Chapter Text
A cidade tinha muitos defeitos, o maior deles na opinião de Seonghwa era o clima. Uma onda de calor atingia a cidade e, depois de quase uma hora naquele clima quente e úmido que fazia sua blusa colar em seu corpo, tudo o que o moreno queria era chegar em casa e tomar um banho gelado.
Após a viagem rápida de metrô até o centro, e um ônibus lotado em que ficou os trinta minutos em pé, Seonghwa suspirou aliviado ao sentir uma pequena brisa ao descer do transporte. Ainda tinha uma caminhada de dez minutos antes que pudesse finalmente chegar em casa, mas pelo menos não teria ninguém roçando em suas costas ou nenhum cotovelo machucando sua costela.
O rapaz iniciou sua caminhada pelo bairro que conhecia tão bem, entrando em becos e usando todos os atalhos que podia para fazer a caminhada mais rápida. Apesar do bairro ser considerado um dos mais perigosos da cidade, morar ali não era de todo mal. Os bandidos não mexiam com os moradores, e em troca, contanto que ele se mantivesse calado e fingindo não ver nada do que acontecia, ele tinha paz. Ao virar em um beco estreito, pronto para atravessar para a próxima rua, Seonghwa chocou de frente com um corpo, uma sombra, mãos rapidamente alcançando seu pescoço. Sem pensar duas vezes, ergueu uma das pernas de forma rápida, acertando as genitais do estranho, seguido de um empurrão forte que o fez cair sentado. Sem dar tempo para reação, o moreno ergueu o pé, chutando com toda força que tinha a cabeça daquele estranho, no chão, que gritou de dor ao ter a cabeça chocada com o concreto.
Sem se permitir pensar muito, Seonghwa apertou sua bolsa contra si e correu para o fim do beco, alcançando sua rua e acelerando o passo, sua casa a mais cinco minutos de distância, mas uma eternidade em sua cabeça. A mercearia de Kibum ainda se encontrava aberta, e ele se permitiu entrar para respirar um pouco na segurança do local, adrenalina ainda correndo em suas veias.
"Tudo bem aí, querido?" Sempre gentil, Kibum levantou o rosto de trás do caixa, cigarro entre seus dedos, e a postura elegante.
"Chutei um drogado no beco aqui ao lado" Seonghwa riu, desacreditado, passando a mão por seu pescoço. "Estou recuperando o fôlego" Ainda conseguia sentir a pressão no local.
"Isso aí, sem pena." Ele concordou, sem realmente prestar atenção, olhos voltados ao seu celular. "Minho já avisou que é legítima defesa nesses casos. Não queremos violência no nosso bairro, certo?"
"Certo..." Seonghwa concordou facilmente, não seria ele que questionaria o aumento do tráfico de drogas, nem a relação do ômega que era dono da única mercearia do bairro com o chefe de tráfico da região.
Algo que aprendeu ao longo dos anos morando ali, era não fazer perguntas demais. Não olhar demais, não chamar atenção. Apesar da brutal realidade, e a falsa sensação de segurança que passavam, ele não podia se dar ao luxo de procurar outro lugar para morar, não cabia em seu orçamento sonhar com algo melhor, mesmo isso significando situações perigosas quase todos os dias.
Optando por seguir com sua rotina e deixar a situação para trás como sempre fazia, Seonghwa sorriu ao se lembrar da gorjeta gorda que havia recebido no bar hoje, uma nota de cem por ter sido "um bom ômega" e ter mantido o sorriso com uma ou duas mãos bobas passando por sua bunda entre doses e mais doses de chopp que servia. Pegou alguns ramyuns, queijo e sucos para levar para sua casa, além dos doces favoritos de seus ômegas. Também não questionou quando Kibum registrou sua compra e colocou dentro de sua sacola salsichas, algas e ovos cozidos.
Sorrindo agradecido, seguiu para o prédio em que ficava ao lado da loja de conveniência, uma subida de três lances de escada, que rangia a cada passo acima que o moreno dava. Sentindo o cheirinho de lavanda ao abrir a porta, Seonghwa tirou os sapatos e correu para o banheiro, sem nem olhar para os rapazes amontoados na sala de estar.
Após um longo banho, Seonghwa se jogou em cima de Wooyoung e Yeosang no sofá, que pareciam concentrados assistindo um filme. Apoiando sua cabeça no colo de um, e as pernas no do outro, se permitiu levar por um cochilo tranquilo na presença de sua família, uma mão leve fazendo carinho em seu cabelo.
"Hyung..." Uma voz distante o chamava, Seonghwa resmungou sonolento, acordando aos poucos "Woo fez a janta, acorda"
Abrindo os olhos, deu de cara com seu anjo, os olhos castanhos brilhantes o encarando. Sentou, ainda tentando espantar o sono que o tomava, enquanto dava um selinho nos lábios macios do outro.
Wooyoung trazia a panela para a mesa, ramyun, com todos os pratos adicionais que ele e Kibum haviam trazido, o cheirinho gostoso despertando todos os três.
"Cadê o Mingi?" Seonghwa perguntou ao se sentar no chão, em frente à mesa de centro.
"Com o Yunho" Yeosang respondeu, servindo o mais velho. Não havia espaço para uma mesa de verdade ou sala de jantar, mas suas refeições acabavam se tornando mais íntimas na pequena mesa da sala de estar, os três sentados juntos de frente para a TV, ombros colados enquanto aproveitavam a companhia um do outro.
Os três comeram em silêncio, uma reprise de Running Man rodando baixinho enquanto o cheiro agradável dos três se misturavam, antes de Wooyoung se lembrar de alguma história e passar a contar todos os detalhes do seu dia. Yeosang se animou, também contando todos os detalhes da sua aula de costura na faculdade, mais cedo.
"Como foi seu dia, hyung?" Yeosang perguntou, recolhendo os pratos enquanto Wooyoung pegava a panela e a garrafa de suco.
"Cansativa" Suspirou
"E é só o cansaço? Você sabe que gente conhece seu cheiro como se fosse o nosso, né? Você tá estressado, ou irritado com algo"
"Não se preocupa com isso! O dia foi bom, recebi uma gorjeta boa e por isso comprei essas coisinhas, até sobrou mais um pouco e acho que dá pra comprar o livro que você estava precisando, Woo."
O mais novo sorriu, voltando para a sala e segurando o rosto de Seonghwa com as duas mãos, um beijo doce e molhado se iniciando "Não precisa, hyung. Eu consegui uma versão pirata em pdf. Usa esse dinheiro para si, ok?" Sorriu, a mão fazendo um carinho no rosto de Hwa.
"Bom, então vou ver se o Mingi já conseguiu..." "Não!" Wooyoung o interrompeu antes que pudesse terminar sua frase. "O Yunho já comprou pra ele, não se preocupa. Quanto tempo faz que você não compra nada para si?"
"Woo, eu não preciso de nada... E não é muito, de qualquer forma" Seonghwa desconversou, vendo ele se afastar.
"Sei que se fosse só por você, você não aceitaria essas gorjetas. A gente sabe as circunstâncias que elas surgem, e que você as aceita pensando na gente. Mas isso é desconfortável pra gente também" Wooyoung tinha os braços cruzados.
Sentindo a tensão se formar, Yeosang se aproximou de Hwa, sentando em seu colo com uma perna em cada lado, de frente para ele, seus braços encontrando sua cintura. "Hyung" murmurou, em seu ouvido, fazendo um arrepio subir na coluna de Seonghwa. "Você já faz tanto por nós..." Beijou seu pescoço.
Wooyoung se aproximou, suspirando e sentando de frente para os dois.
"Eu e Wooyoung podemos focar em nossos estudos enquanto você e o Mingi se matam de trabalhar," murmurava enquanto descia os beijos por seu pescoço e colo, voz baixa e toques quase reverentes no corpo do mais velho, "somos tão sortudos..."
"Desculpa hyung." Wooyo deixou um selinho no outro lado de seu pescoço. "Somos gratos por tudo, mas te ver chegando estressado sem querer compartilhar com a gente as coisas que acontecem me deixa irritado"
Abrindo os olhos, virou o rosto para encarar o de Wooyoung a centímetros de distância do seu "Não escondo nada de vocês, e se me perguntarem eu vou contar sem pensar duas vezes, assim como fazem comigo. Eu só..." Suspirou, "Eu sinto que entrar dentro de casa me permite deixar tudo de ruim do lado de fora, e aqui dentro só vocês três importam"
"O que te incomodou hoje?" Yeo perguntou baixinho, o rosto escondido em seu pescoço.
"Assédio no bar, como sempre. Na rua debaixo alguém tentou, não sei, me roubar? Foi tão rápido que assim que senti as mãos no meu pescoço eu já reagi. Se era assalto, violência, se era um drogado ou um assaltante, não fiquei lá pra saber"
"E isso te abalou, a gente sente." Wooyoung segurou seu rosto, sincero. "Sei que sabe se defender mas essas situações não são normais, mesmo que já tenha acontecido outras vezes"
"Mais do que eu gostaria" Riu, sem humor.
"Obrigada por contar pra gente. A gente está aqui por você para as coisas boas e as ruins também, ok? Até você entender que não precisa ser forte o tempo todo" Yeo pontuou, deixando beijinhos por todo seu rosto.
"Você já cuida tão bem da gente, é o melhor líder que a gente poderia sonhar ter. Deixa a gente cuidar de você também?" Wooyoung completou, o rosto também perto dos dois, suas mãos na cintura de cada um.
Seonghwa sorriu, concordando ao iniciar um beijo lento com o Wooyoung, sentindo o cheiro adocicado de lavanda adquirir rapidamente um tom cítrico, seu desejo tomando conta enquanto a língua de Seonghwa tomava a sua. O cheiro de camomila de Yeosang também ficou mais rico, e o ômega líder se deixou levar pela sensação daqueles lábios em seu pescoço, o corpo quente de Yeosang em cima do seu, o confortando.
Seonghwa era o omega mais sortudo do mundo, e ninguém poderia contestar.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
A segunda vez que Seonghwa acordou naquela mesma noite, foi com passos leves no chão de madeira. Piscou, tentando ajustar sua visão no quarto escuro, sentindo os corpos quentes de Yeosang e Wooyoung sobre o seu.
Ficou alerta ao perceber que havia mais alguém no apartamento, e com um pouco de trabalho, se desvencilhou dos dois corpos curvados aos seus, levantando com os olhos ainda pesados de sono mas o coração acelerado.
Ao entrar no corredor, observou a silhueta familiar de Mingi no escuro, e se acalmou.
"Min?" Perguntou, sonolento.
O outro se virou, enquanto tirava os sapatos, e o alívio de Seonghwa logo se tornou confusão: "O que está fazendo aqui nessa hora? Você sabe que quando for ficar até tarde na rua, tem que dormir lá! Achei que voltaria só amanhã!"
Ao receber o silêncio como resposta, se aproximou mais do outro. "Yunho te trouxe?"
"Não."
"Você veio sozinho?" Só então, ao parar de frente pra Mingi, no escuro, Seonghwa pode enxergar os olhos marejados do outro, um soluço baixinho cortando sua garganta ao ver seu ômega naquele estado.
"Hyung" murmurou, antes de sentir os braços de Seonghwa envolverem sua cintura em um abraço forte, seu queixo repousando em seu ombro.
"O que houve, gatinho?" Perguntou baixinho em seu ouvido, entendendo o estresse do outro pelo cheiro pesado que exalava.
Puxando seu braço, Mingi o guiou até a sala e se sentou no sofá, trazendo Seonghwa para seu colo.
"Yunho me pediu em namoro" Sussurrou, a respiração descompassada.
"E por que isso te assusta?" Seonghwa perguntou, passando as mãos por sua cintura e o puxando mais pra perto de si.
Ele choramingou, escondendo o rosto em seu pescoço, e durante um tempo ficou em silêncio, chorando baixinho. Paciente, Seonghwa acariciava seus cabelos, cantando baixinho enquanto permitia o loiro se acalmar.
Depois de alguns minutos os soluços cessaram, Mingi levantou o rosto para encarar as orbes negras de Seonghwa, seu olhar cheio de amor e admiração.
"Eu não consigo escolher" Ele confessou. "Eu me odeio por amar ele, mas não me vejo longe de vocês três. Vocês são minha família, hyung"
Seonghwa respirou fundo, sentindo seu peito se apertar com a possibilidade de Mingi o deixar.
"Min, ele te pediu para deixar o pack?" Perguntou, antes de se permitir sofrer com a notícia.
"Não, ele não pediu, mas..."
"Então você não precisa deixar a gente para namorar ele, Mingi." Segurou o rosto do mais alto com delicadeza, sem tirar os olhos dele "Eu nunca ficaria bravo, triste, nem muito menos te expulsaria da nossa casa por estar amando alguém"
"Eu entendo que a gente tem nossos flertes fora do nosso pack, e que já conversamos sobre ficar com outras pessoas, mas não era pra ter chegado a esse ponto" As lágrimas voltaram a descer, tocando o polegar do mais velho, que enxugou cada uma que descia pelo rosto tão bonito de seu ômega. "Eu me odiaria se um de vocês me deixasse, e como eu posso pensar nessa possibilidade?"
O semblante agoniado de Mingi doía mais do que a possibilidade de perdê-lo, "Você gosta dele, não gosta?" Perguntou, vendo o outro assentir "E gosta da gente também?"
"Hyung" Sentia a dor de Mingi ao falar, "Eu amo vocês mais que tudo..." Um soluço cortou sua garganta.
"Meu anjo, não chora" Seonghwa trouxe seu rosto para seu peito, uma carícia em seu pescoço, "A gente vai precisar conversar com os meninos, e esclarecer as coisas com o Yunho, mas pelo pouco que conheço dele eu duvido que ele vá te pedir que se afaste da gente."
"Hyung" Mingi soluçou novamente, ainda com o rosto escondido no peito do outro. O mais velho deixou Mingi chorar, tirando de seu peito todo o sofrimento que guardava, fruto da ansiedade já tão bem conhecida entre eles. Após mais alguns minutos, e sentindo a respiração dele voltar a se acalmar, segurou seu rosto.
"Vamos deitar? Amanhã é um novo dia, certo?" Perguntou, vendo o outro concordar com um biquinho, "Mas independente do que aconteça você não deixa nenhum de nós chateados, nem faz menos parte do nosso pack por conta disso, okay?"
"Ok, hyung" Murmurou, o apertando forte pela cintura. Seonghwa se levantou, o guiando para a cama king size do quarto que dividiam, o corpo de Mingi colidindo ao seu ao se deitarem entre os dois outros ômegas ainda adormecidos.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
[Na manhã seguinte]
Wooyoung acordou aos poucos, se sentindo quentinho e confortável em cima do peito macio de Mingi, o corpo grande do outro era seu travesseiro favorito. Sentia o cheiro de Yeosang, peito firme o abraçando por trás, e ele quase se deixou levar pelo sono novamente se não fosse o despertador estridente embaixo de seu travesseiro.
Resmungando, Yeo virou para o outro lado, escondendo o rosto debaixo do travesseiro. Mingi despertou, grunhindo enquanto acordava, e Wooyoung se espreguiçou na cama, antes de agarrar a cintura do mais alto novamente.
"Bom dia Wooyo" Sorriu, repousando seus braços na cintura do outro.
Wooyoung sorriu, enfiando seu rosto no pescoço do loiro "Bom dia gatinho"
Se permitiram ficar mais uns minutos na cama, aproveitando o calor um do outro, antes de ambos se afastaram para levantar, um beijo estalado antes de iniciar a rotina já conhecida de toda manhã.
Enquanto Mingi tomava banho, Wooyoung escovava os dentes e separava a roupa dos dois, cuidadoso para não acordar Yeosang.
Ao terminar, deveria entrar no banho com Mingi, mas um som na cozinha chamou sua atenção. Após deixar as roupas na cama, seguiu para a área comum do apartamento, encontrando Seonghwa fritando ovos enquanto cantava baixinho.
"Hyung" murmurou, confuso, enquanto o abraçava por trás. "Não deveria estar no trabalho a essa hora?
"Eu dei uma desculpa pro meu chefe, não vou pra padaria hoje" Respondeu, ainda com os olhos na frigideira.
Confuso, Wooyoung voltou para o quarto, vendo Mingi já fora do banheiro. "Hyung disse que não vai trabalhar hoje. Aconteceu alguma coisa?"
Mingi parou, olhando "Acho que é por minha causa..." Ao colocar sua camisa social, se virou para o mais baixo: "Vai se arrumar que a gente conversa no café da manhã."
Wooyoung concordou, entrando no chuveiro, enquanto Mingi acordava gentilmente Yeosang com beijos e carícias.
Quando os três entraram na sala, o café da manhã já estava disposto sobre a mesa de centro, Seonghwa sentado ajustando os bowls de arroz para cada um, seu semblante sério mas nada em seu cheiro indicava algo negativo, o cheiro de rosas brancas confortando os mais novos.
Mingi, contudo, sentiu seu coração acelerar na hora, os anos lidando com sua ansiedade não o deixavam totalmente imune a situações de nervoso. Ao sentarem em volta da mesa, soltou: "Hyung, desembucha logo"
"Mingi, vamos comer em paz, ok? A gente conversa depois" Foi a resposta que teve, mas Yeo e Wooyo já estavam alertas.
"O que aconteceu?" Yeo tirou os olhos do bacon que colocava em seu prato, encarando os demais.
"Mingi está namorando," Seonghwa simplificou, encarando os dois ômegas a sua frente. Mingi, que estava ao seu lado, resmungou, enfiando o rosto em seu pescoço.
"Não estou namorando!" Protestou, "O Yunho me pediu em namoro!"
"Ok..." Wooyoung disse, desconfiado. "E em que isso nos afeta?"
"Wooyo!" Mingi exclamou, desconfortável.
"Ok. Vamos começar do começo," Seonghwa interviu. "Quando ficar difícil de respirar você nos avisa, certo?"
Mingi assentiu, e Seonghwa segurou sua mão, o dedão pressionando seu pulso.
"A primeira coisa, somos um pack. Mesmo que sejamos ômegas, ninguém pode ditar se nossa dinâmica é isso ou aquilo. Nós nos achamos, nos protegemos, e nos amamos. Isso é claro para todos?" Perguntou. Ao ver todos acenarem, continuou: "Min, por que não conta pra gente como é estar com o Yunho? Você comentou que ele é carinhoso, e a gente já sabe que é lindíssimo" Eles riram.
"Ele me escuta, e me trata como igual" Começou, enquanto Seonghwa servia seu prato, balançando a cabeça para mostrar que estava escutando "Ele é engraçado, me faz rir o tempo todo. Ele sempre me protege quando algum cliente sem noção percebe que sou um ômega no trabalho. Eu só... Não sei, eu sou cuidado por vocês, mas o jeito que ele cuida de mim, é diferente"
"E você quer namorar ele?" Seonghwa perguntou, sorrindo pro mais novo. Yeosang e Wooyoung também tinham um semblante alegre, o que acalmou Mingi imensamente.
"Quero..." Admitiu.
"Então diz sim!" Wooyoung exclamou, de boca cheia "Você claramente está apaixonado por ele!"
Rindo, o mais velho do grupo tomou um gole de seu chá, ainda com a atenção ao loiro: "Também voto para você dizer sim, te ver assim todo bobo por ele deixa a gente tão feliz, Min"
"Mas..."
"Sim, eu sei. A gente precisa conversar sobre a logística de tudo isso. Você vai ter uma relação romântica com ele, mas ele sabe que a gente também é... íntimo?"
"Sim, ele sabe" Murmurou, as bochechas coradas.
"E ele reclamou disso alguma vez?"
"Não, mas a gente só ficava! Ele não podia me exigir nada! E se agora ele quiser me namorar pra ter só pra ele?"
"Ele não é nem doido de me impedir de te beijar, Mingi!" Wooyoung rapidamente entendeu a preocupação de Mingi, seu cheiro entregando como facilmente ficou irritado só de pensar em não poder ter o ômega.
"Ok, calma vocês dois." Seonghwa riu levemente, "Min, a gente vai precisar conversar com ele, mas o que você quer? Se namorar ele, você vai continuar querendo a gente?"
"Que pergunta é essa hyung?" Choramingou, engolindo um pedaço de pão rapidamente "É claro que eu quero vocês!"
"Acho bom!" Wooyoung murmurou, cruzando os braços, "você não vai se livrar da gente" Yeosang concordou ao seu lado.
"Ok, então essa questão foi resolvida. Como você vê a nossa relação com ele? Prefere que a gente se afaste, ou que a gente conviva?"
"Seria incrível se vocês pudessem conhecer ele, serem amigos, próximos... Mas tenho medo de vocês não gostarem dele.... Ou..."
"Ok, então vamos marcar um jantar para você nos apresentar. Qual o próximo item da lista?"
"Hyung!" Se Seonghwa ganhasse um real para cada vez que ouvia 'hyung' seguida de um beicinho, ele estaria rico. "Tem tanta coisa!"
"A gente namora, estabiliza, e se ele quiser que eu vá morar com ele? O que eu faço? E se ele quiser casar comigo? Eu não me vejo morando longe de vocês, e além do mais,"
"Vou te interromper de novo Min" Seonghwa riu, era fácil demais para Mingi entrar em um espiral de pensamentos ansiosos, e tirá-lo de lá nem sempre era uma tarefa fácil.
"Tudo isso tem que ser conversado. Exatamente como fazemos, você precisa fazer com ele. Sentar, expor seus medos, suas dúvidas, e aí sim se preocupar."
Começou, mas Yeosang o cortou: "Pelo que você fala dele, e se ele realmente gosta de você, ele vai cooperar e a gente vai encontrar um equilíbrio."
"Se você não quiser ter essa conversa com ele sozinho, a gente pode estar com você nela, ok?" Seonghwa se aproximou do outro, um selinho carinhoso depositado no beicinho lindo que o mais alto fazia "Mas agora eu tô curioso, o que você respondeu quando ele te pediu em namoro ontem?"
"Eu fugi..." Mingi escondeu o rosto nas mãos, Wooyoung soltando uma gargalhada que quase o fez cuspir seu suco.
"Meu Deus! Você me avisou que estava em um jantar com ele, e simplesmente fugiu do restaurante?" Yeosang perguntou, chocado.
"Não! Foi na casa dele!" Explicou, como se fosse melhorar a situação: "Ele fez um jantar, me deu flores, e na sobremesa me pediu em namoro. E eu surtei, e vim embora."
Enquanto os dois riam de Mingi, Seonghwa respirou fundo, tentando segurar também a sua risada.
"Min, ele deve estar preocupado. E já conversamos diversas vezes sobre como andar sozinho de madrugada no bairro pode ser perigoso!"
"Eu sei, hyung... Mas eu nem pensei na hora, eu só queria chegar em casa. Agora não sei nem como vou encarar ele no trabalho hoje!"''''''''
"Posso mandar uma mensagem pra ele dizendo que você está bem, e que não vai trabalhar hoje? Vamos ficar nós dois em casa, agarradinhos, tá?"
Mingi concordou, abraçando a cintura do mais velho e pousando o rosto em seu ombro.
"Eu quero ficar em casa também!" Yeosang fez biquinho, olhando os dois.
"Nada disso, faculdade. Vocês dois são nossos bilhetes premiados para sair dessa pobreza" Seonghwa riu.
"Sem chances" Woo se levantou, indo para o outro lado da mesa e se jogando em cima dos dois, "vocês NUNCA faltam, são sempre uns certinhos, eu com certeza vou fazer parte dessa festa do pijama!"
Yeosang riu, concordando e se juntando a eles.
"Eu amo tanto vocês três," Mingi falou baixinho, quase com medo de estragar aquele momento "Pra sempre."
Wooyoung ergueu o corpo do colo de Hwa, segurando o rosto do loiro e olhando no fundo de seus olhos "Pra sempre." concordou, antes de cruzar a distância entre eles e iniciar um beijo lento, os lábios se movendo em sincronia de uma forma tão conhecida. Wooyoung amava seus ômegas igualmente, mas o beijo de Mingi era secretamente o seu favorito, a forma com que ele amolecia em baixo de si, a língua macia enrolando na sua, lábios carnudos tão bons de morder, as mãos grandes encontrando sua bunda, o aperto forte o fazendo gemer no beijo.
"Vamos pro quarto" Yeosang sussurrou no colo de Seonghwa, tronco inclinado para beijar o pescoço de Mingi "A gente vai cuidar de você hoje."
Assentindo, o loiro se afastou da boca de Woo, se levantando.
"Por que não ajudam nosso gatinho a tirar essas roupas apertadas de escritório enquanto arrumo tudo aqui?" Seonghwa perguntou, vendo os dois ômegas mais baixos assaltando o pescoço de Mingi, um de cada lado, mãos urgentes passeando por seu corpo, e seguiram para o quarto.
Suspirando, Seonghwa pegou o celular de Mingi, 4% de bateria e quase descarregando, largado no sofá desde o dia anterior. Eles não costumavam ver o celular um do outro, mas sabiam as senhas para caso de emergências. Desbloqueando, Seonghwa observou as tantas mensagens e ligações de Yunho, e sentiu seu coração apertar enquanto ligava para o alfa.
"Mingi!" O outro atendeu no segundo toque, o tom de voz agradável mas preocupado.
"Oi Yunho, aqui é o Seonghwa."
"Ah, olá!" Ele respondeu, educado mas claramente desapontado.
"Eu tô ligando pra avisar que o Min tá bem, desculpa não ter dito nada ontem, ele chegou bem tarde"
"Não, tudo bem, eu só... Eu fiquei tão preocupado Seonghwa. Ele começou a hiperventilar, e saiu daqui tão rápido que quando eu consegui chegar no carro eu não vi mais ele." Seonghwa sentia a preocupação em sua voz "E ele me avisou que o bairro de vocês é... complicado, então eu não consegui fazer nada além de esperar por notícias"
"Sinto muito por toda preocupação que você passou, Yun" Não se segurou ao confessar, seu peito esquentando ou ouvir todo o cuidado na voz do alfa. "Ele tem algumas questões pessoais, e você já sabe sobre a ansiedade, então..." Deixou no ar.
"Eu sei. Eu tô péssimo por ter causado isso nele, te prometo que nunca foi minha intenção causar qualquer sentimento ruim"
"Eu acredito em você. Só... Espera um pouquinho, tá? Ele vai eventualmente falar com você sobre isso." Hwa dizia, enquanto levava os pratos para a pia, limpando rapidamente a mesa de centro. "Mas para te animar um pouco, por que não vem almoçar com a gente esse final de semana? Estamos doidos para te conhecer!"
"Me... me conhecer? O Min ainda quer me ver?"
"Claro que quer, bobo!" O moreno riu, o alfa era adorável. "Eu vou pedir para ele te mandar as informações, e no dia ele te busca lá no ponto de ônibus. Você não pode negar"
"Eu mal posso esperar" Respondeu, desacreditado. "Obrigado, Hwa. Eu gosto de verdade do Mingi."
Seonghwa sorriu, antes de desligar.
Tirando sua blusa, entrou lentamente no quarto, observando Mingi deitado de barriga pra cima, um ômega de cada lado devorando seu corpo com a boca. Yeosang tinha um tesão pela glândula de cheiro, sua língua subindo sensualmente pelo pescoço do loiro, o fazendo arfar; suas mãos segurando seu rosto e puxando seu cabelo.
Wooyoung, mais embaixo, maltratava seu mamilo, sugando e eventualmente mordendo enquanto o mais alto se contorcia na cama com toda aquela atenção em si.
"Se vocês dois continuarem assim nosso gatinho não vai durar nada," sua voz era baixa, sensual, enquanto se posicionava entre suas pernas.
"Hy-hyung," tentou o chamar entre suspiros.
"Que foi? Seus ômegas estão judiando de você, gatinho?" Tudo que recebeu foi um gemido em resposta, e o mais velho apoiou as duas mãos nas coxas de Mingi, a boca encontrando a pele abaixo de seu umbigo em um beijo molhado, descendo lentamente até encontrar a barra da cueca do loiro.
Desceu mais um pouco, lábios em cima do pau já duro de Mingi, beijos de boca aberta por cima do tecido, deixando o tecido molhado rapidamente e fazendo um arrepio cortar o corpo do outro.
"O que nosso gatinho quer hoje, hein?" voltou a sentar, observando as marcas vermelhas e roxas que Yeosang agora deixava em seu colo.
"Hy-hyung..." Gemeu quando Wooyoung mordeu seu outro mamilo, já sensível e vermelho "Qualquer coisa, só, hmm- por favor"
"Hmm," Seonghwa sorriu, condescente, "Eu sentaria em você e tiraria tudo que posso desse seu pau gostoso," passou a língua pelo membro novamente, "mas nosso Wooyo aqui foi um menino malvado ontem e me deixou todo dolorido..." Subiu o corpo de Mingi com as mãos, fazendo os outros dois saírem de cima dele, até estar com o rosto no mesmo nível do loiro.
"Você não se importa se o hyung te foder hoje, né?" Beijou os lábios rosados do mais alto, que resmungou em resposta, já tomado pelo tesão. Levando os lábios até seu ouvido, murmurou "Mas você vai ter que aguentar até eu terminar, e, se for bonzinho, eu deixo seus ômegas se divertirem também"
"Sim, sim–" Arfou embaixo do outro, sua coluna se levantando e buscando mais contato, qualquer coisa "Eu vou ser bom hyung"
"Bom garoto" Seonghwa o deu um selinho carinhoso antes de se erguer, arrancando rapidamente sua cueca. Wooyoung levantou e deu a volta na cama, subindo no colo de Yeosang para o beijar "E vocês dois," Hwa os chamou, enquanto segurava o membro de Mingi com uma mão, a outra descendo e encontrando a sua abertura já molhada, "nada de gozar antes do nosso gatinho, ok?"
Vendo os dois concordarem, olhos cheios de luxúria, Seonghwa enfiou o dedo indicador em Mingi, vendo os olhos do outro se fecharem em alívio, um movimento de vai e volta fácil com o tanto de lubrificação que saía do ômega. O segundo dedo também entrou sem muita resistência, Seonghwa curvou seus dedo para encontrar com facilidade a próstata de Mingi, o fazendo gemer alto em prazer. Wooyoung xingou baixinho, se desvencilhando de Yeosang.
"Min, posso sentar em você?" Suspirou.
"Seja um bom menino se quiser que eu te foda, Min. E lambe o Woo bem direitinho, tá?" o mais velho dos quatro comandou, vendo Wooyoung se posicionar em cima do outro, as mãos de Mingi segurando sua cintura e o puxando para baixo, o fazendo sentar em seu rosto. Wooyoung gemeu alto, segurando na parede enquanto Mingi introduzia sua língua em seu ânus, a língua se dobrando e penetrando até onde conseguia, antes de retraí-la e passá-la pelas beiradas, um dedo se juntando ao voltar a introduzir seu órgão quente e molhado no cuzinho apertado de Wooyoung, que arfava e se contorcia em cima do loiro.
No terceiro dedo, Seonghwa pegou a mão de Yeosang, o fazendo se aproximar e inserir um dedo junto ao do mais velho, vidrado no ânus de Mingi recebendo seus dedos tão bem. Enquanto Yeo esfregava a ponta do dedo repetidamente na próstrata, e mais velho fazia movimentos de tesoura para o alargar, os lábios dos dois se encontram de maneira indecente, Seonghwa chupava a língua de Yeosang enquanto abriam Mingi.
Depois do que se pareceu um século, Mingi impacientemente resmungou embaixo de Woo, sua perna levantando para cutucar o ombro de Seonghwa, que parecia ocupado enquanto uma mão o torturava e a outra masturbava Yeosang.
"Hyung, me fode logo, antes que eu enlouqueça"
Rindo, o moreno se afastou, alinhando seu pênis com a entrada de Mingi, entrando lentamente para que ele pudesse se ajustar ao seu membro, que latejava ao sentir o ânus de Mingi se contrair.
Saindo de cima de Mingi, Wooyoung caiu de bruços na cama, e Seonghwa aproveitou a oportunidade para soltar Yeo e se curvar em cima do corpo de Mingi, iniciando mais um beijo obsceno, as bocas molhadas e o gosto da porra de Wooyo em suas línguas enquanto começava a se movimentar.
Apesar de todo o tamanho, Mingi tinha o gemido mais doce do pack, o corpo mais sensível, e era delicioso estar dentro dele. Ao ver um pouco de espaço, Yeosang se curvou por cima de sua cintura, a boca quente encontrando o pênis do loiro e sugando a cabeça sensualmente, Wooyoung o beijando.
Com a respiração descompassada, Hwa tentou manter um ritmo uniforme, vendo o outro se contorcer com tantos estímulos ao mesmo tempo. Era tudo muito quente, seus parceiros tão bonitos e tão tomados pela luxúria, o cheiro de sexo o intoxicando. Aos poucos, foi aumentando o ritmo, colocando uma das pernas de Mingi sobre seu ombro, atingindo certinho a próstata dele e o fazendo gritar em prazer.
"Hyung eu quero gozar, por favor" O mais novo chorava, Yeo segurando a base de seu membro com força para o impedir. Metendo de novo, e de novo, e de novo, Hwa sentia cada gota de suor descendo por sua nuca, o nó em seu abdômen se formando ao sentir seu orgasmo se aproximar.
Sem aviso, mordeu o interior da coxa de Mingi enquanto gozava, a visão turva e a sensação avassaladora tomando seu corpo. Ofegante, tirou o pau de dentro de Mingi, se curvando para um beijo apaixonado enquanto voltava para si.
Impaciente, Wooyoung o empurrou. "Hyung, minha vez, por favor" Reclamou, e o mais velho concedeu, dando espaço para que ele tomasse seu lugar.
"Yeo, deixe nosso gatinho gozar agora, ok?" Murmurou, vendo o mesmo descer com tudo em seu membro, engolindo cada centímetro de Mingi, que soltou um gemido alto com a permissão de seu líder. Três ou quatro investidas de Woo e se corpo congelou, espasmos de prazer cortando todo seu corpo, enquanto Yeosang engolia cada gota de seu sêmen.
"Caralho, que delicia" Wooyoung já estava sem controle, o corpo pendendo pra frente, caindo em cima do de Mingi, que choramingava com o excesso de estímulo.
Yeosang se arrastou para trás do mais novo, o penetrando sem nenhuma preparação, a dor mesclando tão bem com o prazer, do jeito que Wooyoung gostava. Tinham feito tal coisa tantas vezes, que foi fácil arranjar um ritmo, Yeosang penetrando rapidamente Wooyo, o empurrando mais fundo dentro de Mingi.
Seonghwa parecia hipnotizado observando seus ômegas, deitado ao lado de Mingi com um olhar de adoração em seu rosto, vendo os dois últimos atingirem seu ápice juntos, como quase tudo que faziam. Enquanto Wooyoung caía em cima de Mingi, Yeo foi segurando pelo mais velho, que o abraçou enquanto ele recuperava o fôlego.
O líder ômega daquele pack sabia que eventualmente teria que tomar coragem para levantar e limpar seus companheiros, mas por um instante se permitiu fechar os olhos, sentindo o cheiro de camomila de Yeosang acalmar seus sentidos e o levar à um sonho gostoso, corpo e mente descansados ao sentir as pessoas que mais amava também contentes.
Notes:
Yeosang tem cheirinho de camomila, Wooyoung de lavanda e Seonghwa de rosas brancas.
Alguma sugestão pro do Mingi?Obs 2 eu traduzi maioria dos termos mas "bando" é muito estranho pra mim então manti pack kkk caso tenham alguma dúvida sobre o universo ABO me avisem ♡
Chapter Text
Mingi ajeitou sua saia novamente, as mãos suadas passando sobre o pequeno pano cobrindo suas coxas. O clima era quente, e apesar da roupa leve, ele tremia levemente de nervoso naquele ponto de ônibus. Yunho havia mandado mensagem avisando que já estava no centro, e por isso ele desceu de seu bairro para esperá-lo na rodovia principal, não confiando que ele pudesse subir sozinho.
Cinco longos minutos depois, tremendo de frio, Mingi viu o ônibus de Yunho se aproximar. O mais alto desceu, os olhos correndo por todo seu corpo e trazendo um rubor forte para as bochechas de Mingi.
"Min, eu– uau..." Foi o que conseguiu dizer, alcançando o loiro. Mingi conheceu Yunho na empresa em que trabalhavam, onde aceitavam apenas ternos e calças, e mesmo depois de começarem a namorar, seus encontros eram sempre depois do expediente, nas roupas da empresa, em algum restaurante ou bar que coubesse no orçamento curto dos dois.
Nos finais de semanas recentes que Mingi passava na casa de Yunho, o ômega se permitia usar apenas as blusas largas de Yunho, o cheiro forte do alpha o abraçando, e cueca ou calcinha, dependendo de como se sentisse no dia.
Por isso, essa era a primeira vez que Yunho via Mingi em seu verdadeiro estilo, saia plissada curta, suéter em tom pastel, lacinho fofo em seu cabelo. Mingi estava nervoso de mostrar esse lado para Yunho, mas o mais alto parecia absolutamente em transe com o visual de seu namorado.
"Oi," Mingi cumprimentou de volta, tímido. Yunho passou o braço por sua cintura, o trazendo para um beijo casto mas cheio de significado.
"Eu não achei que você poderia ficar mais bonito do que já é, mas olha só..." Rindo, Mingi deu um tapa em seu ombro. "É sério, você é a pessoa mais bonita que já vi em minha vida." Corando, Mingi entrelaçou os dedos no do outro,
"Vem, os meninos estão doidos para te conhecer." Murmurou, subindo a rua que conhecia tão bem. Por sorte, não tiveram nenhum problema no caminho e, após quase dez minutos andando, Mingi apertou a mão de Yunho, anunciando sua chegada.
Subiram as escadas em silêncio, mas ao chegarem ao topo Seonghwa abriu a porta na mesma hora, um sorriso alegre em seu rosto, como se já tivesse sentido a presença dos dois.
"Oi, vida" deu um selinho em Mingi, virando rapidamente para Yunho, "Oi, Yun! Ouvi ótimas coisas sobre você!"
