus braços, lutasse contra a dor da perda iminente.

“Amor, me escute, eu não vou morrer, o veneno dele não vai me matar, eu sou um culebra. Eu fiquei um pouco tonto por causa do meu próprio veneno, a presa dele perfurou minha glândula de veneno e entrou na minha corrente sanguínea. Eu juro, amor.” Garantiu.

“Eu não posso perder você também.” Repetiu.

“Klaus tem razão, Richard…” Freya falou limpando as lágrimas. “Lucien quer tirar tudo do Klaus e tem a ajuda dos ancestrais, ele tirou o Elijah de nós, disse que a morte dele era só o começo. Com certeza, você seria alvo dele também. Lucien, com certeza, foi até lá para te matar.”

“Quem dera fosse isso…” Richard suspirou chamando atenção do marido.

“Como assim?” Klaus perguntou desconfiado. “O que ele queria com você?”

“Ele me disse que tem uma bruxa e que ela precisava de um ingrediente para um feitiço. Ele precisava de sangue do meu coração.”

“Quando eu digo que quero sangue do coração de alguém, eu quero a vida dela. Como exatamente você achou que ele não estava lá para te matar?” Klaus se afastou um pouco.

“Espere, que tipo de feitiço precisa de sangue do coração de alguém?” Seth pergunta para a bruxa.

“Eu não sei…” Freya olhou para Kol e o pai, que também possuíam familiaridade com bruxas e suas magias. “Eu não me lembro de ter ouvido falar de nenhum feitiço que usa sangue do coração, se fosse o coração.”

“Eu já…” Richard falou. “E isso me preocupa demais.”

“Você já?” Kol e Seth perguntaram juntos.

“Eu já bebi o sangue de muitas bruxas, esqueceram? Teve uma em particular, Cordélia, versada em um tipo específico de Magia Negra, sabe aqueles cartazes de ‘trago seu amor de volta em três dias’ que a gente vê por aí? Cordélia faz muito mais que isso, ela tinha um feitiço sacrificial que usa sangue do coração do alvo, se chama Vinculum Animarum Aeternum.”

“Laço Eterno das Almas? Que tipo de feitiço é esse?” Klaus perguntou.

“Feitiço de amor…” Kol respondeu. “Não de amor real, é amarração de alma, escravidão eterna. Eu já ouvi falar do feitiço, mas não conhecia os detalhes.”

“Ele quer amarrar o meu marido?” Klaus rosnou.

“Eu também já ouvi…” Mikael comentou e encarou o peito do genro. “Richard, ele pegou o que foi buscar?”

“Infelizmente, sim, ele foi mais rápido mesmo sob o efeito das balas venenosas.” O culebra lamentou.

“Então, nós temos que impedir a bruxa de fazer o feitiço…” Kol falou. “Ou as consequências podem ser catastróficas.”

“Que tipo de consequências?” Seth ficou ainda mais preocupado.

“Richard está ligado a Klaus, mesmo que o Vinculum Animarum Aeternum não seja tão forte quanto o vínculo deles, ainda é muito poderoso, haverá um conflito tanto físico quanto mental que pode destruir completamente a sanidade dele, de um modo irreversível.” Mikael explicou.

“Eu vou arrancar a pele dessa bruxa maldita.” Klaus começou a andar de um lado para o outro. “Temos que encontrar um jeito de acabar com Lucien antes que ele ataque vocês também. Eu já perdi o Elijah, não estou disposto a perder mais ninguém.”

“Papai…” Dante surge na porta, Kol e Mikael imediatamente se colocam na frente do corpo de Elijah.

“Lobinho, o que está fazendo acordado?” Klaus se adianta até ele e Richard tenta esconder a ferida no pescoço.

“Eu aprendi um feitiço novo.” Dante mostra o boneco de madeira.

“Isso é ótimo, amor, mas…” Klaus tentou manter Elijah longe da visão infantil. “Está tarde, você deveria estar na cama.”

“Eu guardei a alma do tio Elijah aqui, até encontrar um antídoto para a mordida do monstro.” Dante contou deixando todos intrigados.

“Amor, como você sabe disso? Pensei que estivesse dormindo.” Freya perguntou se aproximando. “Como você fez isso?”

“Eu tive um sonho com minha magia, ela apareceu como minha versão mais velha, me contou sobre o tio Elijah e me ensinou como salvá-lo. A alma dele está dentro desse boneco, mas é temporário e eu preciso que o vovô encontre mais dessa madeira para o caso de precisar fazer outro.” Mikael olhou para seu neto com orgulho.

“Que madeira seria essa, pequeno?”

“Ceiba… Também preciso de Quartzo fumê e copal.” Falou olhando para Kol. “Precisamos proteger o corpo e alma do tio Elijah também.”

“Vou colocá-lo no caixão junto com o boneco e escondê-lo no quarto do pânico.” Mikael falou. “Depois vou encontrar a madeira para Dante.”

“Eu vou buscar o Quartzo e o Copal.” Kol se voluntariou.

“E eu vou lacrar o caixão do Elijah com magia.” Freya olha para o corpo do irmão, um pouco aliviada, mas ainda temendo não conseguir encontrar uma solução em breve.

“Obrigado, lobinho…” Klaus abraçou seu filho. “Você não sabe o quanto isso significa para mim.”

“Eu sei, papai, tio Elijah é seu melhor amigo.” Os olhos do menino brilharam ao ver o pai parado ao lado de Seth segurando o pescoço. “Aquele monstro machucou meu pai?”

“Não foi nada, mi gatito.” Richard sorri se aproximando, Dante era observador demais para conseguir esconder alguma coisa dele. Se agachou ao lado do marido e mostrou a ferida, Dante a tocou curando com sua magia.

“Ele quer roubar você de nós, pai. Minha magia me disse que o único jeito de te salvar era tirando sua vida.” Contou assustando Klaus. “Mas existe outro jeito.”

“Qual jeito, lobinho?”

“Matando a bruxa antes que ela faça o feitiço.” Dante informou e Klaus assentiu.

“Que será amanhã à noite quando a lua cheia estiver no ápice.” Richard se lembrou.

“Eu posso fazer isso, atormentar bruxas é uma grande diversão para mim.” Klaus sorriu.

“Só tem um problema, se ela estiver no apartamento de Lucien, você não vai conseguir entrar. Elijah falou que havia uma barreira.” Freya comentou.

“Que impede vampiros de outras linhagens, mas Lucien pertence à linhagem de Klaus.” Kol sorriu. “Ele pode entrar.”

“Eu também posso.” Dante olhou para o pai. “Eu também pertenço a sua linhagem.”

“De jeito nenhum, você não vai sair dessa casa.” Klaus se levantou.

“Mas eu posso te proteger da bruxa, papai. E se o monstro te morder?” O menino arregalou os olhos. “Se ele morder todos vocês? Eu vou ficar sozinho com um monte de bonecos de madeira?”

“Ele tem um ponto.” Richard comentou.

“Meu amor, nós nunca vamos deixar você sozinho. Eu não acho que Lucien vá me envenenar, ele quer que eu sofra primeiro.”

“Nik, não está ajudando.” Kol o repreendeu. “Nós temos que impedir a bruxa de enfeitiçar Richard, essa é a prioridade número um, agora. Enquanto a prioridade da nossa irmã é encontrar um jeito de matar Lucien e salvar o Elijah.”

“Eu posso neutralizar a bruxa, só preciso que ela receba um mojo especial que eu vou preparar.” O menino sorri.

“Você deveria brincar com seu novo amigo e não ficar planejando matar pessoas…” Seth olho para Kol. “Vê? É disso que eu estou falando. Aliás, você deveria estar dormindo, é mais de meia noite.”

“Dante é um guerreiro, Seth, ele luta pela família. Nós sabemos que não é o ideal para um menino de sete anos, mas dadas as circunstâncias, ele precisa se defender também.” Mikael retrucou.

“Não, Mikael, ele deveria estar dormindo, alheio aos problemas que nós adultos deveríamos estar resolvendo. Ele não deveria precisar se defender, nós deveríamos ser capazes de defendê-lo.” Seth balançou a cabeça.

“Você tem razão, Seth, essa não é a vida que eu desejava pra ele. Sabe, eu sempre quis que meu filho pudesse dormir e sonhar com um mundo muito melhor do que este que tenho a oferecer. Um mundo onde não há maldade, nem demônios, e todas as pessoas desejam apenas ser boas e felizes…” Dante e Richard fizeram uma careta encarando o híbrido. “Infelizmente, ser meu filho não é uma benção.”

“É sério, papai? Sua ideia de felicidade é tão tediosa assim? Pode imaginar como isso seria chato?” Richard riu. “Eca! Não está feliz comigo? Eu te decepcionei?”

“Claro que não, mi gatito, você é perfeito, seu papai só está sendo dramático como sempre.” Richard bagunçou seu cabelo. “Sabe como ele é.”

“Você é meu orgulho, lobinho.” Klaus beijou sua testa. “Eu só quis dizer que todo pai sonha em ter seus filhos em segurança, longe da maldade do mundo.”

“A maldade faz parte do mundo, papai. E a maldade faz parte de nós também.”

“Isso é verdade, e se serve de consolo ser casado com você é bem emocionante.” Richard deu um selinho no marido.

“Vocês têm razão, porque não vamos dormir, amanhã você me diz o que precisa para fazer o mojo e vou providenciar tudo.” Klaus garantiu e Dante assentiu.

“Preciso de um punhado de terra ou areia do Xibalba. O resto nós temos aqui.” O menino falou.

“Vou falar com o Zolo, ele pode me trazer do Xibalba.” Klaus fez uma careta ao ouvir o nome do Guerreiro Jaguar.

“Richard, pode me emprestar alguns grimórios?” Freya perguntou. “Preciso descobrir como convencer os ancestrais a nos ajudar.” Freya suspirou, cansada. “Eu duvido que consiga.’

Dante ficou em silêncio por alguns segundos, de repente o menino levantou a cabeça com os olhos vermelhos, atrás dele se elevou uma figura alta, com cabelos dourados e olhos igualmente vermelhos. Todos os Mikaelson puderam vê-lo e sabiam que aquela era a versão adulta do menino. Ambos falaram juntos.

“Diga às bruxas ancestrais que se não nos entregarem a cabeça de Lucien Castel, eu, Dante Mikaelson Gecko, vou localizar todos os seus ossinhos consagrados e enterrá-los no Xibalba, de onde suas almas nunca poderão escapar e por isso suas linhagens nunca mais terão poder nesta terra!” Dante mais velho abriu os braços, uma pose típica dos Mikaelson e deu um sorriso torto como Richard fazia e se curvou desaparecendo no ar. O menino voltou ao normal.

“Isso foi… Intenso!” Richard comentou.

“Se esse for o Dante no futuro, vamos ter um bocado de trabalho.” Kol sorriu.

Cristina estava preparando a sala para o grande feitiço, ela já havia pintado os símbolos ao redor do jovem casal de noivos inconscientes no chão, ela sentia pena do pobre casal, seriam sacrificados no dia de seu casamento. No altar estavam duas taças, uma com o sangue de Lucien e na outra o sangue de Richard. As velas estavam postas em seus lugares e o atame junto com as taças. Agora tudo o que precisava era que a lua cheia se erguesse no céu. Ela teve que preparar tudo sozinha, já que o vampiro havia saído para se alimentar e se recuperar do veneno.

A campainha tocou e Cristina esperava que fosse sua comida, mas assim que abriu a porta se deparou com um menino de aparência latina usando uniforme de escoteiro segurando uma caixa.

“Boa tarde, senhorita, gostaria de comprar um saquinho de biscoitos para ajudar nosso grupo de escoteiros de Houston?” Sorriu inocente.

“Como subiu aqui?” A bruxa estreitou os olhos e espiou para ver se não havia alguém no corredor.

“Minha mãe mora no primeiro andar e o sindico me deixa oferecer biscoitos no prédio. Meu nome é Daniel. A senhorita é nova no prédio?” O menino perguntou.

“Eu não estou a fim de biscoitos, vá embora!” Cristina falou um pouco irritada por não ser a entrega de sua comida.

“Por favor, senhorita, é meu último pacote de biscoitos, eu preciso ir para casa fazer a lição.” Abriu a caixa mostrando o saquinho que exalava um delicioso cheiro de avelã com chocolate que mexeu com sua fome.

“Tudo bem, quanto é?”

“Como é a sua primeira compra e você é a moça mais bonita por aqui. Vou te dar este, como uma amostra grátis, mas não conte ao senhor Frank do apartamento de baixo.” A bruxa segurou o saquinho e sorriu para a criança.

“Muito obrigada, você é muito gentil.” A bruxa sorriu.

“Você nem imagina o quanto…” O menino sorriu e torceu a mão direita. “Miquiztli!” Cristina caiu de joelhos e o sangue escorreu de seus olhos, boca, nariz, orelhas. O menino latino se transformou em uma criança loira com olhos de serpente. “Eu me chamo Dante, filho de Klaus Mikaelson, diga isso quando chegar do Outro Lado.” Dante passou pela mulher convulsionando e foi até a sala do ritual, entrou no círculo mágico e segurou os pulsos do casal. “Acordem…” Ambos acordaram desnorteados e encararam o menino.

“O que aconteceu? Onde estamos?”

“Vão embora, esqueçam o que aconteceu, vocês estão casados, vivam uma boa vida juntos.” O casal saiu do apartamento sem dizer nada.

Dante foi até o altar e viu as duas taças, experimentou o sangue de uma delas, ao identificar o sangue de Richard, bebeu o sangue sem deixar uma única gota. Pegou a taça com o sangue de Lucien e guardou o líquido em um frasco, se virou para a parede.

“Tletl.” Chamas subiram pela parede formando o brasão da família, andou até a bruxa morta. “Que a Senhora Negra cuide de sua alma.” Saiu sem olhar para trás.

Quando o jovem escoteiro estava saindo do prédio, passou por Lucien que entrou e sorriu inocente para o vampiro.

“Você demorou… Klaus vai me matar se descobrir.” Kol comentou abrindo a porta do carro onde Roman estava. “Ainda temos que ir buscar o sorvete.”

“Não se preocupe, o pai está nos dando cobertura.” Dante respondeu desfazendo a ilusão. “Ele disse para o papai que mandou um culebra entregar o mojo.”

“O Nik vai matar seu pai se descobrir.” Kol soltou uma risada alta dando partida no carro.

“Ainda temos que buscar minhas roupas.” Roman comentou. “Eu vou querer meu próprio quarto já que eu sempre tenho que ficar no complexo quando alguém quer matar vocês.”

“Vou providenciar, morceguinho.” Dante sorriu. “Agora, vamos buscar o sorvete.” Kol deu uma olhada para trás verificando se Lucien não os seguia. Kol acelerou assim que entrou na interestadual, mas freou bruscamente quando Lucien entrou na frente do carro.

“TIO KOOOOL!!!” Dante gritou, Kol tentou desviar do vampiro perdendo o controle fazendo com que o carro caísse no precipício.

 

*Tletl - Fogo

*Miquiztli - Morte

Chapter 39: STAND AND FIGHT - Parte I

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Boa leitura!

Richard prometeu a Klaus que não sairia de casa naquele dia, pelo menos não até que a bruxa de Lucien estivesse morta. O Lorde não costumava discutir com o híbrido, se Klaus queria algo, receberia exatamente o que queria. Ele não sabia se tinha sido uma boa ideia deixar Kol sair com Dante e Roman, tinha certeza que não foi uma boa ideia deixar Dante entregar o mojo pessoalmente para a bruxa. Klaus vai matá-lo quando descobrir.

O culebra decidiu usar o dia de folga, abdicou das roupas sociais e passou a tarde toda no quarto usando apenas calças de pijamas e assistindo filmes antigos. Klaus por sua vez estava com Freya procurando o feitiço para se livrar de Lucien de uma vez por todas.

Sua paz, como sempre, durou pouco. Os olhos de Richard ficaram vermelhos e sua mente foi invadida por imagens de um acidente de carro. Viu o rosto de Dante, inconsciente e ensanguentado. Ele se levantou, agarrou as chaves do carro e sua faca de obsidiana, correu descalço pelo complexo.

“KLAUS… KLAUS…” O híbrido não parecia estar em lugar nenhum e o culebra não tinha tempo de procurar.

“O senhor Mikaelson saiu com a senhorita Freya, Lorde.” Enrique respondeu.

“Liga para ele, acho que aconteceu um acidente na estrada a caminho de casa.” Ordenou sem esperar resposta. Richard entrou no carro e acelerou.

Lucien Castle chegou em seu apartamento depois de uma caçada, encontrou sua bruxa morta e seu plano perfeito destruído. Saiu rápido o suficiente para ver Kol virando a esquina dirigindo um SUV preto. Se sentiu profundamente irritado e decidiu que não deixaria aquela afronta sair barato. Assim que o SUV virou na interestadual, o vampiro entrou na frente do carro obrigando o motorista a desviar para a morte. Kol não morreria com uma queda, possivelmente nem o filho do Klaus, ele sabia disso, mas o menino Upir era diferente. Lucien acreditava que estava na hora do menino mimado de Klaus aprender uma lição valiosa sobre perdas e danos, a lei do retorno. Ele tirou sua bruxa, Lucien tiraria seu Upir.

Tapou os olhos quando o SUV explodiu.

Richard pegou a arma no porta luvas, segurou firme o volante e acelerou na direção do vampiro, girou o volante e pisou no freio jogando o carro contra Lucien e pulando do veículo antes do impacto, o vampiro desviou com sua velocidade. O culebra se levantou rápido e atirou várias vezes contra o peito do outro, mas desta vez as balas eram comuns. O Lorde sabia que não faria diferença, mas usou os tiros como distração para se aproximar, saltou com ferocidade prendendo a cabeça do vampiro entre as pernas e girou o corpo derrubando ambos.

“Não era bem assim que eu sonhava com sua chave de coxa, amor.” O vampiro zombou se libertando do aperto, aumentando a raiva do culebra.

“ONDE ESTÁ MEU FILHO?” Richard rugiu com os olhos de serpente, apertou a faca entre os dedos em posição de combate.

“Morto, mas não se preocupe, vou te reunir com ele em breve.” Lucien atacou com velocidade sobre-humana para incapacitar Richard que se esquivou do golpe e usou o próprio giro de corpo para cortar a lateral do abdômen de vampiro com a faca de obsidiana.

Lucien geme ao sentir a dor queimar e contra-atacou com um soco raivoso tentando esmagar o crânio do adversário. Richard consegue bloquear, desviando o impacto para o lado, aproveitando o momento para escorregar sob o braço de Lucien e tentar cortar sua garganta. Apesar da diferença de força e velocidade, Richard era habilidoso e conseguia prever os movimentos do inimigo graças ao tempo que passou no Xibalba e seu treinamento com os Guerreiros Jaguar.

O vampiro gira o corpo e com um chute atinge Richard na costela e o lançando para trás. O culebra consegue absorver o impacto por causa das escamas, sem hesitação, pulou sobre Lucien mirando o pescoço. A forma completa de culebra de Richard era ao mesmo tempo forte e selvagem, o que dificultava a antecipação de seus movimentos. O vampiro interceptou o golpe com uma mão, esmagando o pulso de Richard e tentando quebrá-lo, mas o culebra se livrou do aperto e golpeou o peito de Lucien com uma sequência de socos. Castle revida lançando Richard contra uma árvore que se partiu ao meio com o impacto.

O Lorde soltou um rugido e usou o próprio impulso para atacar e cravar a faca na parte superior do peito de Lucien, forçando-a com ambas as mãos, empurrando o corpo de Lucien que recuou por instinto, irritado, chuta o estômago do adversário e arranca a lâmina do peito, tentando usá-la contra Richard. Com muito esforço ele consegue segurar o punho do outro impedindo a lâmina de afundar ainda mais na sua carne. Richard golpeia o joelho de Lucien com força, deslocando a articulação o fazendo perder o equilíbrio por um momento, mas é derrubado, Lucien agarra o culebra pelo pescoço, o derrubando e esmagando-o contra o chão com força suficiente para provocar um tremor.

“Gosto que você tenha vindo me encontrar sem roupas, mas era assim que eu pretendia tirar você do Nik…” Lucien zombou apertando-o ainda mais. “Eu tinha planos mais prazerosos com você nessa posição.” Richard não iria se render. “Se não fosse por aquele mini Klaus maldito destruir meus planos.” O Lorde enfurecido força seu corpo a reagir, cravando a faca na lateral do pescoço de Lucien e torcendo a lâmina na carne. Surpreso, Lucien Castle se afasta.

“Eu vou matar você…” Rugiu e atacou novamente.

Lucien, furioso, arrancou a lâmina do pescoço e cortou a garganta de Richard com a própria lâmina usando sua velocidade de vampiro. O culebra tenta continuar lutando, mas sua regeneração é muito mais lenta quando a ferida é infringida por uma arma xibalbana. Enfraqueceu rapidamente por causa da perda de sangue. Lucien aproveitou e o atingiu com um soco no meio das costas, quebrando sua coluna Richard com um golpe preciso, impedindo-o de se mover. As escamas desaparecem.

“Eu vou te dizer, você é um bom adversário apesar da sua espécie ser tão inferior. Talvez se você fosse um vampiro de verdade.” Escarneceu girando a lâmina xibalbana na mão. “Você quase teria uma chance.

“Você pode fazer suas piadinhas sobre como minha espécie é inferior, Castle, mas eu não posso ser morto.” Sorriu com os dentes sujos com o próprio sangue. Lucien se inclinou sobre ele, muito perto para o gosto do culebra, acariciou seu rosto devagar. Enojado, Richard cuspiu em seu rosto, o vampiro riu e lambeu a saliva, segurou o rosto do outro e beijou sua boca apertando os lábios com força enquanto afundava os dedos no peito de Richard.

“Você pode se regenerar, mas não pode criar um coração novo.” Lucien murmurou. Se virou rapidamente segurando uma peculiar faca de ossos, retirou a mão do peito de Richard. “Eu já volto, amor. Olá, Nik!”

“TIRE SUAS MÃOS DO MEU MARIDO!!!” Klaus gritou revoltado com a cena. Ele chegou correndo junto com Mikael que desceu pela encosta a procura de Kol, Dante e Roman enquanto ele seguia os sinais de luta, se deparando com Lucien tentando abusar de seu marido ferido.

“Klaus, o Dante… O DANTE…” Richard apontava para a direção onde o carro caiu.

“Seu pequeno Dante está morto, Nik…” Lucien soltou uma risada. “Como eu ia dizendo ao Richie, logo vocês estarão juntos, no inferno… Xibalba… Sei lá.” Klaus rosnou e atacou.

A luta entre Klaus e Lucien era muito mais equilibrada, ambos trocavam socos e se bloqueavam em sincronia e velocidade, o híbrido notou que a força de Lucien era maior agora com o feitiço dos ancestrais, mas sua raiva era maior. Lucien bloqueou o soco de Klaus segurando seu punho e socando seu rosto, lançando o híbrido longe.

“Não percebe, velho amigo, você não pode me vencer.” Falou zombeteiro.

“Acha que eu serei derrotado pelas mãos de um mero empregado?” Klaus perguntou entre os dentes, se levantando e atacou sendo novamente repelido.

Ambos voltaram a sua dança de socos, chutes e bloqueios tão rápidos como um borrão. Klaus pegou o punhal de Papa Tunde do chão e avançou. O híbrido tentou enfiar a lâmina no peito da besta, mas Lucien estava mais rápido que ele e o atingiu com força no peito jogando Klaus perto de Richard.

O culebra estava concentrado em encontrar Dante usando a visão. Ele viu através dos olhos do filho e soube que ele estava vivo, uma lágrima escorreu pelo canto dos olhos. Viu Mikael se aproximar, viu o corpo cinzento de Kol, viu Roman Godfrey inconsciente e o sangue escorrendo por sua testa, pediu aos deuses que o menino Upir não tivesse morrido. Respirou profundamente aliviado e voltou suas forças para curar sua coluna e ajudar Klaus.

Klaus segurou o braço de Lucien e o torceu puxando para si, acertou uma joelhada no estômago do outro. O vampiro agarrou a garganta do híbrido e o empurrou contra a encosta, o híbrido apertou a adaga e fez uma nova tentativa de enterrá-la no peito do outro, usou as duas mãos para aumentar a pressão, mas o vampiro conseguiu segurar e tomar sua arma.

O Vampiro apontou a adaga para o peito de Klaus, mas Richard o impediu atacando com sua lâmina de obsidiana, ele grunhiu, soltou Klaus e avançou contra o culebra, atacando pelas costas antes que o híbrido pudesse impedir. O culebra foi pego de surpresa quando Lucien agarrou seu pescoço e a mão se fechou ao redor do seu coração.

“NÃO…” Klaus arregalou os olhos, horrorizado. “Solta ele, Lucien…” Esticou o braço como se pudesse deter o outro. “Você não tem porque machucá-lo, é a mim que você odeia.” Engoliu seco quando Richard grunhiu. “Por favor.” Os olhos de Richard focaram nos seus.

“Klaus, não pense em mim… Amor, me escute, não pense em mim…” A voz do culebra invadiu sua mente. “Pense no Dante, ele está vivo e precisa de você.”

“O Lorde culebra e o Rei lobo mortos por um único peão, o fim do jogo…” Mexeu a mão dentro de Richard que gemeu com a dor.

“O que você ganha matando ele? Não é culpa dele ter sido obrigado a se unir a mim.”

“Você não entendeu nada? Eu não me importo com quem morre, mas você sim…” Falou sorrindo apertando o coração do culebra. “Então se renda!”

“Amor, não, eu não sou importante, Dante é importante.” Richard disse em sua mente.

“Talvez… Eu poupe o pai do seu filho morto…” Beijou a tempora do culebra.

“Dante está vivo, amor, não ouça ele… Não se renda!”

“De joelhos…” Lucien exigiu. “De joelhos…” Mexeu a mão mais uma vez.

“Não… Não se ajoelhe!” Klaus apertou os lábios.

“Eu posso sentir o coração dele nas minhas mãos…” Sorriu. “Quer mesmo medir seu orgulho contra a minha misericórdia?” Richard não conseguiu conter o gemido de dor.

“Eu te amo!” Klaus caiu de joelhos perante seu inimigo na tentativa incerta de salvar o homem que amava, o vampiro riu.

“Pegue a sua faca bonita e enfie no peito…” Klaus segurou a adaga de Papa Tunde, hesitante.

“Pense no nosso filho, amor, pense no Dante.” Richard não queria falar em voz alta e pôr em risco a segurança do menino.

“AGORA!” Lucien gritou, impaciente e excitado, Klaus com as mãos trêmulas e o coração batendo forte contra as costelas, começou a puxar a lâmina para dentro de seu peito.

“Ele está mentindo, Klaus, não faça isso, vai deixar nosso filho à mercê dele.” Richard tentou, mas o híbrido tinha esperança de salvá-lo. “NÃO!” Gritou na tentativa de impedir o marido, mas ao mesmo tempo que o peito do híbrido engoliu a adaga, Lucien soltou uma gargalhada.

“NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!” Klaus forçou um grito ao ver o corpo de Richard cair no chão e seu coração dar um último pulsar na mão de Lucien.

Chapter 40: STAND AND FIGHT - Parte II

Summary:

Olá, espero que estejam bem. O próximo capítulo será o última da primeira parte. Semana que vem começa a segunda parte BLOODLINES: Blood Society, uma história curta do quarteto Dante, Roman Godfrey, Peter Rumancek e Dorian Gray.

Chapter Text

Boa leitura!

Dante tinha uma forte ligação com seus pais, a ponto de sentir quando algo ruim acontecia e ele sabia que algo ruim havia acabado de acontecer. Escalou a encosta deixando Roman e Kol aos cuidados de Mikael, era claro que seu avô não o deixaria ir sozinho, não sem que Dante o tivesse compelido. Assim que chegou ao topo se deparou com a cena que fez sua ira aumentar ainda mais. Lucien segurava o coração de Richard na frente de Klaus, ele nunca viu o híbrido tão desesperado escavando o peito com as garras como se tentasse tirar algo de dentro dele. Lucien riu escarnecendo da dor de seu pai e o provocou abrindo a boca com intenção de morder o órgão das mãos. O menino sentiu tanta dor com a visão que seus olhos se tornaram reptilianos, suas presas se alongaram e ele rosnou raivoso.

“Tepozmecahuia…” Sussurrou. Quando a besta tentou fechar a boca ao redor do coração sua mandíbula travou e o coração foi arrancado de sua mão por uma força misteriosa, seus braços pareciam ter sido presos abertos por correntes invisíveis. Dante caminhou devagar carregando o coração de Richard com cuidado.

“DANTE, VÁ EMBORA!” Klaus gritou desesperado, cavando mais fundo o peito para retirar a lâmina, não deixaria Lucien tirar seu filho da mesma forma que tirou Richard.

“Você matou meu tio Elijah…” Dante ergueu a mão direita na forma de garras e cortou o ar, Lucien soltou um grito estrangulado quando quatro cortes transversais surgiram em seu peito. “Machucou meu tio Kol…” Passou as garras invisíveis no ar provocando mais cortes. “Quase matou meu melhor amigo… MEU IRMÃO…” Cortou mais fundo. Klaus conseguiu segurar o cabo da lâmina e puxar lentamente a adaga. “Você machucou e humilhou meu pai, Klaus…” Outro corte. “Machucou e arrancou o coração do meu pai…” Provocou um corte vertical profundo. “E você tentou me matar… Eu sou filho de Richard Gecko e Klaus Mikaelson… Eu tenho o sangue do Lobo e da Serpente…” Dante rosnou, Klaus se levantou atrás do filho com seu rosto de híbrido. “Eu sou um tribrido… EU NÃO POSSO SER MORTO!!!” Mikael parou atrás do vampiro bestial.

“Agora… Você se ajoelha!” Força o corpo do vampiro no chão de joelhos.

“Ele é só um vampiro comum agora.” Freya surgiu e Mikael segurou firme o cabelo de Lucien o segurando de joelhos.

“Sua vez, papai.” Sussurrou se voltando para Klaus que se abaixou e o abraçou. Por mais que seu desejo fosse desmembrar o vampiro naquele instante, seu filho era prioridade. Seu filho que mantinha o coração do pai protegido. “Vai ficar tudo bem, papai.” Dante garantiu. Klaus apertou os lábios encarando o corpo do marido enquanto segurava o filho nos braços.

“Richard te amava, ele disse em minha cabeça antes de… antes de…” Sussurrou.

“Não é assim que um Lorde morre, papai, não um Lorde como meu pai.” Dante saiu dos braços de Klaus e limpou as lágrimas do rosto do híbrido. “Cuide do monstro, eu vou devolver isso para o pai!” Klaus encarou os olhos determinados do filho, beijou sua testa e se levantou olhando diretamente para os olhos assustados do vampiro.

“Eu já volto, lobinho.” Klaus falou quando Freya se aproximou deles. “Onde estão Kol e Roman?”

“Seth desceu a encosta atrás de Kol, eles estão bem.” A bruxa garantiu.

Klaus se abaixou, pegou a faca de Richard do chão e foi até Lucien que se encolheu. Dante colocou o coração de Richard no lugar, mordeu o pulso e despejou seu sangue ao redor do órgão para acelerar o processo de cura.

“Pode me matar, mas nada que você faça vai trazer seu amado Richie de volta.” Lucien zombou da dor do híbrido e Mikael apertou-o ainda mais contra o chão. “Ou seu nobre irmão.”

“Há mil anos, eu ouço um pouco demais de você…” Klaus se aproximou. “Durante um século você viveu com meu nome e nunca se recuperou de perdê-lo, não é isso? Você se tornou rico, se tornou próspero, mas nunca saiu da minha sombra…” Klaus se agachou na frente do vampiro. “Você veio a minha casa, tentou machucar meus irmãos, atentou contra crianças inocentes e tirou meu precioso marido. Tudo isso porque, apesar do dom da imortalidade, você sempre soube…” Mikael puxou a cabeça de Lucien para trás. “O que realmente é…” Klaus segurou a garganta de Lucien e cortou os cantos de sua boca com a faca de Richard. “Você é… Nada!” O híbrido enfiou a mão no peito de seu inimigo, encarou os olhos arregalados do vampiro enquanto apertava o coração entre os dedos, esmagando devagar e dolorosamente.

O híbrido tirou a mão com o que restava do coração do vampiro, só quando viu o corpo de Lucien Castle caído na terra que ele se permitiu cair também. Klaus soltou um grito dolorido e chorou de costas para que Dante não o visse desabar. Ele não sabia o que fazer agora, acreditava que Richard estava morto e seu chão havia desaparecido.

“Klaus…” Uma voz que parecia tão distante o chamou. “Hey, cara…” O rosto de Seth surgiu embaçado a sua frente, o Gecko mais velho encostou sua testa na dele como costumava fazer para acalmar Richard. “Vai ficar tudo bem.”

“Nada vai ficar bem, Seth, você está cego? Richard está morto.” Klaus respondeu com raiva porque todos pareciam não se importar com seu marido, com ele ou com Dante, que acabou de perder o pai.

“Me escuta, cara, o Richie não está morto… Quero dizer, ele está no momento, mas ele vai voltar…” Seth segurou o rosto de Klaus o forçando a olhar para ele. “Olha lá, Dante está usando seu próprio sangue para acelerar o processo de cura.” Klaus olhou para o filho mordendo a língua, concentrado. Partiu o coração do híbrido ver a cena. Seth suspirou. “Carlos Madrigal ficou um tempo no Xibalba, não muito, mas quando voltou ele não era um culebra comum, a gente não tinha como matar o cara então, Richie, Kisa, Gonzalez e eu, desmembramos ele, decapitados e espalhamos seus pedaços pelo deserto.” Klaus olhou para o cunhado. “Quando tivemos que enfrentar Amaru, Kisa encontrou todas as partes dele, costurou, deu um pouco de sangue e aquele filho da puta estava vivo de novo.”

“Lucien arrancou o coração dele, Seth.”

“E ele não virou um punhado de cinzas. Olha só, você pode até não acreditar em mim, mas acredite no Dan, acredite no seu filho, o moleque sabe das coisas.” Seth ofereceu a mão para que Klaus se levantasse. “Vamos lá, cunhado, vamos ver o milagre da ressurreição.” Klaus aceitou a mão e se levantou.

Ao redor de Dante estavam Freya, Mikael e Kol segurando Roman no colo.

Dante observava atentamente o buraco no peito de Richard se fechar aos poucos, Klaus tocou seus ombros e ambos esperaram. Esperaram o buraco se fechar completamente, esperaram o primeiro pulsar do coração, esperaram os olhos de Richard se abrir. Richard puxou o ar com força e tocou o peito recuperado.

“Ter o coração arrancado é uma merda!” Comentou. Dante e Klaus o abraçaram sem pensar duas vezes.

“Você… Eu vi você morrer…” Klaus falou com a voz embargada. “Lucien tinha seu coração na mão.”

“Lucien nunca teve meu coração na mão, querido, meu coração está nos meus braços agora mesmo.” Respondeu apertando seu marido e filho.

“Isso foi a coisa mais brega que já ouvi.” Kol balançou a cabeça.

“Você já ouviu suas cantadas?” Freya comentou e Seth riu. “São lamentáveis, ainda bem que seu rostinho compensa o repertório.”

“Podemos ir para casa agora?” Roman perguntou. “Já está quase na hora do jantar e eu não comi o sorvete que me prometeram, sinceramente espero que o tio Elijah acorde logo, vocês são péssimos com suas promessas.”

“O pequeno Upir tem razão, vamos embora…” Mikael concordou. “Vocês passaram por muita coisa em uma única tarde.”

“É melhor irmos, acho que todos vocês precisam se alimentar…” Seth olhou para o rasgo na camiseta de Kol. “Principalmente quem ficou um tempinho com o pé na cova.”

“Tem uma questão que eu não sei como vai funcionar…” Dante comentou se desvencilhando do aperto de Richard para que Klaus o ajudasse a se levantar. “Eu enchi o corpo do pai com meu sangue, não sei se isso pode transformar um híbrido.”

“Ah, não acho que seja possível, mi gatito, eu sou um culebra e mesmo que não fosse, eu precisaria morrer com sangue de vampiro no organismo para que houvesse uma transição. Não se preocupe.”

“Eu não sou uma criatura comum, pai, você tecnicamente era um morto com meu sangue no corpo.” Dante considerou.

“Vamos ter que esperar para ver, lobinho, agora…” Klaus olhou Richard de cima a baixo. “Por que você está sem roupas? E é bom que exista uma boa… e tem que ser muito boa mesmo… explicação.” Assim que a pergunta foi feita, todos os presentes se viraram e começaram a sair de fininho.

“Eu tive uma visão do acidente e sai sem pensar em mais nada.” Richard arregalou os olhos.

“Não pensou em mais nada? Não pensou em colocar uma camisa?” Klaus rosnou.

“Roman me desculpa por isso, eu nunca quis que você se machucasse.” Dante agarrou a mão de Roman e o puxou consigo.

“Relaxa, cara, eu estou colocando tudo em uma lista para ir cobrando e te chantageando ao longo da vida…” O menino deu de ombros. “Alias, gostei do: Quase matou meu melhor amigo… MEU IRMÃO. Achei legal, mas da próxima vez seja um pouco mais dramático na minha parte.”

“Tipo o que?” Dante apertou os lábios pensativo.

“Sei lá, pense em alguma coisa para me fazer parecer mais importante.” Os adultos balançavam a cabeça rindo da dupla. “Você é filho do tio Klaus e sobrinho do tio Seth deveria ser melhor nisso.”

“O que?” Seth estreitou os olhos. “Eu não sou dramático.”

“Tá legal, o que acha disso: Pendejo de mierda, se tocar no meu amigo, eu vou te torturar tanto que seus amigos terão que raspar você do teto. O que acha?” Dante sugeriu.

“Tá melhorando.”

“Eu posso fazer algumas sugestões.” Kol falou atrás da dupla. “Inclusive, se você tiver um taco de baseball vai ser mais impactante.”

“Kol…” Freya tentou repreendê-lo, mas foi ignorada.

“A gente não joga baseball.” Roman olhou para o vampiro.

“Não é pra jogar.” Kol segurou o ombro dos meninos. “Titio Kol vai comprar para vocês os melhores tacos… De alumínio.”

“Legal!” Responderam juntos.

 

*Tepozmecahuia- Correntes

Chapter 41: EPÍLOGO I: WE’RE A HAPPY FAMILY

Summary:

Olá, espero que estejam bem. A segunda parte, BLOODLINES: Blood Society, começará no próximo capítulo e terá uma passagem de tempo. Como será uma história à parte focada em Dante adulto e seus amigos, mesmo não sendo postada separadamente, terá um capítulo de apresentação.
*ESSE CAPÍTULO CONTÉM SEXO EXPLICITO E LINGUAGEM IMPRÓPRIA.*

Chapter Text

Boa leitura!!

Uma semana depois de se livrarem de Lucien, uma semana de intensa dedicação da bruxa Mikaelson, Elijah voltou a vida, curado da mordida da besta, e ninguém da família soube que Dante estava ancorando sua vida, o Original ficou com Klaus por alguns dias para acalmar o coração do híbrido e depois viajou com Freya e Kisa para Nova Orleans, pois Rebekah estava desolada pelo que aconteceu.

A morte de Lucien Castle deixou uma sensação quase idílica de paz e normalidade, não para todos, é claro, Klaus ainda estava bravo com Richard pela morte e pelo figurino daquela luta contra o vampiro. Kol ainda se culpava por não ter protegido o sobrinho no acidente mesmo com todos, inclusive Dante, afirmando que não foi sua culpa. Seth até o chamou para ajudar nos consertos da casa nova para que se distraísse e também lhe fizesse companhia, o que deixou o vampiro feliz. Dante continuava sua vida como se nada tivesse acontecido.

“Manolo… Manolo…” Dante entrou correndo pela sala indo até o homem que batia alguns pregos novos na parede. “Adivinha o que eu vou ser quando eu crescer?”

“Você pode ser tantas coisas, pequeño Lorde, não sei se tenho tanta imaginação para adivinhar.” O homem parou as batidas para dar atenção ao menino.

“Eu vou ser dançarino!” Falou empolgado e Manolo riu.

“Pensei que iria ser bombeiro.” O homem comentou se lembrando das palavras do menino na semana anterior quando andava pelo complexo com um extintor de incêndio nas mãos.

“Eu posso ser os dois, um bombeiro dançarino.” Girou como se fizesse um passo de dança.

“E que tipo de dança você fará?” Klaus perguntou escorado no batente da porta. Dante tinha um novo plano a cada semana ou mês, já quis ser professor, veterinário, soldado, vendedor de frutas na beira da estrada, policial, mas desistiu dessa última ao se lembrar que teria que prender todos os parentes.

“Bachata…” Respondeu rápido.

“Se essa é sua escolha é melhor esperar mais alguns anos, lobinho.” O híbrido entrou na sala e se sentou no sofá. “Você é muito novo para esse tipo de dança. Onde está seu pai?” Dante encolheu os ombros, ele estava brincando e não viu o pai.

“Está supervisionando os trabalhadores, Lorde Mikaelson.” Manolo respondeu.

“Hum, vestido, eu espero.” Klaus comentou.

“Papai, nós precisamos conversar…” Dante se sentou na poltrona e Klaus se virou para encarar o rostinho sério. “Você tem que perdoar o pai, ele não fez por mal, você teria feito o mesmo. Lembra daquela vez que você se transformou em um lobo e depois voltou a forma humana completamente pelado?” O menino perguntou com os braços cruzados. “O pai não ficou bravo com você, só tirou o casaco e te cobriu.” Klaus abriu a boca para responder, mas fechou sem emitir um som.

“Você tem razão.”

“Você sabe que ele quer te fazer uma surpresa, não sabe?” Klaus assentiu, Richard o convidou para uma viagem de fim de semana e Klaus ainda não tinha respondido, primeiro porque ele estava chateado com o homem e também porque achava um pouco cedo para deixar Dante sozinho, mesmo que por dois ou três dias. “Bem, acho que você precisa de uns conselhos.”

“Você tem sete anos.” Klaus deu uma risadinha.

“Na verdade, eu faço oito em agosto…” Dante falou. “Eu sei que você é muito curioso e você sabe que o pai não é bom com as coisas românticas, não é, Manolo?”

“Sim, sim, o Lorde é desajeitado com sentimentos.” O homem concordou.

“Então, você decidiu me dar conselhos de como lidar com o sonso do seu pai ao invés de falar com ele?” O híbrido riu. “Você acha que eu tenho que mudar?”

“Claro que não, nós te amamos do jeitinho que você é, mas nós dois somos exibidos…” Dante apontou para o pai e ele próprio. “Gostamos de mostrar que somos espertos.” Klaus e Manolo concordaram com a cabeça. “Você é um lobo esperto e vai descobrir antes dele revelar a surpresa.”

“Bem, isso é verdade.” Klaus tocou o nariz do menino com o indicador. “Mas nós temos razão pra isso e não culpe só esse velho lobo, seu pai também é um exibido.”

“Sim, mas se você descobrir, não fale nada, finja estar surpreso e principalmente, se não gostar, finja que é a melhor coisa que já fizeram por você.” Dante instruiu enquanto Manolo concordava.

“Então, você está me dizendo pra mentir?” Klaus ergueu a sobrancelha.

“Está vendo, você precisa da minha ajuda.” O menino apontou. “Não é mentira, papai, é se importar com os sentimentos do pai. E pensar que ele está fazendo isso porque se importa com o seu.”

“Você não pode me dar conselhos sobre relacionamentos, essa será minha função quando você for adolescente.” Klaus puxou o filho para seu colo fazendo cócegas. “De preferência, quando tiver cinquenta anos.”

“Para, papai…” Dante pediu entre as gargalhadas.

“Qual é a senha?” Perguntou.

“Eu te amo, papai.” Falou, Klaus parou e deu um beijo na bochecha do menino.