Sem graça, Yunho abriu os braços para receber o abraço de Seonghwa. Seu amante tinha uma família, e ele daria tudo de si para causar uma boa impressão. Além disso, sentiu suas bochechas queimarem rapidamente com o cheiro delicioso de Seonghwa o envolvendo, seus braços fortes apertando seus ombros, e ao se afastarem, um sorriso estonteante o fazendo desviar o olhar, tímido.
Após entrar, se deparou com dois ômegas o encarando na sala de estar, e apesar de seus olhares curiosos, adicionou mais nervoso com que estava por vir. Os dois também eram lindos, e Yunho não sabia o que fazer com aquela informação.
"Você gosta de carne, Yun?" Seonghwa o chamou, aliviando a tensão.
"Sim, Seonghwa-shi. O que me oferecer está ótimo."
Mingi era o ômega mais bonito que havia visto em sua vida, mas os outros três não ficavam muito atrás. Seonghwa, com seu instinto materno, e sua forma doce de falar apesar da voz grossa, trouxe um senso de conforto a Yunho que ele não conseguia explicar.
"Trouxe algumas bebidas," Ele finalmente se lembrou da sacola em sua mão. "Não sabia o que gostavam então trouxe cerveja, suco e refrigerante"
"Que fofo! Não precisava!" Seonghwa pegou a sacola de sua mão mesmo assim, e voltou para a cozinha, enquanto Mingi o puxava para a sala. Gesticulando, apontou Wooyoung e Yeosang, e o alpha curvou seu corpo para uma reverência aos dois, que continuavam a encará-lo, curiosos.
"Você cheira bem" Foi a primeira coisa que ouviu de Yeosang, a voz grave do pequeno e delicado ômega o pegando de surpresa.
"Ah, obrigado, o cheiro de vocês juntos também é muito agradável," Comentou, sendo sincero. Ele já era familiar ao cheiro de Mingi, mas mesclado aos dos outros três, trazia um senso de familiaridade, parecia apenas certo.
"Quais suas intenções com o Min?" Wooyoung perguntou, sem rodeios.
Yunho levantou as sobrancelhas, surpreso, enquanto Mingi soltou um resmungo envergonhado com a franqueza do outro ômega.
"Woo" Choramingou, agarrando o braço de Yunho, que se permitiu soltar um pequeno riso.
"Sei que alphas não tem uma fama boa," Yunho interrompeu Mingi, "mas eu sou apaixonado pelo Mingi desde a primeira vez que coloquei os olhos neles. As suas pernas grossas são incríveis, mas ele também tem um charme que me deixa bobo" Respondeu sincero. Continuou, virando para encarar Wooyoung:
"Ele é inteligente, engraçado e muito sensível. Eu realmente quero construir um futuro com ele." Suspirando, encarou os olhos do seu amado, úmidos e cheio de esperança, afeto, e algo mais. Escutou palminhas, vendo Seonghwa se aproximar.
"Conseguimos ver que seu afeto é sincero, Yun." Ele segurou a bochecha do alpha, afetuoso. Wooyoung também parecia satisfeito com a resposta, se levantando do sofá para o abraçá-lo.
"Vamos comer?" Yeosang ditou, feliz. Mingi ainda lacrimejava, e Yunho passou o braço por sua cintura, beijando sua bochecha com vontade. "Eu te amo, meu doce ômega"
"Eu te amo também, alpha" Sussurrou de volta, enxugando suas lágrimas.
O restante do jantar foi agradável, os cinco conversavam de forma leve, compartilhando seus interesses e intenções, ouvindo atentos Yunho contar sobre o trabalho, algumas histórias fofas com Mingi como quando começou a cortejar o ômega, e com cada mordida Yunho se sentia mais e mais em casa, talvez pela primeira vez nos cinco anos que havia morado em Seoul. Aqueles ômegas eram especiais, pensou ao abrir a boca para um pedaço de pudim que Mingi o oferecia de sobremesa.
Após o delicioso jantar, teve o cuidado de limpar a mesa e lavar os pratos com Mingi, o ômega radiante ao seu lado ao ver que tudo ia bem, seu sorriso grande entregando os pratos para Yunho secar.
Mingi, por outro lado, dava tudo de si para não deixar a louça escorregar de sua mão, o cheirinho doce de pêssego exalando de seu corpo e envolvendo o ambiente. O ômega mal podia acreditar que poucos dias atrás estava chorando no colo de Seonghwa e em pânico de ter que confessar para Yunho. Estava feliz por estar errado. Yunho continuou sendo o alpha gentil e compreensivo, ele ainda tinha sua família, e enquanto anos atrás Mingi achava que felicidade não era algo feito para ele, o seu lobo pulava dentro de si de alegria de ver que o Mingi do presente possuía tudo que ele poderia querer.
Naquele dia em que chorou nos braços de Seonghwa, e seus ômegas o fizeram passar o dia em casa sendo cuidado e amado, Mingi tomou coragem para mandar uma mensagem para o alpha para conversarem, agora tranquilizado de que independente do que acontecesse entre os dois, sua família estaria ali para apoiá-lo.
Flashback on, dois dias antes.
Apesar de determinado, era impossível mascarar o nervosismo que Mingi sentia ao encontrar Yunho de manhã na cafeteria que haviam combinado. O cheiro de café o envolveu assim que entrou na loja, mas o que realmente o acalmou foi encontrar o olhar preocupado de Yunho em uma mesa próxima.
Se sentando, sorriu para o outro; "Oi, Yun."
"Min" Yunho pegou sua mão em cima da mesa, procurando por qualquer sinal de desconforto no rosto do ômega. "Eu sinto muito por ter confessado para você daquela forma," Mingi tensiona embaixo de seu toque, e ele se adiantou em esclarecer:
"Não porque me arrependo, meus sentimentos são genuínos, mas por ter te encurralado, e te assustado em ser tão direto no que queria." Ele o olhava sincero, acariciando os dedos de Mingi, que não conseguia desviar o olhar.
"Não, Yun. Eu que devo pedir desculpas... Eu entrei em pânico, e saí correndo, eu deveria ter te explicando minhas inseguranças antes. Me desculpa por ter te deixado preocupado." Ele falava baixo, envolvendo os dois em uma bolha no meio do café movimentado.
"Você não precisa me pedir desculpas por nada" Trouxe a mão de Mingi até seus lábios, deixando um selinho em seu pulso. "Eu vou pedir um café pra gente, e conversamos melhor, ok?" Após Mingi assentir, Yunho murmurou um 'Já volto' e se levantou para fazer o pedido, deixando seu cheiro amadeirado em Mingi, que relaxou na cadeira. Yunho não estava bravo,então isso já era uma vitória.
Poucos minutos depois, um copo de chocolate quente é colocado em frente a ele, que sorri ao ver que o outro havia se lembrado do seu preferido. Pegando o copo com cuidado, ele vê o alpha ainda de pé.
"Vamos dar uma volta? No parque aqui perto?" Mingi concordou, nervoso com tantas pessoas no ambiente e aproveitando a oportunidade de enrolar aquela conversa.
Andaram lentamente por algumas ruas menos movimentadas, e o silêncio durou cinco minutos antes da ansiedade vencer Mingi mais uma vez:
"Yun, eu gosto de você. De verdade, mas..." Ele pausou, incerto em como começar "Eu te falei que tenho um pack, certo?"
"Certo. Você e três ômegas." O outro assentiu, encontrando sua mão e enlaçando os dedos dos dois.
"A gente..." Ele suspirou, "eu tenho uma relação amorosa com eles" soltou, e o semblante calmo de Yunho mudou rapidamente para desespero, parando e virando de frente para o ômega.
"Mingi. Eu sei que vocês se ajudam em seus ciclos, mas o que está dizendo exatamente?" Ele o olhava confuso, atordoado "você têm traído seus parceiros comigo?"
"O que? Não!" Mingi exclamou, talvez alto até demais. "Claro que não, a gente tem um acordo. Eu... nós..." respirou fundo "nós podemos ficar com outras pessoas, fora do pack...Só que nenhum de nós nunca levou nada adiante com ninguém." O ômega deu um gole em seu chocolate, voltando a andar para fugir dos olhos sérios de Yunho "Normalmente são flertes, ficantes. E quando eu vi que estava gostando de você, eu ignorei esse sentimento e todas as vozes na minha cabeça mandando eu me afastar." Ele soltou a última frase mais baixo, e Yunho pareceu amolecer, seu toque gentil ao voltar a segurar a mão de Mingi.
Chegaram ao parque, se sentando no primeiro banco disponível. "E agora?" Yunho perguntou baixo, tentando entender a situação mas se mantendo calmo para que não afetasse seu cheiro. O cheiro de pêssego de Mingi variava entre um cítrico desagradável desde que encontrou o outro na cafeteria.
"Eu não sei." Respondeu sincero, o encarando "Quando você me levou pra jantar e me pediu em namoro, tudo que eu tentei esconder veio com uma onda na minha cabeça e eu não conseguia respirar. Por isso fugi, porque teria que enfrentar os sentimentos que achei que eram só meus..."
Ele agora encarava o copo de chocolate, e Yunho sorriu, cheio de afeto pelo ômega a sua frente.
"Eu gosto de você, Min. Desde a primeira vez que te vi" sua mão pegou a bochecha de Mingi com carinho, dedão fazendo um carinho nas bochechas macias do outro. "Mesmo que você decida continuar apenas com algo casual como temos feito até aqui, eu vou aceitar. Qualquer coisa que você quiser comigo, eu também quero, eu só não vou suportar ficar longe de você"
Sorrindo com as palavras de Yunho, ele se aproximou, depositando um beijo suave nos lábios do alpha.
"Eu quero ser seu namorado, Yun. Quero um futuro com você" Ele abriu os olhos, encarando o rosto esperançoso a sua frente, suas respirações se misturando com o rosto tão próximo um do outro. "Eu conversei com meu pack, e eles entenderam. Parece que um peso saiu das minhas costas, porque eles me asseguraram que eu posso me apaixonar sem perder o amor que tenho por eles, porque eles querem que eu esteja feliz tanto quanto eu quero a felicidade deles."
Os olhos de Yunho estavam cheios de adoração, seu dedo tirando um fio de sua testa e depositando um beijo suave no local, o rosto ainda próximo. "E o que ainda te preocupa tanto, meu amor?"
O apelido fez com que um arrepio corresse pelo corpo de Mingi, lágrimas umedecendo seus olhos: "Eu não sei se você estaria bem com isso. Comigo tendo você e... eles. De não saber como conseguir seguir se você não me quiser mais, e-"
Yunho o cortou com uma risada, e mais um selinho, agora em sua bochecha, capturando uma lágrima teimosa.
"Eu acabei de te dizer que aceitaria qualquer coisa que você decidir, Min. Eu amo você, e nunca ousaria pedir pra você se afastar da sua família, do seu pack. Você merece ser amado, cuidado, e eles tem feito isso por anos. Se me deixar cuidar de você também, eu vou ser o alpha mais feliz desse mundo."
As lágrimas de Mingi corriam livremente, e Yunho enxugava como podia cada uma delas.
"Você quer conhecer eles? Eu sei que o Hwa te convidou para ir lá mas você não precisa ir se não quiser conviver com eles." Fungou após alguns minutos, se acalmando.
"Você quer que eu os conheça?" Devolveu a pergunta, e ao ver o rosto de Mingi acenar, "Então eu quero conhecer e ser amigo deles."
"E se a gente der certo e eu querer sua marca, mesmo já tendo a deles?" Continuou.
"A gente vai dar certo, e eu consigo te mostrar diversos lugares onde eu posso fincar meus dentes em você" Sorriu travesso.
"E se a gente no futuro quiser ir morar junto?" Yunho segurava o riso com uma pergunta atrás da outra, mas sabia que era importante pra Mingi aquela conversa.
"Bom, isso vai demorar certo? Até lá todos nós estaremos mais estabilizados e se for necessário eu mudo para o apartamento mais próximo possível do seu.Você pode ter duas casas, ou vir comigo, vai ser uma decisão sua."
Mingi mordeu o lábio inferior, passando os olhos por todo o rosto de Yunho, mas seu cheiro havia retornado ao doce aroma de um pêssego maduro, suas bochechas no mesmo tom da fruta.
"Todas as outras perguntas que estão rondando sua cabecinha podem ser resolvidas se a gente conversar. Toda dificuldade que vier, juntos, a gente vai resolvendo juntos."
"Tá bem" concordou, com um suspiro.
Yunho se permitiu se aproximar, seu café já esquecido, enquanto tocava os lábios de Mingi com ternura contra o seu. A boca se abrindo lentamente, sua língua quente entrando na boca do outro e se enrolando na dele em movimentos suaves e lentos. Não importava se estavam em público, a mão livre de Yunho segurava o pescoço de Mingi com firmeza, mas sem colocar pressão, sabendo o quanto o outro amava ser tocado ali enquanto deixava Yunho tomar cada pedacinho de sua boca em um beijo molhado.
Eles resolveriam as coisas, juntos.
Notes:
Oie! Bastante diálogo e Yungi sendo melosos porque eu amo os dois sendo bobos apaixonados mas prometo que também é importante pro futuro da fic!
Os meninos tem cheiros de flores/plantas, mas o Mingi de fruta (pêssego). Explico isso nos próximos capítulos! Desculpem a demora pra postar, eu me enrolei com o trabalho novo mas vou tentar toda semana (domingo ou segundas) atualizar!
Espero que gostem! ♥
Chapter Text
Seonghwa tinha três empregos, acordava às cinco da manhã quando o sol ainda estava escondido, e andava durante vinte minutos até uma padaria no bairro vizinho. O local era modesto mas pagava no dia e seus chefes eram dois betas gentis que o tratavam bem. Ele se revezava entre o caixa, o estoque e o balcão das seis da manhã até as uma da tarde, seus pés agradecendo porque a maior parte do seu dia passava sentado.
Ele poderia ir para casa após o expediente, mas sabia que era perigoso deitar em sua cama, com o cheiro delicioso de seu pack, entre um emprego e outro. Por isso, após se despedir dos betas, ele ia para o ponto de ônibus enfrentar o longo caminho até o próximo emprego. Depois do ônibus, havia o metrô, e então uma pequena caminhada até entrar pela porta de trás do bar que frequentava todo santo dia.
Seonghwa se achava sortudo por ter chefes tão tranquilos, o bar só abriria após as cinco da tarde então seus supervisores o permitiam cochilar nas quase duas horas que tinha sobrando. O moreno normalmente dormia no sofá de couro no quarto dos funcionários, e se levantava para lavar o rosto e se preparar para mais seis horas em pé, fazendo mil coisas ao mesmo tempo.
Mas estava tudo bem.
Apesar do cansaço e da constante sensação de insegurança, Seonghwa estava pagando as contas em dia.
O terceiro emprego era um freelance como cerimonialista, mas esse apesar de pagar muito bem, era raro entre meses e meses, sempre em fins de semana.
Como passou a manhã com sua família, sabia que não podia abusar muito e faltar também no bar, então se arrumou e foi direto de sua casa para o trabalho, deixando Mingi e Yeosang dormindo e Wooyoung resmungando no sofá após uma longa sessão de carícias, o mais novo tentando convencer Seonghwa a faltar novamente.
O bar ficava em uma região com muitas empresas e escritórios, o que o tornava um dos mais famosos da cidade. Muitas pessoas apareciam após o expediente para beber, comemorar algum contrato e curtir o happy hour. Bandas de diversos estilos tocavam em diferentes dias da semana, trazendo um público variado e mantendo o bar sempre movimentado.
Seonghwa coçou os olhos para os acostumar ao ambiente escuro e as luzes amarelas, alcançando sua mochila para tirar o uniforme que usava toda noite. Caminhou até o banheiro, se olhando no espelho para treinar o sorriso falso que carregava diariamente.
'Seja um bom ômega, sorria, agradeça, obedeça' a voz em sua cabeça repetia enquanto ele se preparava para a noite de trabalho.
Suspirando, terminou de lavar o rosto e colocar suas roupas, saindo para o salão enquanto amarrava seu avental na cintura.
"Hwa hyung!" Jongho o cumprimentou, com aquele sorriso delicioso.
"Oi JJong!" Seonghwa sentiu seu humor melhorar instantaneamente, dos três gerentes que se revezavam no bar, Jongho era seu favorito. Apesar de mais novo, ele era focado no trabalho e livrava Seonghwa de todas as situações constrangedoras sempre que podia, ele o protegia e entendia suas necessidades. "Hoje o bar não é do Yuta?"
"Nós finalmente expandimos nossos negócios pro Japão, Yuta obviamente foi pra lá" Jongho resmungou, abraçando forte o ômega a sua frente. "Enquanto não temos um novo gerente, eu vou precisar ficar o mês inteiro aqui" Fingiu irritação. Seonghwa, que o conhecia o suficiente para saber que ele estava brincando, sorriu apertando sua cintura.
"Que pena, ter que me aturar um mês inteiro!" Ele riu, Jongho riu junto.
"Sua sorte ser bonito, hyung! Se fosse pelo Yeonjun eu tinha pedido demissão!" Ele apertou sua cintura, ao mesmo momento que seu colega de trabalho chegou, soltando um som de indignação.
"Ei! Sou seu garçom mais dedicado!" Yeonjun deu um tapa no ombro de Jongho, que revirou os olhos.
"Há controvérsias," Seonghwa provocou, caminhando até o bar para pegar sua bandeja. "Bater nos nossos clientes não significa sempre dedicação!"
Yeonjin riu alto, e Jongho o acompanhou, não se importando com os dois ômegas eventualmente precisando se defender de clientes estúpidos. Como alpha, reconhecia que esses poderiam passar do limite e se orgulhava de ver seus funcionários estabelecendo limites no que era ou não aceitável nas noites de Seoul.
Bar aberto, Seonghwa sempre se atentava às primeiras horas. Uma banda de R&B ou um DJ de hiphop preenchendo o som ambiente, pessoas mais velhas vindo curtir o pós expediente, o clima do bar era agradável e preenchido de risadas altas e conversas, casais dançando ao centro da pista.
A partir da terceira hora, e quando o álcool começava a bater, o ambiente mudava bruscamente. Seonghwa sempre se chocava em como o álcool podia transformar tanto as pessoas. Após as nove da noite, os jovens que procuravam diversão, começavam a lotar o bar e o ômega agradecia a todas as entidades por não precisar ficar muito tempo além disso. Ele largava às dez, o que significava que o expediente acabava quando o caos começava.
Seguindo sua rotina, ele atendia as mesas, fazia pedidos, corria com bebidas e petiscos, dividia as contas entre um milhão de pessoas numa mesma mesa, recusava convites para sair ("Não senhor, não estou interessado em um alpha, agradeço o interesse!").
Por se sentir descansado, hoje era um dos poucos dias que nem o mais inconveniente de seus clientes era capaz de tirar o sorriso de seu rosto. Seus colegas logo perceberam.
"Hwa hyung tá cheio de risinhos hoje," Hyunjin cutucou Jongho próximo aos banheiros, enquanto o mencionado passava por eles. "Aposto 50 reais que ele transou hoje"
"Invejoso, eu transo todo dia" Seonghwa deu língua para o loiro, tirando o avental. "Mas se quer saber, estou mais feliz hoje porque dormi mais de 5 horas na noite"
"Ah, a vida adulta, pequenas alegrias..." Jongho riu.
"Eu queria transar todo dia..." Hyunjin fez bico, voltando para suas mesas.
"Ei, Hwa hyung!" Jongho o chamou antes que o outro saísse dali. "Eu precisava de uma ajuda sua..."
"Você tem 45 minutos, Jjong. Eu vou tirar meu intervalo agora e depois só tenho mais meia hora antes de encerrar o expediente. Não me peça mais nada depois disso"
"Então, sobre isso..." Coçou a nuca, sem graça. "Você conseguiria dobrar hoje?"
"Nem fudendo, Jongho!" Seonghwa se exasperou, sem imaginar conseguir ficar até às quatro da manhã atendendo.
"Hyung, por favor! Eu tô ferrado," Ele segurou o braço do mais velho ao vê-lo tentar se afastar, o seguindo até o quarto de funcionários "Escuta minha proposta antes de negar, por favor."
"Você não tem pena de mim não?" Seonghwa se sentou no sofá, passando a mão pelo cabelo. Jongho era um ótimo chefe e nunca o pedia nada além de suas responsabilidades, o que o fazia se sentir mal de negar algo assim pra ele tão rapidamente, mas ele estava tão bem... Dobrar significaria ir direto do bar pra padaria e ele não sabia se ia aguentar trabalhar tantas horas seguidas.
"Desculpa te pedir isso hyung, mas o outro bar que eu administro está precisando de alguém para o segundo turno, é um pouco longe daqui e te prometo que é bem mais tranquilo. Era pra eu estar lá hoje mas não conseguimos um gerente para substituir o Yuta eu tô me dividindo entre duas boates e dois bares," Ele se jogou ao lado de Seonghwa. "Eu acabei de receber a ligação do bartender avisando que não tem ninguém pra atender lá na próxima hora, eu sei que é fodido te pedir isso mas eu não pediria se não tivesse desesperado."
Jongho suspirou, e Seonghwa se aproximou, descansando a cabeça em seu ombro. Ele considerou o pedido do outro, se ele afirmou que seria tranquilo, ele confiava na palavra dele. Jongho era um bom chefe, e merecia a confiança de Seonghwa.
"Tá bem, mas eu vou querer um táxi até o metrô."
"Eu pago o táxi até sua casa"
"A diária do time que fecha é maior... Não é fácil ficar em pé até às quatro da manhã..."
"Eu vou te dar o dobro da diária, e uma folga na próxima semana, ok?"
"Fechado."
"Então vamos" Jongho levantou de imediato, sem dar tempo para Seonghwa pensar. Ele pegou sua mochila, o avental, e com passos apressados seguiu o alpha até o fundo do bar, na saída de funcionários.
"Vamos juntos para o bar, eu preciso ir dar esporro no babaca que não cuidou de nada na minha ausência. Yeonjun vai segurar as pontas pra mim aqui." Jongho explicou ao abrir a porta de seu carro gigante e caríssimo. Seonghwa nunca tinha andado em um carro como aquele, se sentia em uma nave espacial.
"Ok, obrigado pela carona, e pelo táxi que vai me levar pra casa mais tarde. Onde fica o bar?"
"Então, sobre isso..." Começou, enquanto manobrava para sair da vaga, "É na zona sul, parte bem rica da cidade. Como eu te falei, não é muito movimentado, mas os clientes podem ser bem... exigentes..."
"Exigentes?" Seonghwa o olhou desconfiado, esperando ele se desenvolver melhor.
"Pessoas muito ricas, elas... Às vezes acham que podem comprar o mundo..." Ele não explicou nada, mas de alguma forma Seonghwa começou a entender aonde ele queria chegar.
"Assédio, mas dez vezes pior porque vai ser um assédio feito por um herdeiro?"
Jongho o respondeu com uma careta, desconfortável.
"Olha Hwa, qualquer situação desconfortável, por favor me avise e eu vou te ajudar, tá?" Ele prestava atenção na rua à sua frente, mas seu rosto mostrava um cansaço que não combinava com sua juventude. "Eu normalmente só contrato betas para esse bar porque é mais seguro, mas... É..."
"Você tem um inibidor de odores com você? O meu já faz horas que coloquei, pode ser perigoso pra mim ficar mais algumas horas com ele."
"Sim, sim. Estão no porta luvas, eu estava mesmo planejando te dar adesivos novos"
Ao estacionarem ao lado de um prédio modesto, de dois andares, Seonghwa abriu o porta luva e tirou dois adesivos dali. Saindo do carro, arrancou os dois adesivos que tampavam sua glândula de cheiro, pressionando a mão em seu pescoço para aliviar um pouco a região e respirando fundo antes de colocar os novos adesivos.
Jongho, que havia saído do carro, deu a volta no veículo para aguardar Seonghwa mas parou, imóvel ao lado do ômegas, com o semblante surpreso.
"Que foi, Jjong?" Seonghwa suspirou, posicionando o novo adesivo sob seu pescoço.
"Hyung, seu cheiro..." O mais novo respondeu baixinho, inalando forte "É delicioso." Ele completou, sacudindo a cabeça como se quisesse sair de um transe.
Seonghwa riu baixinho, achando fofa a reação de seu chefe.
"Fofo" Ele entrelaçou o braço do outro, caminhando em direção ao bar. "Obrigado. Eu esqueço que as pessoas não o sentem com esses adesivos de inibição, antes de trabalhar pra você eu usava um tão ruim que não escondia nada, era um inferno!"
"Se com os inibidores você já tem tanta gente aos seus pés, eu não imagino a loucura que seria se as pessoas conseguissem sentir seu cheiro..." Jongho ainda parecia meio fora de foco, mesmo que Seonghwa já tivesse colado os novos adesivos em seu pescoço.
"Você também quer estar aos meus pés, chefinho?" Seonghwa provocou, rindo. Jongho era muito atraente e o ômega não desperdiçaria a oportunidade de flertar com um alpha tão gentil e cavalheiro como ele.
"Eu adoraria te chamar pra sair e te foder em cada superfície da minha casa, hyung," Ele devolveu, sem vergonha nenhuma "maaaas, ainda sou seu chefe e acho que seria meio antiético me envolver com alguém do trabalho assim."
"Justo." Seonghwa concordou, sabendo que ele era um certinho que não arriscaria sua posição, por mais cheiroso que o ômega fosse. Hwa deu de ombros, valeu a tentativa pelo menos.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Apesar do exterior simples, o bar por dentro era dez vezes mais elegante do que o que Seonghwa trabalhava. Claramente um ambiente para pessoas extremamente ricas, jazz tocando ao fundo, poltronas de couro, mármore escuro por todos os lados e madeira escura nas mesas. Aquele ambiente exalava poder e Seonghwa tentou não se intimidar com tudo.
Ele recebeu um paletó, porque é claro que os garçons aqui não usavam blusa preta e avental, e correu para se trocar e iniciar sua noite de trabalho. Havia prometido à Jongho e não iria desapontá-lo.
Como esperado, seu gerente favorito tinha razão. Meia dúzia de pessoas rondavam o salão, e apesar de estar sozinho no salão, Seonghwa conseguia observar todos e atendê-los sem dificuldade. Conseguiu trocar algumas palavras com o barman, um beta simpático, e podia admitir que aquele turno estava sendo até meio... tedioso.
Após servir uísque para um idoso que o olhava com mais intensidade do que era considerado normal, e trazer duas taças de vinho para um casal que eram claramente amantes, Seonghwa caminhou até a mesa que acabava de ser ocupada por duas novas pessoas. Dois alphas, ele notou logo de cara, extremamente atraentes.
Um homem de cabelo preto, musculoso, mandíbula afiada se sentou primeiro, e Seonghwa se sentiu no paraíso só de admirar de longe, o blazer que ele usava abraçando deliciosamente seus braços fortes, o corpo firme o fazendo salivar. Ao piscar, uma fisgada em seu estômago o fez arfar no meio do caminho ao olhar o rosto do segundo alpha que sentava na mesma mesa.
Era como se uma corrente elétrica tivesse passado por seu corpo em uma fração de segundos.
Seus cabelos eram ruivos, seu nariz pontudo trazendo um ar de elegância para ele, semblante tão sério quanto o de seu parceiro, olhos afiados observando o local antes de perceber que estava sendo observado e virar o rosto diretamente para Seonghwa. Seu semblante continuou imóvel, mas levantou levemente a sobrancelha ao ver o ômega se aproximar. Quando estava prestes a alcançar a mesa, conseguiu observar com clareza naquele rosto impassível seus olhos mudando subitamente da cor preta para um tom avermelhado.
Uma leve sensação de formigamento tomou conta de seu peito, seu lobo agitado o fazendo perder o fôlego e quase tropeçar nos próprios pés.
Certo, atender. Seonghwa se lembrou de seu lugar, colocando o cabelo para trás da orelha, seu sorriso rotineiro tomando lugar e definitivamente ignorando o lobo agitado dentro de si.
"Boa noite, cavalheiros. Me chamo Seonghwa e os atenderei essa noite." Ele começou, com uma pequena reverência "Devo deixá-los se acomodarem ou gostariam de já pedir algo para beber?"
"Champanhe." O moreno sorriu pequeno, correndo os olhos pelo corpo de Seonghwa brevemente antes de voltar a atenção para seu celular.
"Não sabia que Jongho contratava ômegas" O ruivo optou por comentar, ainda sem tirar os olhos dos de Seonghwa.
Sabia que não poderia dar informações para clientes, e apesar do ruivo saber o nome de seu chefe, não sabia qual tipo de relação os dois tinham, e falar demais poderia ser perigoso. Optou por uma resposta curta, mas que com sorte seria o suficiente para o alpha: "Ah, sim, para este bar temos apenas betas na equipe. Trabalho em um outro bar que o Senhor Choi administra."
O ruivo continuou encarando, calculista, com o cotovelo apoiado no braço da poltrona que sentava, seu tronco relaxado no encosto trazendo rapidamente um desconforto para o ômega. Ele se sentia um adolescente, ao ser notado pelo cara popular da escola, seu corpo se arrepiando e sentindo um nervoso em seu abdômen apenas com uma troca de olhares. Seonghwa queria enfiar o rosto em algum buraco. Cadê o ômega confiante e que sabia lidar facilmente com rostinhos bonitos? Nunca se sentiu assim antes, como se estivesse nu na frente do outro. O que mais o incomodava era que, diferente do moreno que claramente secou seu corpo, esse alpha não tirava os olhos de seu rosto, seus olhos.
Piscando, como se saísse de um transe, ele suspirou: "Não é obrigatório vocês ômegas usarem bloqueadores de odor aqui?" O ruivo resmungou, cruzando as pernas "Me traz um uísque e saia da minha frente."
Seonghwa soltou o ar de seus pulmões ao ouvi-lo, sem nem notar que havia prendido a respiração. Seu lobo emitiu um som triste, quase manhoso com as palavras frias do alpha, o fazendo congelar por meio segundo antes de respirar fundo, se virando em direção ao bar.
Ditou rapidamente o pedido para o barman antes de se virar à procura de Jongho, seu chefe um pouco mais ao fundo da boate, falando no telefone com um semblante sério, quase raivoso. Seonghwa estava na metade do caminho quando parou, desistindo. Ele estava ocupado, não queria incomodá-lo com besteira. Ele sabia se virar, certo? Certo.
Caminhando de volta ao bar, pegou a bandeja com os drinks e o mais graciosamente possível os levou para os alphas, que conversavam amistosamente. Ao perceberem o ômega se aproximar, pararam de falar. O de cabelos pretos abriu um pequeno sorriso para Seonghwa, seus olhos novamente descendo por seu corpo, parando em sua cintura.
"Obrigado, Seonghwa" Ele levantou a taça de champanhe em direção ao garçom, que devolveu o sorriso de forma mais contida. O ruivo por sua vez não olhou em sua direção e nem tocou no copo de uísque.
"Estarei atento caso precisem de mais alguma coisa." O ômega novamente se curvou, saindo o mais rápido possível dali e respirando fundo ao notar que o idoso da outra mesa o olhava, provavelmente para mais um drink.
A noite seguiu calma, apesar da estranha interação com os dois homens. Seonghwa encontrou alguns poucos minutos de paz e aproveitou para escorar no mármore do bar, sua mão massageando a região de seu peito. Não era sempre que um lobo interior se manifestava, normalmente o animal era apenas uma presença confortável próximo ao seu coração, responsável por aguçar seus sentidos. O que
Seonghwa sempre manteve uma relação próxima com o seu lobo, sempre escutava quando seu animal interior se manifestava, e por isso ele nunca o enganou e sabia que quando sentia algo, era certo a gravidade da situação. E era isso que intrigava agora o ômega. Normalmente as sensações eram fáceis de perceber, como quando ele está próximo de um cio e seu lobo se torna manhoso, preguiçoso, resmungando. Nas situações de perigo, uma espécie de choque corta seu corpo, sua audição se amplifica e seu lobo rosna.
Esse formigamento, essa sensação de ter seu lobo arranhando seus músculos por dentro era definitivamente nova, era quase como se sentisse seu lobo se espreguiçando depois de um longo sono. Nessas horas, ele queria conseguir se comunicar com seu lobo com palavras, entender o que ele estava desesperado para dizer.
"Ei, você tá bem?" Jiwoon, o barman, o olhava curioso.
"Sim, só... Me sentindo um pouco cansado." Sorriu fraco, voltando os olhos novamente para o salão, mas por sorte ninguém parecia o procurar ou chamá-lo. Enquanto ponderava se era hora de voltar na mesa dos dois alphas perguntar se eles queriam mais alguma coisa, visto que ambos ainda não haviam solicitado novos drinks e conversavam a algum tempo.
Enquanto se perdia novamente em pensamentos, Jongho parou ao seu lado, uma mão repousando casualmente nas suas costas.
"Ei, vi você se aproximando mais cedo, precisa de alguma coisa?" Seonghwa não percebeu que seu chefe tinha o visto se aproximar enquanto estava em ligação, e ponderou se deveria ou não falar alguma coisa, não queria colocar mais uma coisa no prato do alpha, que já havia se estressado tanto em um único dia.
Observador como sempre, Jongho mudou a pergunta ao observar o mais velho hesitar: "Alguém fez algo com você?"
Seonghwa suspirou, negando com a cabeça. "Não, claro que não. Só..." Ele fez um gesto vago com as mãos. "Você pode me cheirar?"
"Que?" Jongho que parecia preocupado mudou o rosto rapidamente para um de confusão.
"Um dos clientes reclamou do meu cheiro, eu só pensei... Não sei, que talvez pudesse ter colocado o adesivo de forma errada, queria confirmar de que meus feromônios não estão soltos por aí, não quero te causar problema."
Ao invés de responder, Jongho deslizou sua mão da lombar de Seonghwa e a posicionou em sua cintura, chegando mais perto e quase colando o corpo de frente ao seu. Devagar, ele encostou o nariz no pescoço do ômega, arrastando por ali em um toque leve, por cima dos adesivos que bloqueavam seu cheiro, mas que desencadeou um arrepio no corpo do mais velho.
Jongho se afastou depois de poucos segundos, um sorriso travesso em seu rosto mostrava que ele havia sentido o arrepio, e Seonghwa sabia que pelo calor em suas bochechas, provavelmente havia ficado vermelho com a interação tão repentina.
"Não sinto nada, hyung. Pode ficar tranquilo. Você também trocou de roupa quando chegou então provavelmente é só algum idiota querendo te encher o saco."
Aliviado, Seonghwa suspirou.
"Quem é que falou do seu cheiro? Eu posso atender ele pra você."
"Não, não precisa, tá tudo bem. Mas talvez ele reclame com você quando for embora" Seonghwa respondeu, rindo. "Ele disse seu nome, sabe que você é o gerente, e pareceu incomodado de ter um ômega o servindo."
"Como ele sabe meu nome?" Jongho franziu o cenho, olhando ao redor "Me mostre quem é."
"O ruivo sentado de costas pra cá, bem na direção dos músicos." o mais velho apontou para as poltronas. "Ele está com outro alfa, de cabelos pretos."
"Ah, tinha que ser" Jongho soltou, exasperado, revirando os olhos. "Hongjoong hyung, peço desculpas por ele."
"Ah, tudo bem..." Seonghwa não sabia como responder, nem como se sentir ao descobrir o nome do ruivo, mas se sentia melhor. "Bom, eu vou lá ver se eles querem mais alguma coisa."
Seonghwa começou a se afastar, mas Jongho o seguiu, andando junto com ele em direção aos alphas.
"Boa noite, cavalheiros. Gostariam de mais alguma coisa, mais um drink?" Seonghwa sorriu gentil, mas evitando encará-lo nos olhos.
"Achei que tinha esquecido que tinha clientes nessa mesa, já faz quase uma hora que terminei meu uísque" Hongjoong comentou, também sem o encarar.
"E você poderia tê-lo chamado se queria mais um drink" Jongho quem respondeu, surpreendendo os dois alphas sentados.
"Ele tá um porre hoje, Jjong" O de cabelos pretos revirou os olhos, e Seonghwa achou uma gracinha o apelido que ele usou com seu chefe. Seu lobo se acalmou um pouco ao saber que não era dele a culpa do mau humor do ruivo. Não era nada pessoal então, aparentemente.
"Explica você estar bebendo hoje, San" Jongho riu, se sentando de frente para os dois alfas. Então era esse o nome do moreno atraente ao lado de Hongjoong. "Hwa hyung, mais uma rodada para eles por favor." Jongho pediu, e o garçom assentiu "Pensando bem, traz um uísque com gelo pra mim"
"Cerveja não combina com o ambiente?" Seonghwa brincou, sorrindo para o chefe, que sorriu de volta. Ele sempre tomava um ou dois chopps na boate, para "relaxar".
"O estresse de hoje pede algo mais forte" Ele respondeu, passando a mão pelos cabelos.
"'Hwa hyung?'" San levantou uma sobrancelha, curioso. Seonghwa se virou para ir buscar os pedidos, sem antes observar Hongjoong também olhando o Jongho de forma curiosa. Ele não ficou para ouvir o resto da conversa.
Havia algo errado, algo definitivamente errado.
Seonghwa começou a ficar preocupado escutando seu lobo novamente revirar em seu peito, as garras trazendo um incômodo e não importava o quanto ele tentasse, não entendia o porquê de se sentir assim.
Jongho não voltou a chamá-lo, e o mais velho conseguia observar de longe os três rindo e próximos um do outro, pareciam íntimos. Do lado do bar, não conseguia observar com clareza suas expressões mas em algum momento San levou a mão para o pescoço de Hongjoong, massageando o local e vendo o alfa ruivo claramente relaxar ainda mais no assento.
Seonghwa fechou a conta de uma das mesas, devolvendo o cartão alguns segundos depois. Os jovens daquela mesa não passavam dos vinte e cinco anos, mas as roupas de marca e o cartão black denunciavam que eles definitivamente não eram simples estudantes. Um deles, meio cambaleando, andava na diagonal, se aproximando perigosamente da mesa de Jongho. Rapidamente ajudou o jovem a se endireitar, segurando-o pelo cotovelo e o guiando junto com seu amigo para fora do bar.
Já havia fechado a conta do casal, conseguiu ver na porta do bar o homem tirando um anel brilhoso do bolso do terno e colocar em seu dedo, a mulher provavelmente já havia ido embora.
Voltando para o salão, só então percebeu que o bar estava fechando, apenas a mesa dos três alfas ocupadas e o barman limpando a bancada do bar. Ao se aproximar, notou que o senhor em um outra mesa também ainda estava ali, sorrindo quando seus olhos encontraram os de Seonghwa.
Se aproximando, esticou a pequena pasta com a conta dentro para ele, que apenas o entregou o cartão sem nem se importar em olhar o valor ali dentro. O garçom segurou a risada, esse pessoal realmente vivia em outra realidade da dele. Rapidamente passou o cartão no caixa atrás do bar, levando o cartão de volta.
"Volte sempre" Sorriu brevemente, se curvando e virando para sair.
"Ei," O senhor o chamou novamente, e Hwa se virou confuso, vendo-o se levantar e se aproximar dele. Não era um homem feio, mas não estava nos planos de Seonghwa arrumar um sugar daddy de uns sessenta anos. "Uma gorjeta, por ter me agraciado com sua beleza nessa noite solitária." Sua voz era grossa e máscula, não usava bloqueadores no pescoço mas o cheiro era fraco e amadeirado, pela idade, mas Seonghwa sentiu seu corpo enrijecer imediatamente com o flerte.
Ao ver que Seonghwa não se mexeu nem esticou a mão para receber o dinheiro, o estranho dobrou as notas que tinha em mãos e enfiou no bolso da camisa de Seonghwa, provavelmente achando que seu desconforto era apenas timidez. Sorriu, se afastando e saindo. A interação foi rápida, e bem mais leve e tranquila do que muitos outros flertes (ou assédio) que recebia normalmente, mas por algum motivo Seonghwa não conseguiu agradecer nem sorrir, uma pontada de pânico surgindo em seu peito o fazendo perder o ar.
Algo definitivamente não está certo, pensou ao se apoiar em uma das mesas, respirando fundo para tentar aliviar a pressão que sentia com seu lobo rosnando e incomodado.
"Hwa, tudo bem?" Jongho veio rapidamente até seu encontro, e Seonghwa nem havia notado quando fechou os olhos, mas os abriu e se ergueu, seu corpo tremendo quase imperceptivelmente.
"Tá, eu acho só..." Suspirou, meio atônito. "Deve ser cansaço." Optou por responder, já que não sabia o que dizer. Não poderia simplesmente olhar Jongho e dizer meu lobo tá em surto aqui dentro e eu tô a um passo de colapsar nesse chão de tão nervoso.
"O bar já está fechando, senta um pouco enquanto pego suas coisas lá atrás. Vou te levar pra casa."
"Não precisa, um táxi tá bom," tentou, mas Jongho apenas balançou a cabeça, já se afastando para pegar as coisas do mais velho.
Levantando a cabeça, observou San e Hongjoong o olhando de longe, os dois saindo do salão rapidamente ao terem sido pegos encarando. Ver as costas do ruivo partindo pareceu doer ainda mais o peito de Seonghwa, que agora já não conseguia respirar corretamente. Até Jongho voltar e o guiar até a saída de trás do bar, uma mão firme em sua cintura dando estabilidade, Seonghwa já sentia seu pulmão queimar com a falta de ar.
Seu corpo chacoalhava com o esforço que fazia para respirar, a visão ficando embaçada no momento em que entendeu que estava tendo uma crise de ansiedade. Sentiu suas pernas falharem em algum momento, desconectado do que estava ao seu redor.
"Sentiu mãos em seu pescoço, os adesivos que bloqueavam seus feromônios aliviando brevemente a tensão em seu peito. Uma voz o chamava, e pedia para que ele respirasse, então usou toda a concentração que conseguia para repetir os movimentos que fazia sempre com Mingi. Puxa o ar, segura, solta. Toque em algo, sinta a textura, aperte. Quando conseguir abrir os olhos, tente listar o que vê ao seu redor e a cor delas.
Depois de alguns minutos tentando normalizar sua respiração, suas mãos encontraram a camisa social de Jongho, que estava de frente para ele, mãos firmes fazendo círculos em suas costas e acalmando ainda mais Seonghwa. Também notou o cheiro forte quase ardendo em seu nariz, o envolvendo e ajudando a se acalmar. Ficou assim por alguns minutos até conseguir abrir os olhos, encarando o estacionamento vazio. Não havia muito para se observar, então focou em estabilizar seus sentidos.
Jongho o abraçava de frente, suas mãos o abraçavam na altura da costela, o abraçando de forma respeitosa. Seonghwa sentiu seus próprios dedos apertando o tecido de sua camisa, provavelmente já toda amassada pela força que cerrou os punhos.
Sua cabeça estava apoiada no ombro de Jongho, e ele virou um pouco o rosto para encostar o nariz na glândula de cheiro do mais novo, observando que ele havia tirado também o próprio adesivo, e por isso o cheiro forte dele invadia seus sentidos.
"Você cheira bem" Foi a primeira coisa que conseguiu dizer, a voz um pouco rouca e ele um pouco anestesiado.
"Eu tirei o meu para tentar te acalmar, hyung. Desculpe." Jongho estava imóvel sentindo a respiração agora calma do ômega encostando em seu pescoço.
Ao invés de responder, Seonghwa iniciou uma leve carícia, arrastando delicadamente seu nariz pela extensão de seu pescoço, assim como o mais novo havia feito com ele mais cedo. O cheiro delicioso de mel, com um toque de algo apimentado, forte, saía em ondas diante daquele contato direto, e Seonghwa começou a se sentir mole, os músculos relaxando, a mente um pouquinho nublada com o efeito de estar farejando tão intimamente um alfa. Um alfa gentil, e cavalheiro como Jongho.
Tomado pelo impulso, o ômega encostou os lábios em cima da glândula de cheiro do alfa, o sentindo tremer com o contato, seu abraço apertando um pouco mais em volta dele.
"Jongho" Seonghwa murmurou contra seu pescoço, inebriado.
"Hyung, não sei se devemos." Ele tentou, mas sua voz era fraca, baixa. Ele claramente estava se segurando para não deixar seu alpha tomar o controle.
"Desculpa, faz tanto tempo que eu não tenho crise, e..." ele suspirou, se afastando finalmente "seu cheiro me acalmou."
Seonghwa soltou a camisa de Jongho, encontrando suas mãos e entrelaçando os dedos com os dele. Deu três passos para trás antes de sentir suas costas encostando no carro, puxando o alpha novamente para perto de si.
"Hyung," Jongho parecia um pouco perdido, encarando o rosto de Seonghwa, suas mãos ainda estavam juntas . "Seu cheiro está me deixando louco."
"Me toca Jongho," Seonghwa murmurou, colocando as mãos do mais novo em sua cintura, passando as suas pelo pescoço dele em um convite silencioso para ele se aproximar "fareja."
Sem resistir, Jongho voltou a se aproximar, colando seu corpo no de Seonghwa, consequentemente pressionando ele contra o carro, antes de colar seu nariz na glândula do ômega. Sem conseguir se controlar, colocou a língua para fora, em uma carícia pequena contra aquele pescoço, fechando seus lábios em seguida em um beijo sensual. Seonghwa não conseguiu evitar o gemido ao sentir o beijo molhado de Jongho em seu pescoço, uma mão encontrando seu cabelo e uma perna subindo para trazer o alpha mais pra perto de si.
Apertando possessivamente uma das cinturas do ômega, a outra mão subiu para a coxa da perna levantada, prendendo ela ali contra seu quadril, enquanto sua boca distribuía beijos da base do pescoço até a mandíbula do ômega, se inebriando no cheiro delicioso de rosas, um toque característico frutado entregando o tesão que sentia.
Seonghwa também conseguia sentir a ereção de Jongho friccionando contra a sua, sua mão descendo para apalpar o volume enorme na calça do mais novo, escutando ele grunhir contra seu pescoço ao sentir a mão do ômega apertar deliciosamente seu pau por cima da calça.
Sem fôlego, Jongho se afastou brevemente para destravar o carro e abrir a porta de trás, usando sua força para praticamente arrastar Seonghwa até o banco, o deitando ali. Jongho manteve a porta aberta, e ficou em pé do lado de fora, enquanto seus dedos rápidos abriam a calça do ômega e arrancava a peça. Por ser um SUV, um carro alto, o corpo do ômega ficou na altura de sua cintura e Jongho poderia simplesmente colocar o pau pra fora e meter no mais velho assim mesmo, mas ao invés disso, ele se curvou em cima do corpo magro e definido do ômega, suas mãos subindo suas pernas com reverência, antes separar as duas e passar a língua por todo o comprimento do pau de Seonghwa antes de chupar a cabeça, ganhando um gemido delicioso em troca, o ômega se tremeu todo com o contato súbito, seu pau rapidamente enrijecendo na língua do alpha.
Sem enrolar, e sabendo que estavam em público apesar do local estar vazio às quatro da manhã, Jongho abocanhou o pau do ômega até o final, subindo e descendo algumas vezes antes de sugar forte a cabeça, sua língua passando pela glande. Seonghwa era bem vocal, gemendo sem nenhum pudor com as ministrações do mais novo, que soltou seu membro e foi distribuindo beijos de boca aberta pela virilha, descendo até as bolas e alcançando as bandas da bunda de Seonghwa, terminando cada beijo com leves chupões que não ficariam roxos, mas o ômega com certeza sentiria no dia seguinte.
Usando as mãos para afastar as nádegas, Jongho lambeu toda a extensão do ânus, subindo para o períneo e terminando em suas bolas, o ômega tremendo embaixo dele com a sensibilidade que sentia naquele local. Em seguida, deslizou a língua envolta do cuzinho apertadinho dele, que já liberava sua lubrificação natural, o cheiro potente do ômega ali deixando Jongho cada vez mais insano. Dobrando a língua, ele penetrou a pontinha dela, lambendo todo o líquido que alcançava, antes de começar a forçar mais da sua língua para dentro.
As mãos de Seonghwa encontraram seus cabelos, puxando levemente cada vez que ele investia sua língua naquele buraco delicioso, que ia se alargando aos pouquinhos em volta da sua boca. Quando a lubrificação começou a sair em maior quantidade, o alpha inseriu um dedo junto da sua língua, dobrando ele e o arrastando pelo interior do ômega, procurando seu ponto de prazer. Um dedo virou rapidamente dois, Seonghwa soltava gemidos manhosos que iam direto pro pau de Jongho, ele puxava os cabelos do alpha, rebolando na sua cara pedindo mais e mais, pequenos "ah, ah, ah's" saindo de sua boca quando Jongho aumentava a velocidade.
Seonghwa tinha uma vida sexual ativa, e bem versátil com seus ômegas, mas havia algo completamente diferente em transar com um alpha, ser tomado por um. Ele não sabia dizer se eram os feromônios, ou a aura naturalmente dominadora, mas tudo que Seonghwa conseguia fazer naquele momento era gemer o nome de Jongho desesperadamente, seu corpo dando pequenos espasmos a cada vez que ele sentia a língua do outro entrar dentro dele, seu pau vermelho e latejando em cima de sua barriga.
No terceiro dedo, Jongho sentiu o ômega arfar em baixo de si, um gritinho entregando que ele havia achado sua próstata. Curvou os três dedos ali, estocando sem dó, afastando seu rosto para observar o rosto do mais velho se contorcendo de prazer somente com seus dedos. Seonghwa sentia sua alma saindo do corpo com os dedos grossos do outro abusando seu ânus, seu corpo já suado, e seus olhos quase fechados tamanho o prazer que sentia.
"Alpha, alpha, po-por favor..."
Quando sentiu a outra mão de Jongho agarrando seu pau para masturba-lo no mesmo ritmo, Seonghwa sentiu seus olhos revirarem, ele nem se importava mais com seu pré-gozo manchando sua blusa, estava tão perto de gozar somente com a masturbação, que só de pensar no que o nó do mais novo poderia fazer com ele o fez estremecer mais ainda.
Jongho estava tão duro com aquela cena que sentia que poderia gozar sem nem se tocar, só assistindo Seonghwa rebolando em seus dedos, pedindo mais, o chamando de alpha.
"Alpha, eu preciso gozar, eu preci-..." Ele soltou entre gemidos, e Jongho sentiu sua cabeça girar com a cena de submissão do ômega pedindo permissão para gozar.
"Você é o ômega mais delicioso que eu já tive em minhas mãos, hyung" Jongho confessou, afetado. "Goza pra mim, vai, imagina que meus dedos são meu nó te atando, te preenchendo" Ele terminou, antes de inserir um quarto dedo facilmente, sem parar de maltratar a próstata do mais velho, sua língua se juntando e alargando ainda mais o cuzinho de Seonghwa.
"Jongho, porra, e-eu.. Eu vou," ele não conseguiu terminar, seu gozo cobrindo a mão de Jongho, suas costas descolando do banco do carro formando um lindo arco ao arfar, seu corpo passando por espasmos ao gozar na mão de Jongho. Sorrindo travesso, o alpha masturbou o outro até ele gemer dolorido, sensível.
Em um gesto obsceno e extremamente atraente, ele levou a própria mão até a boca, lambendo todo o esperma do ômega, e lambendo também seus ânus de todo o lubrificante que escorreu ao gozar. Quando terminou, observou Seonghwa encarando o teto do carro, recuperando o fôlego.
"Te acalmei?" Jongho perguntou, e o ômega o olhou, abrindo um sorriso divertido em resposta. O alpha sorriu junto, aquele sorriso jovem e bonito, mostrando suas gengivas.
Ajeitando as pernas do ômega que ainda tentava acalmar sua respiração, Jongho pegou a calça e a cueca dele no chão do carro, colocando a peça íntima gentilmente no outro.
"E você?" Seonghwa perguntou baixinho, vendo o outro desvirar as pernas de sua calça após terminar de vestir a cueca nele.
"Em casa eu lido com isso, relaxa" Jongho respondeu tranquilamente.
Quando segurou o calcanhar de Seonghwa para vestir a calça, o ômega puxou sua perna contra si, um biquinho em seus lábios. "Não é justo, me deixa bater uma pra você?" Ele começou a se sentar, e Jongho sorriu novamente, mas dessa vez o sorriso não era divertido, era um sorriso cafajeste, os olhos cheios de luxúria ao encarar o ômega e responder:
"Hyung, eu não sei se consigo me conformar só com uma punheta, eu preciso de um pouquinho mais que isso."
Atônito, Seonghwa sentiu suas bochechas corarem, era ridículo ficar tímido depois dele ter se derretido todo com o oral do alpha.
"Eu não sei se aguento um nó hoje..." Respondeu baixinho.
"Eu sei que não, nem te forçaria a isso," Jongho voltou a puxar a perna dele para colocar a calça, dessa vez o mais velho deixou "Quem sabe em uma outra oportunidade?" o alpha completou após subir seu zíper, subindo seu olhar até o ômega novamente em um sorriso fofo.
"Cadê o alpha que não se envolve com colegas de trabalho, hein?" Seonghwa riu, lembrando das palavras do outro quando chegaram na boate mais cedo.
"Você jogou sujo comigo, não se faça de santo," Ele riu "Mas sei que vai guardar nosso segredinho, confio em você". O mais novo piscou pra ele, se afastando.
"Vamos, vou te levar pra casa" Ditou ao arrumar sua roupa e logo fechando a porta de trás do carro.
Ao dar a volta para sentar no banco do motorista, Seonghwa pulou do banco de trás para o do passageiro, pegando sua mochila no processo. Após o alpha pedir para que ele inserisse o endereço de sua casa, o ômega digitou o endereço da padaria no GPS, sem nenhum comentário.
A viagem até o trabalho do ômega foi tranquila, ambos mergulhados em um silêncio confortável, Seonghwa se sentindo sonolento no banco do carona e lutando para não pegar no sono, tinha que aguentar mais algumas horas até poder ir para casa.
Estava tão imerso em seus pensamentos sobre como conseguiria aguentar mais meio período de trabalho que nem notou quando Jongho parou em frente ao estabelecimento, os primeiros sinais do amanhecer já aparecendo no horizonte.
"Vai tomar café antes de ir pra casa?" Jongho olhava curioso o endereço no gps indicando exatamente a padaria.
"Quem dera, esse é meu segundo emprego. Vou trabalhar até meio dia, e só então ir para casa. Acha que posso chegar um pouco mais tarde na boate hoje? Eu definitivamente vou precisar de um cochilo em uma cama de verdade."
Ao não receber resposta, olhou Jongho, que o olhava com preocupação.
"Você trabalha na boate até de madrugada e acorda tão cedo para vir pra cá?"
"Até de madrugada não, eu largo as dez, dá tempo de ir em casa dormir antes de vir pra cá. Daqui eu vou direto pra boate, porque é melhor a logística" Deu de ombros, sem entender o semblante de Jongho.
"E hoje você dobrou, isso quer dizer trabalhar quase dezoito horas sem parar, hyung. Isso é loucura."
"Em minha defesa eu tentei negar a dobra..." O ômega riu, "mas eu não sei dizer não pro melhor chefe do mundo" Ele pegou sua mochila, abrindo a porta. "Olha, não se preocupa, tá? Eu tô acostumado, e-"
"Por que não falta?" Jongho o encarou, segurando sua mão sem o deixar sair "Vamos, eu te deixo em casa e você dá uma desculpa."
"Já faltei ontem, Jjong. Um problema com meu ômega, não posso faltar novamente. Mas tá tudo bem mesmo, ok?" Ele levou a mão do alpha até sua boca, deixando um selinho ali. "Te vejo em algumas horas."
Suspirando, Jongho assentiu. "Não apareça hoje na boate. Minhas ordens."
Seonghwa pensou em negar, mas sabia que não podia se dar ao luxo. Então sorriu, soltando um "obrigado" baixinho antes de fechar a porta do carro e seguir para a padaria, ele teria que tomar um pseudo banho na pia do banheiro e trocar suas roupas que fediam a sexo e feromônios.
Notes:
Oi! Desculpa a demora pra postar, tive um bloqueio chatinho =(
1 Queria saber se alguém aqui tem dúvidas sobre o universo ABO? Eu esclareci algumas coisas pra uma mutual minha essa semana no X e fiquei curiosa se mais alguém precisa de ajuda pra entender esse universo. Pensei em fazer um glossário simples e adicionar aqui, até mesmo porque algumas coisas no universo ABO podem variar entre os autores, enfim!
2 Qualquer erro de formatação me avisem! Fiquei com preguiça de formatar manualmente e usei o Rich Text. Os erros de gramática vocês ignorem porque meu cérebro já tá derretendo 😭😭
AGORA SOBRE A HISTÓRIA, não sei se devo perguntar mas vocês perceberam que em nenhum momento o Hwa e o Jong se beijam? 👀 + certeza que o Jongho tem o melhor oral game do at8 eu não faço as regras, tá?
Próximo capítulo segunda, como prometi, mas o capítulo deve ser um pouco menor que esse.
Chapter 4: Glossário - Em andamento
Chapter Text
Oi!
Esse capítulo vai se atualizar conforme eu for lembrando/usando os termos.
Para quem não é familiar com as dinâmicas A/B/O, vou explicar algumas coisas.
Para quem não sabe, ABO é um tipo de fanfic onde suas siglas significam Alfa, Beta, Ômega.
Existem diversas definições, as de alpha e ômegas são mais óbvias e fáceis de vocês encontrarem no google, mas eu gosto de pensar nos betas como mediadores da matilha. Eles são os que menos são afetados pelos instintos animais e normalmente são o ponto de equilíbrio nas matilhas.
Eu não vou definir ômegas e alphas aqui mas caso queiram me avisem que eu descrevo minha perspectivas. Como falei, esse capítulo de glossário vai se manter em construção ao longo da fic.
Bando : Eu uso esse nome para definir as matilhas. Em inglês é pack, e fez mais sentido pra mim. Como eles são lobos, grupos podem se reunir de forma amorosa ou não para formar esses bandos, eles se tornam família sem necessariamente ter laços sanguíneos. Aqui no meu universo um bando pode ser amoroso ou não, depende da dinâmica.
Mordida/marca: Para formar um bando, as pessoas daquele grupo/família se marcam permanentemente com uma mordida. Esse ato permite que suas almas se conectem, e um laço vitalício é formado, os cheiros ficam mais característicos, ou seja, é mais fácil ler as emoções do seu parceiro pelo feromônio que ele exala, e o lobo consegue sentir emoções muito fortes, como pânico ou extrema alegria. Eles ficam conectados pela alma mesmo.
Feromônios: “Substâncias químicas que agem como sinalizadores entre indivíduos da mesma espécie. Eles são produzidos por animais e humanos, e são associados à comunicação, atração sexual e predatória.” Eu vou explicar no próximo capítulo, mas normalmente uma pessoa consegue identificar o subgênero de alguém pelo cheiro, e cada pessoa tem um, característico.
Pode ser um cheiro específico, ou algo mais complexo como um conjunto de coisas. Cada pessoa tem uma essência básica, sentida por qualquer um, mas é preciso ter uma relação com uma pessoa para conseguir sentir afundo, e conseguir identificar suas emoções por essas essências.
Ciclos: Cios do ômega (heat) e cios do alpha (ruts), são basicamente períodos férteis desses subgêneros. Os feromônios ficam mais doces, mais atrativos, o libido aumenta, e normalmente é um período propício para acasalamento dos lobos.
Para os ômegas é um pouquinho mais dolorosos porque eles têm cólica, e o corpo deles pede por um nó. Os alphas ficam mais inquietos e raivosos, mais agitados com a necessidade de transar.
Imprint: Eu erroneamente associei o Imprint aos parceiros destinados, mas errei. Imprint é quando um lobo se apega a alguém, subconscientemente, ocorrendo assim uma atração instantânea e avassaladora, que pode ser romântica ou não. No meu universo, vai ser sim, porque sim.
Parceiros destinados: É um mito para a maioria das pessoas. Uma idéia de que dias pessoas nascem destinadas a ficarem juntas para o resto da vida. Sua conexão, cheiros, tudo acontece mesmo que eles não se conheçam. Eles não precisam de uma marca para seus corpos reagirem um ao outro, mesmo com supressores, é possível sentir seus cheiros, e os feromônios são fortes mesmo que eles não tenham nenhum vínculo amoroso. Expliquei certo? Não sei hahahah Mas a única diferença disso pro imprint é que o imprint pode ser platônico, uma pessoa se apegando a outra, enquanto os parceiros destinados sentem as mesmas coisas, ao mesmo tempo.
Cortejar: É uma tradição antiga e não tão seguida atualmente. Antigamente, os lobos traziam presentes e oferendas para seus pretendentes para mostrar interesse, e a promessa de que poderia prover e cuidar dele. Anos e anos atrás, quando os lobos ainda podiam se transformar em sua forma animal, esse presentes de cortejos eram animais, peles, frutas. Ao longo dos anos isso foi adaptado e se tornaram jóias, roupas de cama, comida, e até gestos. O Yunho trazendo pequenos presentes toda vez que visita os ômegas não necessariamente significa algo romântico, mas mostra o interesse dele em se aproximar deles.
Clamar: É quando um lobo clama outro lobo como seu. Pode ser por uma mordida atrás do pescoço, e não é forte o suficiente para sangrar, mas coloca o lobo mordido em total submissão, seu corpo se entrega e ele fica mole e obediente a quem o mordeu. É bem íntimo o ato, mas temporário. A segunda forma de clamar um lobo é uma mordida em cima da glândula de cheiro que perfura a pele com os caninos e basicamente sela os dois lobos juntos, como um acasalamento. Pode ser feito fora do sexo, mas é um pouco mais doloroso. O comum são dois lobos, durante o sexo, fazerem isso, pois o orgasmo libera uma sensação anestésica que não provoca dor no ato. O lobo que foi clamado passa a carregar a marca dos caninos de seu parceiro permanentemente em seu pescoço.
Chapter 5: Mudanças
Notes:
Oi! Esse capítulo foi impossível de escrever e por isso a demora.
Eu sei o que quero que aconteça, mas sinto dificuldade de juntar dois arcos diferentes.
Não quero que pensem que vou ficar arrastando a história, sei que isso é péssimo, mas eu precisava desse capítulo pra história desenrolar.Muito muito obrigada pelos comentários, eles me motivaram a continuar, mesmo não muito satisfeita com o resultado. Enfim. Prometo não demorar tanto para postar o próximo (mas saibam que sou fã da SZA e, na dúvida, eu minto :D).
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
Ao longo da manhã, Seonghwa teve pelo menos três sensações de quase desmaio, onde a cabeça fica estranhamente leve, a visão um pouco embaçada nos cantos e ele precisa segurar em alguma coisa para não desmaiar. Por sorte, seus chefes associaram seu mau estar à mentira que ele deu no dia anterior de que estava passando mal, e o deixaram passar a maior parte do tempo no estoque, organizando tudo. Seonghwa suspirou, não gostava de mentir mas entendia que havia sido por uma boa causa.
Quando decidiu passar o dia em casa com Mingi, ele havia mentido sobre uma possível virose, para faltar, inventando de que tinha passado mal, e estava com febre. Apesar de se sentir cansado, pelo menos foi uma boa desculpa do porquê ele agora se arrastava pelos corredores da padaria.
Seis longas horas depois, ele colocou sua mochila nas costas e foi em direção ao ponto de ônibus, dando de cara com Yeosang sentado nos bancos, um sorriso doce o cumprimentando.
“Vida, o que tá fazendo aqui?” Seonghwa perguntou, sentando ao seu lado no ponto de ônibus.
“Seu chefe da boate me ligou pedindo pra te buscar, me disse que você virou a noite e que estava preocupado” o ômega explicou calmamente, pegando a mão do mais velho e apertando, sendo retribuído por um beijo estalado na bochecha. “A voz dele é muito bonita” , completou depois de alguns segundos.
Seonghwa sorriu ladino, “Ele é bonito por inteiro, Yeo”. Suspirou. O outro ergueu uma sobrancelha, curioso, mas não falou mais nada.
Os dois pegaram o ônibus de volta pra casa, Seonghwa aproveitando que Jongho deu uma folga para ele descansar, seu bando o deixando dormir por todo o dia, apenas o acordando para jantar.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
As semanas se passavam como esperado, ele acordava cedo, ia trabalhar na padaria, largava, ia direto para a boate. Cochilava, e então fazia seu turno na boate. Largava às dez da noite, repetindo todo o processo no dia seguinte. A exaustão já era parte de si, uma tensão constante que pousava em seus ombros.
Naquela noite em particular, podia sentir seus pés pulsando, doloridos, depois de mais um dia em pé. Ainda faltavam três dias para sua única folga da semana, onde provavelmente também não descansaria.
Haviam se passado três semanas desde seu momento íntimo com Jongho, o mais novo quase nunca aparecendo na boate. Segundo Yeonjun, ele estava resolvendo alguns problemas em seu bar da zona sul, os garçons se dividindo entre as tarefas mais urgentes.
Naquela noite em específico, uma quarta feira, o bar estava lotado, alguma coisa sobre um feriado na sexta que não fazia diferença para Seonghwa, que trabalhava todos os dias. Atendendo mesa atrás de mesa, desviando de bêbados, e ignorando as mãos bobas e propostas indecentes que recebia enquanto trabalhava.
Uma mesa de rapazes jovens o chamavam, e ele suspirou, se dirigindo até lá. A maioria era alpha, o cheiro forte e característico entregando que acabaram de atingir a maturidade, soltando seus feromônios para tentar impor alguma dominância. Patéticos e fedorentos , Seonghwa pensou ao alcançar a mesa, mas seu rosto calmo sem entregar a sua falta de paciência.
“Em que posso ajudar, meninos?” Perguntou simpático, por cima da música alta.
“A gente quer saber seu preço,” um loiro gritou do outro lado da mesa, enquanto o rapaz que sentava do seu lado repousava a mão em sua cintura.
Seonghwa segurou firme o pulso do garoto, afastando sua mão, enquanto respirava fundo.
“Não estou à venda, nem disponível no cardápio. Posso oferecer bebida, alguns petiscos, ou pedir para os seguranças tirarem vocês do local. O que vão querer?”
“Uhh, esquentadinho, eu gosto” Todos riram, mas quando Seonghwa olhou para os lados, procurando o segurança mais próximo, o rapaz ao seu lado voltou a chamar sua atenção “Ouu, calma aí, é só brincadeira. Vamos querer outro balde de cerveja, anda logo”
Seonghwa acenou com a cabeça, recolhendo as garrafas vazias da mesa e, ao se virar, sentiu o tapa forte que um deles havia desferido em sua bunda. O tempo parou por um ou dois segundos e ele piscou, em choque, mas ao sentir seu rosto esquentar, Seonghwa voltou a caminhar em direção ao bar rapidamente para registrar o pedido.
Ele deveria estar acostumado com isso, não deveria se afetar tanto toda vez, mas era impossível . Ele se recusava a normalizar esse tipo de comportamento, e não conseguia nunca segurar a vermelhidão de seu rosto com a mistura de raiva, frustração e ódio que sentia. E quando sentia raiva, lágrimas sempre ameaçavam cair, mas Seonghwa não as deixava cair, não daria a ninguém o privilégio de vê-lo vulnerável.
Enquanto tentava respirar fundo naquele ambiente úmido, quente, e infestado de diversos cheiros, sentiu duas mãos sobre a sua ao segurar o balde.
“Deixa que eu sirvo aquela mesa, hyung” Era Jongho, o corpo colado ao seu enquanto tirava o balde de suas mãos. Seu tom de voz baixo não era somente por estarem tão próximos, seu semblante sério mostrava que ele provavelmente havia visto a interação e estava puto “Vai fazer uma pausa no meu escritório, eu te encontro lá em alguns minutos.”
Sem questionar, Seonghwa assentiu e se dirigiu para trás do bar, em um pequeno corredor que o levaria ao escritório de Jongho. O mais velho estava curioso, normalmente os intervalos eram somente no quarto dos funcionários ou no beco atrás do bar para os que fumavam, o escritório vivia trancado e eles só podiam entrar ali para reuniões e conversas formais com o Jongho.
Notando a porta destrancada, se surpreendeu ao ver as luzes acesas e duas figuras sentadas no pequeno sofá de couro, ambos o encarando. Eram os amigos de Jongho, do outro bar.
“Boa noite” Seonghwa coçou a garganta, parado perto da porta, meio sem saber o que fazer.
“Não deveria deixar as pessoas te tratarem daquela forma” Foi a resposta de Hongjoong, direto ao ponto, sua mandíbula travada e seus olhos o encarando intensamente.
O ômega não era o tipo de pessoa que se intimidava facilmente, ou que se acovardava em frente a alphas, mas havia algo naquele olhar que fazia seu lobo abaixar a cabeça e querer se submeter a ele. A sensação esquisita em seu peito voltou ao ouvir a voz do ruivo, mas engoliu seco e levantou os ombros, se forçando a agir naturalmente.
“E qual a sua sugestão, senhor?”
“O que ele quis dizer, Seonghwa,” San interviu, seu rosto sério, “é que ele sente muito por você precisar passar por esse tipo de situação.”
Pego desprevinido, Seonghwa encarou os dois por um tempo, pensando como responder. Ele queria que Hongjoong parasse de olhá-lo, parasse de ser tão intenso, de fazer seu peito contrair e seu estômago remexer.
“Oh, ok. Tudo bem.” Coçou a garganta, acenando.
Vendo que ele não falaria mais nada, San voltou a falar “Esse tipo de situação acontece sempre?”
“Sim,” Não via razão em mentir. “A gente meio que se acostuma, eu não posso ficar reclamando no ouvido do Jongho toda vez que alguma coisa acontece, só o procuro quando é algo mais sério. Então tapas, mãos bobas, comentários, eu normalmente ignoro.”
San não parecia nem um pouco feliz com a resposta, seu maxilar travado enquanto ele assentiu e levantou, indo em direção ao uísque que Jongho mantia em sua sala.
Antes que qualquer outra coisa pudesse ser dita, Jongho entrou no escritório.
“Eles já foram embora,” suspirou, abrindo o seu paletó e caindo em sua cadeira, seu semblante cansado. “Hyung, podemos conversar?” Ele parecia tenso, mas Seonghwa não sabia dizer se era pela situação .
“Claro, Jjong. O que houve?” Seonghwa se virou para ele, se aproximando do mais novo.
“Queria falar sobre aquela noite” Ele começou, e Seonghwa gelou, seus os olhos arregalando em clara surpresa. Se virou para San e Hongjoong, que o olhavam “eu não contei nada pra eles, antes que você pergunte.”
“Nós moramos juntos, foi fácil adivinhar o que aconteceu quando ele chegou carregado de feromônios” Hongjoong complementou, encostando nas costas do sofá, mas seu corpo carregava uma rigidez que mostrava seu incômodo com a situação.
Atônito, Seonghwa voltou a encarar Jongho.
“Você não me odeia por ter tirado vantagem de você naquele dia?” Jongho foi direto, o encarando com um misto de tristeza e vergonha.
O peito de Seonghwa pesou, se aproximando de seu chefe que parecia tão novo naquele momento, segurando seu rosto com delicadeza, o dedão fazendo carinho em sua bochecha.
“Jamais, Jjong. Eu também quis, por favor não se culpe por algo que ambos decidimos” Ele esclareceu, vendo os ombros de Jongho visivelmente relaxarem, os braços do mais baixo circulando sua cintura. Seonghwa se sentou em seu colo, sentindo o olhar de San e Hongjoong em suas costas.
“Você ainda parecia confuso, e eu fiquei martelando na minha cabeça todas as piores situações…” Ele balançou a cabeça, claramente tentando se livrar dos pensamentos negativos. “Enfim, eu queria esclarecer isso antes de qualquer coisa, e mostrar pros dois idiotas ali do outro lado que você não me seduziu nem nada. Ou que minhas decisões estão sendo influenciadas por…” ele riu baixinho, exasperado “desejos carnais.”
Ouviu San rindo no fundo.
“Eu tenho uma proposta pra você, hyung.” Ele continuou, baixinho, no ouvido do outro, e Seonghwa segurou em seu ombro, atento ao que ele tinha para falar.
“Trabalha comigo, full time, larga a padaria e vira garçom do meu bar em Hongdae.”
“JJong, eu–” começou, sem saber como responder.
“Você vai ganhar o dobro, vai te dar mais estabilidade e não precisará se dividir em dois empregos.” Ele se afastou, seus olhos grandes e sinceros, fazendo Seonghwa derreter.
“Eu não preciso da sua pena, Jongho” Foi a resposta imediata de Seonghwa, imediatamente ofendido com o olhar do outro, e levantando rapidamente. Não sabia o que havia dado em sua cabeça para simplesmente sentar no colo de seu chefe, ainda mais na frente de dois estranhos.
“Não é pena, eu não contrataria alguém para um cargo de confiança se eu duvidasse do profissionalismo da pessoa, se eu não confiasse nela.” Jongho respondeu rapidamente, de forma dura.
Ambos respiraram fundo, Seonghwa sabia que não precisava ser reativo o tempo todo, mas era mais forte que ele. “E se quer saber, não estou te oferecendo o cargo como uma atitude nobre, ou por pena, ou empatia. Um imbecil estava roubando do caixa e achou que eu não iria notar, o bartender se safou por ter me contado mas eu tive que demitir toda a equipe. Preciso de alguém de confiança, preciso que esse negócio dê certo, preciso que meus pais vejam que sou competente o suficiente para gerir-” Ele parou abruptamente, percebendo que estava se exaltando e falando mais do que deveria. Seonghwa sentiu seus ombros relaxarem.
“Eu sei que os bares e restaurantes de luxo têm essa regra idiota de só contratar betas, mas eu posso te fornecer o melhor bloqueador do mercado, o movimento não é grande, e eu…” suspirou, “se eu pudesse eu te colocava como gerente, mas com o seu currículo, eles não deixariam… sem querer ofender” coçou a nuca.
“Não ofende, Jjong.” Seonghwa riu, agora mais calmo, pousando a mão no ombro do mais novo e apertando, “eu não tenho nem o ensino médio completo e sei que ser gerente de um bar requer mais do que saber atender os clientes bem. E eu agradeço a oportunidade, mas você me permite pensar?”
“Claro, claro hyung, pode pensar o quanto quiser…. Quer dizer,” começou, sem jeito, “eu meio que preciso de uma resposta logo porque a gente tá sem pessoal no bar, e…”
“Amanhã.” Seonghwa o interrompeu, sorrindo. “Amanhã te dou uma resposta. Preciso conversar com meu bando, eles trabalham durante o dia, e de noite eu vou estar fora, isso é algo que vou precisar conversar com eles. Amanhã te dou uma resposta, ok?”
Jongho o olhava no fundo de seus olhos, algo como admiração e orgulho, e Seonghwa não entendia bem o que ele poderia ter feito para receber esse olhar de seu chefe. Parecendo sair de um transe, Jongho acenou com a cabeça, se afastando.
“Amanhã, ok, perfeito.” Pigarreou, parecendo envergonhado. “Eu vou te deixar ir agora.”
“Obrigado, JJong.” Seonghwa deixou um beijo na bochecha do mais novo, observando um lindo tom de vermelho colorir seu rosto. “Te vejo amanhã.”
Ele se levantou, acenando para San e Hongjoong, que mantinham os rostos neutros, sérios. Seonghwa não tinha o mínimo interesse em tentar entender o que sentiam.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Seonghwa seguiu sua rotina, foi para casa e, ao acordar, achou que seria fácil conversar com seu bando sobre a questão. Já sabendo que decisão tomar, ele avisou na padaria que não iria trabalhar no dia seguinte e se permitiu dormir e acordar junto de seus amantes.
Enquanto comiam o café da manhã, ele anunciou a proposta que havia recebido.