“Eu também te amo, meu lobinho esperto. Obrigado pelo conselho, baby Yoda.”

“Porque eu tenho que viajar com uma venda nos olhos mesmo?” Klaus perguntou encostado no banco do carona, já fazia duas horas que estava enfurnado no carro, viagens longas sempre o deixava irritado.

“Estamos quase lá, mi lobito, na volta você aproveita a paisagem.” Richard respondeu olhando de soslaio.

“Eu ainda acho que viajar agora não é uma boa ideia, nós acabamos de lidar com uma grande ameaça, não gosto da ideia de deixar Dante sozinho.” Resmungou.

“Dante foi pra Nova Orleans com Mikael e Kol, ele não vai estar sozinho, tem todos os Mikaelsons cuidando dele.” O culebra tentou acalmá-lo.

“Meus irmãos não são tão responsáveis como você pensa, amor, nem meu pai.” Klaus respondeu usando sua audição e olfato para tentar identificar onde estavam.

“Esqueça o que eu disse, Elijah vai cuidar dele, melhor?” O híbrido revirou os olhos por baixo da venda, Richard parou o carro no acostamento e se virou para o marido. “Nada vai acontecer com ele, mas se isso está te incomodando tanto, vamos voltar.” Deu um selinho em Klaus e começou a fazer o retorno.

“Não… Vamos continuar.” Klaus falou. “É só um final de semana, o que poderia dar errado?” Richard poderia pensar em muitas coisas, mas decidiu guardar para si.

Depois de mais uma hora de viagem às cegas finalmente chegaram ao destino, um destino que Klaus desconfiava conhecer razoavelmente bem, mas decidiu fingir que não. Richard o ajudou a descer e segurou sua mão para guiá-lo até o local da surpresa, a medida em que ia se aproximando o cheiro de poeira, mofo e sangue seco foram invadindo suas narinas.

“Eu não sei se você vai gostar…” Richard comentou parando e segurando Klaus pelos ombros. “Se não gostar você pode me dizer, não vou ficar chateado.”

“Tenho certeza que eu vou gostar, amor.” Klaus não tinha certeza. Richard desatou o nó e retirou a venda devagar. “Isso é…” Klaus olhou ao redor. “A câmara de sacrifício? Você me trouxe para o México, para o Titty Twister.”

“Você odiou, não é? Eu sabia, foi uma ideia idiota.” Klaus não respondeu imediatamente, analisou o local, estava tudo exatamente igual ao dia do ritual, ao dia da primeira vez deles, o dia em que o seu maior presente foi concebido. “Eu pensei em recriar nossa primeira vez para que se tornasse uma lembrança melhor. Foi bobagem, eu sei, me desculpe, esse lugar não deve trazer boas lembranças.”

“Na verdade, eu gostei da surpresa…” Klaus puxou Richard para mais perto. “Eu vou te confessar, não foi tão ruim quanto você pensa.”

“Não foi?” Enrugou a testa. “Você me odiava e teve que fazer sexo comigo, tenho certeza que foi uma coisa ruim.” Klaus entrelaçou os dedos e colou seus corpos juntos.

“Eu não odiava tanto assim… Foi uma mistura de sentimentos, eu estava com raiva, estava envergonhado, mas eu também estava excitado. E você também, afinal, não dá pra esconder um pau duro.” Puxou a gravata do culebra e beijou seu pescoço.

“Você ainda era bem gostoso, mesmo que eu te achasse um chato na época.” As mãos de Richard pararam na cintura do híbrido. “Cheiroso…” Esfregou o nariz no pescoço do marido subindo até os lábios. “Delicioso.” Falou contra os lábios do híbrido antes de beijá-lo.

“Hum, você pensou tudo isso?” Klaus lambeu os lábios.

“Eu pensei muitas coisas, mi lobito.” Mordeu o queixo, Klaus empurrou o Culebra sobre o colchão.

“Eu também pensei, amor…” Comentou. “Eu queria ver o que tinha embaixo do terno.”

“Você poderia ter visto, mas me proibiu de tirar. Agora você pode ver tudinho, mi lobito.” Richard falou, o híbrido mordiscou o pescoço do marido. Seus olhos nunca deixaram os olhos de Richie enquanto desfazia o nó da gravata com um sorriso predatório e puxando o terno para fora do corpo. “Mas eu mandei preparar um jantar maravilhoso para nós.”

“Só tem uma coisa que eu quero comer agora…” Klaus voltou a beijá-lo tirando a camisa do outro com pressa. “Você!” Klaus usou suas habilidades de híbrido, em poucos segundos o culebra estava a sua mercê sobre o colchão na pedra de sacrifício.

***SEXOn***

As unhas de Klaus arranhavam o dorso do culebra, ásperas e selvagens. A boca deslizou pelo queixo e pescoço de Richie, beijando, chupando, mordiscando. Richie estava acostumado com a falta de delicadeza do marido, Klaus montou seu corpo puxando o cinto e abrindo o botão da calça de alfaiataria, o híbrido avançou para beijá-lo novamente.

“Sempre tão empolgado, mi lobito…” Richie murmurou e beijou o pescoço do híbrido. “Quer estar dentro de mim hoje?” Klaus se inclinou mais perto, a ponta do seu nariz quase acariciando o pescoço agora, suas narinas se dilatam.

“Eu amo seu cheiro, amor.” Arrastou as presas, fazendo verter sangue e lambendo. “Seu gosto.” Richard gemeu.

Um sorriso malicioso brotou nos lábios de Klaus, a língua deslizou pela pele. Ele arranca um suspiro do culebra quando a língua traça seu caminho pela carótida. O híbrido apertou o penis de Richie quando mordeu seu pescoço, os dedos do culebra pressionaram as coxas de Klaus.

O híbrido retirou as presas do pescoço e voltou a beijar a boca do marido, Richie apertou sua cintura o fazendo gemer dentro de sua boca. Ele deslizou a língua pelo pescoço, clavícula e peitoral, os dentes do híbrido rasparam o mamilo do culebra. Sua língua pincelava o bico do mamilo, mordendo e sugando. Os dedos de Richie apertaram os tecidos de seda e Klaus puxava suas calças enquanto sugava seus mamilos alternados. O lobo ergueu o corpo para poder tirar completamente as calças e se ajoelhou entre as pernas abertas do marido, segurou seu pau e apertou.

“Aaaaahhhhh…” Richard soltou.

“Amo os sons que saem da sua boca…” Murmurou descendo a boca pelo abdômen, circulando o umbigo e continuou até chegar ao membro endurecido. “Parece que alguém reconheceu o dono.”

“Sim, ele está muito feliz.” Richie mordeu o lábio inferior com expectativa, encarou os lábios do marido e Klaus rosnou antes de abocanhar o cumprimento. “Hummmmm… Lobito…” A boca pecaminosa sugou a glande com força, lambeu a fenda e o prepúcio com falsa delicadeza e depois engoliu o membro. Com a ajuda da mão, masturbava e sugava o membro do marido. “Você é… tão bom… Hummmmm…” Os movimentos alternavam entre força e suavidade, enlouquecendo Richard que sentiu seu abdômen se contrair quando as presas afundaram na veia de seu pau e chupou o sangue. Klaus retirou a boca, interrompendo o prazer do outro e limpou os lábios com um sorriso malicioso.

“Trouxe preservativo?” Escalou o corpo do marido e sussurrou a pergunta.

“Preservativo?”

“A primeira e última vez que transamos nesse lugar, o Dante aconteceu, eu amo meu bebê, mas não sobrevivo a outro igual.” Klaus comentou e Richard riu.

“Eu falei com Nahualli antes de preparar tudo, não tem possibilidade de conceber nenhum outro bebê. Dante é resultado do ritual completo.” Richard garantiu dando um selinho no marido que sorriu malicioso.

“Então… Fica de quatro.” Ordenou se erguendo, Richard obedeceu se virando de costas e elevando o quadril.

“Seu cuzinho é tão bonito, amor.” Klaus comentou acariciando a entrada com o dedo indicador, abriu as nádegas e passou a língua devagar, arrancando um ofego dos lábios de Richard, enquanto tateava o colchão em busca do lubrificante, ele conhecia o marido o suficiente para saber que havia um a mão. Encontrou e abriu rápido, não conseguia negar a própria euforia, despejou um pouco de lubrificante lambuzando a entrada e o próprio pau.

Klaus beijou a nádega do Culebra antes de alinhar e deslizar seu pau dentro do buraco do marido até estar profundamente dentro dele. “Ah, merda, eu sempre esqueço como você é apertado, amor.” O híbrido segurou firme os quadris de Richard, entrando e saindo, aumentando a força e a velocidade a cada golpe. Seu membro deslizava dentro e fora do marido, o culebra apertou os lençois cada vez que a glande atingia sua próstata.

“Aaaaahhhh, isso, lobito, você… é tão… Hummmm… Bom…” Klaus retirou seu membro de dentro do marido e Richard sabia o que ele queria, se virou e abriu as pernas, Klaus se inclinou e voltou a entrar em Richard em uma única estocada, forte e rápida.

“Aaaahhhh, amor, ahnn… eu quero devorar você…” Murmurou entre gemidos. O rosto de Klaus mudou e as presas apareceram, ele mordeu o peito de Richard ao redor do mamilo e sugou o sangue do marido, a alimentação se tornou um hábito excitante para Klaus durante o sexo e Richard adorava.

“Aaahhh…” As presas de Richard apareceram e o culebra desejava morder o pescoço do híbrido. Klaus percebeu e aumentou o ritmo das estocadas, provocando. “Klaus, eu nã… não vou…” As pernas se enrolaram nos quadris do Original e o puxou para mais perto.

O pau de Klaus entrava e saia com violência mal contida, o cu de Richard se apertava, assim como as coxas, ao redor do marido. Klaus gostava do sexo selvagem, era quase impossivel para ele conter o desejo, seu corpo inteiro estremecia de tesão e tudo que Klaus queria era devorar cada pedacinho do homem que amava.

“Eu vou…” Sua próstata era atacada com fúria e desejo. Klaus pressionou mais forte sabendo que seu amante estava prestes a se desmanchar. “Gozar… AAAARGH…” O semem de Richard se espalha entre os corpos.

“Oh… Amor… Eu não vou aguentar…” Seu orgasmo encheu o canal do culebra. “Incrível como sempre.” O híbrido caiu sobre o corpo do marido. “Ah, droga, como eu amo você.” Klaus murmurou no peito do Culebra.

“Isso é uma enorme coincidência, lobito, porque eu também amo você.” Richard respondeu acariciando seus cabelos. Klaus se ergueu, segurou seus cabelos curtos e o beijou com ferocidade, as línguas lutavam pelo domínio, as presas cortaram o lábio inferior e o híbrido segurou voltou a brincar com o membro do marido até que estivesse duro novamente. O culebra puxou os cabelos do híbrido e mordeu seu pescoço.

“Minha vez de brincar com isso aqui.” Comentou dando um apertão no pau do outro.

“Aaaaaaahhhh… Meu pau é todo seu, meu amor.”

O casal continuou com as brincadeiras sexuais várias vezes, ambos estavam tão animados de ter um tempo só para eles que até dispensaram o romântico jantar a luz de velas que o Lorde havia programado. Klaus olhou para a banheira, um ofurô espaçoso e bem aquecido.

“Essa banheira é diferente daquela que tinha aqui.” Comentou com um sorriso curioso.

“Aquela não cabia duas pessoas.” Richard entrou na banheira, ofereceu a mão para o marido que aceitou e entrou se sentando no colo do culebra, uma perna de cada lado. Logo começaram a se beijar, iniciando uma nova rodada de amor. Até que o celular de Klaus começou a tocar insistentemente.

“Hmmmm… Eu… hmm… preciso… atender…” Klaus falou tentando quebrar o beijo.

“Não precisa.” Richard respondeu e voltou a beijar o marido.

“Nós somos pais agora, amor…” Klaus se afastou para fugir dos lábios lascivos. “Temos que atender.”

“Dante está em Nova Orleans com, praticamente, toda sua família.” Richard argumentou. “Um bando de vampiros Originais podem dar conta de uma criança de sete anos.”

“Eu só vou olhar, se não for nenhum dos meus irmãos, eu desligo o telefone.” Klaus esticou o braço para alcançar o aparelho e Richard beijava seu pescoço. “É o Elijah!” Os imediatamente se separaram, apreensivos.

“Elijah… Espero que seja de extrema importância.” A verdade é que Klaus esperava que não.

“Desculpe atrapalhar, irmão, mas aconteceu um acidente.”

“Acidente? Que tipo de acidente? Com Dante?” Klaus se levantou da banheira.

“Não exatamente, Dante está bem…” O Original começou a explicar.

“Roman?” Richard estreitou os olhos.

“Não, Niklaus, preste atenção. Um caçador de uma organização chamada Ordem do Dragão tentou levar Roman, Dante atacou o homem e no processo matou um inocente.” Elijah explicou. “Ele atingiu o caçador com um carro, mas não viu que havia alguém no veículo.”

“Nós estaremos aí, em breve.” O híbrido desligou o telefone sem esperar mais detalhes.

“O que aconteceu?”

“Dante ativou a maldição do lobisomem.” Klaus saiu da banheira.

“Ele só tem sete anos, vai ser o que? Um lobisomem filhote?” Perguntou se levantando atrás do marido. Os dois se olharam e começaram a rir com a imagem.

“Não deveríamos estar rindo disso, ele é uma criança.” Klaus suspirou.

“E seus irmãos são as piores babás que já pisaram nesta terra!”

Chapter 42: BLOOD SOCIETY: PETER RUMANCEK

Summary:

Olá amigos, lhes apresento a segunda parte da nossa história. Antes de iniciar como vocês já sabem tenho que esclarecer alguns pontos e apresentar os personagens:
1) Os acontecimentos do enredo NÃO seguem a história original dos personagens;
2) A maior parte da história se passará no Texas;
3) Os três primeiros capítulos apresentarão os novos personagens que irão compor o quarteto;
4) Essa parte da história faz crossover de TVD, TO e From dusk till dawn, Hemlock grove e Penny Dreadful:
5) Pode haver participação especial de personagens de universo de Limbus;
6) ALGUNS CAPÍTULOS PODEM CONTER VIOLÊNCIA TÍPICA DAS SÉRIES, LINGUAGEM IMPROPRIA E SEXO!

Chapter Text

Boa leitura!

10 anos depois

A frase: "almas gêmeas nem sempre são casais" nunca fez tanto sentido pois, Dante Mikaelson Gecko e Roman Godfrey não eram apenas melhores amigos, eram parceiros de crime, almas gêmeas. Elijah dizia que os dois passavam tanto tempo juntos que tinham os mesmos hábitos, mesmas expressões, mesmos gostos, até mesmo as habilidades sobrenaturais natas eram iguais, a dupla se comunicava, não só por olhares, mas também por telepatia. A conexão entre eles era tão forte que em menos de um ano de amizade, onde Roman passava mais tempo no complexo do que em sua casa, tanto que havia conseguido seu próprio quarto, Klaus e Elijah viajaram até Hemlock Grove, na Pensilvânia e convenceram Olivia Godfrey que o melhor para segurança do menino era viver com eles definitivamente.

Olivia inicialmente protestou contra a ideia, mas acabou aceitando. E para felicidade da duplinha, Klaus voltou para o Texas com um documento dando a ele a tutela temporária de Roman Godfrey. A presença definitiva do jovem no complexo fez surgir vários burburinhos sobre a possibilidade de que Roman fosse na verdade filho de Elijah, outros diziam que o menino era filho de Kol. Alguns chegaram a especular que Roman na verdade era filho de Mikael, por isso não carregava o sobrenome da família. Nenhuma das fofocas eram negadas, Dante e Roman costumavam confirmar e até alimentar todas as teorias. Certa vez, Dante contou para as crianças que Roman era filho de uma Harpia e estava lá escolhendo crianças para alimentar a mãe, Klaus foi chamado no dia seguinte e os meninos levaram advertência por causarem pânico entre as crianças.

Dante e Roman cresceram, aos quinze anos já haviam atingido a altura de 1,80 e aos dezessete, já haviam ultrapassado Richard e herdado todos os hábitos ruins da família, incluindo cigarros, whisky, cerveja e tequila. Os jovens também ampliaram o antigo estúdio de Klaus no Jacknife Jed’s e transformaram em seu refúgio particular, onde passavam a maior parte do tempo jogando vídeo game, pintando, lendo, assistindo filmes, tocando, ou no bar, bebendo e jogando sinuca. Seth chamava o lugar de ‘A Caverna’.

“Querido, estou em casa!” Roman jogou as chaves no aparador assim que entrou. Dante estava engatinhando sobre um monte de páginas de revistas espalhadas pelo chão. Se Jogou no sofá, pegou uma das revistas e abriu um poster. “Porque nosso tapete está parecendo uma exposição pornográfica?”

“Não é porno, é… nu artístico.” Dante respondeu abrindo outra revista.

“Você não está pensando em fazer isso de novo, não é? Você não serve para isso, a última vez que você tentou pintar pessoas nuas passou mais tempo transando com a modelo que pintando alguma coisa.” Roman reclamou.

“Não, eu desisti, por enquanto, gosto mais de abstrato, estou só analisando as cores…” Explicou arrancando um pedaço da página. “Você me deixou sozinho ontem a noite, naquela festa de irmandade horrorosa que você foi o convidado.”

“Você estava conversando com aquele francês…” Roman pegou a garrafa de tequila ao lado do sofá, bebendo no gargalo e roubou o cigarro dos lábios do amigo. “O cara era um gato.”

“Nem tudo que é bonito é bom pra comer…” Dante rasgou outro pedaço de página. “Eu não gostei muito do perfume dele, mas você sabe disso, só achou algo melhor pra fazer, eu te conheço, morceguinho.”

“Tudo bem, eu confesso, conheci um cara…” Bebeu mais um gole da tequila. “Um lobisomem, mas acho que é de um tipo diferente do seu.” Dante pegou o cigarro da boca de Roman de volta e o tragou. “Nós tivemos um sexo louco atrás de uma moita perto da festa.” Dante ergueu a sobrancelha.

“Atrás de uma moita? Cara… De uma moita?”

“Ah, cara… Ele tinha um olhar profundo e irresistível pra caralho. Os cabelos rebeldes, me lembra o seu cabelo quando criança, só que escuros. A barba rala, aquela boquinha deliciosa e um estilo meio desleixado, acho que é cigano.” Roman agarrou a almofada e caiu no sofá com um suspiro sonhador. “Tinha algo nele que me prendia, me chamava, uma magia cigana, acho que eu tô apaixonado!”

“Ok, Romeu, como é o nome da sua Julieta?”

“Credo, Romeu e Julieta não, eles não duram uma semana e todo mundo morre…” Roman fez uma careta. “E… Caralho, esqueci de perguntar o nome dele.”

“Liga pra ele e descobre.” Dante falou simplista.

“Eu não peguei o número dele.” Roman se deu conta de que não sabia nada sobre seu affair.

“Você é o pior apaixonado que eu já vi, tem, pelo menos, alguma coisa pra um feitiço de localização? E não, a porra não.” O Mikaelson balançou a cabeça pegando o caderno de desenho e um lápis. “Me dê mais alguma pista, morceguinho, algo melhor que olhos de lince e cabelos revoltos pela brisa da manhã. Me dê as características e eu coloco o Cartel todo atrás desse cara pra você, ergo até uma torre pra você prender ele.” Roman o dispensou com a mão.

“Tsk… Tinha algo estranho com ele, Dante, eu senti uma raiva emanando dele, não era direcionada a nada específico, mas tinha momentos em ele parecia perder o controle da besta dentro dele.”

“Acha que ele pode ser perigoso?” Dante perguntou alarmado. “Acha que seu namoradinho da moita pode ser o lobo feral que papai está caçando?”

“Eu não sei.”

“Cara, eu realmente espero que não, porque papai está furioso, tentaram culpar ele por essas merdas e agora ele está doido para fazer tapete de lobo branco.” Dante se levantou juntando os pedaços rasgados das revistas e separando. “Você tem três dias pra descobrir isso.”

“Três dias? Por que três dias?” Roman amassou a bituca de cigarro e começou a juntar as revistas do chão.

“É lua cheia, se esse lobisomem feral ainda estiver no nosso território, será o melhor momento pra pegá-lo. Então, meu amigo, é bom você encontrar o seu namoradinho da moita antes disso ou você vai ficar viúvo.”

“Ok, entendi, só pare de chamar ele assim.” Empurrou as revistas no peito do amigo.

“Claro, vou chamar ele pelo nome… Ah, esqueci, você não perguntou.” Zombou do amigo.

“Vai tomar banho a gente tem prova de biologia hoje.” Resmungou.

“Prova de biologia? Você estudou isso?” Roman assentiu. “Graças aos deuses, me lembre de te morder antes da prova.”

“Porque você não estuda como um ser humano normal?” Perguntou rindo.

“Querido, nem humano eu sou…” Dante riu caminhando até a porta. “Está esperando que eu seja normal?”

Roman estava encostado na mureta da entrada do Instituto Comunitário Henrik Mikaelson, fumando e falando com Dante sobre os corpos despedaçados que Elijah estava rastreando quando viu seu interesse amoroso chegando, os dois se encararam por alguns segundos antes que Roman puxasse Dante.

“É ele… O cigano da noite passada.” Dante podia ver perfeitamente a escuridão e a dor do novo aluno, ele viu o sangue escorrendo de seus olhos e o lobo branco raivoso rosnando para ele.

“Vargulf… Acho que seu namoradinho da moita é um Vargulf.” Dante falou sem tirar os olhos do jovem cigano e depois para seu melhor amigo, o garoto Mikaelson Gecko conhecia as histórias de finais tristes. Roman jogou o cigarro e puxou o amigo.

“Vamos descobrir o que está acontecendo.” Agarrou a gola da jaqueta de Dante puxando-o consigo, seguindo o garoto novo, observando-o à distância.

“Nós temos que ir pra aula, morceguinho, depois você continua sua missão de espionagem.” Dante resmungou se lembrando da prova. “Ele está no colégio, deve ter aula também.”

Para surpresa da dupla, o jovem cigano entrou pela porta de sua sala de aula, com seu sorriso ladino que se desfez quando seus olhos cruzaram com os des Roman.

“Você pode se apresentar, meu jovem.” A professora de biologia sorriu acolhedor.

“Eu sou Peter Rumancek, da Pensilvânia…” Peter falou a contra gosto. “Estou de passagem.”

Roman passou todas as aulas encarando o cigano por baixo dos olhos enquanto Peter olhava para o quadro fingindo prestar atenção, fugindo do olhar insistente de seu caso de uma noite. O lobisomem cigano estava em uma missão, a única que realmente importava, destroçar o cara que matou sua amada prima Destiny, antes de perder completamente a sanidade, não importava o quão intrigado ele estava com o homem com quem tinha ficado na noite anterior.

Dante observou a dinâmica em silêncio, o cigano estava mergulhado em dor e escuridão sob os olhos brilhantes de seu melhor amigo, Roman jogou um bilhete para Peter que o leu, amassou e jogou na lixeira.

“Ele jogou meu coração no lixo.” Roman choramingou na cabeça de Dante, fazendo beicinho para o tribrido. “Tô apaixonado!”

“Pai, preciso de ajuda…” Dante falou entrando no escritório de Richard, Klaus ergueu a cabeça do caderno de desenho esperando para ouvir o problema. “Acho que Roman pode estar apaixonado… De verdade.”

“Dante, eu não acho que eu seja a melhor pessoa pra dar conselhos amorosos…” Richard respondeu rindo. “Porque não procura seu tio Elijah?”

“Pai, eu te amo, mas vocês dois seriam as minhas últimas opções se esse fosse o problema.” Dante apertou os lábios. “Acho que esse cara pode ser um Vargulf.” Klaus derrubou o lápis.

“Você acha que ele pode ser o assassino? Lobinho, isso não é nada bom, se esse garoto for mesmo um Vargulf, seu destino é um só, a morte.” Klaus falou com peso no coração. “Se eu não o matar, a sua própria loucura vai.”

“Eu sei…” Dante se sentou ao lado de Klaus e Richard se reuniu com eles. “Por isso preciso de vocês… Preciso que me ajudem a salvar o cara, ele está sofrendo. Eu sei que pode ser só uma paixonite do Roman, mas esse tal, Peter tem uma alma boa.”

“Onde está Roman agora?” Klaus perguntou.

“Ele está dando uma de ‘atração fatal’ e stalkeando o lobisomem dele…” Dante respondeu. “Logo vai ser lua cheia, mas se Peter se transformar novamente, pode ser a última vez.”

“Qual o nome dele?” Richard perguntou.

“Peter Rumancek, ele é um cigano da Pensilvânia, talvez Olivia Godfrey saiba alguma coisa sobre eles.”

“Vou ligar para ela e perguntar…” Klaus balançou a cabeça. “Você tem alguma ideia de como podemos ajudar?”

“Não, mas nós precisamos de um plano de contenção caso ele se transforme novamente e para isso eu preciso de um lobisomem alfa, ou seja, preciso de você, papai, é mais velho, mais forte e mais rápido que um Vargulf.” Dante explicou e Klaus arqueou a sobrancelha.

“Você também é um lobo alfa.”

“Mas você é um lobo mais forte e muito mais experiente que eu.” Dante olhou para Richard. “Temos que encontrar um feitiço para estabilizar a sanidade dele.”

“Você não acha que é muito esforço por alguém que você acabou de conhecer?” Klaus enrugou a testa.

“Ah, na verdade, eu não conheci, Roman ficou com ele e disse que estava apaixonado. Como um bom amigo, é meu dever ajudar. Mesmo achando precipitado. E além disso, Roman ficaria chateado se eu atirasse primeiro e perguntasse depois.” Deu de ombros.

“Eu vou procurar nos grimórios, mas avise Roman que esse território só tem espaço pra um lobo mentalmente instável…” Klaus encarou Richard. “E a vaga já está preenchida, se o namorado dele ferir nosso povo…”

“Roman sabe que não queremos outro gato mijando na nossa caixa de areia. É a caixa de areia dele também, afinal.”

Peter Rumancek veio até o Texas seguindo os rastros do assassino de Destiny. Ele não era do tipo que dormia com alguém sem ao menos saber seu nome, mas Peter não tinha mais nada a perder, sacrificou sua vida e seu lobo por uma vingança e agora era tarde demais, mais uma transformação e estará perdido para sempre. Ele estava vivendo em função dessa vingança e não pensou que ceder aos seus desejos pelo lindo e alto upir causaria tantos problemas. Agora, ele tinha um upir o seguindo por todos os lugares e seu companheiro, um lobo alfa ciente de sua presença em seu território.

Roman observou o garoto cigano a tarde inteira, entrando e saindo de lojas, roubando algumas, o que Roman achou bem divertido de assistir. A grande questão era que alguns lugares que Peter passou era onde a polícia havia encontrado algumas das vítimas do lobo branco, ou o túmulo como era o caso naquele momento.

“Você é o Vargulf que matou esse cara, não é?” Roman perguntou parado atrás de Peter.

“Você sempre persegue as pessoas com quem dorme ou eu devo me considerar azarado?” Peter perguntou sem se virar para olhar o upir.

“Na verdade, acho que você deveria me considerar um anjo da guarda, sabia? Um lobo branco está trazendo um rastro de morte para o nosso território e isso chama muita atenção, Peter.” Roman acendeu um cigarro e entregou para o lobo.

“Eu não vou ficar por muito tempo, Upir. Você não precisa me perseguir como um cão faminto.” O lobo resmungou. “Não pense que eu não sinto a culpa pelas vidas inocentes que eu tirei na minha forma lupina…” Peter apertou os olhos para controlar os impulsos agressivos. “Eu só preciso encontrar o último caçador e então, seu namorado lobo pode cobrar minha vida, não vou lutar. Juro pela minha honra de cigano.” Roman soltou uma risada engasgada.

“Dante não é meu namorado, é meu melhor amigo, e acredite não é com ele que você precisa se preocupar, é com o pai dele, Klaus Mikaelson, o híbrido, e acredite, gostosura, nenhuma honra cigana merece cair nas garras do tio Klaus.” Peter o olhou de soslaio.

“A morte não é realmente um problema, eu costumo sonhar, ver o que vai acontecer antes que aconteça. Eu já sabia que eu morreria aqui.” Peter deu de ombros aceitando o cigarro de Roman. “Que se foda!”

“Então, por que você está nessa cruzada suicida?”

“Alguns malditos caçadores capturaram e mataram minha prima Destiny porque queriam me encontrar. Ela era como uma irmã para mim. Agora, eu estou caçando.” Contou, não havia motivos para esconder ou mentir.

“Uau, não pensei que ia contar tão fácil.” Sorriu.

“Você já me viu nu.”

“E gostei muito do que vi… Como sabia que eu estava te seguindo? Eu não sou um perseguidor tão descuidado.” Roman se sentou no túmulo. “Ah, que pergunta idiota, você é um lobo.”

“É possível conhecer uma vida toda pelo cheiro. Por exemplo, você cheira ao seu amigo e seu amigo cheira a você.” O lobo comentou. “Diga ao seu amigo lobo que eu preciso de, pelo menos, dois dias até resolver as coisas, depois eu vou aceitar a punição.” Roman ficou irritado com a forma apática com que o lobo falou sobre seu destino, o agarrou pela gola da jaqueta e o empurrou contra o muro.

“Você é muito rápido em fingir aceitar a morte, Peter, mas você não quer morrer.” Falou com o rosto próximo, mesmo com o rosnado do lobo. “Você se matriculou no colégio, isso significa alguma coisa.”

“Esperança é para os tolos, Upir…” Peter rosnou.

“Você quer morrer, Vargulf?” Roman perguntou raivoso. “RESPONDA!” Peter não respondeu porque não tinha coragem de dizer em voz alta o que sabia que não iria acontecer. “RESPONDA… VOCÊ… QUER… MORRER?”

“NÃO!” Peter empurrou Roman e deu um soco em sua boca.

“Isso... É isso que eu queria ouvir.” Roman riu lambendo o sangue dos lábios e atacou o lobo novamente, desta vez beijando sua boca. “Eu vou te salvar, Peter Rumancek. A única loucura que vai te consumir, é a minha!” Peter fechou os olhos quando Roman mordeu seu pescoço com seus dentes humanos.

Chapter 43: BLOOD SOCIETY: VARGULF

Summary:

Olá, a introdução dos personagens é resumida então não esperem nada muito detalhado.

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Boa leitura!

“Dante… Dante…” Roman abriu a porta do quarto do amigo em um rompante. “Preciso de ajuda… DANTE!” O grito despertou o garoto assustado e uma lâmina sobrenatural voou na direção do Upir que conseguiu desviar. “Nós temos regras nesta casa, mocinho, e a mais importante é: não matar o seu morceguinho!” Reclamou vendo a lâmina de desmaterializar.

“Você sabe que minha magia é autônoma e me protege quando estou inconsciente.” Bocejou e apertou os olhos algumas vezes para desembaçar a visão. “Por que está gritando às duas da madrugada?” Roman se jogou na cama ao lado do amigo.

“Preciso da sua ajuda, meu raio de sol xibalbano…” Dante ergueu a sobrancelha. “Preciso da porra do meu super bruxo, preciso que me ajude a salvar o Peter.”

“E o que eu ganho com isso?” Dante perguntou sério deixando Roman atordoado, seu amigo nunca te pediu nada em troca antes.

“Como é?”

“O que eu ganho em troca? Aquele cigano está roubando meu melhor amigo, se quiser que o salve, ele vai ter que pagar pelo meu serviço.” Dante deu de ombros. “Eu sou um tribrido, um bruxo xibalbano Original, meus serviços são especiais.”

“O que você quer?” Roman suspirou e perguntou irritado.

“O anel que ele usa no dedo médio da mão esquerda.” Roman encarou o amigo, se perguntando em que momento ele viu esse anel que nem Roman percebeu.

“Ele não vai me dar o anel dele…” Dante apertou os lábios para conter o riso. “Ok, essa frase ficou ridícula, mas ele não vai me dar o objeto de qualquer jeito.”

“Roube!”

“Quer que eu roube o anel dele?” Roman inclinou a cabeça para frente.

“E daí? Ele é um cigano… E ciganos são ciganos, eles roubam os aneis de seus dedos e o amor do seu coração. Não é essa a frase?” Dante se ajeitou na cama. “Ele já tem o amor do seu coração, roube o anel.” O Upir suspirou. “Pare de choramingar, a gente aprendeu a abrir um cofre, um anel é moleza.”

“Tudo bem, eu vou pegar.”

“Ótimo, o pai e eu, encontramos um jeito, mas é complicado e tem duas etapas, a primeira é temporária e vai exigir que você use esses seus enormes e lindos olhos azuis, de preferência marejados, para convencer o papai…” Roman se sentou prestando toda a atenção do mundo ao amigo. “E como eu disse é uma solução temporária.”

“Espera, volte alguns frames, quando você e o tio Richie encontraram um jeito?”

“Enquanto você estava por aí brincando de Michael Myers perseguindo o seu namoradinho e pelo cheiro transando com ele atrás de alguma moita.” Dante revirou os olhos.

“Só pra constar, não foi em uma moita, foi no muro do cemitério…” Roman deu um sorriso empolgado. “Me conte o plano.”

“Tudo bem, é um feitiço de ligação e ancoragem, uma junção e adaptação do feitiço conectivo e um feitiço de âncora que usei quando era criança para sustentar a vida do tio Elijah, mas no caso do Peter precisamos sustentar sua sanidade. Nós precisamos ligar Peter a alguém ou alguma coisa que vai ajudar a estabilizá-lo mentalmente e fisicamente…”

“Ligue a mim. Eu posso fazer isso.” Dante deu um sorriso malicioso olhando o amigo por baixo.

“Eu sabia que você iria se oferecer, mas não vai acontecer, não até você completar vinte e se tornar um Upir completo porque nós temos um acordo testemunhado por meus pais, lembra?” O tribrido apontou.

“Eu sei, mas o que faremos então?”

“Eu vou criar um objeto negro, que vai ancorar temporariamente e indiretamente a sanidade e o lobo dele a um poderoso lobo alfa, mas para isso, meu morceguinho, você vai ter convencer o papai a ser a ancora.” O jovem Mikaelson comunicou e Roman estreitou os olhos.

“Dante, você sabe que eu te amo e confio na sua capacidade, mas você quer ligar a sanidade do Peter ao tio Klaus? Você está usando sanidade e Klaus na mesma sentença?” O queixo de Roman caiu e Dante estreitou os olhos com um sorriso zombeteiro.

“Uou, papai vai adorar ouvir isso.”

“O que? Não, eu só estava brincando, meu raio de sol.” O Upir falou exasperado. Dante pegou um papel dobrado na gaveta de cabeceira e entregou para o amigo. “Você tem até amanhã para me trazer todos estes itens incluindo o anel do seu namorado e convencer o papai a ser a âncora temporária dele. Depois de amanhã, eu quero você, o seu namorado e o papai no barracão que está vazio, antes da meia noite… Compreendes, mi chulo?”

“Tudo isso?” Franziu o cenho.

“Foi você que se apaixonou por um lunático vingativo, mi amor…” Dante deu de ombros voltando a se deitar, Roman caiu a seu lado, puxou o travesseiro e o abraçou, se enrolando na cama. “O que está fazendo?”

“Vou dormir por aqui mesmo, estou cansado demais para andar mais passos que isso.” Resmungou tirando os sapatos com os pés. “Sabe, se tio Richie fosse um bruxo, seria o melhor de todos.”

“Com certeza… Bem, espero que tenha tomado banho, você não é um cara de academia e imagino que foder um lobo em pé no muro de um cemitério foi exercício demais para um dia…” O tribrido riu. “Sério, cara, numa moita, no muro do cemitério, tenho medo de saber qual vai ser seu próximo ato de amor verdadeiro.”

“Você que é um filhinho de papai maníaco por limpeza.” Roman zombou.

“Gostar de lugares limpos não é um defeito, sabia? E você também é um filhinho de papai, nós fomos criados iguais, morceguinho.” Dante jogou o travesseiro no amigo.

Roman conseguiu o anel de Peter mais rápido do que pensou que seria possível, o lobo ficava tão imerso no prazer durante o sexo que nem se dava conta do que acontecia ao seu redor, não foi tão dificil para ele conseguir os ingredientes da lista de Dante já que muitas coisas o garoto já havia encomendado.

A grande dificuldade foi convencer Klaus Mikaelson a fazer parte do feitiço já que o híbrido estava furioso por terem duvidado de sua inocência no caso das mortes provocadas pelo Vargulf. Dante e Richard só observavam e não disseram nenhuma palavra em seu apoio. Klaus estava irredutível, então o Upir precisou jogar sujo e fazer a pergunta certa: ‘E se fosse o tio Richie?’. Ele sabia que não era muito coerente comparar um relacionamento de três dias a um relacionamento de quase dezoito anos, mas funcionou e isso bastava.

Peter não estava convencido que o amigo de Roman, com quem nunca trocou uma única palavra, fosse capaz de salvá-lo. Ele sabia que não deveria depositar sua confiança em um cara que mal conhecia só porque transava com ele, porém a esperança de salvação estava sendo maior que sua racionalidade, o que não era difícil considerando que ela estava por um fio.

Ele estava gostando um pouco demais de ficar com Roman, mesmo ele tendo roubado seu anel. Peter se sentia mais calmo quando estava com o Upir, talvez esse fosse o motivo de não tê-lo afastado ainda.

“O céu é meu teto; a terra é minha pátria e a liberdade é minha religião", esse era o lema de seu povo, Peter foi criado pelos ventos da liberdade e saber que a única forma de sobreviver seria estar preso a outra pessoa quase o fez pensar que a morte ou a insanidade não era tão ruim quanto parecia, porém Roman lhe garantiu que a ligação não iria interferir em sua vida. Peter também investigou o lobo alfa que iria ancorar seu lobo e sua sanidade, o homem era uma lenda, um híbrido milenar famoso, conhecido por alguns como ‘O Grande Mal’, não apenas isso, Klaus era descendente de Fenrir e pai do melhor amigo de Roman. Isso fez o lobo cigano acreditar que poderia ter um futuro, o problema era que naquela noite seria lua cheia e ele não tinha certeza se conseguiria segurar sua transformação até o momento do ritual.

Quando Roman chegou no trailer para buscar Peter, foi recebido por um par de olhos amarelos brilhantes e raivosos, o lobo estava tomando o controle e Peter não podia fazer nada para impedir. O Upir preocupado forçou a entrada e invadiu a sala, tentou argumentar inutilmente enquanto o outro rosnava, em segundos um enorme lobo branco e raivoso eclodiu do corpo de Peter e atacou o Upir com ferocidade. Um vargulf era maior e mais monstruoso que um lobo regular e Godfrey ainda não era forte o suficiente para enfrentá-lo, então se esforçou para se defender e não ferir Peter no processo, já que sua tentativa de hipnotizá-lo não funcionou.

“Cuetlaxihuini!” Dante recitou e o lobo pesado desabou inconsciente sobre Roman. “Vai ter que carregar seu namorado até o altar, morceguinho.”

“Acho que você vai ter que carregar o noivo pra mim…” Roman resmungou tentando empurrar o Vargulf de cima dele, Dante revirou os olhos, agarrou o corpanzil do lobo e jogou nos ombros. “Meus deuses, eu te amo, obrigado.” Roman conseguiu respirar novamente.

“Sua sorte que eu estava com a caminhonete…” O tribrido saiu apressado e jogou o lobo desmaiado na carroceria. “Temos que ir.”

“Hey, tenha cuidado.”

“Mi amor, o seu lobo tentou matar meu melhor amigo, ele tem sorte de eu não jogar ele no Xibalba.” Reclamou abrindo a porta do motorista.

“Não foi culpa dele…” Defendeu.

“E esse é o único motivo pra eu deixá-lo vivo.” Dante não gostava da ideia de alguém ferir as poucas pessoas com as quais ele se importava. Para ele, todos eram inimigos antes de se tornarem amigos ou aliados. “Está tudo pronto, até meus pais estão lá, eu esperava que ele estivesse na forma humana, mas como ele se tornou um Vargulf completo, papai vai precisar tirar Peter de dentro do lobo.”

“Está brincando?” Dante não respondeu.

Peter foi colocado na frente de Klaus no centro de um círculo feito de pólvora, prata e sal, Dante explicou ao pai o que ele deveria fazer quando o ritual começasse e orientou Richard a segurar Roman, caso o jovem se apavorasse e tentasse interferir. No ápice da lua cheia, o Vargulf foi despertado, a fera enraivecida tentou sair do círculo mágico, atacar Klaus e todos ao redor enquanto Dante recitava feitiço, Klaus rosnou com sua face híbrida encarando os olhos do lobo que, mesmo insano, se retraiu na presença de um monstro mais poderoso.

O híbrido se aproximou e segurou firme a mandíbula do lobo, a escancarando, para desespero de Roman, Klaus rasgou a boca do lobo, enfiou a mão dentro da garganta, agarrou o pulso de Peter, que estava preso dentro da fera, e começou a puxá-lo até que o jovem cigano estava inteiro fora da carcaça do Vargulf.

O círculo ao redor entrou em combustão formando uma barreira de fogo, Klaus pegou o anel encantado do bolso e colocou no dedo médio de Peter, nesse instante uma ligação se construiu e o anel era uma representação física da ancoragem de Klaus. Peter nunca deixaria de ser um Vargulf e seu lobo nunca seria completamente estável, mas ele poderia ter o controle da transformação e de sua mente novamente, e seu lobo não estava restrito às transformações na lua cheia. Richard soltou Roman, o jovem tirou o casaco e cobriu o corpo nu de Peter.

“Está feito, morceguinho, seu namorado vai ficar bem, só não sei se vai querer ficar com você agora que ele deixou de ser um maluco.” Dante brincou.

“É só isso?” Klaus e Roman perguntaram juntos.

“Eu não senti nada de diferente.” Klaus comentou olhando para o próprio corpo. Richard riu e puxou o marido para perto dele.

“A única ligação relevante e que provoca algum efeito em você, é comigo.” Beijou a bochecha do marido. “Não se preocupe.”

“Nem um raio de luz sinistro invadindo e ligando os corpos?” Roman perguntou decepcionado.

“Você andou lendo as HQs da Marvel de novo?” Dante balançou a cabeça. “Eu não sou o Daimon Hellstrom, cara… Pegue seu namoradinho do cemitério e vamos embora.”

“Cemitério? Não era uma moita?” Richard franziu a testa.

“Moita, muro do cemitério, escada de incêndio do colégio, almoxarifado…”

“Dante, cala a boquinha.” Roman falou ruborizado segurando Peter, inconsciente.

Peter acordou desnorteado, em um quarto desconhecido, em uma cama desconhecida, as únicas coisas que Peter conhecia muito bem era o cheiro do Upir que estava por toda parte e a fome alucinante que rasgava seu estômago. Ele caminhou arrastado e descalço até a porta, tropeçando nos próprios pés, andou através dos corredores seguindo o perfume de Roman até a cozinha da casa desconhecida, ignorando as presenças de Dante, Roman e Klaus, abriu a geladeira e pegou um grande pedaço sangrento de carne, dando um suspiro de prazer ao rasgar a carne com os dentes humanos. Dante olha entre Peter e Roman que tentava segurar o riso enquanto Klaus olhou para fora da porta e depois para o trio.

“Eu não me importo que seu namorado fique por aqui, Roman, mas certifique-se que ele esteja vestido.” Roman riu, mas se arrependeu imediatamente, a frase poderia ser traduzida como: certifique-se de que seu namorado não apareça assim na frente do meu marido e eu não arranco o coração dele pela garganta.

“Sim, senhor.” Respondeu com uma expressão séria. Peter devorou o pedaço de carne antes de prestar atenção no entorno.