“Eu não vou dormir com vocês, mas poderemos passar o café da manhã e o final da tarde juntos” sorria, feliz, observando as expressões dos outros três. Vocês chegam da faculdade normalmente uma hora antes do horário que eu precisaria sair para ir para o bar. A locomoção vai ser bem mais fácil, também.”
“Hyung,” Wooyoung interrompeu. “Eu tenho uma contra-proposta. Na verdade, eu e Yeosang.” Ele se remexeu na pequena mesa, o encarando com um misto de medo e coragem, Seonghwa conseguia ler ele claramente.
“Não é justo só você e Mingi trabalharem, eu e Yeosang queremos trabalhar também e ajudar nas contas da casa.” Respirou fundo, sabendo que essa era uma discussão recorrente.
“Não.” Seonghwa respondeu facilmente, “Se encontrarem um estágio eu vou apoiar imediatamente, mas um trabalho vai com certeza atrasar seus estudos, dificultar eles, eu não aceito.”
“Mas hyung, a gente se sente péssimo de estudar sem poder prover para nossa casa,” Yeosang tentou argumentar, seu tom choroso por odiar confrontos, segurando as mãos do ômega líder. “A gente passa a manhã sem fazer nada, estudamos a tarde e ainda chegamos em casa antes de você.”
“Não, Yeosang, já conversamos sobre isso. Eu e Mingi pagamos as contas e vocês estudam para que possam nos oferecer um futuro melhor, não tem conversa.”
“Se você sair da padaria e ficar só meio período no bar, você poderá dormir com a gente e ainda passar a manhã”, Wooyoung rebateu, teimoso. “O dinheiro da padaria não fará falta se nós dois pegarmos um trabalho de meio período”
Seonghwa suspirou. “Vocês estudam a tarde, se pegarem meio período pela manhã a gente não vai se ver de qualquer forma. Você vão me ter por uma hora mais ou menos antes de eu ir trabalhar.”
“Mas se a gente pegar de noite…” “Wooyoung, não.”
Mingi, que observava a conversa em silêncio, o puxou para seu colo, o abraçando.
“Eu entendo o sentimento de ver o hyung fazendo tanto por nós, Woo. Parece que nada o que a gente faça vai ser o suficiente para devolver tanta dedicação.” Seonghwa o olhou surpreso, seu semblante antes sério agora se desfazendo rapidamente.
“Mas é temporário, hm?” Ele beijou o beicinho que o mais novo fazia, “Eu me formei, e estou em uma boa empresa. Vocês vão se formar, também, e vão poder ajudar mais ainda, e todo o sacrifício vai ter valido a pena, a gente promete.”
“Lembra da nossa promessa, Woo?” Seonghwa perguntou baixinho, os olhos também marejados. Acenando, Wooyoung enfiou o rosto no pescoço de Mingi, não queria ver seu hyung nem perto de chorar.
Seonghwa era o pilar dos outros três ômegas, sempre forte, sempre os encorajando, sendo o suporte que eles sempre precisavam. Ver a realidade no rosto cansado dele, a tristeza que ele escondia ameaçando sair por seus olhos em lágrimas tão raras, era demais pra ele.
Resmungando, Wooyoung levantou, indo em direção ao quarto. Yeosang também tinha os olhos marejados, mas sorriu para Seonghwa, um beijo casto em seus lábios trazendo conforto, sabiam que Wooyoung precisava de um tempo para regular suas emoções e entender a situação racionalmente. Já brigaram tantas vezes, que seu afastamento não causou nenhuma surpresa. Yeosang estava triste por não conseguir o que queria, mas feliz por Seonghwa considerar seus sentimentos. Ao observar seus ômegas se afastando para limpar a mesa, Seonghwa se levantou também.
“Bom, eu vou aceitar a oferta e ir. Vou agora à tarde na padaria pedir demissão. Com a rotina nova, eu devo chegar em casa às seis da manhã para tomar café da manhã com vocês. Mingi vai trabalhar, Yeo e Woo para a universidade e eu vou cuidar da casa até a hora de voltar para o bar. Vou ficar bem menos horas fora, e bem menos cansado.” Falou para Mingi e Yeosang, “A gente pode falar melhor sobre isso quando estivermos mais calmos, ok?”
“Ok” responderam juntos, sabendo que aquele era o fim da conversa.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Horas depois, Seonghwa abraçava seus ex -chefes. O casal gentil de betas entendeu a situação do ômega e o desejaram sucesso.
Em uma breve ligação para Jongho, ele o informou de sua decisão, e escutou um suspiro de alívio como resposta. O alpha o informou que não estaria na boate aquela noite, mas que iria preparar a documentação para que ele pudesse começar em alguns dias no bar.
Seonghwa considerou, enquanto trocava de roupa naquela noite, se deveria contar para seus colegas de trabalho sobre sua saída. Talvez para Yeonjun, o rapaz era o mais próximo de um amigo ali, mas não viu necessidade de fazer nenhum alarde para o restante, sabia que Jongho informaria a equipe quando necessário, e não havia qualquer apego emocional com aquele trabalho, era somente o lugar que o permitia colocar comida na mesa. Mais do que isso, se sentia aliviado por poder sair dali, de não ter que aguentar aquele ambiente que por vezes o sufocava com a mistura de feromônios, ambiente quente e úmido, com os mais diversos tipos de babacas que aquela cidade podia oferecer toda noite.
O ritmo no bar de Hongdae era bem menor pelo que observou quando esteve lá, e mesmo que estivesse um pouco aflito de lidar com pessoas tão ricas, ele pelo menos teria uma rotina de trabalho mais calma.
Ao abrirem a boate naquela noite e as pessoas rapidamente preencherem o lugar, Seonghwa decidiu que ele não iria se deixar iludir por aquela nova oportunidade. Era melhor do que sua situação atual, sim , mas ainda longe do conforto em que sonhava. O dinheiro seria o mesmo, ele ainda teria que contar as moedas para fazer as contas fecharem, e a comida ainda seria porcionada, mas as horas a mais de sono que teria, e a diminuição no tempo em trânsito já fazia valer a pena. Isso, e a redução do esforço diário. Odiava ceder a estereótipos de subgênero mas não tinha como negar que o corpo dos ômegas eram bem mais sensíveis ao trabalho braçal do que alphas e betas.
O último motivo era a pequena esperança de que pessoas ricas fossem mais discretas do que as que frequentavam a boate. Seonghwa servia um uísque quando sentiu uma mão subir por sua coxa, e, suspirando fundo, terminou sua tarefa e saiu o mais rápido que pôde dali. Na pressa para alcançar o balcão, uma fisgada em seu coração fez sua respiração falhar. Se segurando em uma cadeira, olhou ao redor, sem fôlego. Os olhos sempre intensos de Kim Hongjoong o encaravam.
Seonghwa, desde que viu o ruivo pela primeira vez, fazia de tudo para não pensar nele. A rotina intensa ajudava, mas vira e mexe seu peito se contraía, e deliciosas borboletas subiam por seu estômago ao pensar no quão bonito aquele homem era. E isso o confundia.
Seonghwa tinha pavor de alphas ao crescer, nunca sentiu vontades carnais de encontrar e se relacionar com um, todos os que encontrou enquanto crescia tinham péssimas intenções com ele. Seu bando eram as únicas pessoas com quem tinha desejos sexuais, e ele se sentia bem assim. Seonghwa não se importava de seus companheiros terem esse desejo, e terem seus relacionamentos paralelos fora do bando, mas o ômega líder nunca se interessou nesses encontros nem tinha vontade de ficar com outras pessoas antes de Jongho.
Mas tinha alguma coisa em Hongjoong, que ele não sabia explicar. Um desejo carnal de tê-lo, de ter sua atenção, seu olhar intenso sobre si o fazendo perder o fôlego. Ele se segurava para não pensar, não procurar, ignorar aquele sentimento que fazia seu lobo uivar dentro de si em anseio por aquele alpha. Eram muitos sentimentos para lidar e Seonghwa não tinha tempo nem energia para pensar sobre isso.
“Ei, hyung. Tá tudo bem?” Yeonjun o tirou de seu estupor, o rosto preocupado o encarando.
“Sim, sim, tudo bem.” Seonghwa balançou a cabeça, tentando focar no presente. Sorriu para o mais novo, dando um tapinha leve em seu quadril como agradecimento. “Vou tirar meu break para respirar um pouco.”
“Eu vou pedir pro Jisung trocar o break dele comigo e vou te fazer companhia” Yeonjun piscou, se afastando.
Alguns minutos depois, Seonghwa se jogava no sofá do quarto de funcionários, dividindo uma lata de Pringles com seu amigo, os dois contentes em comer no silêncio um do outro, até o rapaz quebrar o silêncio.
“Eu to saindo com o Soobin,” ele começou, um sorriso sonhador em seu rosto “Nunca pensei que encontraria um alpha decente, mas ele supera todo dia todas as minhas expectativas.”
Sorrindo, Seonghwa segura a mão do mais novo, “fico feliz por você, Jun. Trabalhamos poucas vezes juntos, mas ele parece ser ótimo.”
“Ele é,” Suspirou, mas logo um sorriso travesso cruzou suas feições. “Ele tá perto de se formar em administração, e o Jongho ofereceu uma vaga pra ele em um dos bares que ele administra. É como garçom, mas o chefinho disse que depois que ele se formar ele pode ganhar uma promoção para gerência.”
Levantando uma sobrancelha, Seonghwa ponderou o que o outro buscava com aquela informação (ou fofoca).
“Isso seria muito bom pra ele.” decidiu não ceder.
“Sim… Esse bar de Hongdae é super chique, só para milionários aparentemente, e o Jongho tá renovando todo o staff…”
Um balanço de cabeça foi tudo que recebeu em resposta, Seonghwa ocupado enfiando mais uma batata em sua boca.
“Eiiii, hyung!!! Eu já sei que você vai pra lá, para de me deixar curioso!” Yeonjun logo cedeu, fazendo beicinho, enquanto o mais velho ria. “Por que não me contou?”
“Você não perguntou” Seonghwa riu, recebendo um tapa no braço
“Como eu ia saber? Você que tinha que me contar!” Ele continuou, apoiando agora a cabeça no ombro do outro. “Eu estou feliz por você, mas não acredito que você E O Soobin vão me abandonar de uma vez só.”
“Já já você tá famoso e saindo daqui, relaxa” Seonghwa o puxou para mais perto, o abraçando. “E obrigado por ter sido meu amigo durante o meu tempo aqui.”
Satisfeito, Yeonjun deixou um beijo estalado em sua bochecha, voltando a comer.
Depois da pausa, Seonghwa não viu mais Hongjoong. E em algum momento se perguntou se ele havia imaginado a presença dele ali, ou se ela realmente havia acontecido. Decidiu, mais uma vez, deixar para lá.
Mas, no dia seguinte, ali estava ele novamente, seus olhos fixos em Seonghwa. Quando o ômega o encarava de volta, ele parecia ocupado com alguma coisa em seu celular, mas quando Seonghwa olhava para outro ponto, voltava a sentir o olhar dele sobre si. Sempre intensos, sempre meticulosos.
Hongjoong nunca havia visitado a boate antes, nem parecia pertencer a um ambiente como aqueles, e isso fazia o ômega se revirar em curiosidade do porquê ele estava ali três noites seguidas, sendo a segunda sem Jongho para usar como motivo. Tudo nele gritava luxo, suas roupas, seu cabelo, seu semblante, seus acessórios. Qualquer pessoa que batesse os olhos em Hongjoong conseguia enxergar que ele era poderoso, e sem conseguir se conter, pesquisou o nome dele naquela noite enquanto voltava para casa.
Kim Hongjoong, 29 anos, herdeiro, criou uma empresa de investimentos que deslanchou nos seus primeiros três anos com movimentos arriscados, e triplicou seu império recentemente ao comprar a empresa da família Choi, do mesmo ramo, e já estabilizada no mercado. O CEO já estava velho, e ao vender a empresa, manteve parte das ações no nome de seu filho e único herdeiro, Choi San, que ocupava a diretoria da empresa e era braço direito de Hongjoong.
Das poucas fotos que haviam disponíveis na internet, todas elas mostravam o mesmo semblante que Seonghwa via na boate, sério, intenso e intimidador.
Apesar do mesmo sobrenome, Jongho não possuía nenhum vínculo parentesco com San, os antecedentes de seu chefe permanecendo um mistério para o ômega.
Na noite seguinte, Jongho havia aparecido rapidamente para lhe entregar o novo contrato, que Seonghwa assinou prontamente, e pouco tempo depois o mais novo saiu. O ômega seguiu com seu trabalho e só sentiu o olhar de Hongjoong quando estava finalizando seu turno. Sem se permitir pensar nele, e animado por ser sua última noite na boate, ele trocou para suas roupas casuais (calça de moletom e uma blusa larga branca), ele saiu por trás da boate como sempre fazia, a saída discreta para os funcionários não precisarem encarar o tanto de gente amontoado na entrada principal.
Andou por uns 30 metros apenas antes de sentir uma presença próxima. Continuou andando, sua mão esquerda abrindo sua bolsa e encontrando facilmente o frasco do spray de pimenta que carregava consigo. Ao dobrar a primeira esquina, parou colado ao prédio, e segurou a respiração. Um homem magro, alto, cruzou apressadamente as ruas, mas parou surpreso ao ser confrontado de cara.
“Por que está me seguindo? Eu estou armado.”
O semblante surpreso se transformou em um riso de escárnio.
“Eu gosto assim, difícil. Mas é mais fácil você se submeter, gracinha, eu tô doido por uma carne nova hoje e você…”
Seonghwa não o esperou terminar, seu spray de pimenta mirando diretamente nos olhos daquele alpha e o fazendo soltar um grito surpreso, as mãos indo desesperadas para seu próprio rosto. O ômega aproveitou a oportunidade para levantar sua perna direita e chutar com toda força que tinha em sua cabeça, o fazendo cair e bater com força no concreto.
Sem pensar no barulho da colisão, apertou o passo e saiu dali, quase correndo. Um carro parado mais a frente o alertou, suas luzes ligando repentinamente. Seonghwa queria passar direto, mas aquela voz o chamou a atenção.
“Entra no carro.” Era Hongjoong.
Seonghwa parou por meio segundo, antes de voltar a andar. “Não preciso de ajuda, obrigado.”
O carro andava devagar, o acompanhando.
“Entra na porra do carro.” Falou pausadamente, e Seonghwa xingou a si mesmo por ter parado e se virado para o carro.
O ômega não se submetia para alphas, ele não aturava aquele tipo de comportamento. Ele sabia revidar e se impor. Mas, ainda assim, viu suas mãos trêmulas abrirem a porta do passageiro e entrar no carro.
Imediatamente, Hongjoong saiu dali.
“Me deixa na interseção do metrô, a um quilômetro daqui, é só seguir reto.” Foi a única coisa que conseguiu dizer antes dos vidros subirem e sua cabeça girar com o cheiro intenso dentro do veículo. Os feromônios de Hongjoong invadindo seu pulmão e o deixando inebriado, como se tivesse bebido sem parar por toda noite.
Era difícil distinguir cheiros de pessoas, quando você conhece alguém apenas a característica principal dos feromônios aparece. Se alguém cheira Seonghwa, essa pessoa iria sentir superficialmente o cheiro de rosas brancas, se com o Mingi, cheiro de pêssego. É preciso uma conexão profunda entre duas pessoas para entender a complexidade que são os feromônios, e suas nuances.
Mingi, por exemplo, cheirava não só a pêssego mas as árvores frutíferas de uma horta. Quando estava feliz, era possível captar o cheiro de macieiras e o doce de maçãs envoltos aos pêssegos, quando triste Seonghwa sentia um cheiro azedo do limão, notas de natureza e frutas ricas que o intoxicavam.
Mas Seonghwa conhecia Mingi há anos.
Conseguia contar nos dedos as vezes que viu Hongjoong, e por isso ele se viu confuso com aquele ataque de essências.
Hongjoong cheira a pinheiro, um cheiro forte e potente, com notas de, couro? Era complexo, potente, um pouco de nicotina se levasse em conta a mandíbula travada do outro, provavelmente sua raiva. Como podia sentir tão a fundo todos os feromônios de alguém que nem conhecia?
Sentindo seu corpo cada vez mais mole no banco do carona ao tentar distinguir cada nota, Seonghwa sentia seu cérebro flutuar, sem entender como podia estar tão afetado com ele. Sem dizer uma palavra durante toda a viagem, Hongjoong parou de frente para o metrô e Seonghwa precisou piscar algumas vezes para assimilar de que haviam chegado. Murmurando um “obrigado”, ele saiu em pernas bambas para o ponto de ônibus que o levaria para casa. O carro foi embora, levando junto o cheiro delicioso do alpha.
O que estava acontecendo?
Notes:
Me digam o que acharam! ♥
Chapter Text
A adaptação de Seonghwa foi mais fácil do que imaginava, ele e Soobin ficariam servindo o salão do momento em que o bar abriria, até o momento de fechar, mas o movimento era extremamente pequeno. Soobin brincou ser lavagem de dinheiro, mas as pessoas que frequentavam indicavam que não era qualquer coisa. Era genuinamente um bar para milionários e bilionários, o pequeno movimento provavelmente trazendo três vezes mais lucro do que a boate de Hongdae.
Hongjoong não apareceu nos primeiros dias, o que tranquilizou Seonghwa. Ele conseguiu prestar atenção nas regras, ensaiou não mexer muito os quadris, usar roupas mais largas para não entregar que era um ômega (Seonghwa não sabia que ômegas tinham quadris mais largos/propensos, mas fazia sentido), e Jongho como prometido havia comprado uma caixa inteira do bloqueador mais caro do mercado.
Os bloqueadores são adesivos transparentes, colocados em cima da glândula de cheiro para minimizar os feromônios de uma pessoa, e é senso comum usar um, mesmo que do mais barato, em ambientes públicos. Ninguém quer chegar em um restaurante, escritório, loja e ser atacado por diversos cheiros e as sensações que vem com elas.
A questão é que, uma pessoa exala sua essência através de diversos pontos: o pescoço é o mais forte, e por isso onde se aplica o adesivo bloqueador. Mas, uma pessoa também pode exalar feromônios dos pulsos e da parte de dentro das coxas, por isso é difícil esconder um subgênero de uma pessoa atenta àquelas essências.
Seonghwa, por esses fatores, passou a usar um adesivo em seu pescoço e um outro, partido ao meio, em cada um de seus pulsos para disfarçar o máximo possível seu subgênero, buscando passar o mais despercebido possível.
Os dias foram passando, se acalmando, e mesmo que ele gradualmente ficasse mais descansado, algo em seu interior pulsava. Parecia saudade, uma melancolia. Mas saudade de que? De quem?
Talvez de seus ômegas. Enquanto eles dormiam, Seonghwa estava trabalhando. Quando chegava em casa, eles já estavam acordando. Apesar de conseguir passar algumas horas com eles, havia algo extremamente íntimo em dormirem juntos todas as noites, os cheiros se mesclando de forma deliciosa, o peso de seus corpos enrolados no lençol fino. Seonghwa sentia cada dia mais saudade de seu bando, mas ao mesmo tempo seu corpo o mostrava a diferença que fazia poder dormir mais, passar menos tempo na rua. Seu rosto magro ganhava um pequeno rubor, seu humor havia melhorado consideravelmente por poder durante o dia organizar, limpar e cozinhar em seu pequeno apartamento, se alegrando sempre que seus parceiros chegavam em casa e sentiam o cheiro de comida pronta, seus sorrisos e abraços o confortando pelas poucas horas que possuíam juntos. A constante ardência que sentia na sola de seus pés e calcanhar sumiram, não só andavam menos como o trajeto era mais rápido, os sapatos de seu uniforme eram macios e não doía seus pés.
Mas apesar de trabalhar todos os dias, Mingi não trabalhava aos domingos e Wooyoung e Yeosang não tinham aulas, o que permitia que ele chegasse domingo de manhã em casa para um dia de preguiça, os quatro enrolados na cama durante toda a manhã, trocando beijos, carícias e conversando sobre seus últimos dias.
Yunho também passou a visitar mais vezes, criando uma amizade agradável com os outros três ômegas, satisfeito em trazer pequenos presentes ou pequenas compras sutilmente, e Seonghwa achava fofa a forma que Yunho os cortejava sem realmente dizer ou perceber.
Como esperava, não houve diferença salarial, ele ganhava mais no bar mas não tinha mais o salário de padaria, mas só de sentir seu corpo mais descansado, já fazia valer a pena sua decisão. O bar era tranquilo a maior parte do tempo, Soobin era educado e mantém a distância necessária, e Seonghwa se sentia imensamente mais seguro de andar pelas ruas após o trabalho com o dia clareando, sem mais precisar correr e ficar vigilante por pessoas mal intencionadas.
Jongho não aparecia, estava administrando a boate e, para a surpresa de Seonghwa, San passou a administrar o bar enquanto arranjava um novo gerente. O alpha contudo era quieto, passava a maior parte do tempo dentro do escritório, saía poucas vezes para observar o salão e perguntar aos garçons se estava tudo bem ou solicitar alguma informação. Seonghwa se sentia curioso, nas vezes que encontrou San seu rosto era expressivo, sempre o olhando com um misto de curiosidade, contudo quando começaram a trabalhar juntos, ele passou a se guardar mais, seu semblante sério e palavras normalmente dirigidas à Soobin na maioria das vezes. Seonghwa não se sentia triste nem chocado, mais do que isso, era divertido observar o outro de longe, parecendo que queria provar alguma coisa, mas se era para ele ou para outra pessoa, era o que deixava o ômega curioso.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Quase dois meses depois de iniciar sua nova rotina, Seonghwa observou atônito a chegada de San e Hongjoong ao bar. Sentaram nas mesmas poltronas da primeira vez, mas dessa vez seus olhares não disfarçaram ao correr pelo corpo de Seonghwa.
“Soobin, pode atender eles pra mim?” Seonghwa pediu, um rubor em suas bochechas que entregava o quanto estava afetado com o par de olhos em si.
“Claro, hyung” Soobin terminou de secar as mãos, indo atender os dois alphas. Para se manter ocupado, Seonghwa começou a dobrar alguns guardanapos. Ele podia sentir fisicamente a presença dos alphas, a metros de distância.
“Seonghwa,” Escutou a voz de San atrás de si, e respirou fundo antes de se virar. “Bom te ver. Você tem um minuto?”
“Claro, senhor” Ele se curvou levemente, e San riu.
“Não precisa de tanta formalidade. Eu só queria atualizar você do que acabei de passar para o Soobin,” ele explicou, “O Hongjoong vai me substituir aqui pelos próximos três dias, tenho uma emergência com a minha família. Tudo bem por você?”
Seonghwa o encarou atônito por alguns segundos, o que ele queria dizer com aquela pergunta? Não estava ao alcance dele dizer se tudo bem ou não, ele era apenas um garçom.
Parecendo entender sua feição, San sorriu, sincero. “Eu genuinamente quero saber se está tudo bem.”
“E-eu, sim. Eestá.” Murmurou, sem saber o que responder. “Mas se precisar podemos cuidar das coisas por aqui.” falou com um pouco mais de coragem “Por vezes o Jongho precisava se ausentar da boate e deixava um dos garçons cuidando”
“A boate tem uma equipe ótima, mas aqui já é mais sensível” ele riu, como se fosse uma piada interna, mas Seonghwa apenas o encarou atônito, sem saber muito o que fazer, absorvendo a situação.
Hongjoong continuou, aparecendo como uma sombra atrás de San e fazendo um arrepio subir na espinha de Seonghwa: “Enquanto a gente não tiver absoluta certeza que a equipe é confiável aqui, precisamos de um de nós três presentes a todo momento.”
San suspirou, exasperado. “Ficamos felizes que você não tenha encontrado nenhuma situação desagradável, Seonghwa. Mas o dinheiro cega as pessoas. Nem todo mundo que frequenta esse bar é de confiança.” O alpha o olhava sincero, como se tentando corrigir as palavras de Hongjoong “E caso alguma situação ocorra, nem você nem o Soobin conseguiriam remediar a situação. É preciso um de nós três aqui por isso.”
Atônito, Seonghwa assentiu. “Ok. Vou atender o casal que acabou de chegar, se tiver mais alguma coisa que queira discutir, estarei atento.” Sua voz soou quase robótica, San levantando uma sobrancelha, divertindo-se com o estranhamento do outro.
“Espera.” Hongjoong segurou seu braço, o impedindo de sair dali. “Não quero que tenha medo de mim, mas sei que devo conquistar sua confiança. Esse bar parece calmo mas é perigoso, pessoas poderosas acham que tem tudo nas mãos.” Ele alertou, o olhando de forma sincera. “Qualquer coisa que aconteça, por favor me prometa que vai me avisar.”
Seonghwa respirou fundo, conseguindo enxergar o quão genuíno ele estava sendo, um momento raro de vulnerabilidade no olhar sempre tão duro e arrogante do outro.
“Eu prometo, alpha”. O título saiu facilmente de sua boca, fazendo um arrepio correr pelo corpo dos dois. Após alguns segundos se encarando, o alpha o soltou, se afastando.
“Ok, ok.-” parecia sem fôlego, “vá trabalhar, não vou te atrapalhar.” Terminou, voltando para os sofás onde estavam antes.
Naquela noite, San foi embora assim que a conversa terminou, e Hongjoong passou o resto do expediente trancado no escritório, o que seria ótimo para Seonghwa se não fosse a ansiedade que corria embaixo de sua pele só de saber que o alpha estava a poucos metros de distância. Se pegava diversas vezes olhando para trás do balcão, esperando uma sombra, a porta se abrindo, mas nada. Assim que deu sua hora, pegou seus pertences e saiu o mais rápido possível do bar, com medo de como reagiria se o visse ali de novo em sua frente.
Na segunda noite, Hongjoong saiu brevemente do escritório, olhando o salão antes de repousar seus olhos em Seonghwa, que já o encarava. Nunca, em tantos anos depois de ter se descoberto ômega, sentiu uma atração tão forte quanto a que sentia olhando o rosto do outro, seus cabelos vermelhos sempre impecáveis, roupas sempre formais que gritavam dinheiro.
Seonghwa gostava muito de sexo, não tinha vergonha de admitir, mas a intimidade que vinha com o ato era algo que reservava apenas para seus ômegas. Ele não costumava desejar alguém de fora de seu bando, pelo menos não facilmente. Mesmo com levels atrações, como a que sentia por Yunho ou Jongho, era algo que ele conseguia facilmente controlar. Mas não com Hongjoong. Não queria aceitar, mas só de encontrar os olhos famintos, atentos, do ruivo, fazia uma espécie de corrente elétrica passar por seu corpo e ele precisava de todo autocontrole que tinha para não deixar seus joelhos fraquejarem, não deixar aquela corrente descer para áreas perigosas, e entregar o quanto desejava carnalmente aquele alpha.
Como se um interruptor tivesse ligado, e o levado para esses devaneios, Soobin o desligou rapidamente, se colocando de frente para o ômega e cortando o contato visual.
“Mesa 7 quer ser atendido por você, disse que te conhece e que só você faz a dose perfeita de uísque para ele.” Ele contou, o rosto meio que pedindo desculpas a Seonghwa, que revirou os olhos.
“Nem sou eu que faço os drinks,” revirou os olhos, mas deu dois tapinhas nas costas de Soobin para mostrar que estava tudo bem.
Ao caminhar até a mesa, o rosto familiar daquele homem o levou a sua primeira noite naquele bar. Era o mesmo senhor que lhe deu uma gorjeta gorda, um pouco antes de sua crise e de seu amasso com Jongho. A noite foi tão intensa que ele nem se lembra o que fez com o dinheiro, provavelmente estava perdido no bolso de alguma de suas calças.
“Que alegria voltar aqui depois de tanto tempo e te encontrar novamente,” o homem sorriu, cavalheiro. “Espero que não tenha problema em ter solicitado sua atenção.”
“De forma alguma, senhor.” Sorriu gentil, sabia que o outro estava flertando com ele, mas sua abordagem era o oposto das investidas que recebia na boate e isso o desestabilizou. “Em que posso lhe servir hoje?”
“Apesar de ter algumas sugestões, por enquanto somente um uísque. Obrigada.”
Seonghwa ignorou sua intenção implícita e chegou até o bar para fazer o pedido.
“Não flerte com os clientes.” O tom sério de Hongjoong, atrás de si, o assustou.
“Estava apenas sendo simpático,” rufou, incomodado com a aproximação repentina. “Não sei se você entenderia esse conceito”. Podia sentir o calor que emanava do corpo a pouquíssimos centímetros do seu.
“Leve o pedido dele e vá até o escritório.” Foi o que respondeu, saindo rapidamente em direção a porta de trás do bar. Seonghwa obedeceu, levando o uísque e recebendo uma piscada em resposta, se dirigindo para a porta atrás do bar após avisar Soobin.
Dois toques leves na porta, e na falta de resposta, tomou coragem para entrar. Hongjoong também segurava um copo de uísque com gelo, encarando o líquido âmbar com intensidade.
Seonghwa pigarreou, sem saber bem como agir. “O senhor queria falar comigo?”
“Park Seojun, mafioso. Empresta dinheiro para viciados, dono de diversos cassinos clandestinos, está envolvido com tráfico. Ele coloca toda uma família em débito, e depois os mata com o mesmo sorriso que ele usa para flertar com você.” Hongjoong falou, ainda encarando o copo em sua mão. Atônito, e assustado, Seonghwa engoliu em seco, seu corpo grudado à porta.
Hongjoong finalmente o olhou, seu rosto era impassível: “Não quero que aceite gorjetas, me entendeu?”
Seonghwa não conseguiu controlar suas expressões, seu rosto surpreso se tornou indignado. “Eu não posso me dar ao luxo de recusar gorjetas, senhor Kim.”
“Pode e vai. Esse dinheiro que recebe dele é um dinheiro sujo de sangue.”
O queixo de Seonghwa caiu, com tamanha hipocrisia. Sentiu os ombros tensionando em uma posição defensiva, sua voz mais elevada: “É sujo pra mim, mas não para o bar que também recebe esse mesmo dinheiro? Isso não seria, no mínimo, hipócrita?”
Hongjoong trancou a mandíbula, o olhando raivoso, “Eu não sei o que você faz com San e Jongho para que eles aturem esse seu desrespeito, mas-”
“Eu os respeito” Seonghwa o cortou, também o olhando com raiva. “Eu os respeito porque eles me respeitam. E me desculpe, mas você não fez nada até agora para merecer o mesmo tratamento”. Bateu o pé. Mesmo que se sentisse revoltado com aquela conversa, seu ômega gritava dentro de si para apaziguar a situação, tratar o alpha melhor, submeter. Seonghwa estava levemente desconfortável com aquele sentimento, lutando para manter a razão acima de seu lobo totalmente irracional.
“San mal fala comigo desde que veio administrar aqui” soltou depois de alguns segundos de silêncio tenso, e até se surpreendeu consigo mesmo. Por que ele queria repentinamente se explicar? Hongjoong não merecia.
“Ele não conversa com você? Não te chama para cá?” Hongjoong levantou uma sobrancelha ao questionar, desconfiado.
“Não. Ele é extremamente profissional, monitora o salão e quando tem alguma dúvida normalmente fala com o Soobin.” Confessou, “Nós mal trocamos algumas palavras, mas sempre que acontece ele me trata como gente”.
O semblante de Hongjoong mudou, seus ombros relaxando levemente, como se confortado pelas palavras do ômega. Seonghwa por sua vez queria se socar por estar dando satisfação ao ruivo, tentando provar algo que não era necessário.
Após mais alguns segundos em que se encaravam, apenas a respiração dos dois sendo ouvida naquela sala, Hongjoong assentiu.
“Está dispensado.”
Voltou a atenção para o notebook sobre a mesa, e Seonghwa não esperou para fugir dali direto para o banheiro lavar seu rosto e voltar para o salão.
Seonghwa não se explicava, não baixava a cabeça. Apesar de ter conseguido responder o alpha a altura, se sentia patético por ter fraquejado no final das contas.
‘Só mais um dia, aguenta.’ Murmurou para seu reflexo no espelho, antes de voltar a trabalhar.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Na manhã seguinte, Yeosang o abraçou na cozinha, perguntando baixinho se estava tudo bem. Ele havia percebido que o mais velho estava agitado, disperso, mas Seonghwa ainda não se sentia pronto para confrontar o que se sentia, e muito menos tentar explicar para seus ômegas o misto de coisas que rondavam sua mente só de estar próximo aquele homem.
Era a terceira e última noite de Hongjoong ali no bar, o ruivo não havia o chamado nem dito mais nada desde a conversa do dia anterior, e Seonghwa rezava para qualquer entidade que existisse, que se mantivesse assim. Se odiava por se sentir tão fraco, seu cérebro querendo agir de uma forma, mas o lobo dentro de si pedindo o completo oposto, o conflitando e o tornando vulnerável em toda situação que se via de frente para o alpha de cabelos vermelhos.
Seonghwa continuou seu trabalho sem se permitir pensar no outro. Na sua voz, nos seus olhos, nos seus lábios… Não. Não podia.
Servia, limpava, fechava contas, e era isso. Não pensaria mais em Hongjoong. Não importava o quão atraente ele era, o quanto sua voz o arrepiava, o quanto…
“Seonghwa.” Soobin ria, o chamando. “Mundo da lua?”
Piscando, Seonghwa o olhou. “Algo assim.”
“Hongjoong está te chamando no escritório.”
“Por Deus, falta uma hora para o expediente acabar, o que ele quer comigo?” murmurou, já se dirigindo ao escritório, e ignorando o riso de seu colega de trabalho.
Dessa vez, ao entrar, Hongjoong se encontrava em pé no meio da sala. Seonghwa fechou a porta silenciosamente atrás de si, o vendo se aproximar até ficar de frente para ele, a centímetros de distância. O ômega trabalhava sua respiração, tentando não entregar seu nervosismo com a proximidade.
“Me desculpe por ter sido rude com você ontem.” Os olhos de Hongjoong encaravam os seus, descendo rapidamente para seus lábios antes de subirem novamente. “E todos os outros dias.”
“ Ok ” Seonghwa murmurou baixinho, sua voz perdida em algum lugar e incapaz de formar algum pensamento coerente.
Sua mão encontrou o pulso de Seonghwa, que olhava confuso seu semblante tão intenso, reverente, sua mandíbula travada como se estivesse se segurando para não falar nada, não deixar soltar algum segredo que o ômega não possa saber. O toque era íntimo, seus dedos encontrando o pulso coberto pelo adesivo e pressionando levemente, como se quisesse liberar seus feromônios mesmo que eles estivessem protegidos pelo bloqueador.
Sua expressão, antes séria e intensa, se tornou uma de angústia, como se estivesse em conflito com algo internamente. Seonghwa sabia ler as pessoas, sabia observar, mas com Hongjoong era mais fácil ainda, parecia que eles conseguiam se comunicar em pensamentos, saber instantaneamente o que o outro pensa somente com um olhar, um suspiro.
“Você sente isso também?” O alpha murmurou, seus olhos não saindo do rosto do outro.
Seonghwa soltou um resmungo envergonhado, desviando o olhar para a parede atrás de Hongjoong, sua voz pequena e rouca, “Não sei do que está falando.”
“Eu fico reativo perto de você porque não sei lidar com o que não tem nome.” Ele soltou em um respiro, levando o pulso que segurava para a parede, prendendo o braço de Seonghwa em cima de sua cabeça enquanto se aproximava. Fez o mesmo com o outro braço, Seonghwa usando toda força que tinha para se manter de pé. “Odeio não ter controle das coisas.”
“Odeia não poder me controlar?” Saiu quase que sem querer, e Seonghwa mordeu os lábios para segurar sua língua.
“Odeio não conseguir controlar o que sinto quando estou perto de você” esclareceu, seus olhos descendo para os lábios carnudos do ômega novamente, antes de voltar a encarar suas orbes negras.
Seonghwa fechou os olhos por um segundo, tentando assimilar a situação. Seu lobo estava no chão, de barriga para cima, querendo atenção. Seu humano se irritava de ter seu corpo pulsando para entregar o controle à ele. Naquela batalha interna, voltou a abrir os olhos.
“Você sente atração. Estamos atraídos um pelo outro, a diferença é que você usa isso de motivo para ser rude comigo.” Tentou arrumar sua feição para que mostrasse indignação, parecer desafiador, mas os lábio de Hongjoong se curvaram em um pequeno sorriso ladino, seus olhos divertidos conseguindo enxergar por cima da fachada que Seonghwa colocava.
“É mais que atração, meu bem” Ele soltou um de seus pulsos, a mão descendo lentamente para correr seu dedo indicador pela mandíbula marcada do ômega, o dedo do meio se juntando ao chegarem em seus lábios, e pressionando levemente. Seonghwa manteve a boca fechada, lutando para não se deixar levar por aquela sensação. “Eu vejo homens lindos todos os dias, homens que fariam de tudo para ter uma noite comigo, e eu sei o que é atração.” Seu rosto foi se aproximando enquanto falava, seu cheiro invadindo os pulmões de Seonghwa e o derretendo naquele aroma delicioso, os dois se encarando em uma bolha só deles.
Seus dedos foram descendo de sua boca, até o seu maxilar, sua mão se acomodando ali e guiando a cabeça do ômega para se inclinar levemente. “Não é só atração, é mais forte que isso” murmurou com os lábios quase encostando aos dele, as suas respirações se misturando e o nariz pontudo do alpha acariciando de leve o do ômega.
Todo e qualquer pensamento havia sido apagado do cérebro de Seonghwa. Racionalmente, ele queria xingar o mais velho, se afastar, correr dali, mas seu corpo se recusava a se mover, e a única coisa que o mantinha em pé eram suas costas grudadas na parede e as mãos de Hongjoong nele.
“Vo-você,” arfou “deveria encontrar algum dessas pessoas então” pausou ao sentir o rosto de Hongjoong descendo, “para foder sua frustração, e não descontar em mim”
Soltando um riso condescente, Hongjoong arrastou seu nariz pelo pescoço do mais alto, parando para deixar um beijo molhado na base de seu pescoço, que fez um choque correr por seu corpo e ir direto para seu pênis, a primeira sensação de lubrificação aparecendo entre suas pernas com o ato e fazendo o rosto de Seonghwa avermelhar instantaneamente.