“Desculpa a falta de educação, eu estava faminto…” Olhou para Dante. “Eu sou Peter Rumancek.” Ofereceu a mão suja, que foi aceita com uma careta de nojo tanto por Dante quanto por Klaus. Roman não podia negar que a expressão de pai e filho era impagável, os dois eram maníacos por limpeza na maior parte do tempo.

“Hã, eu sou Dante…” O tribrido pegou o guardanapo e limpou a mão suja. “E aquele é meu pai, Klaus Mikaelson.” Apontou.

“Bem vindo ao Complexo Mikaelson Gecko…” Klaus apertou a mão do lobo com um pouco mais de força. “Fique o quanto quiser…” Sorriu gentil. “Se magoar Roman eu vou comer seu coração.”

“Ah, certo, não posso garantir isso, eu ainda pretendo caçar o último dos homens que matou minha prima.” Peter falou flexionando os dedos doloridos.

“Obstinação e proteção pela família, eu valorizo isso…” Klaus assentiu. “Roman porque não leva seu namorado para conhecer nosso porão?”

“Levar pra onde?” Peter perguntou preocupado e Dante riu.

“Para entregar o seu presente de ‘feliz dia da sanidade de volta’.” Dante respondeu.

“Coloque uma roupa antes!” Klaus ordenou.

“Sabe, você pode ficar por aqui o tempo que você quiser, é bem vindo, eu garanto.” Roman comentou enquanto desciam as escadas.

“Sério? Por que Klaus não pareceu gostar muito da minha presença.” O Upir riu.

“Tio Klaus é muito legal, eu garanto isso também, só siga as regras e vai dar tudo certo.”

“E que regras são essas?”

“Use roupas dentro do complexo e quando for apresentado ao tio Richie, marido dele, chame de senhor Mikaelson ou Lorde Mikaelson, tio Klaus é bem territorialista. Agora, na caverna você pode andar até pelado se quiser.” Roman explicou.

“Seu amigo não fica lá também?” Enrugou a testa.

“Sim, mas nós nos respeitamos, eu não estou dizendo para você desfilar pelado, estou dizendo que você pode fazer o que quiser, inclusive andar pelado, Dante não se importa e você não precisa se preocupar…Você não é o tipo dele.” Peter era um lobo de espírito livre, a nudez não o incomodava, nem a sua própria nem a de outros.

“Ok, não sei se me sinto aliviado ou ofendido.” Peter deu de ombros. “Por que eu não sou o tipo dele?”

“Dante gosta das ‘almas sombrias’.” O Upir comentou. “Somos melhores amigos, afinal. Você toca algum instrumento? Nós pretendemos montar uma banda futuramente, vai se chamar Blood Society.”

“Eu sei tocar bateria.” Peter comentou quase pisando em falso. “Não sou nenhum Dave Grohl, mas dá pro gasto.”

“Bateria? Agressivo, gosto disso.” Peter ficou sem palavras ao descobrir o último caçador preso em uma cela úmida e escura. Roman apontou para a porta e sorriu. “Ele é todo seu, querido!”

“Obrigado, Roman Godfrey.” Peter deu um beijo no Upir, se virou para o caçador com os olhos amarelos e atacou.

Chapter 44: BLOOD SOCIETY: DORIAN GRAY

Summary:

Olá, a postagem dos capítulos está um pouco mais lenta porque nossa casa está em reforma, estamos ficando na casa de parentes, o que está atrapalhando um pouco a minha rotina.

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Boa leitura!

2 anos depois…

Dante completou dezenove anos e como sempre acontecia, ganhava muitos presentes da família, sendo os presentes de Kol os mais originais. Desta vez, o vampiro preparou um tour pelos lugares mais estranhos considerados assombrados, em sua maioria cemitérios, era apaixonado por arte tumular ou simplesmente perigosos, como o Jardim de Alnwick ou Jardim Venenoso, na Inglaterra. O jovem não era o maior fã do país, mas gostava de turismo bizarro e Kol sabia disso.

Mesmo que amasse seus tios, Kol era seu favorito, era o que melhor o entendia depois de seus pais. O problema era que a viagem deveria durar duas semanas, mas Dante já havia visitado quase todos os lugares e até conhecido uma entidade que vivia nos arredores do cemitério de animais no Hyde Park. A única visita que faltava era o jardim venenoso de Alnwick, que ele esperava ser mais divertido que o resto já que Roman não pode viajar com ele porque precisou visitar a mãe e não havia encontrado ninguém interessante o suficiente durante a viagem, o que significava que Dante estava ficando muito entediado.

Dante estava sentado no banco de trás do conversível que havia alugado, conversando mentalmente com Roman enquanto observava os transeuntes que entravam no jardim, ele estava esperando o movimento diminuir para poder contemplar as flores e até se aventurar em tocá-las sem ser repreendido.

“Você deveria ter vindo comigo, estou sentindo sua falta, morceguinho.” Dante reclamou em voz alta chamando atenção de algumas senhoras que começaram a cochichar sobre um jovem tão bonito estar insano.

“Não seja dramático, você não está sentindo minha falta, você só não encontrou alguém interessante para brincar.” Roman riu. “Aposto que, assim que você encontrar, não vou ouvir falar de você até o fim dessa viagem.”

“Uau, você acha que eu te trocaria por um rosto bonito, meu morceguinho?” Dante perguntou, indignado.

“Não… Não definitivamente, pelo menos.”

“Eu me sinto tão entedia… Dioses del xibalba…” Dante comentou ao ver um homem virar a esquina desfilando em direção aos portões. “Falamos mais tarde, mi chulo, acabo de ver algo interessante.”

“Eu sabia que…” Cortou a conexão sem esperar Roman terminar a frase.

Dante olhou fixamente para o homem já próximos aos portões, elegante e belo como se tivesse saído do século passado, aquele homem não possuía uma alma e a escuridão que emanava de seu corpo como uma aura escura e antiga, atraiu Dante para ele. Os olhares se cruzaram quando o homem estava entrando pelos portões de ferro.

Se o jovem Mikaelson Gecko fosse alguém comum ou não fosse um bruxo tão poderoso, teria tido muitos problemas por causa de sua atração pela obscuridade. Essa atração já lhe trouxe muitos inimigos e também alguns bons amigos como Roman. E agora o estava atraindo para um desalmado que ele viu a distância.

Dorian Gray estava entediado, apesar de suas inúmeras viagens e diversões, estava cansado, ao contrário do que muitas pessoas acreditavam, por causa do livro que seu amigo Oscar escreveu a seu respeito, ele tinha pouco mais de quinhentos anos, nem tudo que foi descrito no livro era verdade, ele estar vivo já era uma amostra disso. Dorian realmente fez um pacto aos vinte anos, mas não foi Basil quem pintou o quadro amaldiçoado, foi um artista de rua desconhecido, em 1500, quando viajou para Florença. Foi nesta rua, em frente ao quadro finalizado, que conheceu Lúcifer com quem fizera o pacto.

Quinhentos anos depois, Dorian ainda residia em sua enorme casa em Londres, repleta de obras de arte e tédio, conheceu muitas pessoas interessantes ao longo de sua vida, as melhores e as piores, seduziu e foi seduzido por elas, amou cada uma delas a seu modo. Dorian, às vezes, sentia-se nostálgico e apesar de gosto pela modernidade, ainda era um homem de seu tempo, acreditava que o mundo estava perdendo o mistério, o charme, o encanto. Por isso era visto frequentemente no Jardim Venenoso, a beleza e o perigo das flores lhe traziam um pouco do perfume sedutor que sempre o encantou.

Dante caminhou pelo jardim em busca de seu alvo, passou por alguns pais tentando impedir os filhos de tocarem em algumas plantas, casais caminhando de mãos dadas como se estivessem contemplando o paraíso, o que de fato parecia, um paraíso mortal. Não demorou para que encontrasse o homem tocando suavemente as pétalas de uma flor vermelha, da qual aspirava o aroma, parecendo alheio ao lobo à espreita, alheio a serpente que rastejava em sua direção, até que um sorriso predatório brotou nos lábios do homem.

“Gosta do que vê?” Dorian perguntou sem olhar para o jovem. “Me refiro à flor.”

“Eu gosto muito, é uma flor belíssima, com certeza.” Respondeu analisando o homem de cima a baixo. “Sou Dante.” Se apresentou oferecendo a mão.

“Dorian… Dorian Gray, tem interesse por botânica, Dante?” Perguntou com um leve sorriso no canto dos lábios.

“Nunca pensei sobre isso? Talvez, as plantas perigosas.” Dante respondeu sem mencionar o nome peculiar do homem.

“Então, deixe-me mostrar algo extraordinário…” Dorian analisou o rosto bonito de Dante. “Eu gosto de ver algo extraordinário todos os dias.” Gray guiou Dante até uma linda flor falando sobre a dualidade das flores e a sua fascinação por elas. “Elas escondem sua profundidade.”

“Uma Atropa Belladonna? Uma boa escolha, letal.” Dante tocou as pétalas e sorriu. “Ela também esconde sua profundidade, como você, mas eu não te consideraria uma planta venenosa.”

“Não?”

“Seus olhos me dizem que uma planta carnívora se encaixa melhor.” Dante provoca com um sorriso malicioso. “Igualmente sedutor e letal.”

“Nunca fizeram tal comparação, mas você não é diferente, eu posso sentir, é como esse jardim, uma víbora sob a rosa, tão atraente e luxuriante, porém há algo sombrio por dentro, esperando.” Ambos voltaram a caminhar por entre as flores. “Venenoso como todas as coisas bonitas, eu espero.”

“Você está certo, eu sou uma víbora e também sou um lobo, mas não me escondo sob rosas ou peles de cordeiro…” Dante andou ao redor de Dorian, lento e predatório. “Eu sou atraído pela escuridão.” O jovem Mikaelson deslizou os dedos suavemente pelos cabelos castanhos de Dorian que estremeceu. “E você pelo perigo.”

“Eu também sou atraído pela escuridão… Infelizmente, tenho um compromisso agora…” Disse pesaroso. “Gostaria de me acompanhar ao teatro esta noite?”

“Essa é minha primeira viagem independente para este país, apesar da companhia agradável, eu não sou um homem de teatro.” Dante tira um cartão do bolso e coloca nas mãos de Dorian. “Se pensar em algo mais emocionante que deseje fazer, me ligue!”

Dorian Gray gostava de arte e tudo que se relacionava a ela, inclusive o teatro, e mesmo que a peça em cartaz naquela noite fosse algo da qual ele gostava, desistiu de assistir antes mesmo de terminar o primeiro ato. Sentia como se o cartão preto com um pequeno brasão e um número de telefone queimasse em seu bolso, assim como o rosto de Dante parecia gravado dentro de suas pálpebras. Naquela noite ele ligou para Dante e o levou para um tour no submundo inglês. Cassinos, bordeis, clubes de lutas e rinhas, tudo aquilo que ambos consideravam divertidos.

Dante e Dorian tiveram uma ligação instantânea se tornando amigos e amantes aproveitando cada momento juntos. O jovem Mikaelson se hospedou na residência do imortal onde passavam muito tempo entre jogos de azar e pinturas. E confirmando as palavras de Roman, Dante não o incomodou neste tempo. Como naquele exato momento, no dia anterior ao retorno de Dante para casa, os dois estavam animados jogando Poker na sala de Dorian.

“Sabe, mi Sarracenia, strip poker é divertido, mas nós poderíamos deixar isso mais interessante…” Dante propôs com um sorriso torto. “Uma aposta grande.”

“Meu querido, você está propondo uma aposta alta depois de perder quase todas as vezes que jogamos?” Dorian riu animado. “E nesse momento você só tem as botas no corpo.”

“Ah, qual é? Com medo de perder de um pobre homem nú?” Provocou. “Vamos deixar isso interessante, me diga o que você quer, algo grande, um desejo, qualquer um.”

“Eu não consigo pensar em nada no momento, eu sou imortal, não posso adoecer, me ferir, sou rico e bonito, o que alguém como eu poderia desejar mais?” Dorian sorriu.

“Todo mundo tem um desejo escondido no coração, mi chulo, faremos o seguinte. Se você vencer o jogo, eu realizarei qualquer grande desejo que você tenha no futuro, não importa o que seja… Mas… Se eu vencer…” Dorian encarou seus olhos azuis com espanto ao ouvir o fim da sentença. “Me dará seu quadro amaldiçoado.”

“Você está brincando, eu espero, eu já matei pessoas apenas por olhar para ele, acha que eu vou te entregá-lo assim?” Dorian gargalhou.

“Eu posso proteger seu quadro, consequentemente, posso proteger você.” Dante propôs. “Eu te dou minha palavra.”

“E quando você se irritar comigo ou eu desejar te deixar, você o destruirá em retribuição?” Dorian bebeu um gole do absinto. “Não, obrigado.”

“Eu sou amante e defensor da liberdade, amor, eu jamais faria isso com você. Estou te fazendo uma proposta vantajosa, se eu ganhar, você confiará seu quadro amaldiçoado a mim e eu vou protegê-lo. Simples.” Dante sorriu.

“Eu vou pensar sobre isso…” Dorian deixou o copo na mesinha e se sentou no colo do tribrido. “Mais tarde.” O beijou.

Não foi difícil para Dante convencer Dorian a apostar o quadro no poker enquanto estavam na cama, Dorian se convenceu de que poderia ganhar facilmente considerando todas as vezes que o jovem perdeu durante a semana. E foi apostando na inexperiência de Dante com o baralho que Dorian entrou naquela situação.

“Parece que eu acabo de adquirir dois itens raros para minha coleção particular.” Dante comentou brincando com as cartas demonstrando toda sua maestria.

“Você me enganou todo esse tempo?” Dorian perguntou incrédulo. “Perdeu todas aquelas jogadas de propósito?”

“Eu não enganei você, mi sarracenia, nós estávamos jogando strip poker… Tenho certeza que você estava gostando de me ver perder as roupas…” Comentou, Dorian ficou irritado e atacou Dante.

“VOCÊ ME ENGANOU!!!” Segurou a adaga de lâmina fina na direção do tribrido que sorriu. Dante segurou seu pulso e inverteu as posições, aquela foi a primeira que Dorian viu os olhos de serpente.

“Eu sou a víbora sobre a rosa, amor…” Dorian o encarou com um misto de fascínio e medo, era a primeira vez em séculos que ele sentia um medo real que disparava o coração. “Você está seguro comigo.” As presas se projetaram e Dorian soltou um gemido de prazer quando sentiu a picada em seu pescoço.

Chapter 45: ENEMIES OF FATE

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Peter enfiou a pá na terra úmida empurrando até o fundo com o pé, aquela era a segunda cova que ele abria sozinho nas últimas três horas, o lobo estava sujo, faminto e chateado com seus ditos amigos, que o assistiam fazer, literalmente, o trabalho sujo e não se prontificaram em ajudar. Enquanto Dorian brincava, se equilibrando em um tronco de árvore, Dante e Roman dividiram um cigarro. Os três contavam piadas e fofocas, soltando algumas gargalhadas, enquanto ele enterrava corpos.

“O que vocês vieram fazer aqui, afinal de contas?” Perguntou irritado para o trio.

“Amor, você fez a bagunça, você limpa a bagunça. São as regras.” Roman sorriu com ar de deboche.

“Estão fazendo o que aqui então?” Apertou os dedos ao redor do cabo da pá.

“Estou aqui por amor.” Roman respondeu se encostando em uma árvore.

“Eu só vim dar apoio moral, estava entediado.” Dorian deu de ombros. “E continuo entediado, não dá pra ir mais rápido com isso?” Recebeu um rosnado em resposta.

“Eu acabei de comprar esses sapatos, de jeito nenhum, eu vou sujar de terra.” Dante aponta para os pés. “Além disso, você não precisava ter matado esses humanos idiotas… Não valiam a pá que você está usando.”

“Eles invadiram minha casa para roubar e escolheram fazer isso dois dias antes da lua cheia.” Peter enfiou a pá na terra com mais força. “Isso deveria me render alguma ajuda.”

“Você tem um namorado, isso deveria te render alguma ajuda extra.” Dorian comentou e Roman quase engasgou com o punhado de amendoim que havia acabado de colocar na boca. “Se vai ficar amarrado a alguém, deveria exigir vantagens.”

“Pare de choramingar, eu estou morrendo de sede.” Dante resmungou. “Termina logo pra gente voltar para o Jackknife Jed’s.”

“Pois é, eu estou indo o mais rápido que posso.” Voltou a cavar.

“Você é um lobisomem!”

“E você é um vampiro, um tribrido completo, se me ajudasse você poderia estar lambendo tequila no abdômen dele neste momento.” Apontou para Dorian.

“Gosto dessa ideia.” O imortal sorriu.

“Ele tem um ponto.” Roman deu de ombros e Dante suspirou.

Dante fez um sinal com as mãos e a terra tremeu sob os pés de Peter, o jovem lobo saltou para fora da cova rasa vendo a terra se abrir em uma fenda profunda, Dorian empurrou os outros cadáveres com os pés e a cratera se fechou em seguida, tendo engolido todas as evidências. Nenhum dos três se surpreendeu com a intervenção do jovem Mikaelson, ele alcançou o poder total de sua magia xibalbana ao contemplar a morte, já não era mais necessário verbalizar o que precisava, bastava pensar na ação.

O jovem tinha muito mais afinidade com sua magia xibalbana e magia negra do que o tipo de magia atribuída às bruxas Mikaelson, Freya acreditava que essa predileção não estava relacionada apenas com a sua natureza, mas também aos traumas causados por Esther e as bruxas do Quartel que tentaram matá-lo desde que era um feto.

Apesar de se autodenominar um tribrido, Dante na verdade possui quatro espécies: Bruxo, lobo, vampiro e culebra, já que o vampirismo não anulou sua parte culebra. Ele também acumulou muitos apelidos entre os inimigos da família como Ladrão de almas, por causa de seu dom em absorver conhecimento pelo sangue, e Anticristo Mikaelson, graças ao seu tio Kol o apelido se popularizou, os imigrantes o chamavam de ‘Caballero de La Señora Negra’ por Dante dedicar a ela seus mortos.

Seus amigos também não se livraram dos apelidos, Roman era o ‘Outro Mikaelson’ ou ‘Playboy do inferno’, Peter era conhecido como o Lobo louco ou ‘O cigano do Godfrey, esse último o deixava bastante irritado, e Dorian era ‘O intocável’ ou ‘Amante do Diabo’, não apenas por causa do pacto, mas também pela proteção de Dante. O quarteto estava sempre junto e até formaram uma pequena e despretensiosa banda chamada Blood Society, que fazia modestas apresentações apenas por diversão.

Mesmo com muitos inimigos de várias espécies, eles eram muito queridos pela comunidade dos culebras, pelos jovens que frequentavam o Instituto Henrik e pelos moradores das vilas e comunidades latinas, onde participavam das festas, dos ritos à Santa Muerte e até ajudavam com as obras de caridade, e ai daquele que tentasse fazer mal a seus protegidos.

Outro Gecko que, aos poucos, estava construindo uma reputação era Ares Gecko, filho de Seth, o garoto humano de quinze anos era um furacão com o temperamento irritadiço, mandão e explosivo de Seth misturado com uma pitada de influência de Kol, era um frequentador assíduo da detenção escolar junto com seus dois melhores amigos, Maria e Marcus, estava sempre matando as aulas ou fugindo com os amigos para locais proibidos e arrumava tantas brigas que seu rosto estava sempre machucado, como naquele momento.

“Aquele não é seu primo, Ares?” Dorian apontou para o garoto levando um murro de um outro garoto mais alto. “Devemos ajudar?”

“Não é problema nosso.” Roman respondeu por Dante que estava pegando uma garrafa de tequila no balcão e quatro copos. “Além disso, nós estamos velhos demais para se envolver em brigas de crianças.”

“Da última vez que eu me envolvi nos assuntos do Ares, ele me deu um soco e foi falar para o pai que eu estava mijando na caixa de areia dele. Resumindo, eu levei um soco que eu não pude revidar e uma bronca que eu não pude contestar.” Dante contou enchendo os copos.

“Uau, alguém te acertou e está vivo?” Peter zombou.

“Esse lance de família tem suas desvantagens, não matar parentes e não tirar a pele de parentes humanos, são as piores. Talvez eu devesse refazer as adagas do papai.” Deu de ombros vendo a briga de seu primo contra três garotos maiores. “Por falar em parentes, vamos ter que cancelar nossa viagem de fim de semana, preciso ficar no Complexo.”

“Seus pais não estão?” Peter perguntou curioso.

“Minha família tem fetiche em criar problemas para si mesmo. Tio Elijah, por exemplo, criou a Strix, papai irritou uma tal de Greta, agora todos os seus pecados estão se aliando contra eles.” Dante contou engolindo uma dose do destilado. “Eles estão em Nova Orleans para cuidar disso.”

“Espere aí, volte alguns frames…” Roman encarou o amigo. “O tio Klaus e o tio Richie estão em Nova Orleans com toda a diversão, enquanto nós estamos mofando aqui nos fundos de um bar vendo o seu primo delinquente brigando com alguns idiotas?”

“Vovô Mikael, Tio Kol, tia Freya e tia Kisa também, já que o tio Finn está na Moldávia com a esposa e o tio Elijah decidiu tirar uma década sabática longe de tudo em alguma ilha do Mar do Norte, ouvi dizer que ele conheceu alguém por lá e não quer apresentar para a família. Será que ele está com vergonha de nós?” Dante inclinou a cabeça, pensativo.

“Ou está com medo que seu pai mate a pessoa, pelo que você me contou da sua família, é uma possibilidade.” Dorian comentou.

“É, tem isso também. Mas a questão é, o papai me deixou cuidando das coisas por aqui até eles voltarem, isso inclui proteger nosso povo, tio Seth e o Ares.” Fez uma careta ao ver o garoto levar um soco no exato momento em que pronunciou seu nome.

“Você não está fazendo isso muito bem.” Dorian fez uma careta quando o garoto cuspiu sangue.

“Corrigindo, evitar que ele morra. Enquanto ele estiver respirando, não é meu problema.”

“Seu primo é resistente, talvez devêssemos apostar.” Peter riu.

“Não adianta, o Mark já ligou para o tio Seth que deve entrar em três… dois… um…” A porta se escancarou em um baque e Seth deu um tiro para cima.

“O QUE VOCÊS PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO NO MEU BAR?” O Gecko mais velho perguntou irritado. Seth não havia envelhecido um dia sequer depois que Kol secretamente o ligou a ele, mantendo-o humano, mas preservando sua vida e juventude. Claro que Seth soube e ficou chateado, nada que uma chantagem emocional usando Ares e um bom sexo não resolvessem.

“Pai?” Ares imediatamente encarou Dante do outro lado do salão. “Dedo duro.” Falou entre os dentes sabendo que o Mikaelson iria ouvir.

“Saiam daqui vocês três…” Seth apontou para a porta. “E quanto a você…” Ofereceu a mão para o garoto se levantar. “O que falamos sobre você fugir de casa e arrumar brigas o tempo todo? Olha só pra sua cara…” Puxou o guardanapo no balcão e jogou para Ares. “Tá toda ferrada.”

“Eles estavam me provocando.” Ares segurou o pano apertado contra o nariz para estancar o sangue. “Eu sou um Gecko, não vou aceitar desaforo de ninguém!”

“É por essas e outras que eu já nem sei como é a sua cara sem hematomas.” Agarrou o moletom do garoto e puxou o filho, verificando suas condições. “Vamos embora, estou velho demais para essas merdas, Ares, eu não sou um pai tão horrível assim, que você não pode ficar um dia sem me trazer problemas, sou?”

“Não, não é…” Ares esfregou a nuca, culpado, Seth era um bom pai, mas Ares tinha problemas de raiva e rebeldia, sempre acabava em encrencas. “Me desculpa, tá legal… Eu prometo que vou me comportar melhor.” Seth enrugou a testa.

“Você não vai, mas valeu pelo esforço.” Seth suspirou se lembrando de como Richard costumava ser difícil, mas era um difícil diferente. “Valeu por avisar, Mark.” O culebra acenou.

“As ordens, jefe!” Ares olhou entre Dante e o culebra atrás do balcão.

“Isso é um bar, garoto, você tem quinze anos, achou que ninguém iria me avisar?” Seth revirou os olhos. “Al Capone caiu por causa de imposto, nosso Cartel não vai cair por causa de um menor em um bar.”

“Dante, Roman e Peter também não tem vinte e um.” Ares apontou e Dante o encarou segurando a tequila na boca.

“Mas eles podem hipnotizar as pessoas e você não pode.”

“O garoto não gosta mesmo de você.” Dorian comentou e Dante deu de ombros, esperou o tio sair carregando o primo para continuar a conversa com o trio.

“Na verdade, ele tem antipatia por mim e não gosta do que eu sou.” Dante respondeu servindo outra rodada de tequila. “Não é culpa dele, as pessoas têm mania de comparar os outros. Mas isso não importa, o papai pediu para que ficássemos por outro motivo também, Nova Orleans pode não ser o único alvo, os vampiros que seguem a mulher chamada Greta são extremistas.”

“Quando você diz extremistas, estamos falando de que tipo?” Peter perguntou com um suspiro.

“Do tipo que acha que é melhor que todo mundo porque é vampiro, do tipo que não gosta muito de outras espécies e principalmente, híbridos.” Roman respondeu. “Um tipo de Hitler com sainha e sem bigodinho.”

“Obrigado pela imagem, Rom, é grotesca.” Dorian chacoalhou a cabeça. “Então, seu pai, Klaus, acha que eles vão vir atrás de você?” Dante assentiu com a cabeça.

“E meu pai, Richard, acha que eles podem tentar se infiltrar, colocar gente pra nos espionar e até capturar.” Dante apertou os lábios. “Como se eu não pudesse enxergar através das máscaras.”

“Ninguém sabe a extensão de seu poder, Dante, eles podem não saber que você pode ver a alma das pessoas, mas se eles souberem podem compelir ou enganar inocentes para fazer o trabalho sujo.” Dorian concluiu.

“Dorian tem um ponto, vocês conseguem ver muitas coisas, mas não dá pra ver se alguém está compelido.” Peter tamborila os dedos na mesa. “Isso seria ruim, mesmo com a barreira que protege o complexo, um inocente não seria impedido de entrar.”

“E ainda tem a possibilidade de se aproximarem de familiares como o Ares ou Seth, quero dizer, tio Seth não é fácil de enganar, mas o garoto metido a espertinho pode ser.” Roman concluiu.

“Vou falar com tio Seth pra pedir a Maria para ficar de olho em comportamentos suspeitos. Se bem que não vai adiantar muito já que o Ares não é fácil de acompanhar.” Dante deu de ombros. “Mas isso são só especulações, talvez nossa família nem dê chances para que sejam capazes de nos alcançar, afinal estão todos lá com a tia Rebekah e o meu irmão, Marcel.”

“Se toda a família está em Nova Orleans para lutar contra esse inimigo é porque é perigoso. Não deveriam ter deixado alguém com você?” Peter perguntou com os olhos semicerrados. “Por que te deixaram sozinho?”

“Se tio Kol estivesse aqui ele te responderia assim: Meu sobrinho é a porra do Anticristo Mikaelson…” Dante sorriu. “Então, eu sou o anticristo da família Mikaelson e segundo aquele caçador fanatico religioso da Ordem do Dragão, nosso fã clube mais apaixonado, nós somos…”

“As quatro faces do demônio.” Roman soltou uma gargalhada.

“A última maldição.” Dorian repetiu as palavras do homem. “Os quatro Lordes do Inferno… Esse povo é criativo, devo admitir.”

“É verdade, vamos ficar de olho, escuta, ainda temos aquela apresentação amanhã?” Peter perguntou. “Faltam dois dias para a lua cheia.”

“Claro que sim, não podemos decepcionar nossos fãs.” Roman engoliu a dose de tequila e bateu o copo na mesa. “E você fica ainda mais sexy quando está na skin de baterista agressivo.

“Seus fãs já estão decepcionados, sweetheart, desde que souberam que o seu parquinho fechou para o público.” Dorian zombou e Peter riu.

“Nosso parquinho pode estar fechado, mas com vocês dois o espetáculo nunca pára, não é?” Peter retrucou.

“Com certeza, não!” Dorian e Dante falaram juntos.

“Aliás, enquanto não tenho nenhum inimigo para esfolar…” Dante agarrou a mão de Dorian. “Vamos a bailar, mi sarracenia”

“Sim, mãe… Eu já estou em Houston… Não, mãe, ainda não vi o cara ou seus amigos… Não posso simplesmente chegar e fazer amizade…” Roman Sienna estava parado na frente de um muro olhando fixamente para um cartaz. “O filho do Klaus não é burro, mãe… Eu sei, entendi… Eu tenho uma ideia… Pode deixar comigo.” Roman suspirou, ainda estava confuso do porque deveria se aproximar do garoto Mikaelson, mas confiava que Greta sabia o que estava fazendo.

Chapter 46: BEFORE THE DAWN

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Enquanto o show acontecia, em meio ao tumulto e agitação, duas figuras distintas chamaram a atenção de Dante, um jovem, que ele acreditava ser um vampiro, sentado sozinho em um canto escuro, como se tentasse esconder sua presença e a mulher, também vampira, com cabelos de fogo sentada em uma baqueta, encostada no balcão. Dante poderia dizer que a beleza de ambos foi o que o atraiu, mas não, foi a escuridão e dor que emanava de seus corpos.

Roman Sienna se sentia incomodado, estava cercado por criaturas estranhas, um tipo de monstruosidade, que segundo sua mãe, eram tão sórdidas e abomináveis quanto lobisomens e o híbrido. Ele não queria estar naquele bar, mas não podia desapontar sua mãe, Greta precisava de informações sobre o filho de Klaus Mikaelson porque tudo o que circulava sobre ele, era que o jovem era um bruxo de primeira linha e que possuía um poder peculiar, absorver o conhecimento mágico da bruxa que mata.

Sua mãe queria garantir que a criança milagrosa não era uma abominação igual ao pai e um perigo para todos, por isso Sienna decidiu observar a certa distância antes de se aproximar, principalmente por causa do lobisomem, Roman odiava lobisomens, tanto quanto odiava Klaus. Os lobos mataram sua família, o híbrido destruiu sua segunda família. Além do lobo, ainda havia o upir, ele nunca encontrou um upir durante seus noventa anos, para ele, ironicamente, não passava de folclore eslavo e também havia Dorian Gray, um imortal fictício saído dos livros de literatura.

“É a sua primeira vez aqui?” A garçonete perguntou colocando um copo de whisky na mesa. “Espero que você seja maior de idade, menino, não gostamos de problemas por aqui.”

“Eu sou mais velho que esse bar, menina.” Sienna bebeu o whisky e a mulher sorriu.

“Eu não apostaria nisso se fosse você, não vamos olhar apenas para a superfície.” Ela piscou. “Gosta da banda?”

“Não é meu tipo de música, mas também não é ruim. Eles tocam direto aqui?” Roman fingiu curiosidade.

“Uma ou duas vezes no mês, os meninos gostam de tocar e as pessoas gostam de ouvir.” A garçonete deu de ombros. “Se estiver interessado, aconselho a ficar longe do baterista e do baixista, eles namoram.” Piscou para ele antes de sair para atender outra mesa. Roman registrou em sua mente que o lobo e o upir estavam juntos.

“Vou me lembrar disso.”

Aurora de Martel fugiu de seu irmão, não uma fuga real, ela apenas aproveitou que ele estava distraído com a presença massiva da família Original em Nova Orleans, agora que a Strix havia se unido com a facção de Greta e alguns caçadores da Ordem do Dragão. A vampira não se importava com uma aliança com Greta, mas foi contra uma aliança com os caçadores, infelizmente, ela nunca teve voz ativa com Tristan. Mesmo tendo visto Klaus, mesmo querendo estar ao seu lado, Aurora também estava curiosa sobre o filho do híbrido, queria ver seu rosto, saber com quem se parecia. Ela o viu cantando no pequeno palco como uma jovem estrela do rock, sua voz macia, seu olhar sedutor, o garoto era bonito, mas não era Klaus. A vampira agarrou sua bolsa decidida a ir embora assim que a apresentação acabou.

“Indo embora tão cedo?” Aurora apertou a bolsa entre os dedos e se virou para ver o filho do amor de sua vida parado na sua frente. “Espero que não seja pela música.” Ele era muito mais alto que parecia no palco, suspirou e deu ao jovem um sorriso bonito, porém falso.

“Sua música é boa, garanto… Eu só estava de passagem, além disso, não fica bem para uma mulher sozinha estar em um bar a essa hora, meu irmão certamente reprovaria.” Respondeu.

“Como um devoto apoiador das causas feministas, eu garanto que você pode estar quando e onde desejar, Raio de sol, se o problema for sua segurança, mesmo acreditando que não precise, eu a garanto…” Ele sorriu e segurou sua mão com gentileza. “Eu sou Dante.” Falou antes de depositar um beijo nas costas da mão. Nos segundos em que a tocou Dante foi capaz de ver a vida daquela mulher passar diante de seus olhos.

“Eu… Eu sou Aurora.”

“A deusa do amanhecer, combina com você… Então, Aurora, posso te preparar uma bebida?” O jovem pulou o balcão e começou a pegar algumas garrafas, mesmo que a vampira não tenha respondido de imediato, ela ainda estava processando a situação. “Você me parece uma mulher muito sofisticada para os padrões do nosso humilde bar… Francesa?”

“Sim.” Respondeu observando os movimentos do outro. “Minha família é bastante tradicional.”

“Vou te apresentar algo diferente, Raio de sol…” Falou adicionando dois dashes de angostura bitters no copo onde despejou tequila e mezcal.

“Eu gostaria que você parasse de me chamar de Raio de sol, me chamo Aurora.” Pediu, ainda que o apelido não a incomodasse.

“O que veio fazer em Houston, Raio de sol?” Perguntou ignorando o pedido. “Negócios? Lazer? Prazer?”

“Não acho que seja da sua conta.” Dante riu empurrando o copo para perto da vampira.

“Experimente…” Aurora segurou o copo com as duas mãos e aspirou o aroma exótico da bebida, ela iniciou uma discussão interna sobre aceitar,ou não, a bebida de um potencial inimigo. Ela sentiu como se acabasse de invadir uma cerimônia ritualística secreta. Bebeu um gole e suspirou. “Se chama Oaxacan old fashioned, o que achou?”

“Eu não sei bem o que achei, tem um gosto… diferente.” Bebeu mais um gole observando o sorriso torto nos lábios do bruxo. “Você é tão diferente e ao mesmo tempo tão parecido com ele.” Murmurou na borda do copo.

“Eu tenho sangue do lobo e da serpente, Raio de sol, eu me pareço com os dois.” Dante mantinha as mãos cruzadas apoiando o queixo.

“Duvido que seria tão gentil se soubesse quem eu sou.” Aurora comentou com um suspiro nostálgico, Dante a lembrava de Klaus com seu charme e gentileza galante.

“Mas eu sei exatamente quem você é, Aurora de Martel, filha do Conde de Martel, a primeira da linhagem de minha tia Rebekah.” Dante estreitou os olhos sem desfazer o sorriso enquanto a vampira encarava assombrada o copo. “Eu não envenenei ou enfeiticei sua bebida, Raio de sol. Posso ser uma serpente, mas não sou traiçoeiro.”

“Quer que eu acredite que você não mataria um inimigo?” Aurora deu um passo para trás. “Eu sou muito mais velha que você, não vai querer lutar comigo.”

“Ah, bem, eu mataria um inimigo, já matei vários, mas você não é uma inimiga, na verdade, eu gosto de você, Raio de sol. Já não posso dizer o mesmo de seu irmão, Tristan…” Dante se senta no balcão. “Se unir a Greta? Sério? Uma vampira maluca e extremista.” Balançou a cabeça.

“Porque não? Somos vampiros anciãos, quase tão antigos e fortes quanto sua família, é justo que nós estejamos cansados de viver à sombra dela. Ligados a suas linhagens.” Aurora reproduziu o discurso do irmão e a Strix. “Não é justo que tenhamos que conviver com criaturas inferiores.” Dante não se ofendeu, novamente riu.

“Você não acha isso inacreditável? Por causa de uma bobagem de ligação de linhagem e o preconceito idiota duas facções inteiras de vampiros, vão entrar em uma guerra que nunca poderão vencer. É por esse motivo que eu não vou interferir a não ser que seja necessário, meus pais se sacrificaram em uma união de sangue que, a princípio, não desejavam para salvar essas linguagens que agora os paga com ingratidão.” Dante encheu um copo com tequila. “Não sinto muito pelo que vai acontecer.”

“Eu entendo…” Aurora falou com a voz pesarosa. “Um filho sempre confia cegamente na força e na palavra do pai…” Ela sorriu. “Mas esse não é o único motivo para o nosso ódio, Dante, nós passamos cem anos, Tristan, Lucien e eu, acreditando que éramos Mikaelsons, fugindo de Mikael como uma pista falsa, aterrorizados. Quando a compulsão acabou, nós não tínhamos nada, não éramos nada.” Aurora arrastou as unhas pelo balcão. “Perdemos parte de quem nós éramos e ainda assim ainda tivemos que fugir. Nós três fizemos um pacto de vingança e quando soubemos da morte de Lucien, Tristan decidiu aceitar o acordo com Greta.”

“Seu irmão é um tolo, Aurora, mas você não é como ele, por isso eu estou disposto a fazer vista grossa sobre a sua participação nos planos contra minha família. Infelizmente, seu irmão não terá tanta sorte.” Aurora ensaiou um ataque, mas não conseguiu se mexer. “Fique do meu lado e eu posso realizar seu maior desejo, o desejo de seu coração, que não envolve meu pai, é claro.”

“Quer que eu traia Tristan? Meu irmão, minha única família, em troca de que? Mais ilusões?” A vampira balançou a cabeça. “Mesmo que houvesse essa possibilidade, não poderia confiar em você, menino. Um Mikaelson vai ser sempre um Mikaelson.”

“Está me dizendo que não quer ser livre?”

“De que adianta ser livre e estar sozinha? O que você quer, afinal, me transformar em seu projeto pessoal? Me consertar?” Perguntou irritada e arrependida de ter ido àquele bar.

“Oh, não, eu gosto muito de coisas quebradas, você não precisa ser consertada e eu não sou mecânico, médico ou psiquiatra. Estou te fazendo uma proposta justa.”

“Porque você me pouparia? E de que me adiantaria uma aliança que me deixaria sozinha pela eternidade?” Aurora apertou a borda da mesa.

“Eu gosto de pensar que eu não sou o monstro que as pessoas pintam, não o tempo todo, eu herdei do meu pai o dom de ver a alma das pessoas e isso me dá a chance de não cometer muitos erros de julgamento…” Dante serve mais um copo de coquetel para ela. “Eu faço o possível para ser justo mesmo quando sei que estou sendo cruel, como estou fazendo agora, com você. Estou te dando uma escolha, não precisa dizer nada agora, mas pense nisso. Não se envolva nessa guerra, Aurora, deixe que o carma chegue para Tristan como chegou para Lucien e chegará para Greta. Eu te dou minha palavra que não ficará sozinha.”

“Mesmo que eu decidisse ficar ao lado do Klaus, meu maior inimigo, é tarde demais para isso…” Dante enrugou a testa. “Ele já caiu nas mãos de Tristan e todos sabem que seu outro pai não é forte o bastante para lutar contra um vampiro ancião.” A vampira engoliu seco sem saber porque contou.

“Vocês subestimam muito meu pai, além de ser extremamente inteligente e estrategista…” Dante sorriu e se inclinou sobre o balcão baixando a voz. “Klaus Mikaelson e eu não somos os únicos híbridos da família. É uma informação privilegiada, poucos sabem disso, mas meu pai se tornou um híbrido através do meu sangue na luta contra Lucien e eu te garanto que seu querido irmão não vai querer irritar meu pai.”

“Meu irmão é um ancião, mesmo um híbrido não teria chance.”

“Se você diz…” Dante sorriu despreocupado e Aurora estremeceu. “Agora que já nos apresentamos e você tem plena convicção de que seu irmão está prestes a vencer a guerra…” Estendeu a mão. “Gostaria de dançar?”

“O que?” Aurora se perguntou se o filho de Klaus também era acometido por alguma doença mental. “Você é louco?”

“Depende do dia que você pergunta, tem dias que estou um pouco mais, outros um pouco menos, mas sinceramente, você conhece alguém que não é? Eu gosto de dançar porque me sinto livre e não existe nada que eu ame mais do que a liberdade…” Pulou o balcão e perguntou novamente. “Me concede esta dança, Raio de sol?” Aurora hesitou por um momento e acabou segurando sua mão, ela também era um pouco louca, afinal, também sonhava em ser livre.

“Como… Como eu seria livre?” Perguntou, sonhadora, tocando os ombros do tribrido.

“Eu libertaria sua mente das suas obsessões.”

“E o que eu faria sem elas? Minhas obsessões me fazem seguir em frente.” Encostou a cabeça no peito do jovem enquanto ele a conduzia.

“Posso te colocar no caminho para sua alma gêmea, a pessoa que realmente te fará feliz e a amara.” Dante respondeu.

“Acredita em almas gêmeas? Está procurando a sua?”

“Eu vejo a alma das pessoas, eu sei que você está perto de encontrar a sua, as almas ficam mais brilhantes quando estão perto de encontrar, mas você precisa estar disposta a ver. E quanto a mim, pessoas como eu não possuem almas gêmeas, Raio de sol.” Dante riu.

“Pessoas como você?”

“Apenas humanos têm almas gêmeas, eu nunca fui humano.” Deu de ombros.

“Pensei que o seu guitarrista fosse sua alma gêmea.”

“Dorian não tem alma, ele abriu mão de sua alma gêmea quando abriu mão de sua alma…” Ela o olhou com tristeza. “Não lamente por nós, Raio de sol, quando se tem uma alma afim você sente uma profunda ânsia por amor, sempre cheio de esperança e desespero porque sua alma não está completa e sabe disso, seria um tormento.” Ele sorriu para a mulher de olhos tristes e a girou arrancando um sorriso de seus lábios.

Dante teve pena de Aurora, ele aprendeu a pouco tempo qual era a sensação de ter um monstro rastejando sob sua pele, ameaçando sair, aprendeu o que seu pai, Richard sentia desde que foi gradualmente se transformando em um híbrido. Dante Mikaelson Gecko era um estripador, assim como transformou seu pai em um estripador também, a insanidade estava em seu sangue, sua linhagem, e correria pelas veias de qualquer pessoa transformada por ele. Enquanto dançava com a vampira, ele olhou para seu anel de família, o anel em que colocou o feitiço que o mantém sóbrio e afasta o desejo sombrio por sangue.

Roman Sienna esmagou o celular entre os dedos olhando fixamente para o herdeiro de Klaus e Aurora de Martel, ele ouviu parte da conversa e a maneira como um sorriso leve se abriu nos lábios dela, contou que podia considerá-la uma traidora que se divertia alheia ao fato de que o monstruoso casal, Klaus e Richard, mataram Tristan e os anciãos da Strix.

Chapter 47: SO MUCH TROUBLE IN THE WORLD

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Boa leitura!

“O que está fazendo?” Dorian perguntou entrando na sala de pintura, Dante estava parado na frente de uma tela de tamanho médio cantarolando baixinho.

“Tentando reproduzir um sonho estranho…” Dante deu várias pinceladas na tela, Dorian sorriu olhando para obra mais clara que seu amigo já pintou, apesar do fundo preto, estava cheia de pinceladas abstratas que lembravam caracois ou cachos em tinta dourada. Como galáxias brilhantes flutuando na imensidão. “O que acha?”

“Impressionante como a arte deve ser…” Dorian se sentou na poltrona enchendo uma xícara de chá. “Pensei que tinha passado a noite com a garota ruiva de ontem?”

“Não, aquela mulher é Aurora de Martel, linda, mas é irmã do cara que papai matou ontem. Seria classificado como conflito de interesse.” Dante riu.

“Inimiga, então?” Dorian tomou um gole do café.

“Ainda não sei, é uma escolha dela. Ela pode escolher viver ou morrer… Não me importa realmente.” Deu de ombros. “Onde estão Roman e Peter? Estava calmo demais ontem a noite.”

“Não faço ideia, eles saíram do bar antes de mim, acho que Peter não estava se sentindo bem por causa da lua cheia que começa hoje a noite. Por que?” Dorian ergueu os olhos encarando o tribrido.

“Véspera de lua cheia e eles não destruíram o quarto… Não estou com bom pressentimento, não consigo me conectar com Roman e isso nunca é uma coisa boa.” Dante deixou o pincel no copo com o solvente, limpou as mãos e colocou o par de pistolas no cinto. “Talvez seja melhor…” A porta se abriu em um estrondo, Roman segurou o batente um pouco tonto, o sangue escorrendo pela lateral da cabeça.

“Dante, preciso de um feitiço de localização…” Os amigos correram até o Upir. “Aqueles filhos de uma puta levaram Peter.”

“Quem levou Peter?” Dante perguntou, verificando o ferimento curado.

“Acho que foram caçadores, mas não estavam sozinhos, me apagaram antes que eu pudesse me conectar com você.” Dante e Dorian ajudaram Roman a se sentar e o bruxo começou a reunir o necessário para o feitiço. “Eu não entendo porque não me levaram.”

“Podem ser inimigos da alcateia do Peter. Talvez fossem amadores e pensaram que você era humano…” Dorian teorizou. Roman balançava a perna nervosamente. “Nós vamos trazer seu namorado de volta, garoto.”

“Droga…” Dante esfregou a cabeça bagunçando os cabelos, amassou o mapa e jogou no lixo. “Vou tentar outro.” Não demorou muito para que um tribrido raivoso quase colocasse a sala em chamas. “Não estou conseguindo, esconderam ele muito bem.”

“Não tem como isso acontecer, Dante, você é bom nisso.” Roman levantou agitado. “Bom não, você é o melhor do Oeste, já matava esses caras quando ainda era um feijãozinho demoníaco.”

“Feijãozinho demoníaco?” Dorian franziu o cenho.

“Coisa do tio Kol… Com certeza é um feitiço de ocultação, mas não é nada que eu conheça, está bloqueando até a conexão mental.” Dante correu até o escritório de Richard com Dorian e Roman em seu encalço.

“Está dizendo que é uma magia mais forte que a sua?” Roman perguntou horrorizado.

“Não, só estou dizendo que eu não conheço o feitiço.”

Dante começou a revirar os Grimórios transcritos por Richie em busca de um feitiço diferente daqueles que já havia tentado, ele estava irritado e, nunca diria em voz alta, intrigado com alguém capaz de bloqueá-lo com tamanha eficácia.

“Dorian, me ajude com os grimórios… Roman convoque os culebras, coloque todos para procurar do jeito tradicional.” Roman terminou a bolsa de sangue e saiu do escritório correndo. “Ele está desesperado.”

“É o mal de amar demais, Cherie, mas eu posso entender.” Dante fez um movimento com a mão e todos os grimórios com feitiços de localização flutuaram até a mesa. “Você está amando isso, não é?”

“Se eu estou gostando de Peter estar fora do meu alcance? Não. Se eu estou gostando de ter um desafio? Com certeza.” Levou o dedo indicador à boca. “Não conte ao Roman.” Sorriu.

“Como se ele não te conhecesse.” Os dois começaram a folhear as páginas em busca dos feitiços e descartando quase todos porque Dante já havia tentado.

“Feitiço de localização simples, de ecolocalização, de rastreamento, localização de sombras, viajante, localização Ancestral, da Esther, do tio Vincent, esses eu já tentei …” Dante falou. “Isso é uma droga, é um feitiço de camuflagem com certeza, mas nenhum que eu conheça, não é o feitiço de camuflagem dos Viajantes, nem o Marroquino, nem o Ancestral, nem Regente, seja lá quem for, deve ser algum feitiço de uma linhagem que eu não reconheço, que eu não tive contato.”

“Encontrou alguma coisa?” Roman entrou e começou a andar de um lado para o outro, mordendo o polegar. “Não é possível que você ainda não tenha achado nada.” Dante abriu a gaveta, pegou uma vela e a acendeu.

“Vou tentar um feitiço de troca de visão, talvez eu consiga reconhecer o local onde ele está. Eu também não gosto disso, morceguinho, um tipo de magia que eu não conheço nas mãos de inimigos é muito ruim.” Dante se concentrou e começou a recitar o feitiço. “Phasmatos Physium…” Não conseguiu completar a frase, se sentiu tonto de repente, todos os seus sentidos falharam, pareciam flutuar no espaço vazio e para desespero dos amigos, o tribrido caiu da cadeira, inconsciente.

Peter suava frio, seus cabelos grudados na testa e pescoço, os dentes trincados e os olhos injetados oscilando entre o azul e o dourado. A dor e a raiva selvagem brigando dentro dele, efeito da iminência da lua cheia e do algoz a sua frente com sua faca de prata. Quando Peter abriu os olhos se viu preso a uma cadeira, as mãos amarradas às costas, uma coleira de ferro cravejada de lâminas perfurando a pele ao redor do pescoço. Ao seu redor havia um círculo pintado no chão e várias velas acesas. Gritou quando a lâmina de prata cortou a carne perto da clavícula e o lobo dentro dele uivava arranhando para se libertar.

“Onde está meu companheiro?” Peter perguntou entre os dentes apertados. “Onde está meu companheiro?” Se debateu aumentando os ferimentos no pescoço

“Não se preocupe com aquele humano, se preocupe com você mesmo, cão!” O torturador falou arrastando a lâmina em seu peito. “Eu nunca tinha pego um Vargulf antes.” O homem riu. “Não é grande coisa.”

“Eu vou comer seu coração… ARGHHHH…” Peter se lançou para frente fazendo as lâminas penetrarem na carne do pescoço.

“Não se esforce tanto, cão, as correntes estão enfeitiçadas…” O homem alertou olhando o sangue escorrer pelo peito do lobo. “Não somos amadores, caçamos seu tipo há muito tempo.”

“Não vai se safar dessa, seu filho de uma puta, quando meus amigos colocarem as mãos em você… Eu realmente não gostaria de estar na sua pele.” Peter deu um sorriso dolorido.

“Pobre cachorro, acha mesmo que vai ser resgatado? O seu bruxo pode ser bom, mas o nosso é melhor, não percebeu ainda?” Peter percebeu que não conseguiu se conectar com Roman ou Dante, sabia que estava perdido se eles não o ajudassem, não porque fosse fraco, mas por causa da magia. “Você vai estar morto em breve.” Enfiou a faca de prata no abdome do lobo que urrou.

“Onde… está… Roman?” Peter perguntou ofegante, temia que a falta de comunicação fosse algo pior que uma barreira mágica.

“O que está fazendo?”

“O que parece que eu estou fazendo, vampiro?” O caçador parecia desgostoso com a presença do outro. “E por que esse lobo está perguntando por você?”

“Eu não perguntei por esse cara, cabeça de pinhata, quero saber do meu companheiro, o homem que estava comigo, o que você fez com ele?”

“Seu companheiro?”

“Meu companheiro, Roman Godfrey…” Peter sorriu com os dentes sujos de sangue. “Profissionais meu ovo, não fazem ideia onde se meteram, não é? Mesmo que você me mate, não vão se safar, imbecis de merda.”

“Godfrey?” O caçador estreitou os olhos. “Seus vampiros burros deixaram um Upir pra trás?”

“Matar? Nós não vamos te matar, por mais que eu odeie lobisomens, fazem parte da natureza, mas você tem que entender que Vargulf e híbridos são abominações.” Roman Sienna falou como se explicasse as regras da natureza para uma criança. “Minha mãe e eu só queremos que a natureza siga seu curso e para isso você só tem que aceitar suprimir a abominação dentro de você. E Dante Mikaelson Gecko abrir mão de seu lado lobo. Ninguém precisa morrer.”

“Quer matemos parte de quem somos porque um bando de idiotas não suportam nossa existência? Você é dodoi da cabeça?”

“Tudo que você tem que fazer é escolher, ninguém vai te matar se você não for um monstro.” Sienna tentou.

“Você acredita em coelhinho da páscoa também ou só em lendas urbanas específicas? Você trabalha com caçadores, seu imbecil, o que acha que fazem com gente da minha espécie? Inibe o lado sobrenatural, dão um pirulito e mandam pra casa?” O cigano apertou os dentes quando a lâmina cortou a pele. “Eles são caçadores, eles caçam e matam sobrenaturais.”

“Somos caçadores, sim, essa é a nossa missão.” O caçador deu de ombros.

“Massacrar mulheres e crianças é a sua missão?” Peter cuspiu as palavras com raiva.

“Essa é a vontade de Deus!” O caçador respondeu.

“A vontade do seu deus é matar lobos? O que seu deus diz sobre vampiros? Estão trabalhando com eles, não estão?” O caçador enrugou a testa e apertou os olhos.

“Todos vocês são abominações, lobisomens, vampiros, Upirs, bruxas, culebras, mas nada supera esse hibridismo abominável da família Mikaelson. Então você entende que ‘o inimigo do meu inimigo é meu amigo’.”

“Parem com isso, ninguém vai morrer, Peter Rumancek, ninguém precisa morrer.” Roman Sienna insistiu porque acreditava em sua mãe, viu pelo canto dos olhos o caçador afiar a faca de prata e o lobo sorrir em desafio. “Por que lutar, seu namorado e seus amigos não vão conseguir encontrá-lo, essa barreira foi erguida por um herege e atual regente do Clã Gemini.”

“Eu escolheria um lado logo, vampiro, quando meus amigos chegarem aqui vocês vão descobrir que não se desafia a Blood Society.”

“Pare de falar, Sienna, não se negocia com cães…” O caçador aproximou a faca do rosto de Peter. “A dor traz esclarecimento.” Cortou o rosto do lobo que soltou um grito e o lobo dentro dele uivou em agonia.

Dorian e Roman correram até Dante, porém foram lançados para longe por uma força invisível.

“O que é isso?” Dorian perguntou assustado, ele nunca tinha presenciado aquela reação antes.

“A magia do Dante, está protegendo ele, quando acontece, só existem duas pessoas que podem se aproximar dele e nenhum dos dois está aqui. Tio Klaus e tio Richie.” Roman começou a andar de um lado para o outro. “Isso não pode estar acontecendo, primeiro Peter é levado e agora Dante está neutralizado? Isso não é possível, Dante nunca foi neutralizado antes. O que vamos fazer?”

“Ligamos para Freya?” Dorian sugeriu. “É a única bruxa que eu conheço, quero dizer, conheço outras, mas nenhuma perto o suficiente.”

“Eu vou ligar para ela.” Roman tirou o telefone do bolso.

Dante sentiu como se estivesse flutuando, sua alma viajando livre pelo espaço, de repente ele se viu em um lugar estranho, cercado por desconhecidos com rostos conhecidos, incluindo os rostos de seus pais, mas não eram seus pais, e outros que ele nunca viu. E ao seu lado, dentro do círculo mágico de invocação astral, haviam quatro jovens que alegavam serem filhos de Klaus Mikaelson de diferentes universos, uma jovem de cabelos castanhos, Hope, do mesmo universo do menino de cabelos platinados, Miguel, e os gêmeos, Eli e Henrik. Os jovens foram convocados para ajudar um grupo de outro universo. Uma verdadeira confusão.

Aquela foi, com certeza, a experiência mais interessante e curiosa que Dante já teve, uma descoberta incrível que ele mal podia esperar para dividir com os amigos e principalmente com Richard e Klaus. Quando o tempo se esgotou e ele estava voltando para seu próprio tempo e espaço, Espectro, o lobo de Dante ouviu o lamento do Vargulf, todo encanto pela nova descoberta desapareceu com a lembrança de que Peter precisava dele e uma raiva crua explodiu em seu peito.

“Eu sou Dante Mikaelson Gecko, pendejo de mierda, não pode se esconder de mim.” Seus olhos brilharam e sua alma tomou a forma de seu lobo, Espectro, e se conectou com o Vargulf. “Itechquineuhqui!” Recitou o novo feitiço possuindo o amigo cativo.

Os olhos do lobo de Peter se transmutaram nos estranhos olhos reptilianos de Espectro. Dante olhou através dos olhos de Peter, viu os rostos de seus captores, encarou um por um.

“Meus amigos vão me encontrar…” Dante falou através de Peter. “Sua magia nunca será maior que a de um bruxo Original.” Provocou para arrancar pistas.

“A dor não te ensinou nada, cão, você vai morrer aqui e ninguém vai te ajudar.” O caçador que segurava a faca banhada no sangue de Peter, escarneceu.

“Já disse que ninguém vai morrer.” Um vampiro refutou. “Kai vai suprimir o lobo, só isso.”

“Bruxo Original? Do que ele está falando Roman?” Uma mulher, vampira, perguntou desconfiada.

“O filho do híbrido, chamam ele de Original por causa da família Original.” Roman respondeu.

“O filho do híbrido? Klaus? Klaus Mikaelson? Você está dizendo que pegamos o melhor amigo do filho do Klaus?” A vampira deu um passo para trás. “De jeito nenhum, eu fugi dele por quinhentos anos, não vou virar alvo dele de novo.” A vampira falou enquanto andava até a porta.

“Kai… o tal bruxo?” Dante perguntou enquanto olhava ao redor procurando pistas, puxou o ar sentindo o cheiro de fertilizantes e viu algumas paredes chamuscadas. Sorriu, Dante conseguiu uma pista de onde estavam.

“Tsh… Covarde e ainda se chama de sobrevivente.” O caçador cuspiu.

“Sinto muito, mas com um feitiço de camuflagem Gemini não será fácil para seu amigo, bruxo sei lá o que, ultrapassar.” Dante vasculhou sua mente em busca de alguma memória.

“Gemini, hein… Obrigado…” Dante sorriu para o bruxo, com os lábios de Peter Rumancek. “Kai Parker.” A cabeça de Peter pendeu um pouco para o lado e ele abriu os olhos sobressaltado.

Dante puxou o fôlego como se estivesse submerso e abriu os olhos.

“O que aconteceu?” Roman correu para o amigo com os olhos cheios de preocupação.

“Cara você quase nos matou de susto.” Dorian suspirou aliviado.

“Eu tenho muita coisa pra contar, mas antes…” Dante ergueu a mão e um livro, que ainda não tinha lido, voou até ele. “Acho que sei onde o Peter está.” Olhou para a capa onde se lia Coven Gemini. “E quem está ajudando a esconder.”

“Onde?” Roman pergunta aflito.

“Dorian chame Enrique e diga que eu quero uma lista de todas as fábricas de fertilizantes abandonadas que tiveram um incêndio.” Dante ordenou. “Roman lembra das gêmeas Saltzman de Mystic Falls? Ouvi boatos de que pertencem ao clã Gemini, ligue para o senhor Alaric e pergunte sobre Kai Parker, o gêmeo mal da esposa dele.” Apertou o ombro de seu melhor amigo. “Vamos encontrar nosso lobo, irmão!”

Chapter 48: THE BEAST INSIDE

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Boa leitura!

Peter abriu os olhos devagar, a fraqueza pela perda de sangue o fazia quase perder a consciência e ele já teria desmaiado não fosse as lâminas na coleira de ferro ferindo seu pescoço. O cigano já estava perdendo a fé em qualquer possibilidade de resgate, reuniu todas as forças quando ouviu passos se aproximando, sabia que a tortura iria recomeçar. Peter Rumancek podia ter uma resistência maior à dor, mas essa resistência tinha limite.
Viu através da cortina vermelha de sangue escorrendo nos olhos uma mulher chutando as velas acesas e destruindo as linhas traçadas no chão. Ela se aproximou dele e tocou sua coleira.
“Quem é você?” Perguntou em alerta.
“Shiiiii… Fique quieto, meu nome é Katherine…” Sussurrou baixinho. “Vou ajudar você… Meu namorado Kai vai quebrar a barreira tempo suficiente para que seus amigos te encontrem.”
“Por que estão me ajudando? Pensei que fossem amigos dos caçadores.”
“Porque eu não sou idiota, passei quinhentos anos fugindo do Klaus e agora que ele finalmente me deixou em paz, não vou ter ele como inimigo de novo. A gente não sabia nada sobre os planos da Greta, se soubesse que ela iria se meter com a família Original não tinha aceitado ajudar.” Katherine falou procurando o fecho da coleira.
“Não tire…” Peter pediu. “Eu quero fazer uma surpresinha para aquele caçador.”
“Tá bom, o funeral é seu.” Katherine deu de ombros.
“O que vai fazer agora? Eles não vão deixar você sair assim. Você traiu esse pessoal.” Peter perguntou, mesmo tendo sido torturado, o cigano tinha um bom coração e um fraco por moças em apuros.
“Acredite, cachorrinho, nada do que esses caras fizerem se compara ao que o Klaus vai fazer comigo se souber que eu estou envolvida nisso.” Ela olhou para trás vendo Kai entrar. “Vamos dar o fora daqui antes que seus amigos cheguem.”
“Tá pronta?” O herege perguntou.
“Se quer um conselho…” Peter falou. “Não fuja, sua melhor chance agora é ficar e mostrar que está do nosso lado. Seu namorado ergueu uma barreira que Dante não encontrou, ele vai caçar você…” Olhou para Kai. “Até aprender todos os seus truques.”
“Nós vamos estar longe quando ele chegar aqui.” Kai respondeu, Peter olhou para cima e sorriu.
“Boa sorte porque eles já estão aqui!”
“Como? Kai acabou de desativar a barreira.” Katherine perguntou incrédula.
“Não é só a magia que move o mundo.” Peter respondeu sentindo o cheiro do caçador se aproximando pelo corredor. “Vão…” Katherine não pensou duas vezes, agarrou a mão do namorado e o puxou com ela.
Peter forçou os pulsos para libertar suas mãos, o caçador entrou com seu sorriso sádico e faca de prata, Peter o odiava.
“Pronto para continuar, cão?” O caçador se aproximou, Peter sorriu também, segurou a coleira, o caçador deu um passo para trás quando viu o ferro enfeitiçado se partir nas mãos do lobo.
“Estou pronto…” Peter rosnou. “Como diz meu amigo Dante… Vamos a bailar!” O Vargulf eclodiu atacando o caçador.

Roman estalou o pescoço parado fora da fábrica abandonada que ficava do lado oposto da cidade, os culebras encontraram o lugar fazendo uma varredura nas antigas fábricas da cidade, não é fácil manter a fachada com o alto fluxo de pessoas no local. A menos de um quilômetro do local Dante sentiu a barreira cair e Roman pode enviar uma mensagem mental para Peter.
O Upir estava tão ansioso que correu na frente, invadindo o lugar para salvar o amor de sua vida. Arregalou os olhos ao se deparar com um exército de vampiros e caçadores.
“Você é bem corajoso de entrar aqui sozinho, Upir.” Os caçadores se levantaram e apontaram as armas para o intruso com a menção do nome. Uma rajada de energia derrubou todas as armas retorcidas no chão.
“Ele não veio sozinho, caçador.” Dante apareceu na frente do amigo e Dorian se juntou a ele segurando uma pistola com balas enfeitiçadas.
“O tribrido.” Uma vampira falou assustada.
“Não entendi a surpresa deles, sequestram um de seus melhores amigos e não esperavam te ver?” Dorian balançou a cabeça, Dante deu de ombros.
“Você tem razão, estamos surpreso por vê-lo tão cedo, mas já que estão aqui…” Outro vampiro zombou se colocando em posição de combate.
“Que maravilha…” Dante flexionou os dedos e se virou para os amigos. “Vão buscar o Peter, eu cuido deles.” Roman e Dorian apenas assentiram, assim que seus amigos saíram Dante fez um movimento com as mãos selando as portas.
“Cuidar de nós? Você é ainda mais arrogante que Klaus Mikaelson.” Uma caçadora falou.
“Fazer o que, é o charme da nossa família.” Girou um anel de família no dedo médio.
“Para uma criança, você deveria mostrar mais respeito, muitos aqui são vampiros anciãos.” Uma mulher falou e vários outros começaram a entrar. “Mesmo que você seja essa monstruosidade que muitos chamam de anticristo Mikaelson, você não pode nos vencer.”
“Oh, Darling… Esse anel é a única coisa que me impede de ser… Eu!” Dante sorriu tirando o anel do dedo e guardando no bolso da calça. Seu rosto imediatamente mudou, as veias escuras serpenteiam abaixo dos olhos, as escleras se enegreceram e as íris ficaram reptilianas, sorriu mostrando as presas finas e alongadas, a fome selvagem castigou seu estômago e ele rosnou antes de atacar.

“Acha que Dante vai ficar bem?” Dorian perguntou atirando em um caçador. Os dois olharam para trás ao ouvir um grito esganiçado. E um uivo no andar de cima. “Acho que isso responde.”
“Vamos…” Voltaram a correr escada acima.
Peter voltou a sua forma humana e pegou algumas roupas que encontrou pelo caminho passando por cima de corpos destroçados pelo lobo enlouquecido. Quase escorregou no sangue do chão ao passar pela porta sendo derrubado por um vampiro. O homem arreganhou os dentes pronto para morder o lobo, mas sua cabeça rolou antes de tocar Peter.
“Te achei!” Roman olhou para o cigano que se levantou rápido e o abraçou com força.
“Por que demoraram tanto?” Peter resmungou no pescoço do namorado.
“Não se preocupe, da próxima vez vou colocar um rastreador em você.” Deu um beijo rápido no namorado e o agarrou pelo braço. “Precisamos ir, Dante ficou sozinho com… Todo mundo pelo jeito. Pensei que seria mais difícil chegar até você.”
“Uma garota me ajudou.” Roman parou no meio do degrau e se virou para encarar o lobo.
“Uma garota?”
“Katherine, ela namora o bruxo que ergueu a barreira, o cara é tipo um híbrido de bruxo e vampiro…” Peter respondeu empurrando seu namorado ciumento escada a baixo. “Bizarro!”
“Bizarro? Esqueceu do nosso amigo, meio tudo?” Falou chutando um caçador derrubando-o da escada.
“Verdade…” Roman agarrou um homem, mordeu seu pescoço dilacerando a carótida e engolindo com avidez gananciosa o sangue do caçador. “Ahhhh… Sangue de assassino sempre tem um gosto mais picante.” Lambeu os lábios.
“Pra mim é tudo igual…” Peter deu uma cotovelada no estômago de outro caçador e rasgou sua garganta com as garras. “Tem gosto de merda!”
Dorian chutou o rosto de um homem e socou um segundo, o caçador irritado enfiou uma adaga no coração do imortal que fez uma careta retirando a lâmina do peito e enfiando no pescoço do agressor. Roman e Peter se juntaram a ele no corredor.
“Finalmente, eu já estava pensando se teria um terno adequado para seus funerais ou teria que mandar fazer.” Dorian comentou colocando o dedo ensanguentado na língua para provar o sabor.
“Engraçadinho.” Roman mostrou a língua para o imortal e os três riram.
“Cadê o Dante?” Antes que pudessem responder se colocaram em posição de combate percebendo que alguém corria na direção deles. Katherine e Kai viraram a esquina se deparando com o trio. “Esperem…” Peter segurou o braço de Roman e Dorian os impedindo de atacar. “Essa é a garota que eu falei.”
“O que está acontecendo?” Katherine perguntou encarando os três se perguntando qual deles seria o filho do Klaus.
“Pensei que tinham ido embora.” Peter comentou.
“Não tem nada que eu adoraria mais do que sair daqui, mas as portas e janelas estão lacradas…” A vampira lamentou. “E Kai não consegue sifonar a magia.”
“Isso doi pra caramba, sabia?” Ergueu as mãos mostrando as palmas queimadas. “Eu não sei que tipo de magia é essa, mas é como se eu tivesse colocado a mão em ácido com verbena.” Kai resmungou.
“Isso é magia xibalbana, bruxo, seu corpo não suportaria ela.” Roman balançou a cabeça.
“Cadê o Dante?” Peter repetiu a pergunta.
“Ficou lá embaixo cuidando de alguns vampiros e caçadores.” Dorian respondeu.
“Quanto são alguns?”
“Sessenta ou setenta.” Deu de ombros.
“Sessenta ou setenta… Por favor, não me diz que ele estava pensando em tirar o anel?” Peter estremeceu junto com as estruturas da velha fábrica.
“Isso é uma resposta pra você?” Dorian fez uma careta.
“Isso não é bom, não é nada bom.” Roman olhou para as rachaduras se formando.
“O que acontece se ele tirar esse tal anel?” Katherine não sabia se iria gostar da resposta.
“O anel é um objeto negro que ajuda a controlar a fome, uma fome tão grande que nada pode saciar.” Dorian respondeu. “Se o anel não controla a fome, a fome controla ele.”
“Fome?” Katherine engoliu seco se lembrando de Stefan. “Está dizendo que o filho do Klaus é um estripador?”
“Ainda acha que fugir é uma boa ideia?” Peter arqueou as sobrancelhas.
Greta e alguns de seus seguidores entraram no galpão da velha fábrica incomodados com o silêncio mórbido. Ela teria uma reunião importante com alguns membros da Strix, de seu próprio grupo e com os caçadores para discutir a morte de Tristan e a maioria dos anciãos, em Nova Orleans, e segundo Roman Sienna, a traição de Aurora.
Os olhos de todos os recém chegados se arregalaram ao entrar e ver aquela cena grotesca, os corpos de todos seus subordinados e aliados despedaçados e espalhados pelo local, o chão e as paredes estavam tingidos de vermelho, até mesmo os vampiros se sentiram nauseados.
Dante ergueu os olhos serpentinos para os rostos assombrados, o jovem estava banhado em sangue da cabeça aos pés, os cabelos loiros manchados de carmesim, o líquido viscoso pingando das pontas, Dante sorriu para Greta lambendo os dedos ao colocar o último pedaço de um coração humano na boca.
“Você é uma abominação.” Greta soltou com tom indignado. Dante não disse nada, apenas se levantou, com um movimento de mão forçou todos que acompanhavam a vampira a caírem ajoelhados. O tribrido fez um movimento como se fechasse a boca com um zíper invisível e todos perderam a voz, menos Greta.
Andou até Greta que se manteve firme se esforçando para não demonstrar todo o pavor que sentia, ele a encarou enquanto enfiou a mão no peito da vampira anciã que estava do lado da mulher e arrancou seu coração.
“Estou com tanta fome…” Murmurou mordendo o coração e circulando a vampira como um predador. “Eu quero matar você…” Se aproximou da mulher. “Quero rasgar a sua pele, me alimentar da sua carne, do seu sangue…” Mordeu o coração enquanto falava encarando o pescoço exposto pelo cabelo curto de Greta. “Eu até contemplei deixar pedaços seus na frente da casa de sua família, sabia? Como meu amado pai teria feito.”
“Eu pensava que você fosse apenas uma falha, um defeito da natureza, como Klaus…” Greta franziu o nariz com a repulsa que sentia pelo jovem à sua frente. “Mas você e seus pais não são apenas falhas, são monstros que precisam ser eliminados.” Dante puxou um caçador e abocanhou seu pescoço para aplacar a fome e manter o raciocínio.
“Nós somos Originais, você deveria ter mais respeito…” O tribrido rosnou soltando o corpo decapitado pelo desespero da fome, ele a rodeou novamente parando atrás da vampira paralisada, colou seu corpo ao dela e revirou os olhos, arrastando o nariz pela jugular, absorvendo o aroma. “Sem o sacrifício de Klaus sua linhagem medíocre não existiria, mas eu vou te provar que está errada…” Apertou as unhas na palma da mão tentando manter o controle. “Vou te mostrar misericórdia deixando que vá embora.” Greta estreitou os olhos desconfiada. “Eu lhe dou minha palavra que não tocarei em você e seu clã…” Dante sorriu contra a pele dela. “Vê como eu sou bonzinho?”
“Isso é um truque.” Ela soltou e Dante tocou em seus braços suavemente, segurou seus ombros e sorriu sádico. Os olhos de ambos ficaram vermelhos.
“Eu vou abrir a porta e você vai embora…” Instruiu usando a compulsão pelo toque. “Você vai matar todo o restante da sua facção com as próprias mãos, depois você vai trazer as cabeças de seus amados filhos e oferecer a Klaus Mikaelson, seu rei, como pedido de perdão por seus pecados e por fim, vai fazer um harakiri. Você me entendeu?”
“Sim, eu entendi.” Ela respondeu com os olhos marejados e a porta se abriu.
“Vai!” Ordenou e Greta correu com sua velocidade vampiresca, Dante olhou para os outros. “Imagino que estejam considerando pedir uma trégua?” Todos começaram a balançar a cabeça. “Pedido negado!” Atacou.

Roman, Peter e Dorian entraram no galpão, sendo seguidos por Kai e Katherine, ao contrário do casal, aquela não foi a primeira vez que viram o massacre causado pela versão descontrolada de seu amigo, quando fez a transição, Dante promoveu uma carnificina. A única forma de retomar o controle era o anel, o problema era conseguir que o tribrido estripador recolocasse o acessório.
“Uau, esse cara é um artista, já gostei dele.” Kai comentou e Katherine o encarou.
“Vocês tem que ir…” Dante falou, mas sua voz saiu como um rosnado baixo e tenebroso que provocou um tremor no chão e mais rachaduras nas paredes, sinal que ele estava perdendo o controle da magia também. “CORRAM!!!” Gritou com o rosto transformado, seu corpo todo tremia enquanto ele tentava frear seu impulso de atacar seus amigos.
“Dante… Eu não vou a lugar nenhum.” Roman falou dando alguns passos.
“Vocês tem que sair… Rápido.” O tribrido estava com os olhos avermelhados e úmidos mostrando todo o sofrimento, perder o controle para Dante era um castigo terrível. “Eu não sei quanto mais vou aguentar, por favor.” Implorou esfregando o rosto, naquele estado ele não era capaz de colocar o anel no dedo, era como o Um anel com efeito reverso.
“Nós estamos com você, sweetheart.” Dorian falou se juntando a Roman e Peter. Katherine e Kai mantiveram distância.
Roman, Peter e Dorian se dividiram e caminharam lentamente, o plano era simples e idiota, Peter e Roman tentariam segurar o tribrido e Dorian colocaria o anel, a única certeza que tinham sobre o plano era que não funcionaria. Quando estavam perto o suficiente Dante ergueu os olhos e rosnou.
“VÃO EMBORAAAAAA!” Lançou os três contra as paredes, o tribrido não estava mais conseguindo se concentrar, apenas o cheiro do sangue pulsando chamava sua atenção. Ele avançou, suas unhas cortaram a pele do pescoço de Roman, mas antes que fizesse algo que se arrependeria para sempre, Dante se viu prensado contra a parede oposta.
“Pai… Me ajuda…” Suplicou ao ver o rosto de Klaus, mesmo que seu corpo lutasse freneticamente para se libertar e atacar.
“Vai ficar tudo bem, amor.” Klaus segurou seu braço esquerdo, Kol o direito, Mikael agarrou sua cintura, Marcel e Rebekah seguravam os pulsos para impedir que tocasse em algum deles e usasse a compulsão. O tribrido se debatia e rosnava. “Amor, olhe para mim… Se concentre na minha voz.”
“Eu não consigo… Papai… Me ajuda…” Richard fez sinal para Freya, mordeu o pulso e colocou na boca de Dante, o sabor o distraiu e o Lorde colocou a mão esquerda na testa do filho penetrando em sua mente.
“Vai ficar tudo bem, mi gatito.” Falou em sua mente, Freya pegou o anel sobressalente e colocou no dedo do sobrinho que soltou um suspiro de alívio quando a magia tomou seu corpo acorrentando o monstro em seu interior. Klaus o agarrou antes que caísse e o abraçou forte.
“Não se preocupe, meu filho, juntos nós vamos dominar nossos demônios.”
“Obrigado… Me desculpe, pai, eu pensei que conseguiria controlar desta vez.” Pediu, encarou Roman, envergonhado. “Me desculpa, morceguinho.” Roman sorriu e fez um coração com as mãos como se dissesse que ele estava perdoado.
“Você ainda é jovem, hermanito, vai aprender a se controlar.” Marcel apertou seu ombro.
“Só deixe o anel no dedo enquanto isso, garoto.” Mikael pediu vendo o trabalho de seu neto. “Você não matou nenhum humano inocente e venceu vampiros anciãos, nada mal, estou orgulhoso.”
“Obrigado, vovô.”
“Vá com seus amigos, nós vamos cuidar de tudo por aqui.” Richard encostou sua testa na testa do filho.
“Eu te amo.” Klaus falou antes que Dante saísse e se virou para a bagunça. “O que vai ser?”
“Curto circuito…” Richard respondeu. “Portas velhas emperram, sabe como é, uma festinha que acabou mal.”
“Teve até uma explosão, acredita?” Kol sorriu.
“Vamos logo com isso.” Freya balançou a cabeça. “Vocês sabem que não vão poder fazer isso pra sempre, não sabem?”
“Enquanto eu viver, vou proteger meu filho.” Klaus respondeu. “Lembre-se disso, irmã.”

Chapter 49: ALL THE STARS

Summary:

Olá, esse capítulo tem participação especial de uma galerinha que alguns sentem falta.

Chapter Text

Boa leitura!

Miguel puxou o ar e abriu os olhos assim que voltou ao próprio corpo, era estranho, seu corpo formigava e ele demorou um pouco mais para que sua mente se concentrasse. Comunicação através de projeção astral entre universos diferentes era sempre mais complicada principalmente quando se descobre um universo desconhecido.

O Nefilim se levantou rápido e correu para falar com os pais, Sammy já havia falado sobre um universo novo, onde Klaus e Alec existiam, mas ele havia descoberto muito mais e queria compartilhar.

“Pai…” Chamou vendo Klaus lendo na poltrona enquanto Alec fazia algumas correções em um contrato. “Vocês não vão acreditar no que aconteceu.” Alec arqueou a sobrancelha e Klaus fechou o livro, ambos esperando a atualização. “Lembram que Sammy falou de outro universo? Com um Alec e um Klaus diferentes.”

“Sim, ele precisou curar aquela versão do Alec.” Klaus balançou a cabeça.

“Eu fui convocado através de projeção astral porque, pelo que eu entendi, eles acharam que Sam era filho do papai Klaus por causa do sobrenome e aquele Alec estava sofrendo com alguns efeitos colaterais da cura do meu Vidrinho de veneno…”

“Que tipo de efeitos colaterais?” Alec perguntou.

“E mais importante, o que você tem a ver com isso?” Klaus complementou.

“Eu nada, não sou bruxo… Eles pensaram que Sam era filho do papai, como eu disse antes, fizeram um feitiço de projeção astral usando o sangue do papai pra tentar falar com Sammy, o que atraiu não só a mim, mas Hope, Eli e Henrik que também estavam lá e…” Encarou Klaus. “Um quinto elemento, Dante Mikaelson Gecko, filho de outro Klaus, de um outro universo.” Klaus derrubou o livro.

“O que?”

“Que bagunça.” Alec suspirou.

“Nessa ‘ligação’ eu descobri que existe, não apenas mais um universo, mas dois. Existe uma versão de cada um de vocês e do Stiles e o marido dele, Peter, mas também do tio Damon, tio Eric e, pasmem, Samael, o demônio Samael, o nome dele é Richard Gecko.”

“Gecko? Por favor, não me diga que…”

“Dante é filho de Klaus Mikaelson e Richard Gecko, de um outro universo.” Miguel balançou a cabeça. “Pelo Anjo, isso é tão legal, finalmente eu não sou mais o caçula e tenho um irmão mais novo, ele é um pouco doido, mas… Isso é tão legal.”

“Que bom que você está gostando porque eu já estou começando a ficar traumatizado.” Klaus comentou. “Um filho com Samael, o idiota do Damon já não era suficiente?” Alec riu.

“Quem tem um filho com meu pai?” Vittorio Bathory perguntou entrando no escritório. “Por Lúcifer, não me diga que Henrik vai ter um bebê?”

“O que? Não, Henrik detesta crianças, o único que ele gostou foi o Sammy Black.”

“O Klaus tem um filho com seu pai.” Vittorio sorriu confuso.

“Ok, acho que já vi um filho sobre ele, se chamava O Anticristo.” Zombou.

“Acabamos de descobrir que existem dois universos diferentes com versões do seu pai e em um deles, o pobre homem é casado com o Klaus e tem um filho com ele.” Alec explicou.

“Pobre homem?” Klaus estreitou os olhos para o marido, horrorizado.

“Sério? Preciso contar ao Elijah e ao V. Isso é hilário.”

Lizzie estava tentando de tudo para acordar Hope, sua esposa simplesmente apagou enquanto a pedia em casamento, de novo. Ficou encarando o rosto da tribrida assim que percebeu que sua respiração mudou. Hope espiou através de um olho.

“Estou esperando você dar o beijo pra me despertar…” Falou fechando os olhos e esperando.

“Hope Andrea Mikaelson…” Segurou a esposa pelos ombros e puxou para um beijo. “Eu já disse que não pode me assustar assim.”

“Não foi minha culpa, foi um feitiço de projeção astral de outro universo.” Lizzie se levantou e estendeu a mão para ajudar Hope.

“Porque convocaram você? Cadê o meu cunhado anjo?”

“Estava lá também e…” Lizzie imediatamente encarou Hope, ela conhecia aquela pausa muito bem e significava fofoca. “Descobrimos um novo filho de um Klaus de outro universo e você não sabe da maior…” Fez uma pausa dramática.

“Por Lilith, fala logo.”

“Com uma versão do Samael.”

“O Sammy do Miguel?” Lizzie parou.

“Claro que não… O demônio Samael.” Hope arqueou as sobrancelhas e apertou os lábios segurando o riso.

“O que? Não, você vai sentar aqui e contar os detalhes.” A herege agarrou o braço da mulher.

“Agora não, mais tarde, agora nós vamos continuar de onde paramos…” Hope se ajoelhou e abriu a caixinha com a aliança. “Elizabeth Saltzman Mikaelson, você me daria a honra de se casar comigo de novo?” Lizzie deu pulinhos mostrando seu sorriso de covinhas.

“Sim, um milhão de vezes sim.”

Lee deu tapinhas no rosto de Eli, ele o encontrou desacordado e não estava conseguindo abordá-lo ou trazer sua alma de volta.

“Oe, Saedaegari, acorda…” Deu tapinhas no rosto do companheiro que abriu os olhos sentindo o ardor na bochecha. “Finalmente.”

“Jagiya, você é sempre tão delicado.” Esfregou o rosto enquanto se levantava apressado. “Fiz uma descoberta fascinante.” Contou os acontecimentos enquanto abria o laptop e digitava vários códigos em super velocidade.

“Hey, Ttorayi, vai quebrar o teclado…” Segurou seus pulsos. “De novo. O que está procurando?”

“Se Richard Gecko existe no nosso mundo. Mas a busca no banco de dados vai demorar um pouco.”

“E por que você quer encontrar esse cara?” Lee estreitou os olhos.

“Só curiosidade mesmo, mas eu preciso pedir a Sam pra fazer um colar da oração para Dante…” Falou com sua habitual empolgação com magia. “Tem noção que ele pode absorver memórias, conhecimentos e habilidades bebendo sangue da vítima? E eu senti sua magia, mesmo a distância, é diferente de tudo que conheço. É fascinante, não é?”

“Não sei o que tem de tão fascinante, você já tem parentes idiotas demais para meu gosto, não precisa de mais um.” O mafioso se sentou na poltrona atrás da mesa olhando o companheiro de soslaio, o tribrido estava com aquele olhar de quem acabou de encontrar um espécime novo para estudar. “E você nem gosta de seres humanos.”

“Eu gosto de você, embora suas demonstrações de afeto sejam bem peculiares.” Eli balançou a cabeça, Lee nunca deixou os palavrões e xingamentos de lado, mas sua conotação era diferente como saedaegari, que significava ‘cérebro de passarinho’, se tornou uma espécie de apelido carinhoso. “Miguel está feliz porque tem um irmão mais novo que ele, Henrik arrumou um novo adversário e Hope acha que é só mais um maluco na família.”

“E você arrumou um rato para o laboratório. Hope está certa, vocês são um bando de malucos.”

“Aiiiii, caralho.” Henrik se levantou da cama tão rápido que enroscou o pé no lençol e caiu em um estrondo derrubando a mesinha de cabeceira consigo.

“Está tudo bem por aí?” Lúcifer enfiou a cara para fora do banheiro encarando o jovem Salvatore-Mikaelson, com a sobrancelha arqueada.

“Está… Está… Eu só enrosquei o pé na coberta.” Se levantou resmungando.

“Você é bem desastrado para um tribrido, Lobinho.” Lúcifer riu e Henrik mostrou a língua.

“Cadê o Samael?” O demônio não respondeu, apenas apontou para a porta.

“Posso saber o que vocês dois estão fazendo?” Parou com os braços cruzados. “O que eu falei sobre destruir o quarto?”

“Nada aconteceu, meu diabinho, só o Henrik caindo da cama… De novo.” Lúcifer explicou.

“Talvez devêssemos considerar deixar a cama mais baixa.” Samael sugeriu ajeitando os óculos e Henrik rosnou.

“Parem de falar de mim como se eu fosse uma criança só porque vocês nasceram antes do universo existir.” Repreendeu os dois demônios. “Preciso contar uma coisa, dá pra prestar atenção?” Colocou as mãos na cintura e apertou os lábios. Lúcifer estalou os dedos e roupas apareceram cobrindo o corpo do jovem. “Pra que isso?”

“Você pediu para prestar atenção, fica difícil prestar atenção com você pelado na minha frente.” Deu de ombros. “Agora, meu Lobinho ensolarado, você tem toda a nossa atenção.” Samael se sentou na poltrona e o encarou.

“Vocês se lembram que Raziel e Miguel contaram sobre um universo que estava entrando em colapso e que nele tinha uma versão do Samael e até do tio Alec?” Ambos assentiram com a cabeça.

“Pelo menos não tem mais uma versão do meu filho.” Samael murmurou.

“É, mas tem uma versão sua e isso não é nem um pouco engraçado.” Lúcifer reclamou, ele ainda estava irritado, claro que ele não faria nada contra a existência do homem, jamais iria ferir alguém com o rosto de seu amado diabinho, mas isso ainda o chateava. Henrik começou a contar tudo o que havia acontecido, sobre a projeção astral onde encontrou seu gêmeo, Eli, Miguel e Hope.

“Vocês tem noção que até o gato do Miguel estava lá?” Henrik contou sentado na cama com as pernas cruzadas em posição de Buda.

“Lijah é um familiar hoje em dia, é um espectro ligado a Miguel, da mesma forma que Luci Black é ligada a Sammy, principalmente porque são gatos, sua força espiritual é maior.” Samael explicou. “É normal que Lijah tenha acompanhado Miguel.”

“Legal…” Henrik sorriu pensando nos gatos da casa de Mystic Falls que foram acolhidos por Miguel e Sam quando vieram para seu mundo pela primeira vez. “Eu encontrei a versão deles do nosso Samael, se chama Richard, eu acho, também as versões dos meus pais, tio Alec, Eric e outros que eu não conheci. Confesso que fiquei com raiva vendo o rosto de Samael e ataquei, foi quando eu fiz uma descoberta, no mínimo,… Extravagante, aliás eu fico impressionado em como vocês dois são dois demônios fodões com milhares de anos e não sabem de nada que acontece nos universos.” Henrik fez um bico pensativo. “Sou sempre eu quem traz as fofocas.”

“Você e o Miguel, na verdade, aquele arcanjo sabe tudo de todo mundo.” Lúcifer lembrou.

“Existem milhares de universos, Henrik, e a grande maioria não é particularmente interessante. Eu só faço proveito dos livros.” Samael deu de ombros. “Sabia que a maioria deles tem péssimos roteiros? Alguns são até rascunhos, a equipe do Metatron tem muitos anjos novos, estagiários que criam universos bem bobos.”