“Tem razão. E eu tenho um candidato perfeito bem aqui na minha frente.”
Sem saber o que responder, Seonghwa juntou suas pernas em uma tentativa frustrada de esconder o quanto as palavras do outro o afetava.
Hongjoong, por sua vez, respirou fundo, seus olhos virando sensualmente. “Merda, seu cheiro é delicioso,” ele continuou a arrastar o nariz pelo pescoço mesmo por cima dos bloqueadores. “É uma tortura conseguir sentir seu cheiro mesmo com esse tanto de bloqueadores. Eu passo o dia inteiro pensando em mil formas de te devorar.”
Ainda com o rosto no pescoço de Seonghwa, o alpha tirou lentamente o adesivo que grudava em sua pele, finalizando o ato com uma pequena mordida em cima da glândula, ganhando um gemido delicioso como resposta, o cheiro doce daquele ômega invadindo seus sentidos e fazendo sua cabeça girar.
“Seonghwa. Você está sentindo também, não está? Admita.” Ele se afastou apenas o suficiente para encarar aqueles olhos de jabuticaba o encarando de volta, suas pupilas dilatadas, seu corpo deliciosamente entregue. Descendo as mãos pelo seu corpo, começou a desabotoar lentamente sua camisa, seus olhos não saindo dos do outro.
Ao chegar na barra da calça, sorriu. “O gatinho comeu sua língua?” Virou o rosto em falsa curiosidade, se divertindo com o semblante cheio de desejo de Seongwa.
O ômega por sua vez lutava internamente com seu lobo. Seu corpo queria aquilo, seu lobo rosnava para que ele se entregasse, todos os seus sentidos estavam intoxicados por aquele homem quase grudado em si, mas uma pequena parte de si sabia que poderia se arrepender depois, que Kim Hongjoong era um alpha que não o merecia.
Essa pequena parte de si foi silenciada rapidamente quando o outro o beijou repentinamente. Sua boca se abriu para receber a língua dele de forma instintiva, um beijo sensual se iniciando e fazendo ambos perderem a respiração rapidamente. Hongjoong cercava a língua de Seonghwa com a sua, lambendo cada pedacinho, intercalando com pequenos chupões em sua língua e lábios, as mãos se acomodando possessivamente em sua cintura.
Sem perceber, Seonghwa o puxou para frente colando seus corpos. As ereções se chocando por cima de suas calças e tirando um gemidos dos dois.
Impaciente, Hongjoong tomou o ato como um “sim”, desfazendo os botões de sua calça e o despindo por completo.
Depois do que pareceu meses, anos, Hongjoong se afastou do beijo, descendo a calça e deixando o ômega completamente despido. Abraçou sua cintura, o levando até o sofá do escritório.
Ao tentar sentá-lo, Seonghwa, em um pequeno momento de lucidez, os virou e fez Hongjoong sentar, ainda completamente vestido, e montou em seu colo.
“Quem disse que você dita as regras aqui, ômega?” Hongjoong o ofereceu aquele sorriso cafajeste, suas mãos alcançando a bunda de Seonghwa em um aperto forte, as separando e levando seu dedo do meio para circular o músculo de seu ânus já com uma leve lubrificação.
O mais alto segurou seu pulso, forçando a introduzir o dedo por inteiro, guiando seus movimentos enquanto suspirava em prazer. Hongjoong começou a fazer movimentos circulares e de vai e vem, a entrada molhada em prazer facilitando a entrada de um segundo dedo. Enquanto os abria em um movimento de tesoura, os dobrava para procurar sua próstata, Seonghwa ocupado tirando o bloqueador de seu pescoço e deixando beijos por toda a extensão, se intoxicando nos feromônios carregados de luxúria.
Impaciente, o ômega começou a rebolar nos dedos de Hongjoong, o indicando que poderia enfiar um terceiro, e o alpha logo o entendeu, sorrindo ao finalmente encontrar o conjunto de nervos que tanto procurava. Seonghwa arfou, seus olhos revirando e perdendo momentaneamente a respiração ao sentir Hongjoong maltratando sua próstata, seus dedos do pé se contraindo em delírio e sua lubrificação saindo mais e mais.
Seonghwa já havia tido seu ciclo no mês passado, mas sua lubrificação o fez por um momento pensar que ele havia entrado novamente. Desajeitado, abriu a camisa social do ruivo, mantendo somente a gravata. Passou a mão por toda a extensão de seu peitoral e abdômen, seus olhos semi abertos tamanho prazer.
Seonghwa nunca sentiu tanto tesão em sua vida, uma chama o consumia por dentro e incendiava todo seu corpo. Com mãos trêmulas, abriu o zíper de Hongjoong, tirando seu pau pra fora e quase babando com o membro pulsando em sua mão, a cabeça brilhando com pré gozo e curvado deliciosamente para cima. Após o masturbar uma ou duas vezes, espalhando o gozo por toda a extensão, moveu a outra mão para o pulso que ainda estava em sua bunda, tirando os dedos do alpha dali.
Suspirando, levantou levemente para conduzir o pênis para sua entrada, enquanto observava o semblante completamente fodido de Hongjoong.
“Eu vou montar tão gostoso, que você nunca mais vai lembrar de nenhuma outra foda” Ele murmurou, os lábios encostados no do outro, ambos arfando em prazer. A cabeça do pau de Hongjoong entrou ardendo levemente, fazendo ambos suspirarem de prazer, Seonghwa foi sentando aos poucos, até sua bunda encontrar a virilha do corpo embaixo de si. Ambos tinham os lábios abertos, respirando pesadamente dentro da boca um do outro, se acostumando com aquela sensação deliciosa.
Quando relaxou, Seonghwa começou a rebolar de forma sutil, segurando os cabelos do alpha e puxando com força para que ele o olhasse nos olhos “você acha que tem alguma palavra aqui, alpha , mas sou eu que vou foder toda essa sua ignorância pra fora de você” Sorriu cínico, sua frase pontuada ao se erguer alguns centímetros apenas para sentar novamente, com força .
Mostrando experiência, Seonghwa começou a se erguer e descer em um ritmo lento, sensual, em cima do outro. Se sentia completo, inteiro, tendo Hongjoong dentro de si, como se as peças de um quebra cabeça magicamente tivessem se completado. Era uma sensação de êxtase que percorria seu corpo a cada rebolada, ao observar Hongjoong jogar a cabeça para trás em prazer, seus olhos querendo se fechar mas sem se permitir parar de olhar aquele ômega deslumbrante apertando seu pau de forma tão deliciosa.
Ambos se sentiam tomados por um prazer carnal, primal, como se o consciente deles se fechasse a cada estocada, apenas seus lobos tomando controle. O desejo de Hongjoong de possuir, de tomar, de conquistar, enquanto o lobo de Seonghwa gritava de prazer por poder finalmente se submeter ao seu alpha, de mostrar para ele que poderia cuidar dele, dar o que ele queria.
As mãos de Hongjoong fariam marcas em sua pele dourada com tamanha força que ele segurava a cintura do moreno, o auxiliando no movimento de subir e descer mesmo que sem necessidade.
Seonghwa não conseguia mais manter os olhos abertos, suas coxas ardendo com o esforço de quicar naquele pau delicioso, se sentia cansado mas não queria parar nunca. Queria um nó, queria o alpha gozando nele, o preenchendo até conseguir ver em sua barriga, sentir descendo por suas pernas quando andava. Queria, e queria e queria. Queria tudo de Hongjoong.
Ao sentir o outro perdendo o ritmo, Hongjoong desceu suas mãos para a bunda de Seonghwa, o segurando e abrindo suas pernas para que ele pudesse estocar naquele cuzinho delicioso de forma bruta, fazendo o corpo do ômega perder as forças e se derreter em cima do seu. Continuou a meter impiedosamente, rápido e com força, os gemidos baixinhos do ômega aumentando e volume bem no seu ouvido, o deixando louco.
“A-alpha, não para, por favor não para” ele pedia, clamava, segurando nas costas do alpha como se sua vida dependesse disso. Pequenos “ah-ah, ahs” saindo de sua boca e entregando que ele rapidamente chegava ao seu ápice.
Hongjoong jogou o corpo mole para o lado, o deitando e levantando suas duas pernas, voltando a estocar com força, o dobrando ao meio. Uma energia surgia no seu abdômen, uma sensação deliciosa o consumindo por dentro, perdido em tanta luxúria, tanto desejo.
Hongjoong já teve diversas experiências sexuais em sua vida, amava transar especialmente com San e Jongho, mas nada, nunca, chegou aos pés do que foi ter aquele ômega gozando em seu pau. Seonghwa gozou intocado, seu ânus flexionando e apertando deliciosamente o alpha que não demorou muito para gozar também, rosnando e mordendo o lábio alheio para impedir ele mesmo de alguma loucura e clamar seu parceiro. Hongjoong rosnou e arranhou os lados de Seonghwa no orgasmo mais intenso que já teve em sua vida, e pela forma que o corpo do ômega tremia sob o seu, dizia que para ele também foi assim, suas unhas curtas deixando rastros em suas costas.
Apoiando a testa em seu pescoço, Hongjoong se permitiu alguns segundos para recuperar a respiração, se afastando e se deliciando com a expressão completamente fodida de Seonghwa. O ômega encarava o nada, sua respiração ofegante, seu corpo suado embaixo do seu ainda passando por leves espasmos.
Sem saber como agir, ou como se sentir, Seonghwa continuou encarando o teto, deixando que o alpha passasse um lenço umedecido por seu corpo e o vestindo delicadamente. Se manteve em silêncio enquanto ele pegava sua mochila no quarto dos funcionários e o ajudava a se levantar do sofá. O ômega não questionou quando saíram do escritório e o bar já se encontrava vazio, a equipe de limpeza trabalhando silenciosamente e evitando olhar para eles.
“Vem, eu vou te levar pra casa” Murmurou em seu ouvido de forma doce, o abraçando pela cintura e o ajudando a se sentar no carro. Seonghwa colocou o endereço do ponto de ônibus que costumava descer, sabendo ser perigoso ter ele dirigindo a sua casa. O trajeto era longo, mas Seonghwa viu seu corpo relaxando envolto aquele cheiro delicioso de Hongjoong, o guiando para um cochilo.
O ômega abriu os olhos com a mão de Hongjoong apertando sua coxa levemente.
“Nós chegamos ao endereço que você me deu, Hwa, mas não acho que seja aqui...” Seonghwa piscou algumas vezes, olhando em volta.
“Eu moro subindo essa rua ali da frente, mas é perigoso subir de carro. Eu vou a pé daqui, obrigado pela carona.” Explicou ainda se sentindo meio aéreo, mas ao tentar abrir a porta, Hongjoong segurou seu braço.
“Olha, foi gostoso o que fizemos, mas não crie expectativas, ok?” Ele falou de forma fria, mas seu semblante denunciava que aquelas palavras não eram verdadeiras. Isso acordou completamente Seonghwa, que endureceu sua expressão e se soltou de sua mão.
“Eu não quero nada seu ou nada com você, se é o que quer escutar. Foi uma noite, e só.”
Saiu rapidamente, batendo a porta e indo em direção sua casa sem nem olhar para trás.
Notes:
Boa noite estou postando esse capítulo bêbada e sem nenhuma revisão, toda e qualquer reclamação mandar pra gerência (a gerente sou eu). Amanhã eu devo revisar mas to mandando este querido capítulo pro mundo logo pra parar de enrolar e a nana/moni não me matarem 3
Capítulo belíssimo e super importante pro plot mas odiei ele achei que faltou alguma coisa mas é isso dei meu mínimo e meu mínimo será meu máximo vejo vcs semana que vem bjsssss
[1 like e eu meto a porrada no hongjoong essa xixa estraga todos os momentos bons que odio]
+ Novas definições que inseri no sumário: cortejo e clamar
Chapter 7: Ciclos
Chapter Text
Com sua lombar ardendo, e a dificuldade de andar, subia sua rua se arrependendo a cada passo de ter se entregado para aquele alpha estúpido, e ainda por cima sem nenhum tipo de proteção.
Ao alcançar a mercearia de Kibum, decidiu parar para comprar uma pílula do dia seguinte. Apesar de ser raro a gravidez em ômegas homens, ele não queria arriscar sua sorte. Só de imaginar ter um mini Hongjoong como filho o lembrando todos os dias de seus erros, parecia um pesadelo.
“Faz bem de proteger seu ômega” Kibum comentou ao passar o remédio no caixa, despertando a curiosidade de Seonghwa.
“O que quer dizer?” Perguntou, já estendendo uma nota para o atendente “O remédio é para mim.”
O rosto de Kibum, por um segundo quase imperceptível, se tornou surpreso. Seonghwa prendeu a respiração, mas o outro já estendia a sacola para ele, enquanto guardava as notas e fugia do contato visual.
“Nada, nada, eu devo ter te confundido com outra pessoa.” Ele falava ainda sem o olhar. “Não vejo, não ouço, não falo.”
Kibum não era seu amigo, não tinha nenhuma relação ou intimidade, mas sabia que o dono da mercearia era uma pessoa justa, apesar de estar envolvido em coisas que Seonghwa não queria saber. Ele também era gentil, sempre o ajudando com pequenos descontos, pequenos produtos acrescentados ao que havia comprado.
“Sei que não é o caso, já moro aqui há anos e temos uma boa relação como vizinhos. Por favor, me diga o que sabe, principalmente se for pela segurança do meu namorado.”
Kibum suspirou, finalmente o olhando, e se apoiando no balcão.
“Você sabe bem que o segredo para viver em um bairro como nosso é passar despercebido. Entrar e sair chamar atenção. Vocês mesmos fazem isso a anos.” Olhou para as longas unhas, como se estivesse medindo as próximas palavras. “Mas seus dois namoradinhos ultimamente têm andado pra lá e para cá.”
Suspirou, voltando a olhar Seonghwa: “Não vi nada demais, mas por favor peçam para eles tomarem cuidado. Juyeon está solto e você sabe a reputação que ele tem.”
A respiração de Seonghwa parou por alguns segundos, seus olhos se arregalaram.
“Juyeon está solto?” Perguntou em um murmúrio, com medo de falar o nome do homem em voz alta. “Eu achei que o Minho estaria gerenciando bairro sozinho”
“Ele também achou,” Kibum revirou os olhos, indo se sentar atrás do balcão, “mas negócios são negócios. Agora vá, está tarde.”
Ele deu a conversa por encerrada e o ômega assentiu, saindo atônito dali.
O bairro, e mais três áreas ao entorno pertenciam à gangue de Minho, ele foi treinado e assumiu a liderança no lugar de seu tio. Anos após a sua morte, Juyeon apareceu, clamando ser filho biológico do antigo líder e exigindo o território. Depois de muitas brigas e um período de violência, eles dividiram o território e o bairro de Seonghwa acabou virando uma zona neutra, por estar entre as três áreas.
A questão era que Minho, apesar de ser um bandido como qualquer outro, prezava pela ordem e só recorria a violência quando necessário. Seonghwa não era ingênuo de confiar nele, mas havia um certo senso de proteção de saber que não era permitido roubos nem nenhum crime contra moradores ali dentro daquelas ruas.
Já Juyeon, apesar de Seonghwa nunca tê-lo visto, tinha fama de ser inconsequente. Ele havia sido pego diversas vezes pela polícia, deixava rastros em seus impulsos como registrar suas atividades usando seu nome real, anotar o dinheiro que extorquia de comerciantes locais em um caderno com detalhes, mas o pior de tudo era que ele se envolvia com diversos ômegas do bairro e os descartava, criava seu pequeno harém, muitas vezes menores de idades ou ômegas inocentes o suficiente para se deixarem levar por suas promessas. Quando eram descartados, alguns anos depois, a maioria voltava para a miséria, com filhos, sem conseguir voltar ao que eram antes de o conhecerem.
Segurando a sacola com força, Seonghwa andava em passos largos até seu apartamento, nervoso. Sentia seu corpo esquentando, seu coração acelerando gradualmente a cada passo que dava. Como esperado, Wooyo e Yeo se agarravam entre os lençóis, dormindo. Eles tinham aula aos sábados, e acordavam em uma ou duas horas. Mingi estava com Yunho, como normalmente faz aos sábados.
Resolveu esperar os dois acordarem para falar com eles, mesmo que seu coração apertasse querendo sacudir os dois e exigir uma explicação. Tirando a roupa, entrou dentro do chuveiro gelado, a água fria aliviando momentaneamente a pressão que se criava em sua barriga, como uma leve cólica, e seu coração angustiado.
Não se preocupou em colocar um pijama, apenas uma cueca e se jogou na cama, ainda sentindo seu corpo quente mesmo com o banho. Seria sua ansiedade? Fazia tempos que não sentia sintomas físicos, aquilo era estranho. Se forçou a fechar os olhos, seu corpo cansado o levando para um sono inquieto.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Seonghwa sentia seu abdômen pulsar antes mesmo de acordar completamente. Uma dorzinha chata em suas têmporas o fazendo fazer uma careta. Resmungando, tentou se virar, mas seu corpo colidiu com outro, que o chamava.
“Hyung, acorda” A voz soava distante “você está fervendo em febre, por favor tome esse remédio.”
Piscando, Seonghwa abriu os olhos, sua visão embaçada enquanto olhava o rosto aflito de Yeosang.
“Que horas são?” murmurou baixinho, descansando a cabeça na coxa do mais novo.
“Meio dia, o Woo tá fazendo uma sopa, mas eu preciso que você tome água e remédio, se não ele vai brigar comigo.”
Sorrindo, Seonghwa levantou levemente a cabeça permitindo que Yeosang colocasse um comprimido em sua boca e guiasse o copo até ele beber mais da metade. Satisfeito, cobriu o mais velho, que reclamou, se desvencilhando.
“Tá calor.”
“Você tá com febre, deveria estar suando frio e querendo se descobrir, não o contrário” Resmungou, colocando uma toalha molhada em sua testa.
Despertando aos poucos, o rosto de Yeosang foi se tornando mais nítido, ele encarava o semblante calmo mas preocupado de seu ômega.
“Yeo,” ele o chamou, baixinho. “O que está acontecendo?”
A pergunta era solta, ampla, mas o rosto de Yeosang endureceu rapidamente. Seonghwa sabia ler suas emoções com facilidade, notando rapidamente seus olhos piscando repetidamente, engolindo em seco enquanto desviava o olhar para a porta, provavelmente orando para que Wooyoung chegasse logo.
Como se adivinhasse o que estava acontecendo, Wooyoung entrou no quarto segurando uma tigela com sopa, seu sorriso diminuindo conforme encarava o rosto sério dos dois ômegas na cama.
“O que houve?” Ele perguntou, se sentando. Seonghwa optou por se manter em silêncio, pegando a tigela e tentando comer aos poucos, mesmo que seu abdômen ainda doesse.
Rindo sem graça, Yeosang passou a mão pela nuca, tentando disfarçar seu nervosismo “Ah, o hyung tá delirando de febre, fazendo perguntas aleatórias”
O mais velho dos três observou de canto de olho eles trocarem olhares nervosos. Depois da terceira colher, ele encarou Wooyoung, que ainda parecia confuso.
“O que você tem feito andando pelo bairro enquanto eu trabalho?”
“O que?” Wooyoung parecia perplexo, sem saber como responder. O rosto de Yeosang se tornou vermelho rapidamente. “Eu não sei do que você tá falando.”
Seonghwa o encarou por um longo tempo, estudando suas feições, claramente chateado por ver seu primeiro namorado mentindo para ele tão abertamente. Wooyoung, contudo, começou a se sentir encurralado com o silêncio do outro, adotando uma postura mais defensiva.
“E daí que eu tenho saído de noite? Eu sou um adulto, hyung.” Cruzou os braços, mas Seonghwa permanecia em silêncio.
“Woo…” Yeosang pediu, baixinho, seus olhos grandes tomados por nervosismo, parecia arrependido de algo que Seonghwa não sabia o que era.
Não sabia se deveria insistir, se deveria esperar que eles decidissem se abrir.
Ignorando toda a dor que sentia pelo corpo, se levantou ainda em silêncio, indo em direção a cozinha guardar a sopa que não conseguiu terminar na geladeira, procurando o papel filme para proteger a comida. Atrás de si, escutava os passos apressados dos mais novos o seguindo.
Nervoso, Wooyoung voltou a questionar: “É só isso? Você não vai falar nada?”
Respirando fundo, terminou de passar o papel filme na tigela e a guardou na geladeira, finalmente se virando para encarar os dois.
“Eu nunca menti para vocês dois, nesses quase oito anos que estamos juntos. Mesmo que resulte em briga, que afete nossa relação temporariamente, criamos um acordo de sermos honestos uns com os outros.” Ele começou, de forma lenta, quase calma, apesar do seu coração bater forte.
Yeosang parecia segurar as lágrimas, enquanto os ombros levantados de Wooyoung murchavam, seus braços descruzando.
“Se vocês não quiserem me dizer o que está acontecendo, eu não vou obrigar vocês. Mas eu vou precisar aprender a lidar com essa dor, porque ela afeta a confiança que eu tenho em vocês dois.”
Um soluço manhoso saiu de Yeosang, seus olhos cheios de lágrimas virando para Wooyoung: “Conta logo pra ele! Eu te avisei que não era boa ideia.”
“Avisou, mas não reclamou quando eu te comprei um tênis novo, né?” Wooyoung o desafiou, com raiva. “Não reclamou quando eu comprei todos aqueles lanches entre as nossas aulas!”
“Woo…” Yeosang soluçou.
“De onde ‘tá vindo esse dinheiro, Woo?” Seonghwa perguntou baixinho. Wooyoung o encarou novamente, parecia em conflito. Anos e anos de convivência e Seonghwa entendia que o mais novo odiava ser confrontado, mesmo quando estava errado: era natural para ele adquirir uma postura defensiva, levantar a voz quando se sentia reprimido. Aquela conversa não estava sendo diferente.
“A primeira vez que você foi trabalhar naquele bar chique, a gente achou um dinheiro no bolso da sua calça.” Yeosang quem respondeu, sempre mais sensível, as lágrimas descendo por seu rosto. “ A gente ia te devolver, mas, você nunca perguntou então, a- a ge-gente… ”
“A gente investiu.” Wooyo o cortou, “Eu comprei ingredientes e fiz algumas trufas, brownies, e um bolo pra vender. Eu cozinho quando você sai pra trabalhar e vendo a noite no bairro. Não tem absolutamente nada demais nisso.”
“Não tem nada demais mesmo,” Seonghwa concordou, atônito. “Então por que não me contou sobre isso?”
“PORQUE VOCÊ NÃO DEIXA A GENTE TRABALHAR!” Gritou, fazendo os outros dois se assustarem. “Toda vez que eu peço, que eu trago o assunto, você me corta, não deixa.”
“Eu só queria o melhor pra vocês dois, que vocês pudessem focar nos estudos e ter a tranquilidade que eu não pude ter…” Tentou.
“Ok, você me dá um teto, me dá comida, mas e roupas novas? Ter o direito de comer em um lugar diferente? De sair de vez em quando pra me divertir, ao invés de SÓ tentar sobreviver?”
Seonghwa sentia como se uma faca atravessasse seu peito, uma sensação de ter seu coração rasgando, muito mais dolorosa do que as cólicas que sentia e sua dor de cabeça. Cada palavra jogada em sua cara, era uma pontada em seu peito. Seu rosto se contorcia em dor, estresse, e ele não conseguia segurar suas lágrimas.
“Hyung, ele não quer dizer nada disso, a gente é grato” Yeosang parecia desesperado, querendo se aproximar mas sem coragem. “A gente fica com medo de te pedir as coisas, a gente só não queria colocar mais um peso nas suas costas…” Ele soluçava.
“Pode parecer mesquinho, mas eu quero mais do que essa vida que a gente leva, e eu quero agora. Eu estou fazendo dinheiro de forma honesta e você não pode me impedir.” Wooyoung soltou, seu semblante era sério, mas seus olhos mostravam o quanto ele segurava para não cair no choro também.
“Eu não vou te impedir.” Seonghwa finalmente encontrou sua voz. “Quando a gente se conheceu, e você me pediu abrigo, eu te avisei que não tinha muito para oferecer além de carinho, e de amor. E você me fez entender que a gente conseguiria sobreviver, juntos.” Os soluços de Seonghwa aos poucos iam cortando o coração dos outros dois. “Eu sabia que esse dia chegaria. Que o meu amor não seria mais o suficiente, que vocês iriam desejar mais do que eu posso oferecer. Eu tentei não pensar nisso, não deixar me afetar, mas no fundo eu sabia.”
“ Hy-hyung, não !” Yeosang agora chorava histericamente, correndo para o lado de Seonghwa para agarrar seu braço. “É o suficiente sim, nós quatro somos o suficiente, por favor… ”
Wooyoung estava em choque, instantaneamente arrependido de suas palavras ao ver o quão devastado Seonghwa parecia. Antes que pudesse se desculpar, tentar retirar o que disse, um gemido de dor cortou a pequena cozinha, Seonghwa caindo no chão de dor.
“Hyung!” Yeosang tentou o segurar, em vão, seu corpo pesado encontrando rapidamente o chão gelado. “Wooyoung, ele tá fervendo, anda, me ajuda!”
O tom desesperado de Yeo tirou Wooyoung do estupor, correndo para auxiliar seu namorado e juntos carregaram o corpo desmaiado até a cama.
Arrependimento era pouco para definir o que Wooyoung sentia enquanto colocava uma toalha molhada na testa de Seonghwa, que tremia na cama. Sem saber o que fazer, ligaram para Mingi, que prometeu chegar o mais rápido possível quando escutou o choro desesperado de seus ômegas.
Algo estava errado, tudo estava errado, e Wooyoung se odiava por cada palavra dita, por ser em parte responsável pelo sofrimento que a pessoa mais importante de sua vida passava.
Seonghwa o tirou das ruas, o deu uma oportunidade de uma vida normal, deu pra ele uma família. E essa era a forma que ele o pagou. Trazendo dor, e sendo mesquinho com o ômega mais doce e carinhoso que já conhecera. Ao ouvir Mingi chegar, ele saiu do quarto e se escondeu no pequeno closet no fim do corredor, um espaço pequeno onde ele poderia chorar e ter pelo menos a sensação de que poderia fugir. Ele flertava com o líder de gangue mais perigoso do bairro por um pouco de dinheiro, e promessas falsas de um futuro melhor. Ele escolheu ir contra tudo que Seonghwa fez para o proteger, ele intencionalmente quebrou o coração da pessoa que mais amava no mundo.
Wooyoung não merecia aquele amor.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Mingi nunca esteve tão grato por ter Yunho ao seu lado. O alpha não o questionou quando ele atendeu o celular no meio do filme que assistiam, correndo logo em seguida para colocar uma roupa, explicando brevemente que sua família precisava dele. Em silêncio, o alpha também se vestiu, pedindo por aplicativo um carro enquanto o ômega juntava suas coisas em sua mochila.
Quando o carro chegou, Yunho segurou seu rosto com as duas mãos, o acalmando instantaneamente.
“Você precisa de mim lá, com você?” Perguntou, sério.
“Vo-você, pode?” Seus lábios tremeram, entregando o quão nervoso ele estava com qualquer que fosse a situação.
Sem responder, Yunho entrou dentro do carro junto com ele, segurando a sua mão durante todo o trajeto.
Ao chegarem, Yunho sentiu imediatamente o cheiro amargo dos feromônios na cozinha. Mas, por trás dos traços de briga e discussão, um toque doce de morango se escondia ali, levantando uma suspeita do alpha, que se confirmou ao entrar no quarto compartilhado do bando.
Seonghwa parecia estar dormindo, seu rosto suado e seu corpo com leves tremores, sua cabeça apoiada no colo de Yeosang que chorava copiosamente.
Mingi correu para o lado deles, colocando a mão na testa do mais velho e se assustando com aquela febre.
“O que aconteceu?” Mingi perguntou, já arrancando o cobertor de Seonghwa e tirando a toalha de sua testa para que ele pudesse molhar novamente na pia.
“Ele já ta-tava com febre, mas a gente di-discutiu ” Yeosang tentava explicar entre soluços, “e ele desmaiou…”
“Ele tá em um ciclo, Min.” Yunho se pronunciou, olhando os dois. “O cheiro é inconfundível.”
“Mas o próximo ciclo dele só viria daqui a dois meses?” Mingi rebateu, ajeitando o corpo de Seonghwa mais para o meio da cama, o tirando de cima dos lençóis molhados de suor. Yunho deu de ombros, sem saber como responder, mas com a certeza do que havia dito.
“Eu vou cuidar do hyung, Yeo. Por que não vai cuidar do Wooyo, ele deve estar assustado, hm?” Mingi acariciou o rosto de Yeo, que negou com a cabeça.
“Eu não quero ver ele agora.”
Como se comunicassem por pensamento, Yunho trocou um olhar rápido com Mingi, que assentiu.
“Por que não vem comigo, Yeosang? Vou te ajudar a lavar o rosto e a gente vai fazer um chá juntos para seu hyung, ok?” O mais novo o olhou, assentindo, e Yunho sentiu uma pontada de afeto em seu peito ao encarar o semblante tão doce e tão vulnerável daquele ômega.
O ajudando a levantar, o alpha passou um braço por sua cintura, o levando até o banheiro, onde lavou seu rosto, secando o mais delicadamente possível com uma toalha fofa. Enxugou umas poucas lágrimas insistentes, e se deixando levar por seu instinto, depositou um beijo terno em sua testa.
“Vai ficar tudo bem, tá?” Ele murmurou contra a pele macia do ômega, que assentiu, passando seus braços por seu tronco e o trazendo para um abraço apertado.
Após deixar Yeosang na cozinha fazendo o chá, foi procurar Wooyoung, o encontrando escondido em um pequeno móvel, seus soluços audíveis do corredor.
“Woo? É o Yunho, eu posso te ver?” Ele perguntou baixinho, sentando no chão em frente a porta, com medo de assustar o outro.
Após alguns segundos de soluço, a porta do closet se abriu em uma pequena fresta.
“ E-eu tô c-com vergonha ” Escutou quase em um murmúrio.
Yunho colocou a mão por dentro desse pequeno espaço que se abriu, a palma para cima em uma oferta silenciosa. Sorriu quando sentiu a mão de Wooyoung tomar a sua.
“Eu imagino,” ele concordou “você magoou o seu hyung mas não foi sua intenção, foi?”
“E importa?” Ele riu, com escárnio.
“Importa. Quando a gente diz coisas que não queremos ou acreditamos, a gente não pode retirar elas. Mas a gente pode trabalhar para consertar e mostrar nossos verdadeiros sentimentos através de ações.”
Um silêncio de alguns segundos, e então- “eu não entendi nada do que você disse.”
Yunho riu, pego de surpresa.
“Ficar aí chorando vai te adiantar de alguma coisa? O que você pode fazer agora para resolver a situação com o Seonghwa hyung?”
Mais silêncio, mas dessa vez, Yunho escutou o ômega se mexendo, limpando o nariz, antes de abrir a porta completamente e o encarar – mesmo com o rosto inchado e vermelho de choro, ele era tão lindo quanto Mingi ou Yeosang.
“Eu vou cuidar do hyung, como ele tem cuidado de mim todos esses anos” Ele determinou, seu rosto firme.
“O Mingi tá com ele, e o Yeo tá fazendo chá. Que tal você preparar um banho quente pra ele?”
O rosto de Wooyoung se iluminou com a possibilidade de ser útil, de poder ajudar de alguma forma. Assentindo, se levantou e foi em direção ao banheiro. Yunho suspirou, indo se sentar no sofá na sala e deixando que os quatro se resolvessem.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
San andava impaciente pela sala, ligando para Jongho. Na quarta tentativa, o mais novo atendeu.
“Hyung, eu tô ocupado!” Jongho atendeu, impaciente.
“Por que caralhos você não tem uma agenda com os ciclos dos seus funcionários?” Foi a resposta de San, tão irritado quanto o outro. “Seu ômega favorito simplesmente entrou no cio e decidiu que vai faltar 4 ou 5 dias!” Esbravejou, puto.
“Eu tenho um calendário, e vai tomar no seu cu. O ciclo do Seonghwa vem em dois meses, não tem como estar tão adiantado.”
“Pois o namorado dele me ligou. Aliás, você sabia que ele namorava? E avisou que ele vai simplesmente sumir. Isso é inadmissível, Jongho. Eu vou demitir ele.”
“Você não vai demitir ninguém. Vou mandar o Yeojun praí hoje e ver o que está acontecendo. Não é normal do Seonghwa hyung mentir.”
“Você é frouxo, isso sim.” E San desligou, jogando o celular em cima da mesa. Como um ômega poderia entrar em cio um mês seguido do outro, quando os ciclos acontecem entre três ou quatro meses? Seonghwa estava mentindo, e San não gostava nada disso.
Respirando fundo, sentou na cadeira de couro do escritório, pensando em como seu dia poderia piorar.
Em cinco minutos encarando o teto, seu celular toca.
“O que é, Hongjoong?” Pergunta, impaciente.
“Eu entrei no cio, inesperadamente. Preciso de ajuda.” Hongjoong soava sem fôlego, a voz dolorida.
“Não faz nem um mês que você teve seu ciclo hyung, que história é essa?”
“Eu ia mentir pra que porra?” Um barulho de objetos caindo soou ao fundo da ligação, seguida de um suspiro “Deixa, eu vou ligar pro Jongho.”
“Não. Em 15 minutos eu ‘tô aí.”
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Quando Seonghwa acordou, ele se sentia quase delirante. Seu corpo estava quente, suas cólicas abdominais o faziam tremer, e o quarto girava lentamente. Ele soube imediatamente que estava em cio, com a forma que sua bunda parecia pegajosa, seu lubrificante natural saindo em ondas de si.
O que não entendia, era a intensidade daquele desejo que o consumia.
Os ciclos de um ômega não eram nada mais que um período fértil, vinha a cada três ou quatro meses. No primeiro dia havia um desconforto, uma cólica, mas no geral eram apenas três dias de muito tesão e a necessidade de um nó. Seonghwa passava seus ciclos com seus ômegas, e nunca sentiu falta de um alpha, o tesão facilmente saciado pelos seus três namorados, mesmo que eles fossem incapazes de lhe dar um nó.
Mas aquilo parecia três vezes pior, e mais intenso. Sua consciência vinha em períodos, em flashes, ao acordar gemendo, piscou e Mingi estava em cima de si, seus três dedos o abrindo deliciosamente, mas não era suficiente. Se ouvia chorar, distante, enquanto o pau de Mingi o fodia com força, com rapidez, mas não era o suficiente. Ele queria mais, ele precisava de mais.
Como se estivesse debaixo d’água, escutava sua voz repetindo “mais, mais, um nó”, Yeosang o chupando de um lado, Mingi o fodendo de outro, e Seonghwa só sabia chorar.
Desesperados, e sem entender a situação, Mingi chamou Yunho, que estava tenso na sala. Wooyoung decidiu sair para resolver algo do trabalho de Seonghwa, enquanto Mingi e Yeosang já estavam exausto e sem saber mais como lidar com o ômega se contorcendo de prazer naquela cama. Normalmente, depois do primeiro dia e depois de três ou quatro fodas, Seonghwa se acalmava e eles conseguiam finalizar os outros dois dias com um sexo lento e intercalado, sem pressa, espaçados entre beijos, carícias e sonecas.
Ali, contudo, depois do quarto orgasmo, Mingi se desesperava sobre o que fazer, como continuar, quando Seonghwa não demonstrava nenhuma tranquilidade. Seus olhos desesperados pedindo por mais, e mais.
Yunho em conflito, enquanto seu racional sabia que não tinha o consentimento de Seonghwa para tomá-lo, seu emocional se deixava entorpecer por aquele cheiro delicioso de rosas brancas, mesclados com morangos e um toque de manga, como se essas frutas estivessem cobertas por mel e prontas para serem devoradas pelo alpha.
O olhar de súplica de Mingi foi o suficiente para que ele se movesse, ficando duro rapidamente ao subir na cama junto com eles, vendo a pupila de Seonghwa se dilatar.
“A-alpha, um nó, por favor me dá um nó” , ele suplicava, e todo o consciente de Yunho foi pelo espaço, masturbando seu pênis rapidamente para conseguir se controlar, e o guiando logo em seguida para a entrada já preparada do ômega, que gemia deliciosamente junto com ele.
Naturalmente, o pênis de alphas eram maiores e mais grossos, e Seonghwa sentiu seus olhos revirando tamanho o prazer de ter o membro grosso de Yunho o preenchendo, seu nó na base ainda pequeno mas trazendo aquela fricção deliciosa que o fazia gemer sem parar.
Yunho estipulou um ritmo rápido, forte, o som de suas peles se chocando tirando gemidos de Seonghwa, pequenos “ah, ah, ah’s” reverberando pelo quarto e quando finalmente Yunho sentiu seu nó inchando, crescendo, em uma estocada só penetrou o mais velho, prendendo os dois ali.
O corpo de Yunho tremeu naquele orgasmo, sua porra enchendo o cuzinho apertado de Seonghwa que flexionava sua entrada a cada jato que o preenchia, seus olhos se fechando em tamanha euforia e prazer.
Respirando pesado, ficaram ali alguns minutos até Mingi ajudar Yunho a deitar, seus corpos ainda presos pelo nó, mas os olhos de Seonghwa finalmente se fechando em um sono tranquilo, trazendo calma para todos os três que o assistiam.
Mingi, que achou que morreria de ciúmes vendo seu namorado transar com outra pessoa, sentia seu pau novamente crescer por dentro da cueca. Seus dois namorados transando formando uma cena linda e atraente.