“Pensei que o pai de vocês criou os universos.”

“Os principais, mas nem todos.”

“Eu já ouvi falar desse Metatron, Archangeli detesta ele.” Samael e Lúcifer se entreolharam.

“Archangeli conhece Metatron? De onde?”

“Eu não faço ideia, só sei que ele passou uma semana inteira dizendo que odeia o cara e que ele é horrível, o pior vilão de todos.” Henrik se lembrou do menino contando as atrocidades cometidas pelo anjo.

“Tem certeza que era o nosso Met?” Lúcifer perguntou.

“Sim, espera…” Lúcifer observou Henrik chamar o menino fantasma pelo colar da oração. “Hey, Arcangeli, o anjo que você odeia, como é mesmo o nome dele?”

“Que eu odeio? Vários, mas o Metatron é o pior com certeza… Ele é horrível, sério Henrik, ele expulsou os anjos, se proclamou Deus, por causa dele o Kevin morreu, ele deu muito trabalho para os Winchester…”

“Winchester?” Lúcifer perguntou. “A espingarda?”

“Sério, Henrik?” Sam Black pegou o colar da mão do namorado. “Levei um mês inteiro pra fazer ele esquecer essa série, ele não dorme e não deixa ninguém dormir assistindo Supernatural.” Reclamou com o primo.

“Uma série? O Metatron que você falou era de uma série?” Lúcifer franziu o cenho.

“É Supernatural? Eu não lembrava desse cara.” Henrik deu um sorriso amarelo para os companheiros.

“Nós assistimos juntos, eu até tinha uma queda pelos irmãos Winchester, pela Rowena também…” Sam se lembrou.

“Você tinha o que?” Henrik ouviu Archangeli perguntar.

“Ok, desculpa aí, meu heroizinho. Até mais.” O tribrido rolou os ombros. “Eu me confundi.”

“Realmente fiquei assustado, Lobinho, porque o Metatron que conhecemos é um garoto nerd, franzino e bonitinho, com o conhecimento infinito e muito, muito avoado.” O Rei do Inferno riu se lembrando do garoto sempre perdido entre os arquivos. “E o que você tinha pra contar mesmo?” Lúcifer materializou uma garrafa de cerveja e começou a beber.

“Ah, é mesmo, já estava esquecendo…” Ajeitou as pernas na cama, Henrik não iria esquecer, os três sabiam, ele tinha memória eidética. “Se Lú não gostou de saber que existe uma versão do nosso Samael em outro universo, vai amar saber que existe uma outra versão dele, o mesmo Richard em outro mundo que é casado e tem um filho com Klaus Mikaelson.” Henrik mal terminou a frase e Lúcifer cuspiu o líquido em seus companheiros.

“O que?” Samael fez uma careta chacoalhando os óculos molhados.

“Isso, sinceramente, é a coisa mais ridícula que eu já ouvi, eu nunca, em absolutamente nenhum universo, eu me casaria com seu pai.” Samael falou indignado. “Isso só pode ser coisa de algum estágiario incompetente do Metatron, quem mais teria pensado em um enredo tão ordinário e pouco criativo como esse.”

“Bem, não é você, amor, é um homem que se parece com você e com um filho selvagem, provavelmente nem foi educado.” Henrik resmungou.

“Eu vou ter uma conversinha com quem criou essa merda de universo.” Lúcifer falou.

“Nada de ataques e tentativas de assassinato?” Henrik estreitou os olhos com desconfiança.

“Eu não mataria alguém com o rosto do meu amado diabinho, por mais que suas escolhas sejam totalmente sem nexo, e mesmo que houvesse essa possibilidade, eu gosto de dar um pulinho na terra de vez em quando, não tô afim de ter minhas asinhas cortadas por causa do mal gosto dos outros.”

“Você sabe que está falando de uma versão do meu pai, não sabe? E modéstia a parte, não tem como alguém escolher ele e ter um gosto ruim. A conta não fecha, querido.”

“Esse homem deve ter apenas o rosto parecido com o meu… Não há dúvidas de que seu pai é um homem bonito, Henrik, mas eu jamais escolheria ficar com aquele lobo sem vacina.”

“Bom, apesar de achar aquele cara, Dante, um grande babaca, não acho que vai dar para matar, nem ele, nem o pai, já que Eli está todo curioso e Miguel está todo feliz porque tem um irmão caçula.” O tribrido lamentou.

“Ele é bonito, pelo menos?”

“Quem?”

“O filho do nosso diabinho.”

“Claro, se você gosta desse tipinho que não penteia o cabelo, aponta arma para pessoas e não sabe falar uma frase sem ter um palavrão no meio.” Henrik deu de ombros. “Ele me chamou de pendejo de mierda, que droga isso significa?”

“Hum, é maldito idiota, em espanhol.”

“Acho que o filho é seu.” Samael falou para Lúcifer.

“Existe o multiverso e tem versões minha e do seu pai…” Richard repetiu. “Versões do Klaus em que ele tem outros filhos, com outras pessoas.”

“Sim, um cara que eu nunca vi, um cara que eu não tenho certeza, mas acho que já vi e com a Hayley Marshall, alfa dos lobos do Bayou.” Dante balançou a cabeça. “Uma garota que eu não lembro o nome, gêmeos, que eu também não lembro do nome e um outro com um gato e nome de anjo, Gabriel, Rafael, um desses aí. Não faz diferença, não é como se eu fosse ver algum deles de novo.”

“Isso é muita loucura para minha cabeça.” Klaus encheu um copo de whisky e bebeu em um único gole.

“É difícil de acreditar, não é? Eu não acreditaria em mim.”

“Eu acredito em você, Dante, eu sou carreguei uma criança, seu pai viveu oitocentos anos no Xibalba, multiverso é até fácil de acreditar.” Klaus olhou para o marido e o filho. “Só quero ver a bagunça que isso vai virar.”

Chapter 50: BROTHERHOOD OF LIGHT

Summary:

Esse capítulo se passa simultâneo ao começo do Extra de Black Snake: This is Halloween, e o próximo capítulo é uma continuação direta do Extra. Seria interessante se vocês lessem ele antes do próximo capítulo para entender os acontecimentos.

Chapter Text

Boa leitura!

“Vocês acham que ele virá para a festa de Halloween?” Miguel perguntou chacoalhando o pé, nervoso. “Vai ser a primeira reunião dele com a família, tenho que causar uma boa impressão como irmão mais velho.”

“Bom, você vai ter muito trabalho com esse cara, ele é um idiota sem educação.” Henrik resmungou, o tribrido ainda estava com raiva do outro por enfrentá-lo, mesmo que ambos fossem apenas projeções naquele momento.

“Ah, sim, porque você foi um verdadeiro cavalheiro.” O Nefilim zombou. “Você é um irmão mais velho, tem que dar o exemplo, e além disso, o pai dele é a cara do seu companheiro, o que faz de você quase um pai.”

“Eca, eu não estou adotando aquele doido, aliás, acho que você é o doido, maninho.”

“Por que não esperamos o Lúcifer chegar, ao invés de começar discussões sobre grau de parentesco…” Eli comentou enquanto girava uma carta de Tarô entre os dedos. “As cartas me deram uma boa projeção.”

“Ah, por favor, irmão, você está quase tão empolgado quanto nosso irmão anjo aqui.” Henrik zombou.

“Eu não vou negar isso, mas meus motivos são mais para fins científicos, sabem que sou fascinado por conhecimento.” Eli se defendeu.

“Fins científicos, tenho certeza que o Lee pensa assim… E você, Miguel, deveria pensar melhor antes de sair recolhendo filhotes perdidos nas galáxias por aí, Sammy não vai gostar nada disso.”

“O que eu não vou gostar?” Sam surgiu se espreguiçando, ainda usando pijamas.

“Finalmente você acordou, pensei que o limite estabelecido para você se levantar fosse até as dez, como tio Vittório.” Henrik se virou para o neto de seu consorte.

“Não, dez horas é o tempo estabelecido para não nos acordar, não pra nós acordarmos…” Sam deu um selinho em Miguel e se sentou no sofá ao seu lado. “Eu tive uma missão ontem de madrugada, por isso acordei tarde.”

“Fala como se precisasse dormir.” Eli comentou olhando para xícara de café fumegante que surgiu na mesa de centro.

“É verdade, mas nem tudo que a gente gosta, precisa, assim como nem tudo que precisamos, gostamos. E dormir ocupa o primeiro lugar na lista de coisas que eu mais gosto no universo.” Aspirou o aroma do café e suspirou.

“Primeiro lugar? Pensei que eu estivesse no primeiro lugar.” Miguel olhou para o marido com indignação.

“Não se preocupe, meu anjo Mihaly, você está no top três.” Respondeu bebendo um enorme gole de café ouvindo a risada de Henrik. “Então, o que os Irmãos Metralha estão fazendo aqui reunidos a esta hora? Quem vai morrer?”

“Quem dera fosse isso…” Henrik fez uma careta. “Estamos esperando Lúcifer voltar e dizer se Lorde de fronteira virá para o Halloween. Aliás, você não se incomoda com Miguel estar todo animadinho com esse cara?”

“Lorde de fronteira?”

“O Dante.”

“Oh… Por que eu me incomodaria? Miguel está feliz com o novo garoto do Klaus…” Tentou tocar a mão do Nefilim que a puxou irritado. “Eu não confio nele, obviamente, e se ele magoar meu anjo da guarda, estarei lá para revidar.”

“Sam não tem com o que se preocupar, afinal, ele sempre esteve em primeiro lugar na minha lista.” Sam revirou os olhos, abraçou os ombros de Miguel e o puxou para si.

“Você está no top três na lista de coisas que eu gosto, mas está em primeiro como a pessoa que eu amo.” Sussurrou no ouvido do marido que corou, antes que Miguel pudesse responder um vortex de luzes vermelhas se abriu e Lúcifer saiu de lá resmungando.

“Lobinho…” Deu um selinho em Henrik. “Vocês acreditam que tem uma versão minha naquele mundo infernal? Isso é ridículo, absurdo, vou ter que fazer uma visitinha ao Metatron para saber quem foi o estagiário incompentente que escreveu uma fanfic dessa.”

“Se naquele mundo tem uma cópia sua, por que o tal Richard se casou com Klaus?” Henrik apertou os lábios. “Não faz sentido.”

“Porque, naquele mundo, o sósia de Samael e o meu sósia são irmãos… IRMÃOS… Podem acreditar numa merda dessa? Richard e Seth Gecko, os infames Irmãos Gecko, assaltantes de banco.” Pegou uma garrafa de cerveja e se jogou no sofá. “Pelo menos o filho do nosso diabinho é bonito, se bem que Vittório é bonito também.” Henrik rosnou. “Calma, lobinho, eu só estou constatando o óbvio, nenhum interesse envolvido.”

“Lúcifer, depois vocês trabalham na sua crise existencial. Dante vem ou não? Você entregou o colar pra ele?” Eli perguntou ansioso.

“Ah, é mesmo, já ia esquecendo. Ele vem e acho que trará um amigo, o que é compreensível, ele vai estar em meio a pessoas que ele não conhece incluindo o diabão aqui.” Apontou para si mesmo.

“Que tipo de amigo? Como irmão mais velho é meu dever avaliar esse indivíduo, ele é um Mikaelson, não é para o bico de qualquer um.” Miguel se levantou e Sam o puxou de volta para o sofá.

“Recolhe as asinhas, não vai ter um ataque cardíaco agora.”

“Mas esse cara pode ser um aproveitador.” Miguel apertou os lábios e Lúcifer riu.

“Rapaz, pelo pouco que eu vi daquele garoto, duvido que tenha como se aproveitar… E pra ser sincero, gostei dele, tem a personalidade parecida com a dos Black. Talvez eu devesse matar os pais e adotar o garoto.” O demônio coçou a barba, pensativo.

“Nosso companheiro vai adorar ouvir isso.” Henrik comentou e Sam ergueu os olhos para o homem.

“O pai dele se parece mesmo com meu avô?”

“Eu não vi o cara, só o garoto, mas senti sua presença quando estava entrando no portal.” Se lembrou. “Quando eu for buscá-lo para a festa, vou tentar vê-lo.”

“Não fique todo assanhado para o lado desse cara, Luci, ou eu posso contar isso para nosso diabinho.” Ameaçou o companheiro.

“Amor, eu jamais trocaria nosso diabinho original por uma cópia.” Sorriu agarrando a cintura de Henrik. “Eu só estou um pouco curioso.”

“O importante é que ele virá…” Sam comentou sabendo que era importante para Miguel, o Nefilim sempre foi muito sociável e gosta de estar próximo aos familiares, se seu anjo queria se aproximar do novo irmão, Sam o buscaria pessoalmente se tivesse negado. “E mesmo contra vontade, Henrik, meu avô e eu vamos nos comportar e ser educados.”

“Porque está me colocando nisso?”

“Porque você é um bom irmão e se o cara for um babaca, você tem meu apoio para matá-lo.” Sam mostrou os olhos de serpente.

“Valeu, cunhadinho.”

“Lúcifer, que tipo de magia ele usa? Pude sentir uma energia diferente naquele dia.” Eli abriu o aplicativo de anotações do celular.

“Dante tem magia xibalbana, na verdade, a magia faz parte dele, o primeiro de sua espécie, sua magia é autoconsciente e muito poderosa. Por causa do seu dom, ele também tem o conhecimento mágico Ancestral, Natural, Sacrificial, Expressão, Santeria, Viajante, Conectiva, Voodoo, Hoodoo, Necromancia e outras, mas ele usa mesmo é a magia Xibalbana. O garoto também é protegido da Santa Muerte por isso ele a cultua, faz festas em seu nome e oferece seus mortos a ela.”

“Grande coisa, Eli tem conhecimento de todos esses tipos de magia, Sam Black também.” Henrik deu de ombros.

“Sabe, estou achando que o Henrik só está chateado porque os dois são meio parecidos.” Miguel zombou do tribrido.

“Nunca, eu sou um príncipe, ele é no máximo…do Baixo clero.”

“Baixo Clero?” Lúcifer enrugou a testa.

“É, ele não cultua uma santa e tudo mais?”

“Santa Muerte não pertence a nenhuma religião.” Eli respondeu.

“Certo, meninos, acredito que existe um motivo para vocês terem encontrado esse filho do híbrido. Ele é um bom garoto, eu pude sentir, bom garoto no nível de vocês, não da sociedade. Mas ele tem uma escuridão dentro dele, uma escuridão que só alguém nascido no inferno pode possuir, que precisa ser ancorada.” Explicou. “Ele não apenas possui escuridão, ele atrai a escuridão como um buraco negro, por causa disso ele tem múltiplas âncoras, os amigos, a família e principalmente os pais, para manter as luzes acesas, entretanto seu poder é muito grande e conforme o tempo for passando, mais forte ele for ficando, eles não serão o suficiente.”

“Você está dizendo que nós fomos colocados na vida dele para ser âncoras e evitar que a escuridão vença?” Eli pediu a confirmação.

“Como fazemos isso?” Miguel perguntou disposto a ajudar.

“Vocês não são obrigados a ajudar aquele garoto…” Lúcifer olhou para Henrik. “Acredito que um de vocês seria o suficiente, mantendo uma luz acesa, não é nada complexo, apenas fazer o que os outros já fazem, estar lá para ele.”

“O que acontece se não existir uma âncora? Se as luzes se apagarem completamente?” Sam perguntou tendo certeza de qual seria a resposta.

“Pense no que aconteceria se Klaus Mikaelson desligasse a humanidade, pense nele com grande conhecimento e magia, Dante tem o potencial para ser o maior monstro que já existiu e olha que eu sou o próprio diabo.” Lúcifer explicou.

“Isso não vai acontecer, não no meu turno!” Miguel falou. “Todos aqui nessa sala tem esse potencial, mas somos todos fofos.”

“Vocês vão descobrir no seu tempo que aquele garoto é algo que felizmente vocês não são.” O demônio falou enigmático.

“Nós somos apenas estrelas…” Eli olhou para a carta disposta na mesa e sorriu. “Quando a escuridão é muito forte, ela precisa de um sol.” Resmungou e os outros o encaram sem entender, mesmo Eli não tinha uma resposta.

Chapter 51: SLOW DANCING IN A BURNING ROOM

Summary:

Olá, espero que estejam bem. Lembrando que esse capítulo é continuação direta do capítulo Extra de Black Snake: This is Halloween.
*ESSE CAPÍTULO CONTÉM (PARCIALMENTE) SEXO EXPLICITO E LINGUAGEM IMPRÓPRIA NO INÍCIO.*
Caso não queira ler a parte que contém um pouco de Hot do início do capítulo, tem um aviso marcando o final da cena.
Boa leitura!

Chapter Text

Boa leitura!

Raziel jogou a cabeça para trás e soltou um gemido suave, os dedos de Dante se enrolavam em seus cachos dourados, puxando-os com um pouco mais de força que o necessário. Suas pernas se enroscavam do quadril do jovem enquanto Dante o estocava com uma mistura quase profana de força e suavidade, as unhas do anjo rasgavam a pele das costas do amante ocasional, a boca lasciva devorava seu queixo e pescoço. Na parede em que se apoiavam surgiu uma rachadura que ia aumentando na medida em que os movimentos do tribrido se intensificavam.
Dante queria mais, queria tudo do anjo em seus braços, ele amou os gemidos que saiam de seus lábios, nunca pensou que um ser celestial pudesse ser tão pecaminoso. A maneira como apertava seu pau, arranhava suas costas, o deixava louco e faminto, queria morder sua carne macia, beber seu sangue quase com a mesma ânsia de seu ‘eu’ estripador. Ele correu a língua devagar na garganta de Raziel e mordiscou o pomo de Adão.
“Como você pode ser tão delicioso, Mi Angelito?” Sussurrou pressionando a glande no interior de Raziel.
“É que você é um excelente dançarino… Hmmm… Muito bom mesmo…” Elogiou invertendo as posições, empurrando Dante contra o colchão e montando seu quadril. “Estou gostando muito de dançar com você.” O tribrido mordeu o lábio inferior quando Raz alinhou sua entrada na cabeça de seu membro e se afundou completamente.
“Você… Hummmmm… é o melhor parceiro de dança.” Ele rebolava os quadris fazendo o membro entrar e sair, o rosto de Dante se alternava entre o híbrido e o humano, com a visão fascinante do corpo nu sobre o seu, a pele de Raziel tinha um leve brilho dourado etéreo, que o fazia parecer ainda mais lindo e celestial aos seus olhos.
“Pode me morder.” Murmurou para Dante.
Dante lambeu os lábios, seus olhos brilharam, ele segurou os quadris de Raz e inverteu as posições novamente, só então notou que estavam flutuando pelo quarto, as pernas de Raziel voltaram a circular a cintura do tribrido, as presas finas de Dante perfuraram seu pescoço e o sangue adocicado e quente encheu sua boca, com um sabor inigualável e viciante, apertou o corpo angelical em seus braços e o estocou com mais força e velocidade, os olhos de Raziel brilhavam cada vez mais conforme seu prazer aumentava, uma energia mágica emanava de seus corpos e as rachaduras serpenteavam pelas paredes prestes a desabar.
“Mi Ricitos de oro…” Dante murmurou contra sua pele. “Isso… Argh… Aperta meu pau…” Raziel soltou um gemido alto, segurou o rosto de Dante e devorou seus lábios com um beijo apaixonado.
Ambos estavam imersos em prazer, perto do ápice, a magia de Dante os protegeu quando as paredes e o teto do Estúdio desabaram sobre eles, um portal se abriu sob o casal e caíram na cama de Dante no Complexo Mikaelson Gecko. O tribrido virou seus corpos ficando por cima do anjo, entre suas pernas, deu as últimas estocadas antes de ambos gozarem. Raziel se desmanchou no abdome do amante e Dante encheu seu interior.
***SexOFF***

“Mi angelito, Mi Ricitos de Oro…” Dante falou acariciando os cachos do homem. “Você é tão divinamente pecaminoso quanto é belo.” Beijou o sorriso falsamente inocente do anjo.
“O que posso dizer, eu sempre tive um gosto pelas coisas boas.” Sorriu com os cotovelos apoiados nos travesseiros.
Dante o encarou, já havia amanhecido, os raios de sol penetravam pelas frestas das cortinas e refletiam diretamente na pele do anjo. Pela primeira vez em sua vida, Dante Mikaelson Gecko se viu atraído pela luz, não pela escuridão. Fascinado pela beleza da cena, pela beleza do anjo banhado pela luz solar.
“Espere um minuto…” O tribrido se levantou rapidamente. “Não mexe um músculo…” Pediu colocando uma nova tela no cavalete ao lado da mesinha cheia de pinceis e tintas. “Preciso pintar isso.”
“Pensei que vocês jovens prefeririam fotos.” Raziel comentou mantendo a posição.
“Como meu amigo Dorian costuma dizer: fotografias capturam o momento, a pintura captura a eternidade…” Prendeu os cabelos em um coque desleixado e começou a dar pinceladas rápidas na tela branca. “Normalmente, faço isso com calma, mas a natureza tem seu próprio tempo e o Sol não estará acariciando sua pele para sempre.”
“É verdade.”
“Por que não absorvi nada quando bebi seu sangue? Não estou reclamando porque eu bebi o sangue de Dahlia quando era criança, tive dor de cabeça por uma semana.” Espiou por cima da tela e voltou a pintar. “Acho que ter um colapso e entrar em coma nunca foi um objetivo na minha vida.”
“Eu estou vivo há milênios, seu dom seria a sua morte… então eu bloqueei, mas posso passar um pouco de conhecimento para você… Em doses homeopáticas.”
“Obrigado… Quanto tempo você pode ficar aqui? Lúcifer mencionou que não era autorizado a ficar por muito tempo, isso acontece com os anjos também?” Dante perguntou.
“Acontece, mas eu tenho autorização pra ficar um pouco mais por ser um anjo. Porque?” Ergueu os olhos vendo Dante usar magia para secar a tinta da tela antes de abrir um tubo de tinta dourada.
“Gostaria de se juntar a nós para o café da manhã? Você pode conhecer o sósia de seu irmão.” Perguntou, as mãos ágeis dando as últimas pinceladas na obra.
“Aceitarei o convite…” Raziel surgiu do seu lado. “Você é um artista muito bom.”
“Você gosta? Honestamente, é a primeira vez que faço algo tão…” Observa a pintura finalizada, orgulhoso de si mesmo. “Iluminado. Mas não é difícil que uma obra seja boa quando o modelo é de tamanha perfeição. ”
“Posso ficar com ele?” Dante encarou os olhos azuis e assentiu antes de assinar.
“O que acha de tomarmos um banho?” Dante segurou a mão do amante, girou seu corpo, agarrou a cintura de Raziel e beijou seu pescoço.
“Eu poderia apenas estalar os dedos e estaríamos limpos e vestidos.” O Anjo murmurou fechando os olhos.
“E onde estaria a diversão nisso?” O tribrido perguntou içando o amante em seus braços e o beijou, carregando até o banheiro.

“Dante dormiu aqui hoje?” Kol perguntou puxando a cadeira para se sentar. “Ele não ia naquela festa de Halloween?”
“Ele foi, o próprio Lúcifer veio buscar Dorian e ele. Não sei se veio pra casa, eu não o vi chegando.” Klaus respondeu pegando um pedaço de torta. “Richard estava aqui quando ele veio, soube que é parecido com Seth, o que fez com que eu me perguntasse de onde tiraram que era um anjo tão bonito tendo a cara feia do seu namorado.”
“Que isso, Seth é um gato!” Kol defendeu o Gecko mais velho.
“Parecido não, assustadoramente idêntico, não devia ter permitido que nosso filho fosse com ele. É o inferno!” Richard colocou seu prato na mesa. “Acha que ele ficará bem?”
“Amor, você sobreviveu no Xibalba por oitocentos anos sendo apenas um culebra, nosso filho é cria do Xibalba, eu confio na força dele e se alguma coisa der errado, eu mesmo vou buscá-lo.” Klaus apertou o ombro do marido.
“Vocês dois são tão dramáticos. Eu ouvi o chuveiro do quarto dele quando passei pelo corredor, ele deve estar com a gente daqui a pouco… Desde quando surgiu aquela rachadura na parede, tenho certeza que não estava ali ontem?” Kol apontou.
“Não faço ideia do que você está falando.” Richard não olhou para o local apontado e ignorou, ajeitou o guardanapo e passou a cortar um bife quase cru.”
“Isso é nojento, tio Richard…” Ares jogou a mochila no canto da sala e se sentou perto de Kol. “Bom dia.”
“Isso é proteína, um homem tem que começar o dia com boa alimentação. Agora, coma e pare de fiscalizar a comida alheia.” Richard apontou a faca para os pães e frutas.
“Bom dia, Ares, não sabia que estava aqui.” Klaus respondeu passando o molho para o marido.
“O pai mandou dedetizar a casa e me chutou pra cá.” Pegou o pão no cesto e Klaus reparou nos nós dos dedos machucados, assim como o rosto. “Onde está o grande e poderoso tribrido?”
“O grande e poderoso tribrido está aqui.” Todos olharam quando Dante entrou na sala acompanhado por um homem de aparência jovem usando roupas de épocas remotas, mas não disseram nada a respeito já que Dante estava em uma festa de Halloween. “Bom dia a todos. Esse é Raziel.” Richard apertou os olhos quando olhou para o homem, como se tivesse acabado de olhar diretamente para o sol. “Raz, essa é minha família.”
“Bom dia.” O anjo fez uma reverência polida e sorriu percebendo que Richard teve um vislumbre de sua verdadeira forma.
“Bom dia, Raziel, queira se juntar a nós para o café da manhã.” Klaus convidou e Dante puxou a cadeira para seu acompanhante que se sentou ao lado de Ares.
“Obrigado, Klaus.”
“Já ouviu falar de mim…” Klaus sorriu analítico. “Que fantástico. Posso saber como conheceu meu filho?”
“Na festa de Halloween. Vocês têm um filho encantador.” Raziel comentou pegando o copo de suco servido pelo tribrido.
“Encantador? Você é cego, cara?” Ares franziu o cenho.
“Ele puxou isso de mim.” Kol comentou. “Como você pode perceber, meu cunhado não é bom em conversar e meu irmão não gosta de pessoas.”
“Calúnia, eu amo as pessoas.”
“Ontem a noite eu conheci duas versões do papai e uma do pai…” Dante esticou o braço, espetou um pedaço da carne que Richard acabou de cortar e enfiou na boca. “E do tio Kol, tio Elijah e afins.”
“Não pode roubar a comida de um homem.” Richard resmungou.
“Vocês podiam agir como se fossem civilizados por um café da manhã?” Ares fez uma careta para o tio e o primo. “Não faço ideia como um homem tão bonito teve coragem de sair com você.” Dante mostrou a língua para o garoto.
“Falou o demônio da Tazmania.”
“Não se preocupe comigo, estou acostumado.” Raziel observou a dinâmica daquela família, tão parecida e ao mesmo tempo diferente das outras.
“Ah, pai, acho que aquele garoto chato com quem eu me desentendi não é tão ruim, olhando mais de perto.” Dante comentou enquanto inconscientemente colocava coisas no prato de Raziel.
“Um bom jantar é sempre a melhor forma de resolver um impasse.” Richard sorriu. “Sempre que tínhamos um impasse, Tio Eddie mandava a gente comer e discutir o problema, ele aprendeu isso quando trabalhou com Los lobos, toda vez que a banda ficava empacada em uma música, não saiam do lugar, não achavam o verso, eles saiam para comer e davam um jeito. Então, a gente fazia o mesmo antes de cada serviço. Funciona!”
“Seu tio Eddie me parece um homem sábio.” Raziel comentou. “Meus irmãos e eu resolvemos jogando cartas. Acho que toda família tem um jeito de resolver os problemas.”
“Klaus, por exemplo, colocava uma estaca no nosso coração e trancava em um caixão por décadas.” Kol comentou fazendo o híbrido rosnar.
“Ah, por favor, você fala como se eu não tivesse entregue as adagas para vocês há anos, o que eu estou me arrependendo.” Retrucou e Raziel riu.
“Uma vez meu irmão caçula estava chateado conosco e ficou sem falar com meu irmão mais velho e eu por dois mil anos…” Raziel contou casualmente escondendo a risada de bolo atrás do guardanapo. “Foi um período ruim.”
“E vocês reclamando por causa de algumas décadas totalmente protegidos em caixões.” Klaus resmungou.
“Dois mil anos? Espere, quantos anos você tem?” Ares encarou Raziel.
“Muito mais do que você gostaria de saber, jovem Gecko.” Raziel sorriu e Ares negou com a cabeça.
“De quão velho estamos falando aqui?” Klaus se ajeitou na cadeira.
“Eu tenho vinte um, pai, ele não está abusando do meu corpinho, bom está, mas não posso reclamar disso.” Dante deu de ombros, roubando outro pedaço da carne do pai que bateu os punhos na mesa.
“Gatito travieso, pegue sua própria comida!” Repreendeu o filho mesmo que todos soubessem que não se importava que o menino roubasse sua comida.
“Tudo bem…” Dante bufou pegando o copo de horchata do pai e bebendo, Klaus riu. “Você disse para não pegar a comida!”
“Você é um… ladrãozinho, tem mais de onde veio isso!”
“Ele tem a quem puxar.” Kol riu.
“Então, Raziel, já provou horchata?” Richard perguntou e o anjo parou um pouco tentando se lembrar.
“Não que eu me lembre.”
“É sério?” Dante se levantou, saiu da sala e voltou com dois copos, entregou para o amante. “Você vai adorar, experimente.”
“É uma bebida deliciosa, feita de arroz, leite, um toque de canela…” Richard começou, Klaus sorriu balançando a cabeça vendo a empolgação dos dois.
“Beba, amigo, ou eles não vão te deixar em paz.” Kol já havia passado por isso. Raziel bebeu um gole e sorriu.
“É realmente muito bom. Suave e adocicada na medida certa.” Comentou. Richard e Dante comemoraram com um high five.
“Ótimo, mais um convertido.” Ares resmungou, o garoto odiava canela.
“A família Mikaelson é realmente a mesma, não importa o universo…” Raziel comentou. “E você, Richard, qual sua história?”
“Você está brincando? Não tem uma lista de pecadores no inferno? Seth e Richard Gecko são a elite quando se trata de roubo a bancos.” Ares interferiu.
“Modéstia a parte, a gente era muito bom mesmo, tio Eddie dizia que Seth era o Ás e eu, o Coringa, juntos éramos uma boa mão. Roubamos trinta e seis bancos e nunca fomos pegos.” Richard gesticulava enquanto falava com um sorriso infantil que fazia os olhos de Klaus brilharem.
“O melhor do Oeste, como diz Carlos.” Klaus balançou a cabeça.
“Meu pai é o melhor mesmo.” Ares comentou provocativo.
“Só esqueceu de mencionar que o único roubo que deu errado e tio Seth foi preso, foi o roubo que o pai não estava.” Dante lambeu a geleia da faca, Ares e Dante sempre tinham suas picuinhas sobre os pais. Raziel analisou o rosto de Richard que ria contando animado as suas aventuras como ladrão de bancos, ele gostaria de ouvir essas risadas vindas de Samael.
“Mas é o seu pai que é tachado de maluco psicopata.” Ares zombou.
“Meu lado da família todo é, não é bem uma ofensa.” Dante devolveu.
Raziel apenas olhava a dinâmica familiar, principalmente entre Richard e a família. Eles discutiam e implicavam um com o outro e ainda assim pareciam muito felizes.
“Existe algum motivo, e espero que seja muito bom, para você ficar encarando meu marido?” Klaus perguntou com a voz baixa, a pergunta soou como uma ameaça velada.
“Desculpe, esqueci de avisar que meu pai é um pouco ciumento.” Dante riu.
“Um pouco?” Kol franze a testa.
“Não se preocupe, Klaus, não tenho interesse no seu marido, só estou curioso em saber se Richard tem a mesma personalidade que meu irmão caçula Samael.” Raziel respondeu calmamente.
“O tal Samael que Lúcifer mencionou é seu irmão?” Richard olhou para ele. “O Samael com quem eu me pareço?”
“Parece só não, você é uma cópia impressa dele, até os olhos de Culebra.” Dante corrigiu. “Não é mesmo, Mi Angelito?” Raziel concordou.
“Como gêmeos univitelinos.” Raziel concordou. “A diferença é que meu irmão é um demônio.”
“Não tem diferença, então.” Kol encarou Richard.
“Bem, eu vou pra escola, um demônio que é a cara do meu tio e o Lúcifer, a cara do meu pai, é demais pra mim…” Ares se levantou e agarrou a mochila. “Sabe, você até que bem bonito pra um demônio que o Dante arrastou do inferno.” Ares comentou mordendo o sanduíche.
“Na verdade, eu sou um anjo.” Raziel corrigiu. “Meu irmão Samael é um caído.”
“Um anjo?” Os quatro falaram ao mesmo tempo e Dante piscou para Klaus.
“Isso é loucura, tô fora!” Ares saiu correndo.
“Só meu sobrinho favorito mesmo pra ir até o inferno e voltar com um anjo.” Kol soltou uma risada.
“Preciso ir embora, Dante, meu tempo aqui acabou…” Raziel segura o rosto do tribrido. “Eu volto.” Deu um beijo nos lábios do amante. “Foi um prazer conhecer vocês e peço desculpas pelo estúdio.” Um portal se abriu e Raziel desapareceu.
“Anjo? Anjos fazem sexo?” Richard perguntou.
“O que aconteceu com o estúdio?” Klaus perguntou e Dante sorriu torto.

 

Mikael chegou de Roma uma semana depois, como era de costume, Dante e seu avô passavam bastante tempo juntos, conversando e treinando. O vampiro ensinou tudo que aprendeu com seu pai, e tudo o que aprendeu depois de se tornar um vampiro, para seu neto, inclusive caçar outros vampiros. Dante até usava o brasão da família do avô em um de seus colares.
“Soube por Klaus que está namorando um anjo.” Mikael comentou quando bloqueou o golpe de Dante.
“Não estamos namorando, vô…” Dante girou o corpo com alta velocidade, mas Mikael desviou do bastão. “Raziel e eu apenas gostamos de dançar.”
“Dançar?” O vampiro riu enquanto atacava. “É assim que estão chamando hoje em dia?” Os bastões se chocaram lançando ambos para lados opostos da clareira.
“Estamos apenas nos divertindo, sem rótulos.” Se atacaram novamente. Seus movimentos eram quase espelhados, Dante treinou com Mikael a vida inteira entre aquelas árvores, haviam desenhos do brasão do Clã de Mikael cunhado nos bastões e em algumas árvores.
“Repita as regras!” Mikael e Dante se atacavam e se bloqueavam mutuamente.
“Não deixe o adversário ver seu movimento…” Bloqueou e atacou. “Antes que o faça…” Repetiu os golpes. “A capacidade de resistir à dor é a verdadeira arma do guerreiro…” Girou o corpo no ar e chutou. “Dominando isso, nada terá poder sobre mim.”
“Você é um guerreiro, Dante…” Mikael sorriu para o neto. “Tenho orgulho de você.” O tribrido baixou a guarda por milésimos de segundos e foi golpeado na boca e estômago.
“Não se distraia!” Dante falou limpando o sangue da boca e rindo de si mesmo, os dois voltaram a trocar golpes e se bloquear com força e velocidade vampirescas. O jovem nunca usava magia ou força híbrida quando treinava com Mikael ou com os tios, com ele treinava sua parte vampira. Com Klaus e Richard treinava sua parte híbrida e lobo, com Freya treinava sua magia.
“E eu estava falando sério, tenho orgulho de você...” Mikael atacou novamente, mas Dante se distraiu com um vortex de luzes azul e douradas, que fez com que fosse prensado contra uma árvore. “Se concentra, garoto!” Mikael foi atravessado por uma lâmina e lançado para longe de Dante por uma rajada de energia.
“FICA LONGE DO NOSSO IRMÃO!” Um grito ecoou pela mata.

Chapter 52: THE VISITORS

Chapter Text

Boa leitura!

Henrik, Eli, e principalmente, Miguel, estavam muito empolgados com a ideia de fazer uma visita e conhecer o mundo de seu irmão caçula. O trio passou a semana inteira planejando e trabalhando para convencer o Arcanjo Miguel a permitir sua pequena excursão.

“Eu não acho que seja uma boa ideia vocês visitarem fisicamente um mundo desconhecido…” Miguel, o Arcanjo, falou. “Muitas coisas podem dar errado com esse tipo de interferência. Por que não podem apenas usar a projeção astral?”

“Mas nós não vamos fazer nada de errado, vovô, só queremos passar o dia com nosso novo irmão.” O Nefilim pediu, cutucando o marido para ajudar.

“Eu não acho que uma visita inocente possa perturbar o equilíbrio, irmão.” Raziel interferiu, Lúcifer apoiou o queixo nas mãos encarando o Anjo com os olhos semicerrados.

“Tem várias palavras para o que poderia acontecer com esses quatro juntos em um outro universo…” Samael comentou. “Vocês não fazem nada em que a palavra inocente possa ser aplicada.”

“O que você quer dizer com isso?” Henrik olhou para os companheiros. “E sou inocente com certeza, sou muito bonito para não ser.” Lúcifer soltou uma gargalhada.

“Com certeza você é, lobinho, mas lembre-se que eu era considerado o Top model na passarela celestial e olha onde estamos.” Raziel soltou uma risadinha se lembrando das palavras de Klaus sobre a beleza de Lúcifer.

“Eu estou curioso demais sobre a magia para me importar em provocar o Apocalipse.” Eli que estava quieto até então, comentou.

“Eu só vou porque meu Mihaly pediu, não tenho interesse por socialização ou o Apocalipse.” Sam deu de ombros.

“Por que Henrik está tão animado de repente, pensei que não gostasse dele?” Samael perguntou.

“Eles comeram juntos e resolveram seu impasse.” Raziel comentou e Lúcifer esfregou a barba com desconfiança. “Não creio que haverá problemas, irmão, tenho certeza que se divertirão com o irmão e sua família.”

“Filho da puta…” Lúcifer bateu na mesa e apontou para Raziel. “Tá transando com ele, eu sabia, seu anjinho sacana!” Acusou.

“Quem?” Sam enrugou a testa.

“Tio Raziel está namorando?” Miguel perguntou um pouco confuso. “Com quem?” Sam deu de ombros, ele não estava prestando atenção na conversa.

“Minha vida particular não está em discussão.” Raziel retrucou.

“Raz, eu não estou discutindo, estou afirmando, você, seu anjinho sacana, está transando com o menino gato!” Zombou.

“Do que vocês estão falando?” Samael ergueu os olhos do livro.

“Tio Raziel está namorando um menino gato.” Miguel contou. “O que é um menino gato? É um código?”

“Raziel não está namorando, não sei porquê desse alarde todo…” Miguel defendeu o irmão mais novo. “Pare de provocá-lo.”

“Que rápido em defender o irmãozinho, Miguel, não me diga que também está interessado no menino gato? Não vai ser a primeira vez que vocês dividem o namorado.” Lúcifer gostava de provocar o Arcanjo.

“Lúcifer, pare de incomodar meus irmãos.” Samael advertiu.

“De quem vocês estão falando? Parem de fazer fofoca pela metade!” Miguel reclamou.

“Maninho, eles estão falando do Dante, Raziel está pegando nosso irmão bebê.” Henrik balançou a cabeça. “Depois de tanto tempo de casado, você foi contaminado pela lerdeza do Sam?”

“Hey… Nenhum de vocês é muito esperto para falar de mim.” Sam se defendeu.

“Mas tio Raziel e vovô Miguel não são velhos demais para ele?”

“Ah, por favor, Henrik praticamente mora com dois demônios milenares, nosso irmão ter conseguido conquistar logo dois seres milenares e lindos, diga-se de passagem, prova que ele é esperto.” Eli entrou na conversa, o tribrido estava irritado com a demora em resolver o único assunto que interessava a ele. “O que é uma prova indubitável que todos nós temos um gosto impecável.”

“Se é tão importante para vocês especular minha vida particular, sim, Dante e eu ficamos juntos algumas vezes, nós dois gostamos de dançar, mas não temos nenhum compromisso. Seu irmão e eu temos uma preferência pelo amor livre. Satisfeitos?” Raziel olhou diretamente para Lúcifer.

“Eu era adepto do amor livre também, até conhecer os amores da minha vida.” Henrik piscou.

“Ótimo, agora que Lúcifer conseguiu confirmar a fofoca, parem de me envolver em assuntos que não me dizem respeito…” Voltou seu olhar para os garotos. “Eu darei minha permissão, desta vez, mas se vocês arranjarem confusão, será a última.”

“Dante aprenderá seu próprio caminho até vocês, ele será capaz de transitar pelo Inferno através do Xibalba e abrir caminho até aqui por sua própria força.” Raziel explicou.

“Ele não pode fazer isso, existe a névoa e os demônios.” Henrik estremeceu só de lembrar.

“Dante não é um bruxo, é um feiticeiro nascido da magia xibalbana bruta, assim como o pai, ele é capaz de sobreviver no Inferno, no futuro, será capaz de invocar e manipular a névoa e criaturas do Xibalba.” Samael contou ao grupo.

“Como eu disse, tem potencial para ser o maior monstro entre vocês.” Lúcifer encarou Raziel que sorriu.

“Isso não vai acontecer.” O Nefilim garantiu. “Não vou deixar!”

A primeira imagem que Miguel teve ao atravessar o portal foi de seu novo irmão caçula sendo prensado contra uma árvore pelo maior pesadelo de seu pai. O Nefilim teve acesso às memórias de Klaus, pai dos gêmeos, e todo o sofrimento que aquele vampiro o fez passar, a raiva cresceu dentro dele como as asas em suas costas e ele atacou. Dante ficou horrorizado com o ataque, olhou entre seu avô caído do outro lado e o trio rosnando para o vampiro. De repente atacaram juntos.

“Mauizmaca!!!” Recitou erguendo um escudo para proteger Mikael e correu entrando na frente.

"Se afaste desse monstro, Dante!" Ruge Miguel, as asas do Nefilim tremeluziam, os olhos azuis elétricos sob as veias negras e a lâmina firme em suas mãos.

"Não, se afastem vocês.” Dante responde com a voz firme, o olhar escurecendo ao sentir o tom de ameaça e se colocou em posição de luta, ele não sabia qual era o problema com aqueles três, mas não deixaria que ferissem sua família.

“Saia da frente, Dante… Vados!” Henrik conjura um feitiço explosivo contra o vampiro que é repelido pela barreira invisível.

“Parem com isso…” Dante falou entre os dentes. “Não me obriguem a lutar contra vocês.”

“Você não sabe o monstro que está protegendo, irmão. E temo que não poderá nos impedir de extirpar esse mal de seu mundo.” Eli estalou o pescoço e esticou os braços, a ponta dos dedos tocaram a barreira e começou a sifonar.

Dante se virou para o avô que estava se levantando com o rosto transformado, Eli absorveu a barreira com dificuldade.

“Somnus.” Dante recitou e Mikael caiu inconsciente. “Ele vai me matar quando acordar… Tlazotla.” Um escudo protetor se formou ao redor do vampiro.

“Eu não quero lutar com você, irmão, mas ele tem que morrer.” Miguel atacou Mikael com a lâmina de Serafim que foi bloqueada por Dante usando sua pequena adaga de obsidiana, os olhos de serpente rodeados de veias escuras, a pele coberta por um camada de escamas e a magia crepitava ao redor deles.

“Vai ter que me vencer primeiro, Raio de sol.” Rosnou mostrando as presas afiadas, bateu a mão espalmada no peito de Miguel e o lançou para longe com uma rajada de magia. Dante salta abrindo os braços.