Chapter 8: Consequências
Notes:
Eu não vou nem dar nenhuma desculpa pra demora, eu só não gostei e tive dificuldade de escrever mesmo (aconteceram algumas coisas mas o maior fator foi insegurança, falo sobre no final do capítulo)
e parem de confiar em mim por favor infelizmente vcs pedem data eu penso o que o mingi faria E MINTO
[mas muito muito muito obrigada pelo carinho com essa fic, ela é muito especial pra mim, mesmo querendo me m as vezes eu sempre fico toda boba com os comentários de vocês <3]
(See the end of the chapter for more notes.)
Chapter Text
Wooyoung não sabia o que esperar ao descer do ônibus naquela noite.
Seonghwa se tremia em febre, ele se sentia péssimo pela discussão, mas ao mandar mensagem para o patrão dele avisando sobre seu ciclo, e receber uma resposta torta de seu gerente, ele sabia que precisaria resolver para que Seonghwa não fosse demitido.
Se arrumou rapidamente enquanto Yeosang dava um chá de framboesa para Seonghwa tentando aliviar sua cólica, e avisou a Yunho sentado na sala que iria trabalhar.
Descendo a rua distraído com seu celular, não notou a presença no final da rua estreita em que andava. Quando quase bateu de frente com o corpo malhado do alpha, seu cheiro invadiu seus sentidos, fazendo ele levantar a cabeça rapidamente.
“Distraído, gatinho?” Juyeon sorriu ladino, sua mão encontrando facilmente sua cintura.
“E-estava distraído sim,” justificou, se sentindo envergonhado.
“Cadê seus doces, hm? Vou pagar o triplo por eles hoje se me deixar te levar pra casa” O outro murmurou em seu pescoço, seu dente arranhando levemente sua glândula e fazendo um arrepio subir pelo pescoço do ômega.
“Não estou mais vendendo,” segurou o braço do alpha em uma tentativa inútil de afastá-lo. “Eu consegui um emprego, mas agradeço por sua ajuda até aqui.”
Juyeon gargalhou com o nervosismo de Wooyoung, seu olhar intenso repousando sobre ele.
“Eu posso te dar tudo que você sempre sonhou, meu amor. Luxo, roupas, viagens. Você não me atiçou até aqui para achar que pode fugir assim do nada…” Em um gesto possessivo, puxou o corpo do ômega para si, o prendendo contra a parede de um prédio.
Wooyoung não sabia o que fazer. O que parecia sedutor, agora o enchia com um senso de desespero. Ele não queria aquilo, havia se iludido com uma idéia que não era real. Todos os alertas se agitavam em sua cabeça com o que o alpha dizia.
Ao encontrar dinheiro na calça de Seonghwa, seu primeiro pensamento foi gastar. Depois, enquanto fazia um brownie para seus namorados comerem, pensou em vender aqueles doces pelo bairro. Esperava Seonghwa sair e saía atrás, os brownies e cookies enrolados em papel filme, oferecendo as poucas pessoas do bairro.
Quando esbarrou em Juyeon e lhe ofereceu um de seus doces, não fazia ideia do poder que aquele homem tinha. Não sabia que aquele cheiro gostoso de alpha, aquele corpo forte, era perigoso. Mas Kibum o avisou, o olhar predatório do alpha também era um sinal, e Wooyoung decidiu ignorar. Um brownie que valia cinco, ela recebeu cem, e logo entendeu que aquele homem não era um morador qualquer da região.
Com aqueles cem comprou roupas novas, e voltando para vender mais, conseguiu comprar um tênis para Yeosang, depois fez mais, o suficiente para que eles conseguissem comer no fast food atrás do campus durante a semana, o suficiente para que ele se esquecesse por dias o que realmente importava na vida dele.
Voltando ao presente, e sentindo o corpo do outro sob o seu, suspirou.
“Eu preciso ir, vou me atrasar”
“Você precisa de um alpha, para te dar um pau bem grosso”
“Por favor, me deixe ir”
Rindo com escárnio, Juyeon desferiu um tapa forte em seu rosto. “Você é meu agora, ômega. Não vai fugir por muito tempo.” Cuspiu, antes de soltá-lo e se afastar, andando na direção contrária.
Wooyoung sentiu seu corpo esquentar, e se sentindo tremer, correu sem pensar duas vezes, correu para o ponto de ônibus sem olhar para trás, seus pulmões queimando com o esforço de correr tão rápido. Estava em choque, a agressão gratuíta e tão repentina foi um choque de realidade do que estava fazendo, no que estava se metendo, e entendendo da pior forma possível o porquê de Seonghwa o proteger tanto.
Ele era o pior namorado do mundo.
Apesar de se negar a surtar com uma situação daquela, conseguia sentir a ansiedade correndo por seu corpo, suas mãos tremendo enquanto subia no ônibus e colocava seus fones de ouvido.
Não tinha internet na rua, mas gravou todas as linhas que o levariam para o trabalho de Seonghwa. A cada baldeação, refletia o quanto seu líder fazia por ele, o quanto ele batalhou para ter a vida fácil que ele tinha hoje. O quão ingrato ele era. Desceu do ônibus com as pernas trêmulas, olhando para os imensos prédios a sua volta. Ao avistar o bar, se sentiu um pouco perdido, mas buscou o recepcionista, que o olhou de cima a baixo.
“Seu cartão, senhor?” Seu tom era monótono, cansado.
“Nã-não, eu vim para trabalhar, no lugar do Seonghwa.” Ele explicou, se sentindo um pouco nervoso naquele ambiente tão chique.
“Mas não era o Yeonjun que iria vir?” O atendente murmurou confuso, antes de se virar e seguir para o interior do bar. Sem saber muito o que fazer, o ômega aguardou.
Alguns minutos depois, o recepcionista aparece acompanhado do homem mais bonito que Wooyoung já havia visto em sua vida. O físico forte, os traços de seu rosto pontudos, sobrancelhas grossas, um típico alpha em estatura, semblante e trejeitos.
“Em que posso ajudar?” O alpha, (Wooyoung não conseguia sentir seu cheiro mas sabia que era um alpha por instinto,) perguntou.
“Eu sou namorado do Seonghwa, e vim cobrir ele aqui enquanto ele está em ciclo” Explicou rapidamente, observando o rosto do outro se tornar confuso.
“Foi você quem me ligou?” O alpha perguntou, e ao receber um aceno, respirou fundo. “Se seu ômega está em ciclo, o que você está fazendo aqui? Tem que ir cuidar dele.”
“O restante do bando está cuidando dele, eu só não quero que ele perca o emprego, por isso estou aqui. Meu nome é Wooyoung.”
O outro o encarou por um longo tempo, antes de assentir e estender sua mão para um cumprimento.
“Sou San, chefe do seu namorado. Peça ao Soobin para te mostrar o estabelecimento, eu tenho um compromisso urgente para atender.” E com isso saiu rapidamente do local.
Wooyoung estava atônito, mas confiante de que poderia passar aqueles poucos dias atendendo ao bar, dando orgulho ao seu hyung.
Ao receber a permissão para entrar, Soobin o recebeu com um sorriso, e após ouvir sua explicação, o mostrou todo o ambiente e orientou em como atender as mesas. Era fácil, Wooyoung pensou, sorrindo sozinho. Ele poderia fazer isso.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
San respirou fundo ao entrar no carro.
“Dê um bloqueador para esse ômega” digitou para Soobin.
“Cancela o Yeonjun, já resolvi.” Para Jongho.
“Estou chegando.” Hongjoong.
Ligou o carro e acelerou, sem se importar com os sinais de trânsito e as muitas multas que receberia. Hongjoong precisava dele.
Seu cheiro, forte e amargo, não era pelo alpha, era pelo peso das responsabilidades que se acumulavam em seus ombros. Sentia todos os dias o peso de ter que ser um bom alpha, um bom membro do pack, um bom filho, e quanto mais se esforçava, mais as coisas deslizavam por suas mãos, como se tentasse pegar a areia da praia, que desliza entre seus dedos, como um castelo de cartas tão alto que um simples suspiro poderia destruí-lo.
Ao chegar em casa, encontrou Hongjoong em posição fetal em cima da cama, seu semblante dolorido, gemendo de dor como San jamais havia visto antes. Seu semblante era vulnerável, os olhos úmidos e vermelhos. Provavelmente o alpha estava em um cio induzido por estresse, sua realidade tão parecida com a de San que o mais novo não podia fazer mais nada além de suspirar e tirar suas roupas, subindo na cama para se oferecer e submeter ao alpha líder de sua matilha.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Seonghwa suspirou ao sentir o calor de outro corpo sobre o seu, o cheirinho de pêssego o fazendo sorrir enquanto se espreguiçava.
“Como está se sentindo?” A voz grave de Yeosang soou em sua orelha, o trazendo um arrepio gostoso. Os lábios de Mingi roçavam seu pescoço em pequenos selinhos.
“Ainda quente, ainda febril, mas bem mais tranquilo” Respondeu, a voz rouca de sono. “Como em um cio normal.” Completou, passando seus braços pela cintura do ômega em seu colo.
“Você deu um susto na gente,” Mingi fungou, seu tom revelava uma voz chorosa. “Eu tive que pedir ajuda do Yun.”
Após alguns segundos de silêncio, e enquanto Seonghwa acordava completamente, ele se lembrou das últimas horas. De sua febre, seu desespero, de ter usado o namorado de Mingi para algo tão egoísta enquanto apenas um alpha rondava sua mente.
Durante seu delírio, ele sentia as mãos de Yunho pensando nas de Hongjoong, sentiu o nó do mais novo o preenchendo e imaginando ser Hongjoong em cima dele. As mãos do alpha, a boca dele, o sêmem dele dentro de si o enchendo de-
Respirando fundo, perguntou onde estava Yunho, e Yeosang o respondeu que estava esquentando o chá. Seonghwa então suspirou, se sentindo culpado. Continuava a fazer carinho na cintura de Mingi, enquanto seu rosto virava para o de Yeosang, beijando seu rosto e arrancando um sorrisinho dele.
“Desculpa preocupar vocês,” começou, mas a porta do quarto abriu na mesma hora para revelar Yunho entrando, vestido em um short de Mingi e carregando uma bandeja com xícaras até a cama, os três ômegas sorrindo com o gesto carinhoso e se sentando.
“Obrigada, Yun” Mingi pegou a bandeja das mãos dele, o dando um selinho como agradecimento.
Após pegar sua xícara, Seonghwa também encarou o alpha: “Obrigada pela sua ajuda, Yun. Senta aqui com a gente.”
Com a ajuda dos outros, se sentou na cama, os dois um de cada lado, recebendo o alpha em seu ninho. Suspirou tranquilo, antes de perguntar, “cadê o Woo?”
“Ele foi trabalhar no bar, no seu lugar”
“Aquele idiota vai me fazer ser demitido” Seonghwa riu, abraçando Yeosang e o puxando para si. Apesar de ainda estar chateado, seu coração doeu um pouquinho com a ausência de seu raio de sol.
Yunho aproximou mais na cama, tomando a mão livre de Seonghwa. “Desculpa te usar, Hwa. Eu não queria ter tirado proveito de você assim. Eu, mais do que ninguém, me sinto culpado de ter te tomado enquanto você não estava consciente. Por favor, me desculpa.”
Seonghwa sorriu, quase rindo, dos olhos desesperados de Yunho. Parecia um cachorrinho, arrependido por ter feito xixi na sala de seu dono. A verdade era que Seonghwa era tão egoísta que não sentia qualquer sentimento negativo, se sentia na verdade grato, sabendo que ele que havia usado o alpha pior ainda, o usado para imaginar um outro homem no lugar dele.
“Nós dois somos culpados, então, hm? Devemos pedir desculpas ao Mingi?” Seonghwa se permitiu sorrir, mesmo que ainda com o corpo cansado. Yunho se virou para Mingi, que corou de uma forma que todo seu rosto se tornou um tom lindo vermelho. “Você viu uma situação de desespero, e agiu, Yun. Eu jamais te culparia por isso”
Após uma pausa, e ninguém o responder, se corrigiu:
“Min, como você está se sentindo com isso?” Seonghwa perguntou, segurando o rosto dele, deixando um beijo em seus lábios. Nunca haviam discutido a exclusividade dele e de seu namorado.
“Eu não sei se estava preparado pra isso, mas,” coçou a garganta, suas bochechas em um lindo tom avermelhado, “eu meio que fiquei com muito tesão vendo vocês dois” Confessou. “Mas hyung, você deu um susto na gente, eu estava desesperado tentando entender o que estava acontecendo. Nenhum ciclo nosso foi tão agressivo assim.
Seonghwa se permitiu rir com aquele comentário, Yunho também ficando vermelho ao ouvir a confissão.
“No desespero, vocês pensaram no que era melhor pra mim, e garanto que um nó resolveu a maior parte, mas ainda assim sinto muito Min, de ter te causado tanto estresse. Eu não sei o que aconteceu.”
“Você não faz ideia do que pode ter sido, Hwa?” Yeosang perguntou, seu semblante ainda choroso.
Após ver Seonghwa balançar a cabeça em negação, Yunho pegou também a mão de Mingi.
“Pode ser cio induzido por estresse. Eu já vi isso antes,” ele explicou. “É uma reação normal do seu corpo pedindo para ele pausar, parar. Ou algum sentimento muito forte que te causou isso.”
Mingi concordou, para ele fazia sentido. Seonghwa, contudo, achou estranho. Ele estava o mais tranquilo possível desde os últimos meses. Como poderia ser isso, quando nunca teve nada que o preocupasse na boate?
“Bom, ele estava febril, mas o desmaio veio depois da nossa briga.” Yeosang também concordou.
“Qual o motivo da briga, afinal?” Mingi perguntou, ainda perdido naquele assunto.
“Wooyoung achou um dinheiro meu, e decidiu fazer doces, brownies para vender.” Seonghwa simplificou, e Mingi o olhou surpreso.
“Essa é uma ideia ótima, ele consegue um pouco de dinheiro e não atrapalha os estudos. Ele pode até vender entre uma aula ou outra.”
“Sim,” Seonghwa riu, se deitando, o corpo ainda cansado e com cólicas. “Eu também achei a ideia boa. Eu só não sei porque eles esconderam isso da gente.”
Se virando para Yeosang em um questionamento silencioso, Mingi também se deitou, puxando Yunho para cima de si.
O ômega mais novo encarava suas mãos de forma nervosa, mas tomou coragem para encarar seus namorados e explicar a situação.
“A gente ia contar, de início… Mas logo na primeira noite vendendo, a gente esbarrou no Juyeon…”
“Juyeon? Ele foi solto?”
“Mingi…” Yeosang choramingou, passando seu braço pela cintura de Seonghwa e escondendo seu rosto em seu pescoço.
“Aparentemente ele está dando dinheiro para esses dois idiotas, e eles estão deslumbrados com um par de tênis e algumas roupas” riu, sem humor, era claro o quanto aquele assunto o machucava.
Mingi olhava os dois, perplexo.
“Yeo, não… Ele quer te usar, te conquistar, ele não é uma boa pessoa!”
“Hyung! Eu sei,” seu rosto marejado se levantou, novas lágrimas caindo em remorso. “Eu sei que a gente foi idiota, mas…” soluçou, sem conseguir terminar.
“Yeosang.” Seonghwa segurou o rosto de seu parceiro com as duas mãos, o forçando a encará-lo. “Tem um motivo para a gente te proteger. Não é porque queremos ser chatos, controladores, mas porque nossa vida não é tão agradável quanto vocês acham que é.”
“É fácil se deslumbrar com algo que parece tão fácil, diante dos nossos olhos” Mingi, sempre conectado à Seonghwa, continuou. “Quando eu ainda estava no orfanato, recebi propostas que pareciam terem saído de um conto de fadas. Alphas que queriam me levar, me prometiam jóias, viagens, luxo…” riu, sem humor, seus pensamentos distantes “...eu só pensava no que eles iriam pedir em troca de um ômega recém apresentado, órfão, e sem um futuro.”
Mingi pegou a mão do mais novo, fazendo carinho, enquanto o olhava naqueles olhos castanhos tão lindos, “Tem muitas pessoas ruins, que querem fazer coisas ruins com ômegas vulneráveis, e a gente queria te proteger disso. Proteger vocês dois.”
Yeosang, sempre sensível, fungou, tentando segurar as lágrimas teimosas que não paravam de cair. Assentiu. Não sabia sobre muitas coisas e parte disso eram seus hyungs cuidando de si.
Sem querer mais se estressar, e com o corpo ainda cansado, Seonghwa puxou Yeosang para cima de si, puxando a coberta para cima dos dois e o abraçando, seu rosto encontrando seu pescoço e se escondendo ali.
“A gente conversa sobre isso quando o Wooyoung voltar, tá bem? Agora eu quero carinho e beijo porque minha febre ‘tá voltando.” Ele murmurou, fechando os olhos, o quente do corpo de Yeosang de um lado, a de Mingi do outro, relaxando por completo.
“Hmmm, não cola demais porque ainda tô com tesão” Seonghwa avisou, fazendo o mais novo rir. Mingi, que sentava ao lado dos dois, olhou para Yunho. “Você acha que consegue ir de novo?”
Yunho riu, observando aqueles olhos de jabuticaba o encarando. Para alphas, eles podiam fazer sexo o quanto queriam, mas um nó exigia bastante energia, então ele demorava mais para formar quando não estavam em um cio. Yunho decidiu responder que “se vocês me quiserem, mas sem nós.”
Mingi concordou, se deitando ao lado de Seonghwa e puxando o alpha para cima deles, um beijo quente se iniciou entre os dois.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
“ Porra, Joong, devagar, ” San gemia, o rosto enterrado no travesseiro, Hongjoong metendo com força no outro alpha, o fazendo submeter, seu calor consumindo todo seu corpo, as pernas tremendo no esforço de se manter de quatro.
Hongjoong não deu um minuto para se acostumar, seu corpo instantaneamente foi colocado em um de submissão, sentia seu nó se formando rapidamente, mas não era o suficiente.
Nada era o suficiente.
Aquele não era seu ômega, aquele cheiro não era o cheiro de seu ômega, o seu nó não conseguia entrar e mesmo em seu mais alto delírio ele não tentou forçar enfiar tudo porque sabia que o corpo embaixo do seu não era o certo.
O corpo de um alpha não estava preparado para receber um nó de outro alpha, mas San sentia um tesão em ser rasgado por seus alphas, a forma que Hongjoong e Jongho o domavam o faziam perder a cabeça. O prazer se confundindo com o ardor, o sexo sujo, as palavras de baixo calão, quanto mais quente, melhor. Hongjoong se deliciava em tomar San, mas ali naquele momento não era o suficiente, a dor parecia aumentar a cada estocada, seu corpo tremendo de febre.
Após mais dolorosas estocadas, Hongjoong ainda tremia, preocupando San. Jongho chegou, também se oferecendo, ajudando ele a tomar um banho morno, mas não havia nenhum sinal de melhora. Hongjoong continuava com febre, se tremendo a cada tentativa, seu nó dolorido se desfazia em segundos cada vez que tentava fincar em alguém, e palavras incoerentes escapavam de seus lábios. Nó, ômega, dor, meu .
Após horas e já no segundo dia, sem dormir, e sentindo a exaustão daquele cio, San ligou para o médico particular deles.
Aparentemente, era um cio induzido por estresse, o alpha foi levado ao hospital para tomar morfina, a única coisa que poderia o ajudar naquele momento, e ficaria em observação até os sintomas passarem.
Assim que o remédio entrou em suas veias, Hongjoong desmaiou em um longo sono.
Hongjoong entrou de uma certa forma em um coma induzido. A dor era tão grande que a morfina o apagou e entrou em um sono profundo, San chorava copiosamente ao lado de seu leito enquanto Jongho lidava com a parte burocrática e falava com os médicos.
Haviam vários possíveis motivos: excesso de estresse, imunidade baixa, alimentação irregular, maus hábitos, álcool e drogas. Jongho ia riscando os itens e suspirando ao perceber que Hongjoong completava quase toda a cartela. Bingo .
Naquela primeira noite, segurou San pelos ombros, pedindo que ele se orientasse, que ele se controlasse. Mais do que nunca, ele precisava da ajuda dos dois para melhorar, precisariam ser fortes para apoiar o líder deles.
Jongho voltou ao trabalho depois do segundo dia, se sentindo perdido, sem rumo. Mandou San segurar as coisas na empresa e se dividiu entre a boate e o bar, o coração dos dois pesados por deixarem seu alpha sozinho, mas sem saber o que fazer sem a liderança dele.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
“Vem aqui, gatinho” Seonghwa riu, puxando os cabelos longos de Yeosang, sua boca encontrando facilmente a do outro para um beijo sujo, sua língua explorando a boca dele sensualmente, Yeosang relaxando e se derretendo nas mãos de seu hyung. Sentiu sua mão descendo pelo seu abdômen, arranhando levemente aquela pele branquinha e lisa.
Gemendo baixinho, Yeosang começou a distribuir selinhos no pescoço de Hwa, sua pélvis se encontrando deliciosamente com a do outro ômega, os dois esfregando seus membros enquanto trocavam beijos e carícias.
Mingi, observando a interação, sentia o pau de Yunho endurecer entre o corpo deles, o alpha também observando os dois ômegas se beijando sem conseguir tirar os olhos, a forma sensual que eles se beijavam e se tocavam fazendo a mente do alpha entrar em curto circuito.
Mingi colocou a mão dentro dos shorts de Yunho, usando seu pré-gozo para espalhar sobre seu membro e masturba-lo no mesmo ritmo dos ômegas ao seu lado, o rosto do alpha se contorcendo de prazer enquanto ele marcava o pescoço de Yunho, seus lábios deixando beijos molhados e indecentes pelo caminho.
“Eles são lindos, não são, alpha?” Mingi murmurou em seu ouvido, recebendo um aceno entusiasmado como resposta. Sentindo seu corpo esquentar, e agora sem a preocupação de que Seonghwa estivesse sofrendo, Mingi se deixou levar pelas fantasias que rondavam sua mente há horas.
Seu alpha era um homem bom, gentil, e enquanto ele morria de ciúmes dos betas e ômegas que se jogavam em cima dele no dia a dia, nenhum sentimento negativo o atingia quando se tratava de Seonghwa e Yeosang. Talvez, mesmo sem perceber, seu ômega já sabia e já havia se preparado antes mesmo de seu racional pensar nos seus parceiros juntos dessa forma. Yunho, que também nunca tocou no assunto, deixava seu alpha prepará-lo e, parando para pensar, cortejava os ômegas inconscientemente sempre que visitava. Às vezes o doce que Wooyoung amava, frutas para Seonghwa, o salgadinho que Yeosang nunca enjoava. Flores, uma vez, enquanto comemoravam as notas dos dois ômegas mais novos na faculdade. Mesmo que o jantar fosse lámen instantâneo, o almoço um sanduíche, o alpha nunca perdia a oportunidade de elogiar o que o era oferecido.
O lobo de Mingi e Yunho já estavam certos do que queriam, mesmo que os dois não tivessem percebido antes. Saindo de baixo de Yunho, o fazendo sentar, engatinhou pela cama para abraçar Yeosang por trás, sua boca deixando um beijo molhado atrás de seu pescoço e fazendo um arrepio subir pelo mais novo.
Enquanto os dois ômegas se beijavam, Mingi descia seus beijos pela coluna de Yeosang, suas mãos forçando a cintura dele para baixo, bem em cima da pélvis de Seonghwa, arrancando um gemido dos dois. Seus olhos, contudo, não saíam do rosto de Yunho, observando cada pequena reação dele.
“Alpha,” Mingi o chamou, tomando sua atenção. Esticou dois dedos contra os lábios de Yunho, o fazendo abrir a boca e chupar seu indicador e dedo do meio de forma lenta, sensual, os deixando molhados enquanto se encaravam. Os dedos de Mingi eventualmente saíram da cavidade, indo direto à entrada de Yeosang, introduzindo os dois dedos grossos sem cerimônia e arrancando um gemido alto do mais novo, que se contorcia em cima de Seonghwa.
“Min, calma” o semblante de Yunho foi de prazer para preocupação em segundos vendo o mais alto o preparar com tanta hostilidade, o rosto de Yeosang se contorcendo e lágrimas aparecendo em seus olhos.
Mingi riu ao ver o alpha preocupado, de forma condescente. “Yeosang parece sensível, santinho, mas,” pontuou, segurando o cabelo do mais novo e puxando com força, até seu corpo se descolar de Hwa e suas costas grudarem no peito dele, “-mas ele gosta que tratem ele como uma putinha, não é, Sangie?”
Gemendo, Yeosang assentiu, o corpo quente de Mingi o abraçando e o leve ardor em seu couro cabeludo o fazendo se esfregar com mais vontade em Seonghwa, o pau dos dois se encontrando em uma fricção deliciosa enquanto Mingi o fodia com os dedos.
“Quer um show, Yunho?” Seonghwa perguntou, vendo o alpha imóvel na cama ao lado deles. Sem esperar resposta, e com o auxílio de Mingi, que abraçou a cintura do mais novo, suas mãos grandes agarraram os dois membros ao mesmo tempo, masturbando lentamente e revirando os olhos com os gemidos deliciosos dos dois ômegas. Mingi adicionou um terceiro dedo, encontrando facilmente a próstata do mais novo, seus gemidos mansinhos soando pelo quarto, fazendo os três outros perderem a cabeça com aquela cena deliciosa.
Yunho usava todo seu autocontrole para não perder a cabeça e pular em cima deles, de deixar seu alpha falar mais alto e cravar os dentes no primeiro pescoço que seus lábios encontrassem.
Depois do que pareceu uma eternidade, Mingi retirou seus dedos, os limpando no lençol, antes de puxar o quadril de Yeosang para que seu pau se alinhasse com a entrada de Seonghwa, ainda largo pelo nó de Yunho. Ficou levemente tonto com o gemido que seus ômegas soltaram ao se tornarem um só, e, respirando fundo, e por sua vez enfiou seu pau em Yeosang, a entrada apertadinha o sufocando e o fazendo fechar os olhos com tamanho prazer.
Yeosang foi o primeiro a se mexer, sempre impaciente, se afastando de Seonghwa e colocando Mingi mais fundo de si, apenas para repetir o movimento e foder enquanto era fodido. Mingi o ajudou, a cada estocada em Seonghwa, ele estocava em Yeosang, os ritmo dos três sincronizando depois de tantos anos juntos.
Yunho, ao lado, descartou seu short, seu pau vermelho e com as veias pulsando repousando em sua barriga, suas mãos fechadas agarrando o lençol enquanto observava os três sem se intrometer. Seonghwa, o mais vocal dos três, gemia em respiradas longas, sua voz afinando toda vez que atingiam seu ponto mais prazeroso, pequenos arfares saindo de seus lábios em uma voz mais aguda. Yeosang, por sua vez, tinha gemidos mais longos, sua voz apesar de ser mais grave se tornava manhosa, um chorinho baixo toda vez que as mãos grander de Mingi apertavam sua cintura de forma possessiva.
A fricção era tão gostosa, tão intensa, e Yeosang era sempre tão sensível, que não demorou para Mingi sentir aquele nó em seu abdômen se formando, Yeosang levemente perdendo o ritmo com a força das estocadas de Mingi, seu ânos se contraindo e apertando o pau de Mingi da forma mais deliciosa possível, seus gemidos mais baixinhos, tímidos, pequenos “ah, ah, ah’s” como se estivesse tendo seu fôlego tirado de si. Era tudo muito quente, muito estímulo, e logo sentiu Yeosang se contrair e um arrepio tomar todo seu corpo, o orgasmo o atingindo com força ao ser estimulado por ambos os lados. Com a respiração falha, caiu no peito de Seonghwa, que beijava todo seu rosto; pequenos selinhos em sua testa, seu nariz, sua bochecha, seus lábios, Mingi ainda duro dentro dele murmurando em seu pescoço palavras de afeto.
“Tão bom, tão gostoso,”
“Você é perfeito para nós, Yeo, tão lindo…”
Com um múrmurio, Yeosang saiu de dentro dos dois corpos, caindo em cima do corpo de Yunho.
“Desculpa, alpha,” murmurou, mas seus olhos cansados já fechados e seu ronco baixinho já os atingindo.
Sorrindo afetuoso, Mingi o ajeitou na cama, o tirando de cima de Yunho. “Continue se comportando, alpha”, e com um único movimento, enfiou seu pau em Seonghwa, seu corpo agora livre para as mãos e lábios do ômega aproveitarem. Enquanto Yeosang gostava de ser fodido com força, ele não tinha tanta habilidade para replicar o tratamento em outros. Mingi, por sua vez, ficava feliz em conseguir usar sua força e mãos grandes para dar prazer aos seus namorados.
Seus lábios encontraram facilmente o colo de Seonghwa, chupando a pele e intercalando o local com pequenas mordidas que faziam os gemidos do mais velho aumentarem gradualmente. Optou por meter de forma rápida, mas com estocadas mais curtas, a força com seus quadris se encontravam ecoando por todo quarto, seu ritmo intenso o fazendo perder a cabeça com tanto prazer, a mão livre masturbando o mais velho ao mesmo tempo que seu pau atingia sua próstata de novo e de novo. Seu orgasmo veio em pequenas ondas e se tornando maior até o atingir sutilmente, um arrepio correndo seu corpo ao sentir seu gozo preencher Seonghwa, se misturando com sua lubrificação natural e a porra de Yeonsang, o líquido escorrendo de sua entrada ao retirar seu pênis. Seonghwa, que havia gozado junto com ele, arfava embaixo de si, seu corpo mole no colchão, mas o pau ainda duro.
Tentava a todo custo tirar da cabeça o rosto de Hongjoong, de afastar o sentimento de que não estava ccompleto. O sexo com seus ômegas era sempre tão delicioso, tão quente, tão bom. Mas ali, deitado, mesmo depois de gozar, parecia tudo muito… clínico. Ensaiado. Bom, mas não bom o bastante. Talvez a ausência de Wooyoung tivesse aumentado o seu desconforto, talvez Hongjoong tenha estragado alguma coisa dentro de si. Não era para ele se sentir assim estando de baixo do corpo do amor de sua vida.
Enquanto recuperava o fôlega e se perdia em pensamentos, Mingi saiu de dentro dele, alheio ao caos dentro da cabeça de seu líder.
Mingi sorria ladino ao olhar o estado de Yunho, não só seu rosto como todo seu torço vermelho, o corpo tenso. “Hwa, meu cachorrinho não é tão obediente?” Sussurrou contra a bochecha dele, fazendo questão que o alpha ouvisse. “Tão bom pra mim, esperando um comando,”
Seonghw piscou lentamente, assimilando o que havia dito, e virou o rosto para observar Yunho. Suas bochechas coradas, seu pau enorme pulsando, suas mãos agarrando o lençol, e seus olhos correndo sem parar pelo corpo dos dois.
“Um cachorrinho tão comportado, Min. Eu acho que ele merece uma recompensa, e você?”
“Hmmm, vem aqui, alpha” Mingi comandou, saindo de cima de Seonghwa. “Vou te deixar foder meu ômega, por ter se comportado, ok?” Perguntou de forma condescente, seu sorriso ladino mostrando o quanto o atiçava tratar o alpha dessa forma.
Sem dizer uma palavra, e como se estivesse em um transe, Yunho pulou o corpo de Yeosang, subindo no de Seonghwa, seus olhos brilhando de tesão.
“E-eu posso? Por favor, ômega, eu posso?” Chorou ao apoiar as mãos na cintura de Seonghwa, seu pau pulsando e roçando com o do ômega abaixo de si.
“Pode, cachorrinho, pode tirar tudo que você precisa.” Mingi murmurou em seu ouvido, o fazendo perder a cabeça.
Sem nenhuma resistência, virou o corpo de Seonghwa, o colocando de quatro, e sem esperar que ele se ajustasse, enfiou com força, seu ritmo rápido e desesperado fazendo Seonghwa gritar, seu corpo já sensível se contorcendo com o excesso de estímulo, Yunho puxando sua cintura de forma bruta contra seu pau, ajudando no movimento, os dedos marcando sua cintura com força o suficiente para marcar sua pele dourada.
Ele metia sem dó, como se estivesse também em ciclo, seu corpo reagindo a toda provocação dos ômegas, que transaram na sua frente sem ao menos olharem para ele. O som alto da pele contra pele alto no quarto, acordando até Yeosang, que soltou um gemido ao olhar a cena.
Era disso que Seonghwa precisava. Sem pena, sem rodeios, apenas a brutalidade dos instintos de um alpha o consumindo. Mesmo que não fosse Hongjoong, o corpo pesado de Yunho sobre suas costas eram tão gostoso quanto, tão libertador quanto. Agora sim, ele podia descrever o que era a sensação de ser tomado, rasgado em pedacinhos, e depois reconstruído todo de novo.
“E-eu, vou perder a cabeça, caralho,” Confessou, fazendo Mingi rir.
“Seonghwa hyung ama quando a gente usa o corpo dele, alpha, pode usar, é seu” seu sussurro em seu ouvido foi o suficiente para que ele pegasse o mais velho pelo pescoço, enterrando seu rosto no travesseiro, seus braços cedendo e sua coluna formando uma curva erótica. Metendo compulsivamente de novo e de novo, sentia Seonghwa contrair, apertando seu pau, seus olhos se revirando em um segundo orgasmo. Yunho, após duas ou três estocadas, sentiu seu nó crescendo, agarrando na entrada, o empurrando com força para dentro e arrancando um grito do ômega. Gozou como se estivesse a dias sem sexo, sentia seu gozo preencher o corpo do outro, se misturando com o dos outros dois, um espasmo correndo por seu corpo como uma corrente elétrica.
Sua mão desceu até sua barriga, sentindo o pequeno dilatamento, o ômega respirando pesado com a porra dos três se misturando dentro dele e o nó o prendendo naquele limbo de prazer e satisfação.
Não houve conversa, não houve situação estranha. O corpo de Seonghwa afundou na cama, em um sono tranquilo.
“Ele odeia sujeira,” Mingi murmurou, e Yunho ainda voltando ao seu corpo segurou o corpo de Seonghwa para que Mingi tirasse o edredom sujo de porra, tomando cuidado para não acordar Yeosang e Seonghwa enquanto tiravam o pano de baixo do corpo deles.
Só com o lençol de baixo, deitaram um de cada lado de Seonghwa, dando as mãos e sucumbindo a um sono cansado e tranquilo.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Hongjoong abria os olhos de forma lenta, rapidamente entendendo onde estava. As paredes brancas, o barulho de uma máquina que refletia o som de um batimento cardíaco, o cheiro de desinfetante. Estava em um hospital, após seu ciclo repentino.
Piscando os olhos, virou a cabeça para olhar o quarto vazio, apenas ele naquela cama, um sentimento raivoso crescendo em seu peito ao não ver San ou Jongho no sofá ao lado do quarto.
Piscando para se livrar do sono, buscou o botão para chamar uma enfermeira, que apareceu rapidamente, seu rosto surpreso ao ver o alpha acordado.
“Quantos dias estou aqui?” Sua voz saiu baixa, rouca, sua garganta seca.
“O-olá, senhor Kim,” ela respondeu, observando seu acesso, “hoje é o terceiro dia desde que deu entrada no hospital com-”
“Ok, chame seu médico, já estou bem.”
“Senhor Kim-”
“Chame seu médico, não sabe seguir ordens?” Acenando, ela correu dali.
Nem San nem Jongho vieram buscá-lo, ele falou com o médico, cio induzido por estresse. Tomou morfina, soro, entrou em coma por um dia inteiro antes de se estabilizar e dormir por mais dois dias. Hongjoong tomou banho sozinho, colocou sua roupa sozinho, levou sua mala até a entrada do hospital e pegou um taxi para casa. Nem sinal de seu bando. Nenhum dos dois o esperava em seu leito, um sentimento de ressentimento e raiva tomando seu peito.
Não havia a porra de cio induzido por estresse. A culpa era daquele ômega. A culpa era dele mesmo de ter sido fraco e se rendido aqueles olhos, aquele cheiro, aquele corpo.
Que ironia, parceiros destinados . Riu com escárnio. Ele, e um Zé ninguém.
Era meio dia. Deveria descansar, mas colocou um terno, e pediu um táxi para a empresa. Seu visual era destoante: O cabelo solto, o rosto pálido, olheiras escuras, o rosto fino. Os funcionários desviavam o olhar, fingindo não ver seu chefe naquele estado andar pela empresa.
San sentava em sua mesa, conversando com o seu diretor financeiro. Seus olhos se arregalaram ao ver o alpha entrando na sala e batendo a porta contra a parede.
“Hongjoong?” Se levantou com pressa, indo em direção ao seu líder, “O que você-”
“ Saia .” Foi a resposta crua e fria que teve, seu olhar surpreso se tornando um de choque.
“Que? Que horas você saiu do hospital, ninguém ligou pra mim, você estava-”
“ Eu mandei os dois saírem da minha sala! ” Não gritou, mas usou a voz de seu lobo em um comando que fez seu diretor correr para fora da sala.
San, por sua vez, se encontrava imóvel, em choque, o encarando. Seu alpha nunca havia usado um comando com ele, nem em suas brigas mais feias. Com as mãos levemente trêmulas, passou a mão pelos cabelos, tentando segurar as lágrimas que ameaçavam cair.
“Você sabe o quão preocupado eu fiquei? O quanto eu chorei naquele hospital?” Perguntou, quase em um sussurro. Mesmo em choque, com raiva, seus olhos corriam pelo rosto do alpha aflito, preocupado. Eram muitas emoçoes de uma vez só e Hongjoong se viu cedendo, minimamente.
“Eu acordei e vocês não estavam lá. Não houve nenhuma visita. Vocês me largaram simplesmente e foram-”
“Cala a boca!” San gritou, as lágrimas finalmente caindo. “Eu fiquei horas do seu lado, e o Jongho me convenceu a vir pra empresa manter tudo organizado pra sua volta, ele disse que era o que você iria querer!”
Quando não recebeu resposta do mais velho, continuou: “Você iria acordar e reclamar do caos que a empresa estaria sem um líder, e- e ia me culpar de qualquer jeito .” Sua frase era cortada por soluços. “Eu fiz o que tinha que ser feito, mesmo que minha vontade fosse estar do seu lado lá, e você sabe disso.”