Os quatro se encararam, os olhos brilhando de determinação. Sam se manteve quieto mantendo uma distância segura observando o local enquanto os filhos de Klaus resolviam suas pendências. Os três ficaram tão chateados ao reconhecer Mikael que nem se deram conta de que aquele não era o mesmo homem de seus universos e que Dante estava defendendo o homem.

“Se você quer assim, Maninho, vamos voltar ao nosso ponto de partida.” Henrik atacou, se teleportando, aparecendo atrás de Dante com as garras de lobo ativadas, Dante gira o corpo, agarrando o pulso de Henrik, puxando-o para si e dando uma cabeçada forte que o lançou contra uma árvore com brutalidade.

“Desculpe por isso… Ossox…” Eli surge pelo lado direito, conjurando o feitiço, Dante grita ao sentir seus ossos se partindo. “Incendia.” Uma barreira de fogo se formou ao redor do bruxo. “Não queremos machucar você.”

“A capacidade de resistir à dor é a verdadeira arma do guerreiro…” Dante rosnou anulando a magia de Eli, atravessando a chamas, o fogo abre caminho para ele como se fosse repelido. “Dominando isso, nada terá poder sobre mim.” Ele desfere um chute no peito de Eli, que voa para trás, Henrik o ampara.

“Você é louco? Eu vou matar você!” Henrik rosnou e atacou furioso, os dois começaram um embate sem magia, apenas força bruta e agilidade, Henrik tinha a vantagem da idade, mas Dante tinha a seu favor uma quarta natureza, ele bloqueou o golpe de Henrik, segurou firme seu braço e mordeu. “ARGHHHHH…” O ardor do veneno entrando em seu sistema distraiu o tribrido teve o pescoço quebrado e caiu inconsciente.

“HENRIK!!!” Eli gritou e toda a magia elemental se manifestou através da sua ira. Uma tempestade de fogo tomou conta da reserva. “Você ousa ferir meu irmão.”

“Vocês me chamam de irmão, vem ao meu mundo, atacam a mim e a minha família e espera que eu não revide?” Dante ergueu as mãos e uma aura dourada flutuou ao seu redor. “Senhores…” Abriu os braços. “Eu posso não conseguir vencer você e o Raio de sol, mas eu posso derrubar esse mundo tentando.”

“Irmão, pense com calma.” Miguel não queria lutar com Dante, ele não esperava que nada daquilo acontecesse. “Por favor.”

“Você não é meu irmão, Marcel é o meu irmão, Roman é o meu irmão. Irmãos não atacam irmãos.” Eli tirou suas cartas de Adamas dos bolsos, jogou-as no ar. Usou a telecinese para controlá-las atacando por todas as partes, a magia autoconsciente de Dante impedia que as lâminas o tocassem.

“Eu vou matar você!” Eli avançou contra Dante usando magia e força bruta, o tribrido estava cego de ódio.

Dante desviou do chute se abaixando e tocando o chão que se abriu em um paredão de chamas e aproveitou a surpresa para avançar com uma sequência de socos no peito de Eli. Miguel investe com a lâmina angelical acesa, mas sem intenção de ferir gravemente. Ele é mais rápido, Dante usou o truque de Eli usando a telecinese para bloquear o golpe com sua lâmina xibalbana, Eli acerta a boca do jovem Gecko com um chute e Miguel usa suas asas para lançá-lo contra uma árvore, sua natureza Nefilim o torna resistente à magia xibalbana.

Dante coloca a mão no peito por causa da dor do impacto, Eli agarra a lâmina xibalbana e se lança com toda sua velocidade e força, disposto a matar o adversário.

“ELI NÃO!” Miguel se desespera. A lâmina afunda na lateral do peito de Dante que cambaleia para trás por um segundo.

“Eli.” O Culebra geme e o tribrido o olha assustado segurando a faca no peito de Henrik. Um sorriso torto surge nos lábios de seu gêmeo e Eli cai morto com o pescoço quebrado. Dante retirou a lâmina do peito. O metal xibalbano era muito difícil de curar. “Isso doi pra cacete, sabia?” Olha para os gêmeos caídos no chão. “Acho que somos você e eu agora, Raio de sol.” Dante olhou para o Nefilim e depois para Sam que estava acendendo um cigarro. “Hey, pode me dar um desses?” Perguntou esfregando o peito ferido, Sam fez surgir um cigarro aceso entre os seus dedos e ele tragou com um suspiro. “Só um instante.”

“Você trapaceou.” Miguel o encarou.

“Não, eu usei suas fraquezas contra eles, nós somos Mikaelson e nossas maiores fraquezas são a família e a arrogância.” Deu de ombros. Deu um último trago no cigarro e o jogou no chão. “Além disso, três contra um não é trapaça? Onde está a justiça divina, Raio de sol?”

“Por que você insiste em lutar contra nós? Estamos protegendo você, irmão.”

“Me protegendo de que? Até agora o único perigo que eu estou correndo aqui é com vocês.”

“Porque insiste em proteger o Mikael, o destruidor, ele é um monstro.” Miguel perguntou sem soltar a lâmina ou recolher as asas. “Não posso perdoá-lo por tudo que fez ao meu pai, ao pai de Eli e Henrik, ao seu pai.”

“Esse não é o seu mundo, mas se você quer assim, vou te mostrar uma coisinha.” Dante puxou a sua lâmina curta de volta para sua mão, seu rosto de tribrido se transformou, algumas escamas cobriram seu corpo, parecidas com as de Sam e algo inesperado aconteceu, das costas de Dante começaram a brotar um para de asas de dentro da carne, um par de asas enormes com penas negras como petróleo, manchadas de sangue, ele abriu os braços e seu corpo se elevou, segurou firme a sua pequena lâmina. Sam derrubou o cigarro da boca. “Vamos a bailar, hermano!”

“Pelo Anjo!” Miguel e Dante se atacaram mutuamente, a lâmina de Miguel era muito mais longa que a adaga de Dante, que precisava de uma distância menor para um golpe, em compensação as penas de suas asas se solidificam formando lâminas de obsidiana tão afiadas quando as lâminas de adamas das asas do Nefilim. Eles colidem no ar com um estrondo. O impacto gera uma onda de energia massiva que provoca tremores na terra.

Miguel ataca com a lâmina, Dante desvia girando o corpo, as asas bloqueando a lâmina do Nefilim. Ambos trocam golpes no ar. Sam ergueu uma barreira para evitar que a luta provocasse consequências catastróficas àquele mundo. Miguel consegue acertar um corte no ombro de Dante e é chutado para longe.

“Desista dessa loucura, irmãozinho.” Miguel pediu segurando o golpe do tribrido, Dante dá uma cotovelada no rosto do Nefilim, prendendo-o com as penas de obsidiana.

Miguel usa sua magia angelical ferindo a pele de Dante que o solta, o Nefilim aproveita e golpeia o tribrido que desliza pela terra derrubando as árvores. O jovem se levanta com os braços arranhados, o corte de adamas no ombro e a perfuração no peito pelo metal xibalbano ainda estavam abertos e sangrando, o fato de Miguel não ter nada além de alguns arranhões nos braços causados por suas penas o enfureceu. Seus olhos brilham, as escamas se expandem, as veias negras serpentearam embaixo de seus olhos e pescoço.

Com um gesto das mãos algumas lâminas de obsidiana se desprendem de suas asas e ele lança uma atrás da outra com velocidade híbrida. Miguel tenta bloquear o ataque, mas uma das lâmina penetra em sua coxa o derrubando de joelhos. Os olhos de Sam brilham de irritação com o ferimento de seu marido.

Miguel rosnou e lançou uma rajada de energia contra Dante que usa as asas para bloquear e ambos colidem em uma sequência de golpes em alta velocidade, provocando um vendaval dentro da barreira. Como diria Dante, era uma dança de luz e sombra. Dante acerta um soco direto no queixo de Miguel, que imita o movimento, os dois são lançados para lados opostos.

“Temos que parar, Dante, essa luta não faz sentido.” Miguel falou se levantando com dificuldade, Sam correu até ele.

“Desista de ferir o meu avô e essa luta acaba, Raio de sol.” Dante se sentou segurando a ferida no peito e cuspiu sangue. "Eu disse que não vou deixar vocês encostarem nele!"

“POR QUE VOCÊ ESTÁ DISPOSTO A MORRER POR ESSE MONSTRO?” Miguel esbraveja mancando até Dante, ainda segurando a lâmina. Eli e Henrik recobraram a consciência e se colocaram de pé.

“Por que está disposto a me matar por ele?” Dante perguntou. “Vocês são tão irritantes!" Dante suspira olhando para o anel que o mantinha sob controle pensando se deveria tirar ao ver o trio se aproximar, Henrik e Eli estavam muito irritados.

“FIQUEM LONGE DO MEU NETO!” Mikael gritou com o rosto transformado, segurando uma estaca feita de metal xibalbano. Os três param por um segundo encarando o homem, Eli e Henrik rangeram os dentes e estreitaram os olhos, sua magia flutuando nas pontas dos dedos.

“Vovô, não é uma boa ideia você…” Mikael e o trio se preparam para um ataque, mas Sam surge entre eles, os impedindo com sua magia.

“Agora chega, vocês três…” Repreendeu. “Eu entendo que vocês estejam irritados, mas esse Mikael não é o nosso avô, Mihaly, e nem o avô de vocês.” Olhou para os gêmeos. “Esse é o avô do Dante.”

“Mas ele estava atacando Dante.” Henrik se defendeu.

“Ele não estava me atacando, Bolinho de mel, nós estávamos treinando.” Dante deita no chão sem cerimônia.

“Esses são os filhos de Niklaus que você me falou?” Mikael perguntou para Dante sem tirar os olhos dos intrusos.

“Exatamente.” Dante respondeu. “Cabeças quentes... como o papai."

“Dante, irmãozinho, me desculpe.” Miguel pediu sem jeito e Dante soltou uma gargalhada estrondosa.

“Finalmente uma luta que vale a pena o esforço.” Dante continuou a rir deixando o quarteto sem palavras.

“Menino idiota!” Mikael balançou a cabeça.

Chapter 53: YOUNGBLOOD Parte Um

Summary:

Olá, espero que estejam todos bem, BLOODLINES está quase no final, terá no máximo mais uns quatro capítulos.

Chapter Text

Boa leitura!

Sam, Miguel, Eli, Henrik e Dante estavam sentados na sala do complexo em frente a Klaus, que mantinha os braços cruzados e o maxilar travado encarando o estado deplorável do quarteto, Richard estava parado um pouco mais atrás com as mãos cruzadas como um guarda costas enquanto Mikael que estava parado segurando um copo de whisky, observava.

“No que vocês estavam pensando?” Klaus perguntou. “Destruíram a pequena reserva da família, a reserva que plantamos e Dante fez crescer quando ainda era criança.”

“Desculpe, pai, digo, senhor Mikaelson…” Miguel pediu envergonhado. “Foi um terrível equívoco, em nossos universos Mikael fez nosso pai sofrer muito e quando chegamos vimos Dante e…”

“Nós achamos que Mikael fosse machucar o Dante.” Henrik interferiu.

“E pra evitar que Mikael machucasse meu filho, vocês decidiram machucar meu filho?” Klaus ergueu a sobrancelha. “Que tipo de lógica é essa?”

“O seu tipo de lógica, Nik.” Kol entrou na sala olhando para os visitantes. “Você claramente faria esse tipo de idiotice.”

“Em minha defesa, não tive nenhuma participação nisso.” Sam comentou.

“Pelo um dos filhos do Klaus tem juízo, então? Que milagre.” Kol zombou do irmão.

“Bem… Ele é filho do tio Elijah.” Henrik deu de ombros.

“Certo, eu devia ter adivinhado, pena que Elijah está viajando, ele ia gostar de saber que tem um filho em algum lugar.” Serviu whisky para si mesmo. “Eu sou seu tio favorito? Aqui eu sou o tio favorito.” Piscou para o sobrinho que fez sinal de positivo.

“Eu não diria o favorito…” Eli respondeu. “Meus favoritos são Katherine e Kai.”

“O que meu irmão está dizendo é que não tivemos tanto contato com você do nosso mundo, mas está na nossa lista de natal, com certeza.” Henrik corrigiu o irmão.

“Não se preocupe, você é um dos nossos favoritos.” Miguel garantiu.

“Kol, estamos discutindo um assunto importante aqui.” Klaus o repreendeu.

“Só mais uma pergunta, eu tenho alguém, tipo namorado ou namorada?”

“No nosso mundo você é casado com Davina Claire.” Eli respondeu. “Uma excelente aquisição para a família.”

“No nosso você é casado com um vampiro de um tipo diferente chamado Eric e com Damon Salvatore.” Klaus começou a rir.

“Que gosto horroroso.” Comentou.

“Ah, papai, você meio que é casado com esse Damon em outro universo e é pai desses dois aqui.” A risada do híbrido morreu.

“Precisava me lembrar?.”

“Eu acho que nunca vi esse cara no nosso mundo. Só sei que tomou a cura e virou humano, um idiota, se me perguntar.”

“Você o conheceu, Dante, você tinha cerca de sete anos, nós estivemos em Mystic Falls e ele invadiu nossa casa.” Dante fez um biquinho pensativo e balançou a cabeça, ele não lembrava.

“Isso não importa, o que importa é esses três aqui atacando meu filho.” Klaus se virou para os três. “Dante é um tribrido, de onde vocês tiraram que perderia uma luta contra um vampiro, mesmo um Original?”

“Foi um mal entendido, senhor Mikaelson, não tínhamos como saber que o Mikael desse mundo não era um monstro.” Miguel respondeu tentando manter um tom respeitoso.

“Todos nós somos monstros na história de alguém, meu jovem, meu sogro pode ter sido por séculos um monstro na história do Klaus, mas não é um monstro na história do Dante…” Richard falou. “Nós podemos entender vocês, sua reação é parcialmente justificada, mas vocês não podem ficar correndo por aí como um bando de crianças piromaníacas que acabaram de ganhar uma caixa de fósforo.” Os quatro se encolheram.

“O que meu querido marido eloquentemente está tentando dizer é que as coisas não foram diferentes comigo e tenho certeza que falo em nome dos pais de vocês quando digo que me sinto orgulhoso por ser defendido com tal paixão, mas no nosso mundo as atitudes de nosso pai foi exclusivamente culpa dos Ancestrais.” Klaus olhou para Mikael que baixou a cabeça, o homem carregava toda a culpa pelos séculos em perseguiu e torturou o filho e tentava a todo custo se redimir fazendo por seu neto o que não fez pelo filho.

“Como assim?” Sam perguntou, o feiticeiro híbrido não conseguiu absorver a imagem de Richard Gecko sendo idêntica a seu avô, mas sua personalidade parecia fora do personagem.

“Meu filho deve ter comentado alguma coisa sobre as maldições e profecias que castigaram nossa família e linhagem.” O híbrido perguntou e Eli se ajeitou na cadeira, ele estava bastante curioso sobre isso.

“Por alto.” Miguel respondeu.

“Bem, tudo começou com nossa mãe e uma profecia…“Quando uma regra você quebrar, a escuridão vai se aproximar. Quando duas regras você quebrar, a escuridão irá se espalhar…E quando três regras você quebrar, a maldição irá desencadear.” Klaus relatou. “Nossa mãe quebrou as regras da natureza três vezes e por causa disso fomos amaldiçoados.”

“Como?” Henrik perguntou.

“Usando magia negra para engravidar, criando os vampiros e o primeiro híbrido.” Eli concluiu.

“Exatamente, você é bem inteligente, garoto.” Mikael elogiou. “Para impedir que a terceira regra fosse quebrada, os Ancestrais tentaram me usar para matar Niklaus, usando sua magia começaram a plantar um ódio tão profundo dentro de mim, me enlouquecendo para que eu matasse meu filho e impedindo que ele se tornasse um híbrido. Mas eu nunca consegui fazer isso.”

“Eu não entendo, essa maldição não deveria ter sido desencadeada quando Klaus ativou a maldição de lobisomem?” Miguel pegou um pedaço de bolo que acabou de ser servido.

“Esqueceu que a Ester prendeu a parte lobisomem do papai, isso pode ter adiado tudo.”

“Exatamente, e como nenhum de nós estava ciente dessa profecia, quando Nik completou a transição fomos atingidos pela maldição que só poderia ser desfeita através de um ritual de união entre o lobo e a serpente, mais precisamente entre as linhagens divinas de Fenrir e Quetzalcóatl ou Kukulkán.” Kol apontou o copo para Klaus e Richard. “Ou seja, esses dois precisavam se casar. E como podem notar, deu tão certo que agora eu tenho um sobrinho.”

“Você acha que… Acha que talvez…” Miguel mordeu o lábio e Sam segurou sua mão. “Mikael não odiasse nosso pai de verdade, sabe, que pode ter sido por culpa dos Ancestrais?” O Nefilim olhou para o vampiro e Klaus com esperança.

“Eu não sei, garoto, não sabemos como isso funciona no seu mundo.” Mikael respondeu com um pouco de tristeza no olhar.

“Talvez aquele anjo do Dante saiba…” Klaus falou. “Ou aquele demônio parente de vocês.”

“Faria sentido, independente do universo, as bruxas sempre tiveram medo dos descendentes do tio Klaus, tem sempre umas merdas bem loucas acontecendo com eles por causa daquelas ‘mundanas delirantes’, como diz meu pai.”

“Isso é verdade, as bruxas tiraram a minha irmã, Hope, da barriga da tia Hayley pra sacrificar. Fora a Esther e o Finn que queriam matar ela.” Miguel contou.

“Ela, mas não você?” Richard ajeitou os óculos encarando o Nefilim.

“Quando eu nasci papai, Alec, já tinha feito os acordos, nós nascemos em tempos de paz.”

“Nós tivemos problemas, Papa D foi jogado no Mundo prisão, Dahlia nos arrancou de dentro da barriga dele, o matou, levou meu irmão e me deixou para morrer.” Todos olharam para o jovem. “Nós vivemos separados por anos, primeiro por causa da Dahlia e depois porque…”

“Eu procurei um jeito de trazer nosso pai de volta à vida. E eu trouxe...” Eli completou. “Depois de dezoito anos.”

“No seu mundo, seu pai morreu? Por Xibalba, eu não sei o que faria se tivesse perdido meu pai, acho que nunca iria me recuperar.” Dante olhou para Klaus tentando imaginar ter crescido sem ele.

“Eu sofri muito, perdi o papai e meu irmão, por mais amor que tenha recebido, a ferida nunca cicatriza. Papa D não pôde nos ver crescer, quando Eli encontrou um jeito, tínhamos dezoito anos… Foi meu presente de aniversário.” Henrik contou emocionado.

“Seu pai não pode vê-los crescer e isso deve ser uma cicatriz que durará pra sempre…” Klaus comentou. “Eu nunca seria capaz de esquecer. O Klaus do seu mundo certamente nunca vai se recuperar completamente de ter perdido o marido e o filho no mesmo dia, nunca deixará de se culpar.”

“Você deve ter se sentido muito sozinho, vocês dois.” Dante olhou para os gêmeos.

“Minha ligação com Henrik é incrivelmente poderosa. Nós sempre pudemos nos falar, nos ver, através de projeção astral involuntária. Eu ensinei a ele tudo que aprendi com Dahlia. Acreditavam que éramos amigos imaginários.”

“Eu sinto muito pelo que vocês passaram.” Dante apertou os lábios.

“Sabe de uma coisa interessante? O nome que Dahlia deu a Eli era Dante.” Henrik se lembrou.

“Dahlia também criou muitos problemas tentando roubar minha irmã, ela quase matou toda nossa família, papai estava disposto a se ligar a ela e morrer com ela, mas meu pai Alec, voltou dos mortos e a destruiu…” Miguel ergueu os olhos para o vampiro. “Acho que um dos motivos que me deixou mais cego de raiva ao ver Mikael, meu pai morreu tentando proteger meu pai Klaus, morreu pelas mãos dele.” Um rosnado escapou de seus lábios.

“Então, Klaus viu seu marido morrer nos dois universos? Isso é um carma e tanto…” Kol comentou e Dante fez sinal para que ficasse quieto. “Que ele não merece também.”

“Um carma que eu tenho que pagar em todos os universos, pelo jeito.” Suspirou olhando para Richard.

“Pelos deuses do Xibalba, Klaus, eu não posso ser morto de verdade.” Richard enrugou o nariz.

“Mas isso não impede você de tentar, não é? Lembra que você deixou a Dahlia te matar só pra entrar na mente dela? Lembra que Lucien arrancou seu coração e Dante usou o sangue dele pra te trazer de volta? Sem contar as outras vezes. Seu… Sonso!”

“Eu não posso morrer, amor, isso deveria te deixar feliz.” Richard sorriu como uma criança, o que chamou a atenção de Sam e Henrik.

“Feliz? Às vezes, eu queria poder matar você!” Falou com os dentes apertados.

“Então, Dahlia fez uma bagunça em todos os universos…” Mikael interviu para parar a discussão. “Mulherzinha revoltante.”

“Então ela também tentou roubar o Dante. Como salvaram ele?” Miguel perguntou curioso.

“Dante tinha sete anos quando ela nos encontrou, ele nos enganou com ajuda do seu parceiro de crime mirim, nos prendeu em um Chambre de chasse e foi atrás da bruxa, sozinho, e se ofereceu para fazer o ritual de ligação…” O quarteto encarou o caçula ao ouvir o relato do Kol. “Ele enrolou a bruxa velha, mordeu ela absorvendo seu conhecimento e memórias e para finalizar depois quase a matou com uma sobrecarga de magia xibalbana.” Kol tinha um sorriso de orelha a orelha. “Meu anticristo Mikaelson, tão bonitinho, ele já tocava o terror quando era só uma sementinha de Satanás.” Os meninos riram.

“Tio Damon nos chama de cria de Satanás também.” Miguel contou.

Klaus estreitou os olhos para os frequentes olhares de Sam e Henrik para Richard, ele sabia que era por causa da semelhança de seu marido com um demônio, mas isso não significava que ele gostava.

“Hey, vocês dois…” Apontou para Sam e Henrik. “Qual é sua ligação com o tal demônio Samael?” Perguntou com as mãos pousadas na cintura.

“Tio Samael é avô do meu Vidrinho de veneno…” Miguel apontou para Sam. “Inclusive, ele também se chama Samael, mas nós chamamos de Sam.” Richard olhou para o jovem, pensativo. “Depois podemos mostrar as fotos de família.” Balançou o celular.

“Samael é meu companheiro.” Henrik soltou antes que um deles pudesse intervir.

“Como um tipo de… amigo?” Richard ajeitou os óculos encarando Henrik.

“Como um tipo de marido.” O híbrido imediatamente olhou para o marido.

“O que?” Richard franziu o cenho para Klaus. Mikael fez sinal para Dante, Eli ou Miguel interferirem.

“Então, tio Klaus, nesse mundo você é descendente de Fenrir? Isso é tão legal.” Miguel chamou atenção do híbrido. “E o tio Richard é descendente de que… Como é mesmo?”

“Quetzalcóatl, a Serpente emplumada ou Serpente da Visão.”

“Por isso que o Dante tem asas?” Eli entrou na conversa.

“O pai também tem…” O tribrido se virou para o pai. “Mas raramente precisamos usar nossa forma completa, além de ser muito doloroso, não é como se tivéssemos muitos adversários.”

“Suas asas são incríveis.”

“As asas de quem são incríveis?” Ares se jogou no sofá segurando uma lata de cerveja que Klaus pegou de volta. “Hey!”

“Você não tem idade para beber!” Richard o repreendeu.

“Ares, eu não sabia que você estava morando aqui.” Dante resmungou.

“Deus me livre, eu vim só buscar o Kol. Então, quem tem asas incríveis? E quem são esses caras? Não me diga que já enjoou do anjo bonitão?”

“Você é muito curioso, Galinho de briga… Eu tenho asas incríveis e esses são meus outros irmãos e cunhado.”

“Irmãos? Mais esquisitos… Você tem asas? Igual da Kisa?” Richard estreitou os olhos.

“Claro que não, as asas dela parecem de um morcego com uma membrana fina e flexível de pele.” Richard começou a explicar, Mikael esfregou as têmporas, Kol deu passo para trás e Dante balançou a cabeça.

“Você é um especialista nas asas daquela mulher? Mais algum detalhe dela que queira falar?” Rosnou.

“Eu só estou dizendo que não é igual, nós temos essas asas por causa da nossa linhagem, Serpente Emplumada, tem plumas, amor, não é igual as dela, só isso.” Richard ergueu as mãos como se tentasse pacificar seu híbrido. “Não tem nenhuma razão para ter ciúmes da Kisa, amor, ela é praticamente esposa da Freya.”

“Paiiii.” Dante gemeu.

“Então, se ela não estivesse com a minha irmã, eu teria razão?” Richard arregalou os olhos.

“Não foi eu que eu disse.”

“Foi exatamente o que você disse!”

“Quem é Kisa?” Henrik cochichou.

“A namorada da Freya, ex-namorada do Richie e ex-noiva do Nik!” Kol provocou saindo da sala, puxando Ares com ele. “Vamos embora, Pomo da discórdia.” Mikael já tinha saído de fininho.

“Ela não era minha noiva, aquilo foi um equívoco.” Klaus resmungou.

“E ela não era minha namorada, éramos apenas parceiros de negócios.” Richard suspirou.

“Ah, você transa com seus parceiros de negócios? Eu sou seu parceiro de negócios?” Os meninos se encolheram.

“Não é a mesma coisa, não compare nosso relacionamento com o que tive com ela.”

“E eu posso saber o que tem de diferente?” Klaus perguntou com as mãos na cintura.

“A diferença é que… EU AMO VOCÊ!!” Klaus abriu a boca para retrucar, mas fechou.

“Bom, porque eu também amo você.”

“Ok, essa é nossa deixa…” Dante se levantou e empurrando os outros para fora. “Que horas a carruagem de vocês vira abóbora?”

“Temos até a meia noite, irônico né?” Miguel respondeu.

“Vamos tomar um banho e tirar esses trapos, acho que tenho roupas que servem em vocês. Depois vamos lá pro estúdio.” Os quatro seguiram Dante para fora da sala onde Klaus e Richard começavam a fazer as pazes.

“Quando você falou no estúdio pensei que fosse qualquer coisa, menos um bar.” Eli comentou quando Dante parou a RAM 3500 na frente do Jacknife Jed's.

“Ah, o estúdio é na parte de cima do bar.” O tribrido viu o Corvette vermelho estacionado e sorriu. “Meus amigos estão aqui. Vocês vão se divertir muito por aqui.”

“Espero que sim porque Miguel nunca mais vai nos deixar voltar.” Henrik lamentou.

“Por que não?” Dante encara o Nefilim e abraça os ombros do Nefilim. “Cadê seu espírito de aventura, Raio de sol? Ficou chateado porque eu machuquei suas peninhas?”

“Não eu, o Arcanjo, ele avisou para não aprontar.” Explicou enquanto Dante andavam até as portas.

“Raz pode falar com ele, não pode?” Dante perguntou. “Hey, Manolo.” Ergueu o braço balançando freneticamente como uma criança animada.

“Hey, Pequeño Lorde!” O homem retribuiu o aceno com um sorriso.

“Manolo e sua esposa, Maria, cuidaram de mim desde criança, me ensinaram tudo sobre La Santa Muerte…” Contou acenando para algumas pessoas. “Dahlia matou a vovó Maria.” Os outros não disseram nada.

“Raziel já intercedeu por nós, para que pudéssemos vir até aqui, não acho que vai funcionar de novo.” Eli respondeu. “Não depois de destruir uma reserva e vocês dois encenarem o Apocalipse.

“Bom, eu consigo reerguer sua pequena reserva, seu pai disse que vocês plantaram aquelas árvores juntos, deve ser um lugar importante.” Sam se ofereceu porque considerava as atividades que fez com os pais quando criança lembranças muito preciosas.

“Meu pai e eu plantamos a maioria daquelas árvores, mas cada membro da família tem uma árvore lá, nós plantamos e minha magia as fizeram crescer. Nossos lobos brincam juntos na lua cheia, nós treinamos, acampamos ou apenas caminhamos por lá, então, você não precisa se preocupar, eu mesmo vou restaurar.” Garantiu segurando a maçaneta. “Agora, vocês acham mesmo que o Miguel não vai deixar vocês voltarem só por causa de uma briguinha de crianças? Eu falo com ele, sou muito bom em convencer as pessoas, principalmente negociar em situação com reféns.” Piscou para os irmãos empurrando a porta com o ombro.

“Situação com reféns? Nós somos os reféns?” Henrik perguntou entrando atrás do garoto.

“Bem vindos, Mis Hermanos…” Dante abriu os braços e inclinou o corpo como se apresentasse um espetáculo. “Ao meu El Rey!” O jovem não estava mostrando apenas um bar construído sobre um templo antigo, estava abrindo as portas de sua vida aos seus novos irmãos.

Chapter 54: YOUNGBLOOD Parte Dois

Summary:

Olá, gostaria de avisar que Bloodlines terá mais dois capítulos e o Epilogo.

Chapter Text

Boa leitura!

O bar ainda estava fechado e poucos funcionários andavam de um lado para o outro organizando as coisas. Dante cumprimentou um por um enquanto o quarteto observava o lugar um pouco escuro com uma iluminação avermelhada, que lhe dava um toque de pecado, na parede perto da porta havia vários cartazes colados no painel. Eli enrugou a testa observando um cartaz que foi claramente colado com mais cuidado que os outros, no centro havia uma foto em que reconhecia Dante e Dorian junto com outros dois jovens. Era o anúncio de uma apresentação.

“Bloody Society…” Henrik lê por cima do ombro do irmão. “Uau, ele realmente tem uma banda.”

“Isso explica o palco.” Miguel apontou. “Talvez dê tempo de você tocar com eles, amor.” Sam deu um pequeno sorriso.

“Talvez dê.”

O grupo continuou analisando os detalhes enquanto Dante juntava algumas garrafas de bebidas atrás do balcão e acomodava nos braços. A culebra ao seu lado retirava o dinheiro da carteira que pegou no bolso do casaco do tribrido, que ria e reclamava que ela estava cobrando a mais, dizendo que aquilo era um roubo. Atrás do balcão havia uma foto da mulher, o homem chamado Manolo e outras pessoas que estavam lá, sorrindo, na frente deles um garotinho de cabelos cacheados dourados com um sorriso feliz.

“É o Dante?” Miguel perguntou curioso. “Queria ter conhecido ele nesta época.”

“Ele era fofo, como pode ter se tornado esse cafetão de fala mansa?” Henrik brincou apontando para o tribrido.

“Acredite, menino, o Dan de hoje é muito mais fácil de lidar com o querubim da foto.” Os quatro olharam para trás vendo o homem que era a cópia de Lúcifer. “Esse moleque só se metia em confusão.”

“Tio Lu…”

“Hey, tio Seth…” Dante acenou. “Me dê uma mão aqui, Amélia vai levar todo meu dinheiro.”

“Por que deixou ela meter a mão no seu bolso?” O Gecko mais velho pegou a garrafa de cerveja e riu dos dois. “Ares e Kol me disseram que vocês são filhos do Klaus de outros universos, isso é realmente muita loucura pra minha cabeça.”

“Sim, nós somos.” Henrik respondeu encarando o homem.

“Algum problema, garoto?” Henrik apenas negou com a cabeça. Amélia colocou a carteira de volta no bolso de Dante, que deu um beijo na bochecha da mulher. “Dante paga por tudo que consome aqui, desde criança…” Seth apontou para outra foto. “Esse aqui é o Roman, ele vive com a gente, é tipo um irmão e parceiro de crime do Dan. Não se deixem enganar por essas carinhas fofas, esses dois aprenderam a roubar no poker antes de aprender a tabuada.”

“Sabe como é, tio Seth, se tudo der errado…” Dante falou se aproximando. “Sempre haverá Las Vegas.”

“Sei, se comporta e nada de demolir o bar como você fez quando trouxe aquele tal de Raziel.” Dante arregalou os olhos. “Anjo, que mentira!”

“Eca!” Os quatro falaram juntos. “Somos, tipo, irmãos.”

“Vamos embora…” Dante abriu uma porta de pedra que escondia uma escada. “Vou apresentar ‘A Caverna’.” Subiu segurando as garrafas.

“Pelo Anjo, ele é mais estranho que vocês três.” Sam balançou a cabeça, Dante abriu a porta dando espaço para o grupo.

“Bienvenidos, mis hermanos.”

A ‘Caverna’ ou estúdio, era muito maior do que parecia do lado de fora, tinham vários quadros nas paredes, algumas telas e tintas espalhadas por todos os cantos em uma espécie de bagunça organizada, alguns esboços pelas mesinhas, no centro da sala havia poltronas modernas e confortáveis, uma enorme tela acoplada à parede, os aparelhos de última geração contrastavam com um aparelho de videocassete e uma coleção inteira de fitas VHS. Em um canto repousavam os instrumentos musicais da pequena banda, no outro lado havia um painel cheio de fotos de família e amigos, que incluíam Mikael e Finn. Miguel pegou o celular e começou a registrar as imagens.

“Cara, eu pensei que Hope e Miguel gostassem de pintar, mas você elevou esse hobby para outro nível.” Henrik comentou olhando os esboços. “Esse é o Raziel?”

“Eu gosto de artes, Bolinho de mel, música, dança, fotografias, pinturas, escultura e magia.” Dante respondeu parado ao lado dele. “E sim, esse é o Raz, lindo demais para não eternizar.”

“Você toca?” Dorian Gray apareceu atrás de Sam que analisava uma guitarra.

“Sim, meus pais e eu temos apreço pela boa música, aprendi a tocar vários instrumentos quando criança, piano, violão, violino, bateria, mas meu amor maior é a guitarra.” Respondeu puxando uma corda.

“Hey, Dorian…” Os meninos cumprimentaram o imortal que sorriu. “Bom te ver, cara.”

“Bom ver vocês também, não sabia que viriam, teria me vestido melhor.” Comentou.

“Está perfeito como sempre, Mi Sarracenia.” Dante falou e Henrik o encarou balançando o esboço com o rosto de Raziel. “Não seja ciumento, Bolinho de mel, Raziel e eu somos adeptos do amor livre.” Piscou. “Onde estão os outros?” Dorian apontou para o sofá no canto.

“Ressaca.” Um fio de baba escorria pelo canto da boca de Peter que estava dormindo tão profundamente que não percebeu os visitantes.

Ao contrário dos irmãos, Eli se sentiu atraído por uma estante com portas de vidro, havia magia emanando dela, uma magia poderosa. Todos os livros tinham capa de couro preta e nenhuma identificação, além de um símbolo na lateral. Os dedos de Eli formigaram, ansioso para tocar, descobrir que segredos continham aquelas páginas, tocou no pegador desesperado para abrir.

“Tá tentando roubar meu irmão?” Eli retirou a mão da porta e se virou para o estranho.

“O que?” Estreitou os olhos.

“Perguntei se está tentando roubar?”

“Como se atreve a me acusar…” Eli começou a retrucar, ofendido, e o outro começou a rir.

“É brincadeira… Pela descrição você deve ser o Bolinho de chocolate.”

“Eli, você deve ser o Roman, já ouvi muitas coisas sobre você.” Eli comentou analisando o garoto Upir, ele era tão alto quanto Dante e Miguel, os olhos grandes e expressivos.

“Não acredite em tudo o que ouve, nós somos muito piores do que dizem e muito melhores do acreditam.” Roman Godfrey sorriu. “Esses livros são grimórios transcritos pelo tio Richie para o Dante, sabe, as memórias e conhecimento mágico de cada bruxa que atentou contra nosso clã está nessas páginas.”

“Incluindo a Esther, nossa doce e dedicada vovó.” Dante completou. “Hey, Morceguinho, o seu pulguento está desmaiado no sofá da Peaches.” Peter ergueu a mão sem abrir os olhos e mostrou o dedo do meio para Dante.

“Cretino.” Peter resmungou abrindo os olhos e se sentando, respirou fundo penteando os cabelos com os dedos. “Quem são esses? Não me diga que estão aproveitando meu sono de beleza para ganhar dinheiro expondo esse sexy homem besta aqui?”

“Eu duvido que alguém pagaria para ver essa bunda peluda!”

“Eu pago!” Roman falou e Peter apontou para o namorado.

“Eu estava falando de seres pensantes, Morceguinho.” Dante apertou seu ombro. “Pessoal, deixa eu apresentar, esse é Roman Godfrey, meu irmão e melhor amigo, e o namorado dele, Peter Rumancek… E esses são…”

“Espera…” Peter ergueu a mão. “Não fala, deixa eu adivinhar. Esses dois devem ser os Biscoitos…”

“Bolinhos.” Roman corrigiu.

“Biscoito, bolinho, é tudo a mesma coisa…” Henrik e Eli cruzaram os braços. “O garoto platinado deve ser o Raio de sol e você…” Apontou para Sam. “Com certeza não é a Lobinha de caramelo, então você deve ser o… Marshmallow tostado.”

“Marshmallow tostado?” Sam ficou pensativo tentando entender de onde veio esse apelido. “Isso é um insulto?”

“Que é isso, cunhadinho, eu jamais usaria um apelido para insultar alguém, nem todo mundo entende sarcasmo ou ironia e eu não tenho paciência pra explicar, gosto que a pessoa tenha plena certeza que foi insultada!”

“Você tem algum fetiche por doce?” Henrik perguntou.

“Apelidou todo mundo?” Miguel olhou para Dante. “Você sabe que temos nome e nem são difíceis.”

“Ah, qual é, eu não tenho memória fotográfica e não ia me dar ao trabalho de decorar um monte de nomes de pessoas que eu nem sabia que veria de novo…” Se justificou. “Além disso, associar é mais fácil.”

“Dante é um idiota, está em tempo de desistir de ter um irmão. A gente não tem mais essa sorte, infelizmente já gostamos dele.” Peter deu de ombros.

“Eu sou um fofo, todo mundo gosta de mim.”

“Por falar nisso, a Aurora ligou, disse que encontrou a pessoa que você mostrou nos sonhos. E disse: Diga ao Dante que ele deve aprender a atender o telefone!” Dorian contou.

“Legal… Então, o que acharam do nosso esconderijo secreto?”

“Um pouco eclético, mas interessante, você realmente gosta de arte.” Henrik respondeu.

“E magia.” Eli completou olhando para a estante.

“E tem diferença entre arte e magia?” Dante sorriu. “Você pode bisbilhotar, Bolinho de chocolate, se tiver algum grimório de seu interesse você pode levar.” As portinhas se abriram.

“O que é esse símbolo?” Eli tocou.

“É um símbolo de selamento, mas como você tem a minha autorização, não precisa se preocupar com ele.”

“Obrigado.” Eli ignorou a todos enquanto folheava os grimórios.

“Então, Roman, você e meu irmão se conhecem há muito tempo?” Miguel se sentou no sofá aceitando o copo de Whisky entregue por Dante, Sam usou sua magia para verificar a bebida.

“Você sabia, meu querido Marshmallow tostado, que no Xibalba existe um tipo de demônio bem pequeno…” Mostrou a falange do dedo mindinho. “Mais ou menos deste tamanho que tem um veneno letal que não pode ser detectado por magia?” Sam se levantou com os olhos de serpente e Dante riu.

“Estou brincando com você.”

“Então, isso não existe?” Miguel puxou seu marido de volta para o sofá.

“Sei lá, talvez, eu nunca estive no Xibalba.” Deu de ombros bebendo do copo de Miguel para apaziguar o feiticeiro. “Sabe, vocês precisam relaxar, não podem passar a vida vendo ameaça em tudo, nós somos Mikaelson, nós somos as ameaças.”

“Ele diz isso porque nunca teve juízo ou instinto de autopreservação…” Roman apontou. “E também tem magia auto consciente e pode ver a alma das pessoas.”

“O que é bem útil.” Dorian falou preparando uma dose de absinto. “Mas Dante tem razão, se você passa a vida olhando por cima dos ombros perde toda a diversão.”

“O que eles estão dizendo é que vocês podem baixar a guarda, estão seguros aqui.” Peter falou. “Eu tô avisando desiste logo antes que seja tarde demais.”

“Ah, mas nós somos filhos do Klaus, não importa o universo, nós não desistimos da família.” Miguel falou. “E eu também estava cansado de ser o caçula.”

“Tem certeza disso, eu sou uma gracinha, mas sou muita responsabilidade.” O jovem Gecko sorriu, mas havia uma seriedade oculta no seu tom de brincadeira.

“Sempre e para sempre…” O Nefilim garantiu. “É uma promessa.”

“De dedinho?” Dante se inclinou mostrando o dedo mindinho que o Nefilim enganchou com seu próprio dedo.

“De dedinho!”

“Respondendo a sua pergunta, Miguel, Dante e eu nos conhecemos na escola, tínhamos sete anos, eu tinha acabado de conhecer esse garoto e já fui perseguido pela Dahlia, eu devia ter dado o fora enquanto era tempo…” Abraçou os ombros do amigo. “Eu passei mais tempo confinado no Complexo por causa das ameaças a essa peste do que na minha própria casa.”

“O que? Você amava ficar lá, tanto que papai conseguiu sua tutela.” Zombou. “Inclusive, nós nos comunicamos por telepatia e eu até dividia meu lanchinho com você.”

“Verdade, faz tempo que não bebo sangue do tio Klaus.” Comentou saudosista.

“Dante, você sabe se em algum desses grimórios tem algum feitiço de Purificação?” Eli perguntou ainda entretido com os grimórios.

“Eli é apaixonado por magia.” Henrik comentou. “Acho que ele pegou toda essa paixão para si porque, apesar de gostar de magia, não sou aficionado como ele.”

“Eu tenho muito conhecimento mágico acumulado, mas minha afinidade maior é com a magia xibalbana, ela é parte de mim e eu sou parte dela.”

“Porque você é um feiticeiro, como eu, também tenho mais afinidade com a magia demoníaca do que o meu lado bruxo Mikaelson.” Sam balançou a cabeça.

“Que tipo de feitiço de purificação você precisa?”

“Um que faça um vampiro deixar de ser vampiro, um lobisomem deixar de ser lobisomem, bruxa deixar de ser bruxa, desse tipo.” Eli explicou.

“É só matar!” Dante, Roman, Dorian e Sam falaram juntos.

“Claro…” Eli revirou os olhos e Dante murmurou alguma coisa inaudível e um livro escorregou da estante. “Obrigado.”

O grupo ficou horas conversando sobre inúmeros assuntos, contando histórias de suas vidas, suas famílias, hobbies, animais de estimação, inimigos em comum nos universos, seus relacionamentos. Sam e Miguel contaram sobre suas aventuras no universo de Alec e como foram levados a julgamento pela Clave e como Raziel apareceu para interceder. Contaram como conheceram os gêmeos e que quase houve uma guerra entre as famílias, sobre Elijah do mundo dos gêmeos ter se sacrificado por Sam e que foi trazido de volta por Eli. Falaram sobre magia, Dante explicou como sua magia funciona, sendo o único feiticeiro xibalbano, aprendeu com sua própria magia e adaptou feitiços para si.

“Eu tenho algo para vocês…” Dante falou se levantando, Gata passou por ele se esfregando, desviou de Peter e pulou no colo de Miguel. “Essa é minha gata, o nome dela é Gata e ela adora ficar aqui, já Peaches prefere o complexo…”

“Sua gata se chama Gata?” Henrik encarou o bichano e Dante deu de ombros indo até a estante.

“Eu sou um especialista em criar objetos negros, joias principalmente…” Voltou segurando uma caixa de metal. “Eu faço todas as etapas, desde a escolha das pedras, do metal, o design, trabalho pacientemente, lapidando, moldando, enfeitiçando…” Abriu a caixa. “Tenho trabalhado nisso desde aquele encontro no outro mundo, sabe, para o caso de vê-los novamente. Não é tão legal quanto o Colar da oração, mas funciona bem. Eu chamo de Colar da visão.”

“Fez… Fez isso pra nós?” Miguel perguntou olhando diretamente para a caixa um pouco emocionado.

“Desculpe não ter um para você, Marshmallow, farei um da próxima vez.” Dante entregou para cada filho de Klaus uma corrente simples de aço xibalbano com um pingente discreto em formato circular com um olho no centro, onde ficaria a íris era obsidiana. “Quando estiverem na presença de desconhecidos que não sabem se podem confiar, esfreguem o pingente com a ponta dos dedos e recite “conmottilia”, vai permitir que você tenha a visão da alma e poderá identificar a essência da pessoa e suas intenções.”

“Isso é incrível, Dante, obrigado.” Henrik segurou o colar e recitou a palavra, naquele instante ele pode ver as almas das pessoas na sala. “Fantástico.” Falou sem comentar a quantidade de escuridão que emanava de Dante.

“Esse é da Lobinha.” Entregou para Miguel. “Está quase na hora da nossa apresentação, gostaria de tocar conosco, cunhado?”

“Me mostre o repertório.” O garoto deu de ombros.

“Antes de ir tem algo que eu gostaria de compartilhar com vocês e também pedir a você, Raio de sol, minha contra parte…” O Nefilim balançou a cabeça prestando total atenção. “O que vocês sabem sobre vampiros estripadores?”

“São vampiros que não tem controle sobre a própria fome, viciados em sangue, nosso tio Stefan é um estripador, é muito difícil para ele.” Eli falou. “Ouvi histórias sobre os massacres que ele promoveu quando dominado pela fome.”

“Quando meu pai estava me carregando, antes de saber sobre mim, ele sentiu uma fome incontrolável, essa fome o dominou e ele se tornou um estripador, deixou um rastro de corpos por Nova Orleans, depois descobriram que sua fome poderia ser controlada pelo sangue de meu pai.” Contou observando as expressões dos irmãos.

“Se um vampiro estripador já é terrível, um híbrido estripador deve ser um pesadelo.” Henrik comentou. “Ainda bem que não herdamos essa doença do tio Stefan.” Eli viu uma sombra cair nos olhos de Dante.

“Quando eu me transformei meu pai achou que eu pudesse ter me tornado um estripador, eu pude ver o pavor nos olhos dele, mas eu só estava com fome mesmo.” Miguel comentou. “Por que a pergunta, está tendo problemas com algum estripador?”

“Sim, nós temos um grande problema com um estripador por aqui…” Roman apertou o ombro do amigo sabendo que ele estava hesitante. “Eu sou um estripador, meu sangue é corrompido…” Os quatro ficaram em silêncio encarando o garoto. “Lembram que papai comentou que eu curei meu pai quando Lucien arrancou seu coração?” Balançaram a cabeça. “Usei meu sangue e ele foi gradativamente se tornando um híbrido e também um estripador, eu transformei uma pessoa uma vez, papai teve que matá-lo e quando eu completei a transição tive certeza.”

“Mas isso não faz sentido, você, seu pai, não parecem que tem problemas com sangue.” Miguel falou, Dante colocou um anel sobre a mesa, mostrou que havia um anel idêntico em seu dedo.

“Eu criei esse anel, ele suprime meu lado vampiro e mantém o estripador na coleira, o primeiro que fiz foi para o meu pai. Eu ainda sou muito jovem, até que eu encontre uma cura ou consiga controlar minha loucura, precisarei dele, cada membro da minha família tem um exemplar para o caso de acidentes, mas talvez chegue um tempo que eles não sejam capazes de me conter.”

“Você quer que eu fique com ele… Eu vou ficar com ele e nós vamos encontrar uma cura, Dante, nós vamos dar um jeito, nós somos família, nós sempre damos um jeito.”

“Dante, eu sinto muito pelo que eu disse.” Henrik pediu constrangido.

“Você não disse nada de mais, Bolinho de mel, minha linhagem é corrompida e a verdade é que eu não me importo muito, só tenho medo de ferir os meus amigos e família.” Dante se levantou. “Meu anel é muito bom, não se preocupe, isso é só uma medida de contenção.”

“Nós temos também.” Roman mostrou.

“Vou mandar um Colar da oração para vocês, se precisarem, podem nos chamar.” Eli falou.

“Bem, não pensem nisso, estou bem, temos que nos arrumar, afinal, eu prometi diversão e eu sempre cumpro minhas promessas…” Roman enrugou a testa e pigarreou. “Quase sempre.” Piscou. “Na sua próxima visita, Bolinho de chocolate, eu te mostro o meu grimório e meus brinquedinhos.”

“Você tem um grimório?”

“Now, I'm nothing but a bad bitch… A motherfucking witch…” Dante riu e saiu cantarolando.

O grupo desceu até o bar quase uma hora depois, como prometido por Dante, eles realmente se divertiram, conversaram amenidades, dançaram, fizeram jogos com doses de tequila, disputas de facas, jogaram sinuca e agora Miguel, Eli e Henrik estavam sentados vendo Sam começando os primeiros riffs com sua guitarra acompanhando os membros da Blood Society. Dante segurou o microfone com todo seu charme e sorriu torto antes de começar a cantar.

“All my life been waging war in my mind, been waiting for something right, been praying for Sun to shine…” Dante começou. “Apathy a friend and my enemy, another blind, visionary. I never cry, but I bleed…” Era estranho que a letra parecia uma confissão. “Tell me what does it feel like, to feel anything again. I know that it takes time but this never ends…” O tribrido olhou para os irmãos e sorriu. “And I'm starting to realize the glass half empty has been, just a way to be baptized. In the taste of your own medicine…”

Miguel sorriu ao ver que seu marido estava se divertindo, Sam sempre gostou de música, principalmente daquele estilo, os três ficaram felizes com a visita e com apresentação, a banda era boa, eles realmente gostaram de conhecer o lugar e os amigos do irmão e estavam um pouco tristes em voltar tão cedo, mas como Dante disse, sua carruagem estava virando abóbora e Miguel estaria esperando por eles com um belo sermão. Exatamente à meia-noite um portal se abriu, eles se despediram dos novos amigos e partiram.

O portal se abriu no meio da sala comum do Limbo, Raziel, Miguel, Samael e Lúcifer estavam jogando poker quando os meninos atravessaram o portal com um quinto passageiro surpresa. Quando Dante saiu do portal as quatro entidades o encararam com estranheza, Lúcifer olhou para Raziel e depois para o garoto que piscou para ele. Dante andou até Miguel, se inclinou em reverência e deu um sorriso.

“Miguel, Príncipe dos exércitos, Protetor da humanidade, Divino Arcanjo da justiça…” Segurou a mão do Arcanjo, Raziel deu uma risadinha do rosto espantado do irmão, o quarteto arregalou os olhos. “Peço humildemente que o grande Arcanjo em toda sua beleza e graça conceda uma audiência a este humilde servo.” Lúcifer balançou a cabeça.

“O que?” Miguel perguntou confuso.

“Tem certeza que não é seu filho?” Samael perguntou a Lúcifer.

“Eu sempre posso adotar.”

 

Músicas:

*Bad Bitch - Peach Club

*Glass Half Empty - VOILÀ (Luke Eisner é um dos vocalistas)

Chapter 55: SHADOWS IN A MIRROR

Summary:

Olá, esse é o penúltimo capítulo da nossa história.

Chapter Text

Boa leitura!

O trio estava sentado, em silêncio, no sofá, Sam ficou ao lado de seu avô, enquanto Lúcifer e Raziel prestavam atenção na conversa. Miguel ficou encarando o jovem tribrido que falava e gesticulava sem parar, andando de um lado para o outro explicando que houve um engano por parte de seus irmãos, mas que estava tudo resolvido e que não havia necessidade de vetar suas futuras visitas.

“Veja bem, o Raio de sol, quero dizer, o Miguel, é meio que, uma contraparte minha, sabe? Preto e branco, ying e yang, negativo e positivo…” Tagarelava. “Se um dia, no futuro… Um futuro bem distante, eu não for capaz de me controlar, ele é o único com poder pra me trazer de volta. Bom, se for o caso, você sempre pode me incinerar com seu poder divino, mas eu prefiro que não…” Apontou para o Nefilim. “O anjo nele é o único capaz de conter o demônio em mim.” Lúcifer estava se esforçando muito para não soltar uma gargalhada.

“E você está me dizendo tudo isso por que?” Miguel perguntou encarando os olhos do garoto.

“Eles disseram que você, o senhor, Vossa Graça, como eu te chamo?” Dante fez um bico. “Vou chamar de Príncipe, bem, eles disseram que você não deixaria que voltassem a me visitar se houvesse algum problema, eu vim aqui pra explicar que já está tudo resolvido, foi só uma briguinha boba, um mal entendido que eu poderia ter esclarecido no início, mas não fiz.”

“Eu estava me referindo a um problema real, eu quis dizer que se a presença deles no seu universo causasse problemas com o véu que separa os mundos.” O arcanjo se voltou para os quatro. “Não poderiam voltar.”

“Oh…” Dante soltou coçando a cabeça.

“Nós entendemos errado, desculpe.” O Nefilim baixou a cabeça.

“A culpa foi sua, Arcanjo, porque não foi mais claro…” Lúcifer zombou. “Sabe que esses meninos não prestam atenção nas coisas quando estão empolgados.”

“Eu poderia dizer que foi perda de tempo vir aqui, mas nenhuma oportunidade de ter um vislumbre do lindo rosto de mi Ricitos de Oro é tempo perdido…” Sorriu torto e piscou, Raziel retribuiu o sorriso. “Claro, e mi Principe dorado.”

“Deixe meu avô fora da sua lista de apelidos, irmãozinho.” Miguel chegou perto. “Ele não gosta de intimidade.” Cochichou.

“Só deles? Nós não?” Lúcifer reclamou. “Eu sou muito bonito também.”

“Não leve a mal, mas eu vejo o rosto de vocês antes mesmo de nascer.”

“Humm… Me diz uma coisa, Menino gato, você disse que poderia ter esclarecido o mal entendido no início, por que não fez?”

“Tá brincando, quantas vezes na vida você acha que eu tive a oportunidade de lutar com alguém realmente forte?” Dante se jogou no sofá. “O Bolinho de chocolate poderia ter me matado com minha própria faca, se eu não pensasse rápido… Foi um dos dias mais legais que eu já tive.” Eli ergueu os olhos das páginas de um dos grimórios que trouxe consigo.

“Você é bem maluquinho.” Sam comentou.

“Você pode treinar aqui com a gente.” Henrik sugeriu. “Samael ou Lúcifer podem te buscar.” Samael puxou o ar pesadamente encarando seu consorte com indignação.

“Está falando sério?” Os olhos de Dante brilharam em animação.

“Por que não fazemos isso agora que estamos todos aqui?” Miguel sugeriu com um sorriso feliz. “Seria incrível.”

“Eu topo!” Dante ergueu a mão.

“Como você é da linhagem do Samael, ele pode ser seu mentor, e Miguel pode ajudar.” Henrik sugeriu e Samael estudou o rosto do amante.

“Por que exatamente você está me incluindo nisso?” Perguntou ao tribrido. “Use Lúcifer.”

“Ah, qual é, meu Diabinho, deixe o garoto ver como é ser treinado por um fodástico general do inferno e…” Fez uma careta. “Seu irmão.”

“Com medo de dizer que eu sou o melhor?” O Arcanjo provocou.

“Cuidado com o orgulho, Príncipe, não sei se vou deixar você viver aqui, você é muito chato, já o Raz, eu já separei um pedacinho de terra pra ele construir uma cabaninha na fronteira.” Lúcifer respondeu a provocação.

“Pensei que eu tivesse um quarto aqui.” Raziel comentou. “Você é tão volúvel.”

“Eu não vou treinar com vocês…” Eli falou. “Eu sou um homem casado e preciso voltar pra casa.”

“O que? Porque?” Henrik perguntou e Eli mostrou o celular.

“Oe, Saedaegari, esqueceu que tem casa?” A voz de Lee saiu do aparelho. Henrik começou a rir.

“Foi bom passar o dia com vocês, mas eu preciso ir…” Lucifer fez um movimento com as mãos e um portal se abriu. “Irei visitá-lo em breve, Dante.” Abraçou os grimórios e desapareceu pelo portal.

“O namorado chama ele de Cérebro de passarinho?” Dante enrugou a testa. “E vocês reclamando dos apelidos que eu dou. Isso não é um tipo de relacionamento abusivo, não é?”

“Não, é a linguagem de amor deles. Você fala coreano?”

“Aprendi com uma garota que a gente ficava.” Deu de ombros. “Ela era mais velha, curtia ficar com vampiros, sabe.”

“A gente?” Miguel perguntou.

“Roman e eu… Mas então nós vamos treinar?” Samael deu alguns passos para frente e começou a circular Dante, avaliando, parou na frente do jovem, segurou seus ombros e mordeu seu pescoço. Era a maneira de Samael analisar as habilidades do outro. Quando recolheu as presas o encarou.

“Você é forte, mas sempre recebeu seu poder de mão beijada…” Samael falou. “A magia protege você desde sua concepção, todo seu conhecimento mágico é sabedoria antiga impressa na sua magia. Apesar da magia e você serem um só, você nunca se conectou com sua verdadeira origem. Para treinar comigo você precisa se conectar com sua essência, Estripador.” Dante deu um passo pra trás com o nome.

“Samael!” Henrik segurou a respiração, sabia que aquele era um ponto sensível para o tribrido. Dante trincou os dentes, mas sorriu torto.

“Quer que eu seja o estripador? Eu posso ser, mas você entende que eu vou precisar de ajuda pra voltar?” Perguntou e Samael empurrou os óculos.

“Para se conectar com sua verdadeira essência e liberar o poder que torna você o guardião do seu mundo, você precisa enfrentar a si mesmo e vencer.” Samael apontou para a janela. “Lá fora!”

“Avô…” Sam olhou para o demônio. “Tem certeza disso?”

“Samael, não!” Henrik começou a esfregar freneticamente as mãos.

“Está tudo bem, Lobinho, Samael não vai deixar nada acontecer com ele.” Lúcifer garantiu. “Miguel, Raziel e o Arcanjo chato estarão lá.”

“Está tudo bem, Bolinho de mel.” Dante garantiu.

“Me desculpa, irmão, não vou conseguir ir com você, não lá fora.” Apertou os lábios, Dante entendia, ele viu as memórias do homem.

“Eu fico com você, de jeito nenhum eu vou lá fora.” Sam Black entrou na sala com Lucy no ombro, era muito fácil diferenciá-lo de Bathory, o garoto usava roupas claras e sociais, também usava óculos inúteis que lhe dava um toque de falsa fragilidade.

“Meu heroizinho.” O tribrido abraçou o Herege.

“Eu também vou ficar.” Sam Bathory falou se espreguiçando. “Já tive muita interação social por hoje.”

“Onde está o Fantasminha?”

“Elijah Apa o colocou de castigo.” Sam Black respondeu. “Ele tentou usar magia para trapacear nos exames finais. Um idiota, tem medo de Lucy Black e desafia o pai. Só porque ele é um semideus da morte não significa que não poderia ter um mínimo de amor à vida.”

“Ah, sim, disso meu Vidrinho de veneno entende bem.” Miguel comentou.

“Se eu entendesse de trapaça, não teria passado tanta raiva naquele Instituto.” Sam Bathory rosnou.

“Eu estava falando de ficar de castigo.” Miguel fez um bico e ganhou um selinho.

“Andem logo com isso, antes que eu desista…” Samael bufou. “Já me basta aquele cabeça de vento que eu tenho que aturar.” Henrik balbuciou um boa sorte antes que Samael estalasse os dedos e desaparecesse levando Dante e Miguel consigo.

“Ele nem me deu um beijinho.” Lúcifer choramingou antes de segurar o braço de Raziel que ainda permanecia na sala. “Fique de olho no seu gato, ele é novo nesse lance de inferno. Seus irmãos são muito duros quando se trata de treinamento, não queremos outro garoto traumatizado.”

“É pra isso que estou indo.” Raziel respondeu abrindo um portal e atravessando.

“O que acham de uma festa de pijama?” O demônio se virou para o trio. “Acabaram de lançar um filme bom pra caralho.” Fez surgir uma enorme tela de cinema e baldes de pipoca.

Dante saiu do portal e se viu sozinho em um lugar desértico, o chão era arenoso e quente, algumas montanhas rochosas ao redor, não eram rochas comuns, algumas eram de obsidiana, outras de Jade, até a vegetação era diferente e exalavam diferentes cheiros. Dante cobriu os olhos e ergueu a cabeça para ver o sol vermelho. Ele estava no Xibalba, ou Mictlan para os Maias. Esperava muitas sensações ao conhecer aquele lugar, mas não a sensação de fraqueza, a vertigem e a dificuldade de respirar. Se perguntou, como seu pai, um simples culebra, sobreviveu. Dante caiu de joelhos tossindo compulsivamente até vomitar sangue, seus olhos e nariz sangraram e dor no fundo do crânio fazia parecer que sua cabeça iria explodir.

“Nós temos que ajudá-lo!” Miguel falou entrando em desespero. “Ele está sendo envenenado pela névoa.”

“Não!” Samael respondeu incisivo.

“Vovô, por favor, não sejam tão crueis.” O Nefilim apelou para o arcanjo que não lhe dispensou o olhar. “Se vocês não querem ajudar, eu vou!” Miguel não conseguiu dar um passo, paralisado pelo demônio.

“Eu disse não!” Samael rosnou.

Dante apertou a cabeça entre as mãos para conter a dor, mas havia algo mais, havia a fome latente crescendo dentro dele, não tinha percebido até olhar para o chão. O anel encantado que freava seus impulsos estava esfacelado. O desespero aumentou.

“MIGUEEEEEL…” Gritou procurando pelo Nefilim e ouvir seu nome fizeram as lágrimas escorrerem pelos olhos do jovem paralisado. “MIGUEEEEL… RAZIIIIEEEL…” Gritou procurando por eles. O Nefilim olhou para o Anjo, indiferente, apenas observando.

“Tio Raziel…” Pediu, mas Raziel não olhou para ele. “Por favor. Como você pode ser tão cruel com alguém que sempre foi gentil com você? Com todos vocês?” Miguel nunca ficou chateado com sua família como estava naquele momento. Nenhum dos três respondeu.

“Pai…” Dante chamou seus olhos ficaram vermelhos se conectando com Richard por alguns instantes.

“Paiiii.” Ouviu alguém zombar. “Eu sabia que não ia demorar.” A voz zombou, alguém estava se aproximando. “Sempre o filhinho do papai, um inútil mimado que não consegue fazer nada sozinho.” A voz ficava mais alta e reconhecível à medida que a figura se aproximava.

“Quem é você?” Dante ergueu a cabeça e seus olhos se arregalaram.

“Eu? Eu sou quem você seria se não fosse tão covarde e patético.” Ele se deparou com a própria imagem, aquele Dante sombrio se vestia exatamente como ele, era como olhar em um espelho, a diferença eram os olhos, frios e impiedosos, e o sorriso zombeteiro. “Um bebezinho chorão e inútil.”

“Uma ilusão? Você não sabe que eu sou mestre das ilusões?” Dante se esforçou para levantar do chão. Seu eu sombrio soltou uma gargalhada.

“Mestre? Você? Você não passa de uma criança mimada, uma criatura pedante e covarde que no primeiro desafio de verdade implora por ajuda.” Zombou. “Implora para um falso irmão… É uma vergonha ser você.”

“Cala a boca, Cabron.” Mostrou o rosto de híbrido.

“Me diga, Niño llorón, acredita mesmo que aqueles garotos se importam?” Dante rosnou e atacou sendo lançado para longe sem que o outro tivesse lhe dispensado um olhar. “Eles não gostam de você, gostam dessa máscara patética que você usa desde criança. Desse sorriso treinado, sua obsessão pela arte que te ajuda a esconder a verdade.” A raiva e a fome cresciam dentro do jovem, ele tentou usar magia, mas não provocou nada além de uma risada de escárnio.

“O que?” Dante olhou para suas mãos.

“O que foi, o poderoso feiticeiro xibalbano não pode usar magia no Xibalba?” O Dante sombrio perguntou. “Pobrecito, o que você vai fazer? Chorar? Chamar o Anjo que só está interessado no seu pau? Ou vai chamar o papai?”

“PARE DE FALAR!!!” Dante gritou. “PARE ANTES QUE EU ARRANQUE SUA GARGANTA.”

“Arrancar minha garganta, Gatito, você não consegue se levantar.” O Dante sombrio se aproximou, o outro tirou a faca de obsidiana do bolso e avançou, ambos trocavam golpes espelhados, mas a versão sombria era mais forte e cruel. “Eu sou melhor e mais forte que você.” Desferiu um chute no estômago de Dante.

“O que está acontecendo?” Miguel estava confuso com os acontecimentos e se remexia a cada golpe que a versão sombria dava em seu irmão caçula enquanto o trio apenas observava.

“Dante precisa enfrentar a si mesmo.” O Arcanjo respondeu.

Dante acertou um soco direto no nariz de sua versão sombria, que girou o corpo e chutou seu rosto. O Dante sombrio agarrou sua garganta, o tribrido apertou a faca entre os dedos, seu outro eu percebeu e segurou seu pulso batendo contra uma pedra de obsidiana, roubou a faca e sorriu ao enfiar a lâmina no abdômen do adversário. Dante grunhiu de dor.

“Grite, Gatito, chame o papai…” O outro riu. “Você não é nada sem a magia, a minha magia.” Torceu a lâmina dentro dele.

“Vete a la mierda!” Dante deu uma cabeçada na testa do adversário e o empurrou. Os dois voltaram a lutar mesmo que sua magia não estivesse funcionando, ele ainda era um híbrido. “Eu não sou fraco.”

“Não é?” O Dante sombrio se afastou e com um movimento forçou Dante a cair de joelhos, correntes saíram da terra e prenderam seus braços. “Não, tem razão você não é fraco, é só um covarde, tem tanto medo de si mesmo, você nunca vai vencer.”

“E você é um falastrão de merda.” Dante falou entre os dentes. “Não importa o que você faça, sabe que não pode me matar.”

“Fisicamente não, mas eu posso matar essa parte de você, não aprendeu nada com seu pai? Eu poderia dizer que estou decepcionado, mas já era de se esperar.” Zombou.

“O Xibalba é cheio de rompecabezas, você é só mais um.”

“Esse rompecabezas vai matar essa parte patética e então, me livrar daquela sua gente.” Falou segurando o rosto de Dante. “Você criou feitiços muito bons ao longo da sua curta e patética vida…” O Dante sombrio abriu os braços. “Eu gosto desse. Itzehecayan…” Recitou e se afastou observando, um vento forte se manifestou como um redemoinho ao redor do tribrido, um vento gelado e cortante cheio de lâminas de obsidiana que rasgavam sua carne. “Vou fazer você sentir tanta dor que vai implorar para deixar de existir.” Dante gritou e as pedras de Jade ao redor de Miguel começaram a vibrar, seus olhos brilharam intensamente, as veias escuras serpentearam sob seus olhos, as presas caíram.

“O Xibalba é parte de nosso legado, Gatito. É parte de você!” Dante ouviu a voz do pai, porém a dor excruciante o impedia de raciocinar.

O Dante sombrio ergueu os braços movimentando as mãos como se regesse uma orquestra, movimentando o corpo como se dançasse ao som de uma música inaudível. A cada movimento uma magia nova se manifestava para torturar o tribrido.

“Não tem graça brincar com você…” Cantarolou com crueldade. “Acho que posso fazer isso ficar mais divertido.” Ergueu a mão e uma espada curta voou até ele, a sombra girou a lâmina escura na mão. “Eu, Dante, o Rei do Xibalba, condeno essa versão covarde de mim a morte.” Declarou e começou a caminhar até Dante saltitando, cantarolando uma música infantil que vovó Nahualli cantava com ele nas vezes que o visitava. “Duérmete, niñito, no venga el Caucón, te quite la vida y a mí el corazón…”

Dante tentou se soltar das correntes quando sua versão maligna ergueu a espada. As asas de Miguel surgiram com suas lâminas de Adamas, sua magia angelical emanou com tanta força que chamou a atenção do trio.

“NÃÃÃÃÃOOOOOOO!” Gritou rompendo a magia que o mantinha paralisado, antes que a lâmina tocasse Dante, Miguel atacou usando a Gloriosa, a sombra se virou rápido o suficiente para bloquear o golpe, o choque das lâminas causaram um grande impacto e ambos foram empurrados para lados opostos. Se encararam.

“Devemos interferir?” Raziel perguntou.

“Não!” O Arcanjo respondeu incisivo.

“Finalmente, Raio de sol, pensei que nunca me daria a honra dessa dança.” A sombra riu.

“Não vou te deixar matar meu irmão.” Miguel segurou a espada com as duas mãos e se colocou em posição de combate, com as asas abertas como uma pintura renascentista. “E você não tem o direito de me chamar assim.”

“Pobre Miguel, o pequeno Nefilim cheio de falsa moralidade e obcecado por qualquer um que pense que é da sua familiazinha. Um verdadeiro anjinho.” As asas negras de lâminas obsidianas arrebentam das costas do Dante sombrio e ele se eleva.

“Cala a boca e lute antes que eu arranque essa sua língua peçonhenta.” Miguel rosnou e ataca enfurecido, novamente as espadas se chocaram fazendo o chão do submundo tremer.

Dante girou o corpo e avançou com uma sequência de ataques usando as asas como arma, forçando o Nefilim a usar as próprias asas laminadas como defesa e ataque. A luta avança pelo ar, eles usam as asas e espadas, a sombra impulsionado pela magia desferiu um chute giratório que Miguel conseguiu bloquear com o antebraço.

“Isso é o melhor que consegue, Angelito? Tão patético quanto ele.” Apontou para Dante que tentava se livrar das correntes. “Nunca irá me vencer, ao contrário de vocês, eu sou Dante, não Gecko, não Mikaelson, apenas Dante, o estripador sem humanidade!”

“Deixa ele em paz…” Dante grunhiu para a sombra. “Seu problema é comigo!”

“Problema? Eu não tenho problema com você, só estou me divertindo com você.”

Miguel estava com raiva, não apenas da sombra maldita que feriu seu irmão caçula, mas também das entidades que apenas assistiam indiferentes. O Nefilim se lançou, rápido e feroz, contra seu inimigo, desferindo um golpe duplo com a espada e a asa direita. O Dante maligno consegue se defender da Gloriosa, mas a asa do Nefilim cortou o peito de Dante. A sombra tocou no peito sangrento e soltou uma gargalhada. O verdadeiro Dante que se debatia preso às correntes sentiu o cheiro de sangue fazendo o lobo selvagem e o estripador dentro dele se contorcer.

“Você não queria dançar? Eu também sei dançar.” Miguel zombou. Ambos se atacam novamente, desaparecendo em flashes de luz e sombra, em alta velocidade, suas asas cortam o ar em uma estranha sincronia. A sombra atinge a lateral do Nefilim com a obsidiana e os olhos do tribrido se arregalaram ao ver o Nefilim ser ferido.

“Pobrecito, você vai perder porque seu sangue pesa sobre seus ombros, seus sobrenomes pesam sobre você, sua humanidade pesa sobre você…” A sombra falava enquanto trocavam golpes. O Nefilim raivoso tentou perfurar o peito do adversário com a espada, a Sombra desviou e segurou seu braço em um aperto de ferro e o puxou para si. “Miguel, o Nefilim salvador…” Sussurra perto de sua cabeça. “Você pensa que vai salvar su hermanito de si mesmo, mas não vai. Você não é um salvador, é um assassino.”

“O que?” Miguel pergunta ao sentir um formigamento familiar no toque do outro.

“Desligue sua humanidade…” Ordenou com os olhos vermelhos, Miguel lutou para resistir. “Desligue e mate seu novo irmão caçula!” Ordenou apertando o braço.

“Pare com isso!” Dante puxava as correntes aflito. “Deixe ele.”

“Não!” Miguel puxou o braço, mas não conseguiu se desvencilhar.

“Desligue!” Repetiu.

“Não!” Miguel respondeu.

“DESLIGUE!” Os olhos de ambos ficaram vermelhos. O Dante maligno sorriu torto ainda segurando o braço do outro. “Agora mate ele!” Apontou para o verdadeiro Dante e soltou o braço dele.

Enquanto Miguel se aproximava do irmão a Sombra se virou para o trio de irmãos imortais, abriu os braços como se apresentasse um espetáculo e sorriu vitorioso.

“Que comece o espetáculo… O show hoje vai ser de matar!”

Chapter 56: THE KING IS COMING

Summary:

Olá, esse era para ser o último capítulo, porém se acabasse aqui ficaria sem sentido, então o próximo será o último e depois o Epilogo com passagem de tempo como de costume.

Chapter Text

Boa leitura!

O Xibalba não era um lugar gentil, Richard Gecko sabia bem disso, ele brincava com a mente e com a vida das almas infelizes que tinham o azar de cair lá. Aquele submundo não era totalmente mal e nem todas as criaturas que o habitavam eram más, na verdade a dualidade imperava. De todos o perigos, deuses ou demônios, torturas, enganos, o maior e mais desafiador era enfrentar a si mesmo, uma versão real de si mesmo representando todos os seus mais profundos medos, uma sombra viva, em uma batalha de vida ou morte, se você perder a batalha perde sua identidade e a sombra assume seu lugar para sempre. Richard enfrentou tudo por séculos, inclusive a si mesmo, mas Richard sempre abraçou sua sombra, eram os outros que não aceitavam então ele tentava fingir. O Lorde conhecia o Xibalba como a palma de sua mão, por isso ele soube imediatamente de onde seu filho chamou por ele.

Richard empurrou Klaus de seu colo, o que deixou o híbrido confuso e furioso ao mesmo tempo, se levantou com um flash de vermelho nos olhos.

“Que droga é essa?” Klaus perguntou colocando a camiseta de volta.

“Tenho que buscar o Dante.” Richard olhou para o marido, Klaus segurou seu braço.

“Buscar onde? O que está acontecendo?” Exigiu.

“No Xibalba.” Klaus pegou a jaqueta e seguiu o marido.

“Como vamos chegar lá?” Richard se virou.

“Você não pode ir!”

“Como assim, eu não posso ir? Dante é meu filho e eu vou com você!” Klaus rosnou.

“O problema é que eu posso não conseguir voltar.” Richard explicou.

“Mais um motivo pra você não ir sozinho, de jeito nenhum eu vou viver em mundo sem as duas pessoas que eu mais amo na vida.” Apertou os lábios. “Então, pra onde estamos indo?” Richard suspirou.

“Jacknife Jed’s, é uma fundação antiga.”

Os dois usaram a velocidade sobrenatural para chegar ao bar e foram direto para o seu antigo quarto que Dante havia transformado em sua sala de magia. Richard começou a reunir alguns ingredientes nas prateleiras.

“O que está fazendo?” Klaus perguntou batendo o pé no chão, impaciente.

“Preciso de terra do Xibalba…” Apontou para a prateleira atrás de Klaus. “Olha se não está alí.”

“Richard, estamos perdendo tempo aqui!” Resmungou.

“Preciso realizar o feitiço, Klaus, como acha que vamos para o Xibalba, de ônibus?” O Culebra rosnou. “Achei.”

“Feitiço? Você nem é um bruxo.” Klaus olhou o marido afastando a mesa.

“Eu ainda acho que você deveria ficar, se houver algum problema e…”

“Richard, cala a boquinha, antes que eu esqueça que eu te amo acima de todas as coisas e mate você!” Klaus estreitou os olhos. “Se ficarmos presos naquele inferno, nós colonizamos e transformamos em nosso reino.”

“O que aconteceu com Dante?” Roman entrou como um furacão.

“Como você sabe que aconteceu alguma coisa com ele?” Klaus perguntou com as mãos na cintura.

“Nós estamos conectados aqui…” Apontou para a própria cabeça. “Eu tive uma visão, Dante estava preso por correntes prestes a morrer pelas… próprias mãos?”

“Dante está no Xibalba, nós vamos buscá-lo.” O híbrido contou. “Assim que eu meu marido, que não é um bruxo, faça um feitiço.”

“Nós vamos com vocês.” Roman falou.

“Não podem ir, não sei se conseguiremos voltar. Dá última vez, levei oitocentos anos para encontrar uma saída.”

“Não importa, não vou deixar meu irmão, se ele não puder voltar, eu vou ajudar vocês a tornar a vida naquele lugar um inferno tão grande que vão nos mandar de volta.” O Upir falou.

“Estou começando a pensar que Klaus pariu você também.” Richard balançou a cabeça.

“Ainda bem que eu escolhi usar botas de combate…” Dorian comentou. “Ao invés de mocassins.” O imortal foi até uma caixa pegando duas pistolas com balas de metal xibalbano e pó de freixo. Richard e Klaus olharam para Peter procurando algumas ervas.

“O que vocês pensam que estão fazendo?”

“Nos preparando, nunca fomos ao inferno antes, precisamos de proteção…” Peter falou começando uma espécie de benzimento segurando a de Roman.

“Alguém aqui é mentalmente são?”

“Pai… Acho que… Acho que eu vou morrer aqui…” Richard e Klaus ouviram a voz de Dante em suas mentes. “Estou acorrentado e não posso lutar… Não contra o Miguel.”

“Dante, filho, me escute…” Klaus se concentrou enquanto Richard se apressava com os preparativos. “Você carrega o sangue da Serpente e também do lobo, lembre-se o sangue de Fenrir corre nas suas veias.”

“O sangue de Fenrir corre nas suas veias, lembre das histórias que eu te contava.” Dante ouviu a voz de Klaus sussurrando em seu ouvido.

Dante puxava as correntes que o prendiam enquanto Miguel andava em sua direção, seus passos eram propositalmente lentos e seu sorriso era muito diferente do sorriso luminoso do Nefilim, era obscuro e cheio de intenções maldosas.

“Miguel, pare com isso…” Pediu chacoalhando os grilhões. “Raio de sol, resista, você precisa resistir à compulsão.”

“Resistir à compulsão…” Miguel repetiu com um tom de zombaria. “Eu estou amando isso, sabia? Não ter humanidade é tão… libertador. Eu queria ter uma versão boazinha pra torturar, matar… Não, primeiro eu mataria o feiticeiro, na frente dele, depois de brincar um pouco é claro, não posso negar que ele é bem gostoso.”

“Miguel, esse não é você.”

“Ah, sim, esse sou eu, é uma pena que você não ame nada de verdade, mas talvez eu devesse deixar pra matar você por último. Primeiro, eu mato o jovem Peter, depois Dorian, seus irmãos, Roman e Marcel, sua família, titio Kol, e por último, Richard e Klaus.” Dante rosnou provocando uma risada de sua sombra maligna que assistia a tudo. “Você notou como os filhos dele são chorões e fracos? Por isso vou matar você, sua sombra vai assumir seu lugar, depois nós vamos compelir os outros a desligar suas humanidades. Pode imaginar Sam Bathory e Eli sem humanidade…” Miguel perguntou com um sorriso de quem imagina a cena. “Ah, eu posso e isso me excita pra caralho.”

“Gostei, a rebelião dos Guardiões… Poético.” A Sombra riu. “Estou adorando esse irmão malvado.”

“Miguel jamais faria isso com Sam. Vocês são almas gêmeas.” Dante tentou.

“Sam não tem alma e nem você…” Miguel se agachou na frente de Dante. “E sabe o que é mais interessante? Se eu pedir, Sammy vai desligar porque ele me ama.”

“É uma pena que você não vai estar aqui pra ver.” A Sombra falou.

“Vocês me subestimam…” Dante rosnou. “Só estão esquecendo que eu sou filho da Serpente e do Lobo…” Ergueu a cabeça revelando os olhos dourados. “Eu também sou Fenrir, o quebrador de correntes.”

Dante se transformou em um lobo enorme que arrebentou as correntes mágicas e saltou sobre o corpo do Nefilim. Miguel se colocou ao lado da Sombra, ambos encarando o lobo monstruoso. Dante em sua forma de lobo era imenso, como uma quimera espectral de pelagem com base de um preto tão escuro que parecia absorver a luz, as pontas eram brancas como uma aura sobrenatural, olhos reptilianos dourados e as presas mais alongadas se projetavam para fora da bocarra. Espectro, como foi nomeado, rosnou.

“Uau, que lobo bonito, irmãozinho…” O Nefilim sorriu, suas asas parcialmente abertas, se colocou em posição de luta, segurou firme a espada angelical. “Mal posso esperar para ter sua cabeça enfeitando minha parede.” A Sombra se afastou batendo palmas como um espectador entusiasmado.

“Vocês percebem que isso pode dar muito errado, não?” Raziel comentou olhando a energia bélica que emanava do trio. Miguel e Samael não disseram nada, apenas permaneceram avaliando a situação.

Espectro rosnou em resposta a provocação de Miguel, correu em sua direção com fúria e fome. O Nefilim atacou com supervelocidade sem perceber que ele não era o alvo do lobo. Dante desviou e com um salto preciso e veloz, atacou a sombra. Suas presas venenosas miravam a garganta do seu verdadeiro inimigo, mas o Nefilim irritado girou as asas abertas e atingiu a lateral do lobo, derrubando-o. Dante deslizou pelo terreno arenoso e se levantou rapidamente.

“Sua luta é comigo… Eu vou matar você!” A Gloriosa riscou o ar quando Miguel atacou novamente na direção do flanco do animal, que desviou.

Dante não desejava ferir o Nefilim, mas também não desejava morrer pela sua espada. Sabia que não podia continuar apenas se esquivando, se Miguel não conseguia lutar contra a compulsão, ele precisava encontrar uma brecha. O Nefilim foi treinado pelos melhores e era um problema muito grande encontrar falhas em sua defesa, os ataques e a defesa de Miguel eram impecáveis.

Miguel desferiu um golpe raivoso, o lobo conseguiu desviar, aproveitou a abertura e cravou os dentes no braço do Nefilim que soltou a espada, com o punho esquerdo socou a cabeça do lobo, o veneno entrou na corrente sanguínea como fogo líquido. Miguel usou as asas de Adamas e atingiu Dante, uma das penas laminadas cravou na lateral do peito de Espectro. O sangue escuro jorrou da ferida do lobo que recuou.

Os dois se afastaram, por um segundo, houve um silêncio obscuro. Os dois se encararam, Dante voltou a forma humana, nú, segurando a pena laminada que arrancou deixando a ferida aberta.

“Isso não acaba até que você esteja morto.” Miguel rosnou segurando a carne mastigada. Se abaixou para pegar a espada, mas seus dedos não obedeciam, ele viu com horror todas as linhas de veias de seus braços, escurecidas.

“Miguel, me escuta, você precisa ligar sua humanidade.” Dante falou e cuspiu sangue.

“Eu vou te matar.” Responde o Nefilim.

“Ai ai, você é inútil mesmo, o tribrido Nefilim, o filho mais forte de Klaus Mikaelson, você…” A Sombra apontou para Dante e depois para Miguel. “E você, são uma piada.”

“Cala boca, sua sombra ridícula.” Miguel apertou os dentes. A versão sombria colocou a mão no braço de Miguel.

“Você é inútil pra mim…” A Sombra pegou a espada e colocou nas mãos do Nefilim. “Segure firme essa espada, olhe bem para seu avô e faça um harakiri!” Ordenou.

“Irmão…” Raziel arregalou os olhos e se voltou para o Arcanjo. “Pare isso!”

“Acho que você deveria ir, Raziel, suas emoções estão deturpando seu julgamento.” Samael comentou ajeitando os óculos.

“Diga isso a seu neto quando contar a ele que deixou o marido dele morrer.”

Dante apertou a ferida na lateral de seu peito, sua mente planejando como impedir Miguel de tirar a própria vida. Sua sombra o analisava se divertindo com seu desespero.

“Niño llorón…” Zombou. “Sempre com medo da própria sombra, fingindo ser bonzinho para não deixar ninguém pensar que as bruxas estavam certas sobre você.”

Dante respirou lentamente, muitas coisas passaram como um flash em sua mente, da mesma forma que dizem acontecer com as pessoas quando estão à beira da morte, um vislumbre do futuro em que sua sombra cruel assumiu sua vida. Ele viu a morte de sua família, ele viu a morte cruel e torturante de seus amigos. Ele viu toda a escuridão e amargurada apagando a luz dos olhos de Sam Bathory. Ele viu o real significado de maldição.

“Seu poder vai crescer além do limite, meu pequeno Dante, você se tornará um perigo para si mesmo e para seus pais.” A Sombra repetiu as palavras de Dahlia e isso despertou memórias esquecidas.

“Eu conheço seu coração melhor que qualquer um e você é um presente, o meu presente. Muitas pessoas vão dizer coisas ruins por você ser meu filho, ser filho dos seus pais, mas eu quero que saiba, que não importa o que Dahlia ou qualquer outra pessoa diga… Você, Dante Mikaelson Gecko, é a melhor parte de mim, é minha luz.” A voz de Klaus surgiu em sua mente.

“Levante-se, Dante, você é o Anticristo Mikaelson…” Seu tio Kol sussurrou. “Acaba com esse desgraçado!”

“Você faz parte do Xibalba, Dante, é nossa linhagem, nosso legado… A escuridão é parte de nós.” Richard falou em sua mente.

As mãos de Miguel tremiam de fraqueza e um sentimento de medo, ele segurou o punho da espada com a mão direita e com a esquerda direcionou a lâmina em seu abdômen. Dante se concentrou e enviou uma imagem para a mente do Nefilim. O rosto de Sam Bathory.

“Meu anjo, Mihaly.” A voz de seu amado Vidrinho de veneno atravessou sua mente como uma flecha e Miguel jogou a espada de lado. A voz do amor de sua vida quebrou a compulsão, ele tentou se levantar, mas o veneno em seu sistema era tão nocivo quanto veneno de demônio. A Sombra balançou a cabeça, abaixou e pegou a Gloriosa do chão.

“Isso não pertence a você!” Miguel rosnou.

“Não se preocupe, só vou pegar emprestada um pouquinho.” Sorriu estudando a lâmina.

“Miguel… Se afasta dele.” Dante murmurou, o Nefilim se virou para encarar a imagem do homem nú, o sangue escorrendo do ferimento que ele provocou.

“Dante, me desculpe.” A Sombra riu.

“Amor é a maior fraqueza de um vampiro.” Cantarolou balançando a espada ensaiando o golpe mortal. “Não se preocupe, Raio de sol, vou libertar você da sua miséria.” Ergueu a espada mirando o pescoço do Nefilim. Miguel tentou se levantar novamente, porém caiu de joelhos, sua visão ficou embaçada e a última coisa que viu antes de desmaiar foi as costas de Dante.

A Sombra rosnou, Dante bloqueou seu golpe com uma espada de aço xibalbano, longa com a lâmina larga e escura, que ele invocou. Os dois se encararam, se mantendo em pé, resistindo a pressão do ar e da magia ao redor deles até que ambos foram lançados para lados opostos. Uma dança de ataque e defesa começou, tão rápida e obstinada que era difícil identificar.

“Parece que você não é tão fraco quanto estava mostrando…” A Sombra zombou. “Mas não vai me vencer.”

“Eu não sou fraco…” Dante replicou. “Você é!” As lâminas se chocaram novamente.

“Pensei ter dito que era o mestre das ilusões, não dos iludidos.”

“Você não vai me vencer…” Dante Mikaelson Gecko falou. “Você é só uma sombra, minha escuridão, você não é meu inimigo, é parte de mim.”

“Eu não sou parte de você, uma criatura fraca e chorona.” A Sombra atacou usando a Gloriosa e as asas de obsidiana.