Suspirando e sentindo seus ombros caírem, desviou o olhar do rosto de San.
“Tudo bem, eu já estou de volta. Você pode ir de qualquer forma.” Caminhou até sua mesa, seus olhos facilmente se adaptando a luz branca do monitor.
San o encarou incrédulo por alguns segundos, seus olhos ainda vermelhos, seus punhos cerrados, seu olhar estampando a decepção e a mágoa que sentia. Nada que fizesse, por ninguém, era o suficiente. Nunca.
Pegou sua bolsa largada no sofá e saiu da sala, indo para o bar. Lá, pelo menos, não havia ninguém para observar e apontar seu constante fracasso.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Wooyoung chegou em casa após o primeiro dia de trabalho se sentindo confiante.
Seonghwa dormia agarrado em Mingi e com as mãos na cintura de Yeosang, Yunho o abraçando por trás. Satisfeito de ver seu hyung dormindo tranquilamente entre aqueles corpos, tomou banho e levou um cobertor para o sofá, deitando ali. A culpa ainda arranhava seu peito, aquele sentimento feio de que ele não pertencia, de que ele não merecia o bando. Se enrolou no cobertor, se tornando o menor possível, a madeira do sofá já antigo machucando suas costas, mas não se sentia digno de deitar ao lado de seus ômegas. No caminho para casa, sua ansiedade o corroeu ao andar por ruas escuras, com medo de encontrar Juyeon em alguma esquina, o esperando. Não o encontrou, mas parecia que seus olhos o encaravam em toda rua que entrava, seu coração batendo forte, suas mãos firmes na mochila até chegar em casa.
Seonghwa acordou com o barulho das chaves, a madeira perto da entrada sempre rangendo quando entravam. Despertando aos poucos, se sentia muito melhor, a dor bem mais branda, seu corpo sem calafrios. Escutou os passos até o banheiro, e esperou a silhueta familiar chegar no quarto, mas depois de alguns minutos, nem sinal de Wooyoung.
O nó de Yunho já havia o soltado, e ele suspirou agradecido por ter acordado com o corpo limpo, e o lençol embaixo de si também. Levantando devagar para não acordar seus parceiros, caminhou até a sala.
Wooyoung estava encolhido, escondido dentro do cobertor. Seonghwa caminhou até o sofá, se agachando em frente a ele e tirando o cobertor de seu rosto. Seu rosto sereno, embalado pelo sono, trouxe um sorriso para seus lábios, e se permitiu traçar os dedos pelo rosto do mais novo: seu nariz pontudo, seus lábios tão bem desenhados, a pintinha na maçã do rosto, tão tão lindo aos olhos de Seonghwa. Tão novo, e, apesar de tudo, inocente.
Wooyoung era ainda uma criança quando se conheceram, Seonghwa cuidava dele para que seus pais trabalhassem. Ninguém durava muito tempo naquele trabalho, era uma criança difícil, arisca, fruto da negligência de seus próprios pais. Ele tinha seus treze anos, e Seonghwa, dezesseis.
Não importasse o quanto gritasse, o quanto quebrasse as coisas, o quanto fugisse. Seonghwa se mantinha ali, limpando os cacos de vidro, o buscando na pracinha que sempre parava quando fugia. Não dava esporro, não o xingava nem gritava de volta. Apenas permanecia ali.
Com poucos meses, eles se reconheceram um no outro. Enquanto Wooyoung usava a rebeldia para chamar a atenção, Seonghwa lidava com as suas dores de maneira quieta, guardando para si em uma determinação silenciosa. Trabalhava aqui e ali, juntava dinheiro para sair daquele bairro. Aos pouquinhos, Wooyoung foi se apegando, foi baixando sua guarda quando estava com aquele hyung tão paciente, que tinha sempre um sorriso para lhe oferecer, e fazia o seu lámen do jeitinho que ele adorava.
Era como se Seonghwa soubesse desde o início que a raiva que o menor sentia, não era direcionada para ele. E não era mesmo.
Seonghwa completou dezessete em Abril, um ano depois. E esperou até Novembro para contar. Era aniversário de Wooyoung, e enquanto eles deitavam na cama do mais novo, assistindo um filme, Seonghwa o presenteou com uma pulseira. Um pingente de gatinho dando um charme. Era uma peça bonita, de aço inox, já que não podia pagar por algo a mais que isso.
Enquanto colocava a pulseira no pulso magro do garoto, contou a ele que estava indo embora. Wooyoung chorou em seus braços a noite inteira, e mais um pouco de manhã.
Quando o sol já estava alto, Wooyoung pediu um beijo. Disse que o amava.
Seonghwa sabia que o mais novo o olhava com estrelas nos olhos, mas ele era uma criança. O ômega era mais velho, mais maduro, não podia tirar vantagem do outro assim; seu carinho vinha de um lugar de afeto, via ele mesmo nos olhos de Wooyoung e queria protegê-lo.
“ Hyung, eu já tenho catorze, por favor… ” Sussurrou, e Seonghwa segurou seu rosto com delicadeza, deixando um selinho leve em seus lábios. A pele macia e salgada, fruto das lágrimas que corriam pelo rosto de ambos. Seonghwa nunca soube dizer não à Wooyoung.
“ Eu não tenho um telefone pra te dar, mas eu te prometo que ano que vem, no seu aniversário, eu vou estar te esperando na pracinha, tá bem? Assim que sair da escola, me encontra lá. ”
Wooyoung se agarrou naquela promessa, e chorou em silêncio vendo o outro ir embora.
Um ano depois, Wooyoung fugia de casa quarenta minutos atrasado. Seu coração batia forte. Seus pais, que deveriam estar trabalhando, resolveram ficar em casa para comemorar o aniversário dele com um café da manhã, o impedindo de ir para a escola. Sentia raiva, rancor, das duas pessoas que nos últimos anos nem lembravam a data em que ele havia nascido. Com sua apresentação chegando, mágicamente queriam estar presentes. A presença que tanto quis durante a infância, agora o sufocava.
Mentiu que iria para o treino de futebol e saiu, suando frio, com medo de não encontrar seu hyung lá. Correu, e correu, e três quadras depois parou abruptamente.
Seonghwa sentava em um dos balanços, seu rosto sempre sereno, sempre tão bonito, o olhando de volta. Se jogou nos braços do mais velho, vendo que pela primeira vez na vida ele poderia acreditar nas promessas de alguém.
Seonghwa se sentiu do mesmo jeito, emocionado, vendo o mesmo Wooyoung, cheio de energia, falar sobre a escola, sobre o time de futebol, o filme que assistiu, e o novo vizinho tímido que se tornara seu amigo, e tinha sua mesma idade. Seu coração se acalmou ouvindo o mais novo sorrir tanto falando do que Yeosang fez, o que Yeosang falou, e como Yeosang era tão bonito e engraçado, feliz em saber que ele não estava mais sozinho.
Dessa vez, Seonghwa tinha um telefone, e deu seu número para que Wooyoung pudesse se manter em contato, mas prometendo voltar no ano seguinte novamente.
Antes de deixá-lo ir, Wooyoung agarrou seu pescoço e lhe deu um selinho, o olhando com os olhos determinados. “ Hyung, eu vou me apresentar nos próximos meses, eu vou ser um alpha e vou poder cuidar de você, tá bom? ”
Seonghwa sorriu, o coração ainda transbordando de amor por aqueles olhos assimétricos cheios de convicção. Acenando, Seonghwa o abraçou, antes de ir.
Era setembro, apenas dois meses antes de completar 16 anos, quando o outro bateu em sua porta. Uma mala aos seus pés, um outro menino atrás de si, de cabeça baixa.
Haviam se apresentado, juntos. Dois ômegas.
Os pais de Wooyoung o expulsaram no meio de seu primeiro cio, envergonhados do subgênero do único filho homem. Ele se escondeu na casa de Yeosang, que acabou entrando no cio junto com ele.
Os pais de Yeosang não pareciam felizes, mas cuidaram dos dois até se recuperarem. Ser homem e ser ômega era raro, era diferente demais para o bairro conservador que moravam. Era até perigoso. Wooyoung pediu para Seonghwa deixá-lo ficar, Yeosang buscou toda sua coragem para pedir o mesmo, afirmando que seguiria Wooyoung para onde quer que ele fosse.
E Seonghwa nunca foi bom em dizer não, para nenhum dos dois.
Voltando ao presente, com lágrimas nos olhos, entendeu que não haveria mágoa que durasse muito tempo em seu coração quando olhava para seus ômegas. Sempre fez tudo por eles, e continuaria fazendo.
Afastou o cobertor, se espremendo no espaço pequeno e trazendo o corpo do outro para próximo do seu, que despertava com o movimento. Abraçou a sua cintura com cuidado, colocou o rosto de Wooyoung em seu pescoço, os cobrindo novamente.
“Shhh, hyung tá aqui, e a gente está junto, ok? Eu vou cuidar de você.” Repetiu as mesmas palavras que havia dito anos atrás. E que permaneciam reais.
Ele sempre fez tudo por seus ômegas, e continuaria fazendo.
Notes:
Esse foi o capítulo mais difícil de escrever até agora.
Alguns sentimentos são complexos de por em palavras, e eu duvidei de mim mesma a cada palavra escrita aqui. Eventualmente, (e cansada de ler, reler, e tentar melhorar,) eu decidi postar ele do jeito que está.
> Sobre a cena de smut, eu tentei usar um tom mais sutil?, menos intenso do que normalmente uso. Queria passar uma imagem mais clínica do que aconteceu durando o cio de Seonghwa. Foi bom, ele queria tudo aquilo, mas a falta de Hongjoong não o deixou se sentir completo e eu espero que vocês tenham entendido isso
> Outra coisa que me deixou insegura nesse capítulo, foi que são muitas cenas em muitos núcleos diferentes, e por vezes parecia que tava tudo solto, sabe? Eu pensei em juntar os 3/4 dias (já nem sei quantos se passaram) ininterruptos, e escrever por núcleo, mas acabei mantendo assim porque eu acho que separado assim, e com as mudanças de perspectivas, deixou esse período de passagem mais fluido.Sei que não é meu melhor capítulo mas eu de verdade dei tudo de mim pra conseguir capturar esse período de transição, meio que pegando tudo do que a gente viu até agora nos capítulos anteriores, para o novo arco com as coisas que acontecem e desencadeiam com esse cio repentino.
Enfim, por favor me digam o que acharam, os comentários de vocês me motivou bastante e apesar do medo constante que eu tenho de decepcionar com essa história, eu também fico muito feliz de vocês estarem gostando e comentando <3
Ah! E o capítulo 9 já está pronto! Eu vou esperar vocês lerem esse antes de postar, porque assim consigo ir adiantando o 10.
(Spoiler: o título é “San”, e o bar em Hongdae terá dias muito divertidos)
> eu devo voltar nesse capítulo no sábado pra reler e corrigir qualquer erro, então por enquanto ignoremé isso, se quiser me xingar, gritar, me dar um beijo eu to no tt @jjjoonghwa
Chapter 9: San
Notes:
Não vou perder o tempo de vocês dando desculpas, mas saibam que tudo de RUIM acconteceu nesse ultimo mês
Dentre todas as merdas, fiquei desempregada, mas a parte boa é que to tendo TEMPO pra escrever
WE ARE SO BACK, BITCHES!
escrevi um capítulo tão grande que tive que dividir em dois, a parte 1 ta aqui e a 2 eu posto em alguns dias, se vcs ainda me amarem
Chapter Text
Durante o ciclo, Yunho não podia parar de trabalhar por não ter vínculo oficial com o bando, mas isso não o impediu de dedicar todo seu tempo livre a Mingi e seus ômegas.
Seonghwa se sentia culpado de ter apenas um colchão para o oferecer, mas o alpha se sentia lisonjeado de poder dormir próximo a cama, no mesmo quarto, tão próximo a eles. Era longe de confortável, mas ele se sentia orgulhoso de poder proteger aqueles ômegas do mundo exterior, de poder ser uma forma de conforto, e mesmo que dormisse em um amontoado de colchas no chão, se sentia orgulhoso. Cada lençol, cada edredom que Mingi cuidadosamente arrumou, uma demonstração de seu cuidado com seu namorado. Em troca, ele levantava, fazia o café da manhã junto de Mingi, e saía para o trabalho. Mingi e Yeosang cuidavam de Seonghwa, enquanto Wooyoung dormia para cobrir o seu líder no bar.
Terminado o cio, Seonghwa se via pronto para voltar a rotina. Sua febre depois do primeiro nó havia diminuído, e Yunho continuou transando com ele, Mingi, e Yeosang, os dias passando e o mais velho se sentindo cada dia mais calmo, seu peito doendo menos.
Naquele dia, havia acordado com o corpo pesado e totalmente descansado, ainda sentia o gosto de Yeosang em sua boca, as marcas de dedo que Mingi deixara em sua cintura. Sabia que era hora de reagir.
Preparou café da manhã e acordou seus ômegas e seu (talvez futuro) alpha com beijos, Yunho o puxou para os lençóis pedindo mais alguns minutos, Mingi se jogando em cima deles logo depois em uma bagunça de pernas entrelaçadas, mal hálito matinal e risadas. Yeosang ria deles de cima da cama, seu sorriso aumentando ao ver Wooyoung entrando no quarto bem no momento em que Seonghwa conseguia levantar daquela pilha humana.
Abrindo os braços, recebeu seu namorado com um abraço longo e cheio de ternura, o mais novo respirando fundo em seu pescoço, apoiando seu corpo no peito firme de Seonghwa. Se afastando um pouquinho, segurou o rosto delicadamente de Wooyoung, sua expressão cansada mas serena, as olheiras em seus olhos evidenciando a dedicação dele nesses últimos dias. Passando o dedão com carinho por sua bochecha, se aproximou para um beijo longo, demorado. A língua dos dois se encontraram de forma familiar, em uma dança lenta, sem pressa, os braços de Wooyoung envoltos no pescoço de Seonghwa e seu corpo agora completamente mole diante do toque em sua cintura, as mãos grandes do mais velho o ancorando, o trazendo paz.
Quando finalmente se separaram, Seonghwa sorriu para Wooyoung, seus olhos brilhando. Depositou um beijo em sua testa, antes de murmurar contra o local “Vem comer alguma coisa com a gente, antes de dormir.”
E de mãos dadas, seguiram para a pequena sala, sendo seguidos pelos outros três.
Wooyoung praticamente desmaiou no colo de Mingi, sem nem conseguir terminar seu prato, seus olhos se fechando involuntariamente e cochilando em um ronco baixinho. Seonghwa os informou sobre sua condição e era claro o alívio que todos sentiam.
Após o café, Mingi voltaria a trabalhar, o ômega indo se arrumar com Yunho. Yeosang lavou a louça enquanto aguardava o banheiro vagar; apesar da universidade permitir a licença para estudantes ficarem em casa durante o ciclo de seus parceiros, ele ainda precisava estudar remotamente e tinha uma pilha de estudos dirigidos para entregar. Não havia dito nada para nenhum dos outros, mas passou a madrugada fazendo os trabalhos de Wooyoung também, vendo que o ômega não havia tocado em quase nenhum material.
Com a casa vazia e Wooyoung dormindo, Seonghwa se ocupou arrumando a casa enquanto pensava em Hongjoong. Não poderia evitar seus pensamentos de sempre voltarem ao alpha de olhar intenso, de lembrar do cheiro dele, do toque dele. Tentava focar em separar os lençóis para lavar, em esfregar o vidro do box, mas nada adiantava.
Terminava de secar algumas vasilhas quando Wooyoung entrou na cozinha, seu rosto amassado pelo travesseiro e o cabelo bagunçado, seu olhar confuso com o silêncio da casa.
“Cadê os meninos?”
“Foram trabalhar, e Yeosang para a faculdade. Eu já me sinto melhor” Sorriu, sem notar o rosto confuso do outro se transformar em um de angústia. Quando o silêncio se prolongou, o mais velho pensou que era a mente sonolenta demorando para assimilar as informações.
Se aproximou, deixando um beijo em sua bochecha antes de abrir a geladeira. “Vou fazer algo para você comer, por que não vai lavar o rosto?”
Wooyoung saiu ainda sem dizer nada, e a atenção de Seonghwa foi para os ovos que quebrava em uma vasilha.
Enquanto comiam, Wooyoung permanecia mais quieto, e Seonghwa percebia o leve estresse em seu cheiro, ele parecia tentar mascarar mas seu cheirinho de lavanda ainda assim saía em um tom mais rancido, entregando seu estresse.
“O que houve, meu bem?” Seonghwa o encarou. Seus olhos estavam fixos na tv, mas sem realmente enxergar o filme que assistiam, parecia perdido em pensamentos. “Woo?”
Piscando, pareceu perceber que o outro o chamava. “Não é nada hyung, só um pouco preocupado com a faculdade.”
Seonghwa pareceu comprar sua desculpa, o puxando delicadamente para seu colo, e trazendo seu prato para mais perto também. Sabia que era um gesto de conforto que acalmava o mais novo, e de fato sentiu seu corpo amolecendo imediatamente, seu cheirinho delicioso voltando ao sem toque adocicado, sutil.
Passaram a tarde toda agarrados, vendo filmes, matando a saudade do toque um do outro. Foi só quando Seonghwa levantou para se arrumar que Wooyoung voltou a ficar sério. Só entendeu o que estava acontecendo quando Wooyoung o parou na porta. Seu rosto era preocupado, ansioso até:
“Eu posso ir trabalhar com você?” O questionou.
“Meu amor, eu já estou bem, prometo,” segurou o rosto do outro, deixando um selinho ali. “Volto de manhã.”
Wooyoung pensou em fingir que estava tudo bem, em deixar seu hyung ir, em parar de dar problemas, mas…
Mas nesses dias, além das dores nos pés, o cansaço que parecia constante, se via todos os dias ansioso. O choque de realidade de experimentar a rotina de seu hyung e tudo que ele fazia para mantê-los, sem nunca reclamar, sem nunca pedir nada em troca. Havia também medo a cada esquina que virava de esbarrar novamente em Juyeon, dele aparecer quando não tivesse Mingi, ou Seonghwa para o proteger.
Nos últimos dias, ele esperava Yunho chegar e fazia o alpha o levar até o ponto de ônibus, sua mão sempre agarrando firmemente o braço do alpha. Na volta, amanhecendo, corria até seus pulmões queimarem direto para casa. Cada sombra, cada barulho, fazia seu coração acelerar.
Isso sem falar no tanto de matérias acumuladas da faculdade que não conseguia se concentrar. O cansaço fazia as linhas ficarem turvas, lia a mesma página várias vezes sem absorver nada, seus olhos se fechando antes mesmo de conseguir anotar alguma coisa. Entrava no banho todos os dias para chorar no chuveiro, aproveitando os poucos minutos que tinha sozinho antes de precisar agir como um adulto novamente.
Foram quatro ou cinco dias, mas ver Seonghwa pronto para voltar a sua rotina o desesperava. O que faria tendo que ir para a faculdade e se concentrar, tendo que andar por aquelas ruas em plena luz do dia, o que faria se fosse pego?
Suas mãos tremiam quando agarrou a blusa de Seonghwa, “Eu estou com medo, hyung. Que ele venha atrás de mim.”
O corpo de Seonghwa tencionou ouvindo o tom apavorado de Wooyoung, finalmente notou que as coisas não estavam tão bem como pensou. O cheiro que Wooyoung emanava não era apenas ansiedade; era medo, na sua mais pura forma. Passou aqueles dias sendo cuidado por Yunho e colocou o problema dentro de sua casa no fundo de sua mente.
Sem querer engatilhar mais seu namorado, concordou, o mandando trocar de roupa. San entenderia, certo? Ele não queria ficar sozinho em casa e Seonghwa foi tomado também por um medo de deixar o outro sozinho, longe de si.
E Yeosang? Mandou uma mensagem para Mingi.
Eu
Min, o Wooyoung vai comigo para o trabalho,
Ele tá com medo de ficar sozinho
mas preciso que você cuide do Yeosang
Minnie
Hyung, eu ia para o Yunho agora que você tá melhor
Ele precisa de uma cama, o coitado tá todo travado
Posso pegar o Yeo na faculdade
e levar ele pra lá?
Eu
Pode, meu bem
Obrigada
Estamos saindo agora, te amo
Minnie
Te amo!!!!
Assim que leu a mensagem de Mingi, Wooyoung apareceu novamente. Sua calça jeans preta, uma blusa também preta, seu cabelo longo caia por cima de seu rosto tentando esconder seu rosto ansioso.
“Hyung, desculpa te pedir isso, eu sei que,-” Seonghwa o calou com um selinho, rápido mas cheio de significados.
“Eu nunca soube dizer não para você, meu amor.” Seus olhos eram cheios de afeto, suas mãos seguravam seu rosto com delicadeza. “Hyung prometeu que ia cuidar de você, não foi?”
Wooyoung fechou os olhos, sentindo eles arderem ao tentar segurar as lágrimas. “Sim, e eu me sinto tão, tão grato por isso,” confessou, ainda com os olhos fechados. Os abriu, encarando os olhos de jabuticaba que o conquistaram desde o primeiro dia: “mesmo que eu não saiba sempre demonstrar, eu nunca vou amar alguém da mesma forma que amo você.” Suspirou, sua voz baixinha, seus sentimentos tão à flor da pele.
Se sentia ansioso, seu peito doía, queria ser melhor, queria saber lidar melhor com seus sentimentos, queria ser o parceiro que seu hyung merecia.
Você é tudo que eu sempre sonhei.
Não sabia se havia pensado, se havia falado, mas pelo sorriso que recebeu do outro ômega, nada além daquele abraço, deles dois, era necessário.
De mãos dadas, saíram de casa em direção ao ponto de ônibus. A noite construindo sombras sutis sob a silhueta dos dois. Conversavam sobre coisas mundanas, o melhor sabor de ramen e o nível de pimenta necessária nele, o omelete queimado de Yeosang que ele tentou mascarar com ketchup, o tamanho enorme do pau de Yunho que deixou Seonghwa em uma crise de riso que não conseguia parar.
“Hyung! NÃO FAZ SENTIDO. Ele tem o que? Dois metros? E com um pau daquele tamanho? Deus tem seus preferidos!” Wooyoung falava sem pudor, esquecendo sua ansiedade de andar por aquele bairro porque a mão de Seonghwa estava apertando a sua, o corpo quentinho do outro o distraindo de seus medos.
“Isso porque você não teve ele dentro de você,” Hwa conseguiu soltar entre risadas. “Mingi é tão sortudo, que delicia aquele nó…”
“O MUNDO É INJUSTO!” Wooyoung concordou, também rindo e se sentando no banco da parada de ônibus. “Mingi realmente acertou na loteria.”
Naquela conversa, Wooyoung se esquecia do perigo que o assombrava. Pegaram o ônibus juntos, e o mais novo apoiou seu rosto no espaço entre o pescoço e o ombro de Seonghwa, respirando fundo a essência deliciosa de rosas e aquele azedinho do morango que ele adorava, antes de precisarem colocar os adesivos que esconderiam seus cheiros. O silêncio era confortável, Seonghwa segurava suas mãos de forma firme, o trazendo para o presente, afastando cada pensamento negativo.
“Hyung! Você me traiu!” Wooyoung o acusou, levantando seu rosto para olhar Seonghwa, “você nunca mencionou que seu chefe é um gostoso!”
O mais velho riu, surpreso aquela acusação, vinda do nada.
“O San é uma delícia mesmo.” Teve que concordar, mas um segundo pensamento o cruzou rapidamente: “Você não ficou dando em cima dele não, né? Eu não posso ser demitido!”
“Claro que não!” Wooyoung resmungou, “Não deu tempo, ele não ficou no bar nenhum desses dias” completou emburrado, cruzando os braços.
“Como não? Ele fica lá todo dia, e o Jongho na boate” Seonghwa perguntou, confuso.
“No primeiro dia que fui trabalhar, no mesmo dia que seu cio começou, ele pediu pro Soobin me mostrar o trabalho e foi embora apressado. Não apareceu mais.” Explicou, e seu sorriso cresceu de forma travessa, “aparentemente o namorado dele também entrou em ciclo, mas isso quem me contou foi o Yeojun, ele apareceu lá para ajudar com algumas tarefas… Ele é tão legal, hyung! Eu entendo porque você gostava de trabalhar com ele.” Ele fofocava sem parar, suas palavras animadas e rápidas como sempre, mas Seonghwa estava atônito, tentando processar aquela coincidência.
“O Soobin descobriu que o Yeojun me contou e fez a gente jurar não contar isso pra ninguém, então você tem que fingir que não sabe de nada, ok, hyung? Aquele alpha é um tédio, mas ele ficava mais lidando com papelada e o Junie virou meu bestie. Você sabia que ele é modelo? Hyung?” Wooyoung se virou para Seonghwa, vendo que o outro ainda permanecia quieto.
“Você sabe… Qual dos namorados dele? O Jongho, ou o Hongjoong?” Perguntou devagar, mas Wooyoung não pareceu perceber a mudança em seu comportamento.
“Não sei… Quer dizer, o alpha que cuida da boate apareceu uma vez pra entregar uma chave ao Soobin, ele é bem forte e grande, foi super rápido mas parecia bem estressado…”
“Jongho.” Seonghwa suspirou. “O Hongjoong então entrou do nada no cio.”
Wooyoung acenou, concordando sem realmente ter certeza, mudando de assunto novamente. Seonghwa tentava ao máximo prestar atenção no que Wooyoung falava, enquanto sua cabeça girava em torno daquela informação: eles passaram a noite juntos, uma noite e do mais absolutamente nada, um cio repentino. Era muita coincidência, mas não fazia sentido, a quimica que eles tiveram era forte, as sensações bem mais fortes, mas era apenas isso, certo? Dois corpos compatíveis, que se acaixavam naturalmente, mas não havia sentimento, não havia conexão, então por que aquilo havia acontecido?
Respirando fundo, Seonghwa buscou seus adesivos para não deixar Wooyoung perceber seu estresse, ele precisava acalmar o ômega, e não trazer mais preocupação. O outro, por sua vez, continuava alheio, seu rosto animado repassando cada fofoca que Yeonjun lhe contou, e foi a vez de Seonghwa deitar em seu ombro, buscando conforto naquele cheiro de lavanda, fresco e leve, um toque te manga ao fundo o trazendo um senso de calma. Sua voz o trazendo também para o presente.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
San trancou o carro e decidiu entrar pela porta da frente do bar, dando a volta no prédio. Seus olhos pararam em Seonghwa e seu ômega rindo na mesma esquina. Desacelerou, seus passos lentos até alcançar os dois: Quando conheceu Wooyoung, sua mente estava focada apenas em estar com Hongjoong, e não havia prestado atenção no quanto ele era bonito.
Seu cabelo era longo, a parte de trás batendo em seus ombros, seus olhos assimétricos trazendo um ar de sensualidade, seus lábios grossos convidativos e–, balançou a cabeça, afastando seus olhos.
Seonghwa o cumprimentou primeiro, ele retribuiu em um aceno curto. Antes que pudesse seguir, o ômega segurou seu braço.
“Eu sinto muito pelo inconveniente que causei, San. E muito, muito obrigado por permitir que Wooyoung me cobrisse mesmo sem experiência.”
San balançou a cabeça, recusando o pedido de desculpas do outro.
“Eu honestamente não faço a mínima idéia do que aconteceu nesses dias, desde que ele não tenha colocado fogo em tudo…”
“Ei! Eu tô aqui!” Wooyoung exclamou, fazendo um biquinho, “E eu fui muito bem, senhor Choi. Pode perguntar ao Soobin!” Seu tom era divertido, e de alguma forma San sabia que ele estava tirando sarro dele.
Seonghwa deu um tapa no ombro de Wooyoung, o fazendo calar a boca. Voltou a atenção ao alpha:
“San, não quero abusar da sua boa vontade, mas eu precisei trazer meu ômega comigo. Eu posso deixá-lo no quarto dos funcionários enquanto trabalho?”
“Se sabe que é abuso da minha boa vontade, por que me pede algo assim?”
San desviou o olhar de Seonghwa para Wooyoung, vendo o outro se encolher contra a parede, seu rosto agora tímido tendo o olhar do alpha sobre si, parecendo lembrar que ele era o chefe de seu namorado.
Se arrependeu imediatamente ao ver o ômega se encolher com a resposta ríspida, não sabia se era medo ou nervosismo, mas respirou fundo.
“Desde que não te atrapalhe, sim, pode.” Cedeu, se afastando.
Seguiu para o escritório, e Soobin o cumprimentou, o seguindo.
Naquelas primeiras horas, San finalmente se sentia no controle. Não sabia o que havia acontecido com o bar nesses dias fora, não sabia como Wooyoung era enquanto funcionário, se ausentou completamente e se sentia estressado de retornar, mas o estresse era bem menor do que a mágoa de ter recebido um pé na bunda de Hongjoong.
Mas estava tudo bem.
No bar, as pessoas o respeitavam, no bar, ele tinha controle. Seria só confirmar com Soobin o que havia ocorrido e revisar as notas da última semana. Tudo ficaria bem.
Passou aquela noite inteira no escritório revisando números, relatórios e notas. Seonghwa concordou em tomar conta do salão com a ajuda de Wooyoung, para que Soobin ficasse com ele no escritório. San achou curioso o sorriso de Wooyoung quando informou que pagaria a diária dele separadamente, mas logo seu foco voltou para os números em sua planilha: tudo estava no lugar, ele poderia respirar.
Na noite seguinte, Seonghwa estava lá com seu ômega novamente. O mais novo ficou no quarto dos empregados, lendo seus livros e escrevendo em seu caderno, sem incomodar ninguém. Seonghwa fazia seu trabalho ao lado de Soobin, e San não via problemas no ômega escondido ali, apesar de estar curioso.
Enquanto cuidava do salão, pensava em Jongho sozinho na boate, Hongjoong ainda sem aparecer na casa deles. Sentia seu peito doer porque apesar de tudo, sentia falta dele, sentia falta de seu carinho, e sabia que alguma coisa estava acontecendo para que o mais velho agisse daquela forma. Hongjoong era uma pessoa dura, séria, mas seus olhos sempre suavizavam ao encarar San, seu tom de voz mudava, e ele era paciente, cuidadoso até. Ver seu alpha falando daquela forma com ele trazia uma tristeza para seu peito.
Tirou os óculos, trazendo seu tronco totalmente para trás, a cadeira confortável abraçando seu corpo e respirando fundo. As linhas de sua planilha pararam de fazer sentido a pelo menos uns vinte minutos e ele finalmente admitiu que não iria conseguir se concentrar.
Levantou, indo para o salão principal pedir a Soobin que levasse um copo de uísque para ele em sua sala, mas o outro havia saído para o seu intervalo. Seonghwa prometeu levar em alguns minutos para ele, e o alpha aproveitou que já estava ali para ir ao banheiro.
Wooyoung observava o alpha de longe, ele era tão lindo que suas mãos suavam o olhando percorrer pelo salão; precisava se manter despercebido, mas seus olhos estavam sempre atentos ao outro.
Parecia tão imponente, tão cheio de si, mas também havia algo que o impedia de relaxar. Seus ombros estavam sempre tensos, seus olhos rígidos, quase como se esperasse algo errado acontecer a qualquer momento. Viu ele se afastar e saiu do pequeno corredor escuro de onde às vezes observava o salão, quando ficava entediado e queria fantasiar sobre a vida alheia daqueles ricos que frequentavam o local.
Seonghwa passava pela lateral do bar quando percebeu um movimento em sua visão periférica, seus olhos facilmente encontrando Wooyoung escondido ali. Bufou, balançando a cabeça. Era claro que seu ômega não aguentaria ficar comportado dentro de uma sala durante algumas horas. Caminhou até ele, enfiando o copo de uísque em sua mão,
“Se está tão entediado, então me ajuda levando esse drink para o chefe. A mesa 3 está me chamando.”
Wooyoung riu envergonhado, se direcionando para o pequeno corredor atrás do bar. Enquanto entrava na sala polida e escura, deu um golinho bem pequenininho para experimentar a bebida, seu rosto fazendo careta logo em seguida. Aquilo era forte, tinha gosto de ser caro. Posicionou o copo em cima da mesa, seus olhos percorrendo rapidamente para a tela do notebook aberta: números e mais números que não traziam interesse nenhum para ele.
Ao correr o olho pela sala, notou uma prateleira com algumas certificações, mas sem nenhuma foto, nada que trouxesse pessoalidade pro local. O barulho da porta o assustou, e esticou a coluna, fingindo que não estava bisbilhotando o escritório do alpha. San, por sua vez, arqueou a sobrancelha levemente em um questionamento, e Wooyoung sorriu apontando para o copo.
“Seu uísque, senhor.” San olhou brevemente para o copo, antes de se sentar e voltar a encarar o ômega, que permanecia ali em pé.
“E aí?”
“E aí o que?”
“Você precisa de mais alguma coisa ou vai ficar aí me encarando?” Explicou, seu rosto impassível.
Wooyoung, se tocando, gaguejou um boa noite antes de andar rapidamente até a porta, envergonhado. Sua mão alcançou a maçaneta, mas parou por alguns segundos, antes de voltar a olhar San.
“Você está bem?”
“Não é da sua conta”
Wooyoung soltou um som de indignação, virando todo seu corpo para o outro: “Isso foi rude! Se você está estressado, não deveria descontar nos outros!” Suas mãos mexiam enquanto falava, seu rosto sempre tão transparente entregando sua irritação com aquela resposta.
San riu, desacreditado que estava sendo confrontado por um pirralho.
“Eu sou chefe do seu namorado, sabe que posso demiti-lo, certo?” Novamente ergueu uma sobrancelha, sua expressão desafiadora.
“Exato, chefe dele, não meu.” Cruzou os braços, levantando o queixo.
“Eu posso demiti-lo.” Repetiu.
“Você não faria isso” Rebateu, confiante.
“E por que tem tanta certeza?” San soou mais leve, a conversa tomando um rumo quase engraçado.
Wooyoung respirou fundo, descruzando os braços, seu corpo relaxou um pouco, perdendo aquela marra inicial, antes de responder, um pouco mais baixo. “Porque vejo que você é uma pessoa justa…”
O sorriso de San fechou, seu rosto se tornando surpreso enquanto o encarava, sem palavras, até um pouco atônito.
Seus ombros tombaram, sem energia. Sim, não demitiria um funcionário apenas por existir, mas não queria dar o braço a torcer.
“Você pode voltar para o quarto de empregados. – e obrigado pelo uísque”, acrescentou a última parte, um ou dois segundos depois.
Wooyoung acenou, finalmente saindo dali.
“Você é bonito, quando não está com essa cara de emburrado” Wooyoung soltou, antes de sair correndo ali. Precisava segurar sua língua, mas as vezes era mais forte que ele.
San deu um gole grande, tentando processar o que havia acabado de acontecer, o líquido queimando ao descer, uma careta surgindo em seu rosto com o sabor amargo. Terminou o copo rapidamente e ainda assim se sentia inquieto. Se levantou, precisava respirar. O caminho até a entrada do bar foi rápido, um borrão de cores, até seu corpo trombar com alguém na entrada.
Respirando fundo, encarou o corpo à sua frente pronto para xingar antes de ter sua respiração cortada pela cena em sua frente. Um ômega. Seu rosto era quase angelical, as bochechas redondas e seus olhos grandes castanhos o encarando, assustado. Seu corpo se escondia em um moletom largo, uma calça jeans velha, e all stars descoloridos. San correu os olhos por seu corpo, rapidamente voltando para seu rosto. Sentia algum pedaço dentro de si desabrochando, seu coração batendo rápido ao voltar a encarar aqueles olhos tão expressivos. Os cabelos pareciam macios, também castanhos, e San cerrou os punhos para reprimir a vontade de colocar uma mecha atrás de sua orelha. O que esquentou seu rosto, contudo, foi o aroma bem sutil de camomila, quase como uma brisa fresca, o aroma leve fazendo seus ombros instintivamente relaxarem.
Parecendo sair de um transe, o ômega abaixou a cabeça em um cumprimento formal, seu rosto levantando e entregando sua vergonha: suas bochechas em um tom lindo rosado, seus olhos fugindo de San a cada segundo: “Me desculpe, eu não estava prestando atenção…”
Encontrando sua voz, mas ainda sem fôlego, San conseguiu responder: “Tudo bem, eu também estava distraído.” Indo um pouco mais para o lado, e dando espaço para o outro, continuou: “Eu posso te ajudar?”
O ômega a sua frente assentiu, sua mão instintivamente indo colocar uma mecha de cabelo para atrás da orelha, San acompanhando o movimento e observando uma marquinha vermelha em seu rosto aparecer, dando ainda mais charme ao seu rosto. Sua voz era suave, doce como seu cheiro. “Meu namorado trabalha aqui, mas esqueceu algo em casa. Eu queria entregar para ele…”
San não sabia como reagir, seu corpo parecia pegar fogo, suas mãos tremiam querendo tocar aquele omega. Respirando fundo, assentiu. Ok, ele era comprometido. Se controle, San.
“Soobin, ou Seonghwa?” perguntou, recebendo um sorriso tímido, mas lindo, em troca. Seonghwa, o outro murmurou, ainda envergonhado.
“Eu vou te levar até ele, vem.” San apontou para dentro do bar e o outro entrou, a mão do alpha leve em suas costas, o guiando. Ao invés de ir até o quarto de funcionários onde sabia que Wooyoung estaria, o conduziu até seu escritório, a ideia de ter aquele cheiro doce e viciante em sua sala era tentador demais para deixar passar.
Yeosang ainda tinha as bochechas vermelhas, olhando ao redor. Suas mãos tremiam levemente.
“Eu posso saber seu nome? Vou avisar Seonghwa que você está o esperando aqui.” Falou baixo, sua voz tranquila, buscando acalmar o outro. Seus feromônios, sem nem perceber, instigando ondas de conforto ao ômega, mesmo que ele não pudesse sentir nada com os bloqueadores que San usava.