“Eu sou o lobo…” As espadas se chocaram e novamente se dispersaram. “Eu sou a serpente…” Escamas cobriram sua pele, seu rosto de híbrido surgiu. “Eu sou o feiticeiro xibalbano original…” As asas arrebentaram de suas costas e o brilho vermelho surgiu formando uma auréola ao redor da íris de serpente. “Você não pode me vencer em lugar nenhum, mas aqui… AQUI….” Gritou, as pedras preciosas ao redor tremeram e se lançaram em sua direção, se agruparam ao redor de sua cabeça formando uma coroa improvisada de lâminas de obsidiana e jade, Dante abriu os braços. “AQUI… EU SOU O REI!” Todo Xibalba tremeu com sua voz e a magia que emanava de todas as coisas era absorvida por ele.

“Isso é impossível.” A Sombra deu passo para trás e Dante sorriu, correntes saíram da terra e prenderam a Sombra a puxando de joelhos.

“Eu sou você…” Dante foi até ele e se agachou na sua frente. “Você sou eu.” Agarrou os cabelos da Sombra e puxou sua cabeça para o lado abocanhando o pescoço do seu sósia. Bebeu o sangue avidamente enquanto a Sombra desaparecia sendo completamente absorvida. Finalmente, Dante estava completo.

“Agora sim, ele está pronto para ser um guardião.” Samael empurrou os óculos e deu um sorriso torto.

Os três sentiram um abalo estranho e olharam para trás. A ponta de uma lâmina surgiu e rasgou o véu que separa os mundos, o trio viu um par de mãos segurarem as partes e abrir um portal. Samael encarou seu próprio rosto. Richard Gecko abriu o véu com as próprias mãos.

“Eu vim buscar meu filho!” Anunciou, os olhos de serpente brilharam.

“Nosso filho!” Klaus atravessou a fenda olhando além das entidades e passou por eles sendo seguidos pelo trio de amigos do Dante.

“Vocês não podem estar aqui.” Samael falou.

“Eu não posso estar aqui?” Richard deu um sorriso infantil antes de dar um soco no rosto do demônio Maior.

“Você ousa tocar em mim…” Samael rosna pronto para despedaçar o Lorde, mas Raziel entra na frente.

“Irmão, não…”

“Quer que eu aceite essa afronta?”

“Você o afrontou primeiro, Samael, nós o afrontamos.” Raziel respondeu. “Ele está no seu direito como pai.”

“Então, me explica por que eu posso ser punido e vocês dois não!” Samael brilhou os olhos de serpente.

“Eu não tô nem aí pra ele…” Apontou para o Arcanjo que mantinha a mão nas costas pensando se deveria se sentir ofendido, ou não. “Você, Raziel, frequentava minha casa, comeu na nossa mesa, meu filho te tratou como um príncipe e você o apunhalou pelas costas. Eu confiava em você, mas eu deveria continuar sendo ateu po que não se pode confiar nem nos anjos.”

“Richard…” Raziel tentou falar, mas foi ignorado.

“Mas você…” Apontou para Samael. “Tem o meu rosto, o rosto do pai dele. O rosto de alguém que ele confia e ama. Você merece muito mais que um soco!”

Klaus tocou o rosto do filho, seus olhos estavam marejados, cheios de apreensão e medo. Dante fechou os olhos com o toque e se jogou nos braços do pai.

“Você veio…” Ele sussurrou. “Vocês todos vieram.”

“Claro que sim, embora eu devesse ter trazido algumas roupas de verão.” Dorian comentou. “Deve ser bem quente por aqui já que você está pelado.”

“Eu sempre vou vir por você, Dante…” Roman Godfrey retirou o sobretudo e colocou sobre os ombros do amigo. “Você é meu irmão.” Dante sorriu e olhou para o lobo branco ao lado de Roman. “Pena que a diversão acabou.”

“Como chegaram até aqui?” Dante se afastou temendo que a presença fosse uma ilusão.

“Seu pai fez um feitiço… Aquele maluco simplesmente abriu uma fenda com aquela faquinha dele.” Klaus riu ajudando o filho a se levantar.

“Miguel…” Dante olhou para o Nefilim caído e correu até ele, colocou o ouvido em seu peito para ouvir as fracas batidas de seu coração, mordeu o pulso e colocou na boca do jovem. “Me desculpa… Aquele seu marido idiota vai me matar.”

“O que aconteceu aqui?” Klaus perguntou.

“É uma história muito longa, pai…” Respondeu usando magia para espalhar o antídoto pelo sistema de Miguel. “Nós precisamos ir, cadê o pai?” Falou erguendo o Nefilim em seus braços.

“Imagino que deva estar dando um sermão sobre mijar na caixa de areia dos outros.” Dorian respondeu.

“Cara, não dá pra confiar nem no seu namorado anjo.” Roman balançou a cabeça.

“Ele não é meu namorado!” Respondeu começando a andar, ele mantinha a coroa na cabeça como prova de sua vitória. “Vamos embora antes que acabemos tendo que colonizar esse lugar.” Klaus tocou as costas do filho, aliviado, ao mesmo tempo havia uma raiva latente em saber que seu filho amado estava em perigo.

Enquanto se aproximavam do local onde as entidades estavam podiam ouvir nitidamente a voz exaltada de Richard, o Lorde tinha o dedo apontado para o rosto dos três como um pai dando bronca em crianças levadas.

"Vocês três… acham que porque ele é um tribrido poderoso, pode ser jogado no meio do Xibalba?” Richard grunhiu. “Eu vou falar só uma vez, bem devagar, pra ver se entra nessa massa cinzenta cheia de merda. Meu filho não é soldadinho. Não é peão no tabuleiro de ninguém. E com certeza não vai ser usado como empregadinho de quem não consegue limpar a própria sujeira.” Samael e Miguel estreitaram os olhos enquanto Raziel, literalmente, segurava as coleiras.

“Richard, por favor, seja razoável.” O Anjo tentou.

“Razoável? Eu não sou razoável. Eu sou louco e vocês colocaram meu filho em risco. Meu único filho. Se acontecer de novo, aconselho a começar a escrever seus testamentos mágicos, porque eu vou abrir vocês por dentro e jogar o que sobrar para os meus lobos." Ameaçou.

“Eu vou matar esse insolente…” Miguel finalmente falou, foi ignorado quando Richard viu o filho carregando o Nefilim.

“Você venceu, mi Gatito, venceu o jogo!” Sorriu com os olhos brilhando de orgulho.

“Eu venci, mas não sem você e o papai. Eu aceito minha escuridão como todos vocês sempre aceitaram.” Richard sorriu.

“Agora, eu posso saber de quem foi a brilhante ideia de fazer isso com meu filho?” Klaus rosnou, seu rosto mudou.

“Pai, não…” Dante parou o pai usando sua magia. “Eu só quero voltar pra casa.”

“Vamos pra casa…” Segurou a abertura. “Amor.” Richard chamou, Klaus abriu a boca para protestar, mas apenas soltou um suspiro.

Dante passou por Raziel sem lhe direcionar o olhar, parou na frente do Arcanjo e entregou Miguel desacordado.

“Você não precisava ter feito nada por mim, mas ele não merecia passar por isso…” Dante falou. “Eu te imaginava alguém melhor.”

“Você precisava aprender a aceitar a si mesmo. Ele não deveria ter interferido.”

“Eu jamais teria me importado em ser testado, eu gosto de ser mais forte.” O tribrido falou. “Por um momento, eu pensei que seria legal fazer parte de algo realmente grande, mas olhando para ele e para vocês, eu realmente agradeço por não ser parte de suas linhagens.”

“Dante.” Raziel chamou, o híbrido virou as costas para o Anjo.

“Samael, obrigado pela lição, mas eu sigo meu próprio caminho daqui, como uma quimera, um semideus pagão e espero não ver nenhum de vocês por um tempo.” Segurou a outra parte da fenda para ajudar Richard a abrir caminho para os outros.

“Você está completo agora…” Samael falou com a voz monótona. “Será um excelente guardião.”

“Guardião? Vocês podem enfiar esse título no rabo, eu não vou limpar a sujeira de vocês.” Respondeu com um sorriso torto. “Não faço parte do seu grupo de mercenários, eu não tenho religião.”

“Menino insolente.” Roman, Peter e Dorian passaram. “Eu deveria arrancar a sua pele.”

“Ah, Raziel, você não é mais bem-vindo na minha casa por tempo indeterminado.” Klaus falou antes de atravessar e estender a mão para Dante, não deixaria seu filho ficar lá.

“Vá… Estou logo atrás de você.” Richard falou. Dante segurou a mão de Klaus e olhou para trás.

“Ah, Samael, espero que goste da surpresa que eu deixei para você em casa.” Sorriu torto antes de desaparecer pela fenda.

Samael, Raziel e Miguel abriram o portal para o Limbo, o Nefilim ainda não havia acordado. Assim que atravessaram o portal viram Sam Bathory com olhar de puro ódio.

Chapter 57: END OF THE BEGINNING

Summary:

Olá, muito obrigada por acompanharem essa história, o próximo capítulo será o epilogo.

Chapter Text

Boa leitura!

Samael Bathory-Mikaelson era o filho amado de Elijah e Vittório, com o tempo seus problemas de controle foram amenizados, porém sua personalidade ainda era a mesma, mau humorado, antissocial e de poucos amigos, em sua mente, fora da sua família quase ninguém era confiável e algumas pessoas eram apenas toleráveis. Dentre todas as pessoas havia uma que se destacava, Miguel, o amor de sua vida, seu marido, sua alma gêmea mesmo que ele não possuísse uma alma humana. Miguel era sua luz e ele não tolerava que ninguém tentasse apagar essa luz. Quando recebeu as imagens dos acontecimentos no Xibalba ficou enraivecido com seu avô e agora vendo o estado de seu anjo sua raiva era crescente.

“Como vocês foram capazes de ferir Miguel?” Perguntou com os dentes trincados e os olhos brilhantes de serpente. “Como pode ferir o MEU MARIDO?”

“Sam, tentamos impedi-lo, mas ele conseguiu quebrar o feitiço.” Samael tentou se justificar.

“Você acha que ver sua promessa ser quebrada não iria machucar ele?” Sam Bathory tomou Miguel dos braços do arcanjo. “Ele fez uma promessa, prometeu proteger Dante e vocês tentaram impedir, permitiram que ele fosse compelido, permitiram que ele fosse envenenado, permitiram que ele tentasse tirar sua própria vida?” Sam colocou Miguel no sofá e começou a usar magia para purificar o sangue. “Pensei que fossemos família, mas ao que parece somos apenas peões.”

“Eu posso curar…” O arcanjo se aproximou.

“TIRE AS MÃOS DELE!” Sam Bathory gritou e uma rajada de energia se dispersou passando pelas entidades. “Eu vou levar meu marido para casa e não quero olhar para suas caras tão cedo, principalmente a sua, nagyapa, pensei que me amasse!”

“Sam, é claro que eu te amo.”

“Se me amasse jamais magoaria alguém tão precioso para mim.” Retrucou.

“Sammy.” Raziel chamou.

“Sammy, é o caralho, vocês sabem como ele teria se torturado se tivesse matado aquele cara? Isso teria acabado com ele. Vocês machucaram alguém precioso para mim, não sei se serei capaz de perdoá-los…” Ergueu o marido e os encarou, as palavras do feiticeiro feriram Samael. “Vou sair daqui antes que eu faça algo que não tenha volta.” Um portal se abriu atrás de Sam e por onde Alec saiu, Sam passou pelo Nefilim e acenou com a cabeça antes de desaparecer dentro do turbilhão.

“Acho que precisamos ter uma conversinha!” Alec cruzou os braços com a expressão de poucos amigos.

Alguns meses depois…

Depois dos acontecimentos no Xibalba, os poderes de Dante aumentaram significativamente. Ele não falou mais com Raziel ou os irmãos. Também não contou aos pais que tinha tido sonhos estranhos com lugares desconhecidos, fragmentos de universos desconexos, que nunca viu. E às vezes, vê cenas do passado, outras vezes tem vislumbres do futuro, pessoas, vivas e mortas, humanas, sobrenaturais, entidades cósmicas. Era como se ele pudesse ver tudo e não tinha controle sobre isso. Dante considerou perguntar a Raziel, mas ainda não o havia perdoado por permitir que Miguel se ferisse. Então, decidiu tirar um ano sabático, sozinho, para se concentrar em aprender o que precisava.

Dante comprou uma cabana nos montes Apalaches, deixou celular, computador e até mesmo o Colar da oração, em casa, prometeu que uma vez por semana daria notícias, através de sua conexão mental, aos pais e amigos. Roman brincou dizendo que ele estava indo para um retiro espiritual e ele não estava errado.

Durante vários meses, Dante pintou quadros, escreveu músicas, criou feitiços, criou objetos negros poderosos e aprendeu. Não foi apenas sua aceitação e união com a própria escuridão que tornou Dante mais forte, se libertar das correntes que o prenderam também despertou uma memória sanguínea, desbloqueou uma magia esquecida e uma habilidade extraordinária. Uma representação mágica de si mesmo como uma alma capaz de transitar no tempo e espaço. Essa nova habilidade permitiu que o tribrido pudesse aprender magias, feitiços e rituais com espíritos de sacerdotes e xamãs dos cultos Astecas e Maias, bruxas e sacerdotisas nórdicas, aprendeu e criou rituais que permitia usar sua arte como arma ou escudo. Ele também despertou e se conectou com ancestrais longínquos e poderosos com quem aprendia diariamente.

Dante estava concentrado nas últimas pinceladas no quadro que vem pintando a meses, com calma e tintas misturadas com magia, quando ergueu as mãos e recitou algumas palavras, uma camada de luz esverdeada revestiu o quadro como um verniz mágico.

“Finalmente terminou…” Alguém falou encostado na parede lateral. “Esse quadro não é tão grande e o feitiço nem é tão complicado pra levar meses.”

“Eu queria que ficasse perfeito, você sabe, é um presente, um pedido de desculpas.” Dante respondeu limpando a tinta das mãos.

“Sinceramente, eu não entendo porque você tem que se desculpar, a culpa é daquelas entidades.” O homem falou.

“Mas foi a minha sombra que o compeliu. Eu gosto daquele menino, não quero que sua bondade seja usada contra ele.” Foi até a mesa e serviu dois copos de whisky.

“Ele tem o dobro da sua idade, Dante, além disso ninguém que é bom, é completamente bom.” Pegou o copo oferecido.

“Por que está usando o rosto de Raziel?” Dante enrugou a testa.

“Achei que iria gostar de ver seu lindo rosto angelical.” Deu de ombros olhando para si mesmo no espelho. “A roupa é um pouco exagerada, tão antiquado! Mas só de olhar consigo sentir a retidão e a energia divina surgindo! Ei, quer ter uma discussão animada sobre verdade, honra e sabedoria?” Zombou, o tribrido balançou a cabeça.

“Não deveria zombar dele, até onde eu sei não fui o único a gostar de olhar para esse rostinho.” Dante relembrou. “Poderia usar uma forma menos sexualmente apetitosa, faz um tempinho que eu não…”

“Ah, é verdade, mas já faz algumas centenas de anos… Acho que ele tem tesão pela nossa linhagem.” Bebeu um gole da bebida antes da figura se esticar e sua forma mudar para o rosto de Roman. “Essa forma é melhor?”

“Quem disse que a forma de Roman Godfrey não é sexualmente apetitosa?” O homem deu de ombros.

“Vai voltar ao mundo real em breve?” A entidade acendeu um cigarro. “Está pensando em aceitar ser um soldadinho daquela gente esquisita?”

“Volto em duas semanas, não vejo a hora de tocar, cantar, dançar, foder, essa coisa de reclusão e celibato não é pra mim.” Dante bufou e o outro riu.

“É claro que não, você é meu neto, minha linhagem, meu legado, nós somos livres, selvagens, caóticos, Dante. Não gostamos de ordens ou correntes. Você é diferente dos seus irmãos de outros universos, eles assim como a maioria dos humanos acreditam na mentira de que são livres, mas nós realmente somos.”

“Bem, antes de despertar minha segunda linhagem, de encontrar você, eu não acreditava que a maioria das coisas que faço agora fosse possível.” Dante se lembrou. “Hum, nossa linhagem não é um pouco distante para você me chamar de neto?” Riu.

“Claro que é, não são só seus irmãos que são netos de celebridades. E quando eu era criança minha mãe costumava mostrar pequenos feitiços para mim, tipo, transformar uma flor em um sapo, fogos de artifício sobre a água, e eu pensava que aquilo era impossível… Ela me disse que um dia eu conseguiria fazer isso também porque eu faria qualquer coisa…” Ele se inclinou. “Eu só te mostrei que nada é impossível pra nós, você é meu legado, a magia é parte de quem somos, nós somos capazes de destruir esse mundo e os outros, é verdade, mas também somos capazes de criar e salvar. Nós escrevemos nossa história.”

“Eu sei, mas a verdade é que eu não sei se quero ficar me envolvendo em assuntos dos outros, eu não quero deixar que meus irmãos fiquem expostos, mas não me vejo parte de uma equipe, não sei se quero essa responsabilidade.” O deus sorriu e se levantou. “Principalmente fora dos meus panteões.”

“Você é da minha linhagem, não toleramos correntes, eu te disse, nosso propósito é bem mais glorioso, mas se é importante para você cuidar de seus irmãos mais velhos, você pode ajudar sem fazer parte da equipe diretamente…” O homem sugeriu. “Você sempre pode ser o Ranger Verde.” Deu de ombros.

“Ranger verde?” Enrugou a testa.

“Sim, aquele que chega no último minuto e salva o dia…” O deus apontou para si mesmo com um largo sorriso. “E verde é minha cor favorita, você sabe.”

“Ainda bem que não puxei seu gosto para cores.” Dante riu, ambos olharam para a porta sentindo uma energia diferente e se manifestar.

O arcanjo surgiu na frente da dupla, Miguel mantinha sempre a mesma aura de imponência, semblante sério, falsamente calmo e, no pensamento de Dante, divinamente atraente. A última vez que se viram foi no Xibalba, apesar de parecerem iguais à primeira vista, Dante podia sentir mais claramente a poderosa energia do arcanjo, Miguel também podia sentir a expansão dos poderes de Dante, assim como estava claro que dentro daquela pequena cabana no meio dos Apalaches era como o limbo, um pequeno universo de neutralidade que flutuava entre os mundos.

“Você pediu para que eu viesse.” Miguel olhou para o tribrido.

“Sempre tão direto, Miguel, não ensinam boas maneiras na escola militar dos anjos?” O deus perguntou.

“Loki, o deus da trapaça, não tenho certeza que seja um prazer vê-lo aqui, com Dante.” O arcanjo encarou o deus que sorriu.

“Eu li em algum lugar que Samael é o demônio da mentira, mas você não me pareceu tão preocupado quando deixou meu neto à mercê de seus testes.” Loki provocou e Dante não conseguiu segurar a risadinha.

“Eu deveria ter imaginado que a personalidade rebelde de Dante deveria estar relacionada com a sua.” Miguel se sentou e Dante lhe entregou um copo de Whisky.

“Personalidade rebelde, hein? Soube que a primeira ideia do seu neto assim que desligou a humanidade foi começar uma rebelião…” Loki solta uma gargalhada. “Lúcifer deve ter ficado orgulhoso.”

“Me chamou aqui para suportar esse idiota? Ainda está zangado e decidiu me castigar?”

“Eu já estou indo…” Loki se virou para Dante. “Vai ficar bem sozinho com esse cara?”

“Eu vou ficar bem…” Dante respondeu com um sorriso. “Ficaria melhor se ele gostasse de sexo, mas enfim, nem tudo são flores.” Completou na mente de Loki que riu.

“Volto mais tarde.” Falou desaparecendo.

“Obrigado por ter vindo, mi Principe dorado.” O arcanjo soube pelo tom de flerte e pelo uso do apelido que Dante não guardava rancor.

“Fiquei surpreso por ter me evocado, ao invés de Raziel.” Confessou. “Você ainda está chateado por causa do teste?”

“Eu nunca fiquei bravo por causa do teste, mi amor, eu estou mais forte, me conectei com meu ancestral e estou aprendendo muito com ele. Sou grato por isso, mas Miguel só queria cumprir a promessa que fez, só queria me proteger. Eu imagino que ele deve ter se sentido culpado, eu também me sinto.” Dante olhou para dentro do copo.

“Eu não deixaria que o pior acontecesse, pode não parecer, mas Samael também não, e acredite, Raziel estava bastante preocupado.” Contou e Dante sorriu.

“Sério? Por que seu neto estava bem empenhado em colocar a cabeça de Espectro em exposição e vocês não pareciam muito preocupados.”

“Eu garanto!” O arcanjo bebeu o whisky. “Seus irmãos estão preocupados com seu silêncio nos últimos meses, acreditam que você cortou relações e nos culpam por isso. Aliás, foi um golpe muito baixo você ter enviado as memórias do que houve para Sam e Alec. Meu filho ainda não está falando direito comigo e Sam bloqueou Samael.”

“O que eu posso dizer, eu posso até perdoar aqueles que me decepcionam, depois que eles reconhecerem seus erros e sofrerem por isso. Eu sou filho dos meus pais o que faz de mim duplamente vingativo. E quanto aos meus irmãos, meu silêncio é porque tirei um tempo para treinar, quase incomunicável, mas volto em poucos dias e isso nos leva ao motivo do meu convite.” Dante se levantou e apontou para um quadro, emoldurado em carvalho e ouro, de um lindo anjo se elevando sobre o sol vermelho. “Acha que o Raio de Sol irá gostar?”

“É magnífico…” O arcanjo se aproximou olhando a pintura com fascínio, tocou a tela com cuidado sentindo a magia fluir. “Proteção. É uma carga enorme de magia que você usou aqui.”

“Eu demorei porque precisava criar o feitiço perfeito para proteger seus guardiões de qualquer influência, nenhum deles será compelido novamente, por nenhuma criatura, viva ou morta. Inclusive eu. Você poderia entregar ao Raio de Sol?” Perguntou encarando o rosto do arcanjo que ainda olhava para a pintura.

“Você fez para o Miguel, mas disse ‘guardiões’, no plural.”

“O presente foi feito para o Miguel, ele é a figura central e imponente, mas se você reparar bem aqui…” Apontou para uma cesta pintada sobre algumas formações rochosas. “Eu coloquei elementos que representam os outros. Olha…” Mostrou os detalhes dentro da cesta. “Os Bolinhos, os Marshmallows, o Fantasma, a Lobinha Caramelo.” O arcanjo riu pensando na expressão dos outros vendo suas representações.

“Você deveria entregar, ele ficaria tão feliz em ver você…” O arcanjo falou, finalmente olhando para o tribrido, Dante era alguns centímetros mais alto que sua forma humana. “Raziel também.” Miguel observou os cabelos dourados caídos nos ombros, a pele levemente bronzeada pelo sol texano, o sorriso orgulhoso no canto do lábio. “Você me lembra alguém, um vampiro de outro universo, que não vejo há muito tempo, ele também era apaixonado por arte, principalmente música e teatro, tinha um talento especial para o drama…” Contou sorrindo com a lembrança. “Sua beleza era uma mistura profana de doçura e crueldade.”

“O namorado que você e Raziel dividiram? Henrik me contou.”

“Não gostamos de rótulos, o amor é sempre livre.” Dante balançou a cabeça concordando.

“Volto em duas semanas, mi Principe, diga a mi hermano que quero uma festa de boas vindas dignas da realeza.” Miguel fez um movimento com as mãos e o quadro desapareceu.

“Eu direi, talvez seja uma boa oportunidade para os meninos voltarem a frequentar o Limbo, já que Sam e Miguel não estão indo lá por causa do que aconteceu.”

“Ótima ideia, nós podemos treinar depois.” O jovem sugeriu e o arcanjo balançou a cabeça.

“Vamos fazer as coisas com calma. Você quer que eu te busque?”

“Não precisa, Loki me ensinou a atravessar o véu, sem danos. Ah, não esqueça de convidá-lo, ele adora uma boa festa.”

“Por favor, não me obrigue a ter que suportar Lúcifer e Loki no mesmo ambiente, eles juntos são insuportáveis.” O arcanjo lamentou. “Já vi que terei uma enorme enxaqueca.”

“Ah, que é isso, eu gosto deles, mas não se preocupe, mi Principe, se tiver um palco, canto uma música para abafar as vozes tagarelas da sua cabeça. Ou…” Sorriu torto. “Posso fazer o show privado.”

“Você não deveria brincar com o perigo, menino, eu não sou como meus irmãos, ou Lúcifer...” Alertou encarando os olhos azuis. “Não tente morder mais do que consegue abocanhar.” Dante soltou uma gargalhada e Miguel deu um de seus raros sorrisos antes de desaparecer em um turbilhão de luzes.

"Olvídate de que soy un destripador, mi Príncipe."

“Adoro uma boa festa…” Loki apareceu no sofá. “Quero muito conhecer o famoso Dorian. Vou mostrar a ele meu truque de mudar de forma, ele vai adorar.” Piscou fazendo Dante rir.

Quando Miguel foi convocado ao limbo pelo avô, sua primeira reação foi a recusa, mas o arcanjo disse que tinha uma mensagem de Dante e isso provocou uma mistura de emoções já que não sabia se seria perdoado ou permanentemente descartado. Sam Bathory também estava zangado com o avô, por isso ambos estavam dando a eles um tratamento de silêncio, independente de sua vontade, a felicidade de Miguel era sempre mais importante. E agora, ambos estavam parados no meio da sala comum do palácio na fronteira entre Limbo e o território de Lúcifer, junto com Henrik, Eli, Sam Black e Archangeli olhando para um quadro que emanava um tipo de magia intensa quase opressora.

“Dante me pediu para entregar a você, Miguel, um presente especial feito por ele…” O arcanjo explicou o feitiço de proteção que o jovem artista colocou no quadro. “Ele disse que protegerá vocês todos, de qualquer tentativa de controle.”

“Mas se o quadro é do Miguel, como protegerá todos nós?” Archangeli perguntou coçando a cabeça.

“Mas vocês estão representados no quadro…” O arcanjo apontou para a cesta de doces no canto da pintura, segurando o riso. “Bem aqui!” Samael ajeitou os óculos.

“Não entendi.”

“Aqui são Henrik e Eli…” O Nefilim mostrou os dois bolinhos, chocolate e mel, depois para os dois marshmallows. “Sammy e Sam Black.” Apontou para o biscoito com formato de fantasma e o outro na forma de lobo caramelizado. “Archangeli e Hope.” Explicou sorrindo e Lúcifer soltou uma gargalhada.

“Eu adoro esse moleque!”

“Que tipo de magia ele usou?” Eli perguntou tocando a tela com a ponta dos dedos. “Ignorando sua representação.”

“Ele continua o mesmo idiota.” Henrik resmungou.

“Se ele fez isso é porque não me odeia, não é?” Miguel perguntou para seu marido.

“É impossível odiar você, meu Mihaly.” Garantiu.

“Dante pediu para dizer a vocês que estará de volta em duas semanas e espera uma recepção nível de realeza.” O arcanjo olhou para Samael. “Pensei que aqui seria um lugar perfeito para tal, não acha irmão?” Samael olhou para o neto com esperança.

“Vocês podem fazer a festa de boas vindas aqui…” Respirou fundo. “É um lugar perfeito.”

“Maravilha, vamos começar a planejar. Dante vai aceitar ser um guardião?” Miguel olhou para o avô.

“Não exatamente, ele disse algo sobre ser um tal de Ranger verde.” Deu de ombros. “Mas isso não é pessoal, Miguel, é algo da natureza de Dante. Livre, selvagem e caótica. Por falar nisso…” Olhou para os irmãos e depois para Lúcifer. “O avô dele virá para a festa.”

“Mikael?” Henrik perguntou pensando que teria que preparar seus pais.

“Não…” Suspirou fazendo uma pausa antes de contar. “Loki!” Samael e Raziel soltaram um gemido e Lúcifer sorriu largo.

“Loki voltou? Que maravilha!”

“Loki? O deus?”

“Faz sentido, Dante é da linhagem de Fenrir que é filho dele.” Eli concluiu.

“Mal posso esperar…” Lúcifer olhou para Raziel que mantinha um leve sorriso nos lábios. “Tá feliz, né, seu anjo safado…” Agarrou o anjo pelos ombros. “Vamos me ajudar aqui!”

Todos trabalharam duro para a festa de boas vindas de Dante, misturaram vários tipos de decoração, organizaram as mesas e até improvisaram um palco. Samael se ofereceu para trazer os membros da família do jovem e também seus amigos. O demônio se arrependeu assim que entrou no escritório e encontrou o casal, Richard e Klaus, em um momento de profunda intimidade. Ele se forçou a pedir desculpas pelo ocorrido no Xibalba e convidou o casal para a festa.

Era a primeira vez que a família de Dante estaria no Limbo, assim como Roman e Peter. Infelizmente, apenas Richard, Klaus e Kol compareceram, porém o restante da família planejava uma outra festa em Nova Orleans assim que se reunissem.

Dante explicou a Miguel os motivos de seu afastamento e prometeu contar todas as suas aventuras e apresentar sua cabana nos montes Apalaches. O tribrido conversou com os irmãos, riu da interação animada de Lúcifer e Loki, conversou com Samael sobre suas experiências e até agradeceu pelo teste já que foi por causa disso que ele conseguiu se conectar com sua outra parte da magia e também fez com que Richard se tornasse um mago. Os três Klaus conversaram sobre suas vidas e implicaram um com outro, enquanto Damon conversava com seu sósia. Richard e Alec compartilhavam estratégias de defesa, Kol estava com os garotos conversando e trocando fofocas. E Dante flertava abertamente com o lado angelical da família.

Todos comeram juntos e resolveram seus impasses, até mesmo Samael estava disposto a ensinar algumas coisas para Richard. Loki também flertou com Dorian que devolvia o flerte e Kol teve certeza que Dante herdou alguns traços de personalidade do deus.

“Hey, Menino gato, venha comigo.” Lúcifer acenou para Dante que o seguiu. Eles passaram por alguns guardas que se inclinaram, entrando em um extenso corredor. “Quando Samael e eu nos unimos nós não construímos uma nova casa, nós fundimos as duas, então apesar de algumas áreas comuns o resto é separada como os salões dos tronos, bibliotecas, Samael me acha desorganizado, o que eu garanto, é uma calúnia…” Deu de ombros. “Também tem as alas familiares, essa é a minha.” Dante olhou para as enormes portas cravejadas com símbolos de famílias e sigilos pessoais. “Cada membro tem um quarto, esse é o do V, aquele é do Elijah, vai que eles resolvem brigar ou coisa assim…” Apontou para os outros dois. “Aqueles são do meu neto e do fantasminha, os outros dois são do Eli e do Lee…” Andaram mais alguns passos e pararam em frente a uma porta que misturava símbolos nórdicos e mesoamericanos. “Eu pensei que você poderia gostar de ter um quarto, no meu lado da casa, é claro, é mais divertido.” As portas se abriram revelando uma enorme suíte com uma grande cama dossel no centro, telas em branco, tintas e pinceis, e tudo que Dante gostava para passar o tempo.

“Uau, isso é incrível, Lú, obrigado.” Dante abraçou os ombros do demônio. “Se continuar sendo legal assim, vai acabar com a sua reputação de Diabão malvado.”

“Que isso, eu sou uma gracinha, não tenho culpa do que os outros falam.” Deu de ombros. “Vou te deixar agora, tem alguém querendo um minuto da sua atenção. E você, nem pense em se mudar para o meu lado da cerca.” Lúcifer piscou desaparecendo e Dante viu Raziel parado próximo à janela.

“Dante, eu gostaria de me desculpar…” Raziel não conseguiu terminar a frase, Dante o agarrou pela cintura e ergueu, pressionando suas costas contra o vidro da janela, atacando sua boca em um beijo famigerado. “Eu preciso…”

“Está perdoado, mi Ricitos de oro, vou te mostrar.” Dante segurou os pulsos de Raziel sobre a cabeça, o amante enrolou as pernas ao redor de sua cintura e soltou um gemido de prazer quando as presas afundaram em seu pescoço.

Fim!

Chapter 58: EPÍLOGO: THE WORLD IN MY HANDS

Summary:

Olá, esse é o epilogo da nossa história, é curto e tranquilo, agradeço a todos que acompanharam essa história e me desculpe a quem possa ter se decepcionado. Um beijo e um queijo!

Chapter Text

Boa leitura!

Dante gostava de passar o tempo explorando os territórios do Xibalba, Zolo o guiava, às vezes, ele treinava com seus guerreiros, os guerreiros contavam histórias sobre Richard e o tempo que passou lá. Contou até que conheceu outros Richard, de outros universos, a maioria deles com histórias e destinos parecidos. Às vezes, Dante arrumava briga com as criaturas que perambulam pelo Xibalba apenas para aumentar suas habilidades.

Aquele dia em particular, Dante estava na fronteira do território de Ah Puch, deus dos mortos, provocando as Tzitzimimeh que patrulhavam a área, ele sempre ouviu histórias sobre os demônios estelares comandados por uma deusa da qual o nome ele não se lembrava. Não demorou para que um enxame de guerreiros esqueléticos e assustadores avançassem contra ele. O tribrido não era um grande fã de lutar contra figuras femininas, não porque as considerasse fracas, mas porque as respeitava. Aquelas criaturas eram guerreiras ferozes, suas garras eram afiadas como navalhas e sua destreza era incrível. Dante precisou erguer uma barreira para se proteger do ataque massivo, de repente uma lâmina passou zunindo por sua cabeça, Dante a reconheceu, a faca de obsidiana de seu pai, os segundos que a viu foi tempo suficiente para ser atingido por um golpe de asas de obsidiana e uma mão com garras afiadas segurou seu pescoço.

“Pai?” Ele encarou os olhos de serpente, que se estreitaram analisando seu rosto antes de soltá-lo.

“Eu reconheço seu rosto…” O Guardião falou recolhendo as asas e as garras. “É o filho de Richard e Klaus de um outro universo, nos ajudou a resolver as questões de hibridismo de Alec junto com aqueles outros garotos.”

“Espere, você é aquele Richard, dioses de Xibalba.” Dante abraçou o sósia de seu pai, ouvindo os rosnados dos Tzitzimimeh ao redor, Richard falou algo em um idioma antigo e todos ficaram em silêncio.

“O que você está fazendo por aqui e por que está provocando minhas meninas?”

“Suas meninas?” Dante ergueu a sobrancelha. “Eu sou um bruxo xibalbano, descendente da Serpente da visão, eu estou direto por aqui, depois de ter enfrentado minha sombra.” Richard Gecko também venceu sua sombra quando esteve preso no Xibalba.

“Entendo, posso me dar o direito de me sentir orgulhoso por sua vitória já que você é filho de um Richard, mas isso ainda não responde o porquê de estar arrumando encrenca por aqui.” Richard falou com a voz séria.

“Eu estava treinando minhas habilidades de luta.” Dante explicou um pouco envergonhado.

“Treinando? Veja, Dante, não pode provocar Tzitzimimeh por diversão, assim como não pode ficar rondando territórios como o de Ah Puch ou de Itzpapalotl, isso é visto como uma ameaça e um desrespeito, territórios precisam ser respeitados…” Richard o repreendeu. “Não pode mijar na caixa de areia dos outros.”

“Eu sei, me desculpe…” Dante abaixou a cabeça como se o seu próprio pai o tivesse repreendido. “Eu só queria treinar melhor, com guerreiros de verdade.”

“Vou falar com Xitlali, se ela concordar, você poderá treinar com elas, mas não garanto muito, você a desrespeitou e ela é bem esquentadinha.” O Guardião sorriu.

“Richard, o que você está fazendo aqui? O que aconteceu com seu mundo depois que nós conversamos? Você… Morreu?” Dante perguntou se sentando nas rochas, Richard se sentou ao seu lado e ofereceu o cantil. “Água?”

“Whisky…” Dante bebeu um gole, enquanto Richard dispensou as Tzitzimimeh. “Nós vencemos, mas eu morri.” A sentença fez o estômago de Dante embrulhar.

“Como?”

“Para derrotar as forças inimigas, principalmente a Entidade do abismo, nós precisávamos encontrar as partes de um espelho de obsidiana, mas para ativar esse espelho era preciso um sacrifício de sangue, nosso sangue, nós fomos ligados através de magia e deveríamos morrer juntos.” Contou. “Quando procurávamos o espelho no antigo Titty Twister, Itzpapalotl me fez uma proposta, que eu acertei, ela manipulou as regras do sacrifício de modo que só uma vida fosse necessária, em troca eu guardo a entrada do Xibalba e comando os Tzitzimimeh.” Deu de ombros.

“Se sacrificou por eles? E agora você está sozinho?” Dante perguntou com pena.

“Não é um trabalho tão ruim quanto parece e eu realmente fiquei sozinho por um tempo, mas eles são bons investigadores.” Sorriu. “Eu vivo no antigo Titty Twister, eu reabri o bar, se chama El Rey agora.”

“E eles? Você escolheu um deles? Foi o Klaus, não foi?”

“Na verdade, nós estamos todos juntos.” Dante cuspiu o Whisky.

“Os seis?” Richard riu.

“Não é tão ruim assim, na verdade, é bem divertido.”

“Divertido? Desculpe, mas o pai corta um dobrado com Klaus Mikaelson, ele tem ciúmes até do vento e se o pai disser a coisa errada, o que é quase sempre, se prepare para a guerra. Imagina ter cinco maridos.” Dante falou horrorizado.

“Eles tem personalidade forte, Stiles e Damon são os piores porque se você fizer qualquer coisa que os irrite, eles nunca vão esquecer e não vão te deixar esquecer também. Já o Alec fica chateado por um tempo, depois que ele faz as pazes nunca mais toca no assunto. A verdade é que Klaus e Eric são os mais fáceis de se lidar, Eric é facilmente vencido por um bom abraço e sexo, e Klaus perde qualquer argumento ao ouvir: Eu te amo, desde que você diga com sinceridade.” Richard deu de ombros.

“O nosso Klaus também. Eu não conseguiria, já tenho problemas em entender como o Henrik consegue ser casado com Lúcifer e Samael…” Dante comentou. “Ficar com mais de uma pessoa, eu entendo, gosto muito, inclusive, mas casar? Não, obrigado.”

“Eu entendo, confesso que tem momentos que eu prefiro estar aqui coagindo encrenqueiros.” Richard bebeu um gole de Whisky. “E você, como está?”

“Estou bem, mais forte, acredita que estou treinando com Loki, o deus Loki? Eu até consigo abrir caminhos entre os universos sem interferir no curso natural das coisas.” Dante sorriu animado.

“Eu não acho que isso seja possível, Dante, tudo no mundo tem regras e consequências, cada ação provoca uma reação. Eu mesmo, penso em você, às vezes, quando olho para o Klaus.” Richard respondeu. “Quando fomos recrutados para nossa missão, nenhum de nós sabia da existência de outras espécies, passar um tempo juntos mudou os cursos de nossas vidas e de muitas outras.”

“Você tem razão, muitas coisas mudaram na minha vida depois daquele feitiço que vocês fizeram, agora eu tenho até irmãos.”

“Eu fico feliz em saber disso, foi legal te encontrar aqui, Dante, mas tome cuidado até o inferno tem regras. Infelizmente, preciso ir agora, é minha vez de distrair o Alec para impedir que ele cozinhe.” Richard se levantou. “O que ele tem de beleza e gostosura, sua comida tem de ruim.” Dante se lembrou do Nefilim falando da comida de seu pai.

“Posso te visitar, de vez em quando?” O jovem se levantou.

“Você pode sim, Dante.”

“Ah, legal, vou chamar o Raio de Sol, acho que vou levar os biscoitos também.” Richard arqueou a sobrancelha.

“Olha, não é só porque meu companheiro não é um chef que não temos comida em casa, se você quiser biscoitos podemos providenciar, não precisa trazer.” Dante arregalou os olhos e Richard se lembrou de Klaus quando ele abriu e fechou a boca como um peixe.

“Não era isso, mas tudo bem.” Empurrou a mecha de cabelos para trás da orelha.

“Até mais, Dante, foi um prazer rever você.” Richard se virou para sair e uma Tzitzimimeh rosnou para Dante antes de marchar atrás do Guardião.

“O prazer foi meu…” Dante acenou. “Pai.”

A casinha de Dante nos montes Apalaches era pequena e aconchegante, tinha tudo que era necessário para atender a todas as necessidades do seu dono e seus visitantes. O interior da cabana seguia o mesmo princípio do Limbo, um lugar entre os universos onde todos podiam frequentar sem prejudicar os véus que separam os mundos e onde as entidades cósmicas, mesmo os demônios, não tinham limite de tempo para estar. Dante, com a ajuda de Loki e Lúcifer, construiu um grande armário de Carvalho com portas duplas cheia de símbolos entalhados onde ficava o portal de acesso a casa. Uma piada boba dos três sobre precisar sair do armário para entrar no local. Havia outros portais iguais no Complexo Mikaelson Gecko e no Estúdio, assim todos podiam frequentar o casebre.

Em pouco tempo a pequena cabana na floresta passou a ser frequentada pelos meninos Mikaelsons, pelos amigos de Dante, por seus pais e tios. Lúcifer e Loki se reuniam lá para jogar Summoner Wars sem o risco de serem expulsos por Samael. Até mesmo alguns visitantes inusitados como Akira Bathory-Mikaelson, filho adotivo de Elijah e Vittório, o timido e poderoso feiticeiro gostava de conversar com Dorian e Loki mesmo que às vezes se sentisse um pouco constrangido com seu humor ácido e despudorado dos dois. E também com os olhares de desaprovação de Eli, que soube do namoro do rapaz com Gwi, o vampiro mau humorado sósia de seu companheiro.

Miguel e Raziel também eram frequentadores assíduos da cabana, eles estavam desenvolvendo uma dinâmica de relacionamento tranquila, sem cobranças, ciúmes ou rótulos. Um amor livre, juntos e separados, iguais e diferentes. Enquanto Dante e Raziel eram intensos e sexuais, com Miguel, era mais afetuoso e calmo. Eles poderiam passar horas apenas na companhia um do outro, conversando sobre tudo, trocando beijos carinhosos, treinando, ou apenas pintando ou desenhando. A dinâmica de relacionamento de Dante era bem diferente do relacionamento de Henrik, não só pela natureza descompromissada, mas também porque Raziel e Miguel eram irmãos, então eram relações separadas e felizes, pois Dante tinha severa alergia à infelicidade.

Dante estava sentado na grama com as costas apoiadas em uma Tília plantada magicamente por Raziel, como presente, na pequena reserva da família de Dante. O jovem sorria segurando o caderno e o lápis desenhando calmamente. O Anjo se sentou ao seu lado dando um selinho como cumprimento.

“O que estão fazendo?” Olhou para Miguel parado segurando a espada em posição de guerreiro.

“Estou fazendo um esboço para um quadro.” Dante respondeu sem parar de rabiscar a folha.

“Eu não devia ter deixado você me convencer a fazer isso.” O arcanjo resmungou.

“Você não me deixou te convencer, você não resistiu ao meu lindo sorriso. É diferente.” Dante respondeu. “E você é muito bonito para não ser uma obra de arte, mi Principe.”

“Esqueça, irmão, esse bajulador é muito difícil de vencer.” Raziel soltou uma risada. “Eu me lembro de ter sido convidado para um piquenique, não para ver meu irmão mais velho posando como um lenhador guerreiro.”

“Hummm, verdade…” Dante deixou o caderno de lado e começou a estender a toalha no gramado e distribuir os alimentos e bebidas da cesta. “O que acham?”

“Perfeito…” Miguel foi até eles olhando para a produção. “Como você!” Beijou os lábios do tribrido e se sentou do lado oposto a Raziel na toalha. Assim que deu a mordida no bolo um portal se abriu.

“Estão dando uma festa e não nos chamaram?” Lúcifer falou com Henrik e os outros logo atrás.

“Por que será?” Miguel chacoalhou a cabeça.

Não demorou para todos estarem reunidos na reserva e a toalha de piquenique foi substituída por uma longa mesa repleta de comida e bebida, vozes exaltadas cheias de amor e provocações como toda a grande família feliz deveria ser.

FIM!

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