Todo o cansaço, toda a tensão que San sentia, parecia não existir mais. Era amor à primeira vista? Suspirou, ouvindo novamente aquela voz grossa, mas extremamente doce.
“Meu nome é Yeosang, Mr. Choi.” Ele respondeu baixinho, arrancando um sorriso terno de San.
“Me chame de San, Yeosang. E é um lindo nome, para um lindo ômega.” Sorriu, se virando para sair dali, o rosto surpreso de Yeosang deixado para trás.
Quase como se saísse de uma hipnose, balançou a cabeça. Isso era fruto de sua carência, com certeza. Não podia cair assim por alguém segundos depois de conhecê-lo, era patético. San se sentia patético.
Yeosang era uma força além do que ele poderia prever, suas feições angelicais, sua voz calma e melosa, ele era tudo aquilo que San sonhava em um ômega, mas não podia explicar como ou porquê, ou de onde vinha aquela vontade avassaladora de tocá-lo, tão do nada.
Seonghwa sorria com um casal regular no bar, repondo o vinho em suas taças, antes de se afastar. Seu sorriso agradável e olhos expressivos encontraram o olhar de San, curioso.
“Tem um rapaz aqui querendo falar com você,” San o informou sem delongas. “Yeosang o nome dele.” Terminou, vendo o rosto antes tranquilo de seu funcionário se tornar confuso e rapidamente preocupado, suas sobrancelhas grossas se unindo enquanto murmurava para si mesmo.
Andando rapidamente até o quarto de funcionários, San o seguiu, suspirando. “Ele está no meu escritório…” Seonghwa o olhou surpreso, assentindo.
Tudo aquilo era tão conflitante para o alpha. Um namorado se escondendo no quarto de funcionários, o outro aparecendo no meio da madrugada para entregar alguma coisa. Seu peito pulsava pensando em cada detalhe do rosto de Yeosang, seus olhos, seus lábios, suas bochechas coradas… O que estava acontecendo? Suspirou, agachando no corredor escuro atrás do bar. A falta de Hongjoong estava tomando sua cabeça provavelmente.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Sem dar atenção a San, Seonghwa seguiu rapidamente para o escritório, encontrando Yeosang encolhido na cadeira de seu chefe. Sua mente girava com mil possibilidades do porquê o mais novo havia aparecido ali no meio da noite, sua ansiedade rapidamente tomando conta de seu corpo.
Com movimentos rápidos, alcançou seu namorado, se agachando em frente a ele.
“Sangie, o que houve?” Suas mãos eram delicadas no rosto do outro, observando seu rosto antes neutro e guardado, se tornar um de angústia. Seus olhos se incheram de lágrimas, e antes que a primeira caísse, se jogou contra o mais velho, o abraçando com força.
“Hyung,-” Ele soluçou sem conseguir continuar, sua respiração descompassada.
Seonghwa o segurou com força, o puxando da cadeira para seu colo, deixando que ele molhasse sua camisa com seu choro baixinho, mas cheio de dor. Seu coração doía mais e mais a cada segundo que segurava o mais novo, não queria forçá-lo a falar mas sabia que algo estava extremamente errado, se sentia tremer junto com Yeosang, pálido com qualquer possibilidade que passava por sua mente ansiosa.
O peito de Seonghwa se contraía, pensando no que poderia ter acontecido, mas não queria forçar o outro a falar. Esperou ali, um braço em volta de sua cintura, enquanto a outra mão fazia um carinho gentil em sua cabeça, ambos no chão do escritório.
Aos poucos, a respiração de Yeosang foi acalmando, seu corpo amolecendo em cima do mais velho. Ele suspirou, tirando seu rosto do pescoço de Seonghwa, para poder falar:
“Yunho passou mal no trabalho, algo que ele comeu…” Fungou, enquanto Seonghwa secava seu rosto com a manga da blusa. “Mingi o levou para a emergência, e eu fiquei sozinho em casa.”
O coração de Seonghwa parou, sua respiração também pausada esperando as próximas palavras.
“Hyung, alguém bateu na porta, e eu me escondi no armário.” Soluçou, voltando a enfiar seu rosto em seu pescoço. “Eles entraram dentro da nossa casa, quebraram nossas coisas, e eu senti tanto, tanto medo,” sua voz falhou, outro soluço correndo por seu corpo. “Eu precisava vir pra cá.” Suspirou, apertando mais Seonghwa.
Seonghwa sentia suas mãos tremerem incessantemente, mas se forçava a respirar fundo diante do que ouviu. Ele precisava acalmar Yeosang, e não preocupar mais o ômega com um ataque de pânico. Segurando o outro pelos ombros, seus olhos assustados encontraram o do outro, seu tom de voz urgente:
“Como você saiu de casa, Yeo?” perguntou.
“Depois que eles saíram, eu pulei a janela da cozinha, e desci pelo beiral.”
Seonghwa não conseguia parar de tremer, nervoso. Precisava resolver aquela situação, precisava se mudar dali, precisava fazer alguma coisa. Ver seus ômegas em tal estado de desespero fazia seu coração se quebrar em vários pedacinhos, uma sensação de impotência por nem saber por onde começar, ou como resolver uma coisa assim. Enquanto pensava em mil cenários, Yeosang voltava a se acalmar em seu colo, seu choro se tornando pequenos soluços.
San entrou silenciosamente na sala, observando os dois ômegas abraçados no chão. Ele se aproximou, colocando uma garrafa d’água próximo a eles, em silêncio, mas o movimento despertou Seonghwa de seu estupor.
“San,” Seonghwa suspirou, seus olhos marejados mas cheios de preocupação, “me desculpa a demora, eu–”
“Não tem problema, eu avisei ao Wooyoung que você precisava de uma pausa e ele está ajudando Soobin.” Informou, ainda ali ao lado da porta. “Tomem todo o tempo que precisar, mas… está tudo bem?” Ousou perguntar ao ver Yeosang imóvel nos braços do outro, seu rosto escondido no pescoço de seu funcionário.
“Um pequeno acidente doméstico, mas está tudo bem…” Seonghwa garantiu, mas San conseguia ver a mentira escancarada em seu rosto. Não era seu lugar para comentar, ou se intrometer, então apenas assentiu, garantindo que eles poderiam usar todo o tempo que precisassem.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Seonghwa, naquela madrugada, pediu que Mingi fosse do hospital direto para a casa de Yunho. Quando finalmente encontrou forças para se levantar, lavou o rosto de Yeosang com carinho.
“Precisamos falar com Wooyoung sobre isso, meu amor. Eu sei que você ainda está abalado, mas preciso que seja forte, porque ele provavelmente vai ter uma reação forte, tudo bem?” Perguntou baixinho, segurando seu rosto.
Yeosang respirou fundo, tremendo levemente, mas assentiu, com os olhos determinados. Seonghwa precisava terminar o expediente, então deixou Yeosang no escritório de San, deitado no pequeno sofá, o alpha prometendo o fazer companhia e chamar o mais velho caso ele precisasse de algo.
Wooyoung sabia que havia algo de errado assim que seu olhar cruzou com sua luna, seu rosto neutro mas seus olhos vermelhos entregando que algo estava errado, mesmo com o pequeno sorriso que Seonghwa o direcionou. Se mantiveram em silêncio, até a boate fechar.
Quando Wooyoung o encontrou no salão, com suas bolsas na mão, seu coração parou ao ver Yeosang sair do corredor acompanhado de San. Seu rosto confuso percorria entre seus dois companheiros, como se tentasse encaixar as peças de um quebra cabeça. Seonghwa suspirou, oferecendo sua mão para Yeosang segurar, a outra encontrando a de Wooyoung.
“Vamos conversar lá fora.” Foi a única coisa que respondeu, antes de caminhar para a porta dos fundos. Antes de saírem, Seonghwa virou para San, que os observava, e agradeceu ao alpha com um sorriso terno.
San, por sua vez, sorriu de volta, mas com uma sensação estranha em seu peito. Um sentimento agridoce ao ver aqueles três saindo de mãos dadas, o deixando para trás. Uma inveja daquele carinho entre os três, da forma que se olhavam. Mesmo que tivesse Jongho e Hongjoong, havia algo tão mais íntimo, tão mais terno naquele bando…
O alpha caminhou até seu carro, em silêncio, o banco do motorista frio. Sentou, mas permaneceu imóvel, sem ligar as luzes, nem o motor. Ali no estacionamento vazio, sozinho, encarava de longe os ômegas sentados no meio fio, um de cada lado abraçando Wooyoung, que chorava copiosamente. Ficaram quase quarenta minutos ali, antes de se levantarem, e San se manteve imóvel, observando Yeosang tirar seu moletom e o vestir em Wooyoung, se agachando na frente do outro logo em seguida para carregá-lo em suas costas quase como se ele não pesasse nada. Seonghwa segurava suas bolsas, caminhando ao lado deles, seu rosto sombrio em baixo das luzes frias da rua. Foram embora, e San permaneceu ali no carro frio, seu coração também gelado, sem nem notar as lágrimas que caíam por seu rosto.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
A primeira medida que Seonghwa tomou foi que ninguém ficasse sozinho em casa. Mingi ficou apavorado ao saber o que tinha acontecido, mas assim como Seonghwa, engoliu suas angústias, precisava ser firme para amparar o mais velho.
Quando Mingi se juntou ao bando, já tinha dezenove anos, e no seu primeiro ano de faculdade. Ele observava, de dentro do pet shop que trabalhava, Seonghwa passar por ele todos os dias seus olhos sempre calmos. Se permitia sonhar com o dia em que o outro passaria e olharia pelo vidro e encontraria seu olhar, se permitia sonhar em um dia pertencer a algum lugar, a alguém.
Orfão aos catorze anos, sempre se manteve longe de problemas. Se escondia nas feiras de adoção, tinha medo de acabar em uma casa que não o tratasse bem. Seus pais antes de falecerem, o ensinaram tudo sobre amor, sobre como deveria ser tratado, sobre tomar cuidado com alphas mal intencionados e sempre se colocar em primeiro. Nunca teve medo de seu subgênero, sua mãe sempre o ensinou a ter orgulho de quem era, sobre como os ômegas eram os bens mais preciosos dentro de um bando, responsáveis por zelar, por trazer conforto, aos seus companheiros. Passou sua adolescência sendo um bom aluno, escondido na biblioteca durante seu tempo livre lendo livros e mais livros, e sonhando em um dia viver um romance como o de seus pais. Aos dezesseis, começou a trabalhar por meio período no petshop, cada nota que ganhava ele escondia em sua mochila, junto do álbum de fotos que guardava de sua família, e um colar que tinha desde criança.
Aos dezoito, sabia que seria seu último ano no orfanato antes de ser chutado sem nenhum amparo para a vida adulta. Entre estresse de estudos e aplicar para bolsas de faculdade, e programas sociais, e se virar para juntar todo o dinheiro que podia, observar Seonghwa se tornou seu hobbie, um pequeno momento que esquecia de todo estresse. Se perguntava se o outro já tinha alguém, como seria o som da sua voz, se seu cheiro seria tão atraente quanto seu rosto.
A primeira vez que se conheceram, era verão, dias depois das aulas terminarem. Seonghwa apareceu, um pouco mais tarde do que de costume, mas dessa vez acompanhado de dois garotos. Eles conversavam animadamente, Mingi trazia um filhote em seu colo, o colocando no cercadinho em frente a parede de vidro. Um dos meninos virou o rosto com o movimento, seu rosto se iluminando ao observar os cachorrinhos ali. O outro, também olhando, grudou no vidro, tentando chamar a atenção dos filhotes. Enquanto os dois se distraíam, Mingi voltou seu olhar para o mais alto, encontrando os olhos dele já o encarando.
Mingi sentiu seu rosto esquentar, suas bochechas entregando toda sua timidez. Sonhava com o dia em que aqueles olhos o encontraria, mas não sabia o que fazer quando realmente aconteceu. O estranho foi quem agiu primeiro, oferecendo um sorriso gentil, pequeno. Mingi sorriu de volta, vendo os três se afastarem.
A partir dali, toda vez que Seonghwa passava, seus olhos procuravam o de Mingi do outro lado do vidro, aquela troca de sorrisos se tornando seu momento favorito de seu dia. Perto início das suas aulas, esperou do lado de fora do petshop o outro passar, e, com o rosto corado de vergonha, estendeu uma flor quando o outro passou.
“Sou Mingi,” se apresentou, baixinho. O outro, surpreso, mas enamorado por aquelas bochechas coradas, respondeu: “Seonghwa. É um prazer te conhecer, Mingi.”
E tão rápido quanto aquela introdução, Mingi correu para dentro da loja de novo, Seonghwa sorrindo largo com o jeitinho do outro, e seguindo seu caminho com a rosa na mão. Dali, todo os resto da história dos dois foi escrita em cima da cumplicidade. Iam a encontros, Mingi falava sobre a recém iniciada faculdade, compartilhavam sobre as dificuldades do trabalho. Seonghwa encontrou uma âncora, alguém que podia confidenciar suas inseguranças, seus problemas, e que normalmente guardava para si, para não preocupar Yeosang e Wooyoung. Os dois adolescente o viam como uma força inabalável, como alguém que poderia resolver tudo, enfrentar tudo. Mingi, que era apenas um ano mais novo, entendia as dores da vida adulta, também se equilibrando e se dividindo em vários pedaços para conseguir sobreviver. Mingi completou 19, poucos meses depois de Seonghwa atingir seus 20 anos, e seu presente foi um pedido de namoro em baixo da árvore que sempre sentavam juntos aos finais de semana.
Wooyoung e Yeosang corriam por perto, perdidos no próprio mundo, enquanto os dois mais velhos prometiam um para o outro que aquela lealdade duraria para sempre.
O início foi difícil, principalmente porque a intimidade que Seonghwa ia construindo com Mingi, era diferente do que com os outros ômegas. Eles trocavam carícias, beijos, mas nada além disso; não por falta de amor, mas de proteção, eles ainda eram menores de idade e ele jamais se perdoaria por de alguma forma tirar vantagem deles. Durante os cios dos mais novos, Seonghwa os mantinha alimentados, trocava suas roupas quando estavam molhadas de suor, e oferecia cafunés durante o período mais difícil.
Já com Mingi, nos momentos em que os mais novos não estavam em casa, ambos inexperientes iam descobrindo aos poucos o corpo um do outro. Wooyoung não demorou para descobrir e crises de ciúmes aparecerem, o medo de não ser desejado por seu hyung da mesma forma que ele desejava Mingi. Yeosang nem se considerava parte daquilo, como se fosse um convidado olhando de fora a relação dos outros três. Com paciência, Mingi foi conquistando os dois mais novos, e sempre ao lado de Seonghwa, o ajudava a navegar naqueles sentimentos tão intensos que surgiam, e ia ensinando a eles através de gestos que o amor que Seonghwa tinha por um, não anulava o do outro. Os meses iam passando, e Seonghwa via como Mingi ajudava Wooyoung a amadurecer e se tornar menos impulsivo, mais gentil com as palavras; enquanto Yeosang ia aprendendo a se comunicar mais, expor o que sentia para os mais velhos. Era como se Mingi fosse a peça que faltava para unir os três totalmente, seu equilíbrio emocional fazendo os outros três aprenderam como uma relação era construída de verdade: com respeito, com comunicação.
Já adultos, a visão de Seonghwa foi aos poucos mudando. Assistia com fascinação não só a aparência mas a forma que seus ômegas iam assumindo suas responsabilidades na casa, na faculdade, que iam o ajudando nas pequenas coisas, sem perder aquele brilho que ambos carregavam. Em todos os momentos, Mingi continuou ali do lado dele, cumprindo a promessa que fez naquele primeiro beijo que trocaram.
Atualmente, naquele comecinho frio de manhã, o sol ainda se levantando, Mingi permaneceu sendo sua âncora. O mais alto esperava pelos três no ponto de ônibus ao lado de Yunho, seus olhos encontrando os de Seonghwa e trazendo todo o conforto que ele precisava.
Wooyoung, que havia dormido durante todo o trajeto, piscava sonolento enquanto Yeosang o sentava no banco. Seonghwa, por sua vez, se jogou nos braços abertos que lhe esperavam, respirando fundo o cheirinho de pêssego maduro, doce, as notas sutis de baunilha por trás trazendo conforto, a sensação de estar em casa.
Mingi segurou o rosto de Seonghwa com as duas mãos, deixando um beijo terno em sua testa. Fez o mesmo com Yeosang, esfregando sua bochecha na do outro, o cheirinho dele se espalhando e fazendo ele também relaxar.
“Eu também quero!” Wooyoung murmurou, a cabeça apoiada no ombro de Yunho. Rindo, Mingi repetiu a ação no mais novo, deixando também um beijo estalado em seus lábios que faziam um beicinho fofo.
Os três, envoltos pelo conforto de Mingi, se preparavam para a caminhada até a casa. Yunho ofereceu suas costas para Wooyoung, que ainda parecia desorientado, e o carregou, enquanto os outros três andavam atrás, de mãos dadas.
Entraram em casa em silêncio, Mingi indo direto para a cozinha pegar uma vassoura, notando de imediato os cacos de vidro pelo chão da sala. Seonghwa passou os olhos pelo pequeno apartamento: cozinha, sala, tudo estava revirado. Arrumaram o máximo que puderam, mesmo exaustos, quase como se tentassem apagar os traços de qualquer pessoa que tivesse pisado ali.
Seonghwa, quando finalmente considerou a sala limpa o suficiente, andou para o quarto para limpar lá. Seus joelhos enfraqueceram e caiu no chão, suas mãos indo para seu rosto e finalmente se permitindo chorar. Ali, onde passaram tantas noites juntos, dormindo e se amando no conforto de seu ninho, estava um aviso claro de Juyeon.
O cheiro rancido de urina em cima de sua cama fez um soluço cortar o corpo de Seonghwa. Rapidamente, sentiu dois corpos juntos ao seu, um de cada lado, o confortando, mas ele só sabia chorar. Nada havia sido mexido, nada estava fora do lugar, além da clara marca e cheiro de urina em cima dos lençóis molhados. Aquilo era sinal de um alpha antiquado, preso em costumes ultrapassados, querendo marcar território sobre alguém, sobre algo.
Juyeon entrou em sua casa, pisou em seu ninho, e ofendeu sem bando ao urinar em cima dos lençóis e de seu colchão, os marcando permanentemente. Seonghwa chorava agora não pelo medo daquela ameaça, mas de raiva. Raiva por aquela ofensa, raiva pela impotência que sentia, raiva de um homem que sentia prazer por destruir os outros.
Após alguns minutos, ou horas, havia perdido a noção, Seonghwa se levantou lentamente, ignorando as vozes de seus parceiros, e andando até o banheiro, onde vomitou o pouco que havia comido. Lavou a boca e encarou seu reflexo. Ele não era uma pessoa fraca: não era alguém que se acomodava, que se deixava levar pelo medo. Sobreviveu sozinho desde os 12 anos, quando sua mãe faleceu, e viveu anos se protegendo das violências de seu pai. Agora, adulto, não abaixaria sua cabeça, não deixaria se tomar pelo medo.
“Se puderem, joguem esse colchão fora. Eu vou arrumar outro.” Balbuciou para alguém que estava ao seu lado, parecia ser Mingi, mas seus olhos encaravam apenas seu reflexo no espelho.
Respirou fundo, e voltou para a sala, indo em direção a porta.
“Hyung, -onde vai?” A voz de Yeosang o alcançou, desesperado.
“Eu vou resolver isso.” Respondeu, sem o olhar. Desceu as escadas do apartamento, mas ao chegar do lado de fora, sentiu um braço roçar no seu. Olhou pro lado, encontrando os olhos de Yunho, convictos.
“Eu vou com você.” Seu tom não deixava margem para dúvidas, ou reclamações.
Seonghwa assentiu, cruzando seus dedos aos do alpha, se permitindo buscar conforto naquele toque. Yunho apertou sua mão, em um gesto silencioso de carinho.
O sol já estava alto no céu, e andou com pressa até a loja de Kibum, as portas ainda estavam fechadas, mas o dono conversava com alguém do lado de fora.
“Kibum. Preciso da sua ajuda.” O outro parou no meio da frase, olhando Seonghwa por um momento antes de assentir. Dispensou o homem com quem falava, e abriu a loja, indicando que entrasse.
Acendeu a luz da loja, e fechou novamente as portas. Apenas os três ali dentro.
“Pelo seu semblante, é algo sério.” O mais velho iniciou, sempre cuidadoso com suas palavras.
“Invadiram minha casa, estão ameaçando meus ômegas. Eu quero saber como posso encontrar Juyeon.” Foi direto ao ponto.
“Meu bem, eu não acho que é uma boa ideia…”
“E qual ideia é melhor? Deixar ele sequestrar algum deles? Abusar de algum deles? Esperar ele quebrar todos os meus pertences?” Questionou, impaciente.
“E você vai atrás dele fazer o que? Conversar civilmente, pedir que ele te deixe em paz, depois dele claramente ter te deixado um aviso, uma ameaça?”
“E qual OUTRA opção eu tenho? Eu preciso conversar com ele, eu posso pagar o dinheiro que ele gastou com Wooyoung, eu-” Yunho segurou seu braço, o trazendo para si. Precisava se acalmar.
“Eu entendo seu desespero, mas ele não é uma pessoa que sabe o que é conversar, meu bem…”
“Não, você NÃO ENTENDE!” Seonghwa disparou, aumentando o tom de voz.
Kibum permaneceu em silencio, seu rosto impassível. Sem conseguir segurar suas emoções, tudo tão a flor da pele, Seonghwa se virou, pronto para ir embora, antes do outro segurar seu braço.
“Eu vou falar com Minho, ok?” Pediu, seus olhos mostrando também preocupação com a situação. “Eu vou pedir para Minho falar com ele, por favor volta aqui mais tarde, eu- eu prometo tentar te ajudar…” Suplicou. “Mas não vá diretamente até ele.”
Surpreso, Seonghwa acenou, soltando um suspiro pesado. “Não somos más pessoas, Kibum”
“Eu sei que não, meu bem. Eu sinto muito que isso esteja acontecendo.”
Yunho, que apenas observava a troca, se pronunciou quando viu Seonghwa ir em direção à saída: “Peça para ele estipular o preço que devemos para que eles nos deixem em paz. Nós pagaremos.” Afirmou, antes de seguir Seonghwa.
Os dois voltaram em silêncio para casa, sem saber muito o que fazer. O colchão king size estava escorado em um poste, a alguns metros do apartamento deles. Seonghwa fingiu não ver. Seus músculos doíam, sua cabeça pulsava.
Quando entrou em casa, encontrou os ômegas na sala, um amontoado de cobertores espalhados pelo chão, um ninho cheiroso e convidativo esperando por ele. Era um final de semana, sem aulas e sem escritórios, apenas Seonghwa precisaria trabalhar mais tarde.
Suspirando, arrancou suas roupas e deitou entre Mingi e Yeosang apenas de cueca, Yunho fazendo o mesmo e tomando o espaço do canto, trazendo Wooyoung para cima de si enquanto abraçava Mingi. As cortinas eram blackout, bloqueando o sol da manhã, um sono pesado caindo sob os cinco. Seonghwa orava para que tudo ficasse bem, mesmo que não acreditasse em Deuses ou milagres.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Ao acordar, se levantou para ir ao banheiro, seu celular mostrando que havia recebido várias mensagens de San, enviada algumas horas antes. Curioso, continuou sentado para ler.
San
Sei que não é da minha conta, mas…
Se tiver algo que eu possa te ajudar, você pode falar comigo
Ou com o Jongho, sei que você confia nele e eu não tenho feito muito pra conquistar sua confiança
Mas
Enfim, qualquer coisa estou aqui.
Se precisar continuar trazendo seus ômegas, também não tem problema. Wooyoung e Yeosang são bem vindos.
Seonghwa mordeu os lábios, os dedos sobre a tela sem ter certeza de como responder. Sabia que o ideal era mandar os dois para passar um tempo na casa de Yunho, mas só a ideia deles longe de si o deixava inquieto. Sabia que não iria conseguir se concentrar se perguntando a cada segundo como eles estariam.
Apesar de não conhecer San muito bem, suas palavras pareciam genuínas. Não poderia contar a ele o que realmente estava acontecendo, não podia prever sua reação, então optou por uma meia verdade.
Eu
Muito obrigada, San. De verdade.
O meu bairro é perigoso, e temos enfrentado uma onda de violência
Não tem muito o que fazer, além de esperar as coisas acalmarem
Só de você permitir eles ficarem comigo já é uma grande ajuda
Se levantou, finalmente indo começar seu dia. Com toda a loucura dos últimos dias, quase se esqueceu de um pensamento que sempre voltava: Hongjoong. Não importa o que fizesse, ou em que ambiente estava, parecia que a imagem daqueles cabelos vermelhos, aqueles olhos negros, aquele lábio… todo o conjunto estava perpétuamente marcado em sua memória. Ele conseguia sentir o toque firme que aquelas mãos tinha, o sabor do seu beijo, a forma que seu lábio correu por seu corpo, como um feitiço (ou maldição).
Yunho o havia fodido de forma deliciosa durante seu cio, Mingi e Yeosang conheciam cada centímetro do seu corpo, mas algo irreparável tinha acontecido quando se deitou com Hongjoong, que aquele desejo não parava nunca, a sede de tê-lo novamente, tão próximo, o fodendo, o tocando… Um tremor correu por seu corpo, seu cheiro entregando seu tesão que aparecia toda vez que ele pensava um pouco demais no alpha.
Seonghwa, embaixo da água quente, se permitiu imaginar o outro ali consigo, imaginando que eram suas mãos descendo por seu torso, seus dedos calejados brincando com seu mamilo, provocando arrepios. Seonghwa respirava rapidamente, seus dedos explorando o próprio corpo enquanto se permitia fantasiar com Hongjoong.
Seu lobo, dentro de si, parecia arranhar seu peito, descontente com tanto tempo sem ver o alpha, quase como se fosse sua culpa estar tanto tempo sem vê-lo. Todas suas interações com Hongjoong foram péssimas, o alpha havia se mostrado uma pessoa intragável, e ainda assim Seonghwa se masturbava no chuveiro com saudades dele. Se sentia patético, e até ingrato com os quatro homens dormindo em sua sala, mas ele não podia fugir de sua própria mente, do seu lobo que uivava dentro de si pelo alpha estupido.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
Naquela noite, com todos já acordados, Yunho ofereceu seu apartamento para morarem enquanto a situação não era resolvida. Seonghwa, apesar de querer negar por causa do orgulho, decidiu colocar a segurança de seus ômegas em primeiro lugar. O espaço dele era adaptado para uma ou no máximo duas pessoas, enfiar os cinco ali seria loucura, mas como Seonghwa trabalhava de noite e levaria os mais novos para seu trabalho, eles poderiam revezar de certa forma.
Antes de ir trabalhar, checou se Kibum havia alguma resposta para ele, mas nada ainda. Não sabia quanto tempo Minho levaria para lhe dar uma resposta, mas decidiu não incomodá-los por alguns dias.
Caminharam todos juntos até o ponto de ônibus, Mingi e Yunho ficariam juntos naquela noite, e Yeosang e Wooyoung iriam para o bar com ele. Tudo parecia tão raso, tão vazio. Toda a preocupação, o desespero de Seonghwa, se transformaram em determinação. Mesmo que seu peito doesse, ele precisava agir.
Foram dois dias silenciosos, dois dias sem notícias, mas Seonghwa, no terceiro dia, pediu que Yeosang e Wooyoung fossem sozinhos trabalhar. Não podia continuar com aquele silêncio.
Mingi e Yunho o encontraram depois do trabalho e juntos foram até a casa dos ômegas, separando algumas roupas, itens e comidas para levar para Yunho. Na saída, pararam na mercearia.
Quase como se soubesse que eles estariam ali, Minho os encontrou dentro da loja.
“Seonghwa.” Minho o cumprimentou, um sorriso tranquilo. Nem parecia ser o dono do bairro.
“Minho,” Seonghwa devolveu, fazendo uma reverência com Mingi repetindo o gesto e Yunho dando um curto aceno, seus ombros altos e imponentes, a instância de um alpha. Não que isso fosse significar muito naquela conversa.
“Vamos direto ao assunto, Key já explicou que você é uma pessoa prática,” sorriu, se virando ao dono da mercearia. “Juyeon disse que além dos doces que comprou, foi prometido favores especiais, se é que me entende.” Seu tom entregava que a conversa era bem mais pesada que isso, mas continuou antes de esperar uma reação.
“Depois de muita conversa, ele concordou em deixar seus ômegas em paz por dez mil reais.”
“Dez mil?” Mingi exclamou, horrorizado. “Pelo que ele falou com a gente, o valor que Juyeon deu não somou nem 500 reais,”
“Mas tem a taxa emocional, segundo ele. Ele afirmou estar bastante apaixonado.”
“Paixão, Minho? Sério?” Seonghwa rebateu, irritado.
“Você sabe como ele funciona, Seonghwa. Cinco mil reais de entrada pelo menos, ou ele continua perturbando a sua vida e a de seus ômegas.” Levantou as mãos, tentando argumentar. “Não existe diálogo com aquele filho da puta, ele aceitar dinheiro em troca de te deixar em paz já é um baita avanço…”
Seonghwa sabia que ele tinha razão. Seu olhar procurou o de Mingi, e eles se comunicaram silenciosamente, concordando: Sabia que dez mil reais era pouco pelo bem estar de seus namorados, mas ainda assim, era um dinheiro que eles não tinham. De onde tiraria aquilo?
“É possível parcelar?” Yunho tentou, recebendo uma gargalhada em resposta. Kibum o estapeou, mas o sarcasmo ainda estava ali.
“Você quer negociar com um traficante?” Minho rebateu, ainda sorrindo.
“Eu posso te emprestar esse dinheiro, Seonghwa,” Kibum se manifestou pela primeira vez, entendendo a gravidade da situação. Minho parou de rir, o encarando confuso. “Vamos colocar uns juros, mas mensalmente você me devolve.”
“Como assim emprestar, vai virar agiota?” Minho se virou, irritado.
“Eu tenho o Taemin. Eu sei o que é ter um ômega nas mãos de um homem como ele.” Foi a resposta de Kibum, que calou Minho. O outro assentiu, finalizando a conversa.
Seonghwa queria chorar, queria gritar, queria fazer alguma coisa que ajudasse aquele misto de emoções que corria por seu corpo. Se sentia tão, tão grato por Kibum, mas sabia que aquilo não viria de graça: o mais velho rapidamente jogou juros, taxas, e multas em cima dele. Apesar de querer ajudar, e gostar da sua família, seu mundo funcionava em cima de lucros.
Yunho estava rígido ao seu lado, escutando as condições e prazos, antes de se virar para Seonghwa: “Hyung, esses dez mil, com essas condições, vão custar quase o quádruplo do valor, pelo menos uns 40 mil se a gente pagar em dia, quase 50 se a gente atrasar! Os juros são abusivos e a gente vai ficar pelo menos três anos pagando!”
“Você tem esse dinheiro, Yun?” Seonghwa questionou, já cansado com toda aquela conversa. O alpha derrubou os ombros, derrotado, e negou. “Não temos outra opção.” Concluiu, aceitando a ajuda de Kibum. Era o máximo que conseguiria alcançar.
Apesar de toda a preocupação, se preocupou em tranquilizar seus ômegas.
Eu
Meninos, resolvemos. Estamos seguros novamente.
⋅•⋅⊰∙∘☽∞☾∘∙⊱⋅•⋅
“Fica no quarto dos funcionários. Tem alguns livros meus lá, ou mexe no celular, sei lá. Eu vou ficar no salão” Wooyoung o instruiu, vendo Yeosang acenar e entrar na sala. Soobin apareceu logo depois, perguntando se estava tudo bem com Seonghwa.
“Ele está velho, a idade aparecendo… Acredita que ele travou a coluna, tentando tirar a geladeira do lugar?” Riu falsamente, Soobin comprando rapidamente sua mentira, antes de seguir para uma mesa.
Aquele dia seria fácil, podia sentir. Ele precisava ser confiante em alguma coisa.
Wooyoung servia as mesas, solicitava músicas, fechava contas, tudo estava indo bem, até sentir um cheiro rancido. Sabia na hora que era a ansiedade de Yeosang, tão forte que ele podia sentir até do lado de fora do quarto de funcionários.
Pediu sua primeira pausa a Soobin, e nem escutou sua resposta antes de correr para Yeosang, que tremia no pequeno sofá. Seu rosto era ansioso, nervoso, e Wooyoung o trouxe para si, o abraçando.
“Está tudo bem, nós estamos bem” Repetia como um mantra, seu peito doendo em ver a dor que causava a seus namorados. Wooyoung se odiava por desencadear tal sentimento em seus namorados, mas precisava se manter forte, ser a âncora para que Yeosang se sentisse seguro.
Alguns minutos depois, San apareceu na sala, seu rosto preocupado. “Tudo bem aqui?”
“Sim, senhor,” Wooyoung tirou o rosto de cabelo de Yeosang, “eu vou voltar para o salão em cinco minutos.”
San sentiu seu peito doer ao ver Yeosang imóvel no pescoço do outro. “Não precisa correr. Há algo que eu possa ajudar?”
Wooyoung ponderou, olhando Yeosang, antes de voltar seu olhar para San. “Você vai ficar no seu escritório?” Ao receber um aceno, continuou: “O Yeosang pode ficar lá com você? Não queria ele sozinho aqui no quarto.”
San não pensou duas vezes antes de concordar, ajudando o ômega a se levantar e andar até seu escritório. O deitou no sofá de couro, antes de sentar em sua cadeira, na mesa.
“Arranje uma coberta” Digitou para Soobin, que o respondeu com um “?”
“Um cobertor, macio” Respondeu, bloqueando sua tela e voltando sua atenção ao ômega enrolado em seu sofá.
Se aproximou, sentando no chão. Sua mão afastou o cabelo de sua testa, “há algo em que eu possa ajudar?” perguntou baixinho.
Yeosang fungou, “m-me desculpa causar tanto problema, e-eu,” antes de pudesse terminar, San segurou sua bochecha, erguendo seu rosto.
“Você não causou problema nenhum, Yeo. E se acha que sim, me diga o que houve, e eu prometo te ajudar a resolver.” Completou, com finalidade.
Os olhos castanhos de Yeosang o encararam, com um interesse genuíno, aberto, confiando nas palavras do alpha.
“Você está falando sério?” Perguntou baixinho, se deixando levar pela carícia em sua bochecha.
“Estou. Por favor me diz, e eu vou te ajudar.” San respondeu imediatamente, derretido por aqueles olhos, por aquela bochecha corada.
“E-eu não posso.. Desculpe,” murmurou, seus olhos pareciam pesados, o sono o tomando gradualmente. San continuou ali, fazendo um carinho em sua bochecha, sem perceber que Wooyoung estava na sala junto com eles, observando tudo. Soobin em algum momento os despertou do transe, trazendo o cobertor. San finalmente saiu do estupor, vendo seus dois funcionários próximos a porta. Pegou o cobertor, cobrindo Yeosang que agora dormia tranquilamente, seu rosto ainda manchado pelas lágrimas.
San sentia que por mais surreal que parecesse, faria tudo por aquele ômega.
Pages Navigation
SanciaValentina on Chapter 1 Fri 23 Aug 2024 12:41AM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 1 Wed 18 Sep 2024 07:15PM UTC
Comment Actions
jssic_mx on Chapter 1 Sun 29 Sep 2024 05:02AM UTC
Comment Actions
iwonteverbeyourcornerstone on Chapter 1 Sun 08 Dec 2024 10:25PM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 1 Mon 20 Jan 2025 02:03PM UTC
Comment Actions
SanciaValentina on Chapter 2 Thu 19 Sep 2024 04:30AM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 2 Thu 24 Oct 2024 02:09PM UTC
Comment Actions
jssic_mx on Chapter 2 Sun 29 Sep 2024 05:13AM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 2 Thu 24 Oct 2024 02:10PM UTC
Comment Actions
iwonteverbeyourcornerstone on Chapter 2 Sun 08 Dec 2024 10:31PM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 2 Mon 20 Jan 2025 02:04PM UTC
Comment Actions
onebutt2cheeks on Chapter 2 Wed 29 Jan 2025 12:59AM UTC
Comment Actions
Anyang (Guest) on Chapter 3 Sun 27 Oct 2024 04:19AM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 3 Mon 20 Jan 2025 02:05PM UTC
Comment Actions
iwonteverbeyourcornerstone on Chapter 3 Sun 08 Dec 2024 10:42PM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 3 Mon 20 Jan 2025 02:06PM UTC
Comment Actions
Adayaomi8 (Guest) on Chapter 3 Sat 11 Jan 2025 09:32PM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 3 Mon 20 Jan 2025 02:04PM UTC
Comment Actions
onebutt2cheeks on Chapter 3 Wed 29 Jan 2025 01:36AM UTC
Comment Actions
Anyang (Guest) on Chapter 4 Fri 28 Feb 2025 09:23AM UTC
Comment Actions
iwonteverbeyourcornerstone on Chapter 5 Mon 20 Jan 2025 02:37PM UTC
Comment Actions
onebutt2cheeks on Chapter 5 Wed 29 Jan 2025 02:01AM UTC
Comment Actions
Adayaomi8 (Guest) on Chapter 5 Thu 06 Feb 2025 03:51PM UTC
Comment Actions
Anyang (Guest) on Chapter 5 Fri 28 Feb 2025 09:24AM UTC
Comment Actions
b_cyy on Chapter 6 Mon 17 Mar 2025 01:12PM UTC
Comment Actions
Anyang_1 on Chapter 6 Tue 18 Mar 2025 10:27AM UTC
Comment Actions
Adayaomi8 (Guest) on Chapter 6 Wed 02 Apr 2025 06:57PM UTC
Comment Actions
Lwtphd on Chapter 7 Sun 20 Apr 2025 01:24AM UTC
Comment Actions
jjustaghost on Chapter 7 Thu 24 Jul 2025 11:42PM UTC
Comment Actions
Pages Navigation